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RECURSOS ESTÉTICOS E COSMÉTICOS CAPILARES Aline Andressa Matiello Métodos utilizados para avaliação capilar Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar parâmetros que constituem a ficha de avaliação capilar. � Descrever os métodos de avaliação física dos cabelos e do couro cabeludo. � Reconhecer os métodos microscópicos para análise capilar. Introdução Os cabelos são estruturas que, além de deterem funções importantes de proteção e saúde para o organismo, estão intimamente relacionadas com a estética, a aparência e o bem-estar das pessoas. A presença de disfunções capilares faz com que muitas pessoas pro- curem por tratamentos preventivos ou curativos, de preferência, que sejam rápidos, de qualidade e seguros. Para isso, é essencial que o futuro profissional esteja apto a realizar a avaliação capilar de maneira adequada para o posterior tratamento. Neste capítulo, você, aluno da área da estética, aprenderá a realizar uma avaliação capilar, tão importante antes de qualquer tratamento, visando a assegurar sua qualidade e a segurança do cliente. Ficha de avaliação capilar A análise dos cabelos e do couro cabeludo faz parte do que chamamos de avaliação capilar, que é importante pelo objetivo primordial de determinar o estado dos fios de cabelo e do couro cabeludo. Trata-se do primeiro passo antes de qualquer tratamento, seja ele para alguma disfunção ou preventivo, ou, ainda, para dar orientações ao cliente. Para que o tratamento e as orientações sejam mais corretos possíveis, precisam ser pautados na avaliação capilar prévia. É por meio dessa avaliação que será definido o real problema do cabelo ou do couro cabeludo, ou seja, o diagnóstico capilar (SCHWARZKOPF PROFESSIONAL, 2018). A avaliação capilar é semelhante a outras da área de estética no que se refere às suas etapas. Ela é composta pela anamnese, pela avaliação física do couro cabeludo e dos cabelos, pelo diagnóstico e pelo plano de tratamento (ANDRADE; CECHINEL, 2017). Todas essas informações devem ser registradas em um documento, chamado de prontuário, que recebe a assinatura do cliente, declarando que concorda com todas as informações e com o plano de tratamento proposto. Esse pron- tuário deve ser elaborado pelo profissional, não existindo um único modelo. Entretanto, ele precisa contemplar todas as etapas da avaliação e atender às necessidades do profissional e do cliente, de modo que facilite o trabalho e o tratamento. Lembre-se de que todas as informações que constam no prontuário são confidenciais e de responsabilidade do profissional da área. Por isso, o documento deve ser sempre bem guardado e acessível apenas ao cliente e ao profissional. Anamnese A primeira etapa de toda avaliação estética é chamada de anamnese, da mesma forma que na área capilar. Trata-se do primeiro contato entre profissional e cliente, que dá mediante conversa com perguntas feitas pelo profissional e direcionadas ao cliente. As perguntas são predefinidas pelo profissional na ficha de avaliação e tem por objetivo esclarecer informações acerca do cliente e do seu problema. Na anamnese, algumas informações são importantes e devem sempre ser questionadas ao cliente. Há necessidade de explicar ao cliente o motivo das perguntas, para que ele se sinta à vontade, evitando uma situação invasiva. É nessa fase que se cria um laço de confiança entre o profissional e o cliente, muito importante para a realização do tratamento. Por isso, essa etapa precisa ser realizada com cautela e de maneira individualizada. Métodos utilizados para avaliação capilar2 Quanto aos itens que compõem essa primeira etapa da avaliação capilar, elencam-se alguns essenciais e os motivos pelos quais devem ser questionados. Dados do cliente Neste tópico, serão elencadas informações sobre o cliente, como nome com- pleto, telefone, idade, profissão, endereço, entre outras. Esse cadastro do cliente servirá para questões administrativas, para conhecer o perfil a ser atendido e, também, apara a avaliação capilar, uma vez que as informações de idade e gênero relacionam-se às disfunções capilares. Queixa principal Este item diz respeito àquilo que trouxe o cliente até você. A principal queixa do cliente pode ser conhecida por meio das perguntas: o que te incomoda no momento? Qual motivo trouxe você aqui? — elas darão o rumo da avaliação, do diagnóstico e do tratamento. Vale lembrar que as situações são diferentes, e cada cliente tem queixas específicas, de maneira que o problema de um cliente pode não ser o de outro. Por isso, dê importância para ouvir e anotar as queixas do seu cliente. A Figura 1 dá um exemplo da disposição de dados pessoais do cliente na ficha de anamnese. Figura 1. Dados pessoais do cliente na ficha de anamnese. Dados pessoais do cliente Nome: Idade: Data de nascimento: Estado civil: Pro�ssão: Endereço: Telefone: E-mail: ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ ___________________________________________ 3Métodos utilizados para avaliação capilar Tratamentos anteriores Este item deve apresentar a descrição dos tratamentos que o cliente já realizou para o problema que ele relata, há quanto tempo e os resultados. Isso possibilita ao profissional ter um histórico do cliente e conhecer como ele respondeu ao tratamento — qual era o resultado esperado e qual foi o obtido. Doenças associadas Visto que algumas doenças têm relação importante com as disfunções capi- lares, com os tratamentos a serem realizados e podem ser contraindicações a algumas modalidades na área da estética, é importante questionar o cliente sobre a existência delas. Algumas delas são mais influentes na avaliação capilar, como: alergias, doenças cardíacas, uso de marca-passo, doenças circulatórias, problema renal e hormonal, diabetes, depressão, câncer e cirurgias recentes. Uso de medicamentos O uso de alguns medicamentos pode influenciar nos aspectos do cabelo, assim como no tratamento a ser realizado, como medicamentos para doenças psicológicas, e apresentar efeitos colaterais, como alterações nos fios do cabelo. A Figura 2 apresenta a estruturada dessas duas etapas. Figura 2. Doenças associadas e uso de medicações na ficha de anamnese. Doenças associadas e uso de medicamentos Doenças associadas: Em uso de medicação: ( ) Diabetes mellitus ( ) Hipertensão arterial ( ) Alergias. Se sim, quais: __________________ ( ) Doença cardíaca. Se sim, quais: ___________ ( ) Doenças endócrinas. Se sim, quais: ________ ( ) Doenças circulatórias. Se sim, quais: _______ ( ) Doença oncológica. Se sim, quais: ________ ( ) Sim. Se sim, quais: ______________________ ( ) Não. Métodos utilizados para avaliação capilar4 Hábitos de vida Os hábitos de vida atuam de maneira positiva ou negativa na saúde capilar, interferindo direta ou indiretamente nas condições do cabelo. Dentre os hábitos que devem ser questionados ao cliente, incluem-se: alimentação, atividade física, estresse, tabagismo, etilismo e rotina de cuidados com o cabelo. Sabe-se que a prática regular de atividade física e alimentação balance- ada, rica em alimentos nutritivos, vitaminas e minerais, são essenciais para manutenção da saúde capilar, assim como não fumar e ter uma rotina de cuidados com o cabelo, que envolva higiene, hidratação e reconstrução, são hábitos que devem ser questionados. O uso de cosméticos também deve ser interrogado, para nortear as orientações e os tratamentos futuros ao cliente. Na Figura 3, há um exemplo de como podemos estruturar as questões acerca de hábitos diários. Figura 3. Hábitos de vida na ficha de anamnese. Hábitos de vida Exposição solar: Alimentação: Tabagismo:Etilismo: Estresse: Atividade física: Sono adequado: Uso de cosméticos capilares: ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais os hábitos de exposição: ( ) Balanceada ( ) Não balanceada ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Se sim, com que frequência: ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual e com que frequência: ( ) Sim ( ) Não Quantas horas de sono diárias: ( ) Sim ( ) Não Se sim, quais e com que regularidade: 5Métodos utilizados para avaliação capilar É de extrema importância saber as indicações e contraindicações dos tratamentos, para não causar danos ao cliente e garantir segurança nos tratamentos. Para isso, faça sempre o preenchimento adequado da ficha de anamnese, questionando o cliente adequadamente sobre a presença de doenças e o uso de medicamentos. Métodos de avaliação física dos cabelos e do couro cabeludo A segunda etapa da avaliação física dos cabelos e do couro cabeludo é realizada por meio da inspeção dos cabelos e de testes a serem específicos A inspeção e os testes do cabelo e couro cabeludo devem ser realizados com o cliente em posição confortável. Uma maneira de fazer isso é colocando o cliente sentado em uma cadeira confortável mais baixa e de forma que o topo da cabeça fique na região do apêndice xifoide do examinador. Isso possibilitará acesso fácil a todas as áreas do couro cabeludo e aos cabelos do cliente. Para alguns testes com uso de aparelhos, o cliente deverá ficar deitado. O local da avaliação física deve ser muito iluminado, e o cabelo do cliente deve ser solto, sem qualquer prendedor (PEREIRA, 2000). Inspeção A inspeção diz respeito àquilo que o profissional encontrará no cabelo do cliente, por meio da visualização, do toque, do cheiro e da audição. Ela precisa ter um roteiro e ser sistematizada, de maneira que nenhum item importante seja esquecido. Todos os itens observados deverão ser anotados no prontuário do cliente. A inspeção deve iniciar pelo couro cabeludo e seguir até a extremidade final da haste capilar, momento em que o profissional ouvirá sons produzidos pela manipulação dos cabelos, sentirá cheiros e texturas e visualizará o couro cabeludo e os fios. O uso dos sentidos nessa fase da avaliação é importante, pois, por exemplo, o cheiro pode indicar algum tratamento químico que o cliente realizou, o toque possibilita ao profissional conhecer a textura do cabelo, e o som produzido pela manipulação dos fios pode ser ouvido. O profissional deverá anotar informações do couro cabeludo, como: mobilidade (normal, reduzida Métodos utilizados para avaliação capilar6 ou aumentada) e tipo (sensível, oleoso, normal ou seco). Também devem ser registradas informações dos fios do cabelo, como: comprimento (longos, curtos e médios), espessura (finos, grossos, medianos), consistência em cada região, porosidade (elástico ou poroso), se recebeu algum tratamento (tintura, descoloração, alisamento, etc.), assim como cor, brilho, textura e oleosidade. Por último, o profissional deverá procurar por alterações que possam impactar na estrutura dos fios ou nas disfunções capilares, que devem ser anotadas com a respectiva localização, sempre comparando com o lado con- tralateral. As alterações do couro cabeludo e da haste podem ser as seguintes: descamações, dermatites, fissuras, triconodose, tricoptilose, eritema no couro cabeludo e cicatrizes. Testes realizados pelo profissional A segunda fase da avaliação do couro cabeludo e dos cabelos envolvem testes para uma análise mais precisa. Teste de tração O teste de tração é feito, principalmente, para verificar queda de cabelo e indicar algum tipo de alopecia, por meio do deslizamento dos dedos pelas mechas de cabelo de maneira firme e com tração. O objetivo é verificar a quantidade de fios de cabelo que se desprendem do couro cabeludo, constatando se a queda é normal ou está acima do normal. Cada mecha deve conter aproximadamente 50 fios, e o desprendimento de até dois fios por área pode ser considerado normal. Acima disso, indica uma queda anormal (LANE, 2018). Teste de elasticidade Este teste determinará o estado do córtex capilar. Em condições normais de um cabelo saudável, o cabelo é elástico. O teste é realizado com um fio de cabelo, que será esticando cerca de 1/3 a mais do comprimento normal. Ao soltá-lo, ele deverá retornar ao comprimento anterior. Se isso não acontecer ou quebrar durante o procedimento, o cabelo se encontra danificado. O teste pode ser feito com o fio de cabelo ainda preso na cabeça do cliente ou depois de retirado. Cabelos secos normalmente se quebram durante o procedimento (SCHWARZKOPF PROFESSIONAL, 2018). 7Métodos utilizados para avaliação capilar Teste de porosidade A porosidade é referente à presença de poros, ou seja, de pequenas fendas na haste capilar e diz respeito à capacidade que o fio tem de absorver a umidade. O cabelo se encontra poroso quando suas cutículas (que são a camada externa da haste capilar e responsáveis pela proteção das camadas internas) se encontram muito abertas, muito porosas, fazendo com que percam a função de proteção, assim, deixando o fio mais exposto a danos externos, como água quente, radiação, agentes químicos, etc., adquirindo aspecto ressecado. A principal característica de um cabelo muito poroso é a demora para secar e o aspecto áspero. Dessa maneira, um cabelo com porosidade acima ou abaixo do normal não deve receber tratamentos químicos sem antes ser feito o tratamento para normalizar a porosidade. O teste é feito com o toque dos dedos do profissional sobre a haste capilar, de uma extremidade à outra. Com uma das mãos, segure o cabelo e com a outra deslize o polegar sobre os fios, e avalie a maneira como ocorre o deslizamento. O Quadro 1 apresenta a classificação do deslizamento do cabelo. Fonte: Adaptado de Schwarzkopf Professional (2018, documento on-line). Porosidade Características Baixa porosidade O cabelo se encontra suave e brilhante: neste caso, a cutícula é forte e densa. Média porosidade O cabelo se encontra ligeiramente áspero: indicativo de cabelos saudáveis e normais. Alta porosidade O cabelo se encontra poroso, extremamente áspero, seco e pode apresentar quebra: indica situações de cabelos danificados. Quadro 1. Classificação do deslizamento do cabelo O teste de porosidade é essencial antes da realização de qualquer tratamento, uma vez que ele determinará o tipo de agente químico a ser utilizado e a sua absorção no fio de cabelo. Métodos utilizados para avaliação capilar8 Teste com uso de tricômetro O tricômetro é um dispositivo que pode ser utilizado na análise capilar e permite medir a quantidade de fios e a espessura, além de definir a quantidade de perda capilar em cada região avaliada. O teste é utilizado para avaliar e diagnosticar a calvície precoce, além de ser utilizado para acompanhar a evo- lução de um tratamento. Ele é feito de maneira bastante rápida e não invasivo, caracterizando um método acessível. Na Figura 4, há um exemplo de tricômetro. Figura 4. Aparelho tricômetro. Fonte: Clínica Block (2018, documento on-line). Teste com lâmpada de Wood A lâmpada de Wood é um recurso utilizado nas avaliações de estética facial e que pode ser empregado também na avaliação do couro cabeludo. Trata-se de uma lâmpada que emite um comprimento de luz entre 340 e 450 mm. Essa radiação é conseguida posterior à emissão da luz ultravioleta por um arco de mercúrio, a qual é filtrada por uma chapa de vidro composto por silicato de bário e 9% de óxido de níquel (PEREIRA, 2000). A lâmpada de Wood é mostrada na Figura 5. 9Métodos utilizados para avaliação capilar Figura 5. Lâmpada de Wood. Fonte: Andrade e Cechinel (2017, p. 18). Diagnóstico capilar Após a realização dos testes, é possível definir um diagnóstico capilar, que será o resultado de sua avaliação completa, ou seja, após realizar a anamnese, a inspeção e os testes, é que você dará um diagnóstico para o cabelo. Um exemplode diagnóstico pode ser: um cabelo oleoso, liso e muito poroso. Nem sempre o diagnóstico capilar deve apresentar uma disfunção diagnosticada, sendo que as características do cabelo também são importantes, pois é a partir delas que você, enquanto profissional da área da estética, planejará o tratamento a ser realizado e as orientações a serem passadas ao cliente. Baseando-se na anamnese, na inspeção e nos testes realizados na fase de avaliação física do cabelo, o profissional poderá dar seu diagnóstico capilar. Veja, a seguir, um breve resumo das características que se encontram no cabelo e que farão parte do diagnóstico capilar. Tipo de cabelo Quanto ao tipo, os cabelos podem ser classificados em: secos, oleosos, nor- mais, frágeis ou mistos. A avaliação, nesse caso, se dará pela visualização da quantidade de sebo presente no cabelo. Lembre-se de que o sebo é a substância produzida pelas glândulas sebáceas que estão anexas ao folículo piloso. Métodos utilizados para avaliação capilar10 � Cabelos secos: a produção de sebo não está suficiente para lubrificar toda a haste capilar, fazendo com que ela fique seca, quebradiça e sem brilho. A cutícula se abre facilmente, tornando o fio de cabelo susce- tível à ação de agentes lesivos externos, como sol, agentes químicos e água quente, por exemplo. Os fios podem apresentar-se como secos em virtude de fatores hereditários, hábitos alimentares e exposição excessiva à água e ao sol. � Cabelos oleosos: ao contrário dos cabelos secos, nesse caso, há quan- tidade de sebo exagerada, tornando o cabelo brilhoso, pesado e com aspecto de sujo, mesmo que devidamente higienizado. � Cabelos normais: quando o cabelo não se encaixa em oleoso nem seco, o cabelo é normal, apresentando uma quantidade de sebo adequada. � Cabelos frágeis: são cabelos finos, com pouca resistência, cujas causas podem ser diversas, como: genéticas, metabólicas e nutricionais. � Cabelos mistos: apresentam-se com características de oleosidade na raiz e de ressecamento nas pontas. Para facilitar o entendimento, normalmente os fios ondulados tendem a ser mais secos pelo formato que dificulta a hidratação. O cabelo que passou por um procedimento químico, como a coloração, também tende a ser seco, uma vez que sofreu processo de oxidação, que reduz a oleosidade dos fios. Densidade do cabelo A densidade do cabelo pode ser definida como sendo baixa ou alta. Essa análise é feita com base apenas na visualização das áreas. Vale ressaltar que ela dependerá do tipo e da quantidade de fios. Uma densidade normal é aquela que praticamente impossibilita a visualização do couro cabeludo. Do contrário, significa que a densidade se encontra reduzida e pode ser um indicativo de alguma disfunção capilar. Uma densidade maior também pode ser encontrada, mas não está relacionada a nenhuma disfunção. No couro cabeludo sadio, a densidade varia de 175 a 300 fios por centímetro quadrado e sofre influência de características pessoais, como idade e gênero. A Figura 6 mostra graus de densidade capilar. 11Métodos utilizados para avaliação capilar Figura 6. Graus de densidade capilar. Fonte: Clínica Ruston (2018, documento on-line). Elasticidade do cabelo Em condições normais, o cabelo tem características elásticas, ou seja, depois de tracionado, ele retorna ao seu comprimento normal sem alterações na estrutura e sem quebrar. Em condições em que o cabelo perde sua estrutura ou rompe ao ser esticado, isso significa que a elasticidade se perdeu e existem disfunções (Figura 7). Métodos utilizados para avaliação capilar12 Figura 7. Elasticidade do fio de cabelo. Fonte: Adaptada de Oliver (2013, documento on-line). Espessura do cabelo Os cabelos podem ser classificados, conforme a espessura, em finos ou grossos. � Cabelos finos: normalmente são mais lisos e macios, nos quais os tratamentos capilares agem mais rapidamente. � Cabelos grossos: têm uma espessura maior, normalmente são mais ásperos e demoram mais para a penetração dos produtos de tratamento. Porosidade do cabelo Quanto à porosidade, os cabelos podem ser classificados em baixa, média e alta. � Baixa porosidade: os fios são resistentes, impedindo que líquidos penetram com facilidade, nos quais se pode fazer uso de produtos químicos mais agressivos, pois a situação do cabelo é saudável. � Média porosidade: as cutículas se encontram mais abertas que no caso anterior, e, por isso, é importante aplicar produtos químicos mais leves. � Alta porosidade: os fios absorvem e perdem água facilmente, e os cabelos normalmente se encontram com volume aumentado — por isso, utilizar produtos químicos menos agressivos. 13Métodos utilizados para avaliação capilar Um exemplo de cabelo poroso, com uma quantidade grande de cutículas abertas, é o cabelo que passou recentemente por muitos processos químicos, como tinturas, descolorações e alisamentos. Nesse caso, trata-se de um cabelo que necessita de tratamento, visando a reduzir a porosidade para, posteriormente, passar por novo procedimento químico. Formato do cabelo Os cabelos podem ser classificados quanto ao formato em lisos, ondulados ou crespos, determinados pela forma do folículo capilar. Lisos Originam-se de folículos redondos, são mais oleosos na raiz e apresentam maior fragilidade. O sentido de crescimento é sempre bem definido desde a raiz, e a angulação folicular é vertical. Também é simétrico na sua porção externa e tem aproximadamente 14 camadas de cutículas. A Figura 8 mostra as camadas do cabelo liso, a disposição das células, o formato do bulbo capilar e como os fios se apresentam em relação ao couro cabeludo. Figura 8. Cabelos lisos. Fonte: Adaptada de Motta (2016, documento on-line). Métodos utilizados para avaliação capilar14 Ondulados Originam-se de folículos ovais, são normalmente mais secos e dão a impressão de boa densidade capilar pelo volume que apresentam. A característica desse tipo de cabelo é a ondulação ao longo da haste capilar e assimetria nas camadas externas, o que o torna um pouco mais frágil. A Figura 9 mostra as camadas da haste, o arranjo celular, o formato do bulbo e como o fio se apresenta em relação ao couro cabeludo. Figura 9. Cabelos ondulados. Fonte: Adaptada de Motta (2016, documento on-line). Crespos Originam-se de bulbos no formato elíptico. Há grande assimetria entre as camadas e cutículas ao longo do fio, o córtex é menos espesso, e a lubrificação do fio fica prejudicada em virtude do formato. É o tipo de fio mais frágil. A Figura 10 mostra as camadas da haste, o arranjo celular e o formato do bulbo. 15Métodos utilizados para avaliação capilar Figura 10. Cabelos crespos. Fonte: Adaptada de Motta (2016, documento on-line). Cor do cabelo A cor dos cabelos varia de preto a loiro e depende da quantidade de grânulos de melanina presentes no córtex do fio. Existem basicamente dois tipos de melanina: a eumelanina e o feomelanina. A primeira delas é o tipo de pigmento responsável pelas cores castanhas e pretas, e a feomelanina é responsável pelas cores avermelhadas e louras. Além disso, há o cabelo que tem pouca melanina ou ausência dela, decor- rente do processo natural de envelhecimento — mas também pode acontecer em alguma disfunção capilar. O aparecimento dos cabelos brancos ocorre em diferentes idades de acordo com as condições genéticas e com a exposição a agentes lesivos, como cigarro, alimentação inadequada e radiação, que podem antecipar o surgimento deles. O Quadro 2 mostra a classificação dos cabelos depois da sua avaliação física. Métodos utilizados para avaliação capilar16 Ti po d e ca be lo D en si da de El as ti ci da de Es pe ss ur a Po ro si da de Fo rm at o Co r Se co N or m al N or m al Fi no N or m al Li so Br an co O le os o Au m en ta da Po uc o el ás tic o G ro ss o Po uc o po ro so O nd ul ad o Eu m el an in a N or m al Re du zi da M ui to p or os o Cr es po Feom el an in a Fr ág il M ist o Q ua dr o 2. C om o cl as sif ic ar u m c ab el o ap ós su a av al ia çã o fís ic a 17Métodos utilizados para avaliação capilar Métodos microscópicos para análise capilar Além da avaliação capilar composta por anamnese, avaliação física e diagnós- tico, atualmente, o mercado dispõe de inúmeras modalidades de diagnóstico capilar microscópico. Esta modalidade de diagnóstico atua de maneira a realizar um estudo mais aprofundado do couro cabeludo e da haste capilar, indicado em situações em que há suspeita de alguma disfunção capilar. A maioria desses testes é realizada por médicos dermatologistas ou tri- cologistas, entretanto conhecer esses métodos, suas indicações e como são realizados também é importante para você que precisa estar apto a encaminhar o cliente de maneira correta para o profissional habilitado. Dentre as avaliações microscópicas realizadas atualmente e que forne- cem resultados satisfatórios, pode-se citar: videodermatoscopia, tricograma, fototricograma computadorizada, microscopia da fibra capilar, microscopia óptica do bulbo capilar e biópsia do couro cabeludo. Videodermatoscopia O exame capilar que faz uso de um equipamento denominado videodermatos- cópio proporciona um aumento de até 300 vezes na visualização. Ele permite que o profissional verifique as condições do couro cabeludo, identifique os tipos de alopecias, assim como disfunções do couro cabeludo, como a caspa, dermatite seborreica e psoríase. Além disso, esse exame possibilita a verificação do estado da fibra capilar, determinando se ela está desidratada, quebradiça ou com tricoptilose ou tricorrexe nodosa, que são disfunções comuns que os fios. Tricograma Um dos exames da área capilar que permite uma avaliação especializada por meio da análise das hastes pilosas e do bulbo folicular, por meio do aumento da imagem de até 200 vezes, com a utilização de uma lupa. O tricograma permite analisar lesões da haste capilar causadas principalmente por agentes lesivos químicos, encontrados em tratamentos para coloração, descoloração e alisamentos dos cabelos. Métodos utilizados para avaliação capilar18 Além dessa função, a análise por meio do tricograma permite avaliar as fases de crescimento dos fios de cabelo, determinando a quantidade deles que se encontra na fase anágena e telógena — a primeira referente à fase de desenvolvimento do fio, e a segunda referente à queda. O tricograma é indicado para os casos em que há queda excessiva. Para a análise no microscópio, são extraídos 50 fios de cabelo — geral- mente a região escolhida é diferente da repartição normal dos cabelos. Após a avaliação, os fios são classificados quanto à fase em que se encontram e, também, à espessura do fio. O exame é indicado para diagnósticos de alopecias, como eflúvio telógeno, eflúvios agudos e crônicos, síndromes do crescimento muito lento do cabelo ou dos fios frouxos, que é uma disfunção em que os fios se desprendem fa- cilmente da região do bulbo folicular. Além disso, o exame permite analisar outras disfunções e características do fio do cabelo, como obstruções no couro cabeludo, descamações, vermelhidão, espessura do fio, afinamento capilar, padrão de quantidade de fios por região, e realizar cálculos microscópicos dessa região, a fim de auxiliar no diagnóstico. O exame pode ser feito em pacientes de qualquer idade ou gênero, com qualquer tipo de queda de cabelo. A tricoscopia também pode ser utilizada para identificar a resposta do tratamento orientado por profissional médico. A Figura 11 mostra uma imagem ampliada de uma das fases do crescimento do cabelo fornecida pelo tricograma. Figura 11. Fio de cabelo na fase anágena visualizado por meio do tricograma. Fonte: Clínica Bloch (2018, documento on-line). 19Métodos utilizados para avaliação capilar No link ou no código a seguir, você pode assistir a uma entrevista com uma médica dermatologista e tricologista sobre o diagnóstico de queda capilar, a partir do uso da microscopia, com uso do videodermatoscópio. https://goo.gl/deSw4Q Fototricograma computadorizada Este exame permite a avaliação da velocidade do crescimento do cabelo, além de avaliar a espessura dos fios e a fase em que eles se encontram sem que seja necessário extraí-los. O equipamento utiliza um software e permite a análise por meio de fotos microscópicas de uma área de 1 ou 2 cm2 de cabelo. Ele é indicado para acompanhamento da evolução do tratamento. A Figura 12 mostra um equipamento de fototricograma computadorizada. Figura 12. Aparelho de fototricograma computadorizada. Fonte: Clínica Bloch (2018, documento on-line). Métodos utilizados para avaliação capilar20 Microscopia da fibra capilar Este exame permite uma avaliação a níveis qualitativo e quantitativo dos danos existentes na fibra capilar depois da realização de tratamentos químicos e físicos. Os danos físicos dizem respeito ao uso excessivo de chapinhas, escovas ou tratamentos térmicos, enquanto os danos químicos são causados por tinturas, descolorações e, principalmente, realização de alisamentos. Quanto aos equipamentos utilizados nesse exame, pode-se citar o uso de aparelhos de microscopia eletrônica de varredura (MEV) ou microscopia de transmissão (MIT), com a finalidade de diagnosticar diferentes níveis de fissuras e danos proteicos, tanto nas cutículas quanto nas camadas mais internas do fio de cabelo (córtex). A Figura 13 mostra dois equipamentos de microscopia da fibra capilar. Figura 13. Aparelho de microscopia MEV e aparelho de microscopia MIT. Fonte: Adaptada de Clínica Bloch (2018, documento on-line). a) b) 21Métodos utilizados para avaliação capilar Microscopia óptica do bulbo capilar Neste exame, o fio de cabelo é exposto para análise com microscópio, sendo possível visualizar a mucina da haste capilar, que se trata daquela pontinha branca que aparece na extremidade do fio. A mucina é uma proteína do cabelo que, dependendo do formato em que se encontra, pode indicar a fase em que está ocorrendo a queda do cabelo. Biópsia do couro cabeludo Este exame constitui uma avaliação histológica e patológica da fibra capilar, mostrando a composição celular dos tecidos e também a presença de algum agente patológico na haste capilar. É um exame um pouco mais complexo e indicado em casos em que o diagnóstico de disfunções é duvidoso. Para tanto, depois de receber anestesia, é retirada uma pequena amostra do couro cabeludo para se realizar a análise. É um excelente método de diagnóstico para casos de alopecias cicatriciais ou para disfunções em que se tenha suspeita de causas patológicas por microrganismos. Métodos utilizados para avaliação capilar22 ANDRADE, G.; CECHINEL, l. R. Anatomofisiologia aplicada à estética. Porto Alegre: Sagah, 2017. CLÍNICA BLOCH. Diagnóstico. [2018]. Disponível em: <http://www.clinicabloch.com.br/ tratamento-capilar/diagnostico-de-perda-capilar>. Acesso em: 20 ago. 2018. CLÍNICA RUSTON. Volume e densidade. [2018]. Disponível em: <http://www.clinica- ruston.com.br/plasticamasculina/diferenciais/volumedensidade.php>. Acesso em: 20 ago. 2018. LANE INSTITUTE. Como é feita a análise capilar? 2017. Disponível em: <https://lane.com. br/analise-capilar/>. Acesso em: 22 ago. 2018. MOTTA, E. Tipos de cabelos e seus significados. 2016. Disponível em: <http://blog.folyic. com.br/2016/05/30/tipos-de-cabelos-e-seus-significados-descubra-o-seu-tipo-de- cabelo-e-confira-as-dicas/>. Acesso em: 20 ago. 2018. OLIVER, F. Cabelos com elasticidade: tratamento. 2013. Disponível em: <http://nanda- belezagenuina.blogspot.com/2013/06/cabelos-com-elasticidade-tratamento.html>. Acesso em: 20 ago. 2018. PEREIRA, J. M Dermatologia: propedêutica da queda de cabelos. [2000]. Disponível em: <http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=865>. Acesso em: 20 ago. 2018. Métodos utilizados para avaliação capilar23 SCHWARZKOPF PROFESSIONAL. Como analisar o cabelo doseu cliente. [2018]. Disponível em: <http://www.schwarzkopf-professional.com.br/skp/br/pt/home/educacao/ask/ consulta/0014/como-analisar-o-cabelo-do-seu-cliente.html>. Acesso em: 20 ago. 2018. Leituras recomendadas CLÍNICA DA PELE. O que é cabelo poroso? 2017. Disponível em: <http://dermatologiaca- pilar.med.br/o-que-e-cabelo-poroso/>. Acesso em: 20 ago. 2018. FASSHEBER, D. et al. Disfunções dermatológicas aplicadas à estética. Porto Alegre: Sagah, 2018. LEITE JÚNIOR, A. C. Exames utilizados em tricologia para avaliação das quedas de cabelo. [2018]. Disponível em: <http://www.blogtricologiamedica.com.br/2013/10/exames- utilizados-em-tricologia-para.html>. Acesso em: 20 ago. 2018. RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2018. 24Métodos utilizados para avaliação capilar