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Ética e Legislação de Software 1

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Conteudista: Prof. Me. Afonso Maria Luiz Rodrigues Pavão      
Revisão Textual: Esp. Ricardo Messias Marques
 
Objetivo da Unidade:
Apresentar os conceitos de ética, de moral e sua aplicabilidade no contexto
profissional.
˨ Material Teórico
˨ Material Complementar
˨ Referências
Ética e Moral
Ética e Moral
Ética
Vamos iniciar nosso conteúdo questionando: o que é ética e qual sua importância na sociedade?
Então, vejamos: etimologicamente, a palavra ética é de origem grega: ethos – morada coletiva e
vida coletiva, ou seja, costume ou hábito. Este é o motivo pelo qual o conceito de ética é aplicado
em ações que devem promover o bem comum ou a justiça social.
Os gregos utilizavam esse termo com o sentido de hábitos ou costumes que fossem relativos à
boa vida e o bem viver entre os cidadãos. Acabou-se, assim, atrelando-se à ética o significado do
modo de ser ou o caráter de um indivíduo.
Em outras palavras, um modelo de vida a ser seguido ou conquistado pela humanidade,
mediante a disciplina rígida que formaria seu caráter, sendo transmitida aos jovens pelos
adultos.
A filosofia grega desde cedo se preocupou em refletir sobre ética – até porque ética (ou a sede
pela justiça) constitui uma das três dimensões da filosofia. As duas outras dimensões seriam a
sabedoria e a teoria.
Mas em Roma, ética passa a ser chamada de “mores”, que significa “moral”. Tanto é que no
direito romano – a base de toda ciência jurídica, essa palavra – ética – refere-se a normas de
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˨ Material Teórico
conduta (princípios que regem uma sociedade ou um grupo, numa determinada época),
funcionando isso como uma espécie de Lei.
Assim, historicamente, a ética está solidificada sobre as noções de valor, que vão mudando, à
medida que “novas verdades” são descobertas. A ação ética não é apenas um simples ato para
reprodução de ações de gerações anteriores, mas sim, uma reflexão para orientar uma ação a ser
executada na vida pessoal.
Ética e moral sempre estiveram presentes na História, já que o indivíduo sempre refletiu – e
assim continuará – sobre como é a melhor forma de se conviver e como se deve agir em um
contexto específico.
Isso porque todos os dias as pessoas encontram situações que envolvem algum juízo de valor ou
ainda situações que exijam uma decisão baseada em algo que pode ser julgado como errado ou
certo.
Portanto, sem ética, as ações humanas provavelmente seriam aleatórias e sem objetivo. Assim, à
medida que um padrão ético racional é construído, o indivíduo torna-se capaz de organizar
corretamente seus objetivos e ações para realizar aqueles seus valores.
E conforme surgem questionamentos sobre a validade de determinados valores ou costumes, da
mesma forma que a realidade exige novos valores para orientar a ética, é necessária uma teoria
que possa justificar essa nova maneira de agir. Uma ação ética é impossível se o indivíduo não
compreender seus aspectos racionais.
Por isso, surgem os filósofos – para produzir uma reflexão teórica que possa orientar a prática,
ou ainda, a crítica do viver ético.
E essas reflexões sobre a ética e a moral são fundamentais para que seja possível construir, de
uma forma consciente, uma sociedade mais justa e coerente, com o propósito de praticar e
valorizar o bem, e, por consequência, valorizar o indivíduo.
Quanto à ética, pode ser analisada sob alguns conceitos fundamentais, tais como consciência,
liberdade, princípios e valores, ou ainda leis, dentre outros. Dessa forma, há sua aplicação
prática na vida, no que tange à ética profissional, institucional, política, etc.
Portanto, é impossível agir eticamente sem que haja uma reflexão entre o que se deve fazer e o
que se gostaria de fazer, numa situação ou momento qualquer. De fato, uma ação ética deve
sempre buscar o bem comum. E isso implica em recusar todas as ações que possam propiciar o
mal.
Conforme afirma Gonçalves (2016), agir eticamente vai muito além dos preceitos atrelados à
cultura, às crenças, às ideologias e às tradições de uma sociedade, de uma comunidade ou de um
grupo de pessoas.
Além disso, observamos que por diversas vezes uma ação (ou reação) ocorrerá em situações
opostas às crenças. Sim, porque a noção do “deve ser assim” é exatamente seu maior valor
estrutural e em determinadas situações, esse “dever” é exatamente se repugnar e se indignar
com aquelas crenças. É isso o que chamo de prerrogativa de uma evolução.
Como a ética é guiada pela razão e não pelas crenças, ela tem a fundamentação nos ideais do bem
e da virtude que uma civilização entende e considera serem seus valores e que devem ser
perseguidos por todos.
Platão e Aristóteles sistematizaram a ética com base na razão – chamando de vida virtuosa. E as
virtudes são as práticas constantes e permanentes que encaminham um indivíduo ao caminho
do bem.
De acordo com Chauí (2000), o pensamento dos filósofos gregos antigos teve como base os
princípios morais que podem ser assim descritos:
1. por natureza, os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que podem ser
Quanto à ética moderna, o filósofo Immanuel Kant (1724 – 1804) tem como preceitos  a
deontologia ou ética do dever. Ou seja, há direitos e deveres universais que precisam ser
seguidos, conforme a pretensão do indivíduo. Assim, sua liberdade na escolha de agir
corretamente é que fará a diferença. Para o filósofo, a moralidade não deve seguir um princípio
subjetivo, mas sim, o princípio racional.
Vamos, agora, para descontrair um pouco, a um cenário intrigante.
Glossário 
Deontologia: Refere-se à ciência dos deveres,
da moral. Conjunto de normas.
alcançados pela conduta virtuosa;
2. a virtude é uma força interior ao caráter, que consiste na consciência do bem e
na conduta definida pela vontade guiada pela razão, pois cabe a esta última o
controle sobre instintos e impulsos irracionais descontrolados que existem na
natureza de todo ser humano;
3. a conduta ética é aquela na qual o agente sabe o que está e o que não está em
seu poder realizar, referindo-se, portanto, ao que é possível e desejável para
um ser humano. Saber o que está em nosso poder significa, principalmente,
não se deixar arrastar pelas circunstâncias, nem pelos instintos, nem por uma
vontade alheia, mas afirmar nossa independência e nossa capacidade de
autodeterminação.
Imaginemos, nestes nossos dias, a vida numa pequena cidade qualquer no interior do estado de
São Paulo – digamos, com 50 mil habitantes, apenas, mas com toda a estrutura já existente. Ou
seja, energia elétrica, água encanada, asfalto, esgoto tratado, internet, comércio abrangente que
fornece todo o tipo de alimentação, bens de consumo, saúde e entretenimento. Além, é claro, da
vida com melhor qualidade e mais próxima da natureza.
Sendo uma cidade neste nosso século XXI, apesar de pequena e com o cenário acima descrito,
obviamente haverá meios de transporte convencionais contendo (além de alguns cavalos)
bicicletas, motocicletas, automóveis e ônibus coletivos.
Até aí, nada demais, não é?
Pois então: vamos incrementar uma única situação para efeitos de reflexão neste cenário que
criamos.
E esta situação é que não existem regras de locomoção dos meios de transporte a serem
cumpridas nas ruas e na movimentação das pessoas na cidade. Ou seja, tanto faz que se vá em
um sentido ou outro nas ruas. Nos cruzamentos, não há a necessidade de se parar e não há
semáforos instalados. Todos os meios de transporte citados acima podem circular livremente,
sem qualquer tipo de controle. Afinal, todos têm o direito de ir e vir assegurados pela
Constituição, todos são iguais e são livres para entrar e sair de qualquer rua ou estabelecimento a
qualquer momento que quiserem.
Reflita 
Pare por um breve momento e reflita sobre essa situação que
propusemos. Será que irá acontecer algum problema, algum acidente,
Se em circunstâncias chamadas de “normais”, em cidades ainda menores, com a
obrigatoriedade de seguirmos as Leis de Trânsito, as placas indicativas de mãos de direção e de
restrições
ao tráfego, mão contrária proibida, dentre outras – já ocorrem atropelamentos,
acidentes, pequenos abalroamentos ou congestionamentos, além de outros pequenos
problemas, no cenário que idealizamos, com toda a certeza haverá muitos problemas,
desavenças e situações que fugirão do controle, não é mesmo?
Então, não se pode imaginar que haveria o bem-estar, a felicidade ou uma conduta virtuosa por
parte de todos com certeza, e por parte de alguns poucos, dificilmente, já que a mesma liberdade
de ação que um indivíduo tem, o outro também terá.
Por esse motivo é necessário que a ética entre em cena. O cumprimento das boas regras e
costumes será o responsável por trazer uma “normalidade” nas condutas das pessoas.
As boas práticas nas condutas é que possibilitam um bom relacionamento entre as pessoas, pois
afinal, vivemos em sociedades. Sim, no plural. A sociedade familiar, a sociedade acadêmica ou
esportiva, a sociedade profissional e outras, para deixar bem claro que as atitudes em cada uma
delas têm (e devem ter) padrões de conduta e regras claras para que sejam evitados os conflitos,
não é mesmo?
Afinal, em cada uma dessas “sociedades”, a relação entre as pessoas está baseada em objetivos
individuais ou coletivos e é normal que existam conflitos entre essas pessoas e então, deverá
existir o que chamamos de negociação em prol do bem comum.
Um conflito pode surgir quando as expectativas das pessoas divergem no todo ou em partes.
Deve-se, a partir daí, buscar-se o entendimento de modo a garantir a convivência pacífica entre
atropelamento ou qualquer situação que irá gerar discussão, ou no
mínimo, algum descontentamento, por menor que seja?
as pessoas.
O fato é que quando não se consegue essa convivência harmônica é porque ocorreu uma violação
aos direitos e às regras de convívio saudável entre as pessoas.
Logo, a ética é, portanto, não só uma condição para um convívio saudável entre as pessoas,
como também, para que a própria sociedade possa sobreviver.
Mas a maior dificuldade é que a ética traz consigo os valores humanos. E esses, em grande parte
das vezes, são diferentes. E as pessoas podem discordar sobre quais comportamentos ou
atitudes são – ou podem ser considerados desrespeitosos, certos ou errados, justos ou injustos.
Esses conflitos podem ser decorrentes de diferenças na educação, no nível cultural, na
interpretação da situação ou do fato baseada em seus próprios valores (muita vezes
consequência da educação ou da cultura), ou ainda, numa insistência de terceiros que tenham
valores diferentes ou de fato, equivocados.
As pessoas são diferentes e acabam atribuindo valores diferentes às coisas, conforme também
suas convicções. E isto pode acabar gerando conflitos – e em grande parte das vezes, totalmente
desnecessários, apenas porque não se procurou respeitar, aceitar ou até mesmo apenas
entender a outra pessoa, ouvindo seus argumentos.
Imagine uma pessoa totalmente vegana. Ela provavelmente seria admirada e respeitada pelos
indianos, porque não come carne vermelha (a vaca na Índia é um animal sagrado). Mas para as
demais pessoas que gostam de carne, o vegano está errado. Outro exemplo poderia ser uma
mulher brasileira na praia com seus pequenos trajes aqui no Brasil e uma mulher muçulmana.
Esses valores, existentes conforme a cultura e ancestralidade, devem ser aceitos e respeitados,
conforme a sociedade local.
Como os valores das pessoas são diferentes, acabam gerando conflitos de natureza moral.
Mas o que vem a ser essa moral?
Moral
Moral e ética são conceitos habitualmente considerados sinônimos, pois ambos referem-se ao
conjunto de regras de conduta consideradas obrigatórias. Tal semelhança é porque foi herdado
do latim mos, moris, moralis, significando maneiras e as normas que representam o
comportamento esperado – a moral e do grego a ética, significando os bons costumes e o bem
comum. Mas essas duas antigas culturas, que denominam de modo diferente, tratam da reflexão
sobre os costumes dos homens e sua validade, legitimidade, desejabilidade e exigibilidade.
 A moral é um dos aspectos mais importantes do comportamento humano, pois é a parte da vida
prática e da conduta adotadas com base nos valores e nas regras que permeiam uma sociedade.
Portanto, a moral é cultural e criada por um grupo de pessoas e convenções sociais. Essas
convenções são os padrões de conduta solidificados e transmitidos por e para uma comunidade,
em um determinado período de tempo e espaço, pois o que pode ser considerado uma boa
conduta numa sociedade, pode não ser em outra (lembre o exemplo dos trajes de praia). Além
disso, esses padrões são revistos e aprimorados ao longo do tempo: usando o mesmo aquele
exemplo, no início do século passado, as pessoas iam à praia vestidas à moda da época e
basicamente, com todo o corpo coberto.
Para Antunes (2013), as diferenças entre ética e moral são:
“Ética é reflexão sobre o comportamento moral dos indivíduos na sociedade,
tratando dos fundamentos e da natureza das atitudes normativas. Ou seja, tem
caráter teórico. Ética é permanente e universal. É o princípio e diz respeito aos
direitos e deveres.
Moral é um conjunto de regras, de princípios e de valores que determinam a
conduta de um indivíduo. Ou seja, tem caráter normativo e prático. Moral é
temporária e cultural e diz respeito à liberdade e à responsabilidade.”
Podemos evidenciar ainda mais um indivíduo que pode ser:
Como vimos, a ética trata da reflexão filosófica ou científica sobre uma situação ou fato, e a
moral trata do comportamento social desse mesmo fato ou situação.
Assim sendo, fica claro que na convivência em uma sociedade ou em uma organização qualquer,
há normas, regras de conduta, direitos, deveres, sanções e punições. E isso, por si só, traz
consigo questionamentos, suscitando indagações sobre sua origem, fundamento ou
legitimidade. Podemos então caracterizar a reflexão sobre ética em “qual é a vida que quero
viver” e sobre moral em “como devo agir”. Para a ação moral, há três conhecimentos
necessários sobre o saber fazer: as regras, os princípios e os valores.
Como a moral é constituída pela cultura de cada sociedade e está relacionada a valores do bem e
do mal, pode ou não ser permitido uma conduta válida para todos. De fato, conforme (CHAUÍ,
2000), as sociedades e as culturas podem possuir diversas morais, que variam conforme as
diferentes classes sociais – ou castas e seus valores.
Desta forma, as nossas ações, os nossos comportamentos e as nossas condutas se moldam de
acordo com nossa vivência (na escola, na religião, nas classe social e no grupo social, no
trabalho, nas circunstâncias políticas, na família, etc.).
Antiético, se agir de forma contrária aos valores dos grupos nos quais vive;
Aético, se for incapaz de julgar ou decidir;
Amoral, se não for moral nem imoral e não tem condições de agir conforme as
regras morais; e
Imoral, quando mesmo tendo consciência dos preceitos das sociedades onde
convive, age ou atua contra a moral.
Os deveres e obrigações dos bons valores são reproduzidos e ensinados pela sociedade na qual
estamos inseridos, de acordo com os costumes. Por isso, quando seguimos  os valores e deveres
existentes e que nos foram ensinados desde o nascimento, somos recompensados. Ou punidos
quando não os seguimos.
Para tanto, os costumes são considerados inquestionáveis e são determinados por uma religião,
como por ordem de deuses, e têm como significado às vezes a ética e às vezes a moral.
Um indivíduo é considerado ético e moral quando sabe o que faz e conhece as consequências de
suas ações, o significado de suas intenções e de suas atitudes, além de possuir a essência dos
valores morais.
Interessante chamar a atenção nesse momento que, para a sociedade aristocrática antiga, um
indivíduo dignamente moral era aquele que tinha como base seguir a natureza (atualmente se
discute bastante as questões ambientais).
Apenas um ser racional tem potencial para agir segundo as leis da natureza,
conforme sua
vontade ou princípios. A vontade é uma razão prática e necessária para se deduzir as ações das
leis.
Um indivíduo moral não se submete à vontade de outros, seus desejos; e nem à tirania das
paixões, porque segue fielmente a sua consciência, conhece o bem, as virtudes e a vontade
racional; ele os pratica e sabe como chegar a seus fins de forma moral e ética.
Também é interessante observarmos que, assim como Aristóteles (de Estagira, na Macedônia,
em 384 a.C, aluno de Platão e professor de Alexandre, o Grande), Kant (Immanuel Kant –
1724/1804, prussiano considerado o principal filósofo da era moderna, trabalhou numa síntese
entre o racionalismo continental e a tradição empírica inglesa), também analisa a razão do
ponto de vista prático e teórico.
Kant considera que a experiência, por si só, é suficiente para delimitar a vontade,
desconsiderando-se a sensibilidade, pois ele considera, desde o princípio, a diferença entre o
mundo inteligível (da liberdade) e o mundo sensível (das coisas naturais, dos fenômenos da
sensibilidade humana e da experiência; enfim, um mundo sem liberdade).
De acordo com Pegoraro (2010), Kant considera que a moral começa na psique do eu, na minha
personalidade, e expõe-me no mundo que tem a verdade ínfima, mas que só aparece no
entendimento. A personalidade por meio da lei moral eleva infinitamente o meu valor perante a
inteligência, pois a lei moral descobre uma vida independente da animalidade e mesmo de todo o
mundo sensível.
Então, como vimos, a ética e a moral, apesar de origens diferentes e de conceitos que se
completam, caminham juntas e o principal fator determinante são seus agentes, ou seja, os
indivíduos, que, por uma razão ou outra, fazem o (bom ou mal) uso dos princípios que norteiam
a boa convivência nas sociedades e nos diversos papéis que nelas assumem.
E com estas não podemos deixar de refletir sobre a responsabilidade ética e profissional, não é
mesmo?
Então, vamos lá.
Responsabilidade Ética e Profissional
Para tratarmos da responsabilidade ética e profissional, vamos reforçar que os conceitos de
ética e de moral se completam e que são os indivíduos que devem aplicá-los em sua vida na
sociedade e nos diversos papéis nela vividos.
E isto se refere à conduta desses indivíduos. A conduta ética não deve ser confundida com as leis,
mas ela está relacionada com a justiça social, já que é a harmonia entre a conduta do indivíduo e
os valores da sociedade em que este está inserido. Mas é a ética que permeia nossa conduta e nos
permite refletir se estamos agindo moralmente. 
Já a conduta moral determina como os indivíduos em um grupo ou na sociedade devem se
comportar, pois está condicionada à sua liberdade em escolher e também na possibilidade de
transgredir. Assim, uma ação só poderá ser considerada moral se passar pelo crivo da aceitação
às normas, ou seja, quando o indivíduo, de forma consciente faz suas escolhas com base nos
valores morais.
A atitude moral é o que internalizamos considerando como sendo correto e o que fazemos
conforme nossa consciência e liberdade, e não por ser proibido. É o que se faz ou não quando
ninguém está vendo. A isto se dá o nome de consciência moral, nosso juiz interno.
A ciência dos deveres e das normas, que mostram o comportamento correto das pessoas,
profissionalmente falando, a chamada “ética profissional”, é a Deontologia. Esta determina o
que é correto fazer e não o que não deve ser feito. Os códigos de ética transformados em regras
descrevem o que o profissional está impedido de fazer.
Deontologia vem do grego déon, o obrigatório, o justo, o adequado; ou também de déontons,
também do grego, e que significa necessidade. Em ambas as definições, fica evidenciado que é
necessário seguir normas para se atingir determinados fins.
Com o tempo, passou a ser considerado “o tratado dos deveres”, que devem ser seguidos nas
relações de caráter profissional. Há tempos, esses códigos deontológicos acabaram por
funcionar como um tipo de estatuto para a sociedade, como sendo instrumentos para
normatizar a conduta e o dever de cada profissão. 
Apesar de já estarem solidificados na sociedade, não se pode permitir que os mesmos sirvam de
mecanismos para o domínio de grupos, com falsos valores e com interesses egocêntricos e de
caráter de preservação do grupo de profissionais.
No Brasil, essas regras são a conduta definida pelos diversos conselhos de cada profissão,
devendo ser adotadas e cumpridas pelos profissionais; são protetivas e coercitivas. Nos EUA,
não são vistas como obrigação, mas sim como direcionamento aos profissionais. E também não
é obrigatória a associação em grupos de categorias, nos quais essas regras são emitidas.
Notadamente, o ambiente empresarial é um cenário bastante propício para o surgimento de
conflitos éticos, pois há muita circulação de dinheiro, poder e status; e isso provoca ciúme e
intriga, para citar o mínimo.
Será que é para preservar o negócio ou a amizade? Provavelmente, para manter a amizade
íntegra, evitando-se que as relações pessoais interfiram nas relações profissionais, pois
poderiam existir interesses distintos. Mas, e se mudarmos a frase:
Não faz sentido essa frase, não é mesmo? Vejamos o porquê: acredita-se que devemos  tratar e
lidar com nossos amigos conforme os princípios éticos. Oras, então isto não significa tratar os
clientes e terceiros de forma não ética? Pois é. 
E se mudarmos novamente:
Por que é muito comum a frase: “Amigos, amigos; negócios à
parte”?
Por que não se usa a frase: “Amigos, amigos; ética à parte”?
Por que não se usa a frase: “Negócios, negócios; ética à parte”?
Ficou ainda pior? 
Sem dúvida alguma, todos esperamos que os comportamentos nos negócios sejam o mais
transparentes e éticos possíveis. 
Mas infelizmente, se levarmos em consideração diversas práticas nos negócios, iremos
observar que as ações não são exatamente o que podemos chamar de éticas ou de melhores
práticas. Muitos executivos até manifestam algum desprezo quando questionados sobre o
caráter moral da prática profissional.
Alguns defensores podem ser considerados fracassados, inocentes ou ingênuos. E acabam
sendo “engolidos” pelo sistema. Afinal, um comportamento ético pode levar a organização ao
lucro? Ou levaria ao prejuízo? Será que é possível unir a ética com os lucros?
Uma coisa é certa: nas últimas décadas, o assunto ética vem sendo tratado com muito mais
cautela nas organizações, sendo evidenciado junto à tal transparência, missão e valores
organizacionais.
Veja mais em Governança Corporativa 
O discurso empregado, inclusive por personalidades internacionais, a favor da propagação do
incentivo às condutas éticas por parte das empresas.
É evidente que os consumidores estão mais atentos às informações divulgadas – até mesmo nos
sites das organizações – relativas à seriedade com que as organizações estão tratando das
questões éticas e sociais.
Veja por exemplo as ações do Instituto Ethos, e conclua, sob a ótica de consumidor, se aquelas
ações levam mais seriedade às organizações.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
É claro que essa divulgação e empenho acabam por aumentar ainda mais os lucros das
organizações. Seriam, portanto, jogadas de marketing? Até que ponto as organizações estão de
fato preocupadas com as tais responsabilidade sociais e com a ética?
Mas ainda pior para uma organização é a mesma ser identificada ou conhecida por não ser ética,
independentemente do contexto: seja produzindo poluição, seja não controlando os efeitos da
produção, seja não remunerando adequadamente seus colaboradores ou ainda disseminando
inverdades sobre os produtos que comercializam.
Tudo isso fará com que os consumidores percam a confiança naquela empresa, com que os
funcionários se desmotivem, dentre outras diversas consequências para todos os envolvidos,
inclusive para a economia, pois afetaria não só os clientes como também seus fornecedores e
terceirizados.
Site 
Instituto Ethos
https://www.ethos.org.br/
Os desafios são inúmeros, por parte de toda a organização, mas com certeza os envolvidos
diretamente na produção são os mais afetados.
Por tudo isso, a ética nos negócios deve ser entendida como uma disciplina que se dedica a
estudar as normas morais envolvidas nos níveis individual, organizacional e sistêmico, e que,
notadamente, afeta todas as atividades da organização, de forma generalizada.
Como exemplo, podemos citar que não existirá um produto com qualidade se não houver
qualidade em todas as etapas do processo produtivo. Assim é também a questão ética nas
organizações.
A ética nas organizações é baseada em três grandes aspectos: quais são as regras (ou inclusive
as leis) que regem toda a organização; como se portar diante nas questões que estão além do
domínio de uma lei; como lidar com os conflitos entre interesses pessoais e organizacionais e
como ocorrem as tomadas de decisão.
Com relação às leis e regras, estas podem ser identificadas claramente a partir dos objetivos e da
missão da organização, e deverão nortear todos os processos e todas as suas atividades.
Quanto à mediação entre os interesses pessoais e os interesses da organização, a racionalidade
aponta diretamente para a manutenção daqueles da organização e principalmente direcionados
à sua atividade fim e a seus processos-chave, aqueles dos quais se deseja garantir a qualidade. 
Para equalizar esses aspectos todos é necessário fazer uso das regras desenvolvidas pelos
Conselhos de Ética. Estas regras são as mesmas disseminadas pelos órgãos de classe.
Senão vejamos: uma clínica médica deve fazer uso das normas do Conselho de Medicina, já que o
foco de seu negócio – e atividade fim – é o atendimento médico. O mesmo raciocínio se aplica a
um consultório odontológico e assim por diante.
Uma empresa que faz o desenvolvimento de um software para utilização de um cliente, por
exemplo, deve manter as mesmas exigências que o órgão de classe do profissional que o
desenvolveu.
Podemos citar, neste caso, algumas dessas regras, retiradas do código de ética do profissional
de informática, para efeitos ilustrativos.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Com os conceitos de ética, de moral e de responsabilidade ética e profissional aqui
apresentados, esperamos ter contribuído para reforçar seus conhecimentos e sua aplicação
prática no contexto do desenvolvimento de um software.
Contribuir para o bem-estar social, promovendo, sempre que possível, a inclusão de
todos os setores da sociedade;
Esforçar-se para adquirir continuamente competência técnica e profissional,
mantendo-se sempre atualizado com os avanços da profissão;
Guardar sigilo profissional das informações a que tiver acesso em decorrência das
atividades exercidas;
Respeitar a legislação vigente, o interesse social e os direitos de terceiros.
Leitura 
Código de Ética da SBC (Sociedade Brasileira de Computação)
https://bit.ly/3dK41oL
Lembre-se que, acima de tudo, os valores pessoais, a ética e a moral sempre estarão norteando
todas as profissões, ainda mais reforçadas pelos órgãos de classe, que determinam as regras a
serem seguidas pelos profissionais. 
Recomendamos que você acesse os links identificados no material complementar e que
aprofunde seus conhecimentos com a leitura da bibliografia recomendada.
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Leitura  
O que é Ética Profissional
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Ética Profissional: o que é e qual a sua Importância
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Código de Ética – Sociedade Brasileira de Computação
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
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˨ Material Complementar
https://www.significados.com.br/etica-profissional/
https://penser.com.br/etica-profissional/
https://www.sbc.org.br/institucional-3/codigo-de-etica
Code of Professional Ethics
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Código de Ética Profissional – ACM (Association for
Computing Machinery)
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Código de Ética e Normas Internacionais da Profissão de
Auditoria Interna
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Normas Internacionais para o Exercício Profissional da
Auditoria Interna
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
https://www.isaca.org/credentialing/code-of-professional-ethics
https://computacaoesociedade.wordpress.com/2012/07/03/codigo-de-etica-profissional-acm-association-for-computing-machinery/
http://www.portaldeauditoria.com.br/sobreauditoria/Codigo-de-etica-Praticas-da-Auditoria-Interna.asp
http://www.portaldeauditoria.com.br/sobreauditoria/Exercicio-da-auditoria-interna-plano-internacional.asp
 
ANTUNES, M. T. P. Ética. São Paulo: Pearson Education, 2012. (e-book)
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
GONÇALVES, J. R. (Coord). Ética geral e profissional: ensaios e reflexões. Brasília: Processus,
2016.
LA TAILLE, Y. Moral e ética: dimensões intelectuais e afetivas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MATTAR, J.; ANTUNES, M. T. P. (Org). Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education, 2013. (e-
book)
PEGORARO, O. Ética dos maiores mestres através da história. 4. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.
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˨ Referências

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