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Legibilidade dos pareceres de auditoria em empresas do segmento ibrx50

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VIII Congresso Brasileiro de Administração e Contabilidade - AdCont 2017 
19 a 21 de outubro de 2017 - Rio de Janeiro, RJ 
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Legibilidade dos Pareceres de Auditoria em Empresas do Segmento IBRX 50 
 
William Aparecido Maciel da Silva – Mestrando em Ciências Contábeis 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 
w.aparecidomaciel@hotmail.com 
 
Lucas Fernandes Rocha – Mestrando em Ciências Contábeis 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 
luksfernandes@hotmail.com 
 
João Antônio de Souza Trindade– Mestrando em Ciências Contábeis 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 
jdetrindade@gmail.com 
 
Donizete Reina – Doutorando em Ciências Contábeis 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 
dreina2@hotmail.com 
 
Leonardo de Rezende Costa Nagib – Mestrando em Ciências Contábeis 
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 
leonardonagib@hotmail.com 
 
Resumo 
O objetivo geral deste estudo é analisar se as divulgações das empresas que adotaram as normas 
de IFRS apresentam pareceres de auditoria com maior legibilidade (informações são menos 
complexas). Para esta investigação, a amostra constitui em 324 pareceres dos auditores 
independentes de 47 empresas listadas na BM&FBovespa, no segmento IBRX50 entre os anos 
de 2010 a 2016. Para analisar os dados coletados foi utilizado o teste Gunning’s Fog Index que 
tem como objetivo medir a complexidade das palavras. Os resultados confirmaram que os 
pareceres da auditoria são informações complexas conforme analise descritiva a média geral do 
teste Gunning’s Fog Index de 28,34, o menor resultado foi 22,35 e o maior resultado foi de 
41,48, esses parâmetros são bem acimas dos valores propostos pelo teste Gunning’s Fog Index, 
onde uma informação acima de 15 já é considerada uma informação de difícil interpretação. 
Para afirmar a complexidade dos pareceres de auditoria o teste de normalidade de Shapiro-
Wilks identificou que existe uma normalidade nos pareceres de auditoria em 36 empresas e que 
11 empresas apresentaram pareceres de auditoria fora dos padrões comumente utilizados. 
 
Palavra-Chave: Fog Index; Parecer da Auditoria; Legibilidade. 
 
1 Introdução 
Uma pesquisa realizada por Hancock et al. (2007) com 242 transcrições revelou que os 
mentirosos produziram uma maior quantidade de palavras quando mentiam e, outros pronomes 
mais orientados ao mentir do que ao dizer a verdade. Descobriram que, 
mentirosos motivados evitavam termos causais quando estavam mentindo, enquanto os 
mentirosos não motivados tendiam a aumentar o uso de negações. Os parceiros de conversação 
também mudaram seu comportamento durante conversas enganosas e, por fim, concluíram pelo 
estudo que existe a crença comum, sustentada por evidências empíricas, dizendo que é mais 
fácil dizer a verdade do que contar mentiras. Li (2008) analisou se as divulgações de narrativa 
complexas são executadas apenas pela sua tecnicalidade ou se também pretendiam esconder 
informações dos investidores. Assim, utilizando-se de um índice de legibilidade investigou se 
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as empresas que conseguiram ganhos em um determinado ano tiveram suas divulgações anuais, 
naquele ano, menos legíveis, mantendo-se a demais condições de mercado. Seus resultados 
sugerem que, pelo menos para as empresas que são mais suspeitas de terem lucros gerenciados, 
a ofuscação está envolvida em fazer o relatório financeiro mais difícil de ler e identificou 
evidência consistente e robusta de que as empresas que são susceptíveis de ter conseguido 
ganhos para atender ou superar o valor de referência de rendimentos do ano anterior, em média, 
têm seus relatórios mais. Outra descoberta foi que quando o gerenciamento de ganhos é 
identificado por retribuições financeiras que foram identificadas como fraudulentas ou 
relacionadas às investigações da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) 
identificou que empresas que usaram Accruals discricionários para atender ganhos são menos 
legíveis e empresas com resultados altamente positivos, apresentaram gestão de ganhos médios 
e maior complexidade em seus relatórios em relação às demais empresas. 
Conforme Buschee, Gow e Taylor (2017) a linguagem complexa também pode refletir 
a provisão de informações complexas, por exemplo, divulgação técnica informativa. Como 
consequência, a complexidade linguística tem dois problemas latentes componentes - ofuscação 
e informação - que estão relacionados à assimetria de informação em oposição às instruções. 
Há um debate ativo na relação entre legibilidade e compreensibilidade. Até recentemente, os 
pesquisadores contabilísticos usaram legibilidade e compreensibilidade intercambiáveis. No 
entanto, embora a legibilidade e a compreensão sejam relacionadas, os termos diferem entre si. 
Compreensibilidade é centrada nos leitores e depende do conhecimento do leitor, o 
conhecimento prévio, o objetivo do leitor, o interesse, e a capacidade geral de leitura. Enquanto 
que a legibilidade é centrada em texto. Consequentemente, legibilidade e legibilidade são 
medidas que avaliam estritamente a dificuldade sintática do texto. Isso pode, ou não ser crucial 
à compreensão do texto (JONES, 1996; BUSCHEE; GOW; TAYLOR, 2017). 
Ao estudarem os efeitos da legibilidade na comunicação escrita das empresas sobre o 
comportamento dos analistas, Lehavy, Li e Merkley (2011) identificaram que relatórios menos 
legíveis estão associados a uma maior dispersão, menor precisão e maior incerteza total em 
relação a previsões de ganhos dos analistas. Argumentam ainda, que seus resultados são 
consistentes com a previsão de um aumento da demanda por serviços de analistas para empresas 
com comunicação menos legível e um maior esforço coletivo de analistas para empresas com 
divulgações menos legíveis. 
 A motivação desse estudo está relacionada a clareza das informações apresentadas nos 
pareceres de auditoria em empresas no Brasil. A partir de 2010 tornou-se obrigatória a adoção 
dos padrões internacionais de contabilidade (IFRS) e, como bandeira dessa adoção vem, a 
importância de se compreender a qualidade das informações divulgadas nos demonstrativos 
contábeis, pois a qualidade dessas informações é que possibilita a eficiência informacional aos 
usuários (SODERSTROM; SUM, 2007). Neste contexto, o International Accounting Standard 
Board (IASB) argumenta que um único conjunto de normas contábeis globais de alta qualidade 
é elaborado com o objetivo de proporcionar aos participantes do mercado financeiro 
demonstrações contábeis comparáveis e, assim, ajudá-los no processo de tomada de decisões 
econômicas - IASC Foundation. Segundo Courtis (1995) um dos princípios da comunicação 
efetiva é que as mensagens recebidas 
pelos leitores sejam interpretados da mesma forma que o pretendido pelo remetente. 
Um impedimento a esta correspondência ocorre quando as divulgações narrativas 
dentro de relatórios anuais são escritos em um nível de compreensão além da capacidade 
de grande parte do público-alvo. Se a escrita que é difícil de ler é 
executada deliberadamente para ocultar algum aspecto desfavorável das empresas ou é 
executada involuntariamente por ignorância, a conseqüência é a 
mesma ou seja, pelo menos alguns investidores serão prejudicados porque não conseguem 
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utilizar informação relevante para decisão de fazer alocação racional de recursos de 
investimento. 
Para George, Li e Shivakumar (2016) em termos de comparabilidade algumas questões 
ainda permanecem sem respostas, por exemplo, as pesquisas ainda são fracas em termosde 
análises de como e por que a comparabilidade aumenta? Quais os atributos são mais importantes 
para a comparabilidade em relação aos demais, e a subjetividade gerencial e escolhas contábeis 
podem ajudar ou prejudicar (entendimento um pouco óbvio) a comparabilidade? Os benefícios 
da IFRS não estão associados unicamente a adoção, mas também em relação ao próprio 
processo de harmonização. 
O aumento da comparabilidade entre os países é uma das principais motivações para o 
apoio permanente à convergência aos padrões globais de contabilidade (SEC, 2010; HAIL; 
LEUZ; WYSOCKI, 2010). Os estudos realizados sobre a melhoria dos demonstrativos 
contábeis após a adoção do IFRS têm relatado o aumento da comparabilidade. Barth et al. 
(2012) constataram que a relevância dos lucros e do valor patrimonial é mais comparável entre 
empresas não americanas que publicam seus demonstrativos contábeis na Bolsa de Valores 
local após a aplicação do IFRS do que quando utilizam as normas contábeis locais. A 
comparabilidade da contabilidade também melhorou para uma amostra de países Europeus e 
do Reino Unido, após a adoção do IFRS (BROCHET; JAGOLINZER; RIEDL, 2013; YIP; 
YOUNG, 2012). 
Dada a crescente complexidade das divulgações das empresas e as preocupações 
relacionadas com suas usabilidades, surge uma questão natural sobre o papel dos analistas 
financeiros na intermediação de tais informações aos investidores. Especificamente, os 
analistas financeiros que se utilizam de seus conhecimentos para examinar essa comunicação 
complexa e fornecer informações úteis aos usuários das demonstrações financeiras (LEHAVY; 
LI; MERKLEY, 2011). Neste sentido, Rennekamp (2012), destaca a ênfase da SEC no uso do 
inglês simples que é projetado para divulgar de forma mais legível e mais informativa. A autora 
acrescenta ainda, que usando um experimento de divulgações mais legíveis levam a reações 
mais fortes dos pequenos investidores, dado que as mudanças nos julgamentos de avaliação são 
mais positivas quando as notícias são boas e mais negativas quando a notícia é ruim. 
A adoção das IFRS no Brasil trouxe inovações tanto no processo de elaboração dos 
demonstrativos financeiros, como na definição dos critérios a serem utilizados, uma vez que 
tais normas são baseadas muito mais em princípios do que na mera aplicação de regras (SAIKI; 
ANTUNES, 2010; SOUZA; DEMONIER, 2016). Essa inovação trazida pela adoção do IFRS 
pode trazer implicações relevantes para a qualidade da informação contábil bem como para os 
usuários que utilizam essa informação (MARTINEZ; DUMER, 2013). Segundo a CVM (2008), 
o simples fato de adotar as normas internacionais de contabilidade não garantirá, uma melhora 
na avaliação da qualidade da informação contábil, uma vez que as normas internacionais 
possibilitam um maior grau de subjetividade. 
Buschee, Gow e Taylor (2017) buscaram estimar dois componentes latentes dentro 
contexto das chamadas de conferências de ganhos trimestrais. Assim, sugerem que pesquisas 
futuras sejam realizadas sobre como a complexidade linguística podem 
pode interferir na qualidade dos relatórios. Courtis (1986) examinou os relatórios anuais 
canadenses em relação aos níveis de legibilidade. Verificou-se que, no período pesquisado os 
componentes, de leitura média geral os escores de facilidade foram classificados como muito 
difíceis. Para Courtis (1995). A comunicação ineficaz aumenta a probabilidade de recursos do 
investidor serem mal alocado, com implicações reais e de custo de oportunidade tanto em 
níveis individuais como sociais. A responsabilidade cabe aos que preparam anualmente 
relatórios para garantir que as informações de influência do investimento atenda às habilidades 
de compreensão fluidas para a grande maioria daqueles para quem 
as informações são destinadas. 
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Ao investigar o impacto da adoção completa das IFRS no Brasil em relação ao 
gerenciamento de resultados; ao conservadorismo condicional; à relevância e tempestividade, 
Silva (2013) encontrou evidências de que a maior divulgação proporcionada pela adoção 
completa do IFRS pode ser explicada pela mensuração de operações anteriormente não 
contabilizadas, os modelos de relevância e tempestividade. Easton (1999) revela um aumento 
em ambas as dimensões. Tais achados indicam que a informação contábil em IFRS pode ser 
mais útil para os diversos usuários e, ser útil para os acionistas e investidores que buscam avaliar 
o desempenho econômico e financeiro das empresas, contribuindo para uma alocação de 
recursos mais eficiente. 
Diante disso a proposta dessa pesquisa é identificar se a adoção obrigatória do IFRS 
trouxe maior legibilidade para os pareceres de auditoria. Assim como os estudos de Li (2008) 
e Lo et al., (2017) a proposta é utilizar-se da ferramenta de medição de legibilidade. Isto é, o 
Gunning's Fog Index (também conhecido como índice de névoa) utiliza linguagem 
computacional e é uma função do número de palavras por frase mais a percentagem de palavras 
que são complexos (ou seja, com três ou mais sílabas). 
Portanto, na busca de demostrar como as empresas pertencentes ao segmento IBRX50 
disponibilizam seus pareceres de auditoria, assim como sua legibilidade, esta pesquisa pretende 
responder a seguinte pergunta: As empresas pertencentes ao segmento IBRX 50 que adotaram 
as normas do IFRS divulgam informações menos complexas em seus pareceres de auditoria? 
Desta forma, o objetivo desta pesquisa é analisar se as divulgações das empresas que adotaram 
as normas do IFRS apresentam pareceres de auditoria com maior legibilidade (informações são 
menos complexas). 
A contribuição deste trabalho decorre, principalmente, em verificar a legibilidade dos 
pareceres de auditoria, que pode influenciar na tomada de decisão do usuário da informação 
contábil. Cabe destacar que esta pesquisa parte do estudo seminal de Li (2008) e do estudo de 
Lo et al, (2017), porém, com foco empresas listadas no segmento IBRX 50. 
O presente trabalho encontra-se dividido em cinco partes, sendo: (i) Introdução, (ii) 
Fundamentação Teórica, no qual se discutem a definição do International Financial Reporting 
Standards (IFRS), Parecer de Auditoria (iii) Metodologia da Pesquisa, (iv) Descrições e Análise 
dos Resultados; (v) Considerações Finais e, por fim as Referências. 
 
2 Fundamentação Teórica 
 
2.1 International Financial Reporting Standards (IFRS) 
O International Accounting Standards Board (IASB) que é a organização internacional 
que tem como intuito normatizar e regular as normas internacionais de contabilidade, 
disponibiliza uma série de conjuntos de normas contábeis que podem ser adotadas pelas 
empresas. Essas normas são definidas como International Financial Reporting Standards 
(IFRS) (RAMOS; NEZ; SCHULZ; KLANN, 2016). 
Com a aprovação da lei 11.638, o Brasil avançou no processo de harmonização com as 
práticas contábeis internacional, criou-se o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) 
centralizando e tentando de certa forma conciliar interesses de categorias diferentes como o 
Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Associação Brasileira das Companhias Abertas 
(ABRASCA), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de 
Capitais (APIMEC), Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBOVESPA), Fundação 
Instituto de Pesquisa Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), Instituto dos Auditores 
Independentes do Brasil (IBRACON), Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM), Secretaria da Receita Federal do Brasil e Superintendência de 
Seguros Privados (SUSEP) dentre outros (MARTINS; DINIZ; MIRANDA, 2012). 
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No Brasil, a adoção obrigatóriado padrão IFRS teve seu início em 2010. A partir disto, 
o Brasil passa a ter um sistema de informação global “comparável e transparente”, resultando 
em benefícios para as organizações do mercado de capital, tendo 
como consequência a “redução de custo do capital, maior liquidez com menor spread entre 
compra e venda, e redução dos erros de previsão dos analistas” (SANTOS; PONTE; 
MAPURUNGA, 2014, p.162). 
O processo de convergência das normas contábeis brasileiras às normas emitidas pelo 
IASB tem como objetivo melhorar a qualidade das informações contábeis reportadas pelas 
empresas brasileiras, a fim de proporcionar uma maior comparabilidade com as demonstrações 
contábeis entre empresas localizadas em outros mercados (FIRMINO; PAULO, 2013). 
O padrão IFRS no Brasil mudou o processo de contabilidade baseado em regras para 
uma contabilidade baseada em princípios, aumentou o grau de julgamento exigido pelos 
responsáveis pela elaboração e pela auditoria das demonstrações contábeis (ERNST YOUNG, 
2013). 
Quatro vantagens podem ser descritas decorrentes da adoção das IFRS: (i) maior 
capacidade dos investidores tomarem decisões financeiras informadas e de qualidade, 
eliminando a dicotomia decorrente da existência de diferentes formas de mensurar a posição e 
o desempenho financeiros em diferentes países, trazendo uma padronização, o que conduz a 
uma redução do risco para investidores e do custo do capital para as empresas; (ii) diminuição 
dos custos relacionados à elaboração de informação financeira de acordo com diversos 
conjuntos de normas; (iii) conduzirá a maiores incentivos ao investimento internacional; e (iv) 
possibilitará uma alocação de recursos financeiros mais eficiente em nível mundial (VAN 
TENDELOO; VANSTRAELEN, 2005; LOURENÇO; BRANCO, 2015). 
Uma maior comparabilidade, transparência e accountability são apontados como 
características inerentes a adoção consuetudinária, que apresentam informações relevantes e 
representativas. Desta forma, o IFRS pode ser fonte de novas informações para os investidores 
mitigando problemas de assimetria informacional entre agentes e principal (FÉ FILHO, 2013). 
Por outro lado, a Ernst Young (2013) apontou que o padrão IFRS no Brasil tornou mais 
complexo o reconhecimento, mensuração e a evidenciação de informações contábeis, trazendo 
uma subjetividade nas escolhas contáveis, não tendo um consenso na forma de aplicação entre 
os participantes do mercado, e a inclusão de várias áreas da empresa na elaboração das 
informações contábeis, sendo publicado uma grande quantidade de informações. 
Estudos envolvendo a adoção do IFRS tem sido realizado sob vários âmbitos: Kang 
(2013) investigou o impacto da adoção obrigatória do IFRS sobre a relevância do valor dos 
relatórios financeiros em 13 países europeus, comparando a relação rendimentos-retornos pré e 
pós-IFRS adopção obrigatória em 2005. Thinggaard (2017) analisou a influência do IFRS no 
regulamento contabilístico dinamarquês baseado na diretriz da União Européia. Como 
resultados identificou que as disposições da Lei estão alinhadas com o 
IFRS em grande medida. Também mostrou que os legisladores dinamarqueses se referem 
amplamente às IFRS e que eles consideram o IFRS como fonte para usar para completar as 
regras nacionais. A conclusão é que os padrões IFRS desempenham um papel decisivo e são 
fortes na legitimidade da Dinamarca. Di Pietra (2017) examinou as mudanças recentes que 
afetaram o cenário contábil italiano após a 
adoção do IFRS e a promulgação do sistema contábil europeu. Mora (2017) identificou que os 
princípios contábeis aceitos geralmente aceitos (GAAP) são claramente inspirados pelos 
princípios do IFRS, mesmo para entidades de pequeno e médio porte. Fulbier et al. (2017) 
identificaram que a do IFRS nos relatórios financeiros das empresas austríacas e alemãs 
relaciona-se principalmente para empresas listadas em bolsas e seus relatórios consolidados. E, 
embora as regras contábeis locais das demonstrações consolidadas tenham incorporado 
sucessivamente vários elementos do IFRS, também isso foi muito menos 
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pronunciado em relação às demonstrações financeiras individuais. O principal motivo é o forte 
vínculo ao regime tributário em ambos os países. Callao e Jarne (2017) avaliou o efeito do IFRS 
sobre o gerenciamento de ganhos e, também verificou se a adopção do IFRS na União Europeia 
aumentou ou diminuiu as práticas contábeis discricionárias, comparando os acréscimos 
discricionários nos períodos anteriores e imediatamente após a alteração regulamentar. 
 
2.2 Parecer de Auditoria 
De acordo com Boynton, Johnson e Kell (2002), o parecer de auditoria é a principal 
comunicação das descobertas da auditoria em relação às demonstrações contábeis. Desse modo, 
é importante destacar que o parecer de auditoria precisa ser correto para que os usuários não 
tenham visão distorcida das informações disponibilizadas, assim como, dados menos 
complexos que proporcionem a comparabilidade das informações ali contidas. 
O parecer da auditoria é a forma com que os auditores e os usuários da informação se 
comunicam, devendo ser compreensível e objetivo, sendo de suma importância sua aceitação 
pelos usuários como uma fonte fundamental de informações da empresa auditada (AL-
THUNEIBAT; KHAMEES; AL-FAYOUMI, 2008). 
Para Santos e Grateron (2003), os gestores das organizações, geralmente, utilizam dos 
pareceres de auditoria para incluir ou tomar decisões de caráter econômico-financeiro e 
necessitam de informação objetiva e compatível que lhes permitam que tais decisões sejam as 
mais adequadas. Vários problemas podem ser ocasionados por informações incompletas, isto 
é, quando a maioria dos dados não é conhecida por todos os stakeholders, desta maneira, certas 
consequências não são por eles consideradas em suas tomadas de decisão (HENDRIKSEN; 
VAN BREDA, 2007). 
Para Soltani (2000) os principais motivos para a elaboração de parecer qualificado 
incorrem acerca de divergências ou não conformidades com os princípios contábeis e limitações 
de escopo. Portanto, o parecer de auditoria se fundamenta pela necessidade das informações 
demandadas pelos usuários, previstas com transparência de um profissional independente que 
acresça segurança e confiança aos dados auditados nas demonstrações contábeis. 
Em relação ao auditor, cabe salientar que sua responsabilidade é demonstrada nos 
pareceres de auditoria, apenas, na forma de opinião, acerca das demonstrações contábeis que 
estão sendo auditadas conforme as normas de auditoria aplicáveis (DAMASCENA; FIRMINO; 
PAULO. 2011). A opinião do auditor, apresentada via parecer, resume o conceito por ele 
formado acerca das demonstrações contábeis publicadas (SANTOS et al., 2009). 
Portanto, quanto à opinião do auditor sobre os relatórios contábeis, o mesmo deve estar 
ciente dos procedimentos a serem realizados e os testes que serão aplicados durante a análise e 
conclusão da situação da empresa auditada (DAMASCENA; FIRMINO; PAULO. 2011). Nesse 
sentido é fundamental que o profissional de auditoria esteja ciente das normas e procedimentos 
técnicos exigidos, para que a elaboração do parecer de auditoria seja capaz de apresentar 
qualidade das informações, transparência e entendimento aos usuários das informações. 
 
3 Metodologia da Pesquisa 
A pesquisa se classifica como descritiva, pois buscou analisar se as divulgações das 
empresas que adotam as normas de IFRS apresentam pareceres de auditoria com maior 
legibilidade, ou seja, se possuem informações menos complexa. De acordo com Martins (2007, 
p.36), a pesquisa descritiva possui como objetivo “a descrição das características de 
determinada população ou fenômeno, bem como o estabelecimento de relações entre variáveis 
e fatos”. 
Quanto ao método de abordagem, estetrabalho se classifica como um estudo 
quantitativo, pois, por meio do programa “Gunning’s Fog Index”, foram transformados dados 
documentais em dados números, ou seja, as letras foram transformadas em números com o 
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intuito de se estimar valores. Richardson (1999, p.70) caracteriza a abordagem quantitativa 
como o “emprego de quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no 
tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, 
média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão 
etc”. 
Quanto aos procedimentos técnicos, explorou-se as fontes documentais, isto é, os 
relatórios financeiros das empresas listadas na BM&FBovespa, mais especificadamente no 
segmento IBRX50, analisando os pareceres dos auditores independentes para tirar as devidas 
conclusões para conseguir atingir o objetivo desta pesquisa. Assim, o estudo se caracteriza 
como uma pesquisa documental. Gil (2008, p.51) diz que a pesquisa documental “vale-se de 
materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser 
reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”. 
 O estudo foi baseado nas empresas listadas na BM&FBovespa, incluídas no segmento 
IBRX 50, totalizando em um total de 47 empresas. Nota-se que foram excluídas três, pois as 
mesmas estão em duplicidade dentro deste grupo. 
 O segmento IBRX 50 é o resultado de uma carteira teórica de ativos, elaborada de 
acordo com os critérios estabelecidos pela metodologia do índice Brasil 50 e tem por objetivo 
ser o indicador do desempenho médio das cotações dos 50 ativos de maior negociabilidade e 
representatividade do mercado de ações brasileiro. Segundo o material disponibilizado pelo site 
da BM&FBovespa, os critérios que são considerados para a inclusão destas empresas dentro 
deste grupo são: estar entre os ativos elegíveis que, no período de vigência das 3 (três) carteiras 
anteriores, em ordem decrescente de Índice de Negociabilidade, ocupem as 50 primeiras 
posições; ter presença em pregão de 95% (noventa e cinco por cento) no período de vigência 
das 3 (três) carteiras anteriores; e não ser classificado como “Penny Stock”, ou seja, ativos cuja 
cotação seja inferior a R$1,00. 
 Assim, para constituir a amostra desta pesquisa, foram retirados dos relatórios 
financeiros destas 47 empresas, os pareceres dos auditores independentes dos anos 2010 a 2016, 
ou seja, o período analisado foi de sete anos, tendo uma amostra de 324 pareceres. 
A coleta de dados se deu dos dias 17 a 20 de julho de 2017, pesquisando no sítio 
eletrônico da BM&FBovespa, mas precisamente no segmento IBRX 50. Foram analisados os 
pareceres dos auditores independentes dos anos de 2010 a 2016 e, a partir destes relatórios, foi 
selecionado todo o texto e colado no Gunning’s Fog Index para analisar qual a complexidade 
das informações divulgadas pelos auditores. A fórmula GFI para legibilidade é definida pela 
seguinte expressão conforme equação 1. 
 
GFI = [(número de palavras / número de frases) + número de "palavras difíceis"] x 0,4 (1) 
 
A fórmula de legibilidade determina o quão difícil é ler e entender uma escrita. Diante 
disto, este índice testa a legibilidade do texto e tem como intuito calcular a média ponderada do 
número de palavras por frase e o número de palavras longas por palavra, fazendo a interpretação 
do conteúdo. A escrita profissional deve marcar entre 10 e 15. Abaixo de 10, e você corre o 
risco de simplificar demais a sua mensagem. Mais de 15, o seu leitor pode lutar para entender 
as palavras. 
O artigo foi elaborado na intenção de analisar a legibilidade dos pareceres de auditorias 
disponibilizados nos relatórios financeiros das empresas listadas no IBRX50 após adoção do 
IFRS, diante disso foi levantada as seguintes hipóteses: 
H0 As empresas que adotaram as normas do IFRS apresentam pareceres de auditoria 
com maior legibilidade (informações são menos complexas). 
H1 As empresas que adotaram as normas do IFRS apresentam pareceres de auditoria 
com menor legibilidade (informações são mais complexas). 
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Para tratamento dos dados, a análise foi realizada por meio do software STATA SE 13 e 
para testar as hipóteses acima foram elaborados os constructos metodológicos conforme 
seguem. 
 
4 Descrição e Análise dos Resultados 
 A partir da aplicação do Gunning’s Fog Index identificou-se os graus de legibilidade 
conforme apresentados na Tabela 1. Além dos graus de complexidade das informações disposta 
nos pareceres também foi identificada a empresa que realizou a auditoria. O objetivo foi 
identificar se as empresas que fizeram rodízio das empresas de auditoria apresentaram um 
parecer menos complexo. 
 Observa-se que a empresa Banco do Brasil e a empresa Itaú Unibanco não fizeram 
rodízio da empresa de auditoria. Comparando essas empresas com a empresa Bradesco que fez 
a troca de empresa de auditoria no ano de 2011 na média dos 7 anos os scores Gunning’s Fog 
Index basicamente são os mesmos, ou seja, 27,3 e 27,7 para o Banco Bradesco. Já o Banco Itaú 
Unibanco apresentou um grau menor de complexidade, 26,3. A princípio poderia se inferir que 
o rodízio de empresas de auditoria não altera o grau de complexidade das informações prestadas 
nos pareceres pelas empresas. 
 O setor bancário parece apresenta o mesmo grau de complexidade de leitura dos 
pareceres, ou seja, os Bancos do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander apresenta índice 
de complexidade variando entre 26 e 27. O setor de ensino foi o que apresentou menor nível de 
complexidade. É possível que essa diferença entre os demais setores seja em função da própria 
atividade, ou seja, no setor financeiro existem atividades, por exemplo, que por si só são mais 
complexas que o setor de ensino. Entretanto, o setor que apresentou a maior média de 
complexidade foi o setor de supermercados e prestação de serviços como a empresa Pão-de-
açúcar e Sabesp com índices 33 e 35 respectivamente. 
Outro item analisado foi a ruptura com a empresa de auditoria. Nesse sentido, buscou-
se analisar se no momento da troca da empresa de auditoria houve maior ou menor legibilidade. 
Assim, no caso da Ambev sim houve um aumento de 4,0% de complexidade no ano de 2015 
em relação ao ano de 2014. 
 As empresas Bradesco, BB Seguridade, BRFOODs, Brasken, BRMALLS, CCR, Cielo, 
CPFL Energia, Cosan, Siderúrgica Nacional, Embraer, Estácio Participações, Fibria, Gerdau, 
entre outras mantiveram seus níveis de graus de complexidade. Todavia, as empresas, 
Bradespar, Cemig, EcoRodovias, EletroBras apresentaram variação a maior na complexidade 
em torno de 4,5 a 5%. A empresa JBS apresentou uma variação a maior na complexidade de 
seus pareceres, em torno de 12,0% de 2010 para 2011 (houve mudança troca da empresa de 
auditoria). 
 Houve também o contrário, empresas que trocaram de empresas de auditoria e seu grau 
de complexidade também reduziu como a Equatorial que reduziu 5,5 % e a Klabinça que 
reduziu 11%. Já as Lojas Americanas começaram com um índice de 27, manteve o índice na 
troca da empresa de auditoria, porém, no ano de 2013 para 2014 houve um aumento de 35% no 
grau de dificuldade de leitura do seu parecer. A empresa Pão-de-açúcar também teve um 
aumento de 13% no grau de complexidade entre os anos 2010 para 2011. Nesse ano houve 
rodízio da empresa de auditoria. A empresa Usiminas também teve um aumento de 13% no 
grau de complexidade de seu parecer no ano de 2014 para 2015 (também houve rodízio da 
empresa de auditoria). 
Primeiramente foi realizado a analise descritiva, para identificar a média, mínimo, 
máximo e do desvio padrão das47 empresas do IBRX50, bem como a complexidade da 
informação dos pareceres de auditoria conforme tabela 2. A análise descritiva procura descrever 
e avaliar determinado grupo, sem tirar quaisquer conclusões ou inferências sobre um grupo 
maior (FAVERO et al., 2014). 
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Tabela 1: Análise Descritiva 
Empresas Média Desvio Padrão Min. Max. 
Ambev 29.26 3.871 24.25 34.78 
B. Brasil 27.19 1.398 25.32 29.56 
Bradesco 27.68 0.365 27.15 28.26 
B.B Seguridade 28.03 1.618 26.19 29.63 
Bradespar 27.77 1.805 26.19 29.90 
BRF 26.88 1.537 24.19 28.29 
Braskem 27.31 1.229 26.03 29.46 
BrMalls 26.67 1.397 25.77 29.80 
BMFBovespa 27.68 0.587 26.69 28.59 
CCR 28.27 1.943 24.81 31.23 
Cielo 28.80 1.359 27.64 31.27 
Cemig 28.90 1.178 27.88 30.59 
CPFL Energia 28.92 2.084 25.94 32.15 
Cosan 28.10 1.936 26.25 30.96 
Sid. Nacional 34.71 2.248 30.28 36.57 
Eco Rodovias 29.42 1.914 27.04 31.68 
Eletrobrás 25.50 2.931 22.35 28.41 
Embraer 28.20 1.907 26.01 31.62 
Equatorial 27.72 1.808 24.99 30.85 
Estácio Part. 28.51 2.399 26.03 31.84 
Fibria 28.36 1.263 27.24 30.91 
Gerdau 27.33 1.201 25.52 29.39 
Gerdau Met. 27.32 0.916 25.66 28.39 
Hypermarcas 28.21 1.592 26.45 30.56 
Itausa 26.56 0.976 25.65 27.69 
Itaú Unibanco 26.25 0.664 25.54 27.48 
JBS 27.51 2.089 24.09 30.10 
Klabinsa 28.73 1.937 26.58 31.46 
Kroton 28.60 0.865 27.09 29.92 
Lojas Americanas 30.02 5.135 27.00 41.48 
Lojas Renner 27.68 1.974 26.05 30.68 
MRV 28.93 0.476 28.25 29.58 
Multiplan 29.26 1.343 27.54 31.08 
Pão de açúcar 32.74 3.026 28.37 36.56 
Petrobras 26.08 1.331 24.30 28.10 
Qualicorp 28.19 1.665 25.20 30.05 
Raia Drogasil 27.03 0.850 25.80 28.18 
Rumo 27.34 2.326 24.45 30.45 
Localiza 27.68 1.284 26.40 29.49 
Santander 27.19 1.129 25.71 28.71 
Sabesp 35.13 1.443 31.90 36.09 
Suzano 28.69 2.107 25.85 32.12 
Ultrapar 29.10 0.901 28.20 30.12 
Usiminas 29.17 2.474 27.29 32.94 
Vale 26.38 2.109 24.93 31.08 
Telef. Brasil 27.17 1.887 24.67 30.16 
Weg 28.02 1.647 25.93 30.34 
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Fonte: Resultados obtidos via software Stata SE 13 para uma amostra de 324 pareceres de auditoria de 47 empresas 
listadas no IBRX50 entre os anos de 2010 a 2016, gerados pelo Gunning’s Fog Index. 
 
O teste de análise descritiva das empresas listadas resultou em uma média geral do teste 
Gunning’s Fog Index de 28,34, o menor resultado foi 22,35 e o maior resultado foi de 41,48, 
de acordo com proposto pela metodologia da pesquisa, este resultado está acima do proposto 
pelo teste Gunning’s Fog Index, onde um resultado acima de 15 indica que um grau de 
compreensão e complexidade da informação muito grande. Esta estatística descritiva também 
vai ao encontro com os relatos mencionados pela auditoria independente Ernst Young (2013) 
que apontou que o padrão IFRS no Brasil tornou mais complexo o reconhecimento, mensuração 
e a evidenciação de informações contábeis. Desta forma, este aumento da complexidade do 
IFRS nas normas contábeis brasileiras influencia o parecer dos auditores e sua legibilidade. 
Após realizar análise das 47 empresas listadas na BM&FBovespa no segmento IBRX50, 
que apresentaram pareceres de auditoria conforme as normas de IFRS, examinamos que 19% 
(9 empresas) do total, foram multadas entre os anos de 2014 a 2016. Durante o Ano de 2014 
cinco empresas receberam multas, dessas empresas, quatro ficaram com média acima de 28,34 
se comparado com a média geral encontrada após os cálculos estatísticos. Para o ano de 2015 
quatro empresas do total analisado receberam multas, sendo três empresas superiores à média 
geral. Para o ano de 2016 todas cinco empresas de uma amostra total de 47 receberam 
penalidades, apresentando o Gunning’s Fog Index acima de 28,34 de média. Estes resultados 
corroboram com os resultados identificados por Li (2008) que quando o gerenciamento de ganhos 
é identificado por retribuições financeiras que foram identificadas como fraudulentas ou relacionadas às 
investigações da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos – SEC são menos legíveis; e Lo 
et al., (2017) que também identificaram uma relação de complexidade nas informações divulgadas. 
De acordo com resultados detectados após os cálculos efetuados, todas as nove empresas 
multadas durante o período de 2014 a 2016, apresentaram pareceres de auditoria com 
informações com alto nível de complexidade, isto é, superior aos valores propostos pelo teste 
Gunning’s Fog Index, no qual a informação acima de 15 é considerada uma informação de 
difícil interpretação. Esses resultados também foram identificados por 
Para verificar se as variáveis aleatórias (contínuas) apresentam distribuição normal dos 
dados coletados e validar os pressupostos propostos no trabalho será utilizado o teste de 
Shapiro-Wilks conforme Tabela 3. 
 
Tabela 3: Teste de Normalidade de Shapiro-Wilks 
Empresas Obs W V z Prob>z 
Ambev 7 0.951 0.645 -0.637 0.738 
B. Brasil 7 0.918 1.071 0.107 0.457 
Bradesco 7 0.994 0.0770 -2.962 0.998 
B.B Seguridade 5 0.828 2.028 1.104 0.135 
Bradespar 7 0.736 3.469 2.365 0.00902 
BRF 7 0.867 1.751 0.940 0.174 
Braskem 6 0.870 1.606 0.747 0.227 
BrMalls 7 0.596 5.308 3.488 0.000240 
BMFBovespa 7 0.968 0.415 -1.209 0.887 
CCR 7 0.935 0.855 -0.236 0.593 
Cielo 7 0.838 2.127 1.309 0.0953 
Cemig 7 0.760 3.159 2.146 0.0159 
CPFL Energia 7 0.984 0.212 -1.979 0.976 
Cosan 6 0.897 1.274 0.366 0.357 
Sid. Nacional 6 0.747 3.137 2.086 0.0185 
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Eco Rodovias 7 0.880 1.580 0.755 0.225 
Eletrobrás 7 0.820 2.366 1.522 0.0640 
Embraer 7 0.930 0.915 -0.136 0.554 
Equatorial 7 0.963 0.482 -1.022 0.847 
Estácio Part. 7 0.885 1.516 0.682 0.248 
Fibria 7 0.809 2.508 1.642 0.0503 
Gerdau 7 0.974 0.346 -1.427 0.923 
Gerdau Met. 7 0.932 0.889 -0.178 0.571 
Hypermarcas 7 0.916 1.104 0.155 0.438 
Itausa 7 0.865 1.774 0.964 0.168 
Itaú Unibanco 7 0.884 1.524 0.692 0.245 
JBS 7 0.968 0.423 -1.184 0.882 
Klabinsa 7 0.895 1.382 0.523 0.300 
Kroton 7 0.950 0.662 -0.601 0.726 
Lojas Americanas 7 0.609 5.131 3.389 0.000350 
Lojas Renner 7 0.803 2.590 1.710 0.0437 
MRV 7 0.957 0.558 -0.831 0.797 
Multiplan 7 0.945 0.727 -0.471 0.681 
Pão de açúcar 7 0.889 1.458 0.615 0.269 
Petrobras 7 0.964 0.478 -1.031 0.849 
Qualicorp 7 0.938 0.810 -0.315 0.624 
Raia Drogasil 7 0.961 0.514 -0.939 0.826 
Rumo 7 0.921 1.037 0.0570 0.477 
Localiza 7 0.868 1.730 0.918 0.179 
Santander 7 0.924 1.001 0.00200 0.499 
Sabesp 7 0.656 4.521 3.037 0.00120 
Suzano 7 0.967 0.439 -1.140 0.873 
Ultrapar 7 0.760 3.149 2.139 0.0162 
Usiminas 7 0.722 3.648 2.487 0.00645 
Vale 7 0.638 4.754 3.174 0.000750 
Telef. Brasil 7 0.933 0.878 -0.197 0.578 
Weg 7 0.924 0.993 -0.0100 0.504 
Fonte: Resultados obtidos via software Stata SE 13 para uma amostra de 324 pareceres de auditoria de 47 empresas 
listadas no IBRX50 entre os anos de 2010 a 2016, gerados pelo Gunning’s Fog Index. 
 
Na análise descritiva pode-se observar o nível de complexidade dos pareceres da 
auditoria divulgados pós-adoção do IFRS, mas para validar as hipóteses levantadas o teste de 
normalidade de Shapiro-Wilks identificou que 11 empresas listadas no IBRX50 rejeitaram a 
hipótese H0, obtendo um p-valor menor que 0,05, indicando que não existe uma normalidade 
entre os dados a um grau de significância de 5%, detalhado na tabela 2. Este resultado mostra 
que os pareceres de auditorias são complexos conforme analise descritiva para o teste 
Gunning’s Fog Index, porem o teste de normalidade nos mostra que os dados seguem um padrão 
de legibilidade para 36 empresas, que pode ser relacionado a qualidade da informação proposto 
pela adoção do IFRSe indicam que 11 empresas divulgam pareceres de auditoria com 
informações com menor legibilidade. 
 
5 Considerações Finais 
O teste de Gunning’s Fog Index conforme Curto (2014) foi elaborado para analisar o 
problema de escrita e linguagem complexas entre alunos do ensino secundário, o que pode 
enviesar os resultados obtidos já que na literatura não se tem um padrão mínimo e máximo do 
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resultado do teste Gunning’s Fog Index para parecer de auditoria, que é uma inovação proposta 
pelo presente trabalho. 
Como observado na análise dos resultados a média geral do teste Gunning’s Fog Index 
de 28,34, o menor resultado foi 22,35 e o maior resultado foi de 41,48, que poderá ser utilizado 
como parâmetros de comparação para legibilidade dos pareceres de auditoria. O resultado 
apontou que das 47 empresas observadas 11 empresas divulgaram parecer de auditoria com 
informação com menos legibilidade. 
Diante de todos os expostos, acredita-se ter cumprido o objetivo anteriormente proposto. 
Entretanto cabe ressaltar que a amostra ficou restrita a 324 pareceres de auditoria de 47 
empresas de capital aberto do IBRX50 do BM&FBovespa entre os anos de 2010 a 2016. Assim, 
espera-se que trabalhos futuros complementares possam ser realizados expandindo a amostra 
para outros indexadores, outros tipos de relatórios divulgados pelas empresas como governança 
corporativa, relatório da administração e outros testes de legibilidade tais como os propostos na 
dissertação de Curto (2014), teste de Flesch Reading Ease, teste de Dale-Chall, teste de Simple 
Measure of Gobbley Gook (SMOG). 
 
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