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Herança Jacente e Vacante

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HERANÇA JACENTE
A herança jacente acontece quando não há herdeiros identificados ou, ainda que identificados, não demonstram interesse no patrimônio deixado pelo falecido. Essa situação jurídica é tratada no Capítulo VI do Código Civil.
A herança é o conjunto de bens, ou seja, todos os bens deixados pela pessoa falecida ou “de cujos”. Serão considerados tantos os bens materiais, imateriais, créditos a receber e débitos a pagar. Essa herança é transferida para os seus herdeiros, sucessores legais ou a quem for beneficiado em testamento.
Se há herdeiros conhecidos, esta herança passa a ser chamada de espólio. Se não houver herdeiros, ou nenhum dos herdeiros tiver interesse no patrimônio deixado e nem exista testamento, essa é a herança jacente.
O que fazer com o patrimônio que é deixado? Nesses casos, como funciona a sucessão dos bens? E se aparecer algum herdeiro depois? É o que pretendemos responder neste artigo.
O que é herança jacente?
Herança jacente é aquela em não tem herdeiros legais identificados ou, ainda que identificados, não demonstram interesse no patrimônio deixado pelo falecido. Também é preciso que não haja definição da destinação da herança em testamento.
Essa situação jurídica é tratada no Código Civil em 5 artigos, do 1.819 a 1.823, no capítulo VI denominado herança jacente. 
Apesar de nomear o capítulo a legislação não definiu, apenas apresentou, as hipóteses que ela acontece. Conceituar ficou a cargo da doutrina.
O artigo 1.819 estabelece que: 
Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância.” 
Esse pequeno artigo traz dois institutos relacionados a herança sem herdeiros: a jacente e a vacante.
É muito comum confundir a herança jacente com a herança vacante. São dois institutos que possuem o mesmo ponto de origem, herança sem herdeiro, mas que se diferenciam. 
Por isso é importante conceituá-las e diferenciá-las. Até porque esta existe em razão daquela, como destacam Tartuce e Simão:
A herança jacente é um estado provisório de indefinição e uma fase que antecede a vacância, e com esta não se confunde.”
TARTUCE; SIMÃO, 2013, p.85
Como é declarada?
Será considerada herança jacente a herança que não foi destinada em testamento e não possui herdeiros ou, ainda que existam, ignoram o patrimônio deixado. 
A administração destes bens ficará a cargo de um curador (a ser designado pelo juiz, que na sua grande maioria é o Procurador do Município), e não de um inventariante como aconteceria em uma sucessão com herdeiros (que também não deixa de ser um curador da herança, mas vamos designá-los conforme determina a lei).
A herança jacente é temporal. Ela tem data de início e fim. Em se verificando presentes as hipóteses da declaração como jacente, imediatamente o juiz determina arrecadados os bens e indica o curador.
Após, inicia-se o processo de inventário com a publicação dos editais para identificação dos herdeiros conforme previsão legal do Código Civil e do Código de Processo Civil (artigos 738 a 743). Nesta fase há um ato que é definidor de todo o processo relacionado à herança sem herdeiro: a publicação do primeiro edital (previsto no artigo 741 do Novo CPC).
A data da publicação do primeiro edital é muito importante, pois ela define a contagem de tempo regressiva de um ano. Isso porque, se passados um ano desde a publicação, aparecendo um herdeiro a herança deixará de ser considerada jacente e passará a ter o trâmite de um inventário regular. 
Se não houver a habilitação de herdeiros ou identificação deles, após um ano, haverá a declaração da vacância da herança.

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