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E-BOOK NIVELAMENTO BIOLOGIA A Biologia: O estudo da Vida APRESENTAÇÃO Quando paramos para observar mais atentamente ao nosso redor podemos ver muitos organismos vivos. Uma árvore majestosa que abriga um pássaro, uma formiga que anda rapidamente em direção ao seu destino, ou uma pequena minhoca que tenta entrar na terra úmida. Sabemos separar esses organismos vivos dos não vivos, mas o que realmente os difere? Propor questões sobre a vida e procurar respostas com base na ciência são atividades centrais da Biologia. Nesta Unidade de Aprendizagem nós iremos entender o conceito de biologia, seus principais temas e explorar os níveis de organização biológica em nosso planeta. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar o conceito de Biologia.• Reconhecer os temas que conectam os conceitos da Biologia.• Explorar os níveis de organização biológica em nosso planeta.• DESAFIO Veja que o girassol apresenta uma estrutura altamente ordenada que caracteriza a vida. Para que você enxergue o cavalo marinho é preciso mais atenção, pois ele se encontra bastante camuflado ao ambiente. A planta carnívora fechou-se em uma armadilha assim que seus sensores receberam os estímulos provocados pela entrada da libélula. O pinguim, com seu filhote, ilustra a capacidade dos seres vivos de se reproduzirem. O filhote de crocodilo do Nilo, que luta para sair de seu ovo, mostra que, apesar de ser ainda pequeno, carrega genes que são responsáveis por seu padrão de crescimento e de desenvolvimento. O ágil beija-flor obtém energia para a sua sobrevivência através do néctar retirado das plantas. Através das orelhas enormes da lebre podemos ver a presença de vasos sanguíneos, permitindo o fluxo sanguíneo, ajudando a manter a temperatura corporal constante. Após observar os organismos, separe-os em grupos. Para isso use os seguintes critérios: - É um animal ou vegetal? - Habita o ambiente terrestre ou o aquático? - Como obtém energia para realizar suas funções vitais? - Como se reproduz? - Como se protege no ambiente? Orientação de resposta: Para você separar os organismos em vegetal ou animal você deverá justificar sua escolha. Lembre-se de que as distinções nem sempre são claras. Quando for separá-los por hábitat, você deverá relacioná-los com as outras características como o tipo de alimentação, forma de reprodução e formas de sobrevivência nesse ambiente. Observe que tudo está interligado. Quanto à obtenção de alimento, os seres vivos podem produzir o próprio alimento ou se alimentarem de outros seres vivos. Na separação pela forma de reprodução deve ser observado se o embrião cresce dentro de um ovo ou não. Se não, como ocorre? Para que um organismo tenha sucesso e garanta a reprodução de sua espécie, ele deve ser dotado de algumas características que o proteja no ambiente. Essas características podem ser bastante peculiares, como a capacidade de se mimetizar tão bem em um ambiente, como no caso do bicho-pau , que acaba passando despercebido pelo seu predador, e aumentando as suas chances de pegar a presa. Agora é com você, bom trabalho! INFOGRÁFICO O infográfico a seguir apresenta os níveis de organização dos seres vivos. Veja: CONTEÚDO DO LIVRO Compreender a Biologia, como um todo, às vezes pode parecer bastante difícil. Para aprofundar os seus conhecimentos acerca dos principais temas desta disciplina, faça a leitura dos trechos selecionados do livro Biologia, de Campbell et al. Boe leitura. Equipe de tradução Anne D. Villela (Cap. 2 e 3) Doutora em Biologia Celular e Molecular pela Pontif ícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Ardala Breda (Caps. 4, 5, 16, 17, 21) Pesquisadora do Departamento de Bioquímica na Texas A&M University. Ph.D. em Biologia Celular e Molecular pela PUCRS. Armando Divan Molina Junior (Caps. 26 a 34) Biólogo. Pesquisador do Centro de Ecologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Ecologia pela UFRGS. Doutor em Fisiologia Vegetal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Christian Viezzer (Caps. 11, 49, 50 e 51) Mestre em Engenharia e Tecnologia de Materiais pela PUCRS. Doutor em Ciência e Tecnologia dos Materiais-PPGEM pela UFRGS. Pós-Doutor em Biologia Celular e Molecular pela PUCRS. Denise Cantarelli Machado (Caps. 7, 12, 13, 19, 24 e 25) Bióloga. Professora da Faculdade de Medicina e Coordenadora do Laboratório de Biologia Celular e Molecular e do Centro de Terapia Celular do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS. Especialista em Biotecnologia. Mestre em Genética pela UFRGS. Doutora em Imunologia pela University of Sheffield, Inglaterra. Pós-Doutora em Imunologia Molecular pela University of Sheffield e National Institutes of Health (NIH), Bethesda, USA. Gaby Renard (Caps. 3, 6, 14, 15, 18, 20, 22, 23 e 45, Iniciais, Apêndices) Pesquisadora da Quatro G Pesquisa & Desenvolvimento Ltda., TECNOPUC. Mestre e Doutora em Ciências Biológicas: Bioquímica pela UFRGS. Jocelei Maria Chies (Cap. 6) Pesquisadora da Quatro G Pesquisa & Desenvolvimento Ltda., TECNOPUC. Mestre em Genética pela UFRGS. Doutora em Biologia Molecular pela Universidade de Brasília (UnB). Jordana Dutra de Mendonça (Caps. 12, 13) Mestre em Ciências Biológicas: Bioquímica pela UFRGS. Laura Roberta Pinto Utz (Caps. 22 a 25) Mestre em Biologia Animal pela UFRGS. Doutora em Marine Estuarine and Environmental Sciences (MEES) pela University of Maryland at College Park. Leandro Vieira Astarita (Cap. 10) Biólogo. Professor adjunto da Faculdade de Biociências da PUCRS. Doutor em Ciências (ênfase em Botânica) pela Universidade de São Paulo (USP). Leonardo Krás Borges Martinelli (Cap. 9) Pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose (INCT-TB/PUCRS). Mestre em Engenharia Biomédica pela PUCRS. Doutor em Biologia Celular e Molecular pela PUCRS. Paulo Luiz de Oliveira (Caps. 2, 8, 35 a 39, 40 a 44 e 52 a 56) Biólogo. Professor titular aposentado do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências da UFRGS. Mestre em Botânica pela UFRGS. Doutor em Ciências Agrárias pela Universität Hohenheim, Stuttgart, República Federal da Alemanha. Rodrigo Gay Ducati (Cap. 1) Pesquisador pós-doutor no Albert Einstein College of Medicine (Bronx, NY - EUA). Mestre em Genética e Biologia Molecular pela UFRGS. Doutor em Biologia Celular e Molecular pela UFRGS. Thamires Barreto Ferreira (Caps. 46, 47 e 48) Bióloga. Graduada em Ciências Biológicas pela PUCRS. Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094 B615 Biologia de Campbell [recurso eletrônico] / Jane B. Reece ... [et al.] ; [tradução : Anne D. Villela ... et al.] ; revisão técnica : Denise Cantarelli Machado, Gaby Renard, Paulo Luiz de Oliveira. – 10. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2015. Editado como livro impresso em 2015. ISBN 978-85-8271-230-6 1. Biologia. I. Reece, Jane B. CDU 573 Pesquisando sobre a vida O s dentes-de-leão apresentados na Figura 1.1 dispersam suas sementes ao vento. Uma semente é constituída de um embrião envolto por um es- toque de nutrientes e uma capa de proteção. As sementes do dente-de-leão, apresentadas no painel inferior esquerdo, são lançadas ao vento a partir de estruturas semelhantes a um paraquedas que são geradas a partir de partes modificadas da flor. Uma vez expostas ao vento, essas sementes são carregadas para novas localidades onde as condições possam favorecer seu brotamento e crescimento. O dente-de-leão é uma planta com alta capacidade adaptativa, encontrada em diversas regiões temperadas do planeta. As adaptações de um organismo para o seu ambiente, como o “paraque- das” da semente do dente-de-leão, são resultantes de um processo evolutivo. A evolução é o processo de alteração que tem transformado a vida na Terra desde os seus primórdios até a diversidade de organismos existentes na atuali-dade. A evolução é o tema central deste livro, pois constitui o princípio organi- zacional fundamental da biologia. Ainda que biólogos tenham um amplo conhecimento sobre a vida na Ter- ra, ainda restam muitos mistérios. Por exemplo, que processos levaram à ori- gem do florescimento nas plantas da foto acima? Formular perguntas a respeito dos organismos que vivem no planeta e buscar respostas a partir de pesquisas científicas são as atividades centrais da biologia, o estudo científico da vida. As perguntas dos biólogos podem ser ambiciosas. Eles podem indagar como uma única e pequena célula se torna árvore ou cão, como funciona a mente hu- mana ou como as diferentes formas de vida em uma floresta interagem. Talvez muitas perguntas interessantes lhe venham à mente quando você está fora de casa, cercado pela natureza. Quando isso acontece, você já está raciocinando Figura 1.1 De que forma o dente-de-leão está adap- tado ao seu ambiente? 1 Evolução, os Temas da Biologia e a Pesquisa Científica C O N C E I T O S - C H A V E 1.1 O estudo da vida revela te- mas comuns 1.2 O tema central: A evolução é responsável pela unifor- midade e diversidade da vida 1.3 Ao estudar a natureza, os cientistas fazem observa- ções, formulam e testam hipóteses 1.4 A ciência faz uso de uma abordagem cooperativa e de diversos pontos de vista BIOLOGIA DE CAMPBELL 1 como biólogo. Acima de tudo, a biologia é uma busca, uma contínua pesquisa sobre a natureza da vida. No nível mais fundamental, podemos indagar: o que é vida? Até mesmo uma criança sabe que cães e plantas são seres vivos, enquanto pedras e carros, não. Entretanto, o fenômeno que chamamos de vida desafia uma definição simples e breve. Reconhecemos a vida em função do que seres vivos fazem. A Figura 1.2 realça algumas das pro- priedades e processos que associamos à vida. Ainda que limitada a poucas imagens, a Figura 1.2 nos informa que o mundo dos seres vivos é incrivelmente va- riado. Como os biólogos encontram sentido nessa diver- sidade e complexidade? Este capítulo de abertura criará uma base para abordar essa questão. A primeira parte do capítulo fornecerá um panorama da “paisagem” biológica, organizada a partir de temas unificadores. Em seguida, apresentaremos o tema central da biologia, a evolução, que é responsável pela uniformidade e diversidade da vida. A partir disso, abordaremos a pesquisa científica – como cientistas questionam e tentam responder questões sobre o mundo natural. Por fim, abordaremos a cultura da ciência e seus efeitos na sociedade. m Regulação. A regulação do fluxo sanguíneo nos vasos sanguíneos da orelha desta lebre ajuda a manter a temperatura corporal constante ao ajustar a troca de calor com o ar circundante. . Reprodução. Organismos (seres vivos) reproduzem a própria espécie. m Crescimento e desenvolvimento. A informação herdada carregada por genes controla o padrão do crescimento e do desenvolvimento de organismos como a germinação deste carvalho. . Ordem. Esta foto em detalhe de um girassol ilustra a estrutura altamente ordenada que caracteriza a vida. m Processamento de energia. Esta borboleta obtém energia na forma de néctar das flores. A borboleta utiliza a energia química estocada na sua comida para executar voos e outras atividades. m Adaptação evolutiva. A aparência deste cavalo-marinho pigmeu camufla o animal no seu ambiente. Essa adaptação foi desenvolvida ao longo de muitas gerações pelo sucesso reprodutivo dos indivíduos com características herdáveis mais adequadas a seus ambientes. m Resposta ao ambiente. Esta vênus-papa-moscas fechou-se rapida- mente em resposta ao estímulo ambien- tal de uma libélula que pousou em sua armadilha aberta. Figura 1.2 Algumas propriedades da vida. 2 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON c 3 Comunidades O espectro de organismos que habitam um ecossistema particular é denominado de comunidade biológica. A comunidade em nosso ecossistema de floresta inclui muitos tipos de árvores e outras plantas, diversos animais, cogumelos e outros fungos, e um número imenso de diferentes microrga- nismos, que são formas de vida pequenas demais para serem observadas sem o uso de microscópio, como bactérias. Cada uma destas formas de vida é deno- minada espécie. c 4 Populações Uma população consiste em todos os indivíduos de uma espécie vivendo dentro dos limites de uma área especificada. Por exemplo, nossa floresta in- clui uma população de plátanos e uma população de veados-de-cauda-branca. Uma comunidade é, portanto, o conjunto de populações que habitam uma área particular. CONCEITO 1.1 O estudo da vida revela temas comuns A biologia é um tema de enorme alcance. Novas e em- polgantes descobertas biológicas são realizadas diaria- mente. Como você faria para organizar de forma aces- sível toda a informação que encontrasse ao estudar um amplo espectro de tópicos incluídos na biologia? Vai ajudar se nos concentrarmos em poucas e importantes ideias. Aqui vamos listar cinco temas unificadores – formas de pensar sobre a vida que continuarão sendo verdadeiras décadas adiante. Esses temas unificadores são descritos em maior detalhe nas páginas a seguir. Es- peramos que eles sejam pontos de referência ao longo do texto: d Organização d Informação d Energia e Matéria d Interações d Evolução Figura 1.3 Explorando níveis de organização biológica b 1 A Biosfera Mesmo do espaço sideral, começamos a observar sinais de vida – no mosaico verde das flo- restas, por exemplo. Também podemos observar a escala de toda a biosfera, que consiste em toda a vida na Terra e em todos os lugares onde existe vida: a maior parte das regiões conti- nentais, oceanos, atmosfera até uma altitude de vários quilômetros, e até mesmo sedimentos muito abaixo do fundo do oceano. b 2 Ecossistemas Nossa primeira mudança de escala nos leva a uma floresta es- tadunidense com muitas árvores decíduas (árvores que trocam suas folhas a cada ano). Uma floresta decídua é um exemplo de ecossistema, assim como pradarias, desertos e recifes de coral. Um ecossistema consiste em todos os seres vivos de uma área em particular, assim como todos os componentes abstratos do ambiente com os quais a vida interage, como solo, água, gases atmosféricos e luz. m 5 Organismos Seres vivos individuais são chamados organismos. Cada uma das árvores desta espé- cie de plátano e outras plan- tas na floresta é um organis- mo, assim como cada animal da floresta, como veado, rã e inseto. O solo é abundante em microrganismos como bactérias. BIOLOGIA DE CAMPBELL 3 b 7 Tecidos Para observar os tecidos de uma folha é necessário o uso de um microscópio. Cada teci- do é constituído por um grupo de células que juntas desem- penham uma função especiali- zada. A folha aqui apresentada foi cortada transversalmente. O tecido em forma de favo de mel no interior da folha (porção esquerda da foto) é o principal local onde ocorre a fotossíntese, processo que converte a energia luminosa em energia química do açúcar. Aqui estamos vi- sualizando uma folha fatiada a partir de uma perspectiva que também nos permite ver o te- cido semelhante a um quebra- -cabeça chamado epiderme, a “pele” na superf ície da folha (parte direita da foto). Os poros da epiderme permitem a entra- da de dióxido de carbono, um material fresco para a produção de açúcar. c 10 Moléculas Nossa última mudança de escala nos leva ao clo- roplasto para uma visualização da vida ao nível molecular. Uma molécula é uma estrutura quí- mica que consiste em duas ou mais pequenas unidades denominadas átomos, que estão representados por bolas neste gráfico com- putadorizado de uma molécula de clorofila. A clorofila é a molécula de pigmento que tor- na uma folha de plátano verde, e absorve a luz solar durante os primeiros passos da fotos- síntese. Dentro de cada cloroplasto, milhões de moléculas de clorofila estão organizadas no aparatoque converte a energia luminosa na energia química dos alimentos. c 9 Organelas Cloroplastos são exemplos de organe- las, um dos vários componentes fun- cionais que compõem as células. Esta imagem obtida a partir de um poderoso microscópio possibilita uma excelente fo- calização de um único cloroplasto. 50 mm 10 mm 1 mm Átomos Cloroplasto Molécula de clorofila Célula Tema: Novas propriedades emergem em cada nível da hierarquia biológica ORGANIZAÇÃO Na Figura 1.3, apresentamos uma am- pliação de uma imagem de satélite para observarmos em de- talhe a vida em uma floresta decídua em Ontário, Canadá. Essa jornada mostra os diferentes níveis de organização definidos por biólogos: o estudo da vida se estende desde uma escala global da totalidade dos seres vivos no planeta até uma escala microscópica de células e moléculas. Os nú- meros na figura servem para guiá-lo pela hierarquia da or- ganização biológica. A ampliação a uma resolução cada vez mais alta ilus- tra uma abordagem denominada reducionismo, que reduz sistemas complexos a componentes mais simples e mais acessíveis ao estudo. O reducionismo é uma estratégia poderosa na biologia. Por exemplo, ao estudar a estrutu- ra molecular do DNA que havia sido extraído de células, James Watson e Francis Crick deduziram a base química da herança biológica. Entretanto, apesar de ter impulsio- nado muitas das principais descobertas, o reducionismo fornece uma visão incompleta da vida na Terra, como dis- cutiremos a seguir. . 6 Órgãos e sistemas de órgãos A hierarquia estrutural da vida continua a se desdobrar ao passo em que exploramos a arquitetura dos organismos mais complexos. Uma folha de plátano é um exemplo de um ór- gão, uma parte corporal que desempenha uma função par- ticular no corpo. Caules e raízes são os outros órgãos vitais das plantas. Os órgãos de animais e plan- tas complexos são organiza- dos em sistemas de órgãos onde cada grupo de órgãos coopera em uma função espe- cífica. Órgãos são constituídos de dois ou mais tecidos. m 8 Células A célula é a unidade fundamental de estrutura e função da vida. Alguns organismos são unice- lulares, enquanto outros são multicelulares. Em organismos unicelulares, uma única célula de- sempenha todas as funções da vida, enquanto um organismo multicelular tem uma divisão de traba- lho entre células especializadas. Aqui, podemos visualizar em maior detalhe células em um tecido de folha. Uma célula tem o diâmetro aproximado de 40 micrômetros (μm), de forma que seriam ne- cessárias aproximadamente 500 delas para cobrir o diâmetro de uma pequena moeda. Ainda que essas células sejam extremamente pequenas, pode-se perceber que cada uma contém numerosas estru- turas verdes denominadas cloroplastos, que são responsáveis pela fotossíntese. 4 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON Propriedades emergentes Vamos reexaminar a Figura 1.3, mas desta vez começando do nível molecular e então retrocedendo o zoom. Essa abor- dagem nos permite observar a emergência, em cada nível, de novas propriedades ausentes no nível anterior. Essas pro- priedades emergentes se devem ao arranjo e às interações dos componentes ao incremento em complexidade. Por exemplo, apesar de o processo da fotossíntese ocorrer em um cloroplasto, o mesmo processo não ocorrerá em um tubo de ensaio contendo uma solução com clorofila e outras mo- léculas de cloroplasto. O processo coordenado de fotossín- tese requer uma organização específica dessas moléculas no cloroplasto. Componentes isolados de sistemas funcionais utilizados como objetos de estudo em uma abordagem redu- cionista da biologia carecem de diversas propriedades signi- ficantes que emergem em níveis superiores da organização. Propriedades emergentes não são exclusivas à vida. Uma caixa contendo partes de uma bicicleta não irá lhe transportar a lugar algum, mas se forem organizadas em certa configuração, você pode pedalar ao destino que dese- jar. Entretanto, comparados com esses exemplos abstratos, os sistemas biológicos são consideravelmente mais com- plexos, o que torna o estudo de propriedades emergentes da vida especialmente desafiador. No intuito de explorar mais a fundo as propriedades emergentes, hoje os biólogos complementam o reducionis- mo com a biologia de sistemas, que constitui a exploração de um sistema biológico a partir da análise das interações entre seus componentes. Nesse contexto, uma única célula de folha pode ser considerada um sistema, assim como um sapo, uma colônia de formigas ou um ecossistema no deser- to. A partir do exame e modelagem da dinâmica comporta- mental de uma rede integrada de componentes, a biologia de sistemas nos permite apresentar novos tipos de perguntas. Por exemplo, podemos questionar como um medicamento que reduz a pressão sanguínea afeta o funcionamento de di- versos órgãos no corpo humano. Em uma escala maior, como um acréscimo gradual do dióxido de carbono na atmosfera altera ecossistemas e toda a biosfera? A biologia de sistemas pode ser utilizada para estudar a vida em todos os níveis. Estrutura e função Em cada nível da hierarquia biológica encontraremos uma correlação entre estrutura e função. Considere a folha apresentada na Figura 1.3: o seu formato fino e achatado maximiza a captura de luz so- lar pelos cloroplastos. A análise de uma estrutura biológica nos fornece evidências sobre o que ela faz e como ela funciona. Por outro lado, conhecer a função de uma coisa nos permite uma melhor compreensão sobre sua estrutura e sua organização. Muitos exemplos do reino ani- mal têm uma correlação entre estrutura e função. Por exemplo, a anatomia de um beija-flor pos- sibilita que suas asas girem na altura dos ombros, de forma que aves dessa espécie têm a habilidade de voar para trás ou pairar no ar. Ao pairarem no ar, essas aves podem es- tender seus longos e esguios bicos para dentro das flores e se alimentar do néctar. A elegante combinação de forma e função nas estruturas da vida é explicada pela seleção na- tural, que exploraremos brevemente. A célula: As unidades básicas estruturais e funcionais de um organismo Na hierarquia estrutural da vida, a célula constitui a me- nor unidade de organização que pode desempenhar todas as atividades necessárias para a vida. Na verdade, todas as ações dos organismos baseiam-se no funcionamento das células. Por exemplo, o movimento dos seus olhos ao ler esta frase resulta das atividades de células musculares e nervosas. Até mesmo um processo de ocorrência em es- cala global, como a reciclagem de átomos de carbono, é produto de funções celulares, incluindo a atividade fotos- sintética de cloroplastos nas células de folhas. Todas as células compartilham certas características. Por exemplo, cada célula é envolta por uma membrana que regula a passagem de materiais entre a célula e seu ambien- te circundante. Porém, reconhecemos dois principais tipos celulares: procarióticos e eucarióticos. As células de dois grupos de microorganismos unicelulares – bactérias e ar- queobactérias – são procarióticas. Todas as outras formas de vida, incluindo plantas e animais, são compostas de cé- lulas eucarióticas. A célula eucariótica contém organelas envoltas por membrana (Figura 1.4). Algumas organelas, como o nú- cleo contendo o DNA, são encontradas nas células de to- dos os eucariotos; outras organelas são exclusivas de tipos celulares particulares. Por exemplo, o cloroplasto apresen- Célula eucariótica Célula procariótica Membrana DNA (dentro do núcleo) Membrana Membrane- enclosed organelles Organelas envoltas por membrana DNA (sem núcleo) Núcleo (envolto por membrana) Citoplasma 1 mm Figura 1.4 Comparando células eucarióticas e procarióti- cas em tamanho e complexidade. BIOLOGIA DE CAMPBELL 5 tado na Figura 1.3 é uma organela encontrada unicamente em células eucarióticas que desempenham o processo de fotossíntese. Uma célula procariótica, por sua vez, carece de um núcleoou outras organelas envoltas por membra- na. Outra diferença baseia-se no fato de que células proca- rióticas são geralmente menores que células eucarióticas, como apresentado na Figura 1.4. Tema: os processos da vida envolvem a expressão e a transmissão de informação genética INFORMAÇÃO Dentro das células, as estruturas denomi- nadas cromossomos contêm material genético na forma de DNA (ácido desoxirribonucleico). Em células que estão se preparando para divisão, é possível visualizar cromosso- mos visíveis utilizando um corante que, quando ligado ao DNA, apresenta coloração azul (Figura 1.5). DNA, o material genético Cada vez que uma célula se divide, o DNA é primeiramen- te replicado, ou copiado, e cada uma das duas células-filhas herda um conjunto completo de cromossomos idênticos ao originalmente presente na célula-mãe. Cada cromos- somo contém uma longa molécula de DNA com centenas ou milhares de genes, cada um representando um setor do DNA do cromossomo. Os genes são a unidade de he- rança transferida dos pais para os filhos. Eles codificam a informação necessária para formar todas as moléculas sintetizadas dentro de uma célula e, assim, estabelecem a identidade e função celular. Cada um de nós se originou a partir de uma única célula portando DNA herdado dos nossos pais. A replicação desse DNA durante cada rodada da divisão celular transmitiu cópias do DNA até o que, por fim, se tornou os trilhões de células que compõem o nos- so corpo. Juntamente com o crescimento e divisão celular, a informação genética codificada pelo DNA direcionou o nosso desenvolvimento (Figura 1.6). A estrutura molecular do DNA está relacionada a sua habilidade em armazenar informação. Uma molécula de DNA é constituída por duas longas cadeias, denominadas fitas, dispostas em uma dupla-hélice. Cada cadeia é for- mada por quatro tipos de componentes químicos denomi- nados nucleotídeos, abreviados A, T, C e G (Figura 1.7). A forma com que o DNA codifica a informação é análoga a forma como nós organizamos as letras do alfabeto em pa- 25 mm Figura 1.5 Uma célula pulmonar de uma salamandra se divide em duas células menores que crescerão e se dividirão novamente. Óvulo Espermatozoide Núcleos contendo o DNA Óvulo fertilizado com o DNA dos pais Células do embrião com cópias do DNA herdado Prole com características herdadas dos pais Figura 1.6 O DNA herdado dirige o desenvolvimento de um organismo. (a) A A T A T A T A T C C C G G DNA de dupla-hélice. Este modelo mostra os átomos em um segmento de DNA. Composto de duas longas cadeias (fitas) de polímeros denominados nucleotídeos, uma molécula de DNA toma a forma tridimensional de uma dupla-hélice. DNA de fita simples. Estas formas geométricas e letras são símbolos simplificados para os nucleotídeos em uma pequena secção de uma fita de uma molécula de DNA. A informação genética é codificada em sequências específicas dos quatro tipos de nucleotídeos. Seus nomes são abreviados A, T, C e G. (b) Nucleotídeo Núcleo Célula DNA Figura 1.7 DNA: O material genético. 6 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON lavras e frases com sentidos específicos. A palavra rato, por exemplo, evoca um roedor; entretanto, palavras com as mesmas letras, mas combinadas de forma diferente, como ator e rota, remetem a coisas completamente distintas. Po- demos considerar que os nucleotídeos são um alfabeto de quatro letras. Sequências específicas desses quatro nucleo- tídeos codificam a informação presente nos genes. Genes podem fornecer um diagrama para a produção de proteínas, que têm um papel fundamental na constru- ção e na manutenção da célula e desempenho de suas fun- ções. Por exemplo, um dado gene bacteriano pode codifi- car uma proteína em particular (uma enzima) necessária para quebrar certa molécula de açúcar, enquanto um gene humano pode estar relacionado a uma proteína diferente (um anticorpo) que auxilia no combate a uma infecção. Os genes controlam indiretamente a produção de pro- teínas ao fazerem uso de uma molécula relacionada deno- minada RNA como um intermediário (Figura 1.8). A se- quência de nucleotídeos ao longo de um gene é transcrita em RNA, que é então traduzida em uma série de unidades proteicas sequenciais denominadas aminoácidos. Esses dois estágios resultam em uma proteína específica com formato e função singulares. O processo completo a partir do qual a informação de um gene dirige a fabricação de um produto celular denomina-se expressão gênica. Ao traduzir genes em proteínas, todas as formas de vida empregam essencialmente o mesmo código genéti- co: uma sequência particular de nucleotídeos especifica o mesmo produto em qualquer organismo. Distinções entre organismos refletem diferenças entre suas sequências nu- cleotídicas, mas não entre seus códigos genéticos. Ao com- pararmos sequências entre diversas espécies quanto a um gene que codifica uma proteína em particular pode prover informações importantes tanto sobre a proteína quanto sobre a relação das espécies entre si, como você verá em seguida. Além de moléculas de RNA (denominadas RNAm) que são traduzidas em proteínas, alguns RNA dentro da cé- lula desempenham outras funções importantes. Por exem- plo, sabe-se há décadas que alguns tipos de RNA são na verdade componentes da maquinaria celular que produz proteínas. Recentemente, cientistas descobriram classes completamente novas de RNA que desempenham outras funções na célula, como a regulação do funcionamento de genes que codificam proteínas. Todos esses RNA são es- pecificados por genes, e a produção desses RNA também é chamada de expressão gênica. Ao carregar as instruções para a produção de proteínas e RNA, replicando a cada di- visão celular, o DNA garante uma herança precisa da infor- mação genética de geração para geração. Genômica: análise em ampla escala de sequências de DNA A “biblioteca” completa de instruções genéticas herdadas por um organismo constitui o seu genoma. Uma típica célula humana tem dois conjuntos similares de cromosso- mos, e cada conjunto tem aproximadamente 3 bilhões de pares de nucleotídeos de DNA. Se utilizássemos a abrevia- tura de letra única para nucleotídeos de apenas um desses conjuntos para escrevermos as letras no tamanho das que você está lendo neste momento, o texto genético preen- cheria aproximadamente 700 livros-texto de biologia. Células da lente A lente do olho (atrás da pupila) é capaz de focar a luz porque as células da lente estão compactadas com proteínas denominadas cristalino. O gene do cristalino é uma secção de DNA em um cromossomo. DNA (parte do gene do cristalino) Ao utilizar a informação na sequência de nucleotídeos do DNA, a célula produz (transcreve) uma molécula específica de RNA denominada RNAm. A célula traduz a informação na sequência de RNAm para produzir uma proteína, uma série de aminoácidos ligados. A cadeia de aminoáci- dos se dobra em um formato específico de uma proteína do cristalino. Proteínas do cristalino podem então se compactar e focar a luz, permitindo a visão do olho. Gene do cristalino Proteína do cristalino U G G U U UU G G C C A A TRANSCRIÇÃO TRADUÇÃO C A A A C G T AC G CGTTTG C G C GT A T RNAm DOBRAMENTO PROTEICO Proteína Cadeia de aminoácidos (a) (b) Como as células da lente fazem proteínas do cristalino? Figura 1.8 Expressão gênica: A transferência de informa- ção de um gene resulta em uma proteína funcional. BIOLOGIA DE CAMPBELL 7 Desde os anos 90, pesquisadores têm necessitado de cada vez menos tempo para determinar a sequência de um genoma, dada a revolução tecnológica neste campo. A se- quência nucleotídica completa do genoma humano é agora conhecida, assim como a sequência genômica de muitos outros organismos, incluindo a de outros animais e de di- versas plantas, fungos, bactérias e arqueobactérias. No âm- bito de gerar sentido à imensidão de dados resultantes de projetos desequenciamento genômico e do crescente catá- logo de funções gênicas conhecidas, cientistas estão apli- cando uma abordagem de biologia de sistemas em níveis celular e molecular. Em vez de investigar um gene de cada vez, os pesquisadores estudam um conjunto inteiro de ge- nes (ou outro DNA) em uma ou mais espécies – uma abor- dagem denominada genômica. Da mesma forma, o termo proteômica se refere ao estudo de conjuntos de proteínas e suas propriedades. (O conjunto completo de proteínas expressas por uma determinada célula ou grupo de células é denominado proteoma.) Três importantes desenvolvimentos científicos têm possibilitado as abordagens genômica e proteômica. Uma é a tecnologia “de alto rendimento”, ferramenta ca- paz de analisar diversas amostras biológicas de forma muito rápida. O segundo principal desenvolvimento é a bioinformática, o uso de ferramentas computacionais para armazenar, organizar e analisar o grande volume de dados resultante dos métodos de alto rendimento. O ter- ceiro desenvolvimento é a formação de times de pesquisa interdisciplinares – grupos de especialistas diversifica- dos, que podem incluir cientistas computacionais, ma- temáticos, engenheiros, químicos, f ísicos e, obviamente, biólogos de diversos campos. Os pesquisadores nessas equipes esperam aprender como as atividades de todas as proteínas e todos os RNA não traduzidos codificados pelo DNA são coordenadas na célula e nos organismos como um todo. Tema: a vida requer a transferência e transformação de energia e matéria ENERGIA E MATÉRIA Uma característica fundamental dos seres vivos é o seu uso de energia para desempenhar as atividades da vida. Movimento, crescimento, reprodução e as diversas atividades celulares representam tarefas, e essas requerem energia. A entrada de energia, principalmente solar, e a conversão dessa energia de uma forma para outra, são o que tornam a vida possível. As folhas de uma planta absorvem luz solar, e as moléculas dentro das folhas con- vertem a energia da luz solar em energia química de ali- mentos, como açúcares, produzidos durante a fotossíntese. A energia química presente nas moléculas de alimento é então passada adiante por plantas e outros organismos fo- tossintetizantes (produtores) a consumidores. Consumi- dores (p. ex., animais) são organismos que se alimentam de produtores e outros consumidores. Quando um organismo faz uso de energia química para desempenhar suas funções, como a contração mus- cular ou a divisão celular, um pouco dessa energia é perdi- da na forma de calor para o ambiente circundante. Dessa forma, considera-se que a energia atravessa um ecossis- tema a partir de um fluxo unidirecional e contínuo, ge- ralmente entrando na forma de luz e saindo na forma de calor. Já compostos químicos são reciclados dentro de um ecossistema (Figura 1.9). Compostos químicos absorvi- dos por plantas a partir do ar ou solo podem ser incorpo- rados ao corpo da planta e então passados para um animal que se alimente dela. Por fim, esses compostos químicos retornarão ao ambiente a partir da ação de decomposito- res, como bactérias e fungos, que fragmentam produtos de descarte, folhas mortas e corpos de organismos mor- tos. Esses compostos químicos se tornam então disponí- veis para serem novamente absorvidos pelas plantas, as- sim completando o ciclo. Figura 1.9 O fluxo de ener- gia e a ciclagem química. Existe um fluxo de energia de direção única em um ecossistema. Duran- te a fotossíntese, as plantas con- vertem a energia luminosa solar em energia química (estocada em moléculas de alimento, como açú- cares), que é utilizada pelas plantas e outros organismos para realizar suas funções e, por fim, é elimi- nada do ecossistema na forma de calor. Já os compostos químicos reciclam-se entre os organismos e o ambiente físico. Energia química em alimentos Compostos químicos FLUXO DE ENERGIA Calor perdido pelo ecossistema Os compostos químicos nas plantas são passados aos organismos que se alimentam delas. As plantas absorvem compostos químicos do solo e do ar. Decompositores como fungos e bactérias degradam restos de folhas e organismos mortos, retornando os compostos químicos para o solo. CICLAGEM QUÍMICA 8 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON Tema: de ecossistemas a moléculas, as interações são fundamentais nos sistemas biológicos INTERAÇÕES Em qualquer nível da hierarquia biológica, interações entre componentes do sistema asseguram uma integração regular entre todas as partes, de forma a funcio- narem como um sistema único. A mesma analogia é válida para componentes de um ecossistema e as moléculas de uma célula; discutiremos esses dois exemplos. Ecossistemas: a interação de um organismo com outros organismos e o ambiente circundante Em nível de ecossistema, cada organismo interage com outros organismos. Por exemplo, uma árvore de acácia in- terage com micro-organismos do solo associados às suas raízes, insetos que nela vivem e animais que comem suas folhas e frutos (Figura 1.10). Em alguns casos, interações entre organismos são mutuamente benéficas. Exemplo disso é a associação entre uma tartaruga marinha e os chamados “peixes limpadores” que nadam ao seu redor. Esses peixes se alimentam de parasitos que acabariam prejudicando a tartaruga e, em troca, ganham alimento e proteção contra predadores. Algumas vezes, uma espé- cie é beneficiada enquanto a outra é prejudicada, como quando um leão mata e se alimenta de uma zebra. Já em outros casos, ambas as espécies são prejudicadas – por exemplo, quando duas plantas competem por um recurso escasso em um mesmo solo. Interações entre organismos ajudam a regular o funcionamento do ecossistema como um todo. Organismos também interagem continuamente com fatores f ísicos em seus ambientes. As folhas de uma árvore, por exemplo, absorvem luz solar e dióxido de carbono do ar e liberam oxigênio para o meio (ver Figura 1.10). O am- biente também é afetado pelos organismos que o habitam. Por exemplo, além de captar água e minerais do solo, as raízes de uma planta podem fragmentar pedras ao cresce- rem e, assim, contribuir para a formação do solo. Em uma escala global, plantas e outros organismos fotossintetizan- tes têm gerado todo o oxigênio presente na atmosfera. Moléculas: interações entre organismos Em níveis mais simples de organização, as interações entre as partes que compõem os seres vivos – órgãos, tecidos, células e moléculas – são cruciais para sua ope- racionalidade regular. Considere o açúcar no seu sangue, por exemplo. Após uma refeição, o nível de glicose no seu sangue aumenta (Figura 1.11). O aumento na glicose do sangue estimula o pâncreas a liberar insulina na corren- te sanguínea. Quando a insulina entra em contato com o f ígado e células musculares, o excesso de glicose é ar- mazenado na forma de glicogênio (carboidrato considera- velmente longo), reduzindo assim o nível de glicose san- guínea a uma faixa ideal para o funcionamento do corpo. O nível mais baixo de glicose no sangue resultante passa a não mais estimular a secreção de insulina pelas células do pâncreas. Um pouco do açúcar também é utilizado pe- las células para fins energéticos: quando você se exercita, suas células musculares aumentam o consumo de molé- culas de açúcar. Interações entre as moléculas do corpo são responsá- veis pela maioria dos passos nesse processo. Por exemplo, da mesma forma que a maioria das atividades químicas na célula, aquelas que decompõem ou armazenam açúcar são aceleradas em nível molecular (catalisadas) por proteínas denominadas enzimas. Cada tipo de enzima catalisa uma reação química específica. Em muitos casos, essas reações estão relacionadas a rotas químicas, em que cada passo está relacionado a uma única enzima. Como a célula coor- dena suas mais diversas rotas químicas? Em nosso exemplo Figura 1.10 Interações de uma árvo- re de acácia africana com outrosorganis- mos e o ambiente físico. Luz solar O2 CO2 As folhas absorvem a energia luminosa emitida pelo sol. As folhas absorvem dióxido de carbono do ar e liberam oxigênio. Animais se alimentam de folhas e frutos da árvore, retornando nutrientes e minerais ao solo a partir de seus produtos de descarte. As folhas caem no chão e são decompostas por organismos que devolvem minerais para o solo. Água e minerais no solo são absorvidos pela árvore por suas raízes. BIOLOGIA DE CAMPBELL 9 de manejo de açúcar, como a célula ajusta o excesso com a demanda de combustível, regulando suas rotas antagôni- cas de consumo e armazenamento de açúcar? O segredo está na habilidade de muitos processos biológicos em se autorregularem a partir de um mecanismo denominado retroalimentação. Na regulação por retroalimentação, a saída ou o produto de um processo regula o próprio processo. A for- ma mais comum de regulação de sistemas vivos é a retro- alimentação negativa, um ciclo no qual a resposta reduz o estímulo inicial. Como visto no exemplo da sinalização por insulina (ver Figura 1.11), a captação de glicose pelas células (a resposta) diminui o nível de glicose no sangue, eliminando o estímulo para secreção de insulina e, por- tanto, desativando a rota. Assim, a produção regula nega- tivamente o processo. Embora menos comuns que processos regulados por retroalimentação negativa, existem também muitos pro- cessos biológicos regulados por retroalimentação positiva, nos quais o produto final acelera sua própria produção. Exemplo disso é a coagulação do sangue em resposta a uma lesão. Quando um vaso sanguíneo é danificado, es- truturas no sangue denominadas plaquetas começam a se agregar no local. A retroalimentação positiva ocorre quan- do os compostos químicos liberados pelas plaquetas vão atraindo mais plaquetas. O acúmulo de plaquetas inicia então um processo complexo que veda a ferida com uma barreira. A retroalimentação é um recurso regulador comum à vida em todos os níveis, desde as moléculas até os ecossis- temas e, finalmente, a biosfera. Interações entre organis- mos podem afetar processos complexos como, por exem- plo, o crescimento de uma população. Como veremos, as interações entre os indivíduos afetam não só os participan- tes, mas também a dinâmica de como as populações evo- luem ao longo do tempo. Evolução, o tema central da biologia Depois de abordar quatro dos temas unificadores descri- tos neste texto (organização, informação, energia e maté- ria, além de interações), agora vamos nos concentrar no tema central da biologia – a evolução. A evolução cons- titui a teoria com maior sentido lógico em relação a tudo que sabemos sobre os seres vivos. Como veremos nas Unidades 4 e 5 deste texto, os registros fósseis documen- tam o fato de que a vida na Terra tem evoluído por bilhões de anos, resultando em uma vasta diversidade de organis- mos, já extintos ou vivos no presente. Entretanto, apesar da imensa diversidade, muitas características são com- partilhadas. Por exemplo, ainda que cavalos-marinhos, beija-flores e girafas tenham aparência completamente diferente, seus esqueletos têm a mesma organização bási- ca. A explicação científica para essa uniformidade e diver- sidade – assim como para a adaptação desses organismos a seus ambientes – baseia-se na teoria da evolução: o con- ceito de que os organismos vivendo atualmente na Terra são descendentes modificados de ancestrais comuns. Em outras palavras, podemos explicar o compartilhamento de características entre dois organismos com a premissa de que os organismos tenham descendido de um ances- tral comum e podemos atribuir às diferenças a ideia de que alterações hereditárias tenham ocorrido ao longo do tempo. Muitas evidências sustentam a ocorrência de evo- lução e a teoria que descreve como ela se dá. Na próxima seção, consideraremos o conceito fundamental de evolu- ção em maior detalhe. REVISÃO DO CONCEITO 1.1 1. Começando no nível molecular na Figura 1.3, escreva uma frase que inclua componentes do nível prévio (abaixo) de organização biológica, por exemplo: “Uma molécula con- siste em átomos ligados”. Continue com organelas, subin- do a hierarquia biológica. 2. Identifique o(s) tema(s) exemplificado(s) por (a) os afiados es- pinhos de um porco-espinho, (b) o desenvolvimento de um organismo multicelular a partir de um único ovo fertilizado, e (c) um beija-flor utilizando açúcar para executar seu voo. 3. E SE. . .? Para cada tema discutido nesta seção, dê um exemplo não mencionado neste texto. Ver respostas sugeridas no Apêndice A. Insulina Circulação ao longo de todo o corpo através do sangue Células hepáticas e musculares RESPOSTA: Uso de glicose por células hepáticas e musculares R et ro al im en ta çã o n eg at iv a ESTÍMULO: alto nível de glicose no sangue – Célula produtora de insulina no pâncreas Figura 1.11 Regulação por retroalimentação. O corpo hu- mano regula o uso e o armazenamento de glicose, um dos principais combustíveis celulares derivados de alimentos. Esta figura mostra a retroalimentação negativa: a resposta (uso de glicose pelas células) diminui os altos níveis de glicose que dão o estímulo pela secreção de insulina, regulando negativamente o processo. 10 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON ESPÉCIE Ursus americanus GÊNERO Ursus FAMÍLIA Ursidae ORDEM Carnívoros CLASSE Mamíferos FILO Cordados REINO Animalia DOMÍNIO Eukaria CONCEITO 1.2 O tema central: a evolução é responsável pela uniformidade e diversidade da vida EVOLUÇÃO Existe um consenso entre biólogos de que a evolução é o tema central da biologia. As mudanças evo- lutivas observadas em registros fósseis são claramente sugestivas. Ainda, como descreveremos a seguir, meca- nismos evolutivos são responsáveis pela uniformidade e diversidade de todas as espécies na Terra. Para citar um dos fundadores da teoria evolutiva moderna, Theodosius Dobzhansky: “Nada faz sentido em biologia, exceto sob a luz da evolução”. Além de abranger uma hierarquia de escalas de tama- nho desde moléculas até a biosfera, a biologia abrange a grande diversidade de espécies que vive ou já viveu na Ter- ra. Para compreender a afirmação de Dobzhansky, precisa- mos discutir o que os biólogos pensam sobre essa grande diversidade. Classificando a diversidade da vida A diversidade é uma indicação da autenticidade da vida. Biólogos já identificaram e nomearam 1,8 milhão de espé- cies. Até o presente, em nível de espécie, essa diversidade de vida inclui pelo menos 100 mil fungos, 290 mil plantas, 57 mil vertebrados (animais com ossos) e um milhão de insetos (mais da metade de todas as formas de vida conhe- cidas) – sem mencionar os inúmeros tipos de organismos unicelulares. Pesquisadores identificam milhares de novas espécies a cada ano. As estimativas do número total de es- pécies abrangem em torno de 10 milhões a 100 milhões. Independentemente da precisão desse número, a enorme variedade da vida confere à biologia um escopo vastíssimo. Biólogos enfrentam um grande desafio na tentativa de dar sentido a essa variedade. Agrupando espécies: a ideia básica Existe uma tendência humana em agrupar itens distintos segundo suas semelhanças e suas relações entre si. Por exemplo, podemos nos referir a “esquilos” e “borboletas”, ainda que se reconheça que muitas espécies distintas per- tençam a cada grupo. Podemos ainda separar grupos em categorias ainda mais abrangentes, como roedores (que inclui esquilos) e insetos (que inclui borboletas). A taxo- nomia, o ramo da biologia que nomeia e classifica espé- cies, formaliza esse ordenamento de espécies em grupos de maior flexibilidade, com base no grau de compartilha- mento de características (Figura 1.12). Você aprende- rá mais sobre os detalhes desse esquema taxonômico no Capítulo 26. Aqui focalizaremos a ideia principal, consi- derando as unidades de classificação mais abrangentes, os reinos e os domínios.Figura 1.12 Classificando a vida. De forma a auxiliar em trazer sentido à diversidade da vida, biólogos classificam espécies em grupos que são então organizados em grupos ainda mais amplos. No tradicional sistema “lineano”, espécies com alto nível de parentesco, como ursos-polares e ursos-par- dos, são colocadas no mesmo gênero; gêneros são agrupa- dos em famílias; e assim por diante. Este exemplo classifica a espécie Ursus americanus, o urso-preto norte-americano. (Esquemas de classificação alternativos serão discutidos em detalhe no Capítulo 26.) BIOLOGIA DE CAMPBELL 11 Os três domínios da vida Historicamente, cientistas têm classificado a diversida- de das formas de vida em espécies e agrupamentos mais abrangentes a partir de uma cuidadosa comparação de estrutura, função e outras características marcantes. Nas últimas décadas, novos métodos para aferir a relação entre espécies, como a comparação de sequências de DNA, têm induzido uma progressiva reavaliação no número e divisão de reinos. Pesquisadores têm proposto algo entre seis até uma dúzia de reinos. Enquanto o debate continua em nível de reino, biólogos concordam que os reinos da vida podem ser agrupados em três níveis de classificação denominados domínios. Os três domínios são denominados Bacteria, Archaea e Eukarya (Figura 1.13). Como você leu anteriormente, os organismos que compõe dois destes três domínios – Bacteria e Archaea – são procarióticos. Todos os eucariotos (organismos com células eucarióticas) são agora agrupados no domínio Eukarya. Esse domínio inclui três reinos de eucariotos multicelulares: os reinos Plantae, Fungi e Animalia. Esses três reinos são distintos, em parte, pelos seus modos de nutrição. As plantas produzem seus próprios açúcares e outras moléculas de alimento a partir da fotossíntese; os fungos absorvem nutrientes dissolvidos a partir do seu ambiente circundante; e os animais obtêm seu alimento ao comer e digerir outros organismos. Animalia é, obviamen- te, o reino ao qual pertencemos. Mas nem plantas, fungos ou tampouco animais são tão numerosos ou diversificados quanto os eucariotos unicelulares que chamamos de pro- tistas. Ainda que no passado protistas tenham ocupado um único reino, evidências recentes mostram que alguns protistas estão mais intimamente relacionados a plantas, animais ou fungos do que a outros protistas. Assim, a ten- dência na recente taxonomia tem sido em dividir os protis- tas em diversos reinos. Uniformidade na diversidade da vida A vida, mesmo tão diversa, apresenta notável uniformi- dade. Antes mencionamos tanto a semelhança entre os esqueletos de diferentes animais vertebrados como a lin- guagem genética universal do DNA (o código genético). Na verdade, semelhanças entre organismos são evidentes Figura 1.13 Os três domínios da vida. As Bactérias são os procariotos mais diversificados e disseminados, e atualmente se dividem em muitos reinos. Cada uma das estruturas em forma de bastão nesta foto constitui uma célula bacteriana. Alguns dos procariotos conhecidos como Archaea, ou arqueias, habitam ambientes extremos da Terra, como lagos salgados e gêiseres de água quente. O domínio Archaea inclui múltiplos reinos. Cada estrutura esférica na foto constitui uma célula de arqueias. 2 m m 2 m m 100 mm (a) Domínio Bacteria (c) Domínio Eukarya (b) Domínio Archaea m O Reino Plantae consiste em eucariotos multicelulares (plantas de solo) que fazem fotossíntese, a conversão de energia luminosa em energia química no alimento. b O Reino Animalia consiste em eucariotos multicelulares que ingerem outros organismos. c O Reino Fungi é definido em parte pelo modo nutricional de seus componentes (como este cogumelo), que absorvem nutrientes ao decompor material orgânico. c Protistas são em sua maioria eucariotos unicelulares e seus relativamente simples parentes multicelulares. Esta figura apresenta um sortimento de protistas habitando uma poça d’água. Cientistas têm debatido sobre como distribuir os protistas em reinos que reflitam precisamente suas relações evolutivas. 12 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON em todos os níveis da hierarquia biológica. Por exemplo, a uniformidade é evidente em muitas características da es- trutura celular, mesmo entre organismos com parentesco distante (Figura 1.14). Como podemos explicar a dupla natureza da unifor- midade e da diversidade da vida? O processo da evolução, explicado a seguir, elucida tanto as semelhanças como as diferenças no mundo da vida e introduz outra dimensão da biologia: o período histórico. Charles Darwin e a teoria da seleção natural A história da vida, documentada por fósseis e outras evi- dências, é a saga de uma dinâmica da Terra, com bilhões de anos de idade, habitada por um leque cada vez maior de formas de vida (Figura 1.15). Essa visão evolutiva da vida surgiu em novembro de 1859, quando Charles Robert Darwin publicou um de seus livros mais importantes. In- titulado A origem das espécies por meio da seleção natu- ral, o livro de Darwin se tornou um sucesso instantâneo de vendas, logo transformando “darwinismo” em sinônimo do conceito de evolução (Figura 1.16). A origem das espécies articula dois pontos principais. Primeiro, Darwin apresenta evidências para apoiar a opi- nião de que as espécies contemporâneas surgiram a partir de uma sucessão de ancestrais. Darwin chamou essa his- tória evolutiva das espécies de “descendência com modifi- Cílios de células da traqueia. As células que revestem a traqueia humana são equipadas com cílios que ajudam a manter o pulmão limpo varrendo uma película de muco e removendo os resíduos para fora. Cílios do Paramecium. Os cílios do Paramecium unicelular propelem o organismo pela água. Secção transversal de um cílio, observada ao microscópio eletrônico 0,1 mm 15 mmm 5 mm Figura 1.14 Um exemplo da uniformidade sustentan- do a diversidade da vida: a arquitetura dos cílios em euca- riotos. Cílios são extensões celulares cuja função é a locomoção. Eles estão presentes em eucariotos tão diversos como o Paramecium (encontrados em poças d’água) e seres humanos. Até mesmo orga- nismos muito diferentes compartilham uma arquitetura comum de cílios, com um sistema elaborado de túbulos que se torna evidente em cortes transversais. Figura 1.15 Desenterrando o passado. Paleontólogos es- cavam cuidadosamente parte da ossada da perna de um fóssil de dinossauro de pescoço longo (Rapetosaurus krausei) entre as pedras em Madagascar. BIOLOGIA DE CAMPBELL 13 cação”. Essa foi uma expressão significativa, pois resumia a dualidade da vida: uniformidade versus diversidade – uni- formidade no parentesco das espécies que descenderam de ancestrais comuns; diversidade nas modificações que evo- luíram quando as espécies se ramificaram a partir dos an- cestrais comuns (Figura 1.17). O segundo ponto principal de Darwin foi propor um mecanismo para a descendência com modificação. Ele chamou esse mecanismo evolutivo de “seleção natural”. Darwin sintetizou sua teoria da seleção natural a par- tir de observações que por si só não eram novas tampou- co profundas. Outros pesquisadores tinham as peças do “quebra-cabeça”, mas foi Darwin quem descobriu como elas se encaixavam. Ele iniciou com as seguintes observações obtidas da natureza: indivíduos de uma população variam em suas características, inúmeras das quais parecem ser herdáveis (passadas dos pais para a prole). Além disso, uma população consegue produzir um número bem maior de descendentes comparado ao número que consegue sobre- viver e produzir a própria descendência. Com mais indiví- duos que o ambiente pode sustentar, a competição passa a ser inevitável. Por fim, as espécies geralmente se ajustam ao ambiente em que vivem. Por exemplo, aves que vivem em lugares onde sementes duras constituem uma boa fonte de alimento podem ter bicos especialmente fortes. Darwin partiu dessas observações e fez inferênciaspara chegar à teoria da evolução. Ele argumentou que in- divíduos que herdam características mais bem adaptadas ao ambiente local estão mais propensos a sobreviver e a se reproduzir do que indivíduos menos adaptados. Ao lon- go de muitas gerações, uma proporção cada vez maior de indivíduos na população terá as características vantajosas. A evolução ocorre à medida que o sucesso reprodutivo desigual dos indivíduos adapta a população ao ambiente, contanto que o ambiente continue o mesmo. Darwin chamou esse mecanismo de adaptação evolu- tiva de seleção natural, já que o ambiente natural “sele- ciona” a propagação de certas características. O exemplo na Figura 1.18 ilustra a habilidade da seleção natural em “editar” variações hereditárias de cor de uma população. Vemos os produtos da seleção natural nas requintadas adaptações de vários organismos às circunstâncias espe- ciais de seu estilo de vida e de seu ambiente. As asas do morcego apresentadas na Figura 1.19 constituem excelen- te exemplo de adaptação. A árvore da vida Dê uma nova olhada na arquitetura do esqueleto das asas do morcego na Figura 1.19. Estas asas não são como as de pássaros; o morcego é um mamífero. Esses membros an- teriores, embora adaptados para o voo, têm na verdade os Figura 1.16 Charles Darwin quando jovem. Sua revolucio- nária obra A origem das espécies foi publicada em 1859. Figura 1.17 Uniformida- de e diversidade entre aves. Estas três aves são variações de um plano corporal comum. Por exemplo, cada uma delas tem penas, bico e asas – apesar dessas características serem al- tamente especializadas para os diversos estilos de vida destas aves. m Flamingo-americano m Pinguim-gentoo b Pisco-de-peito-ruivo 14 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON mesmos ossos, juntas, nervos e vasos sanguíneos encon- trados em outros membros tão diferentes quanto o braço humano, a pata dianteira do cavalo e a nadadeira da baleia. De fato, todos os membros anteriores de mamíferos são variações anatômicas de uma arquitetura comum, assim como as aves na Figura 1.17 constituem uma variação de um tema “aviário” fundamental. Esses exemplos de paren- tesco conectam a singularidade da diversidade da vida ao conceito darwiniano de descendência com modificação. Nessa visão, a uniformidade da anatomia do membro de mamíferos reflete a herança daquela estrutura oriunda de um ancestral comum – o mamífero “protótipo” do qual todos os outros mamíferos descendem. A diversidade dos membros anteriores dos mamíferos resulta da modificação pela seleção natural agindo durante milhões de gerações em diferentes contextos ambientais. Fósseis e outras evi- dências corroboram a uniformidade anatômica e susten- tam essa visão de descendência dos mamíferos a partir de um ancestral comum. Darwin propôs que, devido aos efeitos cumulativos da seleção natural atuando em vastos períodos de tempo, uma espécie ancestral poderia originar duas ou mais es- pécies descendentes. Isso poderia ocorrer, por exemplo, se uma população se fragmentasse em subpopulações iso- ladas em diferentes ambientes. Nessas arenas separadas pela seleção natural, uma espécie poderia gradativamente irradiar-se em múltiplas espécies à medida que as popu- lações geograficamente isoladas se adaptavam, ao longo de muitas gerações, aos diferentes conjuntos de fatores ambientais. A “árvore genealógica” de 14 tentilhões na Figura 1.20 ilustra um famoso exemplo de radiação adaptativa de no- vas espécies a partir de um ancestral comum. Darwin co- lecionou espécimes desses pássaros durante sua visita em 1835 às remotas Ilhas Galápagos, no Oceano Pacífico, a 900 quilômetros (km) da costa da América do Sul. Essas ilhas vulcânicas relativamente novas são o hábitat exclusivo de muitas espécies de plantas e animais, embora a maioria dos organismos desse arquipélago tenha parentesco com espécies presentes no continente sul-americano. Após a formação vulcânica das Ilhas Galápagos há vários milhões de anos, os tentilhões provavelmente se diversificaram nas várias ilhas a partir de uma espécie de tentilhão ancestral que, ao acaso, chegou ao arquipélago, oriunda de outra lo- calidade. Anos após a coleção de tentilhões de Galápagos de Darwin, pesquisadores começaram a investigar o paren- tesco entre as espécies de tentilhões, primeiro a partir de dados anatômicos e geográficos e, mais recentemente, com o auxílio de comparações de sequências de DNA. Diagramas biológicos de relações evolutivas em geral têm a estrutura de árvores, embora as árvores muitas ve- zes sejam representadas lateralmente, como na Figura 1.20. Diagramas do tipo árvore fazem sentido: assim como a descendência de um indivíduo pode ser diagramada em uma árvore genealógica, cada espécie de organismo é um pequeno ramo de um galho de uma árvore da vida que se estende rumo ao passado ao longo de espécies ancestrais cada vez mais remotas. Espécies muito similares, como os tentilhões de Galápagos, compartilham um ancestral co- mum em um ponto de ramificação relativamente recente na árvore da vida. Entretanto, por conta de um ancestral que viveu há mais tempo, os tentilhões têm parentes- co com pardais, gaviões, pinguins e todas as outras aves. Assim, aves, mamíferos e todos os outros vertebrados População com características hereditárias variadas 1 Eliminação de indivíduos com certas características 2 Reprodução dos sobreviventes 3 Aumento na frequência de características que aumentam o sucesso de sobrevivência e reprodução 4 Figura 1.18 Seleção natural. Esta população imaginária de besouros colonizou um local onde o solo foi escurecido por um in- cêndio recente. Inicialmente, há ampla variação na cor herdada nos indivíduos da população, desde cinza-claro até preto. Para pássaros famintos que caçam besouros, é mais fácil localizar os besouros mais claros. Figura 1.19 Adaptação evolutiva. Mor- cegos, os únicos mamíferos capazes de alçar voo, têm asas com membranas entre “dedos” estendi- dos. Darwin propôs que essas adaptações são apri- moradas ao longo do tempo pela seleção natural. BIOLOGIA DE CAMPBELL 15 compartilham um ancestral comum ainda mais antigo. Rastreie a vida até seus primórdios e sobrarão apenas fós- seis dos procariotos primitivos, que habitaram a Terra há 3,5 bilhões de anos. Podemos reconhecer seus vestígios em nossas próprias células – no código genético universal, por exemplo. Toda a forma de vida está conectada em uma lon- ga história evolutiva. REVISÃO DO CONCEITO 1.2 1. Como um endereço de postagem pode ser análogo ao siste- ma biológico de hierarquia taxonômica? 2. Explique por que “editar” é uma metáfora mais adequada do que “criar” para o modo que a seleção natural atua na variação hereditária das populações. 3. E SE.. .? Os três domínios aprendidos no item 1.2 podem ser representados como as três principais ramificações na árvore da vida. Na ramificação eucariótica, três das sub- -ramificações são os reinos Plantae, Fungi e Animalia. E se fungos e animais tivessem parentesco mais íntimo entre si do que com o reino das plantas – como evidências recen- tes sugerem? Desenhe um modelo simples de ramificação que simbolize a relação proposta entre esses três reinos eucarióticos. Ver respostas sugeridas no Apêndice A. CONCEITO 1.3 Ao estudar a natureza, os cientistas fazem observações, formulam e testam hipóteses A ciência é uma forma de conhecer o mundo natural. Ela evoluiu a partir da nossa curiosidade sobre nós, outras for- mas de vida, nosso planeta e o universo. A palavra ciência deriva do verbo latino que significa “conhecer”. Tentar en- tender parece ser um dos nossos impulsos básicos. ANCESTRAL COMUM Te n tilh õ e s ca n o ro s C o m e d o re s d e in se to s C o m e d o re s d e in se to s C o m e d o re s d e se m e n te s Te n tilh õ e s a rb ó re o s Te n tilh õ e s d e so lo C o m e d o re s d e se m e n te s C o m e d o re s de b ro to C o m e d o re s d e flo re s d e ca cto s Tentilhão canoro verde Certhidea olivacea Tentilhão canoro cinza Certhidea fusca Tentilhão terrestre de bico afiado Geospiza difficilis Tentilhão vegetariano Platyspiza crassirostris Tentilhão mangrove Cactospiza heliobates Tentilhão pica-pau Cactospiza pallida Médio tentilhão arbóreo Camarhynchus pauper Grande tentilhão arbóreo Camarhynchus psittacula Pequeno tentilhão arbóreo Camarhynchus parvulus Grande tentilhão terrestre comedor de cactos Geospiza conirostris Tentilhão terrestre comedor de cactos Geospiza scandens Pequeno tentilhão terrestre Geospiza fuliginosa Médio tentilhão terrestre Geospiza fortis Grande tentilhão terrestre Geospiza magnirostris Cada bifurcação representa o ancestral comum da linhagem evolutiva originária e seus descendentes (à direita no diagrama). Figura 1.20 Descendência com modificação: radiação adaptativa de tentilhões nas Ilhas Galápagos. Esta “árvore” ilustra o modelo atual da evo- lução dos tentilhões nas Ilhas Galápagos. Observe os diferentes bicos, adaptados para as distintas fontes alimentares das diferentes ilhas. Por exemplo, entre os comedores de sementes, os bicos mais robustos e grossos são melhores para quebrar sementes maiores e com cascas fortes, enquanto bicos mais finos são melhores para juntar sementes pequenas como sementes de grama. 16 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON No centro da ciência está a pesquisa, uma busca por informação e explicação de fenômenos naturais. Não há fórmula para uma pesquisa científica bem-sucedida. Ne- nhum método científico em particular tem um manual que os pesquisadores devam seguir à risca. Como em todas as buscas, a ciência inclui elementos de desafio, fatos inespe- rados e sorte, junto com planejamento cuidadoso, sensa- tez, criatividade, paciência e persistência para superar as dificuldades. Esses distintos elementos da pesquisa tornam a ciência consideravelmente menos estruturada do que a maioria das pessoas imagina. Posto isso, é possível separar certas características que ajudam a distinguir a ciência de outras maneiras de descrever e explicar a natureza. Cientistas utilizam um processo de pesquisa que in- clui fazer observações, formular explicações com alguma lógica (hipóteses) e testá-las. O processo é necessariamente repetitivo: ao se testar uma hipótese, uma maior quanti- dade de observações pode inspirar uma reconsideração da hipótese original ou formulação de uma nova hipótese, novamente a ser testada. Dessa forma, os cientistas conse- guem se aproximar cada vez mais das leis que governam a natureza. Fazendo observações No decorrer do trabalho, cientistas descrevem estrutu- ras e processos naturais com a maior precisão possível a partir da cuidadosa observação e análise de dados. Por observação, entende-se o agrupamento de informações, tanto pelo uso direto dos sentidos ou com a ajuda de ferra- mentas como microscópios, termômetros e balanças, que estendem os nossos sentidos. Observações podem revelar informações valiosas sobre o mundo natural. Por exemplo, uma série de observações detalhadas tem moldado a nossa compreensão sobre a estrutura celular, e outro conjunto de observações está atualmente expandindo nosso banco de dados de genomas de diversas espécies e de genes cuja ex- pressão é alterada em cânceres e outras doenças. Observações registradas são denominadas de dados. Em outras palavras, dados são itens de informação em que se baseia a pesquisa científica. O termo dados implica nú- meros para muitas pessoas. Mas alguns dados são qualita- tivos, em geral na forma de descrições registradas, em vez de medidas numéricas. Por exemplo, Jane Goodall investiu décadas registrando observações sobre o comportamento de chimpanzés durante a pesquisa de campo nas selvas da Tanzânia (Figura 1.21). Junto com esses dados qualitati- vos, Goodall também enriqueceu o campo do comporta- mento animal com volumosos dados quantitativos, como a frequência e duração de comportamentos específicos en- tre diferentes membros de um grupo de chimpanzés em diferentes situações. Dados quantitativos são geralmente expressos na forma de medidas numéricas e organizados em tabelas e gráficos. Cientistas analisam seus dados utili- zando um tipo de matemática denominada estatística para determinar se os mesmos são significativos ou meramente resultantes de flutuações randômicas. (Cabe ressaltar que todos os resultados apresentados neste texto demonstra- ram ser estatisticamente significativos.) A ciência da descoberta pode levar a importantes con- clusões com base em um tipo de lógica denominada indução ou argumentação indutiva. Por meio da indução, fazemos generalizações a partir de um grande número de obser- vações científicas. “O sol sempre nasce no leste” e “Todos os organismos são constituídos de células” são exemplos. As cuidadosas observações e análises de dados da ciência da descoberta, junto a generalizações alcançadas pela indução, são fundamentais para a nossa compreensão da natureza. Formulando e testando hipóteses Nossa curiosidade inata geralmente nos estimula a ela- borar questões sobre a base natural dos fenômenos que observamos no planeta. O que causou os diferentes com- portamentos dos chimpanzés que Goodall observou em diferentes situações? O que causa o crescimento para bai- xo de raízes de uma planta em germinação? Na ciência, esse questionamento geralmente envolve a formação e tes- te de explicações hipotéticas – ou seja, hipóteses. Na ciência, hipóteses são explicações experimentais para questões bem formuladas – uma explanação em tes- te. Em geral são palpites bem embasados, fundamentados na experiência e em dados disponíveis a partir da ciência da descoberta. Uma hipótese científica leva a predições que podem ser testadas com observações adicionais ou a realização de experimentos. Um experimento constitui um teste científico, este conduzido em condições controladas. Todos nós utilizamos hipóteses para resolver proble- mas diários. Digamos, por exemplo, que a lanterna falhe durante um acampamento. Isso é uma observação. A ques- tão óbvia: por que a lanterna não funciona? Duas hipóteses razoáveis, com base na experiência, seriam: (1) as pilhas da lanterna estão gastas ou (2) a lâmpada queimou. Cada uma dessas hipóteses alternativas faz predições que podem ser testadas experimentalmente. Por exemplo, a hipótese Figura 1.21 Jane Goodall coletando dados qualitativos sobre o comportamento do chimpanzé. Goodall registrou suas observações em cadernos de campo, em geral com desenhos sobre o comportamento dos animais. BIOLOGIA DE CAMPBELL 17 das pilhas esgotadas prediz que a troca por pilhas novas solucionará o problema. A Figura 1.22 apresenta um dia- grama dessa pesquisa de campo. Raramente dissecamos nossos processos de pensamento dessa maneira quando resolvemos um problema utilizando hipóteses, predições e experimentos. A ciência com base em hipóteses claramen- te tem sua origem na tendência humana em descobrir as coisas por tentativa e erro. Algumas vezes não há condições de se conduzir um experimento, mas podemos testar uma hipótese utilizando observações. Digamos que você não tenha uma lâmpada extra ou baterias para repor. Como você determinaria qual hipótese é mais provável? Você poderia examinar e verifi- car se a lâmpada aparenta estar queimada. Também pode- ria checar a data de expiração nas baterias. Experimentos representam excelentes formas de se testar hipóteses, mas quando não são possíveis, podemos geralmente testar uma hipótese de outras maneiras. Raciocício dedutivo Um tipo de lógica denominada dedução fundamenta- -se na ciência com base na hipótese. A dedução contras- ta com a indução, que, lembrando, é o raciocínio a partir de um conjunto de observações específicas para chegar a uma conclusão geral. No raciocínio dedutivo, a lógica flui na direção oposta, do geral para o específico. Partindode premissas gerais, extrapolamos para os resultados es- pecíficos que deveríamos esperar se as premissas fossem verdadeiras. Na ciência com base na hipótese, as deduções geralmente assumem a forma de predições de resultados experimentais ou observacionais encontrados se uma determinada hipótese (premissa) estiver correta. Então testamos essa hipótese com a realização de experimentos ou observações para revelar se os resultados são previsíveis ou não. Esse teste dedutivo toma a forma de uma lógica do tipo “se... então”. No caso do exemplo da lanterna: se a hi- pótese das pilhas esgotadas estiver correta, e você trocá-las por novas, então a lanterna irá funcionar. O exemplo da lanterna demonstra outros dois pontos- -chave sobre o uso de hipóteses na ciência. Primeiramente, a observação inicial pode dar origem a múltiplas hipóteses. O plano ideal é desenvolver experimentos para testar todas essas explicações possíveis. Por exemplo, uma das muitas possíveis hipóteses alternativas para explicar a falha na lanterna é que tanto a bateria quanto a lâmpada estejam pifadas, e você poderia desenvolver um experimento para testar essa hipótese. Em segundo lugar, nunca podemos provar que uma hi- pótese é verdadeira. Com base nos experimentos apresen- tados na Figura 1.22, a hipótese da lâmpada queimada se destaca como a explicação mais plausível.Os resultados fa- vorecem essa hipótese, mas de forma alguma provam que ela esteja correta. Talvez a primeira lâmpada estivesse ape- nas frouxa, não permitindo um contato elétrico, e a nova lâmpada foi inserida corretamente. Poderíamos tentar tes- tar a hipótese da lâmpada queimada novamente a partir de outro experimento – removendo a lâmpada original e recolocando-a cuidadosamente. Se a lanterna não funcio- nar, a hipótese da lâmpada queimada passa a ser reforçada por mais uma evidência – ainda que não seja comprovada. Por exemplo, a lâmpada pode ter outro defeito não relacio- nado à possibilidade de estar queimada. Testar de diversas maneiras, produzindo diferentes tipos de dados, pode au- mentar imensamente a nossa confiança na hipótese, mas nunca irá comprová-la. Questões que podem e não podem ser respondidas a partir da ciência A pesquisa científica é uma forma poderosa de estudar a natureza, mas existem limitações aos tipos de que ela tem capacidade de responder. Uma hipótese científica deve ser testável; deve haver alguma observação ou experimento que possa revelar se essa ideia é potencialmente falsa ou verdadeira. A hipótese de que as baterias esgotadas fossem a única causa da falta de funcionalidade da lanterna po- deria ser (e foi) testada a partir da reposição das baterias velhas por novas. Nem todas as hipóteses cumprem os critérios da ciên- cia: você não seria capaz de testar a hipótese de que fantas- mas estejam brincando com a sua lanterna! Visto que a ciên- cia lida somente com explicações naturais e testáveis para fenômenos naturais, ela não consegue apoiar ou contradizer a hipótese de que fantasmas, espíritos, elfos ou fadas, bené- volos ou perversos, causem tempestades, arco-íris, doenças ou curas. Uma vez que essas explicações sobrenaturais não podem ser testadas, elas ocupam uma posição fora dos li- mites da ciência. A ciência não lida com questões religiosas pela mesma razão, uma vez que isso envolve a pura fé. Ciên- cia e religião não são mutuamente excludentes nem contra- ditórias, apenas abordam diferentes questões. Observações: A lanterna não funciona. Questão: Por que a lanterna não funciona? Hipótese #1: As pilhas estão gastas. Hipótese #2: A lâmpada está queimada. Predição: A troca das pilhas irá solucionar o problema. Predição: A troca da lâmpada irá solucionar o problema. Testar predição: Troque as pilhas. Testar predição: Troque a lâmpada. Resultado: A lanterna não funciona. O teste refuta a hipótese. Resultado: A lanterna funciona. O teste sustenta a hipótese. Figura 1.22 Uma visão simplificada do processo cientí- fico. O processo idealizado alguma vezes chamado de “método científico” está apresentado neste diagrama que utiliza um exemplo de acampamento para testar a hipótese. 18 REECE, URRY, CAIN, WASSERMAN, MINORSKY & JACKSON A flexibilidade do processo científico O exemplo da lanterna na Figura 1.22 busca um processo ideal de pesquisa denominado método científico. Podemos reconhecer os elementos desse processo na maioria dos artigos de pesquisa publicados por cientistas, mas rara- mente em uma forma tão bem estruturada. Pouquíssimas pesquisas científicas seguem rigidamente a sequência de passos prescrita pelo “livro-texto” dos métodos científicos, que é geralmente aplicado em retrospecto, após o térmi- no do experimento ou estudo. Por exemplo, um cientista pode começar a projetar um experimento, mas então recu- ar ao ver que são necessárias mais observações. Em outros casos, observações intrigantes simplesmente não provo- cam questões bem definidas até que outras pesquisas le- vem aquelas observações a outro contexto. Por exemplo, Darwin colecionou espécimes de tentilhões de Galápagos, mas apenas muitos anos mais tarde, quando a ideia de se- leção natural começou a fluir, é que biólogos começaram a formular questões cruciais sobre a história daqueles pás- saros. A ciência é muito mais imprevisível – e empolgante – do que um genérico método analítico de cinco passos. Um modelo mais realístico desse processo científi- co está apresentado na Figura 1.23. A atividade central (o círculo do meio na figura) representa a formulação e tes- te de hipóteses. Esse é o aspecto mais importante da ciência e é a razão pela qual a ciência desempenha um papel tão confiável em explicar fenômenos na natureza. Entretanto, há muito mais no processo científico do que apenas testar. A escolha de ideias para testar, a interpretação e avaliação dos resultados, e a decisão de quais ideias perseguir em sub- sequentes estudos são influenciadas por outras três áreas. Primeiramente, ideias bem formuladas, novas hipó- teses e estudos bem planejados não surgem do nada; elas são inspiradas e alimentadas por formas de empenho as- sociadas à exploração e descoberta (o círculo superior na Figura 1.23). Em segundo lugar, a testagem não acontece em um vácuo social; a análise e parecer comunitário desem- penham um papel fundamental (círculo inferior direito). EX PLO RAÇÃO E DESCOBERTA • Formular hipóteses • Prever resultados • Realizar experimento e/ou observações • Medir resultados Interpretar resultados de testes Os dados podem... • Sustentar a hipótese • Refutar a hipótese • Inspirar uma revisada ou nova hipótese • Suscitar a revisão dos pressupostos • Observar a natureza • Formular perguntas • Compartilhar dados e ideias • Encontrar inspiração • Explorar a literatura científica BE NEF ÍCIOS E RESULTADOS SOCIA IS• Desenvolver tecnologia • Abordar problemas da sociedade • Embasar decisões políticas • Resolver problemas do cotidiano • Satisfazer a curiosidade • Construir conhecimento A N ÁLIS E E PARECER COMUNITÁRIO S • Parecer e revisão dos dados • Reprodução de experi- mentos e observações • Discussão com colegas • Publicação • Criação de ideias e perguntas novas • Construção de teorias FO RMULAR E TESTAR HIPÓTESESTestar ideias Figura 1.23 O processo científico: um mo- delo mais realístico. Na realidade, o processo cien- tífico não é linear, mas sim circular, envolvendo retro- cessos, repetições e interações das diferentes partes do processo. A ilustração baseia-se em um modelo (Como a Ciência Funciona) do site Understanding Science (www.understandingscience.org). BIOLOGIA DE CAMPBELL 19 Interações dentro da comunidade científica influenciam quais hipóteses são testadas e a maneira como elas são tes- tadas, suscitam a reinterpretação dos resultados dos testes, fornecem avaliações independentes quanto à validez do pla- nejamento do estudo e muito mais. Finalmente, o processo da ciência está ligado à construção da sociedade (círculoinferior esquerdo). A necessidade da sociedade – em, por exemplo, entender o processo de mudança climática – pode inspirar muitas hipóteses e estudos. Similarmente, hipóte- ses bem embasadas talvez possibilitem uma importante inovação tecnológica ou encorajar uma política particular que pode, por sua vez, inspirar novos questionamentos científicos. Ainda que o teste de hipóteses e a interpretação de dados possam representar a base central da ciência, es- sas atividades representam apenas uma parte do conjunto. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR A biosfera inclui a maioria das regiões terrestres, a maioria dos corpos de água e a atmosfera, até alguns quilômetros de altitude. Todo os seres vivos, juntamente com todos os componentes de uma determinada área, com os quais a vida interage como o solo, a água, gases atmosféricos e luz, formam um ecossistema. Portanto, a biosfera é formada por vários ecossistemas, como a floresta amazônica, o cerrado, os desertos, os recifes de corais e muitos outros. Para compreender melhor, assista ao vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Todos os organismos no seu campus formam um(a): A) ecossistema B) comunidade C) população D) órgão E) domínio taxonômico. 2) Qual é a sequência correta de níveis na hierarquia da vida, de cima para baixo, a partir de um animal individual? A) Cérebro, célula nervosa, tecido nervoso. B) Sistema de órgãos, tecido nervoso, cérebro, célula nervosa. C) Organismo, sistema de órgãos, tecido, célula, órgão. D) Sistema nervoso, cérebro, tecido nervoso, célula nervosa. E) Sistema de órgãos, tecido, molécula, célula. 3) Qual das alternativas a seguir é um exemplo de dado qualitativo? A) A temperatura desceu de 20°C para 15°C. B) A planta mede 15 cm de altura. C) O peixe nadou em movimento de zigue-zague. D) Os seis pares de pardais chocaram, em média, três filhotes, cada par. E) O conteúdo do estômago é misturado a cada 20 minutos. 4) Os seres vivos podem ser divididos em três domínios. Sendo eles: A) Archea, Bactéria e Eucarya. B) Archea, Procariotos e Eucariotos. C) Animais, Vegetais e Protistas. D) Animal, Vegetal e Fungi. E) Animais, Cordados e Mamíferos 5) Um biólogo identificou determinada espécie de urso. Agora ele quer classificá-lo corretamente. Diante disso, responda: qual sequência taxonômica está CORRETA? A) Domínio, Reino, Classe e Ordem. B) Domínio, Reino, Filo e Classe. C) Domínio, Filo, Reino e Classe. D) Reino, Domínio, Filo e Classe. E) Espécie, Reino, Classe e Ordem NA PRÁTICA Veja agora como as cotias contribuem para o reflorestamento do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro! Cutias do Campo de Santana são readaptadas na Floresta da Tijuca. Leia aqui SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Vida: a Ciência da Biologia Cavalos-marinhos nascendo Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A beleza dos beija-flore Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/09/cotias-do-campo-de-santana-sao-readaptadas-na-floresta-da-tijuca.html A Química da Vida APRESENTAÇÃO Veja que a vida como nós conhecemos hoje é um fenômeno digno de surpresa e admiração. O maior paradoxo dos fenômenos biológicos é a vida só existir por causa das moléculas sem vida. É difícil acreditar nisto, não é mesmo? Todos os seres vivos são compostos, em sua maior parte, por quatro elementos: oxigênio, carbono, hidrogênio e nitrogênio. As múltiplas combinações desses elementos produz uma extraordinária variedade de compostos químicos, inclusive a água, a molécula que sustenta toda a vida. Todos os fatores que regulam a vida são mediados pela química. Nesta Unidade de Aprendizagem você aprenderá como a vida é realmente extraordinária! Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Apontar as propriedades emergentes da água, importantes para a adequação da vida na Terra. • Comparar uma molécula hidrofóbica a uma hidrofílica.• Identificar as macromoléculas comuns às células.• DESAFIO Apenas quatro elementos - hidrogênio, oxigênio, carbono e nitrogênio - representam mais de 90% dos átomos do nosso corpo. Outros sete elementos minerais - cálcio, fósforo, potássio, enxofre, sódio, cloro e magnésio - são encontrados dissolvidos nos líquidos extracelular e intracelular. Os 13 oligoelementos - Ferro, iodo, cobre, zinco, manganês, cobalto, cromo, selênio, molibdênio, flúor, estanho, silício e vanádio - são essenciais para o bom funcionamento do corpo, sendo necessários em quantidades pequenas, mas, sem eles o funcionamento do corpo fica alterado. Veja a notícia publicada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): "Já está em vigor a resolução RDC 23/2013 que altera a faixa de iodação do sal no Brasil. O novo texto foi publicado na edição desta quinta-feira (25/4/2013) do Diário Oficial da União. A Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou, no último dia 16 de abril, a adoção de novos valores para a adição de iodo no sal para consumo humano no Brasil. A faixa aprovada de iodo no sal é de 15mg/kg a 45 mg/kg; atualmente a faixa é de 20 a 60 mg/kg." (Portal Anvisa, abril de 2013.). Seu desafio será fazer uma breve dissertação sobre a importância do iodo no funcionamento do corpo. INFOGRÁFICO O infográfico a seguir apresenta as moléculas da vida: CONTEÚDO DO LIVRO Apesar da grande diversidade de vida na Terra, as moléculas de importância crucial para todos os seres vivos são de apenas quatro classes distintas: carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos nucleicos. Leia os trechos selecionados do livro Biologia, de Campbell et al., e aprofunde os seus conhecimentos acerca do assunto. Boa leitura. λ»®ª¿¼± ¬±¼± ± ¼·®»·¬± ¼» °«¾´·½¿9=±ô »³ ´3²¹«¿ °±®¬«¹«»¿ô @ ßÎÌÓÛÜr ÛÜ×ÌÑÎß Íòßò ߪò Ö»®,²·³± ¼» Ñ®²»´¿ô êéð ó Í¿²¬¿²¿ çððìðóíìð ᮬ± ß´»¹®» ÎÍ Ú±²» øëï÷ íðîéóéððð Ú¿¨ øëï÷ íðîéóéðéð W °®±·¾·¼¿ ¿ ¼«°´·½¿9=± ±« ®»°®±¼«9=± ¼»¬» ª±´«³»ô ²± ¬±¼± ±« »³ °¿®¬»ô ±¾ ¯«¿·¯«»® º±®³¿ ±« °±® ¯«¿·¯«»® ³»·± ø»´»¬®,²·½±ô ³»½>²·½±ô ¹®¿ª¿9=±ô º±¬±½-°·¿ô ¼·¬®·¾«·9=± ²¿ É»¾ » ±«¬®±÷ô »³ °»®³·=± »¨°®»¿ ¼¿ Û¼·¬±®¿ò Í]Ñ ÐßËÔÑ ßªò Û³¾¿·¨¿¼±® Ó¿½»¼± ͱ¿®»ô ïðòéíë ó пª·´¸=± ë ó ݱ²¼ò Û°¿½» Ý»²¬»® Ê·´¿ ß²¿¬?½·± ðëðçëóðíë Í=± п«´± ÍÐ Ú±²» øïï÷ íêêëóïïðð Ú¿¨ øïï÷ íêêéóïííí ÍßÝ ðèðð éðíóíììì ×ÓÐÎÛÍÍÑ ÒÑ ÞÎßÍ×Ô ÐÎ×ÒÌÛÜ ×Ò ÞÎ߯×Ô Ñ¾®¿ ±®·¹·²¿´³»²¬» °«¾´·½¿¼¿ ±¾ ± ¬3¬«´± Þ·±´±¹§ô 謸 Û¼·¬·±² ×ÍÞÒ çéèðèðëíêèììì ß«¬¸±®·¦»¼ ¬®¿²´¿¬·±² º®±³ ¬¸» Û²¹´·¸ ´¿²¹«¿¹» »¼·¬·±²ô »²¬·¬´»¼ Þ×ÑÔÑÙÇô 謸 Û¼·¬·±²ô ¾§ ÒÛ×Ô ßò ÝßÓÐÞÛÔÔ ¿²¼ ÖßÒÛ Þò ÎÛÛÝÛô °«¾´·¸»¼ ¾§ л¿®±² Û¼«½¿¬·±²ô ײ½òô °«¾´·¸·²¹ ¿ Þ»²¶¿³·² Ý«³³·²¹ô ݱ°§®·¹¸¬ w îððèò ß´´ ®·¹¸¬ ®»»®ª»¼ò Ò± °¿®¬ ±º ¬¸· ¾±±µ ³¿§ ¾» ®»°®±¼«½»¼ ±® ¬®¿²³·¬¬»¼ ·² ¿²§ º±®³ ±® ¾§ ¿²§ ³»¿²ô 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Hoje em dia são reconhecidos 92 elementos químicos, sendo que destes, aproximadamente 25 são conhecidos por serem essenciais para a vida, e quatro compõem 96% da matéria viva: carbono, oxigênio, hidrogênio e nitrogênio. Assista ao vídeo e veja com as moléculas constituem os seres vivos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Qual dos seguintes materiais é hidrofóbico? A) Papel. B) Sal de cozinha. C) Cera. D) Açúcar. E) Macarrão. 2) À cerca das gorduras insaturadas, assinale a alternativa CORRETA: A) São mais comuns em animais que em plantas. B) Seus ácidos graxos possuem ligações duplas na cadeia carbônica. C) Geralmente solidificam à temperatura ambiente. D) Contêm mais átomos de hidrogênio que as gorduras saturadas, com o mesmo número de átomos de carbono. E) Possuem menor número de ácidos graxos por molécula. 3) O Ácido Desoxirribonucleico (DNA) é constituído por: A) polinucleotídeos. B) polipeptídeos. C) lipídeos. D) polissacarídeos. E) adenosina trifosfato. 4) Inúmeras reações químicas ocorrem no interior e fora das células. Estas reações químicas são bastante aceleradas na presença de um(a): A) nucleotídeo B) lipídeo. C) enzima D) aminoácido E) do colesterol 5) Alguns insetos conseguem andar sobre a água. Este fato é explicado pela: A) mudança na densidade da água quando ela condensa. B) habilidade da água de dissolver moléculas do ar. C) tensão superficial da água. D) propriedade de isolamento térmico. E) propriedade de ser um solvente versátil. NA PRÁTICA Uma dieta rica em gordura saturada é um dos vários fatores que contribuem para a doença cardiovascular conhecida como aterosclerose. Veja: SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: ALBERTS, Bruce et al. Biologia molecular da célula. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 47-67. TORTORA, Gerard J.; FUNKE, Berdell R.; CASE, Christine L. Microbiologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012, p. 26-47. Fotossíntese APRESENTAÇÃO Você não acha mágico um grãozinho de feijão crescer em um copinho colocado perto da janela, com apenas um algodão molhado? Não é fantástico que daquele caroço de laranja jogado no solo cresça uma árvore e dê novos frutos? Nesta Unidade de Aprendizagem iremos aprender como os vegetais obtêm energia para crescerem e se manterem vivos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a importância dos seres fotoautotróficos no planeta Terra.• Identificar os processos que convertem a energia solar em energia química do ATP e do NADPH. • Explicar o ciclo de Calvin que utiliza ATP e NADPH para converter CO2 em açúcar.• DESAFIO Quando a luz encontra a matéria, ela pode ser refletida, transmitida ou absorvida. Substâncias que absorvem a luz visível são conhecidas como pigmentos. Diferentes pigmentos absorvem diferentes comprimentos de onda da luz, e os comprimentos de onda absorvidos desaparecem. Se o pigmento é iluminado com luz branca, a cor visível é a cor mais refletida ou transmitida pelo pigmento. Enxergamos o verde quando olhamos para a folha, porque a clorofila absorve a luz azul-violeta e a vermelha, enquanto reflete a luz verde. Agora veja este experimento: Uma solução contendo clorofila isolada de cloroplastos foi excitada com luz ultravioleta e pôde-se ver a emissão de fluorescência com um brilho vermelho- alaranjado. O seu desafio será explicar o fenômeno da fluorescência no frasco de clorofila e também explicar o motivo pelo qual uma folha, com a mesma quantidade de clorofila exposta à luz ultravioleta, não emite fluorescência. INFOGRÁFICO As plantas realizam a fotossíntese, capturando a energia luminosa do sol e convertendo-a em energia química armazenada em açúcar e outras moléculas orgânicas. O local onde ocorre a fotossíntese nos vegetais é denominado de cloroplasto. O cloroplasto é formado por duas membranas: a Membrana externa e a Membrana interna. O seu interior é preenchido por um líquido denso, o estroma, e por um elaborado sistema de sacos membranosos interconectados, denominados tilacoides. Os tilacoides podem estar organizados em colunas denominadas grana (singular granum). Nas membranas dos tilacoides ocorrem as reações luminosas, já o Ciclo de Calvin ocorre no estroma. Veja a representação no Infográfico: Figura 1 CONTEÚDO DO LIVRO A fotossíntese ocorre nos cloroplastos dos vegetais convertendo a energia luminosa em energia química dos alimentos. A fotossíntese pode ser dividida em reações luminosas e ciclo de Calvin. As reações luminosas convertem a energia solar em energia química do ATP e do NADPH. O ciclo de Calvin, que ocorre no estroma do cloroplasto, utiliza ATP e NADPH para converter CO2 em açúcar. Leia os trechos selecionados do livro Biologia, de Campbell et al. e aprofunde os seus conhecimentos sobre o assunto! Boa leitura! Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à ARTMED® EDITORA S.A. Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 Porto Alegre RS Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. SÃO PAULO Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 - Pavilhão 5 - Cond. Espace Center Vila Anastácio 05095-035 São Paulo SP Fone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Obra originalmente publicada sob o título Biology, 8th Edition ISBN 9780805368444 Authorized translation from the English language edition, entitled BIOLOGY, 8th Edition, by NEIL A. CAMPBELL and JANE B. REECE, published by Pearson Education, Inc., publishing as Benjamin Cummings, Copyright © 2008. All rights reserved. No part of this book may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or by any information storage retrieval system, without permission from Pearson Education, Inc. Portuguese language edition published by Artmed Editora, Copyright © 2010. Tradução autorizada a partir do original em língua inglesa da obra intitulada BIOLOGY, 8ª EDIÇÃO, de autoria de NEIL A. CAMPBELL e JANE B. REECE, publicado por Pearson Education, Inc., sob o selo de Benjamin Cummings, Copyright © 2008. Todos os direitos reservados. Este livro não poderá ser reproduzido nem em parte nem na íntegra, nem ter partes ou sua íntegra armazenada em quaisquer meios, seja mecânico ou eletrônico, inclusive fotocópia, sem permissão da Pearson Education, Inc. A edição em língua portuguesa desta obra é publicada por Artmed Editora, Copyright © 2010. Capa: Mário Röhnelt Preparação de originais: Henrique de Oliveira Guerra Leitura final: Magda Regina Chaves Editora Sênior – Biociências: Letícia Bispo de Lima Editora Júnior – Biociências: Carla Casaril Paludo Editoração eletrônica: Techbooks Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 C187b Campbell, Neil. Biologia [recurso eletrônico] / Neil Campbell, Jane Reece; tradução Daniel Lorenzini ... [et al.]. – 8. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2010. Editado também como livro impresso em 2010. ISBN 978-85-363-2351-0 1. Biologia. I. Reece, Jane. II. Título. CDU 573 C O N C E I T O S - C H A V E 10.1 A fotossíntese converte a energia da luz na energia química dos alimentos 10.2 As reações luminosas convertem a energia solar na energia química do ATP e do NADPH 10.3 O ciclo de Calvin utiliza ATP e NADPH para converter CO2 em açúcar 10.4 Mecanismos alternativos de fixação do carbono evoluíram em climas áridos e quentes V IS à O G E R A L O processo que alimenta a biosfera A vida na terra é movida à energia solar. Os cloroplastos das plan- tas capturam a energia luminosa, que viajou 150 milhões de qui- lômetros desde o sol, convertendo-a em energia química armaze- nada em açúcar e outras moléculas orgânicas. Esse processo de conversão é chamado de fotossíntese. Vamos começar situando a fotossíntese em seu contexto ecológico. A fotossíntese alimenta direta ou indiretamente a maior parte das formas de vida do mundo. Um organismo obtém compostos orgânicos e os utiliza para energia e como esqueleto de carbo- no por dois métodos principais: nutrição autotrófica e nutrição heterotrófica. Autótrofos são autoalimentados (auto significa por si próprio e trofus significa alimentação); eles sustentam a si próprios sem comer nada proveniente de outros seres vivos. Au- tótrofos produzem suas próprias moléculas orgânicas a partir do CO2 e de outros materiais inorgânicos obtidos do meio ambiente. Em última análise, eles são a fonte de compostos orgânicos para todos os organismos não autótrofos e, por essa razão, os biólogos se referem aos autótrofos como os produtores da biosfera. A maior parte dos vegetais é autótrofa; os únicos nutrientes de que eles necessitam são água e minerais, obtidos do solo, e dióxido de carbono, obtido do ar. Especificamente, as plantas são fotoautótrofas, organismos que usam a luz como fonte de energia para sintetizar substâncias orgânicas (Figura 10.1). A fotossíntese também ocorre nas algas, certos protistas e em alguns procario- tos (Figura 10.2, na próxima página). Neste capítulo, vamos men- cionar esses outros grupos, mas nossa ênfase será nas plantas. Variações na nutrição autotrófica, que ocorrem nos procariotos e nas algas, serão detalhadas nos capítulos 27 e 28. Heterótrofos obtêm sua matéria orgânica pelo segundo principal método de nutrição. Incapazes de produzir o próprio alimento, vivem de compostos produzidos por outros organismos (hetero significa diferente). Heterótrofos são os consumidores da biosfera. A forma mais óbvia dos heterótrofos ocorre quando o animal se alimenta de plantas e de outros animais, mas a nutrição heterotrófica pode ser mais sutil. Alguns heterótrofos consomem remanescentes de organismos mortos por meio da decomposição da matéria orgânica, como carcaças, fezes e folhas mortas. Eles são conhecidos como decompositores. A maior parte dos fungos e muitos tipos de procariotos obtêm alimento dessa forma. Qua- se todos os heterótrofos, incluindo humanos, são completamente dependentes direta ou indiretamente dos autótrofos em relação ao alimento – e também em relação ao oxigênio, produto da fo- tossíntese. Neste capítulo, vamos aprender como a fotossíntese funcio- na. Após a discussão dos princípios gerais da fotossíntese, con- sideraremos as duas fases da fotossíntese: as reações luminosas, nas quais a energia solar é capturada e transformada em energia química; e o ciclo de Calvin, no qual a energia química é utiliza- da para produzir moléculas orgânicas de elementos. Finalmente, vamos considerar alguns aspectos da fotossíntese a partir de uma perspectiva evolutiva. Figura 10.1 � De que modo a luz do sol, vista aqui como um es- pectro de cores em um arco-íris, consegue fornecer energia para a síntese de substâncias orgânicas? 10Fotossíntese 186 C C. 10.1 A fotossíntese converte a energia da luz na energia química dos alimentos A capacidade notável de um organismo de captar a energia lu- minosa e utilizá-la para a síntese de compostos orgânicos surgiu de uma organização estrutural da célula: enzimas fotossintéticas e outras moléculas são agrupadas em uma membrana biológi- ca, possibilitando a ocorrência eficiente de uma série de reações químicas necessárias. Provavelmente, o processo de fotossíntese foi originado em um grupo de bactérias que invaginaram regiões da membrana plasmática contendo agrupamentos dessas mo- léculas. Nas bactérias fotossintéticas existentes, as membranas fotossintéticas invaginadas funcionam de forma semelhante às membranas internas dos cloroplastos, a organela eucarionte que discutimos no Capítulo 6. De fato, acredita-se que o cloroplasto tenha sido um procarionte fotossintético que vivia no interior de uma célula eucarionte (vamos aprender mais sobre essa hipótese no Capítulo 25). Os cloroplastos estão presentes em uma varieda- de de organismos fotossintetizantes (ver Figura 10.2), mas aqui abordaremos somente os vegetais. Cloroplastos: o local da fotossíntese nos vegetais Todas as partes verdes da planta, incluindo caules verdes e frutos verdes, possuem cloroplastos. Contudo, as folhas representam o principal local de fotossíntese na maioria dos vegetais (Figura 10.3). Existe cerca de meio milhão de cloroplastos por milímetro quadrado de superf ície de folha. A cor da folha é dada pela cloro- fila – pigmento verde localizado no interior dos cloroplastos. É a energia absorvida pela clorofila que promove a síntese de molécu- las orgânicas no cloroplasto. Os cloroplastos são encontrados prin- cipalmente nas células do mesofilo, o tecido do interior da folha. O dióxido de carbono entra na folha, e o oxigênio sai através de poros microscópicos chamados de estômatos (do grego, sig- nificando “boca”). A água absorvida pelas raízes é transportada Figura 10.2 � Fotoautótrofos. Estes organis- mos usam a energia solar para promover a síntese de moléculas orgânicas a partir do dióxido de car- bono e (na maior parte dos casos) da água. Eles nutrem não somente a si próprios, mas também o mundo inteiro. (a) Na terra, as plantas são os produtores predominantes de alimentos. Em am- bientes aquáticos, os organismos fotossintéticos incluem (b) algas multicelulares, como estas algas marinhas; (c) alguns protistas unicelulares, como Euglena; (d) os procariotos chamados cianobac- térias; e (e) outros procariotos fotossintéticos, como bactérias sulfurosas púrpuras, produtoras de enxofre (glóbulos esféricos) (c, d, e: MOs). (e) Bactéria sulfurosa púrpura. 1,5 µm (a) Plantas. (b) Algas multicelulares. (c) Protista unicelular. 10 µm (d) Cianobactéria. 40 µm B 187 até as folhas pelas nervuras. As folhas também utilizam a nervuras para exportar açúcares para as raízes e para outras partes não fotos- sintéticas da planta. Uma célula típica de mesofilo possui cer- ca de 30 a 40 cloroplastos, com cada organela medindo cerca de 2-4 µm por 4-7 µm. O es- troma, líquido denso do interior dos cloro- plastos, é envolto por um envelope de duas membranas. Um elaborado sistema de sacos membranosos interconectados, denominados tilacoides, separa o estroma de outro compar- timento, o interior dos tilacoides, ou espaço do tilacoide. Em alguns lugares, os tilacoides estão organizados em colunas denominadas grana (singular granum). As clorofilas localizam-se nas membranas do tilacoide. (As invaginações fotossintéticas da membrana dos procariotos são também de- nominadas membranas do tilacoide, ver Figura 27.7b.) Agora já discutimos os locais da fotossíntese nas plantas, estamos prontos para pormenorizar os processos da fotossíntese. Rastreando átomos ao longo da fotossíntese: uma pesquisa científica Os cientistas tentaram por séculos juntar as partes do processo pelo qual as plantas produzem alimentos. Embora algumas eta- pas não tenham sido ainda completamente entendidas, a equação geral da fotossíntese é conhecida desde 1800: na presença da luz, partes verdes das plantas produzem compostos orgânicos e oxi- gênio a partir de dióxido de carbono e água. Utilizando fórmulas moleculares, podemos resumir a complexa série de reações quí- micas da fotossíntese através da equação: 6 CO2 � 12 H2O � energia luminosa → C6H12O6 � 6 O2 � 6 H2O Utilizamos glicose (C6H12O6) na equação para simplificar a rela- ção entre fotossíntese e respiração, mas o produto direto da fo- tossíntese é na verdade um açúcar de 3 carbonos que pode ser utilizado para produzirglicose. A água aparece em ambos os la- dos da equação porque doze moléculas são consumidas e 6 molé- culas são formadas durante a fotossíntese. Podemos simplificar a equação indicando somente o consumo líquido de água: 6 CO2 � 6 H2O � energia luminosa → C6H12O6� 6 O2 Escrevendo a equação dessa forma, podemos ver que as mudan- ças químicas que ocorrem na fotossíntese são o oposto daquelas que ocorrem durante a respiração celular. Ambos os processos metabólicos ocorrem nas células vegetais. Contudo, como apren- demos em seguida, os cloroplastos não sintetizam açúcares pela simples reversão das etapas da respiração. Agora, vamos dividir a equação da fotossíntese por 6 para simplificar a sua forma: CO2 � H2O → [CH2O] � O2 Estômatos Membrana externa Espaço intermembrana Membrana interna Espaço do tilacoide Tilacoide GranumEstroma Secção transversal da folha Células do mesofilo Cloroplastos CO2 O2 Nervura Mesofilo 5 µm 1 µm Figura 10.3 � Ampliação do local de fotossín- tese em um vegetal. As folhas são os principais órgãos de fotossíntese nos vegetais. Esta figura lhe conduz para dentro de uma folha, depois para o in- terior de uma célula e finalmente para dentro de um cloroplasto, a organela onde a fotossíntese ocorre (foto do meio, MO; foto de baixo, MET). 188 C C. Na equação, os colchetes indicam que o CH2O não é na verdade um açúcar, mas representa a fórmula geral para um carboidrato. Em outras palavras, estamos imaginando a síntese de um carbo- no de uma molécula de açúcar de cada vez. Teoricamente, seis repetições iriam produzir uma molécula de glicose. Vamos agora utilizar essa fórmula simplificada para ver como os pesquisadores rastrearam os elementos carbono, hidrogênio e oxigênio, desde os reagentes até o produto da fotossíntese. A ruptura da água Uma das primeiras conclusões do mecanismo da fotossíntese veio da descoberta que o oxigênio originado pelos vegetais vem da água e não do gás carbônico. Os cloroplastos dividem a água em hidrogênio e oxigênio. Antes dessa descoberta, a hipótese predo- minante era de que a fotossíntese quebrava o dióxido de carbono (CO2 → C � O2) e então acrescentava a água ao carbono (C � H2O → [CH2O]). Essa hipótese previa que o O2 liberado durante a fotossíntese vinha do CO2. Essa ideia foi colocada em dúvida em 1930 por C.B. van Niel, da Universidade de Stanford. Van Neil investigou a fotossíntese em bactérias que produzem o seu pró- prio carboidrato a partir do CO2, mas não liberam O2. Van Neil concluiu que, pelo menos nesta bactéria, o CO2 não era quebrado em carbono e oxigênio. Um grupo de bactérias utilizava o sulfito de hidrogênio (H2S), ao invés de água na fotossíntese, formando glóbulos amarelos de enxofre como resíduo (esses glóbulos são visíveis na Figura 10.2e). A equação química da fotossíntese nes- sas bactérias sulfurosas é a seguinte: CO2 � 2 H2S → [CH2O] � H2O � 2 S Van Niel considerou que as bactérias rompiam o H2S, utilizando o átomo de hidrogênio para produzir açúcar. Ele então generalizou essa ideia, propondo que todos os organismos fotossintéticos ne- cessitam de uma fonte de hidrogênio, mas que essa fonte varia: Bactérias sulfurosas: CO2 � 2 H2S → [CH2O] � H2O � 2 S Plantas: CO2 � 2 H2O → [CH2O] � H2O � O2 Geral: CO2 � 2 H2X → [CH2O] � H2O � 2 X Assim, van Neil hipotetizou que as plantas quebram H2O como fonte de elétrons a partir de átomos de hidrogênio, liberando O2 como subproduto. Após aproximadamente 20 anos, os cientistas confirmaram a hipótese de van Neil por meio da utilização do oxigênio-18 (18O), um isótopo pesado, como marcador para acompanhar o destino do átomo de oxigênio durante a fotossíntese. O experimento de- monstrou que as plantas somente produziam o O2 marcado se a água fosse marcada com 18O (experimento 1). Se o 18O fosse in- troduzido na planta sob a forma de CO2, a marca não apareceria no O2 liberada (experimento 2). No resumo que segue, o verme- lho representa o átomo de oxigênio marcado (18O): Experimento 1: CO2 � 2 H2O → [CH2O] � H2O � O2 Experimento 2: CO2 � 2 H2O → [CH2O] � H2O � O2 Um importante resultado da mistura de átomos durante a fotos- síntese é a retirada do hidrogênio da água e a sua incorporação no açúcar. O produto de descarte da fotossíntese, o O2, é liberado para a atmosfera. A Figura 10.4 apresenta o destino de todos os átomos da fotossíntese. A fotossíntese como processo redox Vamos comparar brevemente a fotossíntese com a respiração celular. Ambos os processos envolvem reações redox. Durante a respiração celular, a energia é liberada do açúcar quando os elé- trons associados ao hidrogênio são transportados por carreado- res até o oxigênio, formando água como subproduto. Os elétrons perdem energia potencial à medida que “descem” na cadeia de transporte de elétrons em direção ao oxigênio eletronegativo, e a mitocôndria utiliza essa energia para sintetizar ATP (ver Figu- ra 9.16). A fotossíntese reverte a direção do fluxo de elétrons. A água é quebrada e os elétrons são transferidos junto com os íons hidrogênios da água para o dióxido de carbono, reduzindo-se a açúcar. Pelo aumento de energia potencial dos elétrons quando se movem da água para o açúcar, esse processo necessita de ener- gia; em outras palavras, é endergônico. Esse aumento de energia é promovido pela luz. As duas fases da fotossíntese: uma prévia A equação da fotossíntese é uma simplificação enganosa de um processo muito complexo. Na verdade, a fotossíntese não é um processo único, mas dois processos, cada um com múltiplas eta- pas. Essas duas fases da fotossíntese são conhecidas como rea- ções luminosas (componente foto da fotossíntese) e o ciclo de Calvin (componente síntese da fotossíntese) (Figura 10.5). As reações luminosas são as etapas da fotossíntese onde ocorre a conversão da energia solar em energia química. A água é quebrada, fornecendo elétrons e prótons (íons hidrogênio, H�) e liberando O2 como subproduto. A luz absorvida pela clorofila promove a transferência de elétrons e íons hidrogênio da água para um aceptor chamado de NADP� (nicotinamida adenina di- nucleotídeo fosfato), onde são temporariamente armazenados. O aceptor de elétrons NADP� é um parente próximo do NAD�, que funciona como carreador de elétrons na respiração celular; as duas moléculas diferem somente pela presença de um grupo fosfato ex- tra na molécula NADP�. As reações luminosas utilizam a energia do sol para reduzir o NADP� em NADPH por meio da adição de Reagentes: Produtos: 6 CO 2 C 6 H 12 O 6 6 O 2 6 H 2 O 12 H 2 O Figura 10.4 � O caminho dos átomos na fotossíntese. Os átomos do CO2 são apresentados em laranja, e os átomos da H2O são apresenta- dos em azul. B 189 um par de elétrons, juntamente com um H�. As reações lumino- sas também geram ATP, utilizando a quimiosmose para adicionar um grupo fosfato ao ADP, processo chamado de fotofosforilação. Assim, a energia luminosa é inicialmente convertida em energia química na forma de dois compostos: NADPH, uma fonte de elé- trons com “poder redutor” que pode ser transferida a um aceptor de elétrons, reduzindo-o; e o ATP, a versátil moeda energética da célula. Observe que as reações luminosas não produzem açúcar; isso acontece na segunda fase da fotossíntese, o ciclo de Calvin. O ciclo de Calvin é assim denominado em reconhecimento a Melvin Calvin, quem, juntamente com seus colegas no final da dé- cada de 1940, começou a esclarecer as suas etapas. O ciclo inicia com a incorporação do CO2 atmosférico em moléculas orgânicas presentes no cloroplasto. Essa incorporação inicial do carbono em compostos orgânicos é denominada fixação de carbono. O ciclo de Calvin reduz o carbono fixado a carboidrato por meio da adição de elétrons. O poder redutor é fornecido pelo NADPH, que adquire a sua carga de elétrons nas reações luminosas. Para converter CO2 a carboidrato, o ciclo de Calvin também necessita da energia química fornecida pelo ATP, também produzido nas reaçõesluminosas. Assim, o ciclo de Calvin somente consegue produzir açúcar com a ajuda do NADPH e do ATP produzidos nas reações luminosas. As etapas metabólicas do ciclo de Calvin são algumas vezes denominadas reações escuras ou reações inde- pendentes da luz, porque nenhuma etapa necessita diretamente da luz. Contudo, na maioria das plantas, o ciclo de Calvin ocorre durante o dia, onde as reações luminosas fornecem NADPH e ATP necessários ao ciclo. Essencialmente, o cloroplasto utiliza a energia luminosa para produzir açúcar, coordenando as duas fa- ses da fotossíntese. Como indicado na Figura 10.5, os tilacoides dos cloroplastos são os locais das reações luminosas, ao passo que o ciclo de Cal- vin ocorre no estroma. Nos tilacoides, moléculas de NADP� e de ADP recebem elétrons e fosfato, respectivamente, formando NADPH e ATP no estroma, onde desempenham papel crucial no ciclo de Calvin. As duas fases da fotossíntese são tratadas nesta figura como módulos metabólicos que recebem ingredientes e liberam produtos. Nossa próxima etapa na compreensão da fo- tossíntese será observar mais de perto como as duas fases funcio- nam, iniciando com as reações luminosas. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Como as moléculas reagentes da fotossíntese chegam aos cloroplastos das folhas? 2. Como a utilização do isótopo de oxigênio auxiliou a escla- recer a química da fotossíntese? 3. E SE...? O ciclo de Calvin necessita dos produtos das reações luminosas, o ATP e o NADPH. Suponha que um colega afirme que o inverso não seja verdadeiro – que as reações luminosas não dependem do ciclo de Calvin e, com luz contínua, poderiam manter a produção de ATP e do NADPH. Você concorda ou não? Explique. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. Luz Cloroplasto NADP+ ADP [CH2O] (Açúcar) Reações luminosas Ciclo de Calvin NADPH ATP + P i H2O O2 CO2 Figura 10.5 � Uma visão geral da fotos- síntese: cooperação das reações luminosas e o ciclo de Calvin. Nos cloroplastos, as mem- branas dos tilacoides são os locais onde ocorrem as reações luminosas. Contudo, o ciclo de Calvin ocorre no estroma. As reações luminosas utilizam a energia solar para produzir ATP e NADPH, que abastecem com energia química e com poder re- dutor, respectivamente, o ciclo de Calvin. O ciclo de Calvin incorpora o CO2 em moléculas orgâni- cas, em seguida convertidas a açúcar. (Lembre-se de que a maior parte dos açúcares simples possui fórmulas que são múltiplos do CH2O.) Uma pequena versão deste diagrama irá apa- recer novamente em várias figuras subsequen- tes, como um lembrete para identificar se os eventos descritos ocorrem nas reações lumi- nosas ou no ciclo de Calvin. B 193 denominado fluorescência. Se uma solução de clorofila isolada de cloroplastos for iluminada, ela irá fluorescer na região do espectro vermelho-alaranjado e emitir calor (Figura 10.11). O fotossistema: um complexo do centro de reações associado aos complexos dos coletores de luz Moléculas de clorofila excitadas pela absorção da energia lumi- nosa em cloroplastos intactos apresentam resultados muito dife- rentes daquelas de pigmentos isolados (ver Figura 10.11). No am- biente nativo da membrana do tilacoide, as moléculas de clorofila estão organizadas juntamente com outras pequenas moléculas orgânicas e proteínas do fotossistema. O fotossistema é formado por um complexo proteico chama- do de complexo do centro de reações, cercado por vários comple- xos dos coletores de luz (Figura 10.12). O complexo do centro de reações inclui um par de moléculas de clorofila a. Cada complexo do coletor de luz consiste em várias moléculas de pigmento (que incluem clorofila a, clorofila b e carotenoides) ligadas a proteínas. O número e a variedade de moléculas de pigmento permitem ao fotossistema coletar luz em uma área maior e uma porção do es- pectro, maior do que qualquer molécula isolada de pigmento po- deria colher. Juntos, esses complexos dos coletores de luz agem como antena para o complexo do centro de reações. Quando uma molécula de pigmento absorve um fóton, a energia é transferida de pigmento a pigmento, dentro de um complexo do coletor de luz, até a sua transferência ao complexo do centro de reações. O com- plexo do centro de reações possui uma molécula capaz de receber elétrons e tornar-se reduzida, sendo chamada de aceptor primário de elétrons. O par de moléculas de clorofila a do complexo do cen- tro de reações é especial devido ao seu ambiente molecular – a sua localização e associação com outras moléculas –, permitindo-lhes utilizar energia luminosa não somente para impulsionar um de seus elétrons a um nível energético maior, mas também para transferi-lo a uma molécula diferente – o aceptor primário de elétrons. A transferência da energia solar de um elétron do par de clo- rofilas a do centro de reação para o aceptor primário de elétrons é a primeira etapa das reações luminosas. Tão logo o elétron da clorofila é excitado a um nível maior de energia, ele é capturado Figura 10.11 � Excitação pela luz de cloro- filas isoladas. (a) A absorção de um fóton causa a transição da molécula de clorofila do estado ba- sal para o estado excitado. O fóton impulsiona um elétron para um orbital de maior energia potencial. Se a molécula afasta-se da iluminação, o seu elétron excitado imediatamente retorna ao orbital do estado basal, e seu excesso de energia é perdido como ca- lor e fluorescência (luz). (b) Uma solução de clorofila excitada com luz ultravioleta fluoresce com um brilho vermelho-alaranjado. E SE...? Se uma folha com concentração de clorofila semelhante à da solução fosse exposta a uma luz ultravioleta, nenhuma fluorescência seria ob- servada. Explique essa diferença na emissão de fluo- rescência entre a solução e a folha. Fóton Fóton (fluorescência) Estado excitado Calor Molécula de clorofila e – (a) E n e rg ia d o e lé tr o n Excitação da molécula de clorofila isolada. (b) Fluorescência. Estado basal M e m b ra n a d o t ila co id e Transferência de energia ESPAÇO DO TILACOIDE (INTERIOR DO TILACOIDE) Moléculas de pigmento Aceptor primário de elétrons Fóton Tilacoide ESTROMAFotossistema Complexo do centro de reações Complexo do coletor de luz Par especial de moléculas de clorofila a e – Figura 10.12 � Como um fotossistema coleta a luz. Quando um fóton atinge uma molécula de pigmento em um complexo do coletor de luz, a energia é transferida de molécula a molécula até chegar ao complexo do centro de reações. Aqui, um elétron excitado de um par especial de mo- léculas de clorofila a é transferido para o aceptor primário de elétrons. 194 C C. pelo aceptor primário de elétrons; essa é uma reação redox. A clo- rofila isolada fluoresce devido à ausência do aceptor de elétrons; os elétrons da clorofila fotoexcitada retornam ao estado basal. No cloroplasto, a energia potencial representada pelo elétron excita- do não é perdida. Assim, cada fotossistema – complexo do centro de reações circundado pelo complexo do coletor de luz – funcio- na como uma unidade. Ele converte a energia luminosa em ener- gia química, que no final será utilizada para a síntese de açúcar. A membrana do tilacoide é povoada por dois tipos de fotos- sistemas que cooperam nas reações luminosas da fotossíntese. Eles são chamados de fotossistema II (PS II) e fotossistema I (PS I). (Eles foram denominados segundo a sua descoberta, con- tudo, o fotossistema II atua primeiro nas reações luminosas.) Cada um tem um complexo do centro de reações característico – um tipo particular de aceptor primário de elétrons próximo a um par especial de moléculas de clorofila a associadas a proteí- nas específicas. A clorofila a do centro de reação do fotossistema II é conhecida como P680, porque esse pigmento absorve a luz visível no comprimento de onda de 680 nm (na região vermelha do espectro). A clorofila a do complexo do centro de reações do fotossistema I é conhecida como P700,porque esse pigmento ab- sorve a luz visível no comprimento de onda de 700 nm (na região do vermelho extremo do espectro). Esses dois pigmentos, P680 e P700, são aproximadamente idênticos quanto à molécula de clo- rofila a. Contudo, suas associações com as proteínas da membra- na do tilacoide afetam a distribuição de elétrons entre esses dois pigmentos e levam a pequenas diferenças em suas propriedades de absorção de luz. Agora vamos ver como os dois fotossistemas trabalham juntos no uso da energia luminosa para gerar ATP e NADPH, os dois principais produtos das reações luminosas. Fluxo linear de elétrons A luz promove a síntese de ATP e NADPH por meio da energização dos dois fotossistemas localizados nas membranas dos tilacoides do cloroplasto. A explicação dessa transformação energética é o flu- xo de elétrons ao longo dos fotossistemas e de outros componen- tes moleculares presentes na membrana do tilacoide. Esse fluxo, denominado fluxo linear de elétrons, ocorre durante as reações luminosas do fotossistema, como apresentado na Figura 10.13. Os números no texto correspondem à numeração das etapas na figura. 1 Um fóton de luz atinge uma molécula de pigmento no com- plexo do coletor de luz, impulsionando um de seus elétrons para um nível maior de energia. Quando esse elétron retor- na ao seu estado basal, outro elétron em uma molécula de pigmento vizinha é simultaneamente impulsionado a um estado excitado. O processo continua com a energia sendo transferida para outras moléculas de pigmentos, até chegar às moléculas do par de clorofilas a P680 do complexo do centro de reações do fotossistema PS II. Isso excita um elé- tron desse par de clorofilas a um estado de maior energia. 2 Este elétron é transferido do P680 excitado para o aceptor primário de elétrons. Vamos nos referir ao P680 sem o elétron como P680�. 3 Uma enzima catalisa a ruptura da molécula de água, libe- rando dois elétrons, dois íons de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Os elétrons são fornecidos um a um para o par P680�, cada elétron substituindo outro transferido para o aceptor primário de elétrons. (O P680� é o maior agente oxidante biológico que se conhece; seu “vazio” deve ser preenchido. Isso facilita grandemente a transfe- rência de elétrons a partir da molécula de água rompida.) O átomo de oxigênio se combina imediatamente com ou- tro átomo de oxigênio gerado pela quebra de outra molé- cula de água, formando O2. 4 Cada elétron fotoexcitado passa do aceptor primário de elétrons do PSII para o PSI por meio de uma cadeia de transporte de elétrons, possuindo componentes seme- lhantes àqueles da cadeia de transporte de elétrons que funciona na respiração celular. A cadeia de transporte de elétrons entre o PSII e o PSI é constituída pela plastoqui- nona carreadora de elétrons (Pq), de um complexo cito- cromo e de uma proteína chamada de plastocianina (Pc). 5 A “queda” exergônica dos elétrons para um nível mais baixo de energia fornece energia para a síntese de ATP. Quando os elétrons passam através do complexo citocro- mo, o bombeamento de prótons forma um gradiente de prótons posteriormente utilizado na quimiosmose. 6 Enquanto isso, a energia luminosa foi transferida pelos pigmentos complexos do coletor de luz para o complexo do centro de reações do PSI, excitando um elétron do par de moléculas de clorofila a P700 ali localizados. O elétron fotoexcitado foi então transferido para o PS, seu aceptor primário de elétrons, criando um “vazio” de elétrons no P700 – o qual podemos chamar de P700�. Em outras pa- lavras, o P700� pode agir agora como aceptor de elétron, aceitando um elétron que chega do PSII, ao final da ca- deia de transporte de elétrons. 7 Os elétrons fotoexcitados são transferidos em uma série de reações redox a partir do aceptor primário de elétrons do PSI, para uma segunda cadeia de transporte de elétrons através da proteína ferredoxina (Fd). (Essa cadeia não gera um gradiente de prótons e assim, não produz ATP.) 8 A enzima NADP� – redutase catalisa a transferência de elétrons da Fd para o NADP�. São necessários dois elé- trons para sua redução a NADPH. Essa molécula possui maior nível de energia do que a água, e os elétrons são mais facilmente disponibilizados para as reações do ciclo de Calvin do que aqueles da água. Embora o esquema apresentado na Figura 10.13 seja com- plicado, não perca de vista a sua função. As reações luminosas utilizam a energia solar para gerar ATP e NADPH, que fornecem energia química e poder redutor, respectivamente, para as rea- ções de síntese de carboidrato do ciclo de Calvin. As modifica- ções de energia dos elétrons, enquanto eles passam através das reações luminosas, são apresentadas na Figura 10.14 em forma de analogia mecânica. B 195 Fluxo cíclico de elétrons Em certos casos, os elétrons fotoexcitados podem tomar um ca- minho alternativo chamado de fluxo cíclico de elétrons, que uti- liza o fotossistema I, mas não o fotossistema II. Vemos na Figura 10.15, na página seguinte, que o fluxo cíclico é um circuito curto: os elétrons circulam da ferredoxina (Fd) para o complexo cito- cromo e, dali, para uma clorofila P700 do complexo do centro de reação do PS I. Não existe produção de NADPH, nem ocorre a liberação de oxigênio; contudo, o fluxo cíclico gera ATP. Vários grupos de bactérias fotossintetizantes atuais possuem o fotossistema I, mas não o fotossistema II; nessas espécies, que incluem as bactérias sulfurosas púrpuras (ver figura 10.2e), o fluxo cíclico de elétrons é a única via de geração de ATP na fotossíntese. Biólogos evolucionistas acreditam que essas bactérias sejam des- cendentes de bactérias em que a fotossíntese primeiramente se de- senvolveu, em um modelo semelhante ao fluxo cíclico de elétrons. O fluxo cíclico de elétrons também pode ocorrer em espécies fotossintéticas com ambos os fotossistemas; incluindo alguns pro- cariotos como as cianobactérias, apresentadas na Figura 10.2d, bem como nas espécies de eucariotos fotossintéticos estudadas até a presente data. Embora o processo seja provavelmente um tipo de “resquício evolutivo”, claramente confere pelo menos um benef ício NADP+ ADP [CH2O] (açúcar) Reações luminosas Ciclo de Calvin ATP Aceptor primário NADP+ redutase Fd Aceptor primário Cadeia de transporte de elétrons Cadeia de transporte de elétrons Fotossistema IIII (PS IIII) Fotossistema I (PS I) Luz Luz Luz 2 H+ + 1/2 ATP Pc 1 5 6 7 8 4 3 2 Complexo citocromo P680 P700 Pq NADPH NADP+ + H+ e – e – e – e – NADPH e – e – H2O O2 O 2 CO 2 H 2 O Moléculas de pigmento Reações luminosas F ó to n F ó to n e – e – e – e – e – e – e – Fábrica de ATP NADPH Fotossistema IFotossistema II ATP Figura 10.14 � Analogia mecânica das reações luminosas. Figura 10.13 � Como o fluxo linear de elétrons durante as reações luminosas forma ATP e NADPH. As setas douradas de- terminam o fluxo de elétrons induzido pela luz a partir da água até o NADPH. 196 C C. a esses organismos. Plantas mutantes incapazes de realizar o fluxo cíclico de elétrons conseguem crescer bem com pouca luminosi- dade, mas não crescem bem em luz intensa. Isso é um indício de que o fluxo cíclico de elétrons pode ser fotoprotetor, protegendo as células de danos causados pela luz. Adiante vamos aprender mais sobre o fluxo cíclico de elétrons em relação a uma adaptação parti- cular da fotossíntese (plantas C4; ver o item 10.4). Independentemente da síntese do ATP ser promovida pelo fluxo linear ou pelo fluxo cíclico de elétrons, na prática meca- nismo é o mesmo. Antes de avançarmos para o ciclo de Calvin, vamos revisar a quimiosmose, processo que a membrana utiliza para acoplar as reações redox com a produção de ATP. Comparação entre a quimiosmose nos cloroplastos e nas mitocôndrias Cloroplastos e mitocôndrias geram ATP pelo mesmo mecanis- mo básico: quimiosmose. Uma cadeia transportadora de elétrons montada em uma membranabombeia prótons através desta membrana cada vez que elétrons passam através de uma série de carreadores progressivamente mais eletronegativos. Dessa forma, a cadeia de transporte de elétrons transforma a energia redox em uma força motriz de prótons, onde a energia potencial é arma- zenada em forma de gradiente de H� através da membrana. Na mesma membrana, existe um complexo ATP-sintase que acopla a difusão de íons hidrogênio a favor de seu gradiente, a fosfori- lação do ADP. Alguns dos carreadores de elétrons, incluindo as proteínas contendo ferro, chamadas de citocromos, são muito semelhantes tanto nos cloroplastos quanto nas mitocôndrias. O complexo ATP-sintase das duas organelas também são muito pa- recidos. Contudo, existem notáveis diferenças entre a fosforilação oxidativa nas mitocôndrias e a fotofosforilação nos cloroplastos. Nas mitocôndrias, os elétrons de alta energia transportados pela cadeia são extraídos de moléculas orgânicas (portanto oxidadas), enquanto que nos cloroplastos a origem dos elétrons é a água. Os cloroplastos não necessitam de moléculas de alimento para produzir ATP; seus fotossistemas capturam a energia luminosa e a utilizam para direcionar os elétrons da água para o topo da ca- deia de transporte. Em outras palavras, as mitocôndrias utilizam a quimiosmose para transferir a energia química do alimento para a molécula de ATP, e os cloroplastos transformam a energia luminosa em energia química e em ATP. Embora a organização espacial da quimiosmose apresente pequenas diferenças entre cloroplastos e mitocôndrias, é fácil observar semelhanças (Figura 10.16). A membrana interna das Figura 10.15 � Fluxo cíclico de elétrons. Elé- trons fotoexcitados do fotossistema I são ocasional- mente lançados de volta a partir da ferredoxina (Fd) para a clorofila, via complexo citocromo e plastocia- nina (Pc). Estes elétrons desviados complementam o fornecimento de ATP (via quimiosmose), mas não produzem NADPH. O fluxo linear de elétrons aparece sombreado no diagrama, para fins de comparação com a via cíclica. As duas moléculas de ferredoxina apresentadas neste diagrama são, na verdade, a mesma – o carreador final de elétrons da cadeia ele- trônica de transporte do PS I. Fotossistema II Fotossistema I ATP Pq Fd Aceptor primário Pc Complexo citocromo Fd NADP+ redutase NADP+ + H+ NADPH Aceptor primário ATP ADP + H+ H+ Difusão Mitocôndria Cloroplasto Espaço do tilacoide Membrana do tilacoide Estroma ATP- sintase Matriz Membrana interna Espaço intermembrana ESTRUTURA DA MITOCÔNDRIA ESTRUTURA DO CLOROPLASTO Mais alto [H+] P i Mais baixo [H+] Cadeia de transporte de elétrons CHAVE Figura 10.16 � Comparação da quimiosmose nas mitocôndrias e nos cloroplastos. Nos dois tipos de organelas, a cadeia de transporte de elétrons bombeia prótons (H�) através de uma membrana, saindo de uma região de baixa concentração de H� (cinza-claro, neste diagrama) para uma região de alta concentração de H� (cinza-escuro). Os prótons então se difundem de vol- ta através da membrana pela ATP-sintase, promovendo a síntese de ATP. B 197 mitocôndrias bombeia prótons da matriz mitocondrial para o es- paço intermembranas, que funciona como reservatório de íons hidrogênio. A membrana do tilacoide do cloroplasto bombeia prótons do estroma para o espaço do tilacoide (interior do tila- coide), o qual funciona como reservatório de H�. Se você ima- ginar a crista da mitocôndria desprendendo-se da membrana interna, talvez consiga perceber como o espaço do tilacoide e o espaço intermembrana são espaços comparáveis nas duas orga- nelas. Contudo, a matriz mitocondrial e o estroma do cloroplasto são análogos. Na mitocôndria, os prótons se difundem ao longo de um gradiente de concentração do espaço intermembrana por intermédio da ATP-sintase até a matriz, promovendo a síntese de ATP. No cloroplasto, o ATP é sintetizado quando os íons hidrogê- nios se difundem do espaço do tilacoide de volta para o estroma, através do complexo ATP-sintase, no qual as regiões catalíticas estão voltadas para o estroma. Assim, o ATP é formado no es- troma, onde é utilizado pelo ciclo de Calvin durante a síntese de açúcar (Figura 10.17). O gradiente de prótons (H�), ou gradiente de pH, através da membrana do tilacoide é substancial. Quando os cloroplastos são experimentalmente iluminados, o pH do espaço do tilacoide cai para cerca de 5 (aumenta a concentração de H�), e o pH do es- troma é elevado para cerca de 8 (diminui a concentração de H�). Esse gradiente de três unidades de pH corresponde à diferença CO2 Luz Luz 4 H+ +2 H+ 4 H+ ADP + Para o ciclo de Calvin NADP+ + H+ NADP+ redutase Fotossistema I Complexo citocromo ATP- sintase Fotossistema IIII Pq Fd Pc ESTROMA (baixa concentração de H+) ESTROMA (baixa concentração de H+) Membrana do tilacoide ESPAÇO DO TILACOIDE (alta concentração de H+) ATP NADPH 1 2 3 H+ Luz NADPH 1 2 NADP+ ADP [CH2O] (açúcar) Reações luminosas Ciclo de Calvin ATP O 2 H 2 O O 2 H 2 O e – e – P i Figura 10.17 � As reações luminosas e a quimiosmose: a organização da membrana do tilacoide. Este diagrama apresenta um mo- delo atual da organização da membrana do tila- coide. As setas douradas indicam o fluxo linear de elétrons desenhado na figura 10.13. Confor- me os elétrons passam de carreador a carreador nas reações redox, os hidrogênios removidos do estroma são depositados no espaço do tilacoide, armazenando energia em forma de força mo- triz de prótons (gradiente H�). Pelo menos três etapas das reações luminosas contribuem para o gradiente de prótons: 1 A quebra da água pelo fotossistema II na região da membrana vol- tada para o espaço do tilacoide; 2 conforme a plastoquinona (Pq), um carreador móvel, transfe- re elétrons para o complexo citocromo, prótons são translocados através da membrana para o interior do espaço do tilacoide, e 3 um íon hi- drogênio é removido do estroma pela ligação ao NADP�. Observem como, a exemplo do que foi visto na Figura 10.16, os íons hidrogênio estão sendo bombeados do estroma para o interior do espaço do tilacoide. A difusão do H� a partir do espaço do tilacoide de volta para o estroma (ao longo de um gradiente de concentração de H�) fornece energia a ATP-sintase. Essas reações promovidas pela luz armazenam energia química em NADPH e ATP, os quais fornecem a energia para ciclo de Calvin produzir carboidratos. 198 C C. de milhares de vezes na concentração de H�. Se as luzes forem desligadas no laboratório, o gradiente de pH é anulado, mas pode ser rapidamente restaurado se as luzes voltarem a ser ligadas. Ex- perimentos como esse fornecem fortes evidências que suportam o modelo quimiosmótico. Com base em estudos realizados em vários laboratórios, a Figura 10.17 apresenta um modelo atual para a organização da “maquinaria” das reações luminosas no interior da membrana do tilacoide. Cada uma das moléculas e cada um dos complexos moleculares da figura tem numerosas cópias em cada tilacoide. Observe que o NADPH, da mesma forma que o ATP, é produzido na face da membrana voltada para o estroma, onde as reações do ciclo de Calvin ocorrem. Vamos resumir as reações luminosas. O fluxo de elétron empurra os elétrons da água, onde apresentam baixo estado de energia potencial, até o NADPH, onde são armazenados em um estado elevado de energia potencial. A corrente de elétrons im- pulsionada pela luz também produz ATP. Assim, a maquinaria da membrana do tilacoide converte a energia luminosa em ener- gia química armazenada em ATP e NADPH. (O oxigênio é um subproduto.) Vamos ver agora como o ciclo de Calvin utiliza os produtos das reações luminosas para sintetizar açúcar a partir do CO2. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Que cor de luz é menos eficiente na ativação da fotossínte- se? Explique. 2. Comparados a uma solução com clorofila isolada, por que os cloroplastos intactos produzem menos calor efluores- cência quando iluminados? 3. Nas reações luminosas, qual é o doador inicial de elé- trons? Onde os elétrons terminam? 4. E SE...? Em um experimento, cloroplastos isolados co- locados em solução com os componentes adequados po- dem realizar a síntese de ATP. O que aconteceria com a taxa de síntese se fosse adicionado à solução um compo- nente que aumentasse a permeabilidade da membrana aos íons hidrogênio? Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. 10.3 O ciclo de Calvin utiliza ATP e NADPH para converter CO2 em açúcar O ciclo de Calvin é semelhante ao ciclo do ácido cítrico no senti- do de que um material inicial é regenerado após moléculas entra- rem e saírem do ciclo. Contudo, enquanto o ciclo do ácido cítrico é catabólico, oxidando a glicose e utilizando a energia para sinte- tizar ATP, o ciclo de Calvin é anabólico, formando carboidratos a partir de pequenas moléculas e consumindo energia. O carbono entra no ciclo de Calvin na forma de CO2 e sai na forma de açú- car: o ciclo gasta ATP como fonte de energia e consome NADPH como agente redutor, utilizando elétrons de alta energia para a formação de açúcar. Como mencionamos inicialmente, o carboidrato produzido diretamente pelo ciclo de Calvin na verdade não é a glicose, mas um açúcar de três carbonos; o nome desse açúcar é gliceraldeí- do-3-fosfato (G3P). Para a síntese de uma molécula de G3P, o ciclo deve ocorrer três vezes, fixando três moléculas de CO2. (lembre-se de que a fixação de carbono se refere à incorporação inicial do CO2 em um material orgânico). Enquanto rastreamos as etapas do ciclo de Calvin, tenha em mente que estamos acom- panhando três moléculas de CO2 ao longo das reações. A Figura 10.18 divide o ciclo de Calvin em três etapas: fixação de carbono, redução e regeneração do aceptor de CO2. Etapa 1: Fixação de carbono. O ciclo de Calvin incorpo- ra cada molécula de CO2, uma de cada vez, ligando-a a um açúcar de cinco carbonos denominado ribulose-1,5-bifosfato (abreviatura RuBP). A enzima que catalisa a primeira etapa é a RuBP carboxilase, ou rubisco. (Esta é a proteína mais abun- dante nos cloroplastos e também considerada a mais abun- dante no planeta.) O produto da reação é um intermediário de seis carbonos tão instável que imediatamente se divide ao meio, formando duas moléculas de 3-fosfoglicerato (para cada CO2 fixado). Etapa 2: Redução. Cada molécula de 3-fosfoglicerato recebe a adição de um grupo fosfato do ATP, tornando-se 1,3-difos- foglicerato. Em seguida, o NADPH doa um par de elétrons para reduzir o 1,3-difosfoglicerato, o qual também perde um grupo fosfato, tornando-se G3P. Especificamente, os elétrons do NADPH reduzem um grupo carboxila do 1,3-difosfogli- cerato a um grupo aldeído do G3P, que armazena mais ener- gia potencial. O G3P é um açúcar – o mesmo açúcar de três carbonos formado na glicólise pela quebra da glicose (ver Figura 9.9). Observe na Figura 10.18 que para todas as três moléculas de CO2, existem seis moléculas de G3P. Contudo, somente uma molécula desse açúcar de três carbonos pode ser considerada como rendimento líquido de carboidrato. O ciclo de Calvin inicia com um valor de 15 carbonos de car- boidratos na forma de três moléculas do açúcar RuBP, com cinco carbonos cada. Agora, existe um valor de 18 carbonos de carboidrato, na forma de seis moléculas de G3P. Uma mo- lécula deixa o ciclo para ser utilizada pela célula vegetal, mas as outras cinco moléculas de cinco carbonos devem ser reci- cladas para regenerar as três moléculas de RuBP. Etapa 3: Regeneração do aceptor (RuBP) de CO2. Em uma série de reações complexas, o esqueleto de carbono das cinco moléculas de G3P são rearranjados na última etapa do ciclo de Calvin em três moléculas de RuBP. Para realizar isso, o ciclo gasta três moléculas de ATP. Agora o RuBP está prepa- rado para receber novamente o CO2, e o ciclo continua. B 199 Para a síntese líquida de uma molécula de G3P, o ciclo de Cal- vin consome um total de nove moléculas de ATP e seis moléculas de NADPH. As reações luminosas regeneram o ATP e o NADPH. O G3P que sai do ciclo de Calvin é o material inicial de vias meta- bólicas que sintetizam outros compostos orgânicos, incluindo a glicose e outros carboidratos. Tanto as reações luminosas quanto o ciclo de Calvin não podem produzir sozinhos o açúcar a partir do CO2. A fotossíntese é uma propriedade emergente do cloro- plasto intacto, que integra as duas etapas da fotossíntese. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Para sintetizar uma molécula de glicose, o ciclo de Calvin utiliza _____ moléculas de CO2, _____ moléculas de ATP e _____ moléculas de NADPH. 2. Explique por que a grande quantidade de moléculas de ATP e NADPH durante o ciclo de Calvin é compatível com o elevado valor da glicose como fonte de energia. 3. E SE...? Explique por que um veneno que inibe uma enzima do ciclo de Calvin também inibiria as reações lu- minosas. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. Entrada Rendimento 3 CO2 Calvin Cycle 3-Fosfoglicerato 6 1,3-Difosfoglicerato 6 6 Gliceraldeído-3-fosfato (G3P) 6 1 G3P G3P (açúcar) Glicose e outros compostos orgânicos 5 Ribulose-1,5-bifosfato (RuBP) 3 ATP 3 3 ADP 6 ADP ATP 6 6 NADPH 6 NADP+ Fase 3: Regeneração do aceptor de CO2 (RuBP) Fase 2: Redução P P P P P P i P P P Rubisco Fase 1: Fixação de carbono Luz NADPH Intermediário de vida curta (entra um de cada vez) 3 PP NADP+ ADP [CH2O] (açúcar) Reações luminosas Ciclo de Calvin ATP O 2 CO 2 H 2 O Figura 10.18 � O ciclo de Calvin. Este diagrama apresenta os átomos de carbono (esferas cinza) ao longo do ciclo. As três fases do ciclo corres- pondem às fases discutidas no texto. Para cada três moléculas de CO2 que entram no ciclo, a produção líquida é uma molécula de gliceraldeído-3-fos- fato (G3P), um açúcar de três carbonos. As reações luminosas sustentam o ciclo de Calvin regenerando ATP e NADPH. DESENHE Redesenhe este ciclo utilizando numerais, em vez de esferas cinzas, para indicar o número de carbonos, multiplicando em cada etapa para ter certeza que você contou todos os carbonos. Em quais formas os átomos de carbono entram e saem do ciclo? Esta página foi deixada em branco intencionalmente. DICA DO PROFESSOR Os seres autótrofos ou fotossintéticos são os seres que utilizam a energia solar pra promover a síntese de moléculas orgânicas a partir do dióxido de carbono, da água e de outros materiais orgânicos; são denominados de produtores. Na terra, as plantas são os produtores predominantes de alimentos. Assista ao vídeo para compreender como ocorre a fotossíntese! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) As reações luminosas da fotossíntese suprem o ciclo de Calvin com: A) a) energia luminosa. B) b) CO2. C) c) H2O e NADPH. D) d) ATP e NADPH. E) e) Açúcar e O2. 2) Dentre as alternativas a seguir, assinale a CORRETA em relação à distinção entre autótrofos e heterótrofos. A) a) Somente heterótrofos necessitam de compostos químicos do meio ambiente. B) b) A respiração celular é exclusiva dos heterótrofos. C) c) Somente heterótrofos possuem mitocôndrias. D) d) Os autótrofos, mas não os heterótrofos, conseguem se nutrir utilizando inicialmente CO2 e outros nutrientes inorgânicos. E) e) Somente os heterótrofos necessitam de oxigênio. 3) Com relação ao ciclo de Calvin é CORRETO afirmar que ocorre no(a): A) a) mitocôndria. B) b) membrana dos tilacoides. C) c) estroma dos cloroplastos. D) d) forma ATP e NADPH. E) e) presença de luz solar. 4) As reações luminosas da fotossíntese ocorre na: A) a) produção de açúcar. B) b) fixação do carbono. C) c) utilização de uma molécula de oxigênio. D) d) quebra de uma molécula de água. E) e) quebra de uma molécula de açúcar. 5) Os autótrofos são seres que produzem seu próprio alimento. Sobre isso, é CORRETO afirmar que: A) a) todos os protistas são heterótrofos. B) b) as cianobactérias são heterótrofas. C)c) as plantas verdes são heterótrofas. D) d) os seres autótrofos são os produtores da biosfera. E) e) os seres heterótrofos são os produtores da biosfera. NA PRÁTICA Veja agora como a fotossíntese é importante para redução da poluição. Figura 2 A Fotossíntese. Leia aqui SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Sistemática Vegetal WALTER, Judd, S; CAMPBELL, Christopher, S. et al. Sistemática vegetal:um enfoque filogenético. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. (Cap. 1) Tratado de Botânica de Strasburger BRESINSKY, Andreas; KÖRNER, Christine. et al. Tratado de Botânica de Strasburger. 36. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. Capítulo 1 Fotossíntese. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! http://www.aquecimento.cnpm.embrapa.br/conteudo/prevencao_fotossintese.htm Embrapa - Agrobiologia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Mecanismos de Evolução APRESENTAÇÃO Você não acha impressionante as semelhanças entre os grandes primatas como os orangotangos, gorilas, chimpanzés, bonobos e os seres humanos? As semelhanças vão além das visíveis. Nós e os chimpanzés compartilhamos 99,4% de similaridade do DNA. Então como nos tornamos diferentes deles? Nós éramos macacos e nos tornamos seres humanos? A resposta é não. Os seres humanos e os primatas atuais tiveram um ancestral comum há, aproximadamente, 7 milhões de anos atrás. Somos produtos da evolução e, portanto, somos formas descendentes de espécies ancestrais que já desapareceram. Nesta Unidade de Aprendizagem você poderá entender melhor como as modificações nos seres vivos permitem adaptações e sobrevivência das espécies. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Contrastar a Teoria Evolucionista de Darwin, com outras teorias sobre a origem das espécies. • Reconhecer alguns órgãos vestigiais e sua importância na evolução.• Apontar as evidências científicas que sustentam a Teoria da Evolução.• DESAFIO Veja algumas das principais ideias da seleção natural: A seleção natural é um processo em que os indivíduos com certa característica herdada sobrevivem e se reproduzem em uma taxa maior em comparação com outros indivíduos. Ao longo do tempo, a seleção pode melhorar a relação do organismo com o seu ambiente. Se o ambiente mudar, ou se os indivíduos mudarem para um novo ambiente, a seleção natural talvez leve à adaptação dos organismos a essas novas condições, dando origem a novas espécies, ao longo de todo o processo. Agora veja o experimento realizado por um pesquisador da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, nos Estados Unidos. Ele estudou o impacto de predadores sobre um pequeno peixe de água doce, comum em aquários domésticos, o peixe barrigudinho (Poecilia reticulata). Ele observou que na população selvagem de barrigudinhos em Trinidad o padrão de coloração dos machos é tão diverso que nenhum deles se parece com o outro. Essas cores altamente variáveis são controladas por um grupo de genes que, na natureza, se expressam somente em machos adultos. As fêmeas de barrigudinhos são atraídas por machos com cores mais brilhantes e, em geral, preferem procriar com os mais coloridos, do que com aqueles com as cores mais apagadas. No entanto, as cores vibrantes que atraem as fêmeas também atraem os predadores. Assim, se uma população possui machos com cores vibrantes e apagadas, provavelmente os predadores irão atacar os mais brilhantes. Para testar esta hipótese, o pesquisador transferiu barrigudinhos brilhantes para um ambiente com muitos predadores. Como ele previu, ao longo do tempo, a população transferida adquiriu cores mais apagadas. No entanto, você sabe que os genes dos barrigudinhos que produzem cores mais brilhante ainda estão presentes na prole. Seu desafio será propor um experimento em que esses barrigudinhos, com cores mais apagadas, voltem a produzir proles de indivíduos mais brilhantes. INFOGRÁFICO Darwin observou uniformidade na vida, atribuída por ele à descendência de todos os organismos a um ancestral que viveu num passado distante. Figura 1 CONTEÚDO DO LIVRO Observando os seres vivos, é possível perceber que eles apresentam modos surpreendentes para se adaptarem à vida em seus ambientes. Leia os trechos selecionados do livro Biologia, de Campbell et al., e aprofunde os seus conhecimentos acerca do assunto! Boa leitura. Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à ARTMED® EDITORA S.A. Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 Porto Alegre RS Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. SÃO PAULO Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 - Pavilhão 5 - Cond. Espace Center Vila Anastácio 05095-035 São Paulo SP Fone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Obra originalmente publicada sob o título Biology, 8th Edition ISBN 9780805368444 Authorized translation from the English language edition, entitled BIOLOGY, 8th Edition, by NEIL A. CAMPBELL and JANE B. REECE, published by Pearson Education, Inc., publishing as Benjamin Cummings, Copyright © 2008. All rights reserved. No part of this book may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or by any information storage retrieval system, without permission from Pearson Education, Inc. Portuguese language edition published by Artmed Editora, Copyright © 2010. Tradução autorizada a partir do original em língua inglesa da obra intitulada BIOLOGY, 8ª EDIÇÃO, de autoria de NEIL A. CAMPBELL e JANE B. REECE, publicado por Pearson Education, Inc., sob o selo de Benjamin Cummings, Copyright © 2008. Todos os direitos reservados. Este livro não poderá ser reproduzido nem em parte nem na íntegra, nem ter partes ou sua íntegra armazenada em quaisquer meios, seja mecânico ou eletrônico, inclusive fotocópia, sem permissão da Pearson Education, Inc. A edição em língua portuguesa desta obra é publicada por Artmed Editora, Copyright © 2010. Capa: Mário Röhnelt Preparação de originais: Henrique de Oliveira Guerra Leitura final: Magda Regina Chaves Editora Sênior – Biociências: Letícia Bispo de Lima Editora Júnior – Biociências: Carla Casaril Paludo Editoração eletrônica: Techbooks Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 C187b Campbell, Neil. Biologia [recurso eletrônico] / Neil Campbell, Jane Reece; tradução Daniel Lorenzini ... [et al.]. – 8. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2010. Editado também como livro impresso em 2010. ISBN 978-85-363-2351-0 1. Biologia. I. Reece, Jane. II. Título. CDU 573 C O N C E I T O S - C H A V E 22.1. A revolução darwiniana contestou visões tradicionais de uma Terra jovem habitada por espécies imutáveis 22.2. A descendência com modificação por seleção natural explica as adaptações dos organismos, bem como a uniformidade e a diversidade da vida 22.3. A evolução é sustentada por uma quantidade expressiva de evidências científicas V I S à O G E R A L Formas infinitas e maravilhosas O besouro Onymacris unguicularis habita a costa do deserto da Namíbia, no sudoeste africano, região onde os nevoeiros são co- muns, mas as chuvas são raríssimas. Para obter a água necessária à sua sobrevivência, esse besouro apresenta o comportamento peculiar de “ficar de cabeça para baixo” (Figura 22.1). Inclinando a cabeça para baixo, o besouro fica de frente para o vento que sopra o nevoeiro pelas dunas. Gotículas de água da neblina con- densam sobre o corpo do besouro e escorrem até a sua boca. Esse besouro compartilha muitas características com as mais de 350.000espécies de besouros que vivem na Terra, incluin- do seis pares de patas, carapaça rígida e dois pares de asas. No entanto, como pode existir tanta diversidade em besouros? O besouro Onymacris unguicularis e seus parentes ilustram três observações essenciais sobre a vida: os modos surpreendentes com que os organismos se adaptam à vida em seus ambientes; as várias características vitais compartilhadas (uniformidade); e a rica diversidade da vida. Há um século e meio, Charles Darwin desenvolveu uma explicação científica para essas três observa- ções. Quando ele publicou suas hipóteses no livro A origem das espécies, Darwin provocou uma revolução científica – a era da biologia evolutiva. Por ora, vamos definir evolução como descendência com mo- dificação, expressão utilizada por Darwin ao propor que as várias espécies que vivem na Terra descendem de espécies ancestrais diferentes das espécies atuais. A evolução pode também ser de- finida, mais precisamente, como uma alteração na composição genética de uma população que ocorre de geração para geração, como vamos abordar no Capítulo 23. Independente de uma visão ampla ou mais específica, podemos encarar a evolução de duas maneiras diferentes, mas relacionadas: como padrão e como pro- cesso. O padrão de modificação evolutiva é revelado por dados oriundos de diferentes disciplinas científicas incluindo biologia, geologia, f ísica e química. Esses dados são fatos – observações do mundo natural. O processo da evolução consiste nos mecanismos que produzem o padrão de mudança observado. Esses mecanis- mos representam causas naturais dos fenômenos naturais que observamos. Assim, o poder da evolução como teoria unificadora é a sua habilidade em explicar e conectar a vasta gama de obser- vações do mundo vivo. Como todas as teorias gerais em ciência, continuamos a tes- tar a nossa teoria da evolução, examinando se ela pode explicar tanto novas observações como resultados experimentais. Neste e nos capítulos seguintes, vamos examinar como descobertas em curso modelam a nossa visão atual do padrão e processo de evo- lução. Para começar, primeiro vamos refazer a busca de Darwin para explicar as adaptações, a uniformidade e a diversidade das “infinitas e maravilhosas formas de vida”. 22.1 A revolução darwiniana contestou visões tradicionais de uma Terra jovem habitada por espécies imutáveis O que levou Darwin a contestar as visões correntes de sua época sobre a Terra e seus seres vivos? A sua proposta revolucionária, na verdade, tem raízes no trabalho de várias pessoas (Figura 22.2). Scala naturae e a classificação das espécies Muito antes de Darwin nascer, vários filósofos gregos sugeriram que a vida poderia mudar gradualmente ao longo do tempo. Mas um filósofo de grande influência na jovem ciência ocidental, Figura 22.1 � Como este besouro consegue sobreviver no deser- to? E o que ele está fazendo? 22Descendência com Modificação: Uma Visão Darwiniana da Vida B 453 Aristóteles (384-322 a.C.), considerou as espécies como unidades fixas (incapazes de sofrer mudanças). Por meio de suas observa- ções da natureza, Aristóteles reconheceu certas “afinidades” en- tre os organismos. Concluiu que as formas de vida poderiam ser organizadas em uma escada ou escala com aumento de complexi- dade, mais tarde chamada de scala naturae (escala da vida). Cada forma de vida, perfeita e permanente, tinha o seu determinado lugar nesta escada. Essas ideias coincidiram com o criacionismo, mencionado no Velho Testamento, que postula que as espécies foram individual- mente desenhadas por Deus e, portanto, são perfeitas. No século XVIII, muitos cientistas interpretaram a adaptação dos organis- mos aos ambientes como evidência de que o Criador desenhou cada espécie com uma finalidade. Um desses cientistas foi Carolus Linnaeus (1707-1778), f ísico e botânico sueco que procurou classificar a diversidade da vida, em suas palavras, “para a grande glória de Deus”. Lin- naeus desenvolveu o sistema binomial de designar organismos de acordo com gênero e espécie, ainda utilizado atualmente. Ao contrário da hierarquia linear observada na scala naturae, Linnaeus utilizou um sistema de classificação em grupos, reu- nindo espécies semelhantes em categorias gerais. Por exemplo, espécies semelhantes são agrupadas no mesmo gênero, gêneros semelhantes são reunidos na mesma família e assim por diante (ver Figura 1.14). Linnaeus não relacionou as semelhanças entre as espécies a um parentesco evolutivo, mas sim a seu padrão de criação. No entanto, um século mais tarde, o seu sistema de classificação teria importante papel no raciocínio de Darwin para a evolução das espécies. Ideias sobre mudança ao longo do tempo Darwin retirou muitas de suas ideias do trabalho de cientistas que estudavam fósseis, retos ou traços de organismos do passa- do. Muitos fósseis são encontrados em rochas sedimentares for- madas por areia e lama depositadas no fundo do mar, de lagos e de outros ambientes aquáticos (Figura 22.3). Novas camadas de sedimento cobrem as antigas camadas e as comprimem em camadas de rocha chamadas de estratos. Os fósseis de um deter- minado estrato fornecem pistas sobre organismos que povoavam Revolução FrancesaRevolução Americana 1750 1800 1850 1900 1809 Lamarck publica suas hipóteses de evolução. 1830 Lyell publica Princípios de geologia. 1831–1836 Darwin viaja ao redor do mundo no HMS Beagle. 1837 Darwin começa seus apontamentos. 1844 Darwin escreve seu ensaio sobre descendência com modificação. 1858 Wallace envia as suas hipóteses para Darwin. 1859 O livro A origem das espécies é publicado. 1795 Hutton propõe teoria do gradualismo. 1798 Malthus publica “Ensaio sobre o princípio da população”. Guerra Civil dos Estados Unidos Wallace (evolução, seleção natural) Darwin (evolução, seleção natural) Lyell (geologia moderna) Cuvier (fósseis, extinções) Malthus (limites de população) Hutton (mudança geológica gradual) Linnaeus (classificação) Lamarck (espécies podem mudar) Figura 22.2 � Contexto histórico da vida e das ideias de Darwin. As barras em azul-escuro represen- tam a vida de alguns indivíduos cujas ideias contribuíram para o pensamento de Darwin sobre a evolução. Estrato velho com fósseis antigos Estrato jovem com fósseis recentes 1 Rios carregam sedimento para o mar e banhados. Ao longo do tempo, camadas de rochas sedimentares (estratos) se formam debaixo da água. Alguns desses estratos possuem fósseis. 2 À medida que o nível de água muda e o mar desce, os estratos e seus fósseis são expostos. Figura 22.3 � Formação de estrato sedimentar com fósseis. 454 C C. a Terra quando aquela determinada camada foi formada. Mais tarde, o estrato superior (mais jovem) pode ser erodido, revelan- do um estrato mais profundo (mais antigo) que estava enterrado. A paleontologia – o estudo dos fósseis – foi amplamente desenvolvida pelo cientista francês Georges Cuvier (1769-1832). Ao examinar estratos geológicos perto de Paris, Cuvier observou que quanto mais antigo o estrato, mais distintas eram as formas de vida em comparação aos organismos atuais. Ele também ob- servou que espécies novas surgiam de uma camada para outra, ao passo que outras não eram mais encontradas. Então sugeriu que as extinções deveriam ser comuns na história da vida. No entanto, Cuvier se opôs firmemente à ideia de evolução. Para explicar as suas observações, ele utilizou o princípio do catas- trofismo, que postula que eventos no passado ocorreram repen- tinamente causados por mecanismos diferentes dos que operam no presente. Cuvier especulou que cada limite entre os estratos representava uma catástrofe; por exemplo, enchentes que po- deriam ter matado muitas espécies naquela época. Ele propôs que essas catástrofes periódicas estavam geralmente restritas a determinadas regiões, as quais eram repovoadas por espécies imigrantes de outras áreas. Em contraste, outros cientistassugeriram que mudanças profundas poderiam ocorrer através do efeito cumulativo de um processo lento e contínuo. Em 1795, o geólogo escocês James Hutton (1726-1797) sugeriu que as características geológicas da Terra poderiam ser explicadas por um mecanismo gradual ainda operante. Por exemplo, ele sugeriu que vales eram frequentemen- te formados por rios que corriam através de rochas, que por sua vez continham fósseis marinhos formados quando sedimentos terrestres haviam sido carregados do rio para o mar, enterrando organismos marinhos mortos. Charles Lyell (1797-1875), o prin- cipal geólogo da época de Darwin, incorporou o pensamento de Hutton no seu princípio do uniformitarianismo, que postulava que os mecanismos de mudança são constantes ao longo do tem- po. Lyell propôs que os mesmos processos geológicos operam no mesmo ritmo tanto hoje quanto no passado. As ideias de Hutton e Lyell influenciaram fortemente o pen- samento de Darwin. Darwin concordou que, se as mudanças ge- ológicas resultam de ações lentas mas contínuas, e não de even- tos repentinos, a Terra deveria ser muito mais antiga do que o estimado (poucos milhares de anos). Um exemplo disso seria o tempo gasto por um rio para formar um cânion por erosão. Mais tarde, ele sugeriu que talvez processos lentos e sutis pudessem também produzir mudanças biológicas substanciais. No entanto, Darwin não foi o primeiro a aplicar a ideia de mudança gradual à evolução biológica. A hipótese evolutiva de Lamarck Durante o século XVIII, muitos naturalistas (incluindo o avô de Darwin, Erasmus Darwin) sugeriram que a vida evoluía à medida que os ambientes mudavam. Mas somente um dos predecessores de Charles Darwin propôs um mecanismo para como a vida muda ao longo do tempo: o biólogo francês Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829). Infelizmente, Lamarck é lembrado hoje não por sua visão pioneira de que mudanças evolutivas explicam padrões em fósseis e a adptação dos organismos a seus ambientes, mas pelo mecanismo incorreto que ele propôs de como a evolução ocorre. Lamarck publicou sua hipótese em 1809, o ano em que Da- rwin nasceu. Comparando espécies vivas com fósseis, descobriu o que pareciam ser linhas de descendência, cada linha represen- tada por uma série de fósseis antigos e recentes que levariam à espécie atual. Lamarck explicou a sua descoberta utilizando dois princípios. O primeiro foi o princípio do uso e desuso. Esse prin- cípio postulava que partes do corpo utilizadas extensivamente se tornam maiores e mais fortes, e aquelas que não são usadas acabam deteriorando. Como exemplo ele citou a girafa estican- do o seu pescoço para alcançar folhas nos ramos mais altos das árvores. O segundo princípio foi o da herança de característi- cas adquiridas que defendia que um organismo poderia passar essas modificações à prole. Lamarck explicou que o pescoço musculoso e longo da girafa teria evoluído ao longo de várias gerações desses animais que precisaram desse tipo de pescoço para sobreviver. Lamarck também pensou que a evolução acontecia porque os organismos tinham força inata para se tornarem mais com- plexos. Darwin rejeitou essa ideia, mas também acreditou que variações poderiam ser introduzidas no processo evolutivo por meio da herança de características adquiridas. Atualmente, nosso conhecimento de genética refuta esse mecanismo: não existem evidências de que características adquiridas podem ser herdadas do modo proposto por Lamarck (Figura 22.4). Lamarck foi fortemente criticado por suas ideias, especial- mente por Cuvier, que negava que as espécies poderiam evoluir. Lamarck, no entanto, merece crédito por reconhecer que a cor- respondência entre organismos e meio ambiente pode ser expli- cada por mudanças evolutivas graduais e, também, por propor mecanismos para testar essas mudanças. Figura 22.4 � Características adquiridas não podem ser herda- das. Este bonsai foi “treinado” através de poda para não crescer. No en- tanto, sementes desta árvore produzem prole de tamanho normal. B 455 R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Como as ideias de Hutton e Lyell influenciaram o pensa- mento de Darwin sobre evolução? 2. E SE...? No Capítulo 1, aprendemos que hipóteses científicas devem ser testáveis e podem ser rejeitadas. Aplicando esse critério, as explicações de Cuvier sobre o registro fóssil e as hipóteses de Lamarck sobre evolução são científicas? Explique a sua resposta para cada caso. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. 22.2 A descendência com modificação por seleção natural explica as adaptações dos organismos, bem como a uniformidade e a diversidade da vida No início do século XIX, acreditava-se que as espécies não so- friam modificações desde a sua criação. No entanto, algumas dúvidas sobre essa condição imutável das espécies estavam apa- recendo, mas ninguém poderia prever a tempestade que se for- ma no horizonte. Como Charles Darwin acendeu o estopim para uma visão revolucionária da vida? A pesquisa de Darwin Charles Darwin (1809-1882) nasceu em Shrewsbury, no Oeste da Inglaterra. Desde menino, apresentou grande interesse pela natureza. Quando não estava lendo livros sobre natureza, estava pescando, caçando ou colecionando insetos. O pai de Darwin, que era médico, não conseguia ver grande futuro para o seu filho como naturalista, então o matriculou na Faculdade de Medicina de Edimburgo. No entanto, Charles achava a medicina entedian- te, e a cirurgia antes do surgimento da anestesia, horripilante. Ele abandonou os estudos de Medicina e entrou na Universidade de Cambridge com a intenção de ser tornar um clérigo (naquela época na Inglaterra muitos cientistas pertenciam à Igreja). Em Cambridge, Darwin se tornou um protegido do reveren- do John Henslow, professor de botânica. Logo após a formatura de Darwin, Henslow recomendou-o ao capitão Robert FitzRoy, que preparava o barco de pesquisa HMS Beagle para uma longa viagem ao redor do mundo. Darwin pagaria as suas despesas e faria companhia ao jovem capitão. FitzRoy aceitou Darwin por sua escolaridade e também por serem de mesma classe social e quase da mesma idade. A viagem do Beagle Darwin embarcou no Beagle na Inglaterra em dezembro de 1831. A missão inicial era catalogar trechos pouco conhecidos da costa da América do Sul (Figura 22.5). Enquanto a tripulação do barco fazia o levantamento da costa, Darwin passou a maior parte do tempo em terra observando e coletando milhares de animais e plantas sul-americanos. Ele observou características que tornavam esses animais e plantas adaptados a diversos ambientes, como flo- restas brasileiras, pampas na Argentina e montanhas nos Andes. Darwin observou que as plantas e animais de regiões tem- peradas da América do Sul eram mais parecidas com espécies do mesmo continente que vivem nos trópicos do que com espé- cies de regiões temperadas da Europa. Além disso, os fósseis que ele encontrou, embora diferentes das espécies existentes, eram caracteristicamente sul-americanos, parecidos com as espécies existentes no continente. OCEANO PACÍFICOPinta Genovesa As Ilhas Galápagos Equator Marchena Fernandina Pinzon Santa Fé São Cristobal Florenza Isabela Santa Cruz Ilhas Daphne Santiago Espanhola 0 40 km 0 40 milhas OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO AMÉRICA DO NORTE Darwin em 1840, após o retorno da viagem. AMÉRICA DO SUL Grã- Bretanha A n d es Terra do Fogo Cabo Horn Cabo da Boa Esperança Equator ÁFRICA EUROPA HMS Beagle no porto. Tasmânia AUSTRÁLIA Nova Zelândia OCEANO PACÍFICO Figura 22.5 � A viagem do HMS Beagle. 456 C C. Darwin também dedicou muito tempo da viagem pensando sobre geologia. Apesar das crises de enjoo, ele leu Princípios de geologia, de autoria de Lyell, a bordo do Beagle. Ele pôde obser- var de perto mudanças geológicas ao presenciar um terremoto na costa do Chile, observando também que as rochas ao longo da costa tinham sido movidas vários metros para cima. Ao encon- trarfósseis de organismos marinhos nas montanhas dos Andes, Darwin sugeriu que rochas contendo esses fósseis deveriam ter chegado ao topo das montanhas por meio de uma série de terre- motos similares ao que ele presenciou. Essas observações refor- çaram o que ele havia lido no livro de Lyell, que a evidência f ísica não apoia a visão tradicional de uma Terra estática e com apenas alguns milhares de anos. O interesse de Darwin pela distribuição geográfica das espé- cies foi estimulado pela parada do Beagle nas Ilhas Galápagos, ar- quipélago vulcânico, localizado perto do Equador a aproximada- mente 900 km a Oeste da América do Sul. Darwin ficou fascinado pelos estranhos organismos que habitavam as ilhas. Os pássaros coletados incluíam vários tipos de tordos que, embora semelhan- tes, pareciam pertencer a espécies diferentes. Alguns eram endê- micos de uma ilha, e outros eram encontrados em ilhas adjacentes. Além disso, embora os animais de Galápagos fossem parecidos com algumas espécies existentes no continente sul-americano, a maioria não tinha sido registrada em nenhum outro lugar do mundo. Darwin, então, sugeriu que Galápagos teria sido coloni- zada por organismos que saíram do continente sul-americano, diversificaram-se e deram origem a novas espécies habitantes das várias ilhas. O foco de Darwin na adaptação Durante a viagem do Beagle, Darwin ob- servou muitos exemplos de adaptações, características dos organismos que au- mentam a sua capacidade de sobrevivência e reprodução em ambientes específicos. Mais tarde, à medida que revisou as suas observações, ele passou a perceber que as adaptações ao ambiente e a origem de novas espécies são processos fortemente relacionados. Era possível uma nova espé- cie se originar de uma forma ancestral por acúmulo gradual de adaptações a diferen- tes ambientes? Por meio de estudos desen- volvidos anos após a viagem de Darwin, biólogos concluíram que foi exatamente isso que ocorreu ao diverso grupo de tenti- lhões de Galápagos discutido no Capítulo 1 (ver Figura 1.22). Os vários bicos e com- portamentos dos tentilhões são adapta- ções aos alimentos específicos disponíveis nas ilhas que eles habitam (Figura 22.6). Darwin entendeu que a explicação para essas adaptações era essencial para a com- preensão da evolução. Como veremos futuramente, suas expli- cações de como essas adaptações surgiram estão centralizadas no conceito de seleção natural – processo no qual indivíduos com certas características herdadas deixam mais descendentes do que indivíduos com outras características. No início da década de 1840, Darwin já tinha detalhado os principais aspectos de sua hipótese. Ele organizou todas as suas ideias em 1844, quando escreveu um longo artigo sobre descen- dência com modificação e o seu principal mecanismo, a seleção natural. No entanto, estava receoso de publicar as suas ideias, aparentemente porque previa o tumulto que elas causariam. À medida que adiava a publicação do seu artigo, ele continuava a agregar evidências que sustentariam a sua hipótese. Pela metade da década de 1850, Darwin descreveu suas ideias a Lyell e a al- guns outros cientistas. Lyell, apesar de não estar convencido da existência de evolução, sugeriu que Darwin publicasse as suas ideias antes que alguém chegasse às mesmas conclusões e as pu- blicasse primeiro. Em junho de 1858, as previsões de Lyell se tornaram reali- dade. Darwin recebeu um manuscrito de Alfred Russel Wallace (1823-1913), naturalista inglês que estava trabalhando nas Índias Orientais e havia desenvolvido uma hipótese de seleção natural semelhante à de Darwin. Wallace pediu a Darwin para avaliar o seu artigo e também para enviá-lo a Lyell se merecesse ser publi- cado. Darwin concordou e escreveu para Lyell dizendo: “Você ti- nha razão... Nunca vi uma coincidência tão grande... toda a minha originalidade, qualquer que fosse, foi destruída”. Lyell e um colega apresentaram o artigo de Wallace junto com trechos do artigo de Darwin, não publicado e escrito em 1844, à Linnean Society of (a) Dieta de cactos. O bico longo e afiado do tentilhão dos cactos (Geospiza scandens) ajuda a ave a rasgar e comer as flores e a polpa dos cactos. (b) Dieta de insetos. O tentilhão canoro (Certhidea olivacea) utiliza o seu bico pontudo para se alimentar de insetos. (c) Dieta de sementes. O tentilhão grande dos Galápagos (Geospiza magnirostris) possui bico grande adaptado para quebrar sementes que caem das plantas. Figura 22.6 � Variação no bico dos tentilhões de Galápagos. As ilhas Galápagos abrigam mais de doze espécies de tentilhões relacionadas entre si, presentes, às vezes, em apenas uma ilha. As diferenças mais marcantes entre eles são os bicos adaptados a dietas específicas. B 457 London em 1o de julho de 1858. Darwin rapidamente terminou o seu livro com o título de Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural (amplamente conhecido como A origem das espécies) e publicou-o no ano seguinte. Embora Wallace tivesse publicado as suas ideias antes de Darwin, ele o admirava e achava que, como Darwin havia desenvolvido a ideia de seleção natural, ele deveria ser conhecido como seu principal descobridor. Em aproximadamente uma década, o livro de Darwin com suas hipóteses tinha convencido a maioria dos biólogos de que a diversidade da vida é um produto da evolução. Darwin obteve sucesso onde outros evolucionistas não conseguiram, principal- mente porque apresentou um mecanismo científico plausível com lógica perfeita e uma avalanche de evidências. A origem das espécies No seu livro, Darwin desenvolveu duas ideias principais: a descendência com modificação explica a uniformidade e a diversidade da vida, e a seleção natural mostra a correspon- dência entre os organismos e seu hábitat. Descendência com modificação Na primeira edição de A origem das espécies, Darwin nunca utilizou a palavra evolução (embora a palavra final do livro seja “evo- luiu”). Ao contrário, ele discutiu a descendên- cia com modificação, a expressão que resume a sua percepção da vida. Darwin observou uniformidade na vida, atribuída por ele à descendência de todos os organismos de um ancestral comum que viveu em um passado distante. Também considerou que, como os descendentes desse organismo ancestral vive- ram em vários hábitats ao longo de milhões de anos, eles teriam acumulado diversas mu- danças (ou adaptações) que os adaptaria a modos de vida específicos. Darwin sugeriu que durante longos períodos, a descendência com modificação levaria a uma rica diversi- dade de vida que se observa atualmente. Darwin vislumbrou a história da vida como uma árvore, com muitos ramos que saíam de um tronco comum para as pontas de novos galhos (Figura 22.7). As pontas dos galhos representariam a diversidade de or- ganismos atuais. Cada bifurcação da árvore representaria um ancestral de todas as linhas evolutivas que posteriormente se ramifica- riam nesse ponto. Como está representado na árvore da Figura 22.8, espécies relacionadas entre si como os elefantes asiáticos e africanos são muito semelhantes, pois compartilham a mesma linha de descendência até a recente se- Barytherium Mamute Stegodon Platybelodon Mammuthus Deinotherium Moeritherium Hyracoidea (híraces) Sirenia (peixes-boi e parentes) 34 24 Milhões de anos atrás Anos atrás 5,5 2 104 0 Elephas maximus (Ásia) Loxodonta africana (África) Loxodonta cyclotis (África) Figura 22.8 � Descendência com modificação. Esta árvore evolutiva dos elefantes e seus parentes baseia-se principalmente em fósseis – sua anatomia, ordem de surgimento nos estratos e distribuição geográfica. Observe que a maioria dos ramos de descendentes termina em extinção. (A linha do tempo não está em escala.) ? Com base na árvore apresentada, aproximadamente quando viveu o mais recente ancestral compartilhado por mamutes, elefantes asiáticos e elefantes africanos? Figura 22.7 � “Eu pen- so...” Neste rascunho de 1837,Darwin previu o pa- drão de ramificação da evo- lução. 458 C C. paração do ancestral comum. Observe que sete linhagens relacio- nadas aos elefantes foram extintas nos últimos 30 milhões de anos. Desse modo, não existem espécies vivas que completem essa lacu- na entre os elefantes e os parentes mais próximos, os peixes-boi e os híraces. De fato, muitos ramos da evolução, mesmo os maiores, são beco sem saídas: os cientistas estimam que mais de 99% de todas as espécies que já existiram estão hoje extintas. Em seu esforço de classificação, Linnaeus percebeu que alguns organismos são mais semelhantes entre si em comparação com outros, mas não relacionou essa semelhança com evolução. No en- tanto, por ter reconhecido que a diversidade dos organismos pode ser organizada em “grupos subordinados a outros grupos” (expres- são de Darwin), o sistema de Linnaeus combinava bem com a hi- pótese de Darwin. Para Darwin, a hierarquia de Linnaeus reflete a ramificação da árvore da história da vida, com organismos em vários níveis se relacionando através de ancestrais comuns. Seleção artificial, seleção natural e adaptação Darwin propôs o mecanismo de seleção natural para explicar os padrões observáveis de evolução. Ele construiu seu argumento cuidadosamente, para persuadir o leitor mais cético. Primeiro, discutiu exemplos conhecidos de cruzamento seletivo de plantas e animais domesticados. Os humanos têm modificado outras es- pécies ao longo de gerações por meio da seleção e do cruzamento de indivíduos com características desejadas – processo chamado de seleção artificial (Figura 22.9). Como resultado da seleção artificial, plantas cultivadas e animais de rebanho ou estimação apresentam pouca semelhança com os seus ancestrais selvagens. Darwin então descreveu quatro observações da natureza, das quais fez duas inferências: Observação #1: Membros de uma população geralmente possuem grande variação em suas características (Figura 22.10). Observação #2: Características são herdadas dos pais pela prole. Observação #3: Todas as espécies são capazes de produ- zir uma prole maior do que o ambiente pode suportar (Fi- gura 22.11). Observação #4: Devido à falta de alimento ou outro re- curso, muitos descendentes não sobrevivem. Inferência #1: Indivíduos que herdaram características que conferem maior probabilidade de sobrevivência e re- produção em dado ambiente tendem a deixar mais des- cendentes do que outros indivíduos. Inferência #2: Essa diferença na habilidade dos indivíduos em sobreviver e reproduzir levará ao acúmulo de caracte- rísticas favoráveis na população ao longo de gerações. Darwin observou a importante relação entre a seleção natural e a capacidade dos organismos produzirem muitos descendentes. Ele começou a fazer essa conexão após ler o artigo do economista Thomas Malthus que sugeria que a maior parte do sofrimento da humanidade – doença, fome e guerra – seria consequência do potencial de crescimento da população humana mais rápido do que o alimento ou outros recursos. Darwin entendeu que a ca- pacidade de produzir muitos descendentes era característica de todas as espécies. Somente uma pequena porção dos ovos pos- tos, e dos filhotes nascidos das sementes dispersas completam o seu desenvolvimento e deixam os seus próprios descendentes. O restante não reproduz devido a predadores, fome, doença ou a condições f ísicas do ambiente, como salinidade ou temperatura. Mostarda selvagem Brócolis Couve-rábano Couve Couve-flor Repolho Inflorescência Broto terminal Broto lateral Folhas Caule Couve-de-bruxelas Flores e caule Figura 22.9 � Seleção artificial. Estes vegetais foram selecionados de uma espécie selvagem de mostarda do campo. Com a seleção de diferen- tes partes da planta, melhoristas obtiveram estes resultados divergentes. Figura 22.10 � Variação numa população. A variação na coloração e nos padrões desta população de caracóis, sendo herdável, é influenciada por seleção natural. B 459 As características de um organismo podem influenciar não somente o seu próprio desempenho, mas também o quanto a sua prole conseguirá lidar com condições adversas do ambiente. Por exemplo, um organismo deve possuir características que confi- ram à sua prole vantagem para escapar de predadores, em obter alimentos e tolerar condições f ísicas do ambiente. Quando essas vantagens aumentam o número de descendentes que sobrevivem e se reproduzem, as características favoráveis provavelmente irão aparecer em frequência alta na próxima geração. Assim, ao longo do tempo, a seleção natural ligada a fatores como predação, au- sência de alimento ou condições f ísicas adversas pode aumentar a proporção de características favoráveis na população. Com que rapidez essas mudanças ocorrem? Darwin sugeriu que, se a seleção artificial pode gerar mudanças drásticas num período relativamente curto, então a seleção natural deveria ser capaz de promover modificações substanciais nas espécies ao longo de várias centenas de gerações. Mesmo se as vantagens de uma característica herdada sobre outra forem pequenas, as va- riações vantajosas irão acumular gradualmente na população, e as variações menos favoráveis diminuirão. Ao longo do tempo, esse processo irá aumentar a frequência de indivíduos com adap- tações favoráveis e assim aperfeiçoar a relação do organismo com o seu ambiente. Seleção natural: um resumo Vamos agora recapitular as ideias principais da seleção natural: A seleção natural é um processo em que os indivíduos com � certa característica herdada sobrevivem e se reproduzem em uma taxa maior em comparação com outros indivíduos. Ao longo do tempo, a seleção natural pode melhorar a rela- � ção do organismo com o seu ambiente (Figura 22.12). Se o ambiente se modifica, ou se os indivíduos mudam para � um novo ambiente, a seleção natural talvez leve à adaptação dos organismos a essas novas condições, dando origem a no- vas espécies ao longo de todo o processo. Um ponto importante, mas sutil, é que embora a seleção na- tural ocorra através de interações entre organismos individuais e seu ambiente, os indivíduos não evoluem. É a população que evolui ao longo do tempo. Um segundo ponto importante é que a seleção natural pode apenas aumentar ou diminuir características herdáveis, ou seja, transmitidas de pais para filhos. Mesmo que um organismo se modifique durante o seu ciclo de vida, adquirindo característi- cas que o ajudem a se desenvolver no seu ambiente, existe pouca evidência de que essas características podem ser herdadas pela prole. Em terceiro lugar, fatores ambientais variam geograficamente ao longo do tempo. Uma característica favorável em dado espaço e tempo talvez não seja importante – ou até mesmo seja deletéria – em outros momentos e locais. A seleção natural está sempre agindo, mas as características favoráveis dependem do contexto ambiental. A seguir, vamos explorar as observações que sustentaram a visão darwiniana de evolução por meio de seleção natural. Nuvem de esporos Figura 22.11 � Superprodução de prole. Um único esporângio de fungo pode produzir bilhões de esporos. Se todos estes esporos e seus des- cendentes sobrevivessem, cobririam toda a superfície ao redor da Terra. (a) (b) Louva-a-deus flor na Malásia. Bicho-pau na África. Figura 22.12 � Camuflagem como exemplo de adaptação evolu- tiva. Espécies relacionadas de insetos da ordem Mantodea apresentam cores e formas diversas evoluídas em ambientes distintos. 460 C C. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Como o conceito de descendência com modificação expli- ca a uniformidade e a diversidade da vida? 2. Descreva como reprodução excedente e variação herdável se relacionam à evolução por seleção natural. 3. E SE...? Se você descobrisse um fóssil de mamífero ex- tinto que viveu nos Andes, diria que ele se parece mais com os atuais mamíferos das florestas sul-americanas ou com aqueles das montanhas africanas?Explique. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. 22.3 A evolução é sustentada por uma quantidade expressiva de evidências científicas No livro A origem das espécies, Darwin mostrou várias evidências que sustentavam o conceito de descendência com modificação. No entanto, como ele mesmo considerou, existem casos em que faltam evidências. Por exemplo, Darwin se referiu à origem das plantas com flores como “um mistério abominável” e lamentou a ausência de fósseis que mostrasse de que modo grupos de orga- nismos deram origem a novos grupos. Nos últimos 150 anos, novas descobertas têm completado várias lacunas identificadas por Darwin. A origem das plantas com flores, por exemplo, é melhor compreendida (ver Capítulo 29), e muitos fósseis indicando a origem de novos grupos de or- ganismos foram descobertos (ver Capítulo 25). Nesta seção, con- sideramos quatro tipos de dados que documentam o padrão de evolução e iluminam seu processo: observações diretas da evolu- ção, registro fóssil, homologia e biogeografia. Observações diretas de mudança evolutiva Biólogos têm documentado mudanças evolutivas em milhares de estudos científicos. Vamos examinar alguns desses estudos ao longo desta unidade, começando por dois exemplos. Predação e coloração em guppies (barrigudinhos): pesquisa científica Os predadores (organismos que se alimentam de outras espécies chamadas de presas) são uma força importante para moldar as adaptações das espécies presas. Predadores normalmente se ali- mentam de presas menos aptas a se camuflarem, fugirem ou se defenderem. Como resultado, essas presas provavelmente não irão reproduzir e passar suas características à prole, ao contrário das presas que conseguem fugir dos predadores. Por muitos anos, John Endler, da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, estudou o impacto de predadores de barrigudi- nhos (guppies) (Poecilia reticulata), pequeno peixe de água-doce comum em aquários domésticos. Ele observou que, na população selvagem de barrigudinhos em Trinidad, o padrão de coloração dos machos é tão diverso que nenhum deles se parece com o outro. Figura 22.13 � Pesquisa A predação pode resultar em seleção natural para os padrões de coloração em barrigudinhos? EXPERIMENTO John Endler, da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, estudou um grupo de barrigudinhos selvagens do Rio Aripo na ilha caribenha de Trinidad. Ele transferiu 200 barrigudinhos de regiões do rio que continham joaninhas, predadores vorazes de barrigudinhos, para uma região contendo somente killifish, um predador menos ativo. Ele con- tou o número de pintas coloridas e a área total dessas pintas em barrigu- dinhos machos em cada geração. Predador: killifish; preda principalmente barrigudinhos jovens (que não expressam os genes de coloração) Barrigudinhos: machos adultos possuem cores mais brilhantes do que aqueles em ambientes com joaninhas (pike-cichlids) Ambientes com killifish, mas sem barrigudinhos antes da transferência Transferência experimental de barrigudinhos Predador: Joaninhas; predam preferencialmente barrigudinhos adultos Barrigudinhos: machos adultos possuem coloração menos brilhante em comparação com aqueles de ambientes com killifish RESULTADOS Depois de 22 meses (15 gerações), o número e a área total de pintas coloridas em machos de barrigudinhos na população trans- ferida aumentou em comparação com os machos da população original. 12 10 8 6 4 2 0 Á re a d e m an ch as co lo ri d as ( m m 2 ) População Original População Transferida 12 10 8 6 4 2 0 N ú m er o d e p in ta s co lo ri d as População Original População Transferida CONCLUSÃO Endler concluiu que a mudança no predador resultou no favorecimento de diferentes variações (padrões de coloração mais vi- brantes) na população transferida. Em um curto período de tempo, uma mudança evolutiva observável ocorreu nesta população. FONTE J.A. Endler, Natural selection on color patterns in Poecilia re- ticulata. Evolution 34:76-91 (1980). E SE...? O que aconteceria se depois de 22 meses os barrigudinhos da população transferida retornassem à população original? B 461 Essas cores altamente variáveis são controladas por um grupo de genes que, na natureza, se expressam somente em machos adul- tos. As fêmeas de barrigudinho são atraídas por machos com cores mais brilhantes e em geral preferem procriar com os mais coloridos do que com aqueles de cores mais apagadas. No entanto, as cores vibrantes que atraem as fêmeas também atraem os predadores. As- sim, se uma população possui machos com cores vibrantes e apaga- das, provavelmente os predadores vão atacar os mais brilhantes. Endler tentou descobrir de que modo a relação de atrair par- ceiros e predadores afeta a coloração em machos de barrigudi- nhos. A campo, observou que os padrões de coloração de bar- rigudinhos machos aparentemente correspondiam à intensidade de predação. Em pequenos corpos d’água que abrigavam poucas espécies de predadores, os barrigudinhos machos geralmente possuíam cores brilhantes, e em ambientes com muitos preda- dores apresentavam coloração mais discreta. De acordo com es- sas observações, Endler sugeriu que a predação intensa causou seleção natural em barrigudinhos machos, favorecendo aqueles com cores menos brilhantes. Testou a sua hipótese transferindo barrigudinhos com cores brilhantes para um ambiente com mui- tos predadores. Como ele previu, ao longo do tempo a população transferida adquiriu cores mais discretas. Um dos predadores do barrigudinho, o killifish, geralmente preda jovens que ainda não desenvolveram a coloração de adulto. Endler sugeriu que, se barrigudinhos com cores apagadas fossem colocados em um ambiente com killifish como único predador, os descendentes desses barrigudinhos teriam cores mais vibrantes (porque as fêmeas preferem machos de cores mais vibrantes). A Fi- gura 22.13 na página anterior descreve este experimento. De fato, no seu novo ambiente, a população de barrigudinho rapidamente começou a apresentar cores mais brilhantes, demonstrando que a seleção pode levar à rápida evolução em populações selvagens. A evolução do HIV resistente a medicamentos Um exemplo da seleção natural em curso que afeta nossas vidas dramaticamente é a evolução de patógenos (vírus e outros orga- nismos causadores de doenças) resistentes a medicamentos. Isso ocorre com bactérias e vírus que se reproduzem de forma ace- lerada, pois o número de indivíduos resistentes a uma droga em particular pode aumentar rapidamente. Considere o exemplo do HIV (vírus da imunodeficiência hu- mana), o vírus causador da AIDS (ver Capítulos 19 e 43). Pesqui- sadores desenvolveram vários medicamentos para combater esse patógeno, mas o seu uso promove uma seleção dos vírus resis- tentes. Poucos deles talvez estejam presentes, ao acaso, no início do tratamento. Aqueles que sobrevivem às doses iniciais passam os seus alelos a gerações futuras, habilitando-as a sobreviver ao medicamento, aumentando, assim, rapidamente a frequência de vírus resistentes. A Figura 22.14 ilustra a evolução da resistência do HIV ao medicamento 3TC. Os cientistas criaram o 3TC para interferir na transcriptase reversa. O HIV utiliza essa enzima para produ- zir DNA a partir do seu RNA genômico, que então é inserido no DNA da célula humana hospedeira (ver Figura 19.8). Visto que a molécula 3TC é semelhante em forma ao nucleotídeo citosina do DNA, a transcriptase reversa do HIV seleciona uma molécula 3TC, ao invés de selecionar uma citosina e adiciona este 3TC na cadeia de DNA em formação. Esse erro termina a formação da cadeia de DNA, bloqueando assim a reprodução do HIV. As variações de vírus HIV resistentes ao 3TC possuem versões da transcriptase reversa que consegue distinguir o medicamento da molécula de citosina. Na ausência de 3TC, esses vírus não pos- suem nenhuma vantagem em relação aos outros vírus; ao contrário: apresentam replicação mais lenta em comparaçãoaos vírus com a versão típica da transcriptase reversa. No entanto, quando o 3TC é adicionado ao ambiente, ele se torna uma força seletiva muito im- portante na sobrevivência dos vírus resistentes (ver Figura 22.14). Os dois exemplos, dos barrigudinhos e do HIV, ilustram dois pontos importantes sobre a seleção natural. Em primeiro lugar, a seleção natural mais se parece com um processo de edição do que com um mecanismo de criação. O medicamento não cria patógenos resistentes, ele seleciona indivíduos resistentes que já estavam na população. Em segundo lugar, a seleção natural de- pende do tempo e espaço onde está ocorrendo. Ela favorece, em uma população com variabilidade genética, aquelas característi- cas que conferem vantagem aos indivíduos em tempo e espaço determinados. O que pode ser benéfico em uma situação talvez seja neutro ou danoso em outra. No exemplo dos barrigudinhos, a coloração apagada era vantajosa em ambientes com predadores vorazes, mas em outros ambientes, desvantajosa. O registro fóssil O segundo tipo de evidência para a evolução vem dos fósseis. O registro fóssil mostra que organismos que viveram no passado são diferentes dos organismos atuais, e também que muitas espé- 100 Po rc en ta g em d e ví ru s H IV r es is te n te s ao 3 TC 75 50 25 0 20 4 6 Paciente 2 Semanas 8 10 12 Paciente 3 Paciente 1 Figura 22.14 � Evolução da resistência a medicamentos no HIV. Ra- ros vírus resistentes se multiplicaram rapidamente quando cada um destes pacientes foi tratado com o anti-HIV 3TC. Em apenas algumas semanas, os organismos resistentes ao 3TC já representavam 100% da população em todos os casos. 462 C C. cies já se extinguiram. Fósseis também demonstram que mudan- ças evolutivas ocorreram ao longo do tempo em diversos grupos de organismos (Figura 22.15). No decorrer de longas escalas de tempo, os fósseis documen- taram a origem dos novos e principais grupos de organismos. Um exemplo é o registro fóssil dos primeiros cetáceos, a ordem de mamíferos que inclui baleias, golfinhos e botos. Os cetáceos mais antigos viveram de 50 a 60 milhões de anos atrás. O registro fós- sil indica que antes disso a maioria dos mamíferos era terrestre. Embora cientistas acreditem que as baleias e outros cetáceos se originaram de mamíferos terrestres, há pouca evidência fóssil so- bre como a estrutura dos membros dos cetáceos se modificou ao longo do tempo, originando nadadeiras. No entanto, nas últimas décadas, uma série de fósseis vem sendo descoberta no Paquis- tão, Egito e América do Norte, que documentam a transição da vida da terra para a água. Todos os organismos mostrados na Fi- gura 22.16 diferem dos mamíferos atuais (incluindo as baleias) e estão atualmente extintos. Coletivamente, esses e outros fósseis primitivos documentam a formação de novas espécies e a origem de um dos principais grupos de mamíferos, os cetáceos. Além de evidenciar como a vida na Terra muda ao longo do tempo – o padrão de evolução –, o registro fóssil também pode ser utilizado para testar hipóteses evolutivas surgidas de outros tipos de evidência. Por exemplo, com base em dados anatômi- cos, os cientistas pensam que os primeiros vertebrados terrestres evoluíram de um grupo de peixes e que os primeiros anf íbios se originaram de descendentes dos primeiros vertebrados ter- restres. Se essas relações estão corretas, os primeiros fósseis de peixe deveriam ser mais antigos do que os primeiros fósseis de vertebrados terrestres. Do mesmo modo, os primeiros fósseis de vertebrados terrestres seriam mais antigos do que os primeiros fósseis de anf íbios. Essas hipóteses podem ser testadas usando técnicas radioativas de datação (ver Capítulo 25) para determinar a idade dos fósseis. Até agora, todas essas hipóteses têm sido con- firmadas. Isso sugere que as hipóteses se baseavam numa com- preensão correta das relações evolutivas. 1 1 2 2 Bristolia mohavensis Bristolia harringtoni 3 3 Bristolia bristolensis 4 4 Bristolia insolens Sítio arqueológico de Latham Shale, cidade de San Bernardino, Califórnia. Pr o fu n d id ad e (m et ro s) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Figura 22.15 � Evidência fóssil de evolução em um grupo de tri- lobitas. Estes fósseis apenas amostras de uma série descoberta no sítio arqueológico de Latham Shale. Eles datam do período entre 513 e 512 milhões de anos atrás. A sequência mostra a mudança ao longo do tempo da localização e do ângulo dos espinhos no escudo da cabeça dos animais (a área marcada por pontos vermelhos). (a) Pakicetus (terrestre). (b) Rhodocetus (predominantemente aquático). (c) Dorudon (totalmente aquático). (d) Balaena (ancestral da baleia moderna). Ancestral da baleia moderna Pelve e membros inferiores Figura 22.16 � A transição para a vida no mar. A hipótese de que baleias e outros cetáceos evoluíram a partir de organismos terrestres suge- re que cetáceos ancestrais possuíam quatro patas. De fato, paleontólogos descobriram fósseis de cetáceos extintos com quatro patas, incluindo as quatro espécies ilustradas nesta figura (desenho fora de escala). Fósseis adicionais demonstram que Pakicetus e Rodhocetus possuíam um tipo de osso no tornozelo exclusivo de um grupo de mamíferos terrestres que inclui porcos, hipopótamos, vacas, camelos e veados. Essa similaridade sugere que os cetáceos são estreitamente relacionados a este grupo de mamíferos terrestres. B 463 Homologia Um terceiro tipo de evidência da existência da evolução vem da análise de semelhanças entre diferentes organismos. Como vimos, a evolução é um processo de descendência com modificação: as características presentes em um organismo são alteradas (por se- leção natural) em seus descendentes ao longo do tempo, à medida que enfrentam diferentes condições ambientais. Como resultado, espécies relacionadas podem ter características semelhantes mes- mo que apresentem diferentes funções. Essas semelhanças resul- tantes de um ancestral comum são chamadas de homologias. Homologias anatômicas e moleculares A percepção da evolução como um processo modelador leva a crer que espécies relacionadas compartilham características semelhantes – e elas compartilham mesmo. Claro, espécies intimamente relacio- nadas compartilham as caracteríticas utilizadas para determinar seu parentesco, mas também compartilham muitas outras característi- cas. Algumas dessas características compartilhadas só fazem senti- do no contexto da evolução. Por exemplo, os membros anteriores de todos os mamíferos, incluindo humanos, gatos, baleias e morcegos, mostram o mesmo arranjo de ossos que vai do ombro às pontas dos dedos, apesar de serem utilizados para diferentes funções, como: levantar objetos, caminhar, nadar e voar (Figura 22.17). Essa sur- preendente semelhança anatômica seria muito improvável se estas estruturas tivessem se originado em cada espécie. Esses esqueletos básicos de braços, patas dianteiras, nadadeiras e asas de diferentes mamíferos são estruturas homólogas que representam variações de um mesmo tema estrutural presente no ancestral comum. A comparação de estágios iniciais do desenvolvimento em diferentes espécies de animais mostra homologias anatômicas adicionais não visíveis em organismos adultos. Por exemplo, to- dos os vertebrados possuem uma cauda em posição posterior ao ânus e também estruturas chamadas de bolsas faríngeas em al- gum estágio do seu desenvolvimento (Figura 22.18). Essas bolsas faríngeas homólogas se transformam em estruturas com funções muito diferentes, como: brânquias em peixes, e partes dos ouvi- dos e da garganta em humanos e outros mamíferos. Algumas das mais intrigantes homologias estão relaciona- das com estruturas com pouca ou nenhuma importância para o organismo. Essas estruturas vestigiais são remanescentes de es- truturas que apresentavam funções importantes nos organismos ancestrais. Por exemplo, o esqueleto de algumas cobras apresenta vestígios depelve e ossos das patas provenientes de ancestrais que caminhavam. Outro exemplo é a diminuição do tamanho e perda da função dos membros posteriores dos cetáceos à medida que esses organismos enfrentaram os desafios da vida aquática (ver Figura 22.16). Essas estruturas não seriam observadas se cobras e baleias tivessem uma origem se- parada dos outros vertebrados. Biólogos também observam semelhanças entre organismos em nível molecular. Todas as for- mas de vida utilizam a mesma linguagem genética de DNA e RNA e o código genético é essen- cialmente universal (ver Capítulo 17). Assim, é provável que todas as espécies descendam de um ancestral comum que já utilizava esse código. Por exemplo, orga- nismos tão diferentes como hu- manos e bactérias compartilham genes herdados de um ancestral comum muito distante. Assim como os membros posteriores de humanos e baleias, esses genes frequentemente adquirem dife- rentes funções. Embrião de galinha (MO) Embrião humano Bolsas faríngeas Cauda pós-anal Figura 22.18 � Semelhanças anatômicas em embriões de verte- brados. Em algum estágio do desenvolvimento embrionário, todos os ver- tebrados apresentam cauda localizada posteriormente ao ânus (chamada de cauda pós-anal), assim como bolsas faríngeas (na garganta). A descen- dência a partir de um ancestral comum pode explicar estas semelhanças. Humano Úmero Rádio Ulna Carpos Metacarpos Falanges Gato Baleia Morcego Figura 22.17 � Membros anteriores de mamíferos: estruturas homólogas. Mesmo adaptados a diferen- tes funções, os membros anteriores de todos os mamíferos são constituídos dos mesmos elementos básicos do esqueleto: um osso grande (roxo), conectado a dois ossos menores (laranja e bege), ligado a vários ossos pequenos (amarelo), então conectados a vários metacarpos (verde), e a aproximadamente cinco dígitos ou falanges (azul). Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR Darwin, autor da Teoria da Evolução, contestou visões tradicionais de sua época. Sua teoria baseia-se na premissa de que as várias espécies que vivem na Terra descendem de espécies ancestrais diferentes das espécies atuais. As ideias revolucionárias de Darwin fizeram surgir o conceito de evolução. Assista ao vídeo e conheça mais sobre a Teoria da Evolução de Darwin e de outros filósofos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Dado os pares de estruturas abaixo, marque a alternativa que aponta CORRETAMENTE o representante menos provável da homologia. A) a) As asas de morcego e os braços de um humano. B) b) A hemoglobina de um babuíno e de um gorila. C) c) A mitocôndria de uma planta e de uma animal. D) d) As asas de uma ave e as de um inseto. E) e) O cérebro de um gato e de um cachorro. 2) Em poucas semanas de tratamento com o medicamento 3TC, a população de vírus HIV de um paciente é formada exclusivamente por vírus resistentes ao medicamento. Como esse resultado pode ser melhor explicado? A) a) O vírus HIV pode mudar as proteínas de sua superfície e se tornar resistente a vacinas. B) b) O paciente se infectou novamente com vírus resistentes ao 3TC. C) c) O HIV começa a produzir versões da transcriptase reversa resistentes ao medicamento em resposta à sua administração. D) d) Uma pequena quantidade de vírus estava presente no início do tratamento e a seleção natural aumentou a sua frequência. E) e) O medicamentou causou mudança no RNA do HIV. 3) Qual das seguintes observações descritas abaixo ajudaram Darwin a moldar o seu conceito de descendência com modificação? A) a) A diversidade de espécies diminui à medida que nos afastamos do Equador. B) b) Menos espécies vivem nas ilhas, em comparação com o continente mais próximo. C) c) As aves poderiam ser encontradas em ilhas mais distantes do continente do que a capacidade máxima de voo sem paradas permite. D) d) As plantas de clima temperado da América do Sul são mais parecidas com as plantas tropicais do mesmo continente do que com plantas de clima temperado da Europa. E) e) Terremotos remodelam a vida, causando extinções em massa. 4) Os membros superiores dos humanos e dos morcegos possuem esqueleto semelhante, ao passo que os ossos correspondentes nas baleias apresentam diferentes formas e proporções. No entanto, dados genéticos sugerem que os três organismos divergiram de um ancestral comum, mais ou menos ao mesmo tempo. Qual das alternativas abaixo é a explicação mais provável para esses dados? A) a) Humanos e morcegos evoluíram por seleção natural, e baleias, por mecanismos lamarckianos. B) b) A evolução dos membros superiores foi adaptativa em humanos e morcegos, mas não em baleias. C) c) A seleção natural no ambiente aquático resultou em mudanças significativas na anatomia dos membros superiores das baleias. D) d) Os genes sofrem mutações mais rapidamente em baleias do que em humanos ou morcegos. E) e) As baleias não estão corretamente classificadas como mamíferos. 5) Com relação à Teoria da Evolução de Darwin é CORRETO afirmar que: A) a) os seres vivos são unidades fixas, incapazes de sofrer mudanças. B) b) os organismos apresentam uma força inata para se tornarem mais complexos. C) c) a teoria da lei do uso e desuso explica a evolução. D) d) a descendência com modificação por seleção natural explica as adaptações dos organismos. E) e) as grandes catástrofes ocorreram em determinadas áreas, qu e foram repovoadas por espécies imigrantes de outras regiões. NA PRÁTICA Um exemplo da seleção natural em curso, que afeta nossas vidas dramaticamente, é a evolução dos patógenos (vírus e outros organismos causadores de doenças) resistentes a medicamentos. Isso ocorre em bactérias e vírus que se reproduzem de forma acelerada, pois o número de indivíduos, resistentes a uma droga em particular, pode aumentar rapidamente. Veja o caso do HIV, vírus causador da AIDS: Figura 2 Podemos notar que o medicamento não cria patógenos resistentes, ele simplesmente seleciona indivíduos resistentes que já estavam na população. A seleção natural depende do tempo e do espaço onde está ocorrendo. Ela favorece, em uma população com variabilidade genética, aquelas características que conferem vantagem aos indivíduos em tempo e espaços determinados. O que pode ser benéfico em uma situação, talvez seja neutro ou danoso em outra. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Ecologia - De Individuos a Ecossistemas Begon, Michael; Townsend, Colin R.; Harper, John L. Vida: A Ciência da Biologia - Evolução, Diversidade e Ecologia - Vol II Sadava, David; Hillis, David; Heller, Craig; Hacker, Sally A Célula APRESENTAÇÃO A célula é a unidade estrutural (porque as células constituem os tecidos e os órgãos) e funcional (porque são capazes de exercer as funções básicas da vida, como metabolismo, produção de energia e reprodução) dos seres vivos e apresenta como partes fundamentais a membrana plasmática, o citoplasma e o material genético. A célula é considerada a menor porção da matéria viva, contém e está na origem da criação biológica. A célula é uma unidade complexa e constituída de diversos elementos (componentes) que lhe permite ter autonomia, apesar da necessidade de interação com outras células. Nesta Unidade de Aprendizagem você vai aprender sobre as funções, componentes, e tipos de células, além de conhecer as diferenças entre células vegetais e animais. Esse conhecimento lhe permitirá compreender que as células trabalham com o objetivo da manutenção da vida dos organismos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os componentes da célula.• Diferenciar as funções dos componentes da célula.• Comparar a célula vegetal e a animal.• DESAFIOAs células eucariotas são células organizadas, formadas por compartimentos internos chamados de organelas. Estas desempenham funções importantes e são responsáveis pelo bom desempenho das células, por exemplo, as células do intestino, que apresentam projeções da membrana plasmática, formando as microvilosidades. As microvilosidades aumentam a superfície de contato e absorvem mais os nutrientes que se encontram na luz do intestino. Os microtúbulos, juntamente com outros filamentos do citoesqueleto, formam um arcabouço que dá forma e sustentação à célula. Também são responsáveis pelos movimentos celulares e pela condução de moléculas para dentro e para fora das células. Algumas células animais possuem flagelos, cuja função é a locomoção. No retículo endoplasmático rugoso ocorre a síntese de proteínas. A organela denominada de lisossomo armazena enzimas importantes para o metabolismo de várias moléculas e também digere fragmentos de outras organelas ou de células que foram mortas, por exemplo, uma bactéria. Para que tudo funcione bem dentro da célula, é necessário energia. A organela responsável pela produção de energia é a mitocôndria. Esta possui material genético próprio (DNA) e é responsável por algumas características genéticas. Algumas pessoas apresentam doenças relacionadas às organelas. Seu desafio será relacionar as doenças a seguir com alterações das organelas: 1) Esta doença causa disfunção muscular e metabolismo energético muito elevado. As células musculares esqueléticas são muito sensíveis aos defeitos desta organela. Causa queda das pálpebras superiores e, posteriormente, dificuldade em deglutir, ocasionando, também, fraqueza dos músculos inferiores. É uma doenças hereditária causada por mutações no DNA e é de herança exclusivamente materna. 2) Esta doença provoca infecções crônicas do trato respiratório, como sinusites e bronquites, podendo levar à esterilidade masculina por falta de motilidade dos espermatozoides. 3) Esta doença é causada pela deficiência ou ausência total de uma enzima que deveria ser produzida e armazenada dentro de uma organela. A deficiência desta enzima interfere na metabolização de gorduras, causando seu acúmulo no interior da organela deficiente. Este acúmulo leva ao mau funcionamento dos órgãos como rins, fígado e coração. INFOGRÁFICO Essencialmente, a fagocitose pode ser descrita como uma forma de endocitose através da qual uma célula engloba matéria particulada, partículas ou células sólidas. Para diferentes tipos de células, a fagocitose desempenha um número de diferentes funções, desde a ingestão de alimentos até a destruição de determinadas células e material particulado. Saiba mais sobre a o processo de fagocitose no Infográfico a seguir: CONTEÚDO DO LIVRO A célula é a unidade básica de estrutura e função dos organismos. Para entender seu funcionamento, acompanhe o capítulo 6, intitulado Uma viagem pela célula, do livro Biologia, de Neil Campbell. Reservados todos os direitos de publicação, em língua portuguesa, à ARTMED® EDITORA S.A. Av. Jerônimo de Ornelas, 670 - Santana 90040-340 Porto Alegre RS Fone (51) 3027-7000 Fax (51) 3027-7070 É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na Web e outros), sem permissão expressa da Editora. SÃO PAULO Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 - Pavilhão 5 - Cond. Espace Center Vila Anastácio 05095-035 São Paulo SP Fone (11) 3665-1100 Fax (11) 3667-1333 SAC 0800 703-3444 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Obra originalmente publicada sob o título Biology, 8th Edition ISBN 9780805368444 Authorized translation from the English language edition, entitled BIOLOGY, 8th Edition, by NEIL A. CAMPBELL and JANE B. REECE, published by Pearson Education, Inc., publishing as Benjamin Cummings, Copyright © 2008. All rights reserved. No part of this book may be reproduced or transmitted in any form or by any means, electronic or mechanical, including photocopying, recording or by any information storage retrieval system, without permission from Pearson Education, Inc. Portuguese language edition published by Artmed Editora, Copyright © 2010. Tradução autorizada a partir do original em língua inglesa da obra intitulada BIOLOGY, 8ª EDIÇÃO, de autoria de NEIL A. CAMPBELL e JANE B. REECE, publicado por Pearson Education, Inc., sob o selo de Benjamin Cummings, Copyright © 2008. Todos os direitos reservados. Este livro não poderá ser reproduzido nem em parte nem na íntegra, nem ter partes ou sua íntegra armazenada em quaisquer meios, seja mecânico ou eletrônico, inclusive fotocópia, sem permissão da Pearson Education, Inc. A edição em língua portuguesa desta obra é publicada por Artmed Editora, Copyright © 2010. Capa: Mário Röhnelt Preparação de originais: Henrique de Oliveira Guerra Leitura final: Magda Regina Chaves Editora Sênior – Biociências: Letícia Bispo de Lima Editora Júnior – Biociências: Carla Casaril Paludo Editoração eletrônica: Techbooks Catalogação na publicação: Renata de Souza Borges CRB-10/1922 C187b Campbell, Neil. Biologia [recurso eletrônico] / Neil Campbell, Jane Reece; tradução Daniel Lorenzini ... [et al.]. – 8. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2010. Editado também como livro impresso em 2010. ISBN 978-85-363-2351-0 1. Biologia. I. Reece, Jane. II. Título. CDU 573 98 C C. 6.2 Células eucarióticas possuem membranas internas que compartimentalizam suas funções A unidade básica estrutural e funcional de cada organismo é um dos dois tipos de células – procariótica ou eucariótica. Apenas organis- mos dos domínios Bacteria e Archae consistem em células proca- rióticas. Todos os protistas, fungos, animais e plantas consistem em células eucarióticas. Este capítulo enfoca em geral células animais e vegetais, depois de compará-las com células procarióticas. Comparação entre células procarióticas e eucarióticas Todas as células possuem várias características básicas em co- mum: são ligadas por uma barreira seletiva chamada de membra- na plasmática. a membrana envolve um semifluido, substância semelhante à gelatina chamada de citosol, em que organelas e outros componentes são encontrados. Todas as células contêm cromossomos, que carregam os genes na forma de DNA. E todas as células contêm ribossomos, minúsculos complexos que sinteti- zam as proteínas de acordo com as instruções a partir dos genes. A principal diferença entre células procarióticas e eucarióti- cas é a localização do DNA, como refletido em seus nomes. Na célula eucariótica, a maioria do DNA está na organela chama- da de núcleo, ligada por uma membrana dupla (ver Figura 6.9, pp. 100-101). (A palavra eucarioto vem do grego eu, verdadeiro, e karion, núcleo.) Na célula procariótica (do grego pro, antes, e karion), o DNA está concentrado em uma região não envolta por membrana, chamada de nucleoide (Figura 6.6). O interior de uma célula procariótica é chamado de citoplasma; esse termo também é utilizado para a região entre o núcleo e a membrana plasmática de uma célula eucariótica. Dentro do citoplasma de uma célula eucariótica, suspensas no citosol estão diversas orga- nelas de forma e função especializadas. Essas estruturas envol- vidas por membranas estão ausentes nas células procarióticas. Assim, a presença ou ausência de núcleo verdadeiro é apenas um exemplo da disparidade na complexidade estrutural entre os dois tipos de células. As células eucarióticas, em geral, são muito maiores do que as células procarióticas (ver Figura 6.2). O tamanho é um aspecto comum da estrutura celular relacionado com a função. No limite inferior, as menores células conhecidas são as bactérias chamadas de micoplasmas, com diâmetros entre 0,1 e 1,0 μm. Os micoplas- mas são possivelmente os menores pacotes com DNA suficiente para programar o metabolismoe com quantidade suficiente de enzimas e outros aparatos celulares para realizar as atividades necessárias de autossustentação e reprodução da célula. Nor- malmente as bactérias têm entre 1-5 μm de diâmetro, dimensões cerca de dez vezes maiores que a dos micoplasmas. Células euca- rióticas têm normalmente entre 10 e 100 μm de diâmetro. As necessidades metabólicas também impõem limites teóricos superiores no tamanho visível para uma célula única. Nos limites de cada célula, a membrana plasmática funciona como barreira seletiva que permite a passagem suficiente de oxigênio, nutrientes e resíduos, atendendo a célula como um todo (Figura 6.7). Para Fimbria: estruturas de adesão na superfície de alguns procariotos. Nucleoide: região onde o DNA da célula está localizado (não envolto por membrana). Ribossomos: complexos que sintetizam as proteínas. Membrana plasmática: membrana que circunda o citoplasma. Parede celular: estrutura rígida fora da membrana plasmática. Cápsula: camada externa de vários eucariotos, semelhante à gelatina. Flagelo: organelas de locomoção de algumas bactérias. 0,5 µm Um corte fino através da bactéria Bacillus coagulans (MET). (b) (a) Bactéria típica em forma de bastão. Cromossomo bacteriano Figura 6.6 � Uma célula procariótica. Desprovidas de núcleo ver- dadeiro e de outras organelas das células eucarióticas envoltas por mem- branas, a célula procariótica tem estrutura muito mais simples. Apenas as bactérias e archaea são procariotos. B 99 cada micrômetro quadrado de membrana, apenas uma quantida- de limitada de determinada substância pode atravessar por segun- do; assim, a relação entre área superficial e volume é fundamental. À medida que uma célula (ou qualquer outro objeto) aumenta de tamanho, o volume cresce mais, proporcionalmente à área super- ficial. (A área é proporcional a uma dimensão linear ao quadrado, e o volume é proporcional a uma dimensão linear ao cubo.) Assim, objetos menores têm maior proporção entre área superficial e vo- lume (Figura 6.8). A necessidade de uma área superficial suficientemente gran- de para acomodar o volume ajuda a explicar o tamanho micros- cópico da maioria das células e as formas estreitas e alongadas de outras, como as células nervosas. Organismos maiores nor- malmente não têm células maiores do que organismos menores – simplesmente têm mais células (ver Figura 6.8). Uma propor- ção relativamente alta de área superficial e volume é especial- mente importante nas células que trocam bastante material com o meio, como células intestinais. Essas células podem ter várias projeções longas e finas a partir da superf ície, chamadas de mi- crovilosidades, que aumentam a área superficial sem aumento apreciável de volume. As possíveis relações evolutivas entre células procarióticas e eucarióticas serão discutidas no Capítulo 26, e as células pro- carióticas serão descritas com detalhes no Capítulo 27. A maior parte da discussão sobre a estrutura celular deste capítulo apli- ca-se às células eucarióticas. Uma visão panorâmica da célula eucariótica Além da membrana plasmática na superf ície externa, a célula eu- cariótica possui membranas internas arranjadas de forma elabo- rada, que dividem a célula em compartimentos – as organelas an- tes mencionadas. Os compartimentos celulares fornecem meios diferentes que facilitam as funções metabólicas específicas, de modo que processos incompatíveis possam ocorrer simultanea- mente dentro de uma única célula. As membranas plasmáticas e de organelas também participam diretamente no metabolismo celular, pois várias enzimas são produzidas diretamente dentro das membranas. Como as membranas são fundamentais para a organização da célula, o Capítulo 7 as discutirá em detalhes. Em geral, as membranas biológicas consistem em uma dupla camada de fos- folipídeos e outros lipídeos. Diversas proteínas estão incrustadas nessa bicamada lipídica ou ligadas à sua superf ície (ver Figura 6.7). Entretanto, cada tipo de membrana tem uma composição especial de lipídeos e proteínas, apropriada para as funções espe- cíficas dessa membrana. Por exemplo, enzimas incrustadas nas membranas das mitocôndrias funcionam na respiração celular. Antes de avançarmos neste capítulo, convém examinar a visão geral das células eucarióticas na Figura 6.9, nas próximas duas páginas. Estes diagramas gerais de células introduzem vá- rias organelas e fornecem um mapa da célula para a viagem de- 0,1 µm (a) MET de uma membrana plasmática. A membrana plasmática de um eritrócito aparece como um par de faixas escuras separadas por uma faixa clara. Região hidrofóbica Cadeia lateral de carboidrato ProteínasFosfolipídeo Região hidrofílica Região hidrofílica (b) Estrutura da membrana plasmática. Interior da célula Exterior da célula Figura 6.7 � A membrana plasmática. A membrana plasmática e as membranas das organelas consistem em uma dupla camada (bicamada) de fosfolipídeos com várias proteínas ligadas ou incrustadas. No interior de uma membrana, as caudas fosfolipídicas são hidrofóbicas, assim como as porções interiores das proteínas de membrana em contato com elas. As cabeças fosfolipídicas são hidrofílicas, assim como as proteínas ou partes de proteínas em contato com a solução aquosa em cada lado da membra- na. (Canais através de certas proteínas também são hidrofílicos.) Cadeias laterais de carboidratos são encontradas apenas ligadas às proteínas ou lipídeos na superfície externa da membrana plasmática. ? Descreva os componentes de um fosfolipídeo (ver Figura 5.13) que o permitem funcionar como principal elemento na membrana plasmática. 1 5 1 6 150 750 1 125 125 6 1.2 6 Área total da superfície [Soma das áreas superficiais (altura × largura) de todos os lados dos cubos × número de cubos.] Volume total [Altura × largura × comprimento × número de cubos] Razão entre superfície e volume [Área superficial + volume] A área superficial aumenta enquanto o volume total permanece constante Figura 6.8 � Relações geométricas entre área superficial e volu- me. Neste diagrama, as células estão representadas como cubos. Utilizando unidades arbitrárias de comprimento, podemos calcular a área superficial ce- lular (em unidades quadradas, ou unidades2), o volume (em unidades cúbicas, ou unidades3) e a proporção entre área superficial e volume. Uma alta razão entre superfície e volume facilita a troca de materiais entre a célula e o meio. 100 C C. RE rugoso RE liso RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO (RE): rede de sacos e tubos membranosos; ativo na síntese da membrana e em outros processos sintéticos e metabólicos; possui regiões rugosas (crivadas de ribossomos) e lisas Cromatina: material que consiste em DNA e proteínas; visível na forma de cromossomos individuais em células em divisão Nucléolo: organela não membranosa envolvida na produ- ção dos ribossomos; o núcleo contém um ou mais nucléolos Envelope nuclear: membrana dupla que envolve o núcleo; coberta de poros; continuidade do RE NÚCLEO Membrana plasmática: membrana que envolve a célula Complexo de Golgi: organela ativa na síntese, na modificação, no direcionamen- to e na secreção de produtos celulares Lisossomo: organela digestiva onde macromoléculas são hidrolisadas Centrossomo: região onde os microtúbulos da célula iniciam; contém um par de centríolos (função desconhecida). Peroxissomo: organela com várias funções metabólicas especializadas; produz peróxido de hidrogênio como subproduto e então o converte em água. Microvilosidades: projeções que aumentam a área superficial da célula. CITOESQUELETO: reforça o formato da célula, funciona no movimento celular; componentes feitos de proteínas. Inclui: Ribossomos: complexos (pequenos pontos marrons) que sintetizam as proteínas; livres no citosol ou ligados ao RE rugoso ou envelope nuclear Em células animais, mas não em células vegetais: Lisossomos Centrossomos, com centríolos Flagelo(presente em algumas células reprodutivas vegetais) Microfilamentos Filamentos intermediários Microtúbulos Flagelo: organela de locomoção presente em algumas células animais; construído de um grupo de microtúbulos dentro de uma extensão da membrana plasmática. RE rugoso RE liso RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO (RE): rede de sacos e tubos membranosos; ativo na síntese da membrana e em outros processos sintéticos e metabólicos; possui regiões rugosas (crivadas de ribossomos) e lisas. Cromatina: material que consiste em DNA e proteínas; visível na forma de cromossomos individuais em células em divisão. Nucléolo: organela não membranosa envolvida na produ- ção dos ribossomos; o núcleo contém um ou mais nucléolos. Envelope nuclear: membrana dupla que envolve o núcleo; coberta de poros; continuidade do RE. NÚCLEO Membrana plasmática: membrana que envolve a célula. Complexo de Golgi: organela ativa na síntese, na modificação, no direcionamen- to e na secreção de produtos celulares. Lisossomo: organela digestiva onde macromoléculas são hidrolisadas. Centrossomo: região onde os microtúbulos da célula iniciam; contém um par de centríolos (função desconhecida). Peroxissomo: organela com várias funções metabólicas especializadas; produz peróxido de hidrogênio como subproduto e então o converte em água. Microvilosidades: projeções que aumentam a área superficial da célula. CITOESQUELETO: reforça o formato da célula, funciona no movimento celular; componentes feitos de proteínas. Inclui: Ribossomos: complexos (pequenos pontos marrons) que sintetizam as proteínas; livres no citosol ou ligados ao RE rugoso ou envelope nuclear. Microfilamentos Filamentos intermediários Microtúbulos Mitocôndria: organela onde ocorre a respiração celular e a maioria do ATP é gerada. Figura 6.9 � Explorando células animais e vegetais Célula animal Este desenho de uma célula animal comum incorpora as estruturas de maior ocorrência em células animais (na verdade nenhuma célula se pa- rece como esta). Como mostrado neste corte, a célula possui vários com- ponentes, incluindo organelas (“pequenos órgãos”), ligados por mem- branas. Em geral, a organela mais proeminente em células animais é o núcleo. A maioria das atividades metabólicas ocorre no citoplasma, toda a região entre o núcleo e a membrana plasmática. O citoplasma contém várias organelas e outros componentes celulares suspensos em um meio semifluido, o citosol. Atravessando grande parte do citoplasma está um labirinto de membranas chamado de retículo endoplasmático (RE). B 101 Retículo endoplasmático liso Retículo endoplasmático rugoso Envelope nuclear Nucléolo Cromatina NÚCLEO Membrana plasmática Complexo de Golgi Mitocôndria Cloroplasto: organela fotossintética; converte energia da luz solar em energia química armazenada em moléculas de açúcar. Peroxissomo Plasmodesmas: canais através das paredes celulares que conectam o citoplasma de células adjacentes. Microfilamentos Filamentos intermediários Microtúbulos CITOESQUELETO Ribossomos (pequenos pontos marrons). Parede celular: camada externa que mantém a forma da célula e protege a célula de lesões mecânicas; feita de celulose, outros polissacarídeos e proteínas. Parede da célula adjacente Vacúolo central: organela proeminente em células vegetais mais velhas; a função inclui armazenamento, quebra de subprodutos e hidrólise de macromoléculas. O aumento dos vacúolos é o principal mecanismo do crescimento da planta. Se você folhear o restante do capítulo agora, vai observar a Figura 6.9 repetida em miniatura, em forma de diagramas de orientação. Em cada caso, uma determinada organela está evidenciada e colorida do mesmo modo que na Figura 6.9. À medida que examinamos mais de perto organelas individuais, os diagramas de orientação ajudarão a localizar essas estruturas no contexto da célula como um todo. Em células vegetais, mas não em células animais: Cloroplastos Vacúolo central Parede celular Plasmodesmas Célula vegetal Este desenho de uma célula vegetal generalizada revela as semelhanças e as diferenças entre células animais e células vegetais. Além da maioria das características vistas na célula animal, a célula vegetal possui organe- las envoltas por membranas chamadas de plastídeos. O tipo mais impor- tante de plastídeo é o cloroplasto, que realiza a fotossíntese. Muitas célu- las vegetais possuem um grande vacúolo central; algumas podem ter um ou mais vacúolos menores. Entre outras funções, os vacúolos realizam as funções realizadas pelos lisossomos nas células animais. Do lado externo da membrana plasmática de uma célula vegetal existe uma espessa pare- de celular, perfurada por canais chamados de plasmodesmas. 102 C C. talhada em que vamos embarcar. A Figura 6.9 também compara células animais e vegetais. Sendo células eucarióticas, elas têm muito mais em comum entre si do que ambas têm com qualquer célula procariótica. Entretanto, como você verá, existem diferen- ças importantes entre células animais e vegetais. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Depois de rever com cuidado a Figura 6.9, descreva bre- vemente a estrutura e a função do núcleo, da mitocôndria, do cloroplasto e do retículo endoplasmático. 2. E SE...? Imagine uma célula alongada (como a célula nervosa), com 125 × 1 × 1, usando unidades arbitrárias se- melhantes àquelas da Figura 6.8. Estime onde sua razão superf ície/volume ficaria na Figura 6.8. Então calcule e confira sua estimativa. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. 6.3 As instruções genéticas das células eucarióticas são guardadas no núcleo e executadas pelos ribossomos Na primeira parada da nossa viagem detalhada pela célula, vamos observar dois componentes celulares envolvidos no controle ge- nético da célula: o núcleo, que contém a maior parte do DNA da célula, e os ribossomos, que utilizam a informação do DNA para produzir proteínas. O núcleo: informações centrais O núcleo contém a maioria dos genes na célula eucariótica (alguns genes estão localizados nas mitocôndrias e nos cloro- plastos). Ele geralmente é a organela mais evidente na célula eucariótica, medindo cerca de 5 μm de diâmetro. O envelope nuclear envolve o núcleo (Figura 6.10), separando o conteúdo do citoplasma. O envelope nuclear é uma membrana dupla. Cada uma das duas membranas é uma bicamada lipídica com proteínas asso- ciadas, separadas por um espaço de 20-40 nm. O envelope é per- furado por estruturas de poros que medem cerca de 100 nm de diâmetro. Na borda de cada poro, as membranas internas e exter- nas do envelope nuclear são contínuas. Uma complicada estrutu- ra proteica chamada de complexo do poro circunda cada poro e tem importante papel celular na regulação da entrada e saída da maioria das proteínas e RNAs, assim como grandes complexos de macromoléculas. Com exceção dos poros, o lado nuclear do en- velope é revestido pela lâmina nuclear, um arranjo de filamen- tos proteicos, semelhante à rede, que mantém a forma do núcleo dando suporte mecânico do envelope nuclear. Também existem evidências de uma matriz nuclear, uma moldura de fibras que se estende através do núcleo. (No Capítulo 18, vamos estudar algu- mas possíveis funções da lâmina e da matriz nucleares na organi- zação do material genético.) Dentro do núcleo, o DNA está organizado em unidades cha- madas de cromossomos – estruturas que carregam a informação genética. Cada cromossomo é formado por um material chama- do de cromatina, um complexo de proteínas e DNA. A croma- tina corada normalmente parece uma massa difusa tanto ao mi- croscópio óptico quanto ao eletrônico. Entretanto, quando uma célula se prepara para dividir-se, as fibras delgadas de cromatina se enrolam (condensam), tornando-se espessas o suficiente para serem distinguidas como as estruturas separadas familiares que conhecemos como cromossomos. Cada espécie eucariótica tem um númerocaracterístico de cromossomos. Uma célula humana típica, por exemplo, tem 46 cromossomos no núcleo; as exceções são as células sexuais (óvulos e espermatozoides), com apenas 23 cromossomos nos humanos. A mosca-das-frutas tem 8 cromos- somos na maioria das células e 4 nas células sexuais. Uma estrutura proeminente dentro do núcleo não em divisão é o nucléolo, visualizado por microscopia eletrônica em forma de massa de grânulos densamente corados e de fibras que unem parte da cromatina. Aqui um tipo de RNA chamado de RNA ri- bossomal (RNAr) é sintetizado a partir das instruções no DNA. Também no nucléolo, as proteínas importadas a partir do cito- plasma unem-se ao RNAr, formando as subunidades ribossomais grande e pequena. Essas subunidades então saem do núcleo atra- vés dos poros nucleares até o citoplasma, onde uma subunidade grande e uma pequena podem unir-se formando um ribossomo. Às vezes, existem dois ou mais nucléolos; o número depende da espécie e do estágio no ciclo reprodutivo da célula. Estudos re- centes sugerem que o nucléolo também funciona na regulação dos processos celulares, como a divisão celular. Como vimos na Figura 5.26, o núcleo direciona a síntese pro- teica por meio da síntese de RNA mensageiro (RNAm) de acordo com as instruções fornecidas pelo DNA. O RNAm é então trans- portado para o citoplasma via poros nucleares. Tão logo a molé- cula de RNAm alcança o citoplasma, os ribossomos traduzem a mensagem genética do RNAm na estrutura primária de um po- lipeptídeo específico. Esse processo de transcrição e tradução da informação genética é descrito com detalhes no Capítulo 17. Ribossomos: fábricas de proteínas Os ribossomos, complexos formados por RNA ribossomal e proteína, são os componentes celulares que realizam a síntese de proteínas (Figura 6.11). Células com altas taxas de síntese proteica possuem um número particularmente grande de ri- bossomos. Por exemplo, uma célula do pâncreas humano pos- sui alguns milhares de ribossomos. Não surpreendentemente, as células ativas na síntese proteica também possuem nucléolos proeminentes. Os ribossomos constroem proteínas em dois locais do cito- plasma (ver Figura 6.11). A qualquer momento, ribossomos livres estão suspensos no citosol enquanto ribossomos ligados estão presos ao lado externo do retículo endoplasmático e do envelope B 103 Figura 6.11 � Ribossomos. Esta micrografia eletrônica de parte de uma célula pancreática mos- tra vários ribossomos, tanto livres (no citosol) como ligados (ao retículo endoplasmático). O diagrama amplificado de um ribossomo mostra as suas duas subunidades. Cromatina Envelope nuclear: Membrana interna Membrana externa Nucléolo Núcleo Poro nuclear RE rugoso Complexo do poro Aproximação do envelope nuclear Superfície do envelope nuclear. MET de amostra preparada pela técnica conhecida como criofratura. Complexos dos poros (MET). Cada poro é circundado por partículas de proteínas. Lâmina nuclear (MET). A lâmina semelhante à rede recobre a superfície interna do envelope nuclear. Núcleo 1 µm 1 µm 0,25 µm Ribossomo Retículo endoplasmático (RE) Citosol MET mostrando RE e ribossomos Diagrama de um ribossomo Subunidade grande Subunidade pequena Ribossomos 0,5 µm RE Ribossomos livres Ribossomos ligados Figura 6.10 � O núcleo e o seu envelo- pe. Dentro do núcleo estão os cromossomos, que parecem uma massa de cromatina (DNA e proteínas associadas), e um ou mais nucléolos, que funcionam na síntese do ribossomo. O enve- lope nuclear, que consiste em duas membranas separadas por um espaço estreito, é perfurado por poros e revestido pela lâmina nuclear. 104 C C. nuclear. Os ribossomos ligados e os livres são estruturalmente idênticos e podem alternar os dois papéis. A maioria das proteí- nas produzida nos ribossomos livres funciona dentro do cito- sol; exemplos são enzimas que catalisam as primeiras etapas da quebra do açúcar. Os ribossomos ligados geralmente produzem proteínas destinadas a serem inseridas nas membranas, para empacotamento dentro de certas organelas como os lisossomos (ver Figura 6.9) ou para exportação a partir da célula (secreção). As células especializadas na secreção de proteínas – por exem- plo, as células do pâncreas que secretam enzimas digestivas – frequentemente tem grande proporção de ribossomos ligados. Vamos aprender mais sobre estrutura e função do ribossomo no Capítulo 17. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Qual o papel dos ribossomos na realização das instruções genéticas? 2. Descreva a composição molecular dos nucléolos e expli- que suas funções. 3. E SE...? Se a função de determinada proteína na célula eucariótica é compor a cromatina, descreva o processo da sua síntese. Inclua as localizações de todas as moléculas relevantes na célula. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. 6.4 O sistema de endomembranas regula o tráfego de proteínas e realiza as funções metabólicas na célula Muitas das diferentes membranas da célula eucariótica fazem parte de um sistema de endomembranas, que realiza uma série de tarefas na célula. Essas tarefas incluem a síntese de proteínas e o seu transporte para dentro de membranas e organelas ou para fora da célula, metabolismo e movimento de lipídeos e detoxifi- cação de venenos. As membranas desse sistema estão relaciona- das diretamente por continuidade f ísica ou pela transferência de segmentos de membrana por minúsculas vesículas (sacos feitos de membranas). Apesar dessas relações, as várias membranas têm estrutura e função distintas. Além disso, a espessura, a com- posição molecular e os tipos de reações químicas realizados em uma dada membrana não são fixos, mas podem ser modificados várias vezes durante a vida da membrana. O sistema de endo- membranas inclui o envelope nuclear, o retículo endoplasmático, o complexo de Golgi, os lisossomos, vários tipos de vacúolos e a membrana plasmática (na verdade, não uma endomembrana pela localização, mas relacionada ao retículo endoplasmático e a outras membranas internas). Após termos discutido o envelope nuclear, daremos enfoque ao retículo endoplasmático e a outras endomembranas às quais o retículo endoplasmático dá origem. O retículo endoplasmático: fábrica biossintética O retículo endoplasmático (RE) é uma rede tão extensa de membranas que contém mais da metade do total de membranas em várias células eucarióticas. (A palavra endoplasmático signifi- ca “dentro do citoplasma”, e retículo em latim significa “pequena rede”.) O RE consiste em uma rede de túbulos e sacos membra- nosos chamados de cisternas (do latim cisterna, reservatório para líquido). A membrana do RE faz a separação entre o comparti- mento interno do RE, chamado de lúmen (cavidade) ou espaço cisternal do RE, e o citosol. E como a membrana do RE é contínua ao envelope nuclear, o espaço entre as duas membranas do enve- lope é contínuo ao lúmen do ER (Figura 6.12). Existem duas regiões distintas do RE, apesar de conectadas, que diferem em estrutura e função: RE liso e RE rugoso. O RE liso é assim chamado pois sua superf ície externa não tem ribos- somos. O RE rugoso possui ribossomos na superf ície externa da membrana e por isso parece rugoso ao microscópio eletrônico. Como já mencionado, os ribossomos também estão ligados ao lado citoplasmático da membrana externa do envelope nuclear contínuo ao RE rugoso. Funções do RE liso O RE liso funciona em diversos processos metabólicos, que va- riam com o tipo celular. Esses processos incluem a síntese de lipídeos, o metabolismo de carboidratos e a desintoxicação de drogas e venenos. As enzimas do RE liso são importantes na síntese dos lipí- deos, incluindo óleos, fosfolipídeos e esteroides. Entre os este- roides produzidos pelo RE liso nas células animais estão os hor- mônios sexuais dos vertebrados e os vários hormônios esteroides secretados pelas glândulas adrenais. As células que sintetizam e secretam esses hormônios – nos testículos eovários, por exem- plo – são ricas em RE liso, característica estrutural que combina com a função dessas células. Outras enzimas do RE liso auxiliam a desintoxicar drogas e venenos, especialmente nas células do f ígado. A desintoxicação normalmente envolve a adição de grupos hidroxila a molécu- las de drogas, tornando-as mais solúveis e mais fáceis de serem eliminadas pelo corpo. O sedativo fenobarbital e outros barbi- túricos são exemplos de drogas metabolizadas dessa maneira pelo RE liso nas células do f ígado. De fato, barbitúricos, álcool e várias outras drogas induzem a proliferação do RE liso e suas enzimas associadas de desintoxicação, aumentando, assim, a taxa de desintoxicação. Isso, por sua vez, aumenta a tolerância às drogas, significando que doses mais altas são necessárias para alcançar determinado efeito, como sedação. Além disso, como algumas das enzimas de desintoxicação têm ação relativamente ampla, a proliferação do RE liso em resposta a uma droga pode aumentar também a tolerância a outras drogas. O abuso de bar- bitúricos, por exemplo, pode diminuir a eficácia de certos anti- bióticos e outros medicamentos úteis. O RE liso também armazena íons de cálcio. Nas células mus- culares, por exemplo, uma membrana especializada do RE liso B 105 bombeia íons de cálcio do citosol para dentro do lúmen do RE. Quando uma célula do músculo é estimulada por impulso ner- voso, íons de cálcio voltam rapidamente através da membrana do RE para dentro do citosol e desencadeiam a contração da célu- la muscular. Em outros tipos celulares, os íons cálcio liberados a partir do RE liso desencadeiam diferentes respostas. Funções do RE rugoso Vários tipos de células secretam proteínas produzidas pelos ri- bossomos ligados ao RE rugoso. Por exemplo, certas células pan- creáticas sintetizam a proteína insulina no RE e secretam esse hormônio na corrente sanguínea. À medida que a cadeia polipep- tídica cresce a partir de um ribossomo ligado, ela é passada para o lúmen do RE através de um poro formado por um complexo proteico na membrana do RE. À medida que a nova proteína en- tra no lúmen do RE, ela se dobra na sua forma nativa. A maioria das proteínas secretadas são glicoproteínas, proteínas com car- boidratos ligados covalentemente a elas. Os carboidratos estão li- gados às proteínas no RE por moléculas especializadas que estão dentro da membrana do RE. Após a formação das proteínas secretórias, as membranas do RE as mantêm separadas das proteínas produzidas pelos ribos- somos livres e que permanecem no citosol. Proteínas secretórias deixam o RE envoltas em membranas de vesículas que brotam como bolhas a partir de uma região especializada, chamada de RE de transição (ver Figura 6.12). Vesículas em trânsito de uma parte da célula a outra são chamadas de vesículas de transporte; discutiremos em breve suas características. Além de produzir proteínas secretórias, o RE rugoso é uma fábrica de membrana para a célula; cresce pela adição de proteí- nas de membrana e fosfolipídeos à própria membrana. À medida que os polipeptídeos destinados a serem proteínas de membrana crescem a partir dos ribossomos, são inseridos na própria mem- brana do RE e ancorados ali pelas suas porções hidrofóbicas. O RE rugoso também sintetiza seus próprios fosfolipídeos de mem- brana; enzimas dentro da membrana do RE montam os fosfoli- pídeos a partir de precursores no citosol. A membrana do RE se expande e é transferida na forma de uma vesícula de transporte para outros compartimentos do sistema de endomembranas. O complexo de Golgi: centro de remessa e recepção Depois de deixar o RE, muitas vesículas de transporte viajam para o complexo de Golgi. Podemos pensar no Golgi como um centro de manufatura, armazenamento, classificação e remessa. Aqui os produtos do RE, como proteínas, são modificados, armazenados e então enviados a outros destinos. Como seria de se esperar, o complexo de Golgi é especialmente extenso nas células especiali- zadas para secreção. O complexo ou aparelho de Golgi consiste em sacos mem- branosos achatados – cisternas – que se assemelham a uma pilha de pão árabe (Figura 6.13, na próxima página). Uma célula pode ter várias, até mesmo centenas, dessas pilhas. A membrana de cada cisterna da pilha separa o seu espaço interno do citosol. As vesículas concentradas nas proximidades do aparelho de Golgi estão engajadas na transferência de material entre partes do Gol- gi e outras estruturas. Uma pilha de Golgi possui polaridade estrutural distinta, com as membranas da cisterna nos lados opostos da pilha se diferen- ciando em espessura e composição molecular. Os dois polos da Envelope nuclear Ribossomos RE rugoso Lúmen do RE RE liso RE de transição Vesícula de transporte Cisterna RE liso RE rugoso 200 nm Figura 6.12 � Retículo endoplasmático (RE). Um sistema membra- noso de túbulos interconectados e sacos achatados chamados de cister- nas, o RE é também contínuo ao envelope nuclear. (O desenho é a vista de um corte.) A membrana do RE envolve um compartimento contínuo chamado de lúmen do RE (ou espaço cisternal). O RE rugoso, crivado na sua superfície externa por ribossomos, pode ser distinguido do RE liso por micrografia eletrônica (MET). Vesículas de transporte brotam de uma região do RE rugoso chamada RE de transição e viajam para o complexo de Golgi e outros destinos. 106 C C. pilha de Golgi são chamados de face cis e face trans; elas atuam, respectivamente, como os departamentos de recebimento e de re- messa do aparelho de Golgi. A face cis está normalmente localizada próxima ao RE. As vesículas de transporte movimentam material a partir do RE para o aparelho de Golgi. A vesícula que brota a partir do RE pode adicionar sua membrana e o conteúdo do seu lúmen à face cis por meio da fusão com a membrana do Golgi. A face trans origina vesículas que se soltam e viajam para outros locais. Produtos do RE são normalmente modificados durante o trân- sito a partir da região cis para a região trans do Golgi. Por exemplo, várias enzimas do Golgi modificam as porções de carboidratos das glicoproteínas. Os carboidratos são primeiro adicionados às pro- teínas no RE rugoso, muitas vezes durante o processo de síntese do polipeptídeo. O carboidrato na glicoproteína resultante é então modificado à medida que passa pelo restante do RE e do Golgi. O Golgi remove alguns monômeros de açúcar e substitui outros, pro- duzindo uma ampla variedade de carboidratos. Os fosfolipídeos de membrana também podem ser alterados no Golgi. Além do trabalho de finalização, o aparato de Golgi fabrica certas macromoléculas por conta própria. Vários polissacarí- deos secretados pelas células são produtos do Golgi, incluindo pectinas e certos outros polissacarídeos não celulósicos produ- zidos por células vegetais e incorporados junto com a celulose nas paredes celulares. (A celulose é feita por enzimas localizadas dentro da membrana plasmática, que deposita diretamente esse polissacarídeo na superf ície externa.) Assim como as proteínas secretórias, os produtos não proteicos do Golgi são secretados a partir da face trans do Golgi dentro de vesículas de transporte que finalmente se fusionam com a membrana plasmática. O Golgi manufatura e refina seus produtos em etapas, com diferentes cisternas contendo times únicos de enzimas. Até re- centemente, os biólogos viam o Golgi como uma estrutura está- tica, com produtos em vários estágios de processamento trans- feridos de uma cisterna para a próxima por vesículas. Embora isso possa ocorrer, pesquisas recentes deram origem a um novo modelo do Golgi, com estrutura mais dinâmica. De acordo com o modelo chamado de modelo de maturação de cisterna, a cisterna do Golgi na verdade progride da face cis para a face trans do Gol- gi, carregando e modificando a carga à medida que se movem. A Figura 6.13 mostra os detalhes desse modelo. MET do complexo de Golgi CisternasFace trans (“lado que envia” do complexo de Golgi) face cis (lado “receptor” do complexo de Golgi) Complexo de Golgi 0,1 µm 16 5 2 3 Vesículas se movem do RE para o Golgi. Vesículas também transportam certas proteínas de volta para o RE, seu local de função. Vesículas transportam algumas proteínas de volta para regiões menos maduras da cisterna de Golgi, onde elas funcionam. Vesículas se unem para formar novas cisternas cis do Golgi. Maturação da cisterna: a cisterna do Golgi se move de uma direção cis para trans. Vesículas se formam no Golgi e ao saírem dele carregam proteí- nas específicas para outros locais ou para secreção na membrana plasmática. 4 Figura 6.13 � O complexo de Golgi. O complexo de Golgi consiste em pilhas de sacos achatados, ou cisternas, que, diferentemente das cisternas do RE, não estão fisicamente conecta- das. (O desenho é a vista de um corte.) Uma pi- lha de Golgi recebe e envia vesículas de transpor- te e os produtos que ela contém. Uma pilha de Golgi possui polaridade estrutural e funcional, com uma face cis que recebe vesículas contendo produtos do RE e uma face trans que remete as vesículas. A maturação da cisterna propõe que a própria cisterna do Golgi “amadureça”, mo- vendo a face cis para a trans enquanto carrega alguma proteína junto. Além disso, algumas ve- sículas reciclam enzimas carregadas adiante na movimentação da cisterna, transportando-as “de volta” para uma região menos madura onde suas funções são necessárias. B 107 Antes da pilha de Golgi despachar os produtos por vesículas em brotamento a partir da face trans, ela classifica esses produtos e os etiqueta para serem direcionados para várias partes da célu- la. Etiquetas de identificação molecular, como grupos fosfato adi- cionados aos produtos do Golgi, ajudam na classificação, atuando como códigos postais. Finalmente, as vesículas de transporte bro- tadas a partir do Golgi podem ter moléculas externas nas mem- branas que reconhecem “sítios de ancoramento” na superf ície de organelas específicas ou na membrana plasmática, distribuindo com isso as vesículas de forma apropriada. Lisossomos: compartimentos de digestão Os lisossomos são sacos membranosos de enzimas hidrolíticas que as células animais utilizam para digerir macromoléculas. En- zimas lisossomais funcionam melhor no meio ácido encontrado nos lisossomos. Se o lisossomo se rompe, escoando seu conteúdo, as enzimas liberadas são pouco ativas, pois o citosol tem pH neu- tro. Entretanto, o escoamento excessivo de um grande número de lisossomos pode destruir uma célula por autodigestão. Enzimas hidrolíticas e membranas lisossomais são sinteti- zadas pelo RE rugoso e então transferidas para o complexo de Golgi para processamento futuro. Pelo menos alguns lisossomos provavelmente surgem por brotamento a partir da face trans do complexo de Golgi (ver Figura 6.13). As proteínas da superf ície interna da membrana do lisossomo e as próprias enzimas diges- tivas são poupadas da destruição, presume-se, por suas formas tridimensionais, que protegem ligações vulneráveis de ataques enzimáticos. Lisossomos realizam a digestão intracelular em diversas cir- cunstâncias. Amebas e vários outros protistas se alimentam por meio do engolfamento de organismos menores ou outras partí- culas de alimento, processo chamado de fagocitose (do Grego phagein, comer e kytos, receptáculo, referindo-se à célula). O va- cúolo alimentar assim formado então se funde a um lisossomo, cujas enzimas digerem o alimento (Figura 6.14a, inferior). Os produtos de digestão, incluindo açúcares simples, aminoácidos e outros monômeros, passam para dentro do citosol e tornam-se nutrientes celulares. Algumas células humanas também reali- zam a fagocitose. Entre elas estão os macrófagos, tipo de glóbulo branco do sangue que ajuda na defesa do organismo por meio do engolfamento e da destruição de bactérias e outros invasores (ver parte superior da Figura 6.14a e a Figura 6.33). Núcleo Lisossomo 1 µm (a) 1 µmVesícula com duas organelas danificadas Fragmento de mitocôndria Membrana plasmática Enzimas digestivas Vesícula Mitocôndria Lisossomo Peroxissomo Lisossomo DigestãoVacúolo alimentar Digestão Fragmento de peroxissomo Fagocitose: lisossomo digerindo alimento. (b) Autofagia: lisossomo degradando organelas danificadas. Lisossomo contendo enzimas hidrolíticas ativas. Vacúolo alimentar funde-se com o lisossomo. Enzimas hidrolíticas digerem partículas de alimento. Há a fusão do lisossomo com a vesícula com organelas danificadas. Enzimas hidrolíticas digerem comparti- mentos de organelas. Figura 6.14 � Lisossomos. Os lisossomos di- gerem (hidrolisam) materiais captados pelas células e reciclam os materiais intracelulares. (a) Superior: Neste macrófago (um tipo de glóbulo branco do sangue) de um rato, os lisossomos estão bastante escuros por causa de um corante que reage com um dos produtos da digestão dentro do lisossomo (MET). Os macrófagos ingerem bactérias e vírus e os destroem usando os lisossomos. Inferior: Este diagrama mostra a fusão de um lisossomo com um vacúolo alimentar durante o processo de fago- citose em um protista. (b) Superior: No citoplasma desta célula hepática de rato existe uma vesícula com duas organelas inativadas; a vesícula entra em fusão com um lisossomo no processo de au- tofagia (MET). Inferior: Este diagrama mostra a fu- são dessa vesícula com um lisossomo. Este tipo de vesícula possui uma membrana dupla de origem desconhecida. A membrana externa se funde com um lisossomo, e a membrana interna é degradada junto com as organelas danificadas. 108 C C. Os lisossomos também utilizam enzimas hidrolíticas para reciclar o próprio material orgânico da célula, processo chama- do de autofagia. Durante a autofagia, uma organela danificada ou pequenas quantidades de citosol são envoltas por uma mem- brana dupla, de origem desconhecida, e ocorre a fusão de um li- sossomo com a membrana externa dessa vesícula (Figura 6.14b). As enzimas lisossomais desmantelam o material confinado, e os monômeros orgânicos retornam para o citosol para reutilização. Com o auxilio dos lisossomos, a célula se renova continuamente. Uma célula hepática humana, por exemplo, recicla metade das macromoléculas a cada semana. As células de pessoas com doenças herdadas de armazena- mento lisossomal em geral não possuem enzimas hidrolíticas fun- cionais nos lisossomos. Os lisossomos ficam entupidos de substra- tos não digeridos, que começam a interferir com outras atividades celulares. Na doença de Tay-Sachs, por exemplo, uma enzima que digere lipídeos está ausente ou inativa, e o cérebro danifica-se pelo acúmulo de lipídeos nas células. Felizmente, as doenças de arma- zenamento lisossomal são raras na população em geral. Vacúolos: diversos compartimentos de manutenção Os vacúolos são vesículas envoltas por membranas cujas funções variam em diferentes tipos de células. Os vacúolos alimentares, formados por fagocitose, já foram mencionados (ver Figura 6.14a). Muitos protistas de água fresca possuem vacúolos contrácteis que bombeiam o excesso de água para fora da célula, mantendo assim uma concentração adequada de íons e moléculas dentro da célula (ver Figura 7.14). Em organismos sem lisossomos, como plantas e fungos, os vacúolos realizam a hidrólise e também outras funções. Células maduras de plantas geralmente contêm um gran- de vacúolo central (Figura 6.15). O vacúolo central se desenvolve pela união de vacúolos menores, derivados do retículo endoplas- mático e do complexo de Golgi. Assim, o vacúolo é parte integral de um sistema de endomembranas da célula vegetal. Como todas as membranas celulares, a membrana do vacúolo é seletiva para o transporte de solutos; como resultado, a solução interna do vacúo- lo central, chamada de seiva, difere em composição do citosol. O vacúolo central de células vegetaisé um compartimento versátil. Ele pode armazenar reservas de compostos orgânicos importantes, como as proteínas estocadas nos vacúolos das cé- lulas de armazenamento das sementes. Ele também é o principal depósito de íons das células vegetais, como potássio e cloreto. Várias células vegetais utilizam vacúolos como locais de depósito para subprodutos metabólicos perigosos para a célula em caso de acúmulo no citosol. Alguns vacúolos contêm pigmentos celula- res, como pigmentos vermelhos e azuis de pétalas, que ajudam a atrair insetos polinizadores para as flores. Os vacúolos também podem ajudar a proteger a planta contra predadores, por conter compostos venenosos ou não palatáveis aos animais. O vacúolo tem um papel fundamental no crescimento de células vegetais, que aumentam à medida que os vacúolos absorvem água, per- mitindo que a célula aumente com um investimento mínimo no novo citoplasma. O citosol muitas vezes ocupa uma fina camada entre o vacúolo central e a membrana plasmática. Portanto, a re- lação entre superf ície de membrana plasmática e volume citosó- lico é grande, mesmo para células vegetais de bom tamanho. O sistema de endomembranas: uma revisão A Figura 6.16 revê o sistema de endomembranas, que mostra um fluxo de lipídeos e proteínas de membrana através de várias or- ganelas. À medida que a membrana se movimenta do RE para o Golgi e deste para outro local, sua composição molecular e fun- ções metabólicas são modificadas, junto com aquelas do seu con- teúdo. O sistema de endomembranas é um complexo e dinâmico agente na organização dos compartimentos da célula. Continuaremos nosso giro pela célula com algumas organe- las membranosas não intimamente relacionadas ao sistema de endomembranas, mas com papéis cruciais nas transformações de energia realizadas pelas células. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Descreva as diferenças estruturais e funcionais entre o RE rugoso e liso. 2. Descreva como as vesículas de transporte integram o sis- tema de endomembranas. 3. E SE...? Imagine uma proteína que funciona no RE, mas requer modificação no complexo de Golgi antes de alcançar essa função. Descreva a rota da proteína pela cé- lula, começando com a molécula de RNAm que especifica a proteína. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. Vacúolo central Vacúolo central Parede celular Cloroplasto Núcleo Citosol 5 µm Figura 6.15 � O vacúolo da célula vegetal. O vacúolo central costu- ma ser o maior compartimento na célula vegetal; em geral, o resto do cito- plasma está confinado a uma pequena zona entre a membrana do vacúolo e a membrana plasmática (MET). B 109 6.5 As mitocôndrias e os cloroplastos mudam a energia de uma forma para outra Organismos transformam a energia adquirida a partir do meio. Nas células eucarióticas, as mitocôndrias e os cloroplastos são as organelas que convertem energia em formas que as células conse- guem usar para o trabalho. As mitocôndrias são sítios de respi- ração celular, processo metabólico que gera ATP pela extração de energia a partir de açúcares, gorduras e outros combustíveis com o auxílio do oxigênio. Os cloroplastos, encontrados em plantas e algas, são os locais da fotossíntese. Eles convertem energia solar em energia química absorvendo a luz solar e utilizando-a para realizar a síntese de compostos orgânicos, como açúcares, a par- tir de dióxido de carbono e água. Mitocôndrias e cloroplastos estão envoltos por membranas, mas não fazem parte do sistema de endomembranas. Ao contrá- rio das organelas do sistema de endomembranas, as mitocôn- drias possuem duas membranas que separam seu espaço interior do citosol, e os cloroplastos normalmente possuem três. (Cloro- plastos e organelas relacionadas em certas algas possuem qua- tro membranas.) As proteínas de membrana das mitocôndrias e cloroplastos não são feitas pelos ribossomos ligados ao RE, mas pelos ribossomos livres no citosol e pelos ribossomos contidos dentro dessas mesmas organelas. Essas organelas também pos- suem pequena quantidade de DNA. Este DNA programa a sín- tese das proteínas sintetizadas nos ribossomos das organelas. (Proteínas importadas a partir do citosol – maioria das proteínas de organelas – são programadas pelo DNA nuclear.) As mitocôn- drias e cloroplastos são organelas semiautônomas que crescem e se reproduzem dentro da célula. Nos Capítulos 9 e 10, daremos enfoque ao funcionamento das mitocôndrias e dos cloroplastos. Consideraremos a evolução dessas organelas no Capítulo 26. Por enquanto, nosso interesse principal é a estrutura desses transfor- madores de energia. Nesta seção, vamos estudar também o peroxissomo, uma organela oxidativa fora do sistema de endomembranas. Assim como as mitocôndrias e os cloroplastos, o peroxissomo importa suas proteínas principalmente do citosol. Mitocôndrias: conversão de energia química As mitocôndrias são encontradas em quase todas as células euca- rióticas, incluindo as células de plantas, animais, fungos e a maio- ria dos protistas. Mesmo nas exceções, como o parasita intestinal humano Giardia e outros protistas, estudos recentes identificaram organelas intimamente relacionadas, ao que tudo indica, evoluídas a partir das mitocôndrias. Algumas células possuem uma única mitocôndria grande, mas frequentemente uma célula possui cen- tenas ou mesmo milhares de mitocôndrias; o número está correla- O lisossomo está disponível para fundir-se com outra vesícula para digestão. 4 A vesícula de transporte carrega proteínas para secreção na membrana plasmática. 5 A membrana plasmática expande-se pela fusão das vesículas; as proteínas são secretadas a partir das células. 6 RE liso RE rugoso Membrana plasmática Núcleo cis Golgi trans Golgi O envelope nuclear está conectado ao RE rugoso,também contínuo ao RE liso. Membranas e proteínas produzidas pelo RE fluem na forma de vesículas de transporte para o Golgi. 3 O complexo de Golgi destaca vesículas de transporte e outras vesículas que dão origem a lisossomos, outros tipos de vesículas especializadas e vacúolos. 1 2 Figura 6.16 � Revisão: relações entre as organelas do sistema de endomembranas. As setas vermelhas mostram algumas vias de migração para membranas e os materiais que elas circundam. 110 C C. cionado com o nível celular de atividade metabólica. Por exemplo, células móveis e contrácteis possuem proporcionalmente mais mitocôndrias por volume do que células menos ativas. As mito- côndrias possuem cerca de 1-10 μm de comprimento. Filmagens com intervalos de tempos de células vivas revelam mitocôndrias em movimento, alterando as formas, entrando em fusão e se divi- dindo em duas, diferentemente dos cilindros estáticos vistos nas micrografias eletrônicas de células mortas. A mitocôndria está envolta por duas membranas, sendo cada uma bicamada fosfolipídica com uma rara coleção de proteínas incrustadas (Figura 6.17). A membrana externa é lisa, mas a in- terna é convoluta, com dobramentos internos chamados de cris- tas. A membrana interna divide as mitocôndrias em dois com- partimentos internos. O primeiro é o espaço intermembrana, a estreita região entre as membranas interna e externa. O segundo compartimento, a matriz mitocondrial, está envolto pela mem- brana interna. A matriz contém várias enzimas diferentes, assim como DNA mitocondrial e ribossomos. As enzimas na matriz catalisam algumas etapas da respiração celular. Outras proteínas que funcionam na respiração, incluindo a enzima do ATP, são construídas dentro da membrana interna. Na condição de su- perf ícies muito dobradas, as cristas dão para a membrana mito- condrial interna uma ampla área superficial, aumentando, assim, a produtividade da respiração celular. Esse é outro exemplo de estrutura se encaixando na função. Cloroplastos: captura de energia livre O cloroplasto é um membro especializado de uma família de or- ganelas de plantas intimamente relacionadas chamadas de plastí- deos.Algumas outras são amiloplastos, plastídeos incolores que armazenam amido (amilose), particularmente nas raízes e bulbos, e cromoplastos, que possuem pigmentos que dão as cores laranja e amarelo às frutas e flores. Os cloroplastos contêm o pigmento verde clorofila, junto com enzimas e outras moléculas que funcio- nam na produção fotossintética do açúcar. Essas organelas em for- ma de lentes, medindo cerca de 2 μm por 5 μm, são encontradas em folhas e outros órgãos verdes de plantas e algas (Figura 6.18). O conteúdo do cloroplasto está separado do citosol por um envelope que consiste em duas membranas com um espaço in- termembrana muito estreito. Dentro do cloroplasto existe outro sistema membranoso na forma de sacos achatados e interconec- tados, os tilacoides. Em algumas regiões, os tilacoides estão em- pilhados como “fichas de pôquer”; cada pilha é chamada de gra- na. O líquido fora dos tilacoides é o estroma, que contém o DNA do cloroplasto e os ribossomos, assim como várias enzimas. As membranas do cloroplasto dividem o espaço do cloroplasto em três compartimentos: o espaço intermembrana, o estroma e o espaço tilacoide. No Capítulo 10, vamos aprender como essa or- ganização em compartimentos permite ao cloroplasto converter energia solar em energia química durante a fotossíntese. Assim como nas mitocôndrias, a aparência estática e rígida dos cloroplastos nas micrografias ou diagramas esquemáticos não é verdadeira comparada ao comportamento dinâmico na célula viva. Eles têm formas alteráveis, crescem e ocasionalmente se di- videm em dois, reproduzindo-se. São móveis e, a exemplo das mi- tocôndrias e outras organelas, se movem pela célula, no rastro do citoesqueleto, rede estrutural abordada adiante neste capítulo. Peroxissomos: oxidação O peroxissomo é um compartimento metabólico especializado envolto por uma membrana simples (Figura 6.19). Os peroxisso- mos contêm enzimas que transferem hidrogênio a partir de vários substratos para o oxigênio (O2), produzindo peróxido de hidrogê- nio (H2O2) como subproduto, do qual a organela tem seu nome. Espaço intermembrana Mitocôndria Membrana interna Ribossomos livres na matriz mitocondrial Crista Matrix Membrana externa 0,1 µm Figura 6.17 � A mitocôndria, o local de res- piração celular. As membranas interna e exter- na da mitocôndria são visíveis no desenho e na micrografia (MET). As cristas são dobramentos da membrana interna, que aumentam a área su- perficial. Este desenho de um detalhe mostra os dois compartimentos ligados pelas membranas: o espaço intermembrana e a matriz mitocondrial. Várias enzimas respiratórias são encontradas na membrana interna e na matriz. Ribossomos livres também estão presentes na matriz. As moléculas de DNA, muito pequenas para serem visualizadas aqui, em geral são circulares e ligadas à membra- na mitocondrial interna. B 111 Essas reações podem ter várias funções diferentes. Certos peroxis- somos utilizam oxigênio para quebrar ácidos em moléculas me- nores que então podem ser transportadas para as mitocôndrias, onde são utilizadas como combustível para respiração celular. O f ígado, por meio dos peroxissomos, desintoxica-se do álcool e de outros componentes prejudiciais pela transferência de hidrogênio dessas substâncias para o oxigênio. O H2O2 formado pelos pero- xissomos é tóxico por si só, mas a organela também contém uma enzima que converte H2O2 em água. Esse é um excelente exemplo de como a estrutura compartimentalizada das células é crucial para suas funções: enzimas que produzem peróxido de hidrogê- nio e aquelas que se desembaraçam desse componente tóxico são sequestradas no mesmo espaço, longe de outros componentes ce- lulares que, de outra forma, poderiam ser danosos. Os peroxissomos especializados chamados de glioxissomos são encontrados nos tecidos de armazenamento lipídico das se- mentes de plantas. Essas organelas contêm enzimas que ativam a conversão de ácidos graxos em açúcar. Durante a germinação e antes da emergência, as plântulas usam essas reservas como fonte de energia e carbono até serem capazes de produzir seu próprio açúcar por fotossíntese. Diferente dos lisossomos, os peroxissomos não derivam do sistema de endomembranas. Eles crescem pela incorporação de proteínas produzidas principalmente no citosol, lipídeos produ- zidos no RE e lipídeos sintetizados dentro do próprio peroxisso- mo. Os peroxissomos podem aumentar em número dividindo-se em dois quando alcançam certo tamanho. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Descreva duas características comuns dos cloroplastos e das mitocôndrias. Considere tanto função como estrutura de membrana. 2. E SE...? Um colega propõe que mitocôndrias, cloro- plastos e peroxissomos deveriam ser classificados no siste- ma de endomembranas. Argumente contra a proposta. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. Tilacoide Estroma Ribossomos Membranas interna e externa Grana Cloroplasto 1 µm Cloroplasto Peroxissomo Mitocôndria 1 µm Figura 6.19 � Um peroxissomo. Grosso modo, os peroxissomos são esféricos. Muitas vezes, possuem um centro granular ou cristalino, o qual, acredita-se, contém uma densa coleção de moléculas de enzimas. Este pe- roxissomo pertence a uma célula de folha (MET). Note sua proximidade com dois cloroplastos e uma mitocôndria. Essas organelas cooperam com os peroxissomos em certas funções metabólicas. Figura 6.18 � Cloroplasto, o local da fotossíntese. Um típico cloroplasto está envolto por duas membranas separadas por um estreito espaço intermembrana que constitui um compartimento externo. A membrana interna envolve um segundo compartimento contendo o líquido chamado de estroma. O estroma circunda um terceiro compartimento, o espaço tilacoide, delimitado pela membrana tilacoide. Sacos tilacoides interconectados (tilacoides) são empilhados para formar estruturas chamadas de grana, por sua vez, conectadas por finos túbulos entre os tilacoides individuais. As enzimas fotossintéticas estão embebidas nas mem- branas tilacoides. Ribossomos livres estão presentes no estroma, junto com cópias do genoma do cloroplasto (DNA), pequenos demais para serem visualizados aqui (MET). 112 C C. 6.6 O citoesqueleto é uma rede de fibras que organiza estruturas e atividades na célula Nos primórdios da microscopia eletrônica, os biólogos pensavam que as organelas da célula eucariótica flutuavam livremente no ci- tosol. Mas aperfeiçoamentos tanto na microscopia óptica como na microscopia eletrônica revelaram o citoesqueleto, uma rede de fibras que se estende pelo citoplasma (Figura 6.20). O citoesque- leto, cuja função principal é a organização das estruturas e ativida- des da célula, é composto de três tipos de estruturas moleculares: microtúbulos, microfilamentos e filamentos intermediários. Funções do citoesqueleto: suporte, mobilidade e regulação A função mais óbvia do citoesqueleto é dar sustentação mecânica à célula e manter sua forma. Isso é especialmente importante para células animais, que não possuem paredes. As incríveis força e elas- ticidade do citoesqueleto como um todo são baseadas na sua ar- quitetura. Como uma abóbada, o citoesqueleto é estabilizado pelo equilíbrio entre as forças contrárias exercidas por seus elementos. Assim como o esqueleto de um animal ajuda a fixar as posições de outras partes do corpo, o citoesqueleto fornece âncora para várias organelas e até mesmo moléculas de enzimas citosólicas. Entretan- to, o citoesqueleto é mais dinâmico do que o esqueleto animal. Ele pode ser desmantelado rapidamente em uma parte da célula e re- montado em uma posição nova, mudando o formato da célula. Alguns tipos de mobilidade celular (movimento) também en- volvem o citoesqueleto. O termo mobilidade celular inclui tanto alterações na localização celular como movimentos mais limitados de partes da célula. A mobilidade celular requer a interação do ci- toesqueleto com proteínas motoras. Exemplos dessa mobilidade celularexistem em abundância. Elementos do citoesqueleto e pro- teínas motoras trabalham juntos com as moléculas da membrana plasmática para permitir que células inteiras se movam ao longo das fibras fora da célula. As proteínas motoras causam o curva- mento dos cílios e flagelos, segurando os microtúbulos dentro des- tas organelas, e deslizando-os uns contra os outros. Devido a um mecanismo semelhante, microfilamentos fazem as células muscu- lares se contraírem. Dentro da célula, vesículas e outras organelas muitas vezes viajam para seus destinos ao longo de “monotrilhos” fornecidos pelo citoesqueleto. Por exemplo, é assim que vesículas com moléculas neurotransmissoras migram para as extremidades dos axônios, as longas extensões das células nervosas que liberam essas moléculas em forma de sinais químicos para as células ner- vosas adjacentes (Figura 6.21). As vesículas que brotam a partir do RE viajam para o Golgi ao longo dos caminhos do citoesqueleto. O citoesqueleto também manipula a membrana plasmática de um jeito que forma vacúolos alimentares ou outras vesículas fagocíti- cas. O fluxo de citoplasma, que permite aos materiais circularem dentro de várias grandes células vegetais, é também outro tipo de movimento celular causado pelo citoesqueleto. Da mesma forma, o citoesqueleto está envolvido na regula- ção de atividades bioquímicas na célula em resposta à estimu- lação mecânica. Forças exercidas por moléculas extracelulares por meio das proteínas de superf ície celular são aparentemente transmitidas para dentro da célula por elementos do citoesque- leto, e as forças podem até mesmo alcançar o núcleo. Em um ex- perimento, pesquisadores usaram um aparelho de micromanipu- lação para empurrar certas proteínas da membrana plasmática Microfilamentos Microtúbulo 0,25 µm Figura 6.20 � O citoesqueleto. Nesta micrografia MET, preparado por um método conhecido como decapagem profunda, os microtúbulos ocos, mais grossos, e os microfilamentos sólidos, mais finos, são visíveis. Um ter- ceiro componente do citoesqueleto, os filamentos intermediários, não são visíveis aqui. ATP Microtúbulo do citoesqueleto Proteína motora (movida por ATP) (a) Proteínas motoras que se ligam a receptores sobre as vesículas podem “mover” as vesículas ao longo dos microtúbulos ou, em alguns casos, dos microfilamentos. (b) Vesículas com neurotransmissores migram para as pontas de células nervosas axônios por meio do mecanismo descrito em (a). Nesta micrografia feita com MEV do axônio de lula gigante, duas vesículas podem ser vistas se movendo ao longo do microtúbulo. (Uma parte separada do experimento forneceu provas de que elas realmente estavam se movendo.) VesículasMicrotúbulo Receptor para proteína motora Vesícula 0,25 µm Figura 6.21 � As proteínas motoras e o citoesqueleto. B 113 ligadas ao citoesqueleto. Um microscópio com vídeo capturou os rearranjos quase instantâneos dos nucléolos e de outras estrutu- ras no núcleo. Assim, a transmissão pelo citoesqueleto de sinais mecânicos que ocorrem naturalmente pode ajudar a regular e a coordenar a resposta celular. Componentes do citoesqueleto Agora vamos observar mais de perto os três principais tipos de fi- bras que compõem o citoesqueleto (Tabela 6.1). Os microtúbulos são os mais espessos dos três; os microfilamentos (também cha- mados de filamentos de actina) são os mais finos; e os filamentos intermediários são fibras de diâmetro intermediário. Microtúbulos Todas as células eucarióticas possuem microtúbulos, bastões ocos medindo cerca de 25 nm de diâmetro e de 200 nm a 25 μm de comprimento. A parede do tubo oco é feita de uma proteína globular chamada tubulina. Cada proteína de tubulina é um dí- mero, uma molécula feita de duas subunidades. Um dímero de tubulina consiste em dois polipeptídeos levemente distintos, �-tubulina e �-tubulina. Os microtúbulos crescem em compri- mento pela adição de dímeros de tubulina; eles podem também ser desmontados e sua tubulina ser reutilizada para montar mi- crotúbulos em qualquer lugar na célula. Devido à sua arquitetura, um microtúbulo apresenta duas extremidades um pouco diferen- Tabela 6.1 Estrutura e função do citoesqueleto Propriedade Microtúbulos (polímeros de tubulina) Microfilamentos (filamentos de actina) Filamentos intermediários Estrutura Tubos ocos; parede consiste em 13 colunas de moléculas de tubulina Duas fitas intercruzadas de actina, cada fita sendo um polímero de su- bunidades de actina Proteínas fibrosas superenroladas em cabos mais grossos Diâmetro 25 nm com lúmen de 15 nm 7 nm 8-12 nm Subunidades proteicas Tubulina, um dímero consistindo em �-tubulina e �-tubulina Actina Uma das muitas proteínas diferentes da família da queratina, dependendo do tipo celular Funções principais Manutenção da forma da célula (“vigas mestre” que resistem à com- pressão) Mobilidade celular (como nos cílios e nos flagelos) Movimentos de cromossomos na di- visão celular Movimento de organelas Manutenção da forma da célula (ele- mentos com tensão) Alterações na forma da célula Contração muscular Fluxo citoplasmático Motilidade celular (como nos pseu- dópodes) Divisão celular (formação do sulco de clivagem) Manutenção da forma da célula (ele- mentos com tensão) Ancoragem do núcleo e certas outras organelas Formação da lâmina nuclear Micrografias de fibro- blastos, tipo celular pre- ferencial em estudos da biologia celular. Cada micrografia foi tratada de modo experimental para marcar com fluo- rescência a estrutura de interesse. 7 nm 25 nm Dímero de tubulina Coluna de dímeros de tubulina α β Subunidade de actina Subunidade fibrosa (queratinas enroladas) Proteínas queratina 10 µm 10 µm 5 µm 8–12 nm 114 C C. tes. Uma extremidade pode acumular ou liberar dímeros de tu- bulina a uma velocidade bem mais alta do que a outra, crescendo e encolhendo significativamente durante as atividades celulares. (Esta é chamada de extremidade (�), não apenas por adicionar proteína tubulina, mas também porque é a extremidade com maiores taxas de adição e de remoção.) Os microtúbulos modelam e sustentam a célula e também servem como caminhos ao longo dos quais as organelas equipa- das com proteínas motoras podem mover-se. Para mencionar um exemplo diferente do mostrado na Figura 6.21, os microtúbulos guiam vesículas secretoras a partir do complexo de Golgi para a membrana plasmática. Os microtúbulos também separam os cromossomos durante a divisão celular (ver Capítulo 12). Centrossomos e centríolos Em células animais, os micro- túbulos crescem a partir do centrossomo, região muitas vezes localizada próxima ao núcleo, considerada o “centro de organiza- ção dos microtúbulos”. No citoesqueleto, esses microtúbulos fun- cionam como vigas mestre resistentes à compressão. Dentro dos centrossomos existe um par de centríolos, cada qual composto de nove conjuntos de microtúbulos triplos arranjados em anel (Figura 6.22). Antes de uma célula animal se dividir, o centríolo se replica. Embora centrossomos com centríolos possam auxiliar na montagem dos microtúbulos nas células animais, eles não são essenciais para essa função em todos os eucariotos; células de le- veduras e células vegetais não possuem centrossomos com cen- tríolos, mas possuem microtúbulos bem-organizados. De forma clara, outros centros de organização de microtúbulos exercem o papel dos centrossomos nessas células. Cílios e flagelos Em eucariotos, um arranjo especializado de microtúbulos é responsável pelo batimento do flagelo e dos cí- lios, microtúbulos com extensões que se projetam a partir de al- gumas células. Vários eucariotos unicelulares são impulsionados na água por cílios ou flagelos que atuam como apêndices de loco- moção. Por sua vez, espermatozoides de animais, algas e algumas plantas possuem flagelos. Quando cílios ou flagelos se estendem a partir de células mantidas no lugar como parte de uma camada de tecido, conseguem moverfluidos sobre a superf ície do tecido. Por exemplo, o revestimento ciliado da traqueia arrasta o muco contendo resíduos captados para fora dos pulmões (ver Figura 6.4). No aparelho reprodutivo feminino, os cílios que revestem os ovidutos ajudam a mover o óvulo em direção do útero. Cílios para mobilidade normalmente ocorrem em grande quan- tidade na superf ície da célula. Eles têm aproximadamente 0,25 μm de diâmetro e cerca de 2-20 μm de comprimento. Os flagelos têm o mesmo diâmetro, mas são mais longos, 10-200 μm. Além disso, em geral, existem poucos flagelos por célula, ou apenas um. Os flagelos e cílios diferem em termo dos padrões de bati- mentos (Figura 6.23). O flagelo possui movimento de ondulação que gera força na mesma direção do eixo do flagelo. Ao contrá- rio, os cílios trabalham mais como remos, alternando remadas de embalo e de recuperação, gerando força em direção perpendicu- lar ao eixo do cílio, assim como os remos se estendem para fora em ângulos retos ao movimento para frente do barco. Um cílio também pode atuar como “antena” que recebe si- nais para a célula. Os cílios que possuem essa função em geral não são móveis e se apresentam em número de um por célula. (Na verdade, nas células animais, quase todas as células parecem ter um cílio desse tipo, chamado de cílio primário.) Proteínas de membrana no cílio primário transmitem sinais moleculares do meio para o interior da célula, acionando vias de sinalização que podem levar a alterações nas atividades da célula. A sinalização com base em cílios parece ser crucial para a função do cérebro e para o desenvolvimento embrionário. Embora diferentes em comprimento, número por célula e padrão de batimento, os cílios e flagelos do movimento com- partilham ultraestruturas comuns. Ambos possuem um centro de microtúbulos acomodado em uma extensão da membrana plasmática (Figura 6.24). Nove duplas de microtúbulos, onde os membros de cada par compartilham parte de suas paredes, estão arranjadas em forma de anel. No centro do anel há dois micro- túbulos isolados. Esse arranjo, referido como padrão “9 � 2”, é encontrado em quase todos os flagelos e cílios de movimento dos eucariotos. (Cílios primários sem motilidade possuem padrão “9 Centríolos Microtúbulo Centrossomo Seção longitudinal de um centríolo 0,25 µm Seção transversal do outro centríolo Microtúbulos Figura 6.22 � Centrossomo com par de centríolos. A maioria das células animais possui um centrossomo, região próxima ao núcleo onde os microtúbulos das células são iniciados. Dentro do centrossomo existe um par de centríolos, cada qual com cerca de 250 nm (0,25 µm de diâmetro). Os dois centríolos estão em ângulo reto entre si, e cada um é composto por nove conjuntos de três microtúbulos. A porção azul do desenho representa as proteínas não tubulinas que conectam as trincas de microtúbulos (MET). ? Quantos microtúbulos existem em um centrossomo? Circule e marque um microtúbulo, descrevendo sua estrutura. B 115 Figura 6.23 � Comparação do ba- timento de flagelos e cílios. Remada de embalo Remada de recuperação Direção do nado (a) Direção do movimento do organismo 15 µm Movimento do flagelo. Um flagelo normalmente ondula; seu movimento semelhante ao de cobra conduz a célula na mesma direção do eixo do flagelo. A propulsão do espermatozoide humano é um exemplo de locomoção flagelar (MO). (b) Movimento do cílio. Os cílios movimentam-se para frente e para trás. A força da “remada” de embalo move a célula em direção perpendicular ao eixo do cílio. Então, durante a remada de recuperação, o cílio se curva e se movimenta para as laterais, mais próximo à superfície. Uma penugem densa de cílios, batendo a uma velocidade de cerca de 40 a 60 remadas por segundo, cobre este Colpidium, um protozoário de água fresca (MEV colorido). 5 µm Membrana plasmática Par externo de microtúbulo Proteína dineína Microtúbulo central Proteína intercruzando os pares externos Trinca 0,1 µm (b) 0,1 µm 0,5 µm Uma seção transversal de um cílio de movimento mostra o arranjo “9 + 2” dos microtúbulos (MET). Os pares externos dos microtúbulos e os dois microtúbulos centrais são unidos por proteínas de ligação cruzada (em azul no desenho), incluindo os raios. Os pares também têm proteínas motoras ligadas chamadas de dineínas (em vermelho no desenho). Microtúbulos (c) Corpo basal: os nove pares externos de um cílio ou flagelo estendidos para o corpo basal, onde cada par se une a outro microtúbulo para formar um anel de nove trincas. Cada trinca está conectada à próxima por proteínas não tubulinas (linhas azuis mais finas no diagrama). Os dois microtúbulos centrais não aparecem, pois terminam acima do corpo basal (MET). Seção transversal do corpo basal (a) Uma seção longitudinal de um cílio de movimento mostra microtúbulos percorrendo o comprimento da estrutura (MET). Membrana plasmática Corpo basal Raio Figura 6.24 � Ultraestrutura de um flagelo ou cílio de eucariotos. 116 C C. � 0”, sem o par central de microtúbulos.) A montagem do micro- túbulo de um cílio ou flagelo está ancorada na célula por um cor- po basal, de estrutura muito similar a um centríolo. Na verdade, em muitos animais (incluindo humanos), o corpo basal do flagelo dos espermatozoides entra no óvulo e torna-se um centríolo. Em flagelos e cílios do movimento, proteínas intercruzadas flexíveis, igualmente espaçadas ao longo do comprimento do cílio ou flagelo, conectam os pares externos uns aos outros e aos dois microtúbulos centrais. Cada par externo também possui proteí- nas projetadas ao longo do seu comprimento que alcançam o par vizinho; essas grandes proteínas motoras são chamadas de dineí- nas, cada uma composta de vários polipeptídeos. As dineínas são responsáveis pelos movimentos de curvatura das organelas. Uma molécula de dineína realiza um ciclo complexo de movimentos alterando a forma das proteínas. A energia para essas mudanças é fornecida pelo ATP (Figura 6.25). O mecanismo da curvatura baseada em dineína envolve um processo que lembra o caminhar. Uma típica proteína de dine- ína possui dois “pés” que “caminham” ao longo do microtúbulo do par adjacente, um pé mantendo contato enquanto que o ou- tro libera e se religa um passo à frente ao longo do microtúbulo. Sem nenhuma contenção no movimento do par de microtúbu- los, um par continuaria a “caminhar” até deslizar na superf ície do outro, alongando o cílio ou o flagelo, em vez de curvá-lo (ver Figura 6.25a). Para o movimento lateral de um cílio ou flagelo, a “caminhada” da dineína deve ter uma superf ície de apoio, como quando os músculos na sua perna se contraem contra os ossos para mover o joelho. Nos cílios e flagelos, os pares de microtú- bulos parecem ser mantidos no local por proteínas intercruzadas dentro dos pares externos e por raios e outros elementos estrutu- rais. Assim, pares vizinhos não podem deslizar demais uns sobre os outros. Em vez disso, as forças exercidas pelo “caminhar” da dineína fazem os pares se curvarem, curvando o cílio ou flagelo (ver Figura 6.25b e c). Microfilamentos (filamentos de actina) Os microfilamentos são bastões sólidos de cerca de 7 nm de diâ- metro. Também são chamados de filamentos de actina por se- rem construídos a partir de moléculas de actina, uma proteína globular. Um microfilamento é uma cadeia dupla de subunidades de actina enroladas (ver Tabela 6.1). Além de ocorrer como fila- mentos intermediários, os microfilamentos podem formar redes estruturais pela presença de proteínas que se ligam ao longo da lateral de um filamento de actina e permitem que um novo fila- mento se estenda e forme uma ramificação. Os microfilamentos parecem estar presentes em todas as células eucarióticas. Ao contrário do papel de resistência à compressão dos micro- túbulos, o papel estrutural dos microfilamentos no citoesqueleto é produzir tensão (forças de tração). Uma rede tridimensional formada por microfilamentos dentro da membranaplasmática (microfilamentos corticais) ajuda a sustentar o formato das célu- las. Essa rede forma a camada citoplasmática externa de uma cé- lula, chamada de córtex, a consistência semissólida de um gel, em Pares de microtúbulos Proteína dineína Proteínas de intercruzamento entre os pares externos (a) (b) Efeito das proteínas de intercruzamento. Em cílio e flagelos, dois pares adjacentes não podem deslizar muito, pois são fisica- mente contidos por proteínas, então se curvam. (Apenas dois dos nove pares externos na Figura 6.24b são mostrados aqui.) (c) Movimento similar à onda. Ciclos sincronizados de movimento de várias dineínas provavelmente causam o início de um curva- mento na base do cílio ou flagelo e se movem em direção à extremidade. Vários curvamentos sucessivos, como os mostrados aqui da esquerda para a direita, geram movimentos similares a ondas. Neste diagrama, os dois microtúbulos centrais e as proteínas de intercruzamento não aparecem. Ancoragem na célula Efeito do movimento sem restrição da dineína. Se cílios e flagelos não tivessem proteínas de intercruzamento, os dois pés de cada dineína ao longo de um par (movidos por ATP) iriam alternadamente pegar e largar o par adjacente. Esse movimento de “caminhada” empurraria o par adjacente para cima. Em vez de se curvarem, os pares deslizariam um além do outro. ATP ATP 1 2 3 Figura 6.25 � Como a “caminhada” da dineína movimenta flage- los e cílios. B 117 contraste ao estado mais fluido (sol) do interior do citoplasma. Em células animais especializadas para o transporte de materiais através da membrana plasmática, como células intestinais, os fei- xes de microfilamentos compõem o centro das microvilosidades, as delicadas projeções previamente mencionadas que aumentam a área superficial da célula (Figura 6.26). Os microfilamentos são bem conhecidos por seu papel na mo- bilidade celular, particularmente como parte do aparelho contrá- til das células musculares. Milhares de filamentos de actina estão arranjados paralelos uns aos outros ao longo da extensão de uma célula muscular, intercalados com filamentos mais espessos feitos de uma proteína chamada de miosina (Figura 6.27a). Assim como a dineína, quando interage com os microtúbulos, a miosina atua como proteína motora à base de microfilamentos, por meio de pro- jeções que “caminham” ao longo dos filamentos de actina. A con- tração da célula muscular resulta dos filamentos de actina e de mio- sina que deslizam uns sobre os outros, encurtando assim a célula. Em outros tipos de células, os filamentos de actina estão associados com miosina em versões miniatura e menos elaboradas do arran- jo nas células musculares. Esses agregados de actina-miosina são responsáveis pelas contrações localizadas das células. Por exemplo, um cinturão de contração dos microfilamentos forma um sulco de clivagem que divide a célula animal em duas células-filhas. A contração localizada causada pela actina e miosina tam- bém exerce papel no movimento ameboide (Figura 6.27b), em que células como amebas se deslocam ao longo da superf ície, se estendendo e fluindo por extensões celulares chamadas de pseu- dópodes (do grego pseudes, falso, e pod, pés). Os pseudópodes se estendem e se contraem por meio da montagem reversível das Microfilamentos (filamentos de actina) Microvilosidades Filamentos intermediários 0,25 µm Membrana plasmática Figura 6.26 � Papel estrutural dos microfilamentos. A área super- ficial desta célula intestinal para absorção de nutrientes é aumentada por suas várias microvilosidades, extensões celulares reforçadas por feixes de microfilamentos. Estes filamentos de actina estão ancorados a uma rede de filamentos intermediários (MET). Pseudópode se expandindo Citoplasma interno: sol com subunidades de actina (a) Filamentos paralelos de actina Fluxo citoplasmático (sol) Cloroplasto Citoplasma cortical imóvel (gel) Filamento de actina Filamento de miosina Córtex (citoplasma externo): gel com rede de actina Parede celular Célula muscular Braço de miosina Motores de miosina na contração da célula muscular. O “caminhar” dos braços de miosina impulsiona os filamentos paralelos de miosina e de actina a passarem uns pelos outros. Com isso, os filamentos de actina se aproximam uns dos outros no meio (setas vermelhas). Isso encurta a célula muscular. A contração muscular envolve o encurtamento de inúmeras células musculares ao mesmo tempo. (b) Movimento ameboide. A interação dos filamentos de actina com a miosina próxima a extremidade final da célula (à direita) aperta o citoplasma mais interno e fluida para frente (para a esquerda) e para dentro do pseudópode. (c) Fluxo citoplasmático em células vegetais. Uma camada de ciclos citoplasmáticos em torno da célula, movendo-se sobre um tapete de filamentos de actina paralelos. Os motores de miosina ligados a organelas no citosol fluido podem acionar o fluxo pela interação com a actina. Vacúolo Figura 6.27 � Microfilamentos e mobilidade. Nos três exemplos mostrados nesta figura, o núcleo da célula e a maioria das outras organelas foram omitidos para maior clareza. 118 C C. subunidades de actina em microfilamentos e dos microfilamen- tos em redes que convertem citoplasma de sol para gel. De acor- do com um modelo amplamente aceito, os filamentos próximos ao final da extremidade das células interagem com a miosina pro- movendo a contração. Como um tubo de pasta de dente sendo apertado, essa contração força o citoplasma mais interno e fluido em direção ao pseudópode, onde a rede de actina foi enfraqueci- da. O pseudópode se estende até que a actina se reorganize em uma rede. As amebas não são as únicas células que se movem por rastejamento; muitas célula no organismo animal também o fazem, incluindo algumas células brancas do sangue. Nas células vegetais, tanto as interações actina-miosina como as transformações sol-gel causadas pela actina podem es- tar envolvidas no fluxo citoplasmático, uma corrente circular do citoplasma dentro das células (Figura 6.27c). Esse movimento, especialmente comum em grandes células vegetais, acelera a dis- tribuição de materiais dentro da célula. Filamentos intermediários Os filamentos intermediários recebem esse nome devido a seu diâmetro, de 8-12 nm, maior que o diâmetro dos microfilamen- tos, mas menor que o diâmetro dos microtúbulos (ver Tabela 6.1, p. 113). Especializados em suportar tensão (como os microfila- mentos), os filamentos intermediários são uma classe diversa de elementos citoesqueléticos. Cada tipo é construído a partir de uma subunidade molecular distinta, pertencente a uma família de proteínas cujos membros incluem as queratinas. Os microtú- bulos e filamentos, ao contrário, são consistentes em diâmetro e composição em todas as células eucarióticas. Os filamentos intermediários são “ornamentos” celulares mais permanentes do que microfilamentos e microtúbulos; es- tes últimos são frequentemente desmontados e remontados em várias partes da célula. Mesmo depois da morte das células, as redes de filamentos intermediários muitas vezes persistem; por exemplo, a camada externa da nossa pele consiste em células epiteliais mortas, repletas de proteína queratina. Tratamentos químicos que removem microfilamentos e microtúbulos do cito- plasma de células vivas deixam uma rede de filamentos interme- diários que retêm a forma original. Esses experimentos sugerem que os filamentos intermediários são especialmente importantes para reforçar a forma da célula e fixar a posição de certas orga- nelas. Por exemplo, o núcleo normalmente se encontra dentro de uma gaiola feita de filamentos intermediários, fixada no local por ramificações dos filamentos que se estendem para dentro do citoplasma. Outros filamentos intermediários compõem a lâmi- na nuclear que reveste o interior do envelope nuclear (ver Figura 6.10). Nos casos em que o formato da célula inteira está correla- cionado com a função, os filamentos intermediáriossustentam esse formato. Um exemplo são as longas extensões (axônios) de células nervosas que transmitem impulsos, fortificadas por uma classe de filamentos intermediários. Dessa forma, os vários tipos de filamentos intermediários funcionam como a moldura de todo o citosesqueleto. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. Descreva as características compartilhadas do movimento com base em microtúbulos dos flagelos e da contração muscular à base de microfilamentos. 2. Como os cílios e os flagelos se curvam? 3. E SE...? Machos afetados pela síndrome de Kartagener são estéreis por causa dos espermatozoides sem mobilida- de; tendem a sofrer de infecções pulmonares; e frequente- mente possuem órgãos internos, como o coração, no lado errado do corpo. Essa anomalia tem base genética. Sugira qual pode ser o defeito básico. Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. 6.7 Os componentes extracelulares e as conexões entre as células ajudam a coordenar as atividades celulares Após atravessarmos o interior da célula para explorar os com- ponentes internos, completamos nossa viagem pela célula re- tornando à superf ície deste mundo microscópico, onde existem estruturas adicionais com funções importantes. A membrana plasmática é normalmente considerada o limite da célula viva, mas a maioria das células sintetiza e secreta materiais externos à membrana plasmática. Embora esses materiais e as estruturas por eles formadas estejam fora da célula, o seu estudo é central para a biologia celular, pois estão envolvidos em várias funções importantes na célula. Paredes celulares de plantas A parede celular é uma estrutura extracelular das células vege- tais que as distingue das células animais. A parede protege a célu- la vegetal, mantém a sua forma e previne a captação excessiva de água. Em termos de planta inteira, as fortes paredes das células especializadas mantêm a planta em pé, contra a força da gravida- de. Procariotos, fungos e alguns protistas também possuem pare- des celulares, a serem estudadas na Unidade Cinco. As paredes celulares de plantas são mais espessas do que a membrana plasmática, variando de 0,1 μm até alguns micrômetros. A composição química exata da parede varia de espécie para espé- cie e até mesmo de um tipo celular para outro na mesma planta, mas o desenho da parede é basicamente igual. Microfibrilas feitas de celulose polissacarídica (ver Figura 5.8) são sintetizadas por uma enzima chamada de celulose-sintetase e secretadas para o espaço extracelular, onde são embebidas em uma matriz de outros polissa- carídeos e proteínas. Essa combinação de materiais e fibras fortes em uma “substância básica” (matriz) é o mesmo projeto arquitetô- nico básico encontrado no concreto armado e na fibra de vidro. Uma célula vegetal jovem secreta uma parede relativamente fina e flexível chamada de parede celular primária (Figura 6.28). B 119 Nas células em crescimento ativo, as fibrilas de celulose estão orien- tadas em ângulos retos à direção da expansão celular, possivelmente afetando o padrão de crescimento. David Ehrhardt e colegas in- vestigaram o papel dos microtúbulos na orientação dessas fibrilas (Figura 6.29). Suas observações deram forte sustentação à ideia de que os microtúbulos no córtex celular guiam a celulose-sintetase, à medida que ela sintetiza e deposita as fibrilas. Orientando a depo- sição de celulose, os microtúbulos afetam o padrão de crescimento das células. Entre as paredes primárias das células adjacentes está a la- mela média, uma fina camada rica em polissacarídeos pegajosos chamados de pectinas. A lamela média une as células adjacentes (a pectina é utilizada como agente espessante em geleias e ali- mentos). Quando a célula chega à maturidade e cessa o cresci- mento, ela fortifica a parede. Algumas células de plantas o fazem simplesmente pela secreção de substâncias endurecedoras para dentro da parede primária. Outras células adicionam uma pare- de celular secundária entre a membrana plasmática e a parede primária. A parede celular secundária, frequentemente deposi- tada em várias camadas de lâminas, possui uma matriz forte e durável protege e sustenta a célula. A madeira, por exemplo, con- siste principalmente em paredes secundárias. As paredes celula- res de plantas são normalmente perfuradas por canais entre as células adjacentes chamados de plasmodesmos (ver Figura 6.28), que discutiremos brevemente. A matriz extracelular de células animais Embora células animais não tenham paredes semelhantes àquelas das células vegetais, elas apresentam uma elaborada matriz extra- celular (MEC) (Figura 6.30, na próxima página). Os principais ingredientes da MEC são glicoproteínas secretadas pelas células. (Relembre que as glicoproteínas são proteínas com carboidratos ligados covalentemente, em geral cadeias curtas de açúcares.) A glicoproteína mais abundante na MEC da maioria das células ani- mais é o colágeno, que forma fibras fortes fora das células (ver Figura 5.21). De fato, o colágeno responde por cerca da metade da Paredes celulares de plantas Lamela média Parede celular primária Parede celular secundária 1 µm Citosol Vacúolo central Membrana plasmática Plasmodesmos Figura 6.28 � Paredes de células vegetais. O desenho mostra várias células, cada qual com um grande vacúolo, núcleo e vários cloroplastos e mitocôndrias. A micrografia eletrônica de transmissão (MET) mostra as paredes celulares onde duas células se unem. A repartição em múltiplas camadas entre células de plantas consiste em paredes acrescentadas indivi- dualmente secretadas pelas células. Figura 6.29 � Pesquisa Qual o papel dos microtúbulos na orientação da deposição de celulose nas paredes celulares? EXPERIMENTO Experimentos prévios com tecidos vegetais preserva- dos mostraram o alinhamento dos microtúbulos no córtex celular com fi- brilas de celulose na parede celular. Além disso, observou-se que drogas rompedoras de microtúbulos causam a desorientação das fibrilas de celu- lose. Para investigar com mais profundidade o papel dos microtúbulos cor- ticais na orientação da deposição de fibrilas, David Ehrhardt e colegas na Standford University usaram um tipo de microscopia confocal para estudar a deposição de parede celular nas células vivas. Nestas células, eles marca- ram tanto a celulose-sintetase como os microtúbulos com marcadores flu- orescentes e os observaram ao longo do tempo. RESULTADOS A via do movimento da celulose-sintetase e as posi- ções dos microtúbulos existentes coincidiram bastante ao longo do tem- po. As micrografias fluorescentes abaixo representam uma média de cinco imagens, obtidas com 10 segundos de diferença. Pela ação das moléculas marcadoras, a celulose-sintetase fluoresceu em verde e os microtúbulos em vermelho. As setas indicam as áreas proeminentes onde se observa que os dois alinham. 10 µm Distribuição da celulose-sintetase ao longo do tempo Distribuição dos microtúbulos ao longo do tempo CONCLUSÃO A organização dos microtúbulos parece guiar direta- mente a via da celulose-sintetase à medida que ela deposita a celulose, determinando assim a orientação de fibrilas de celulose. FONTE A.R. Paradez et al., Visualization of cellulose synthase de- monstrates functional association with microtubules, Science 312:1491-1495. E SE...? Em um segundo experimento, os pesquisadores expuseram as células vegetais à luz azul, que antes mostrara causar a reorientação dos microtúbulos. Na sua opinião, que eventos se seguiriam após a exposição à luz azul? 120 C C. proteína total no corpo humano. As fibras de colágeno estão embe- bidas em uma intricada rede de proteoglicanos. Uma molécula de um proteoglicano consiste em uma pequena proteína central com várias cadeias de carboidratos ligadas covalentemente, de modo que ela pode conter até 95% de carboidratos. Grandes complexos de proteoglicanos podem se formar quando centenas de proteo- glicanos se ligam não covalentemente a uma única moléculalonga de polissacarídeo, como mostrado na Figura 6.30. Algumas célu- las estão ligadas à MEC por ainda outras glicoproteínas da MEC, como a fibronectina. A fibronectina e outras proteínas da MEC se ligam às proteínas receptoras da superf ície da célula chamadas de integrinas, construídas na membrana plasmática. As integrinas atravessam a membrana e se ligam na face citoplasmática a pro- teínas associadas anexas aos microfilamentos do citoesqueleto. O nome integrina baseia-se na palavra integrar: as integrinas são ca- pazes de transmitir sinais entre a MEC e o citoesqueleto e, assim, integrar as alterações que ocorrem fora e dentro da célula. Pesquisas atuais sobre a fibronectina, outras moléculas da MEC e integrinas revelam o importante papel da matriz extracelu- lar na vida das células. Comunicando-se com a célula, por meio das integrinas, a MEC regula o comportamento celular. Por exemplo, algumas células de um embrião em desenvolvimento migram por vias específicas comparando a orientação dos seus microfilamentos com o “núcleo” de fibras na matriz extracelular. Pesquisadores tam- bém estão descobrindo que a matriz extracelular em torno da cé- lula pode influenciar a atividade de genes no núcleo. A informação sobre a MEC provavelmente alcança o núcleo por uma combinação de vias de sinalização mecânica e química. A sinalização mecânica envolve fibronectina, integrinas e microfilamentos do citoesquele- to. Alterações no citoesqueleto podem, por sua vez, acionar vias de sinalização químicas dentro da célula, levando a alterações no grupo de proteínas sintetizadas pela célula e, portanto, a alterações na função das células. Dessa forma, a matriz extracelular de um determinado tecido pode ajudar a coordenar o comportamento de todas as células desse tecido. Conexões diretas entre células tam- bém funcionam nessa coordenação, como discutiremos a seguir. Junções intercelulares As células em um animal ou numa planta estão organizadas em tecidos, órgãos e sistemas de órgãos. As células com frequência aderem, interagem e se comunicam por contato f ísico direto. Plasmodesmos em células vegetais À primeira vista, poderia parecer que as paredes celulares não vivas de plantas isolariam as células umas das outras. Mas, na verdade, como mostrado na Figura 6.31, as paredes celulares são perfuradas por canais chamados de plasmodesmos (do grego desmos, ligar). O citosol passa através dos plasmodesmos e co- necta os meios químicos das células adjacentes. Essas conexões Micro- filamentos Molécula polissacarídica Carboidratos Molécula de proteoglicano Complexo de proteoglicano Proteína central Membrana plasmática CITOPLASMA A fibronectina liga a MEC às integrinas embebidas na membrana plasmática. As integrinas, proteínas de membrana com duas subunidades, se ligam à MEC em um lado e a proteínas associadas ligadas a microfilamentos do outro lado. Essa ligação pode transmitir sinais entre o ambiente externo das células e o seu interior, ocasionando alterações no comportamento da célula. LÍQUIDO EXTRACELULARAs fibras de colágeno estão embebidas em uma complexa rede de proteoglicanos. Um complexo de proteoglicanos consiste em centenas de moléculas de proteoglicanos ligados não covalentemente a uma única molécula polissacarídica longa. Figura 6.30 � Matriz extracelular (MEC) de uma célula animal. A composição molecular e a estrutura da MEC variam de um tipo de célula para outro. Neste exemplo, estão presentes três diferentes tipos de glicoproteí- nas: proteoglicanos, colágeno e fibronectina. Interior da célula Plasmodesmos0,5 µm Interior da célula Membranas plasmáticas Paredes celulares Figura 6.31 � Plasmodesmos entre células vegetais. O citoplasma de uma célula vegetal é contínuo com o citoplasma das células vizinhas via plasmodesmos, canais que atravessam as paredes celulares (MET). B 121 unificam a maior parte da planta em um meio contínuo. As mem- branas plasmáticas das células adjacentes revestem o canal de cada plasmodesmo e assim são contínuas. Água e pequenos solu- tos podem passar livremente de célula para célula; experimentos recentes mostraram que, em algumas circunstâncias, certas pro- teínas e moléculas de RNA também podem fazer isso (ver item 36.6). As macromoléculas transportadas para as células vizinhas parecem alcançar os plasmodesmos por meio do movimento ao longo de fibras do citoesqueleto. Junções aderentes, desmossomos e junções gap em células animais Em animais, existem três tipos principais de junções intercelula- res: junções aderentes, desmossomos e junções gap (quase como os plasmodesmos das plantas). Os três tipos de junções interce- lulares são especialmente comuns no tecido epitelial, que reveste as superf ícies externas e internas do corpo. A Figura 6.32 usa células epiteliais do revestimento intestinal para ilustrar essas junções; é recomendável estudá-la antes de ir adiante. Figura 6.32 � Explorando junções intercelulares nos tecidos animais Junção aderente Junção gap 0,5 µm 1 µm 0,1 µm Junção aderente Desmossomo Junções gap Filamentos intermediários Membranas plasmáticas de células adjacentes Espaço entre as células Matriz extracelular Junções aderentes previnem que o líquido se mova através de uma camada de células Junções aderentes Nas junções aderentes ou compactas, as mem- branas plasmáticas das células vizinhas estão fir- memente pressionadas, umas contra as outras, unidas por proteínas específicas (em cor roxa). Formando barreiras contínuas ao redor das cé- lulas, as junções aderentes previnem a perda do líquido extracelular através da camada de célu- las epiteliais. Por exemplo, as junções aderentes entre células da pele nos tornam impermeáveis evitando a entrada de água por entre as células das glândulas sudoríparas. Desmossomos Os desmossomos (também chamados de jun- ções de ancoramento) funcionam como rebites, unindo as células em camadas fortes. Filamen- tos intermediários feitos de robustas proteínas queratina ancoram os desmossomos ao cito- plasma. Os desmossomos ligam as células mus- culares umas às outras no músculo. Algumas “distensões musculares” envolvem a ruptura dos desmossomos. Junções gap As junções gap (também chamadas de junções comunicantes) fornecem canais citoplasmáticos de uma célula para a célula adjacente. Nesse particular, são muito similares em função aos plasmodesmas nas plantas. As junções gap ou fenda consistem em proteínas de membrana que envolvem um poro pelo qual íons, açúcares, aminoácidos e outras pequenas moléculas po- dem passar. As junções gap são necessárias para a comunicação entre células em vários tipos de tecidos, incluindo músculo cardíaco e embriões animais. 122 C C. R E V I S à O D O C O N C E I T O 1. De que maneiras as células de plantas e animais são estru- turalmente diferentes dos eucariotos unicelulares? 2. E SE...? Se a parede celular da planta ou a matriz ex- tracelular animal fossem impermeáveis, que efeito isso te- ria na função celular? Ver as respostas sugeridas no Apêndice A. A célula: unidade viva maior do que a soma das partes A partir da nossa vista panorâmica sobre a organização geral dos compartimentos celulares até nosso minucioso estudo da arqui- tetura de cada organela, nossa viagem pela célula proporcionou várias oportunidades para correlacionar a estrutura com a fun- ção. (Este é um bom momento para revisar a estrutura celular, retornando à Figura 6.9, nas páginas 100 e 101.) Mas mesmo que tenhamos dissecado a célula, lembre-se: nenhum componente celular trabalha sozinho. Como exemplo de integração celular, considere a cena microscópica na Figura 6.33. A célula grande é um macrófago (ver Figura 6.14a). Ela ajuda na defesa dos mamífe- ros contra infecções por meio da ingestão de bactérias (as células menores) pelas vesículas fagocíticas. O macrófago se desloca ao longo da superf ície e alcança a bactéria com finos pseudópodes (chamados de filopódios). Os filamentosde actina interagem com outros elementos do citoesqueleto nesses movimentos. Depois que o macrófago engolfa a bactéria, elas são destruídas pelos li- sossomos. O bem-elaborado sistema de endomembranas produz os lisossomos. As enzimas digestivas dos lisossomos e as proteí- nas do citoesqueleto são todas produzidas nos ribossomos. E a síntese dessas proteínas é programada por mensagens genéticas enviadas do DNA para o núcleo. Todos esses processos necessi- tam de energia, que as mitocôndrias fornecem em forma de ATP. As funções celulares surgem a partir da organização celular: a cé- lula é uma unidade viva maior do que a soma de suas partes. 5 µ m Figura 6.33 � A emergência das funções celulares. A capacidade deste macrófago (marrom) de reconhecer, apreender e destruir a bactéria (amarelo) é uma atividade coordenada de toda a célula. O citoesqueleto, os lisossomos e a membrana plasmática estão entre os componentes que atuam na fagocitose (MEV colorido). RESUMO DOS CONCEITOS-CHAVE 6.1 Para estudar as células, os biólogos utilizam microscópios e ferramentas da bioquímica (p. 94-97) Microscopia � Avanços na microscopia que afetam os parâmetros de magnificação, de resolução e de contraste catalisaram o pro- gresso no estudo da estrutura celular. As microscopias óptica e eletrônica (MO e ME) permanecem importantes ferramentas. Fracionamento celular � Biólogos celulares podem obter sedimen- tos enriquecidos de determinados componentes celulares por centrifugação de células rompidas a velocidades sequenciais. Os componentes maiores ficam no sedimento após a centrifugação a baixa velocidade, e os componentes menores, após a centrifu- gação a alta velocidade. 6.2 Células eucarióticas possuem membranas internas que compartimentalizam suas funções (p. 98-102) Comparação entre células procarióticas e eucarióticas � Todas as células estão ligadas pela membrana plasmática. Ao contrário das células eucarióticas, as células procarióticas não possuem núcleo e outras organelas envoltas por membrana. A proporção entre superf ície e volume é um parâmetro importante que afeta o tamanho e a forma da célula. Uma vista panorâmica da célula eucariótica � Células de vegetais e de animais compartilham inúmeras organelas. 6.6 O citoesqueleto é uma rede de fibras que organiza estruturas e atividades na célula (p. 112-118) Funções do citoesqueleto: suporte, mobilidade e regulação � O citoesqueleto funciona no suporte estrutural para a célula e na mobilidade e transmissão de sinal. Componentes do citoesqueleto � Os microtúbulos dão formato à célula, guiam o movimento das organelas e separam os cromos- somos nas células em divisão. Os cílios e flagelos são apêndices para o movimento e contêm microtúbulos. Os cílios primários também exercem papéis sensoriais e de sinalização. Os micro- filamentos são bastões finos que funcionam na contração mus- cular, no movimento ameboide, no fluxo citoplasmático e no suporte dos microtúbulos. Os filamentos intermediários susten- tam o formato da célula e fixam as organelas no local. Revisão do Capítulo 6 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. DICA DO PROFESSOR A célula eucariota é delimitada por uma membrana externa e no seu interior são encontrados vários compartimentos, as organelas, que estão imersas em um substância semifluida como uma gelatina, o citosol. Assista ao vídeo e aprenda mais sobre a célula e seus componentes! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A célula integra a unidade básica da vida, constituindo a suporte e estrutura de todos os seres vivos. Cada célula possui uma organização própria ao nível molecular, que lhe permite desemprenhar funções que caracterizam a vida: crescimento, subsistência, adaptação ao meio exterior e reprodução, podendo ainda viver independentes e isoladas, ou associadas a um organismo multicelular. Assinale a resposta correta que evidencia principal diferença estrutural entre as células eucariotas e procariotas: A) Mitocôndria. B) Localização do DNA. C) Ribossomo. D) Cloroplasto. E) Aparelho de Golgi. O citoesqueleto constitui uma rede de fibras que se estende pelo citoplasma e cuja função principal é a organização das estruturas e atividades da célula, dando sustentação mecânica 2) à célula, mantendo sua forma. Da mesma forma, o citoesqueleto está envolvido na regulação de atividades bioquímicas em resposta à estimulação mecânica. Elementos do citoesqueleto e proteínas motoras trabalham juntos com as moléculas da membrana plasmática para permitir que células inteiras se movam ao longo das fibras fora da célula. Devido a um mecanismo semelhante, proteínas do citoesqueleto celular fazem as células musculares se contraírem. A contração das células musculares é uma função decorrente da atividade desempenhada principalmente pelos seguintes componentes celulares: A) Flagelos. B) Retículo endoplasmático liso. C) Microtúbulos. D) Microfilamentos. E) Filamentos intermediários. 3) Além da membrana plasmática na superfície externa, a célula eucariótica possui membranas internas organizadas que setorizam a célula, compartimentalizando-a. Esses “compartimentos celulares”, denominados organelas, fornecem meios diferentes que facilitam as funções metabólicas específicas, de modo que processos incompatíveis podem ocorrer simultaneamente dentro de uma única célula. Relacione as organelas celulares às suas características e funções: 1 – Retículo Endoplasmático 2 – Mitocôndrias 3 - Lisossomo 4 - Ribossomos 5 - Citoesqueleto ( ) rede de sacos e tubos membranosos; ativo na síntese da membrana e em outros processos sintéticos e metabólicos; possui regiões rugosas (crivadas de ribossomos) e lisas. ( ) reforça o formato da célula, funciona no movimento celular; componentes feitos de proteínas. ( ) complexos (pequenos pontos marrons) que sintetizam as proteínas; livres no citosol ou ligados ao RE rugoso ou envelope nuclear. Local onde ocorre a síntese do RNA mensageiro ( ) organela onde ocorre a respiração celular e a maioria do ATP (adenosina trifosfato) é gerada. ( ) organela digestiva onde macromoléculas são hidrolisadas A ordem correta da numeração, de cima para baixo é: A) 1 – 5 – 4 – 2 – 3 B) 1 – 3 – 5 – 4 – 3 C) 1 – 2 – 3 – 4 – 5 D) 2 – 3 – 4 – 3 – 2 E) 2 – 5 – 3 – 4 – 1 4) O núcleo é responsável por todas as funções celulares, principalmente o controle das reações químicas celulares. Em adição, é no núcleo da célula que está localizado o DNA e por isso o núcleo tem a função de armazenar todas as informações genéticas. Assinale as características associadas ao núcleo celular, considerando as partes que o compõem: I - Envelope nuclear: membrana dupla que envolve o núcleo; coberta de poros; continuidade do RE; II - Nucléolo: estrutura não membranosa envolvida na produção dos ribossomos; o núcleo contém um ou mais nucléolos; III - Cromatina: material que consiste em RNA e proteínas; visível na forma de cromossomos individuais em células em divisão. A) Somente a II. B) I, II, III. C) Somente I e II. D) Somente a II e III. E) Somente a I e III. Além da maioria das características vistas na célula animal estão também presentes na célula vegetal. Muitas células vegetais possuem um grande vacúolo central (algumas podem ter um ou mais vacúolos menores) e os cloroplastos estão presentes em todas elas. Em relação às células vegetais, assinale a resposta correta: I - São células eucarióticas II – São células procarióticas 5) III – O cloroplasto é o plastídeo mais importante IV – Os vacúolos vegetais tem a função de armazenamento do DNA celular V - Estão presentes nas células animais e não nas vegetais: lisossomos, ribossomos com centríolos e flagelo (presente em algumas células vegetais reprodutivas) Quais