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Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo DA EDUCAÇÃO BÁSICADA EDUCAÇÃO BÁSICA POLÍTICAS PÚBLICAS POLÍTICAS PÚBLICAS REITOR Prof. Ms. Gilmar de Oliveira DIRETOR DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Ms. Daniel de Lima DIRETORA DE ENSINO EAD Prof. Dra. Geani Andrea Linde Colauto DIRETOR FINANCEIRO EAD Prof. Eduardo Luiz Campano Santini DIRETOR ADMINISTRATIVO Guilherme Esquivel SECRETÁRIO ACADÊMICO Tiago Pereira da Silva COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Prof. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Prof. Ms. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Ms. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE GESTÃO E CIÊNCIAS SOCIAIS Prof. Dra. Ariane Maria Machado de Oliveira COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE T.I E ENGENHARIAS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO DOS CURSOS - ÁREAS DE SAÚDE E LICENCIATURAS Prof. Dra. Katiúscia Kelli Montanari Coelho COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Caroline da Silva Marques Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Marcelino Fernando Rodrigues Santos Eduardo Alves de Oliveira Jéssica Eugênio Azevedo Kauê Berto PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO André Dudatt Carlos Firmino de Oliveira Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO Carlos Eduardo da Silva DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos André Oliveira Vaz FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP B482p Beraldo, Mylena Mikaellen Políticas públicas da educação básica / Mylena Mikaellen Beraldo. Paranavaí: EduFatecie, 2023. 101 p. : il. Color. 1.Educação básica - Brasil. 2. Educação e Estado. 3. Política pública. I. Centro Universitário Unifatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23. ed. 379.81 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas dos bancos de imagens Shutterstock . 2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo Possuo graduação em Pedagogia (UNESPAR-2019). Sou mestre em Educação e Formação Docente (UNESPAR - 2022) e tenho especialização em Didática e Metodologia do Ensino Básico e Superior (UNIFATECIE - 2022). Atualmente sou orientadora de trabalho de conclusão de curso (TCC) da graduação de Pedagogia da Instituição de Ensino Superior UniFatecie e professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Pesquisadora no Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, História, Políticas e Educação. Cadastrada no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq (GEPEHPE/UNESPAR/ CNPQ). Esse projeto está vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Estado, História, Políticas e Educação (GEPEHPE) e propõe investigar as questões históricas que envolvem as políticas educacionais atuais, mais especificamente aquelas voltadas para a educação pré-escolar e fundamental. O objetivo geral da proposta é estudar a educação da criança a partir da BNCC, relacionando-a com as transformações históricas ocorridas no atual processo de produção e de reprodução material e intelectual da vida humana. CURRÍCULO LATTES http://lattes.cnpq.br/1015592934947784 AUTORA http://lattes.cnpq.br/1015592934947784 4 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Caros alunos e alunas! Sejam bem-vindos à disciplina de Políticas Públicas da Educação Básica! Escrevemos esse material pensando em motivá-los a compreender o movimento educacional que o nosso país percorreu, visto que sempre esteve pautado por relações políticas. Além disso, o estudo dessa disciplina tem o objetivo de possibilitar conhecimentos que permitam a compreensão, a análise e a interpretação das políticas públicas, identificando como se organiza a legislação da educação básica, a partir da reflexão crítica, no contexto histórico da sociedade brasileira. Na unidade I começaremos a nossa jornada identificando as concepções e os princípios que embasam os conceitos de Política e Estado. Essa noção é necessária para que possamos promover a formação de um cidadão crítico, apto para viver ativamente na sociedade onde está inserido. Na unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre a concepção dos aspectos legais da Educação Básica no Brasil. Para isso, vamos detalhar como ocorreu o Manifesto dos Pioneiros da Educação no Brasil; identificar qual a função social da escola; realizar um breve histórico das Leis de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 4024/1961; Lei n. 5692/71; e ressaltar as atribuições da Constituição Federativa do Brasil de 1988 para a educação. Depois, na unidade III vamos tratar especificamente da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9394/96 e os avanços que ela dispõe sobre o direito à educação. Em seguida, ainda nesta unidade, voltaremos o nosso olhar para a compreensão do financiamento da educação brasileira, abrangendo: salário educação, Fundeb e FNDE. Na unidade IV vamos entender o papel dos profissionais da Educação Básica, dando ênfase nos planos de cargos e carreira, aspectos da formação inicial e continuada. Para compreender esse processo formativo evidenciaremos as políticas públicas de educação contemporânea brasileira, pautada pelo documento norteador da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Avaliação da Educação Básica: SAEB. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer essa jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! SUMÁRIO Conceitos e Definições de Política e Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Compreensão contextual: teoria e conceito sobre política. • Diferentes tipos de política. • Formação do cidadão para viver em sociedade. • Função do Estado. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar a política; • Compreender como ocorre a formação do cidadão; • Estabelecera função do Estado. 1UNIDADEUNIDADE CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADODE POLÍTICA E ESTADO Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo 7UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO INTRODUÇÃO Você já parou para pensar que a educação está totalmente atrelada às mudanças sociais provocadas pela política? Pois é, para compreender esse movimento educacional que o Brasil percorreu, vamos inicialmente nos dispor sobre a concepção de política. Nessa unidade vamos refletir sobre a importância de entender o que é política, as funções do Estado e o seu poder sobre a educação. Partindo de um olhar crítico capaz de promover a formação do sujeito para atuar ativamente na sociedade por meio de estudos embasados nas Ciências Políticas. O importante nessa nossa caminhada é que você, aluno (a), passe por essa temáti- ca aberto (a) para novas descobertas, transformação de pensamento acerca das influências políticas que a nossa educação vem sofrendo. Quando estudamos políticas voltamos a nossa compreensão para o movimento da sociedade no qual estamos inseridos, compreendendo as suas necessidades e os seus dilemas, para que assim possamos lutar pelos nossos direitos enquanto cidadãos. Dessa forma, a educação precisa ser analisada a partir dessas vertentes “econômicas, sociais e políticas” a fim de que você, enquanto futuro professor possa compreender a ideologia que o cerca. Convido você a entender as concepções de política partindo de uma visão crítica. Pelo olhar de um cidadão ativo e futuro professor que, partindo dessa consciência, torna- se capaz de compreender o movimento social no qual pertence estabelecendo mudanças qualitativas. BONS ESTUDOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 1 COMPREENSÃO CONTEXTUAL: TEORIA E CONCEITO SOBRE POLÍTICA TÓPIC0 Você já parou para pensar na importância de compreender política? Já se perguntou o que é política? Já parou para refletir o quanto ela está presente em nossas vidas? Essas são questões que muitas vezes estão no nosso dia a dia, mas nos fechamos de forma que não buscamos nos aprofundarmos, deixando muitas vezes as nossas inquietações de lado, passando a viver em uma realidade da qual não entendemos o seu movimento dialético, ou seja, onde “[...] a realidade concreta é uma unidade contraditória e, movida por essa contradição, transforma-se em um permanente processo histórico de evolução e revolução” (BERALDO, 2022, p. 22). Essa realidade contraditória exposta pelo movimento dialético reflete os movimentos da sociedade capitalista, onde defende uma falsa consciência social aos cidadãos que só é combatida a partir da consciência de classe adquirida por eles. Dessa forma, compreender o movimento dialético da nossa sociedade visa identi- ficar sua formação por meio de um caráter político, que vai desde a compreensão do seu trabalho material até a aquisição da sua consciência. Estudar Política torna-se então necessário, pois é por meio de sua compreensão que o indivíduo entende que é parte de uma sociedade, onde entra em contato com um primeiro grupo social, inicialmente é a família e em seguida é encaminhado para dentro de outras instituições sociais, como a escola e a igreja. Todos os espaços sociais pelo qual o indivíduo percorrerá ao longo da sua vida tende a revelar algumas características particulares, no entanto, apresenta algo em co- mum, que são as regras, elas irão impor sobre essa pessoa os seus direitos e deveres. 9UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO Por essa razão é que podemos dizer que a política está presente em todos os lugares e é fundamental para a compreensão social. Molina (2004, p. 10) defende que a política é um “[...] conjunto dos mecanismos reguladores da totalidade social. Dessa forma, todas as sociedades são políticas e a política está sempre ligada ao modo de produção de cada sociedade.”. Assim, o autor ainda coloca que quanto mais complexa essa sociedade se tornar, em seus aspectos trabalhistas e sociais, maior será a complexidade política desse grupo. Ainda nesse contexto, Ribeiro (1998, p. 8) destaca que o termo política “[...] refere- se ao exercício de alguma forma de poder e, naturalmente, às múltiplas consequências desse exercício.”. Para esse autor, tudo o que é imposto a determinado grupo social é um ato de política. Mas o que seria esse poder que regula a nossa sociedade? Quando pensamos em política, imediatamente nos vem à cabeça a palavra “poder”, para Ribeiro (1998) o poder está mais relacionado ao aspecto de persuadir as pessoas nas inter-relações do que com um mero cargo empregatício. Estabelecer essa significação para o poder torna-se base para compreender a fundo os preceitos que baseiam a política. Afinal, “[...] se a Política tem a ver com o poder e se o poder visa a alterar o com- portamento das pessoas, é evidente que o ato político possui dois aspectos que aparecem de pronto: a) um interesse; b) uma decisão.” (RIBEIRO, 1998, p. 9). O autor relaciona-os da seguinte forma: a) se alguém deseja influenciar ou modificar o comportamento das pessoas, esse alguém tem um interesse que deseja ver implementado pela modificação pretendida, seja ele ditado por conveniências pessoais, de grupo, religiosas, morais etc; b) o objetivo configurado pelo interesse só pode ser conseguido por uma decisão que efetivamente venha a alterar o comportamento das pessoas — seja esta decisão imposta, consensual, de maioria etc (RIBEIRO, 1998, p. 9). A concepção de política se modula por meio dos interesses que vão sendo transformados em objetivos por quem detém o poder, logo, esses objetivos vão conduzindo as tomadas de decisões. Diante então de toda exposição feita por Ribeiro (1998), a política passa a ser vista como com o estudo que relaciona a prática e a teoria voltada para a concentração de interesses, com a finalidade de alcançar os objetivos de determinados grupos sociais. Complementando a concepção de políticas idealizada por Ribeiro (1998, p. 16) ela não se distingue de nós, pois “[...] é a condução da nossa própria existência coletiva, com reflexos 10UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO imediatos sobre nossa existência individual, nossa prosperidade ou pobreza, nossa educa- ção ou falta de educação, nossa felicidade ou infelicidade.” Agora que você já entendeu o conceito de política, vamos voltar a nossa atenção para os processos de formação política que desenvolveram os aspectos de globalização da economia do Brasil. Mas o que será que é essa globalização? Qual a sua influência na educação? Já sabemos que a política possui um papel de reguladora da sociedade, exposta à grupos sociais pelas ideologias dominantes, ou seja, por meio do “poder” existente nas relações sociais. Diante disso, vamos dar ênfase na política internacional que foi uma influenciadora ativa na política brasileira e nos demais países da América Latina e do Caribe. É a partir da ação da política internacional que se constitui um programa de globa- lização, com o intuito de unificar a economia de diversos países com um só ideal político. Esses processos vão estabelecer a organização política, promovendo a reprodução do capital no Brasil. Dale (2004, p. 436) estabelece a globalização como: [...] um conjunto de dispositivos político-econômicos para a organização da economia global, conduzido pela necessidade de manter o sistema capitalista, mais do que qualquer outro conjunto de valores. A adesão aos seus princípios é veiculada através da pressão económica e da percepção do interessenacional próprio. Assim, Beraldo (2022, p. 56) contribui que “[...] o processo de globalização promove mudanças no contexto educacional, pois passa a idealizar uma educação unificada independentemente das diferenças culturais existentes em cada país.”. Aqui a educação deixa de ser vista apenas como um processo de formação intelectual e passa a ser identificada como aparelho de reprodução das ideologias dominantes. Partindo da globalização e da nova estrutura socioeconômica dos países periféricos, estão concentradas as políticas econômicas do Banco Mundial. De acordo com Shiroma, Evangelista e Moraes (2007, p.61) “[...] o Banco Mundial é um organismo multilateral de financiamento que conta com 176 países mutuários, inclusive o Brasil”. Para Frigotto (1996) o Banco Mundial é um auxiliador externo no processo de glo- balização pois estabelece políticas educacionais para todos os 176 países inseridos nesse programa. No entanto, pare para pensar, por que um banco estaria preocupado com as ques- tões educacionais? 11UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO Para responder essa pergunta, Shiroma, Evangelista e Moraes colocam que: [...] a educação, especialmente a primária e a secundária (educação básica), ajuda a reduzir a pobreza aumentando a produtividade do trabalho dos pobres, reduzindo a fecundidade, melhorando a saúde, e dota as pessoas de atitudes de que necessitam para participar plenamente na economia e na sociedade (SHIROMA; EVANGELISTA; MORAES, 2007, p. 63). Podemos identificar que o Banco Mundial estabelece a formação do indivíduo para atuar em um novo contexto social, marcado pela década de 1990, onde deve atender aos princípios do mercado de trabalho de forma ativa na sociedade. Assim, a educação passa a ser vista como uma das instituições formativas mais importantes para o desenvolvimento econômico, objetivando a redução da pobreza. Por fim, ao refletirmos sobre o conceito de política percebemos o quanto ela está presente em nossas vidas, seja por meio dos interesses pessoais ou dos grupos sociais do qual nós estamos inseridos. Esses interesses se transformam em objetivos que totalizam nas tomadas de decisões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 2 DIFERENTES TIPOS DE POLÍTICAS TÓPIC0 Identificamos anteriormente que a política faz parte de um processo de regulação social alinhado ao poder, assim, conseguimos compreender que a sociedade de um modo geral produz política, uma vez que ela está inteiramente ligada ao modo de produção materiais e imateriais existentes nos grupos sociais. Portanto, torna-se necessário distinguir os diferentes tipos de políticas que estão direcionadas para diferentes grupos sociais, totalizando na formação do cidadão para a década de 90. Nos voltamos então para a definição das seguintes políticas: políticas pú- blicas; políticas sociais e políticas educacionais. Para compreender a definição de políticas públicas em sua totalidade devemos identificar que esta ocorre por meio da ação do Estado para cumprir com os seus deveres perante a sociedade. Com isso, cabe reforçar que uma política pública tem as suas atribuições voltadas para a sociedade de uma forma coletiva. Seguindo essa concepção, são desenvolvidos planos de ações e programas que buscam estruturar a sociedade, como: saúde e educação, promovendo a organização do país. Com base nisso, Souza (2003) define políticas públicas como um: Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações e/ou entender por que e como as ações tomaram certo rumo em lugar de outro (variável dependente). Em outras palavras, o processo de formulação de política pública é aquele através do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e ações, que produzirão os resultados ou as mudanças desejadas no mundo real (SOUZA, 2003, p. 13). 13UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO As políticas públicas enquanto responsabilidade do Estado promovem a manutenção de diferentes organismos a partir de decisões relacionadas à política implementada. No entanto, Höfling (2001) considera que essa política não deve ser reduzida a uma mera política estatal. Lima (2018, p. 30) esclarece que “[...] essas políticas públicas, quando relacionadas ao campo da educação, costumam ser entendidas de forma mais restritiva, uma vez que as políticas públicas educacionais regulam e orientam os sistemas de ensino, instituindo a educação.” Nesse sentido, podemos então dizer que a educação está inserida na política pú- blica de uma sociedade? A resposta é sim! O desenvolvimento educacional de um grupo social ao ser imposto requer ações cuja responsabilidade é direcionada ao Estado e aos demais organismos que interferem diretamente na esfera política de determinado povo. Molina e Rodriguez (2022, p. 43) afirmam que “[...] dentro da conjuntura capitalista, o Estado é um agente regulador, que se utiliza de políticas sociais para garantir a manutenção das relações capitalistas em sua totalidade.” Complementando, as políticas sociais podem ser identificadas também como as políticas que abrangem o desenvolvimento da educação, saúde, previdência, habitação, saneamento entre outros. Assim, para Höfling (2001, p. 31) “as políticas sociais – e a educação – se situam no interior de um tipo particular de Estado. São formas de interferência do Estado, visando a manutenção das relações sociais de determinada formação social.”. Ainda para esse autor, as políticas sociais referem-se às: [...] ações que determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais visando a diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento socioeconômico. As políticas sociais têm suas raízes nos movimentos populares do século XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre capital e trabalho, no desenvolvimento das primeiras revoluções industriais (Höfling, 2001, p. 31). Neste sentido, a educação é inserida no contexto das políticas públicas e sociais, pois ela é vista como um meio formativo capaz de desenvolver o cidadão como um sujeito ativo para o novo século, superando todas as disfunções da sociedade. Desenvolve-se assim princípios responsáveis pelo desenvolvimento dos educan- dos caracterizado pelas políticas educacionais, esta, por sua vez, é a responsável pela organização dos sistemas brasileiros de ensino. Para compreendê-la em sua totalidade, 14UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO Lima (2018, p. 30) ressalta alguns pontos a serem considerados, como: históricos, econô- micos, políticos e culturais. A concepção histórica é identificada como um aspecto dominante na organização educacional, uma vez que a educação enquanto ato político possui a sua estruturação pautada no período histórico no qual determinada sociedade se encontra. Por exemplo, no início do século XX, onde a educação passou por modificações para formar indivíduos que atendessem à industrialização social. Assim, Lima destaca que: Essas ações são reforçadas a partir das ideias do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, de 1932, e da própria Constituição de 1934, que coloca a prioridade e a obrigatoriedade no ensino primário a todos. Devido à necessidade de apoiar a expansão industrial e a crescente urbanização e de erradicar o analfabetismo que assolava mais da metade do público adulto na época, foram criadas as primeiras campanhas voltadas para a alfabetização desse público (LIMA, 2018, p. 31).Após o processo de redemocratização do ensino brasileiro, entram em ação os aspectos econômicos que também afetam a organização educacional. Nesse sentido, cabe ao gestor organizar como os recursos serão destinados aos programas voltados para a educação. Para complementar, temos o contexto político que, como já falamos anteriormente, se faz presente nas políticas públicas e educacionais, pois Lima (2018, p. 32) destaca que “[...] elas envolvem os embates entre os posicionamentos ideológicos que compõem os movimentos políticos presentes no País”. Devemos ter claro em nossa mente que esse contexto político vai além das ques- tões político-partidárias, pois as políticas educacionais estão amparadas por movimentos sociais cujo objetivo é a promoção de direitos comuns para alunos inseridos na educação básica e superior. O Brasil é um país multicultural e, por isso, possui os aspectos culturais inseridos nas políticas públicas educacionais. Lima (2018, p. 33) destaca que os pressupostos culturais “[...] podem retratar a cultura hegemônica da sociedade, representando o poder de algum grupo específico que, a partir de sua articulação, consegue impor seu modelo educacional.”. É importante identificar quais são os aspectos culturais que envolvem o nosso enten- dimento para a importância de compreender as diferentes culturas existentes em nosso país, pois é assim que o ensino se desenvolve, pautado na igualdade de acesso educacional. 15UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO Contudo, devemos agora voltar os nossos estudos para compreender: Qual a formação pretendida após a globalização para que o cidadão possa viver plenamente em sociedade? Essa é a questão que buscaremos responder em nosso próximo tópico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 FORMAÇÃO DO CIDADÃO PARA VIVER EM SOCIEDADE TÓPIC0 UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 16 Olá aluno (a), nesse momento cabe refletirmos sobre a seguinte questão: qual a formação pretendida após a globalização para que o cidadão possa viver plenamente em sociedade? Historicamente, passam a propor um novo modelo educacional que seja capaz de reduzir os índices de pobreza nos países globalizados, de acordo com Lima (2018, p. 14-5) “[...] as políticas públicas educacionais precisam ser focadas na realidade brasileira e devem ser definidas de acordo com os grupos sociais a que se destinam, bem como ao tipo de relação que têm com as demais políticas públicas.”. Como você pode ver, a política influencia profundamente o cenário educacional, assim como a vida de cada indivíduo que está inserido nesse grupo social. Por isso, é muito importante que você enquanto futuro professor compreenda essa realidade que está exposta a diversas mudanças. Então, vamos lá: a UNESCO[1], assim como o Banco Mundial, também influenciou na organização política de vários países que ainda buscavam o seu desenvolvimento, essa influência esteve amparada pelos processos educacionais, desde as últimas décadas do século XX até os dias atuais. 17UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO [...] a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), caracterizada como uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) com sede em Paris, fundada no ano de 1946 com o objetivo de garantir a paz por meio da cooperação intelectual entre as nações. O seu papel foi desenvolvido por intermédio de áreas de conhecimento como: Educação, Ciências Naturais, Ciências Humanas e Sociais, Cultura, Comunicação e Informação. Buscando contribuir para a reconstrução de países no pós-guerra e, no final do século XX, passou a desenvolver políticas que, do seu ponto de vista, visam a estabelecer o bem-estar social e a paz mundial por meio da educação. Para isso desenvolve até os dias atuais projetos de cooperação formativa em parceria com os governos de Estados e municípios (BERALDO, 2022, p. 58). Beraldo (2022, p. 58) estabelece que “a UNESCO colabora para o desenvolvimento da educação em aspectos como a formação de professores, a construção de escolas, na disponibilização de materiais que são necessários para promover a educação, propagando a cultura humana.”. Assim, podemos compreender que tanto a UNESCO quanto o Banco Mundial se efetivaram com base em um caráter humanitário, uma vez que seus objetivos estavam pautados na erradicação do analfabetismo nos países globalizados. Partindo disso, é importante que você, aluno (a), compreenda que é a partir das últimas décadas dos século XX que a educação será vista como a base formativa da socie- dade brasileira, constituindo-se como pauta nas questões sociais e políticas. Após 1990 a educação assume o compromisso de estabelecer o caminho pelo qual os indivíduos irão se desenvolver, por meio de um ensino sistematizado que seja capaz de aprimorar as aptidões necessárias para o seu conhecimento ao longo da vida. Com base nesse quadro ideológico caracterizado pela Reforma do Estado, a educação deveria formar um novo cidadão que atendesse aos pressupostos da época, ou seja, um cidadão ativo e apto para o trabalho. 18UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO Beraldo (2022, p.59-60) destaca que: [...] ficam estabelecidos aos brasileiros direitos e deveres a serem exercidos perante a sociedade, uma vez que a educação deve estar voltada para a formação de um novo homem criativo, autônomo, empreendedor, capaz de contribuir para a solução dos problemas sociais, desenvolvendo competências e habilidades práticas. Então, cabe a nós reforçar que nesse contexto político e histórico a educação é a grande responsável pela formação dos cidadãos. Você já se perguntou como ou quem estabeleceu os direitos e deveres que foram base para a formação dos novos cidadãos? Pois bem, para responder a essa questão devemos voltar novamente a nossa atenção para a UNESCO, que colaborou com a elaboração da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. A Comissão Internacional sobre a Educação foi coordenada pelo francês Jacques Delors, onde o objetivo se voltou para a organização do contexto educacional. Na visão de Delors (1996), a formação desse novo cidadão deveria estar pautada na paz e liberdade social, pois nesse século a educação deveria ser a promotora da igualdade, eliminando todos os aspectos de pobreza e marginalização existentes nos países globalizados. O Relatório que citamos acima não buscou estabelecer a educação como um “re- médio milagroso”, mas como uma “porta de oportunidades” que se abria para os indivíduos inseridos no novo século, “[...] como uma via que conduza a um desenvolvimento humano mais harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as incompreensões, as opressões, as guerras” (DELORS, 1996, p.11). Nesse contexto político, a formação humana esteve pautada no saber fazer, sendo refletida através da educação, onde buscava-se a formação da pessoa enquanto um indivíduo, grupos e nações. Delors (1996) destaca algumas tensões para o século XXI que deveriam ser superadas por meio da formação humana a partir da publicação do Relatório, entre elas: A tensão entre o global e o local: tornar-se, pouco a pouco, cidadão do mundo sem perder as suas raízes e participando, ativamente, na vida do seu país e das comunidades de base. A tensão entre o universal e o singular: a mundialização da cultura vai-se realizando progressiva mas ainda parcialmente [...]. A tensão entre tradição e modernidade tem origem na mesma proble- mática: adaptar-se sem se negar a si mesmo, construir a sua autonomia em dialética com a liberdade e a evolução do outro, dominar o progressocientífico [...]. A tensão entre as soluções a curto e a longo prazo, tensão eterna, mas alimentada hoje em dia pelo domínio do efêmero e do instantâneo, [...]. As opiniões pretendem respostas e soluções rápidas, quando muitos dos pro- 19UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO blemas enfrentados necessitam de uma estratégia paciente, que passe pela concertação e negociação das reformas a executar. As políticas educativas são, precisamente, uma área em que esta estratégia se aplica. A tensão entre a indispensável competição e o cuidado com a igualdade de oportunidades, [...] A Comissão ousa afirmar que, atualmente, a pressão da competição faz com que muitos responsáveis esqueçam a missão de dar a cada ser humano os meios de poder realizar todas as suas oportunidades [...]. A tensão entre o extraordinário desenvolvimento dos conhecimentos e as capacidades de assimilação pelo homem. [...] É necessário, pois, optar, com a condição de preservar os elementos essenciais de uma educação bá- sica que ensine a viver melhor, através do conhecimento, da experiência e da construção de uma cultura pessoal. [...] a tensão entre o espiritual e o material. [...] Cabe à educação a nobre tarefa de despertar em todos, segundo as tradições e convicções de cada um, respeitando inteiramente o pluralismo, [...]. Está em jogo — e aqui a Comissão teve o cuidado de ponderar bem os termos utilizados — a sobrevivência da humanidade (DELORS, 1996, p. 14-5). Com essa colocação podemos entender que este Relatório buscou atualizar o conceito de educação para atender aos desafios que o novo século impunha sobre a formação humana, buscava-se a promoção então da educação ao longo da vida capaz de reforçar a cooperação entre os diversos grupos sociais existentes. Voltado para a finalidade da educação, o Relatório salienta que “[...] a sua realização, longa e difícil, será uma contribuição essencial para a busca de um mundo mais habitável e mais justo” (DELORS, 1996, p. 16). No entanto, como essa formação humana deveria estar organizada? Quais os princípios formativos que a embasam? Delors (1996, p. 89) ressalta que a educação ao promover a formação humana deve estar embasada em quatro pilares que são a base do conhecimento. Nesse contexto histórico, “[...] a educação deve transmitir, de fato, de forma maciça e eficaz, cada vez mais saberes e saber-fazer evolutivos, adaptados à civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro.”. A educação formadora deveria apresentar o mundo aos alunos, assim como os seus movimentos sociais por meio de quatro aprendizagens identificadas na qualidade de pilares da educação, sendo eles: [...] aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes (DELORS, 1996, p. 90). 20UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO Com base nisso, querido aluno (a), conseguimos identificar que o Relatório defende que os quatro conhecimentos citados devem estruturar o ensino, buscando desenvolver os alunos tanto em seus aspectos práticos quanto cognitivos, para que assim o indivíduo tenha suporte para atuar ativamente na sociedade. Compreendemos que a formação do cidadão para esse período histórico deveria se efetivar por meio da educação, capacitando-os para lidar com as transformações advin- das da sociedade. Delors (1996, p.92) esclarece que “[...] o processo de aprendizagem do conhecimento nunca está acabado, e pode enriquecer-se com qualquer experiência. Neste sentido, liga-se cada vez mais à experiência do trabalho, à medida que este se torna menos rotineiro.”. Resumindo, conseguimos observar a promoção da paz idealizada pela UNESCO a partir da organização educacional que a mesma promove para o novo século, ao valorizar a educação ela está pensando no bem estar das gerações futuras. Desse modo, a educação passa a ser reorganizada para atender aos novos pressupostos da década de 90, a sua reestruturação é pautada pelos aspectos políticos e econômicos, mas qual o papel do Estado perante todas essas mudanças políticas e educacionais? Conto com vocês para que juntos possamos identificar a função do Estado no fazer político e na promoção de uma educação gratuita e de qualidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 FUNÇÃO DO ESTADO TÓPIC0 UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO 21 Olá, aluno (a), vamos dar sequência em nossos estudos com o seguinte questionamento: qual o papel do Estado perante todas essas mudanças políticas e educacionais? Já refletimos sobre a concepção de políticas e também sobre como foi pensada a formação cidadã para o século XXI, partimos agora para compreender qual o papel do Estado no desenvolvimento social dos indivíduos. Assim, para dar continuidade é importante termos claramente o conhecimento da diferenciação entre Estado e governo. Nesse sentido, Höfling (2001) destaca que: [...] é possível se considerar Estado como o conjunto de instituições permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras que não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam a ação do governo; e Governo, como o conjunto de programas e projetos que parte da sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade civil e outros) propõe para a sociedade como um todo, configurando-se a orientação política de um determinado governo que assume e desempenha as funções de Estado por um determinado período (HÖFLING, 2001, p. 31). Partindo da compreensão de Estado, é importante destacar que este não deve ser reduzido a uma mera burocracia, uma vez que ele é o responsável por colocar as políticas sociais em prática desde a sua implementação até a manutenção. Por políticas sociais podemos entender as ações que visam o bem estar da sociedade, voltadas especialmente para a distribuição de benefícios implementados pelo Estado que visam a diminuição das desigualdades e o desenvolvimento econômico previstos desde meados do século XX. 22UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO No interior da concepção capitalista, o Estado é identificado como um órgão regulador que, ao utilizar as políticas sociais eleva e garante cada vez mais as relações capitalistas. Assim, o Estado no aspecto capitalista cuida “[...] não só de qualificar permanentemente a mão-de-obra para o mercado, como também, através de tal política e programas sociais, procuraria manter sob controle parcelas da população não inseridas no processo produtivo (HÖFLING, 2001, p. 33). Com base na concepção capitalista, te convido para fazer a seguinte reflexão referente ao papel do Estado perante a educação: Nestes termos, entendo educação como uma política pública social, uma política pública de corte social, de responsabilidade do Estado – mas não pensada somente por seus organismos. As políticas sociais – e a educação – se situam no interior de um tipo particular de Estado. São formas de interferência do Estado, visando a manutenção das relações sociais de determinada formação social (HÖFLING, 2001, p. 31). Nesta reflexão podemos entender que a educação enquanto política social está situada no interior dos Estados sendo uma das maiores promotoras das relações sociais existentes no neoliberalismo. Nesse sentido, Molina e Rodrigues ( 2020, p. 24) destacam que “[...] o Estado se utiliza da promulgação de políticas públicas de cunho social para naturalizar suas ações perante a massa popular.”. Por movimento neoliberal podemos compreenderum “[...] conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defendem a não participação do Estado na economia, entendendo que a partir da liberdade no comércio haverá o crescimento econômico e social de um país” (LIMA, 2018, p. 32). Além disso, em um ambiente neoliberal ocorre a ênfase na globalização, ou seja, efetivam a ideia das privatizações, onde as decisões, na maioria das vezes, são tomadas por agências reguladoras. 23UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO Höfling (2001, p. 37) destaca ainda que: Para os neoliberais, as políticas (públicas) sociais – ações do Estado na tentativa de regular os desequilíbrios gerados pelo desenvolvimento da acumulação capitalista – são consideradas um dos maiores entraves a este mesmo desenvolvimento e responsáveis, em grande medida, pela crise que atravessa a sociedade.”. A partir das mudanças deliberadas na função do Estado por conta do contexto neoliberal, as instituições de ensino passam a ser vistas com outros olhos, ou seja, são improdutivas sob a ótica mercadológica. Vai se perdendo o caráter da construção dos direitos sociais, dando abertura para atender às necessidades do mercado de trabalho. Com base nisso, podemos afirmar que as modificações impostas não se restringiram aos conteúdos, mas sim às políticas que delineiam o sistema educacional, como as formas de gestão, de controle e de financiamento da educação. Vamos juntos analisar em nossa próxima unidade como se deu a reforma do sistema educacional no Brasil que buscou promover a solução de problemas por meio da mobilidade social. 24UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO CONSIDERAÇÕES FINAIS Iniciamos esta unidade com a reflexão voltada para a compreensão da concepção de políticas e formação cidadã. Com base nisso, conseguimos identificar que fazemos parte de uma sociedade cujo movimento é dialético, ou seja, uma sociedade capitalista e contraditória, onde suas transformações buscam embasar o desenvolvimento do capital. Partindo desse pressuposto, evidenciamos que o conceito de política está para além dos aspectos partidários, pois a política está inserida em nosso cotidiano por meio de nossas ações. Destacamos a política enquanto um conjunto dos mecanismos reguladores da totalidade social, sendo ela caracterizada pelo exercício de poder. Por isso, podemos dizer que estudar política é necessário e importante, pois é através de sua compreensão que o indivíduo adquire a percepção de que todas as suas decisões completam interesses e que esse por sua vez faz parte de um grupo social. É por meio da polarização política que o Brasil se desenvolve, garantindo o seu espaço na agenda de globalização dos países que buscavam a reprodução do capital. Com a unificação dos países que almejam o mesmo ideal político no século XX, foi pensando sobre a necessidade de promover novos aspectos formativos para o cidadão do novo século. Nessa nova formação ganha ênfase o Relatório promovido pela UNESCO no ano de 1996, com a direção de Jacques Delors, onde a formação humana deveria estar emba- sada em quatro pilares do conhecimento, sendo eles: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver junto e aprender a ser. Nesse contexto social, a educação deveria formar o homem para além do ambiente escolar, ou seja, este indivíduo deveria estar apto para atuar ativamente na sociedade por meio do mercado de trabalho e isso, na visão da UNESCO, apenas ocorreria se o ensino estivesse correlacionado com a prática. Por fim, cabe reforçar que nesse contexto político e histórico neoliberal o Estado possui ações mínimas e a educação, mesmo com todas as suas formulações, ainda é a grande responsável pela formação dos cidadãos. 25UNIDADE 1 CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE POLÍTICA E ESTADO LEITURA COMPLEMENTAR Leia o material indicado abaixo e faça suas reflexões. HOFLING, Eloísa de Mattos. Estado e políticas (públicas) sociais. Cad. CEDES, v. 21, n. 55, p. 30-41, nov. 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ccedes/a/pqNtQNWn- T6B98Lgjpc5YsHq/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 14 out. 2022. RESUMO: Para melhor compreensão e avaliação das políticas públicas sociais implementadas por um governo, é fundamental a compreensão da concepção de Estado e de política social que sustentam tais ações e programas de intervenção. Visões diferentes de sociedade, Estado, política educacional geram projetos diferentes de intervenção nesta área. Este texto objetiva trazer elementos que contribuam para a compreensão desta relação, enfocando autores que se aproximam da abordagem marxista e da neoliberal sobre o tema. MOLINA, A. A.; RODRIGUES, A. A. Estado, Políticas Públicas e Formação Docente no Brasil: direcionamentos a partir do início do século XXI. 2020. Ensino Em Revista, 27(1), 40–67. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/52744. Acesso em: 14 out. 2022. RESUMO: A educação e a formação docente precisam ser compreendidas a partir de uma vertente totalizante, estabelecendo-se uma relação com a economia e a política, cuja finalidade é perceber as contradições e as ideologias presentes nas políticas educacionais em geral. Partindo desse princípio, o objetivo deste estudo é apontar o papel do Estado nas políticas públicas para a educação no Brasil a partir do inicio do século XXI, enfatizando as políticas destinadas à formação docente. Para atender tal proposto, a pesquisa se pautou em um estudo bibliográfico, por meio de uma concepção teórica pautada no materialismo histórico e dialético. Os resultados mostraram que as políticas públicas destinadas à formação docente no Brasil estão imbricadas com a forma de organização e de administração do governo federal, consequentemente com as determinações socioeconômicas e políticas que regem as ações governamentais do país. https://www.scielo.br/j/ccedes/a/pqNtQNWnT6B98Lgjpc5YsHq/?format=pdf&lang=pt. https://www.scielo.br/j/ccedes/a/pqNtQNWnT6B98Lgjpc5YsHq/?format=pdf&lang=pt. https://seer.ufu.br/index.php/emrevista/article/view/52744 26UNIDADE 1 LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DO TERRITÓRIO BRASILEIRO MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Políticas públicas e educação Autor: Caroline Costa Nunes Lima; Pablo Bes; Alex Ribeiro Nu- nes; Simone de Oliveira; Glória Freitas. Editora: SAGAH EDUCAÇÃO S.A. Sinopse: O estudo das políticas públicas e sua interface com a educação proporciona aos futuros professores a compreensão crítica das políticas educacionais, dos fundamentos teóricos das políticas, de aspectos essenciais da organização e da legislação da educação brasileira. Neste livro estão reunidos alguns temas relevantes para reflexão pelos futuros professores em sua prática educativa, temas esses que também podem ser um ponto de partida para a formação de pesquisadores nessa área. A necessidade de interlocução com outros campos do conhecimento científico faz da disciplina de políticas públicas e educação uma disciplina ímpar. Além de compreender as diferentes concepções e matrizes teóricas jurídico-normativas e dialéticas, a forma como estão estruturados os capítulos deste livro permitem analisar o contexto da prática política em educação no cotidiano escolar. Trata-se de uma leitura enriquecedora para quem busca uma prática refletida e transformadora. FILME/VÍDEO Título: Escritores da Liberdade Ano: 2007 Sinopse: Uma jovem e idealista professora chega a uma escola de um bairro pobre, que está corrompida pela agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem vontade de aprender, e há entre eles uma constante tensão racial. Assim, para fazer com que os alunos aprendam e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora Gruwell aposta em métodos diferentes de ensino. Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si mesmos, aceitando mais o conhecimento e reconhecendo valores.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Conceitos e Definições do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova no Brasil. • Breve histórico das Leis de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 4024/61; Lei n. 5692/71. • Constituição Federativa do Brasil de 1988. • A nova LDB e os avanços quanto ao direito à educação. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar o Manifesto dos Pioneiros da Educação no Brasil; • Analisar as políticas públicas que organizam a legislação da educação básica; • Estabelecer a importância da Constituição Federativa do Brasil de 1988; • Compreender a nova LDB e os avanços quanto ao direito à educação. 2UNIDADEUNIDADE ASPECTOS LEGAIS DA ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASILNO BRASIL Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo 28UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. INTRODUÇÃO Você já se perguntou quais caminhos a educação brasileira percorreu para ser reconhecida em sua organização atual? A fim de compreender essa questão, iremos nos colocar diante da organização educacional brasileira desde os seus primórdios. Nessa unidade vamos compreender como se deu o movimento social do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova no ano de 1932, movimento este que revolucionou a compreensão da educação enquanto meio de formação humana. Partindo de um olhar crítico, vamos juntos acompanhar as principais linhas normativas que regem o caráter educacional brasileiro. O importante nessa nossa caminhada é que você, aluno (a), compreenda que as mudanças previstas na educação estão inteiramente ligadas ao movimento social existente. Vimos anteriormente que as políticas públicas são essenciais para a organização do fazer pedagógico, uma vez que essa trabalha para o desenvolvimento de melhorias voltadas para o cidadão. Cabe agora, compreender quais são os pilares normativos que dispõe direitos e deveres sobre a formação humana. Quando estudamos as normas voltadas para a educação, além de levar em consideração o momento histórico no qual a mesma foi promulgada, devemos compreender também qual o tipo de cidadão pretende-se formar. Dessa forma, vamos analisar a formação social a partir da Lei de Diretrizes e Bases da educação e da Constituição Federal de 1988. Convido você para analisar criticamente todas as mudanças sociais e compreender como a política influencia diretamente a organização educacional, visando a formação de um cidadão ativo na sociedade. BONS ESTUDOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DO MANISFESTO DOS PIONEIROS DA EDUCAÇÃO NOVA NO BRASIL TÓPIC0 Para compreender os principais aspectos que totalizaram na organização educacional brasileira, vamos inicialmente nos dispor a identificar qual foi o papel do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova na formação humana para a década de 30. Este movimento liderado pela Escola Nova totalizou na construção de um documento escrito, majoritariamente, por Fernando de Azevedo e assinado por 26 educadores, dentre eles dois signatários importantes para o âmbito educacional, como: Anísio Spinola Teixeira e Cecília Meirelles, no dia 19 de março de 1932, intitulado como “A reconstrução educacional no Brasil: ao povo e ao governo”. De acordo com Vidal (2013, p. 579), o Manifesto lutava pelo “[...] movimento de renovação educacional brasileiro, como se indica em seu próprio título. Vinha a público no âmago das disputas pela condução das políticas do recém-criado Ministério da Educação e Saúde no Brasil (1930) e seu texto exibia um triplo propósito”. O documento visa promover uma nova organização para o sistema educacional brasileiro pautado nos aspectos da Escola Nova. Cunha e Souza (2011, p.853) esclarecem que “[...] o escolanovismo, tanto no Brasil quanto em outros países, apresentou grande dispersão de temas e abordagens”, dentre eles estão as formações idealizadas para formar um novo cidadão. Podemos identificar abaixo: • formação da personalidade integral do educando, tendo em vista não apenas o desenvolvimento de atributos individuais, mas especialmente a reordenação da sociedade, o que caracteriza uma educação socializadora/ civilizadora; 30UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. • aproveitamento das experiências cotidianas dos alunos sem desprezar os conteúdos das matérias escolares, o que se materializa por meio da renovação dos métodos de ensino; • redirecionamento da mentalidade dos professores, envolvendo novas concepções morais e sintonia com os avanços da modernidade, em que se incluem as contribuições das ciências à educação e a universalização do acesso à escola (CUNHA; SOUZA, 2011, p. 853). Diante dos itens apresentados na citação acima conseguimos identificar a supervalorização da experiência do aluno em prol do seu desenvolvimento social e intelectual. Este movimento de reorganização educacional buscou, além de promover mudanças voltadas para o público discente, redirecionar a formação de professores a fim de promover a universalização do ensino. O Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932) divulgou propósitos a serem seguidos, inicialmente, esse documento evidenciou a necessidade de estabelecer a modernização do sistema educativo brasileiro, assim como da sociedade no geral. Vidal (2013, p. 579) destaca que “[...] além da laicidade, da gratuidade, da obriga- toriedade e da coeducação, o Manifesto propugnava pela escola única, constituída sobre a base do trabalho produtivo, tido como fundamento das relações sociais”. Nesse contexto, o Estado estava ao centro da organização educacional, sendo ele o principal responsável pela qualidade do ensino. É importante, aluno (a), que você compreenda que a Escola Nova se diferencia do ensino tradicional, uma vez que o seu desenvolvimento está pautado na organização científica e exploratória da escola, ou seja, encaram a experiência do aluno como sendo um meio qualitativo capaz de gerar mudanças intelectuais. No entanto, apesar de muita luta, Vidal chama a nossa atenção para o seguinte aspecto: Foi somente a partir dos anos 1980 que o Manifesto começou a ser revistado pela investigação acadêmica e que foram questionados seus dispositivos discursivos. Os pioneiros emergiram como um grupo cuja coesão não era fruto da identidade de posições ideológicas, mas estratégia política de luta, conduzida no calor das batalhas pelo controle do aparelho educacional (VIDAL, 2013, p. 580-90). Assim, as atenções voltaram-se para os escritos apresentados no Manifesto durante o final do século XIX e início do século XX, onde buscaram compreender como reduzir o vazio educacional discutido no documento. Para o documento, desde a década de 30 a finalidade da educação estava voltada para a formação ideal do homem, girando em torno da concepção da vida em sua plenitude. 31UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICANO BRASIL. Para compreender o teor pedagógico no qual o Manifesto estava embasado, Vidal (2013, p. 581) nos mostra que “[...] a Escola Nova evidenciou-se como fórmula, com significados múltiplos e distintas apropriações constituídas no entrelaçamento de três vertentes: a pedagógica, a ideológica e a política”. Com base na vertente pedagógica, a precarização de conceitos utilizados permitiu que a Escola Nova reunisse diferentes tipos de educadores em prol de um mesmo obje- tivo, por exemplo, os educadores católicos e liberais voltados para uma educação ativa e universal. Seguindo o aspecto da vertente ideológica cabe destacar que, nesse momento, a educação é vista como um meio de formação e unificação social, ou seja, promovendo a transformação da sociedade atendendo as necessidades de diferentes grupos sociais. Logo na dimensão política, promove-se o ideal de que a Escola Nova passará a ser vista na qualidade de renovação social e educacional. Diante disso, te convido a fazer a seguinte reflexão voltada para os objetivos esta- belecidos no Manifesto: Não deixa de ser elucidativo perceber o Manifesto como parte do jogo político pela disputa do controle do Estado e de suas dinâmicas, e, portanto, como elemento de coesão de uma frente de educadores que, a despeito de suas diferenças, articulava-se em torno de alguns objetivos comuns, como a lai- cidade, a gratuidade e a obrigatoriedade da educação. Mas não foi apenas isso. O documento também foi representante de um grupo de intelectuais que abraçava um mesmo projeto de nação, ainda que com divergências internas. O expediente da organização de frentes, aliás, foi comum no final dos anos 1920 e no início da década de 1930, constituindo-se na estratégia utilizada para a conjugação de forças em torno de um ideal comum (VIDAL, 2013, p. 584). Ora, então este documento também pode ser encarado como uma jogada política? Sim, aluno (a), cabe a nós compreender que a educação mantém a sua organização embasada nos pressupostos políticos do contexto no qual estão inseridos. Dessa forma, colocando o Estado enquanto responsável pela reorganização do ensino, assumem a direção política educacional, buscando habilitar uma nova formação social. Com base nisso, o Manifesto (1932) salienta que: A nova doutrina, que não considera a função educacional como uma função de superposição ou de acréscimo, segundo a qual o educando é "modelado exteriormente" (escola tradicional), mas uma função complexa de ações e reações em que o espírito cresce de "dentro para fora", substitui o mecanismo pela vida (atividade funcional) e transfere para a criança e para o respeito de sua personalidade o eixo da escola e o centro de gravidade do problema da educação (MANIFESTO, 2006, p. 195). 32UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. Diante da citação acima, cabe destacar que o Manifesto defende os processos mentais como funções vitais do ser humano. Nesse sentido, cabe à escola desenvolver este ser humano por meio de uma educação funcional "[...] favorável ao intercâmbio de reações e experiências [...]" (MANIFESTO, 2006, p. 196). Assim, o aluno irá se desenvolver naturalmente, sendo levado ao caminho do mercado de trabalho conforme os seus interesses e necessidades. O Manifesto (2006, p.1996) considera uma nova concepção de escola a ser de- senvolvida, que vai contra as concepções passistas das escolas tradicionalistas, nesse sentido a base dessa nova escola deve estar pautada na “[...] atividade espontânea, alegre e fecunda, dirigida à satisfação das necessidades do próprio indivíduo”. A educação pautada nos princípios citados acima influência em uma reorganização da educação pública, visando as necessidades dos alunos e do Estado. Sendo assim, Vidal traz essas reflexões para dos dias hoje, ressaltando que: Reler o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova nos dias de hoje implica percebê-lo como peça política do debate educacional situado no início dos anos 1930, indiciando os grupos em disputa e o movimento, operado pelo texto, de ressignificação das propostas educativas e dos objetos em confronto com o propósito explícito de orientar as políticas educativas do novo Ministério da Educação e Saúde. Implica também compreendê-lo como monumento da memória educacional brasileira, muitas vezes revisitado pelos próprios pioneiros ao longo do tempo como estratégia de legitimação de intervenção no campo educacional. Esvaziado das condições de emergência, o Manifesto sobreviveu como uma carta de princípios pedagógicos, como um marco em prol de uma escola renovada, mas principalmente em defesa da responsabilidade do Estado pela difusão da educação pública no país (VIDAL, 2013, p. 586). Com essa colocação, Vidal (2013) reforça o momento em que o Estado se tornou o responsável pela organização da educação brasileira, pautado em um aspecto político e social. Podemos destacar a luta pela educação gratuita, laica e de qualidade, capaz de formar todos os cidadãos para atuar enquanto um cidadão ativo, independente de sua classe social. Cabe destacar, querido (a) aluno (a), que o Manifesto dos Pioneiros da Educação não é considerado como uma reforma, mas sim como a iniciativa de mudança educacional, alienando-a aos aspectos políticos e sociais. Nesse sentido, veremos no próximo tópico um breve histórico do realinhamento normativo brasileiro, destacando os principais conceitos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 4024/1961 e Lei n. 5692/71). Conto com você, para que juntos possamos entender como os aspectos normativos vêm promovendo a educação brasileira até os dias atuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 2 BREVE HISTÓRICO DAS LEIS DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO - Lei n.4024/61; Lei n. 5692/71 TÓPIC0 O movimento social estabelecido após o desenvolvimento escolanovista promove uma renovação no contexto educacional brasileiro, totalizando em uma educação pautada no desenvolvimento do aluno por meio de suas experiências e bem-estar social. Para nortear essa nova concepção educacional foi promulgada no ano de 1961, durante o governo de João Goulart (1961-1964), a primeira Lei de Diretrizes e Bases da educação n° 4024/1961, cujo principal objetivo estava caracterizado pela promoção de uma educação nacional com base nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Como exposto no Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932) o ensino deveria se voltar para a formação vital do indivíduo, garantindo o desenvolvimento da aprendizagem por meio de suas experiências. Nesse sentido, a LDB n° 4024/61 é promulgada no intuito de redefinir e organizar o ensino brasileiro. Assim, a educação deveria abranger os seguintes aspectos: a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade; b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem; c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional; d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação na obra do bem comum; e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos cientí- ficos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as possibilidades e vencer as dificuldades do meio; 34UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. f) a preservação e expansão do patrimônio cultural; g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou de raça (BRASIL, 1961). A educação torna-se, a partir desta Lei, direito de todos, podendo ocorrer no ambiente escolar ou no próprio lar do aluno. Cabe, nesse momento, ao Estado a obrigação de forneceros recursos necessários para que esta educação seja efetivada na instituição primária, médio e superior. De acordo com o “Art. 23. A educação pré-primária destina-se aos menores até sete anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância” (BRASIL, 1961). A finalidade dessa educação está voltada para “o desenvolvimento do raciocínio e das atividades de expressão da criança, e a sua integração no meio físico e social” (BRASIL, 1961). O presente documento estabelece em seu Art. 26 que “[...] o ensino primário será ministrado, no mínimo, em quatro séries anuais” (BRASIL, 1961), podendo ser estendido para até 6 anos. Já em seu Art. 33 o documento prevê a organização para o ensino médio, promo- vendo a formação do adolescente que já finalizou o ensino primário. Desse modo, o Art. 34 esclarece que “o ensino médio será ministrado em dois ciclos, o ginasial e o colegial, e abrangerá, entre outros, os cursos secundários, técnicos e de formação de professores para o ensino primário e pré-primário”. Cada ciclo estabelecido para o ensino médio deverá ser composto por disciplinas e práticas educativas, tanto obrigatórias quanto optativas. No entanto, para realizar a matrícula na 1ª série do ciclo colegial será exigida conclusão do ciclo ginasial. Dessa forma, o ensino médio se organiza com base nos seguintes itens: I - Duração mínima do período escolar: a) cento e oitenta dias de trabalho escolar efetivo, não incluído o tempo reser- vado a provas e exames; b) vinte e quatro horas semanais de aulas para o ensino de disciplinas e prá- ticas educativas. II- cumprimento dos programas elaborados tendo-se em vista o período de trabalho escolar; III- formação moral e cívica do educando, através de processo educativo que a desenvolva; IV- atividades complementares de iniciação artística; 35UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. V- instituição da orientação educativa e vocacional em cooperação com a família; VI - frequência obrigatória, só podendo prestar exame final, em primeira época, o aluno que houver comparecido, no mínimo, a 75% das aulas dadas (BRASIL, 1961). Com base nisso, fica a cargo da instituição de ensino organizar o ano letivo juntamente com profissionais qualificados, com base na realização das disciplinas obrigatórias e facultativas, promovendo o desenvolvimento do aluno em sua totalidade. As disciplinas facultativas poderiam ser escolhidas pelo próprio estudante, levando em consideração os seus interesses e a sua experiência. No ciclo ginasial eram ministradas as disciplinas de línguas estrangeiras modernas, música (canto orfeônico), artes industriais, técnicas comerciais e técnicas agrícolas, enquanto no colegial eram oferecidas as de línguas estrangeiras modernas, grego, desenho, mineralogia e geologia, estudos sociais, psicologia, lógica, literatura, introdução às artes, direito visual, elementos de economia, noções de contabilidade, biblioteconomia, puericultura, higiene e dietética (SOUZA, 2008, p. 234). A nova LDB promoveu uma reorganização no sistema educacional brasileiro, de modo que, disciplinas que anteriormente eram vistas como obrigatórias passaram a ser optativas colocando os profissionais da educação frente a uma nova concepção educacional. Voltado para a organização do ensino superior, a LDB 4024/61 considera em seu Art. 66 que “[...] o ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes, e a formação de profissionais de nível universitário.” (BRASIL, 1961). Sendo assim, a LDB 4024/1961 pretendia uma nova formação para o profissional da educação em seu Art. 52, onde “o ensino normal tem por fim a formação de professores, orientadores, supervisores e administradores escolares destinados ao ensino primário, e o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relativos à educação da infância.”. Assim, de acordo com Saviani (1991): Com o escolanovismo, o que ocorreu foi que a preocupação política em relação à escola refluiu. De uma preocupação em articular a escola como um instrumento de participação política, de participação democrática, passou- se para o plano técnico-pedagógico. [...]. Passou-se do ‘entusiasmo pela educação’, quando se acreditava que a educação poderia ser um instrumento de participação das massas no processo político, para o ‘otimismo pedagógico’, em que se acreditava que as coisas vão bem e se resolvem no plano interno das técnicas pedagógicas. [...]. A Escola Nova vem transferir a preocupação dos objetivos e dos conteúdos para os métodos e da quantidade para a qualidade (SAVIANI, 1995, p. 62). 36UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. Saviani (1995) esclarece na citação acima alguns aspectos voltados exclusivamente para a educação proposta no interior da escola nova. Entretanto, o autor evidencia a sua crítica voltada para o escolanovismo onde a participação social e política sobressaía a formação humana, assim “[...] quando a burguesia acenava com a escola para todos (é por isso que era instrumento de hegemonia), ela estava num período capaz de expressar os seus interesses abarcando também os interesses das demais classes.” Passando por esse momento histórico, já no governo de Emílio Garrastazu Médici, temos a readequação da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 em sua reorganização buscou fixar Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º grau e outras providências. Este documento atualizado trouxe o ensino de 1º e 2º grau pautado pelo objetivo de proporcionar ao aluno a formação amparada no desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de autorrealização. Com isso, uma educação eficaz era aquela que preparava o indivíduo, qualificando-o para o trabalho e para o exercício consciente da cidadania. Partindo dessa flexibilidade do ensino, Saviani (1995) salienta que: Uma outra "descoberta" da Lei nº 5.692 foi a reformulação curricular através de atividades, áreas de estudos e disciplinas, determinando que o ensino, nas primeiras oito séries, se desenvolvesse predominantemente sob a forma de atividades e áreas de estudo. Ora, essas atividades e áreas de estudos são outra maneira de diluir o conteúdo da aprendizagem das camadas populares; e todos sabem que isso efetivamente ocorreu e vem ocorrendo (SAVIANI, 1995, p. 65). Assim, para o autor a nova LDB 5692/71 dilui o conteúdo educacional para as camadas populares. Contudo, reforça a importância dos conteúdos fundamentais mediados no ensino sistematizado, pois essa é a única maneira de formar um indivíduo crítico. Para Saviani (1995), o domínio da cultura por parte de diferentes grupos sociais é um instrumento indispensável para que esses grupos se adentrem nas organizações políticas. De acordo com a LDB 5692/71, o ensino de 1º grau se destina à formação da criança e do pré-adolescente, variando em conteúdo e métodos segundo as fases de desenvolvimento dos alunos. Assim, constituirá uma duração de oito anos letivos e compreenderá, anualmente, pelo menos 720 horas de atividades (BRASIL, 1971). Por outro lado, o ensino do 2° grau está voltado para a formação plena do adoles- cente, em seu Art. 22 coloca que “o ensino de 2º grau terá três ou quatro séries anuais, conforme previsto para cada habilitação, compreendendo, pelo menos, 2.200 ou 2.900 horas de trabalho escolar efetivo, respectivamente.”. Assim, quanto ao 2° grau fica estabelecido na LDB 5692/71 os seguintes itens: 37UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. a) a conclusão da 3ª série do ensino de 2º grau, ou do correspondente no regime de matrícula por disciplinas, habilitará ao prosseguimento de estudos em grau superior; b) os estudos correspondentes à 4ª série do ensino de 2° grau poderão, quando equivalentes, ser aproveitados em curso superior da mesma área ou de áreas afins (BRASIL, 1971). Diante disso, a formação do ensino superior, especialmente para professores do 1º e 2ºgraus “[...] será feita em níveis que se elevem progressivamente, com orientação que atenda aos objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas de estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos.” (BRASIL, 1971). Em seu Art. 30 a LDB 4692/61 estabelece como formação mínima para o exercício do magistério: a) no ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2º grau; b) no ensino de 1º grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de graduação, representada por licenciatura de 1º grau obtida em curso de curta duração; c) em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em curso superior de graduação correspondente a licenciatura plena. Diferente da LDB 4024/1961 onde o ensino normal tinha como objetivo a formação de professores, nessa reformulação o Art. 30 visa estabelecer a formação superior necessária para cada profissional da educação, assim como a modalidade em que o mesmo deve atuar. Diante de toda a redemocratização do ensino ao longo da história educacional brasileira, conseguimos observar como iniciou as tendências de organização do ensino, pautado em um novo ideal, cujo desenvolvimento humano deve estar voltado para atender aos pressupostos do mercado de trabalho. A partir da promulgação da LDB 5692/71 tínhamos uma base para a estruturação da educação. Contudo, a partir da década de 1980, a partir de diversos movimentos sociais tem-se a necessidade de democratizar o ensino por meio da construção de uma nova Constituição Federal que assegure todos os grupos sociais a uma educação gratuita e de qualidade. Partindo dessa necessidade, visitaremos em nosso próximo tópico como se efetivou a construção da Constituição Federal, conto com vocês para que juntos possamos analisar o documento que rege o nosso país. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 TÓPIC0 UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 38 Como vimos anteriormente, nas últimas décadas do século XX, a educação passou por diversas mudanças em seus aspectos organizacionais. Dessa forma, constituiu-se como uma pauta importante nos debates de formação social a criação de uma Constituição Federal para o Brasil. Foi no governo de José Sarney, no ano de 1988 que foi promulgada a Constituição Federal do Brasil. De acordo com Beraldo (2022, p. 59) este documento “[...] trouxe para os cidadãos uma importante reformulação no ensino brasileiro, definindo aspectos importantes sobre como o mesmo deveria se desenvolver.” Para o âmbito educacional, a Constituição Federal estabelece em seu Art. 205 que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família. A educação com base neste documento deve ser promovida com a colaboração da sociedade visando o pleno desenvolvimento do indivíduo, assim como o seu preparo para o exercício da cidadania e para o mercado de trabalho. Desse modo, o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso 39UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal; IX - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida (BRA- SIL, 1988). Todos os aspectos supracitados colaboraram para a efetivação da melhoria educacional no Brasil prevista desde o Manifesto dos Pioneiros da Educação. Assim, a instituição de ensino deverá abranger as novas concepções formativas determinadas pela Constituição Federal de 1988, garantindo os direitos sociais estabelecidos aos brasileiros por meio de um ensino gratuito. Nesse momento, aluno (a), é necessário que tenhamos em mente que essa normatização ocorreu após o processo de globalização que estudamos na Unidade I, onde as concepções neoliberais efetivaram novas estruturas normativas com base no desenvolvimento social. Para Beraldo (2022, p. 59) “a Constituição de 1988 representa um avanço significativo em termos dos direitos de cidadania. Por essa razão, foi denominada de Constituição Cidadã”. Nesse aspecto ideológico, a educação é vista como forma de desenvolver um cidadão criativo, autônomo, empreendedor, capaz de contribuir para a solução dos problemas sociais, desenvolvendo competências e habilidades práticas. Com isso, o Art. 208. propõe que o dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; 40UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de progra- mas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988). É importante destacar que a educação passa a ser vista como a única responsável pela formação humana, aos olhos da sociedade ela será capaz de corrigir as divergências existentes entres os diferentes grupos sociais. Sendo assim, a educação respaldada na Constituição Federal de 1988, deve de- senvolver direitos sociais da infância e da juventude. Esses direitos sociais encontram-se disponíveis no Art. 6º como “[...] a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma da Constituição”. Santos (2015) estabelece o teor político que a Constituição Federal estabelece sobre a educação da seguinte forma: a. Possui forte caráter liberal no que tange à sua formulação política. b. Suas proposições referentes à educação, não obstante apontarem para uma série de direitos fundamentais dos indivíduos, tocam elementos de difícil concretização, se considerarmos as características da relação entre Estado e sociedade civil no Brasil (SANTOS, 2015, p. 22). Nesse sentido, é importante voltarmos a nossa atenção para mais um aspecto formativo da Constituição Federal 1988, isto é, o direcionamento da educação para a vinculação direta ao mercado de trabalho. De acordo com Santos (2015, p. 23) essa ideia retoma “[...] princípios da Teoria do Capital Humano,para a qual a educação é o vetor do desenvolvimento econômico, devendo então o Estado adotar uma diretriz de fomento à profissionalização da população, a fim de que isso possa ser garantido”. Diante disso, podemos afirmar que o processo formativo da aquisição de conhecimentos de diferentes naturezas sociais, está intimamente ligado com o desenvolvimento de habilidades e competências . Podemos identificar que todos os documentos estudados até agora estabelecem uma formação pautada a partir das experiências adquiridas ao longo da vida do aluno. Nesse sentido, analisaremos em nosso próximo tópico as mudanças sofridas pela Lei de Diretrizes e Bases da educação após a promulgação da Constituição Federal, que perdura na organização do ensino até os dias atuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 A NOVA LDB E OS AVANÇOS QUANTO AO DIREITO À EDUCAÇÃO TÓPIC0 UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. 41 Após as influências internacionais, com o processo de globalização, ocorre a construção de uma nova Constituição Federal no ano de 1988, promovendo a organização social para o desenvolvimento da sociedade brasileira. Diante disso, passam a pensar em uma educação para o novo milênio, a educação passa a se consolidar no Brasil a partir da década de 1990, por meio da renovação de políticas públicas e do Estado assumindo o papel de agente ativo na formação. Uma dessas adaptações legislativas está voltada para a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, promulgada durante o governo de Fernando Henri- que Cardoso, apresenta 92 artigos que regem as bases necessárias para a efetivação da educação brasileira, subdivididos nos seguintes títulos: Título I: Da educação. Título II: Dos princípios e fins da educação nacional. Título III: Do direito à educação e do dever de educar. Título IV: Da organização da educação nacional. Título V: Dos níveis e das modalidades de educação e ensino. Título VI: Dos profissionais da educação. Título VII: Dos recursos financeiros. Título VIII: Das disposições gerais. Título IX: Das disposições transitórias (SANTOS, 2015, p. 31). 42UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. No Art. 1 de sua nova versão a LDB 9394/96 reconhece que a educação deve abranger aspectos “[...] formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996). Conseguimos observar que novamente a formação humana está pautada no pleno desenvolvimento do indivíduo, formando-o para a vida em sociedade e para atuar ativa- mente no mercado de trabalho. De acordo com a Lei, a educação é um processo formativo que se efetiva dentro e fora do contexto escolar, no entanto, para o ensino escolar ser eficiente ele deve estar voltado para as exigências do mercado de trabalho. De acordo com o Art. 2º, a educação é dever da família e do Estado, deve ser organizada com base nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. Assim, o ensino deve estar pautado no desenvolvimento dos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensa- mento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legisla- ção dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-escolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII - consideração com a diversidade étnico-racial. XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. XIV - respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pes- soas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva (BRASIL, 1996). Conseguimos observar que o ensino, além de estar pautado na promoção do trabalho deve organizar-se com base na igualdade de direitos, estabelecendo o acesso e a permanência dos alunos nas instituições de ensino, liberdade de expressão cultural e a existência de múltiplas concepções pedagógicas. 43UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. Conforme afirma Beraldo (2022, p.65), “[...] cabe aos órgãos governamentais oferecer um ensino público, gratuito e de qualidade e afirmar a importância da valorização dos professores perante uma gestão democrática”. As unidades responsáveis pela realização do ensino no Brasil tinham como responsabilidade a promoção da qualidade educacional, tanto em instituições privadas quanto públicas. Diante das reformas estabelecidas na educação brasileira, Lima (2018) faz a seguinte reflexão: As reformas propostas em diferentes momentos políticos apresentam instabilidades e constantes alterações, que trazem como consequência a dificuldade de se alcançarem os objetivos e as metas propostas, como a erradicação do analfabetismo e a democratização do ensino, viabilizando o acesso aos estudos de forma que todos os indivíduos concluam o ensino básico. Outro entrave em nossas políticas se manifesta nos problemas de natureza pedagógica, que buscam articular a concepção de homem e mundo com a visão de educação pela sociedade e por seus representantes (LIMA, 2018, p.123). Contudo, a LDB 9394/96 esclarece em seu Art. 4º que o dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; II - universalização do ensino médio gratuito; II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; 44UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade; IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria; V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola; VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde; IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.IX – padrões mínimos de qualidade do ensino, definidos como a variedade e a quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem adequados à idade e às necessidades específicas de cada estudante, inclusive mediante a provisão de mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos apropriados; X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade; XI – alfabetização plena e capacitação gradual para a leitura ao longo da educação básica como requisitos indispensáveis para a efetivação dos direitos e objetivos de aprendizagem e para o desenvolvimento dos indivíduos (BRASIL, 1996). O acesso à educação é direito de todos e deve ser oferecido gratuitamente desde a mais tenra idade, uma vez que a obrigatoriedade escolar passa a 4 anos e não mais 6 anos, como citado em legislações anteriores. De acordo com Santos (2015, p. 34) “Em um país com profundas desigualdades socioeconômicas como o Brasil, tal iniciativa é louvável; porém, sabemos que essa é uma 45UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. realidade ainda muito distante de ser concretizada”. Contudo, Santos (2015) complementa que a integração entre os sistemas de ensino municipal e estadual ainda está longe de ser efetivada. Deve-se destacar igualmente que a inserção no mundo do trabalho pela via da educação básica somente poderia se dar de forma satisfatória em um país que contemplasse a população de oportunidades de trabalho bem distribuídas e providas de condições de remuneração e ambientação dignas em todos os postos laborais, o que, infelizmente, está longe de ser verdade em nosso país, cujas taxas de desemprego se aproximam de 10% da população economicamente ativa (SANTOS, 2015, p. 40). Com base na autonomia didático-administrativa imposta ao Estado por meio das normativas supracitadas, analisaremos em nossa próxima Unidade quais mudanças este vem impondo ao ambiente educacional, por meio do financiamento estudantil. Conto com vocês para compreender como o Estado estabelece a igualdade social em um país marginalizado, onde muitas pessoas não possuem o acesso ao sistema de ensino, identificando os programas e os avanços ou retrocessos sofridos pela educação brasileira. 46UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. CONSIDERAÇÕES FINAIS Olá, aluno (a), chegamos ao fim de mais uma unidade! Nesta unidade abordamos a trajetória do Manifesto dos Pioneiros da Educação que ocorreu no ano de 1932. Pautado por atitudes escolanovistas, esse movimento buscou estabelecer uma ressignificação educacional, isto é, efetiva a supervalorização da experiência do aluno voltada para o desenvolvimento social e intelectual. Este movimento pautado nos ideais da Escola Nova contradiziam os aspectos defendidos pelos tradicionalistas. Neste momento a educação era vista enquanto responsabilidade do Estado e direito de todos. No entanto, esta universalização da educação passa a ser pensada somente após a globalização. Após esse período de lutas pela educação tem-se a necessidade de estabelecer bases normativas para a instauração do ensino no Brasil. Com isso, durante o governo de João Goulart é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da educação n° 4024/1961, cujo principal objetivo é a promoção de uma educação nacional com base nos princípios de liberdade e solidariedade. Por outro lado, já no governo de Emílio Garrastazu Médici, no ano de 1971, ocorreu a readequação da Lei de Diretrizes e Bases nº 5.692/71, dando providências para o ensino de 1° e 2º graus. Ocorre então a diluição do conteúdo para atender as camadas populares. Partindo de um movimento de lutas sociais, ganha ênfase a necessidade de criar uma nova Constituição Federal no ano de 1988. Nesse contexto, acredita-se que a educação deve ser promovida em colaboração com a sociedade promovendo o pleno desenvolvimento do aluno, assim como o seu preparo para o exercício da cidadania e para o mercado de trabalho. Por fim, na década de 1990, especialmente no ano de 1996, podemos notar novamente a redefinição da Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Agora, pautada no princípio de promover o pleno desenvolvimento do indivíduo, com base na vida em sociedade e para atuar ativamente no mercado de trabalho. 47UNIDADE 2 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL. MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Guia Prático da Política Educacional no Brasil: Ações, planos, programas, impactos. Autor: Pablo Silva Machado Bispo dos Santos Editora: Cengage Learning Brasil. Sinopse: A educação brasileira, em sua organização nacional e federativa, vem passando por múltiplas mudanças estruturais e funcionais, em especial no que se refere ao acesso, à permanência e à busca da qualidade. Nesse senti- do, há um cruzamento formidável de iniciativas governamentais por meio de políticas e programas com significativas alterações no ordenamento jurídico-legal, muitas das quais respondendo, de modo amplo ou restrito, a demandas de movimentos e pressões provenientes de organizações e asso- ciações ligadas à educação. Tais mudanças podem ser periodizadas a partir da lei das diretrizes e bases da educação nacional (Lei n° 9.394/96), e fizeram a educação brasileira passar a ser marcada por grande flexibilidade pedagógica e avaliações sistemáticas. As mudanças que se processaram desde então, seja no âmbito nacional, seja no federativo de estados e de municípios, seja no nacional, pela assunção de convênios internacionais, adquiriram um ritmo rápido e tiveram grande influência em programas e políticas. Exigiram também forte presença dos órgãos normativos, que tiveram de exercer suas funções buscando a interpretação e a aplicação das leis, para aclimatá-las a um país diverso e continental. FILME/VÍDEO Título: D02 - LDB - Entrevista com Carlos Roberto Jamil Cury Ano: 2014 Sinopse: Programa que apoia a disciplina D-2 - Lei de Diretrizes e Bases do curso de Pedagogia Unesp/Univesp realiza uma entrevista com Carlos Roberto Jamil Cury, professor da PUC de Minas Gerais, autor de Lei de Diretrizes e Bases e Perspectivas da Educação Nacional. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=425zPBPp- -UA https://www.youtube.com/watch?v=425zPBPp-UA https://www.youtube.com/watch?v=425zPBPp-UA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Educação Básica: direito e obrigatoriedade nos níveis e modalidades de ensino. • O salário educação e o financiamento educacional. • Fundeb como avanço na valorização da educação. • FNDE e os programas complementares de educação. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar a educação básica, dispondo sobre os níveis de ensino e a obrigatoriedade; • Compreender as concepções do salário educação e o financiamento educacional; • Estabelecer a importância do Fundeb e FNDE para a valorização da educação brasileira. 3SALÁRIO EDUCAÇÃO, SALÁRIO EDUCAÇÃO,FUNDEB E FNDEFUNDEB E FNDE UNIDADEUNIDADE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo 49UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INTRODUÇÃO Observamos nas unidades I e II que a educação brasileira foi moldada a partir das concepções escolanovistas, com o intuito de formar um indivíduo capaz de compreender os movimentos sociais e solucionar os problemas que porventura vierem a aparecer. A partir da caracterização normativa que compreende a função da escola buscaremos, nesta unidade, identificar quais são os fatores predominantes na obrigatoriedade do ensino e como ele está sendo financiado nos dias atuais. Partindo de uma análise crítica vamos juntos acompanhar as criações de programas como o Salário-Educação, Fundef e o Fundeb que promoveram a organização do financiamento educação destinado a educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, assim como uma nova visão voltada para a formação continuada dos profissionais inseridos no magistério. Veremos que todos os programas supracitados foram criados com o intuito de sanar as desigualdades existentes no Brasil por meio da oferta de uma educação de qualidade para todos. Convido você a refletir criticamente sobre todas as mudanças financeiras que a educação brasileira apresenta, identificando as influências positivas e negativas para a formação humana. BONS ESTUDOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 1 EDUCAÇÃO BÁSICA: DIREITO E OBRIGATORIEDADE NOS NÍVEIS E MODALIDADE DE ENSINO TÓPIC0 Como vimos anteriormente nas unidades I e II, a educação brasileira percorreu muitos caminhos até chegar a sua organização atual, foi após um processo de muita luta que no ano de 1996 houve a remodelação do ensino por meio da Lei de Diretrizes e Bases. A partir desse contexto histórico, a educação básica passa a ofertar um ensino com base na igualdade e na liberdade, formando cidadãos aptos para o mercado de trabalho. De acordo com Affonso (2021, p. 57), a educação, reconhecida como uma política pública tem como função “[...] garantir o acesso e a permanência do aluno na escola e, ao mesmo tempo, favorecer a participação e o envolvimento de todos os membros da comunidade local e escolar.”. Nesse sentido, é com a promulgação da Lei n° 12.796, de 4 de abril de 2013, durante o governo de Dilma Rousseff, que são estabelecidas algumas mudanças na LDB n° 9394/96 voltadas para o atendimento educacional no Brasil. Em seu Art. 4 a Lei n° 12.796 salienta as seguintes alterações: I- educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezesse- te) anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino fundamental; c) ensino médio; II- educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; III- atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com defi- ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou super- 51UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO dotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencial- mente na rede regular de ensino; IV- acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria; VIII- atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 2013). Diante das mudanças citadas acima, o Ministério da Educação (2013) esclarece que as crianças deveriam ser matriculadas na educação básica a partir dos quatro anos de idade. Desse modo, cabe aos e responsáveis a tarefa de inseri-los no contexto educacional. Além disso, a partir das mudanças elencadas, o fornecimento de transporte, ali- mentação e material didático também serão estendidos a todas as etapas da educação básica, sendo de responsabilidade do Estado. Voltada para as reformas educacionais brasileiras que ganharam força no final da década de 1990, Affonso (2021) destaca: As reformas educacionais que vêm sendo implementadas mostram um modelo educacional que está sendo ajustado à lógica mercantilista em prejuízo dos ideais pedagógicos de formação humana, de preparo para o exercício da cidadania e de qualificação para o trabalho (AFFONSO, 2021, p. 55). Nesse contexto, uma educação de qualidade é aquela que forma o indivíduo desde a tenra idade, desenvolvendo nele competências básicas para o seu cotidiano. As normativas da educação brasileira, defendem que o processo educativo é o principal meio para a construção do conhecimento sistematizado, apropriando-se de novas habilidades para lidar com o contexto social no qual encontra-se inserido. Assim, no Brasil, a partir das ressignificações advindas do final da década de 1990, foram desenvolvidos os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Fun- damental e Médio e o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), estes documentos foram destinados às organizações do ensino das escolas públicas de Educação Básica. O objetivo primordial da educação é o de dotar o homem de instrumentos culturais capazes de impulsionar as transformações materiais e espirituais exigidas pela dinâmica da sociedade. A educação aumenta o poder do ho- mem sobre a natureza e, ao mesmo tempo, busca conformá-lo aos objetivos de progresso e equilíbrio social da coletividade a qual pertence. A educação é, portanto, um fato social (LIMA et al. 2016, p. 2). 52UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Com base nisso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) buscaram estabelecer um referencial de qualidade para o desenvolvimento educacional no país, especificamente para o Ensino Fundamental, “[...] sua função é orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros [...]” (BRASIL, 1997, p. 13 ). De acordo com o PCN (1997), durante as décadas de 70 e 80 a política educacional brasileira voltou a sua atenção para a expansão das oportunidades de escolarização, bus- cando ofertar o acesso e a permanência à educação para os indivíduos que se encontram à margem da sociedade. Mesmo com um grande número de crianças inseridas no contexto escolar, a proble- mática volta-se para “[...] os altos índices de repetência e evasão apontam problemas que evidenciam a grande insatisfação com o trabalho realizado pela escola.” (BRASIL, 1997, p. 17). Com isso, a escola se tornou a principal responsável pelo sucesso dos indivíduos, cujo papel estava voltado para formar cidadãos aptos para viver em sociedade. Assim, o PCN (1997) ressalta o compromisso da instituição escolar para: [...] garantir o acesso aos saberes elaborados socialmente, pois estes se constituem como instrumentos para o desenvolvimento, a socialização, o exercício da cidadania democrática e a atuação no sentido de refutar ou reformular as deformações dos conhecimentos, as imposições de crenças dogmáticas e a petrificação de valores. Os conteúdos escolares que são ensinados devem, portanto, estar em consonância com as questões sociais que marcam cada momento histórico (BRASIL, 1997, p. 33). Podemos compreender então que as normativas que embasam o contexto educacional reconhecem a importância da participação construtiva do aluno, isto é, que levem em consideração a sua experiência adquirida fora da instituição de ensino, juntamente da intervenção do professor, que será o pilar para a promoçãoda aprendizagem de conteúdos sistematizados que favoreçam o desenvolvimento das competências necessárias à formação do indivíduo. A educação escolar brasileira está pautada no intencionalismo que ocorre de forma sistemática, planejada e continuada. Então podemos afirmar que ela se difere da educação que ocorre em outros espaços? Isso mesmo! Devemos ter clara a ideia de que a educação, mediada nas instituições escolares, difere de outras instâncias, como a orientação transmitida pela família, pelo trabalho, pela mídia, assim como nos demais espaços de convivência social. A escola, ao tomar para si o objetivo de formar cidadãos capazes de atuar com competência e dignidade na sociedade, buscará eleger, como objeto de 53UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO ensino, conteúdos que estejam em consonância com as questões sociais que marcam cada momento histórico, cuja aprendizagem e assimilação são as consideradas essenciais para que os alunos possam exercer seus direitos e deveres. Para tanto, ainda é necessário que a instituição escolar garanta um conjunto de práticas planejadas com o propósito de contribuir para que os alunos se apropriem dos conteúdos de maneira crítica e construtiva. A escola, por ser uma instituição social com propósito explicitamente educativo, tem o compromisso de intervir efetivamente para promover o desenvolvimento e a socialização de seus alunos (BRASIL, 1997, p. 34). Com base nisso, fica evidente que a escola deve valorizar a cultura existente em cada espaço social, visto que o Brasil é um país multicultural. Portanto, é de suma importância que a escola “[...] favoreça a produção e a utilização das múltiplas linguagens, das expressões e dos conhecimentos históricos, sociais, científicos e tecnológicos, sem perder de vista a autonomia intelectual e moral do aluno, como finalidade básica da educação.” (BRASIL, 1998, p. 44, b). Seguindo a base de orientação educacional, temos o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) que estabeleceu um conjunto de referências e orientações pedagógicas com o objetivo de promover práticas educativas de qualidade a fim de ampliar, desde a tenra idade, as condições necessárias para o exercício da cidadania das crianças brasileiras. Ainda assim, o documento destaca alguns princípios no qual a educação infantil deve estar embasada, garantindo aos alunos, de zero a seis anos, o desenvolvimento das habilidades emocionais, sociais e cognitivas que colaboram para a construção de um cidadão ético e ativo. Além desses princípios podemos destacar: 54UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO QUADRO 1 - PRINCÍPIOS QUE EMBASAM A EDUCAÇÃO INFANTIL. Fonte: BRASIL (1998, p. 13, c). Com o quadro acima podemos destacar a importância de promover vivências praze- rosas para as crianças pequenas, fazendo com que o processo de ensino e aprendizagem esteja atrelado ao brincar e a promoção da qualidade de vida infantil. Neste sentido, o Referencial caracteriza-se com base em uma proposta flexível que respeita a pluralidade e diversidade da sociedade brasileira. Assim, é papel da instituição de educação infantil “[...] tornar acessível a todas as crianças que a frequentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social.” (BRASIL, 1998, p. 23, c). Portanto, podemos confirmar que a instituição de ensino, tanto da educação infantil quanto do ensino fundamental, cumpre um papel socializador, estabelecendo o desenvol- vimento da identidade dos alunos desde crianças, por meio da compreensão de conteúdos produzidos historicamente. Partindo desse aspecto, vamos juntos compreender como se deu a criação do salário educação e qual a sua contribuição para o financiamento educacional. • o respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc.; • o direito das crianças a brincar, como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil; • o acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando o desenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à interação social, ao pensamento, à ética e à estética; • a socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma; • o atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao desenvolvimento de sua identidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 2 O SALÁRIO EDUCAÇÃO E O FINANCIAMENTO EDUCACIONAL TÓPIC0 Como vimos anteriormente, a educação brasileira é organizada por meio de normativos, cujo objetivo está em promover o desenvolvimento social do indivíduo. Cabe relembrar que a Constituição Federal (1988) reconheceu a educação enquanto direito de todos e responsabilidade do Estado, da família e da sociedade, sendo nessa perspectiva que a educação passa a se constituir enquanto política pública. Contudo, é importante destacar que “[...] infelizmente, milhões de crianças ainda permanecem privadas de oportunidades educacionais, muitas delas em razão da pobreza, da falta de acesso ou da desinformação” (LIMA, 2016, p. 101). Sendo assim, o maior de- safio da instituição de ensino é ofertar uma educação de qualidade para todos, garantindo o acesso e a permanência. Assim, com base na promoção do desenvolvimento social do aluno o Ministério da Educação (2010) explica: Em 1964 é criado o Salário-Educação, por meio da Lei nº 4.440/1964, tendo como objetivo a suplementação das despesas públicas com a educação elementar (ensino fundamental), adotando como base de cálculo 2% do Salário Mínimo local, por empregado, mensalmente. Em seguida, em 1965, a alíquota dessa contribuição social passou a ser calculada à base de 1,4 % do salário de contribuição definido na legislação previdenciária e mais tarde, em 1975, por meio do Decreto-Lei nº 1.422/1975 e do Dec. 76.923/1975, novas alterações foram implantadas no contexto do Salário-Educação, passando sua alíquota a ser calculada à base de 2,5% do salário de contribuição das empresas, situação que perdura até os dias atuais (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2010). 56UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Levando em consideração a citação acima, é importante destacar que entre os anos 1964 a 1974, 0,5% do valor arrecadado estava voltado para a cobertura de despesas. O restante, por sua vez, apresenta-se de forma dividida, 50% para o governo estadual (Quota Estadual) e 50% para o governo federal (Quota Federal). Mas como será destinada cada Quota determinada acima? O que será feito com os recursos arrecadados? Pois bem, os recursos da Quota Federal do Salário-Educação são aplicados no financiamento de programas e projetos voltados para a universalização do ensino fundamental, ou seja, para a oferta do ensino para todo público. Assim, destina a verba para a melhoria de programas socioeducacionais já existentes. Por outro lado, os recursos supracitados são formalizados e destinados para a Quota Estadual e Municipal, cujo trabalho deve estar voltado para a promoção do ensino público regular, educação especial e educação de jovens e adultos, financiando itens básicos como: transporte do escolar, construção, reforma de prédios escolares, aquisição de material didático-pedagógico e equipamentos para escola, assim como a capacitação de professores. Após a criação do Salário-Educação, com o intuito de promover o aumento do pú- blico nas escolas, a ConstituiçãoFederal (1988) estabeleceu em seu Art. 212 os seguintes itens: Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino. § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir. § 2º Para efeito do cumprimento do disposto no caput deste artigo, serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal e os recursos aplicados na forma do art. 213. § 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação. § 4º Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários. § 5º A educação básica pública terá como fonte adicional de financiamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas empresas na forma da lei. 57UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO § 6º As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição social do salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas redes públicas de ensino (BRASIL, 1988). Com base no quadro acima, compreendemos a existência do programa Salário- Educação que busca contribuir financeiramente para o desenvolvimento social, por meio da criação de projetos voltados para a Educação Básica. Conforme estabelece o Ministério da Educação, os recursos do Salário-Educação são repartidos em cotas, destinados respectivamente para a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios. Cortes (1989, p. 415) destaca que as “empresas com mais de cem empregados poderiam deixar de contribuir se tivessem ensino primário próprio ou distribuíssem bolsas de estudos aos empregados ou seus filhos, mediante convênios firmados com escolas privadas.”. Dessa forma, estão isentos de pagar o salário-educação: a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios, bem como suas respectivas autarquias e fundações; as instituições públicas de ensino de qualquer grau; as escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, organizações de fins culturais; e as organizações hospitalares e de assistência social. Nesse sentido, a Lei nº 9.766, de 18 de dezembro de 1998, promulgada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, estabelece os critérios para a efetivação do Salário-Educação. Dessa forma, esclarece em seu Art. 3 que o “Salário-Educação não tem caráter remuneratório na relação de emprego e não se vincula, para nenhum efeito, ao salário ou à remuneração percebida pelos empregados das empresas contribuintes” (BRASIL, 1998, a). De acordo com Cortes (1989, p. 414), o Salário-Educação foi criado com a finalidade de “[...] suplementar os recursos públicos destinados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino, se constituindo numa fonte adicional ao ensino fundamental público. O objetivo [...] da sua criação era o de eliminar o analfabetismo no país”. Nesse contexto, a Lei n° 10.832/2003, promulgada durante o governo de Luiz Iná- cio Lula da Silva, provocou alterações significativas na divisão do dinheiro arrecadado por meio do programa Salário-educação. De acordo com o Ministério da Educação (2010), as mudanças permanecem vigentes até os dias atuais da seguinte forma: a. 10% da arrecadação líquida fica com o próprio FNDE, que a aplica no financiamento de projetos, programas e ações da educação básica; b. 90% da arrecadação líquida é desdobrada e automaticamente disponibilizada aos respectivos destinatários, sob a forma de quotas (BRASIL, 2003). 58UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Vimos que o salário-educação promoveu mudanças significativas na distribuição e organização do ensino. Nesse contexto, políticas públicas foram criadas com o intuito de inserir as crianças marginalizadas no contexto escolar. O Brasil, enquanto um país inserido na agenda da globalização, promove a orga- nização educacional com base nos pressupostos capitalistas, formando um indivíduo que atenda a esses interesses agindo como um cidadão ativo na sociedade. Por fim, seguindo os aspectos de financiamento educacional, veremos a seguir as concepções que formalizaram o Fundeb e quais foram os avanços na valorização da educação. FUNDEB COMO AVANÇO NA VALORIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO Vimos anteriormente que a educação básica está pautada em normativas que almejam a sistematização do ensino, garantindo o acesso e a permanência para todas as crianças. Para que esta oferta seja colocada em prática, entra em ação a União, Estados e municípios, trabalhando juntos para a promoção da melhoria educacional. É importante lembrar que a organização da educação brasileira esteve sempre pautada na organização social estabelecida pelo governo, que busca segmentar as finalidades da instituição de ensino por meio de normativas. Com base nos pressupostos da Constituição Federal 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 para a educação, identificamos que a educação é um direito de todos, sendo de responsabilidade do Estado, da família e da sociedade. De acordo com Lima (2016, p. 186), “[...] para se assegurar uma educação com equidade e mínima qualidade, é fundamental reconhecer as responsabilidades das esferas governamentais federais, estaduais e municipais em relação aos investimentos nas áreas educacionais”. Para relembrar o papel de cada instância observe o quadro abaixo: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 TÓPIC0 UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 59 60UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO QUADRO 2. INSTÂNCIAS GOVERNAMENTAIS. Fonte: Lima (2016, p. 187). Partindo do exposto, identificamos que a LDB surge para reforçar o financiamento educacional que já havia sido estabelecido na Constituição Federal. Lima (2016) chama a nossa atenção para o aspecto de que os investimentos acontecem a partir das arrecada- ções governamentais, o que faz com que aumente os aspectos de desigualdades entre as regiões com desenvolvimento menor. ESFERA GOVERNAMENTAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988 LDB 9394/96 UNIÃO Organizará o sistema federal de ensino e o dos territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios (art. 211, § 1o, redação dada pela Emenda Constitucional no 14, de 1996). Prestará assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva (art. 9o, III). ESTADOS, MUNICÍPIOS E DISTRITO FEDERAL Aplicará, anualmente, nunca menos de 18%, e os estados, o Distrito Federal e os municípios, 25%, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e no desenvolvimento do ensino (art. 212). Definirá, comos municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público (art. 10, II). 61UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO O Brasil é um país que tem uma dívida histórica com a educação. Isso tem como consequência milhões de adultos que não tiveram acesso à educação na idade própria, o que retrata os mais de dois milhões de adultos analfabetos, além dos jovens e adolescentes que estão fora da escola ou com disparidade na idade-série. As discussões acerca do financiamento da educação têm perpassado os debates sobre a democratização da educação e da escola por meio do acesso e permanência com qualidade social, a melhoria da qualidade do ensino e a garantia dos direitos dos cidadãos, como vimos na Constituição Federal/88 e na LDB/96 (BRASIL, 2006, p. 44-5). No intuito de reduzir a marginalização social e suprir a existência da desigualdade, o Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil (2006), publicado durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, determina que: É indispensável a participação da comunidade no acompanhamento e fiscalização dos recursos que são destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino. É princípio da administração pública a publicização de seus atos. A peça orçamentária está disponível para qualquer cidadão, basta procurar as instituições do poder Legislativo ou Executivo para obter tais informações (BRASIL, 2006, p. 40-1). Com base na Constituição Federal e LDB 9394/96 ocorre a criação de fundos de desenvolvimento destinados aos órgãos governamentais, com o objetivo de desenvolver a educação pública no Brasil. A Lei nº 9.424, de 24 de dezembro de 1996, promulgada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, regulamenta o Fundef, ou seja, consiste no do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, se caracteriza por um fundo de natureza contábil que não possui personalidade jurídica. Conforme afirma Lima (2016, p. 189), o Fundef “[...] representou um avanço para o enfrentamento dos problemas do ensino fundamental público, adotando novos critérios para a distribuição dos recursos públicos vinculados à educação”. Assim, em seu Art. 9, designa: Art. 9º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão, no prazo de seis meses da vigência desta Lei, dispor de novo Plano de Carreira e Remuneração do Magistério, de modo a assegurar: I- a remuneração condigna dos professores do ensino fundamental público, em efetivo exercício no magistério; 62UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO II- o estímulo ao trabalho em sala de aula; III- a melhoria da qualidade do ensino. § 1º Os novos planos de carreira e remuneração do magistério deverão contemplar investimentos na capacitação dos professores leigos, os quais passarão a integrar quadro em extinção, de duração de cinco anos. § 2º Aos professores leigos é assegurado prazo de cinco anos para obtenção da habilitação necessária ao exercício das atividades docentes (BRASIL, 1996). Segundo as normativas que amparam o Fundef, o seu objetivo estava voltado para a universalização do ensino fundamental, assim como a oferta de uma remuneração digna para os funcionários inseridos no magistério. As maiores mudanças evidenciadas com a sua criação foram caracterizadas pela reestruturação do financiamento do ensino fundamental público no país. Os recursos foram organizados para serem distribuídos automaticamente, partindo da análise do número de alunos matriculados em cada rede de ensino fundamental. É importante deixar claro que a responsabilidade pelo financiamento deveria ser compartilhada entre o governo estadual e os governos municipais. Observe no quadro abaixo como os recursos estavam organizados. QUADRO 3. FONTE DE RECURSOS DO FUNDEF Fonte: Brasil (2006, p. 47). Nesse sentido, de acordo com o Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil (2006), o cálculo realizado para o Fundef é baseado no valor mínimo nacional estabelecido por aluno/ano. Quadro 3. FONTE DE RECURSOS DO FUNDEF ● 15% do Fundo de Participação dos Municípios – FPM; ● 15% do Fundo de Participação dos Estados – FPE; ● 15% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS; ● 15% do Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às Exportações – IPIexp; ● 15% do ressarcimento da União pela Desoneração de Exportações (LC nº 87/96); e ● Complementação da União. 63UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Caso o valor arrecadado não alcance o mínimo estipulado para o âmbito nacional, caberá ao governo federal assegurar a diferença automaticamente para o programa. É importante destacar que a Lei supracitada ficou em vigência até o ano de 2007, pois após esse período ela foi substituída pelo Fundeb. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é um Fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual (um total de vinte e sete Fundos), composto por recursos provenientes de impostos e das transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios vinculados à educação, conforme disposto nos arts. 212 e 212-A da Constituição Federal (BRASIL, 2018 a). Pois bem, podemos observar que foi desenvolvido um novo Fundo de Manutenção para a educação brasileira semelhante ao Fundef. Para o Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil “[...] isso significa que o Fundeb será de âmbito estadual, captando parte dos recursos dos estados e municípios, distribuindo-os de acordo com o número de alunos matriculados na educação básica da rede pública” (BRASIL, 2006, p. 50-1). Os recursos do Fundeb são destinados aos Estados, Distrito Federal e Municípios com o intuito de promover a manutenção e o desenvolvimento da educação básica pública brasileira. Assim, “[...] os Municípios utilizarão os recursos provenientes do Fundeb na educação infantil e no ensino fundamental e os Estados no ensino fundamental e médio” (BRASIL, 2018 a). Os alunos considerados a serem atendidos serão aqueles inseridos no ensino re- gular, educação especial e EJA, respectivamente nas etapas de educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental (de oito ou de nove anos) e do ensino médio, nas escolas tanto urbanas quanto rurais. De acordo com Lima (2016): A criação do FUNDEF e do FUNDEB e a presença de formas de organiza- ção do financiamento da educação básica em documentos legislativos — tais como a LDB, as emendas constitucionais e o Plano Nacional de Educa- ção— favorecem o uso dos recursos de modo mais transparente, equitativo e responsável. O objetivo dessas articulações, como você viu, é enfrentar os graves problemas que marcam a história educacional brasileira (LIMA, 2016, p. 194). Cabe às esferas governamentais a responsabilidade de ofertar uma educação de qualidade a todos, sistematizando a educação básica evitando os aspectos que caracterizam a marginalização social. A seguir analisaremos os órgãos gestores que fazem parte da realização do fi- nanciamento educacional no Brasil, especificamente ao papel que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, aliado ao Ministério da Educação, desempenham em nossa sociedade. Quais as principais diferenças entre o Fundef e o Fundeb? 64UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Vejamos como apresenta o Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil (2006): Fonte: Brasil (2006, p. 53-4). PARÂMETRO FUNDEF FUNDEB 1) Vigência De 10 anos (até 2006) De 14 anos (a partir do ano seguinte à promulgação daEmenda Constitucional de criação do Fundeb, (podendo ter o seu prazo estendido sem aviso prévio). 2) Alcance Apenas o Ensino Fun- damental Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio 3) Número de alunos 30,7 milhões de alunos (dados preliminares do Censo Escolar de 2004) 47,2 milhões de alunos, a partir do 4º ano de vigência do Fundo (dados do Censo Escolar de 2004) 4) Fontes de recursos que compõem o Fundo 15% de contribuição de estados, DF e municípios: Fundo de Participação dos Estados – FPE Fundo de Participação dos Municípios – FPM; Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS; Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações– IPIexp; Deso- neração de Exportações (LC 87/96); Complementação da União. Contribuição de estados, DF e municípios, com previsão, após a implantação plena do Fundo, de 20% sobre: Fundo de Participação dos Estados – FPE; Fundo de Participação dos Municípios – FPM; Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS; Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações– IPIexp; Desoneração de Exportações (LC 87/96); Imposto sobre Transmissão “Causa Mortis” e Doações – ITCMD; Imposto sobre Proprie- dade de Veículos Automotores – IPVA; Quota Parte de 50% do Imposto Territorial Rural devida aos Municípios – ITR; Complementação da União. 65UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 5) Complementação da União ao Fundo Não há definição, na Constituição, de parâ- metro que assegure o montante da de recursos da União para o Fundo. Há previsão de valores na Proposta de Emenda Constitucional, visando assegurar o montante de recursos complementares da União para o Fundo. 6) Distribuição dos recursos Com base no nº de alunos do ensino fundamental regular e especial, de acordo com dados do Censo Escolar do ano anterior. Com base no nº de alunos da educação básica (creche, pré-escola, fundamental e médio), de acordo com dados do Censo Escolar do ano anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 FNDE E OS PROGRAMAS COMPLEMENTARES DE EDUCAÇÃO TÓPIC0 UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 66 Como analisamos anteriormente, a educação brasileira é organizada com base em programas que regem o financiamento estudantil. Assim, realizaremos uma breve análise a fim de identificar quais os órgãos gestores que fazem parte da realização do financiamento educacional no Brasil. Especificamente ao papel que o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), aliado ao Ministério da Educação, desempenham em nossa sociedade. De acordo com Parente (2006, p. 19), “o financiamento da educação, mais do que importante instrumento para a implementação das políticas sociais, constitui-se um determinante do padrão de intervenção do Estado nas políticas educacionais”. É importante ressaltar que o formato pelo qual o ensino está organizado segue um padrão imposto pelas classes dominantes por meio da política. Cabe destacar que o FNDE é o órgão responsável pela execução da maioria das ações e programas da Educação Básica do nosso País [...], além de atuar também na Educação Profissional e Tecnológica e no Ensino Superior (BRASIL, 2018 b). Desse modo, o FNDE estabelece um papel central no desenvolvimento educacio- nal e na promoção da garantia de um ensino de qualidade, especificamente nas escolas públicas. Assim, o FNDE tem como finalidade “[...] captar recursos financeiros e canalizá-los para o financiamento de projetos de ensino e pesquisa, de acordo com as diretrizes do planejamento nacional da Educação” (BRASIL, 2018 b). O FNDE, criado oficialmente pela lei nº 5.537, de 21 de novembro de 1968, além de promover a organização do Fundeb, viabiliza os seguintes programas: 67UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE): o maior programa de alimentação escolar do mundo! Ele garante que as escolas recebem 10 parcelas anuais de recursos que devem ser aplicadas na nutrição saudável dos estudantes, com parte dos produtos comprados de agricultores locais; Salário-Educação: recursos arrecadados por meio da contribuição à Previdência Social que são distribuídos pelo FNDE para que as escolas possam investir em ações como a construção de quadras escolares; Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE): outra ação que distribui recursos sem os quais a escola não funcionaria, o PDDE garante compra de materiais e equipamentos permanentes e reparos na infraestrutura das escolas, como pagar o conserto de uma pane elétrica; Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate): essa iniciativa garante que estados e municípios recebam verbas para custear despesas com transporte em regiões rurais, como trocar pneus furados ou consertar assentos; Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e Programa Nacional da Biblioteca da Escola (PNBE): ambos destinados a fazer com que os livros didáticos e literários, respectivamente, cheguem às escolas do Brasil. Sem tais iniciativas, a Educação dos brasileirinhos mais pobres estaria comprometida; Proinfância: Esse programa também está relacionado a recursos, mas dessa vez às creches. O dinheiro deve apoiar os municípios e do Distrito Federal na construção e compra de mobiliário e equipamentos para essas unidades escolares fundamentais para o desenvolvimento infantil (BRASIL, 2018 b). Assim, cabe ao FNDE promover o acesso e a permanência do aluno marginalizado no contexto escolar, oferecendo a este aluno suprimentos básicos como a alimentação e o transporte escolar. Anteriormente, vimos que as políticas sociais, pautadas na descentralização, ocor- rem por meio da divisão de responsabilidades para as esferas governamentais. Diante dis- so, “[...] uma das principais problemáticas do financiamento público refere-se, justamente, à ausência de delimitação clara das competências nas diversas instâncias governamentais” (PARENTE, 2006, p. 19). Por fim, após esta breve análise, compreendemos que o FNDE destina as suas ações especificamente para a rede pública de ensino e para as escolas que mantêm con- vênios com as prefeituras, com o intuito de promover o acesso à educação de qualidade. Aguardo vocês em nossa próxima unidade, para que juntos possamos compreender as atividades que competem aos profissionais da Educação Básica, destacando os planos de cargos e carreira, assim como a importância da formação inicial e continuada para o exercício da profissão. Daremos ênfase à organização curricular da educação básica por meio da BNCC, identificando as avaliações que regem a educação brasileira. 68UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Olá aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade! Nesta unidade destacamos o direito e a obrigatoriedade nos níveis e modalidades da educação brasileira, sabemos que a educação está pautada em atitudes escolanovistas, uma vez que efetiva a supervalorização da experiência do aluno voltada para o desenvolvimento social e intelectual. Com base em promover o desenvolvimento humano desde a mais tenra idade, o Ministério da Educação (2013) contribui que as crianças deveriam ser matriculadas na educação básica a partir dos quatro anos de idade. Nesse sentido, essa mudança na obrigatoriedade da educação caracteriza os aspectos de universalização da educação e a mesma passa a ser repensada após essa globalização. A instituição de ensino se tornou a principal responsável pelo sucesso dos indivíduos, cujo papel estava voltado para formar cidadãos aptos para viver em sociedade. No entanto,se tornou necessário a criação de diversos programas sociais no intuito de suprir a defasagem financeira no sistema educacional. Partindo disso, destacamos a vigência do Salário-Educação como um suplemento de recursos públicos destinados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino. Assim como os programas Fundef e Fundeb, que foram desenvolvidos com o intuito de reduzir a marginalização social e suprir a existência da desigualdade. Por fim, evidenciamos que o FNDE tem um papel central no desenvolvimento educacional e na promoção da garantia de um ensino de qualidade, especificamente nas escolas públicas. Contudo, cabe ao PNDE promover o acesso e a permanência do aluno marginalizado no contexto escolar, oferecendo a este aluno suprimentos básicos para o seu desenvolvimento. 69UNIDADE 3 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Gestão de organizações educacionais. Autor: BES, Pablo, et al. Editora: SAGAH. Sinopse: As discussões sobre a gestão nas organizações educacionais parecem, à primeira vista, muito distantes dos graduandos ou recém-formados nos cursos de licenciaturas. Isso se dá, principalmente, pela proximidade com a docência, objeto de formação e, simultaneamente, ao distanciamento que há entre a formação inicial e a atuação profissional no âmbito da gestão. Assim, este livro, que reflete um compromisso com a formação de educadores, tem como objetivo aproximar os estudantes de licenciatura das discussões mais atualizadas sobre a gestão educacional, o que representa um avanço em termos de formação, haja vista que a própria gestão é um conceito muito recente. A educação brasileira vem se construindo ao longo da sua história nos seus mais variados aspectos, mas foi a partir do final do século XX, com a promulgação da Constituição Federal (1988), que os novos contornos da gestão nas organizações educacionais começaram a ser traçados. Foram mudanças políticas e históricas que buscaram romper com as características de centralização que marcaram o aspecto organizacional da educação. Foi preciso ampliar o olhar e construir o diálogo necessário entre as políticas públicas e as demandas sociais sem, contudo, descuidar dos princípios da gestão pública, o que representou, e ainda representa, um enorme esforço, pois são muitos os interesses e tímida a consciência participativa. FILME/VÍDEO Título: #EDUCA 201- FNDE Ano: 2019. Sinopse: Karine Silva dos Santos, diretora de Ações Educacionais do FNDE, fala sobre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, criado em 1968 para executar políticas públicas relacionadas à educação. Link do vídeo (se houver): https://www.youtube.com/watch?- v=wWxuiqCXzGA https://www.youtube.com/watch?v=wWxuiqCXzGA https://www.youtube.com/watch?v=wWxuiqCXzGA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Profissionais da Educação Básica: planos de cargos e carreira, formação inicial e continuada. • A organização curricular da educação básica por meio da BNCC. • Avaliação da Educação Básica: SAEB. • Avaliação da educação brasileira: avaliações externas. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar o trabalho e a formação docente; • Compreender os tipos de organização curricular por meio da BNCC; • Estabelecer a importância das avaliações externas na educação brasileira. 4 PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃOPROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO UNIDADEUNIDADE A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: Professora Mestra Mylena Mikaellen Beraldo A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOSA EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS 71UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO INTRODUÇÃO Observamos nas unidades anteriores e identificamos os fatores predominantes na definição da obrigatoriedade do ensino, compreendendo como ele vem sendo financiado pelas políticas públicas educacionais. Após esse período de análises voltadas para a estrutura da educação, voltamos os nossos olhos para os profissionais da educação básica e os indicadores da qualidade de ensino. Em um primeiro momento, buscaremos compreender os planos de cargo e carreira dos profissionais da educação, visando a importância da formação continuada. A formação docente surgiu com o objetivo de promover o desenvolvimento de conhecimentos científicos e sociais, aprimorando suas competências de trabalho e oferecendo melhores oportunida- des aos alunos. Em seguida, abordaremos a organização curricular por meio da Base Nacional Comum Curricular (2017), cujo objetivo é nortear os currículos educacionais por meio do desenvolvimento de habilidades e competências. Assim, o documento segue princípios éticos, políticos e estéticos que acreditam ser necessários para a constituição de uma sociedade democrática e inclusiva. Para finalizar, analisaremos os aspectos da Avaliação da Educação Básica, com- preendendo as suas diretrizes e os níveis que engloba, assim como a importância das ava- liações externas para o desenvolvimento da educação. As avaliações são desenvolvidas com base em indicadores, que após os resultados, são utilizados para medir a qualidade no ensino e a necessidade de novas políticas públicas para a educação. As avaliações externas que você verá neste material foram criadas com o intuito de compreender o nível educacional ofertado em nosso país, assim como o espaço social no qual os alunos estão inseridos. Com o objetivo de reduzir as desigualdades, por meio da oferta de uma educação de qualidade que promova os aspectos da equidade. Sendo assim, convido você a refletir criticamente sobre a trajetória do profissional da educação, assim como as mudanças impostas pela BNCC ao currículo educacional e avaliações externas. BONS ESTUDOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 1 PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA: PLANOS DE CARGOS E CARREIRA, FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA TÓPIC0 Conforme vimos no início da nossa disciplina, a educação brasileira foi moldada com base nos processos de globalização, durante a transição do século XX para o XXI. Diante de diversas mudanças, passam a defender um ensino pautado em competências e habilidades que seriam necessárias para atender as necessidades do mercado de trabalho. De acordo com Facci (2004, p. 20), “[...] o mercado de trabalho está exigindo e valorizando homens competitivos, que saibam utilizar a informática e a internet, tenham habilidades comunicativas, cognitivas”, assim, evidencia-se a importância do professor enquanto formador de uma nova sociedade. Não pensem que a consolidação da atuação do professor foi um momento tranqui- lo, pois por muitas vezes o fracasso escolar e problemas de indisciplina estiveram voltados sob a responsabilidade deste profissional. Por diversos momentos, a prática docente esteve voltada para a ênfase na práticaoperacional. Nesse sentido, a sua formação se deu inicialmente por meio da Lei de Diretri- zes e Bases n° 9394/96. Cabe destacar que, em seu Art. 61, a LDB n° 9394/96 considera como profissional da educação: I– professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio: II– trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; 73UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO III– trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. IV- profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência profissional, atestados por titulação específica ou prática de ensino em unidades educacionais da rede pública ou privada ou das corporações privadas em que tenham atuado, exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36; V- profissionais graduados que tenham feito complementação pedagógica, conforme disposto pelo Conselho Nacional de Educação (BRASIL, 1996). Nesse sentido, a formação docente surgiu com o princípio de atender diferentes objetivos, dentre eles promover o desenvolvimento de conhecimentos científicos e sociais, aprimorando suas competências de trabalho. Com isso, buscava estabelecer desde o princípio a associação entre teorias e práticas, por meio de estágios supervisionados e práticas docentes, ressaltando sempre a importância da experiência. Partindo da definição do profissional da educação proposto pela LDB n° 9394/96, é importante destacar que a “[...] formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério [...]” (BRASIL, 1996). Nesse sentido, a formação docente compete à: § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos profissionais de magistério. § 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância. § 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância. § 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de docentes em nível superior para atuar na educação básica pública. § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a formação de profissionais do magistério para atuar na educação básica pública mediante programa institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação superior. § 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino médio como pré-requisito para o ingresso em cursos de graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação - CNE. § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 1996). 74UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO De acordo com a LDB n° 9394/96, a formação docente é a base para formar o indivíduo apto para atuar na instituição de ensino. A formação deve garantir a esses futuros profissionais a competência para administrar, planejar, realizar a inspeção, supervisão e orientação educacional. Já em seu Art. 66 a LDB n° 9394/96 salienta que a preparação para o exercício do magistério superior deverá ocorrer em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado. Portanto, a valorização deste profissional se dá perante os termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público. Em seu Art. 67, a LDB n° 9394/96 ressalta que deve ser garantido ao professor: I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos; II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim; III - piso salarial profissional; IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho; V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho; VI - condições adequadas de trabalho (BRASIL, 1996). Com o intuito de confirmar a formação estabelecida pela LDB n° 9394/96, o Plano Nacional de Educação, Lei n° 13.005/2014, promulgada durante o governo de Dilma Rousseff, surge com o intuito de estabelecer metas necessárias para o desenvolvimento educacional no Brasil. Esse documento assegurou 10 diretrizes que deveriam ser efetivadas dentro de um prazo de 10 anos, entre 2014 a 2024, dentre essas diretrizes estão a erradicação do anal- fabetismo, universalização do atendimento escolar, ou seja, garantir o acesso e a educação para todos superando as desigualdades. Portanto, o PNE (2014) promoveu trabalhos voltados para a ênfase na promoção da cidadania, por meio da melhoria nas condições educacionais, dentre elas a ênfase na formação do profissional docente. A meta 18 do PNE (2014), enfatiza “[...] a existência de planos de Carreira para os (as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, [...].”. 75UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Diante da criação da meta 18, são estabelecidas algumas estratégias capazes de nortear o trabalho da escola enquanto instituição formadora: 18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais da educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, licenças remuneradas e incentivos para qualificação profissional, inclusive em nível de pós-graduação stricto sensu; 18.7) priorizar o repasse de transferências federais voluntárias, na área de educação, para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que tenham aprovado lei específica estabelecendo planos de Carreira para os (as) profissionais da educação (BRASIL, 2014). De acordo com o MEC, o plano de carreira deve contemplar desde a formação inicial até a formação continuada do profissional da educação, assim como o processo de escolha de diretores das escolas. Nesse sentido, é a partir de 2008 com a Lei nº 11.738/2008 que todos os profissionais do magistério passam a ser abrangidos pelo plano de carreira e remuneração. De acordo com o contexto histórico do ano de 2008, o piso salarial estabelecido no Art. 2 para os profissionais do magistério totalizou o valor de R$ 950,00 (novecentos e cinquenta reais) mensais, sendo atualizado no mês de janeiro de cada ano subsequente. Essa normativa trata do uso de uma parcela dos recursos da União ao FUNDEB para o pagamento integral do piso salarial dos profissionais da educação básica pública. Observe no quadro abaixo algumas formações continuadas disponibilizadas para os professores e ofertadas pelo Ministério da Educação. 76UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO QUADRO 1 - FORMAÇÃO CONTINUADA. Fonte: Ministério da Educação (http://portal.mec.gov.br/formacao). Formação no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- Curso presencial de 2 anos para os Professores alfabetizadores, com carga horária de 120 horaspor ano, metodologia propõe estudos e atividades práticas. Os encontros com os Professores alfabetizadores são conduzidos por Orientadores de Estudo. Estes são professores das redes, que estão fazendo um curso específico, com 200 horas de duração por ano, em universidades públicas. No Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa são desenvolvidas ações que contribuem para o debate acerca dos direitos de aprendizagem das crianças do ciclo de alfabetização; os processos de avaliação e acompanhamento da aprendizagem das crianças; planejamento e avaliação das situações didáticas; o uso dos materiais distribuídos pelo MEC, voltados para a melhoria da qualidade do ensino no ciclo de alfabetização. Proinfantil- É um curso em nível médio, a distância, na modalidade Normal. Destina-se aos profissionais que atuam em sala de aula da educação infantil, nas creches e pré-escolas das redes públicas e da rede privada, sem fins lucrativos, que não possuem a formação específica para o magistério. Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – Parfor- O Parfor induz e fomenta a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade, para professores em exercício na rede pública de educação básica, para que estes profissionais possam obter a formação exigida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB e contribuam para a melhoria da qualidade da educação básica no País. Proinfo Integrado- O Proinfo Integrado é um programa de formação voltado para o uso didático-pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação – TIC no cotidiano escolar, articulado à distribuição dos equipamentos tecnológicos nas escolas e à oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais oferecidos pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Público e pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais. e-Proinfo- O e-Proinfo é um ambiente virtual colaborativo de aprendizagem que permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como cursos à distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem. Pró-letramento- O Pró-Letramento é um programa de formação continuada de professores para a melhoria da qualidade de aprendizagem da leitura/escrita e matemática nos anos/séries iniciais do ensino fundamental. O programa é realizado pelo MEC, em parceria com universidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada e com a adesão dos estados e municípios. Gestar II- O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar oferece formação continuada em língua portuguesa e matemática aos professores dos anos finais (do sexto ao nono ano) do ensino fundamental em exercício nas escolas públicas. A formação possui carga horária de 300 horas, sendo 120 horas presenciais e 180 horas a distância (estudos individuais) para cada área temática. O programa inclui discussões sobre questões prático-teóricas e busca contribuir para o aperfeiçoamento da autonomia do professor em sala de aula. Rede Nacional de Formação Continuada de Professores- A Rede Nacional de Formação Continuada de Professores foi criada em 2004, com o objetivo de contribuir para a melhoria da formação dos professores e alunos. O público-alvo prioritário da rede são professores de educação básica dos sistemas públicos de educação. 77UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Todos os programas supracitados são oferecidos aos profissionais da educação com o intuito de garantir o desenvolvimento social, por meio do trabalho de profissionais qualificados. No entanto, Facci (2004, p. 38) rebate esse modelo educacional, destacando que “o professor, ao agir como ‘treinador’, não faz exposição dos conhecimentos de maneira discursiva, mas busca estimular o aluno a relacionar os conhecimentos na solução de soluções concretas”. Desse modo, cabe ao professor apresentar situações-problemas que envolvam o conteúdo, ser criativo e flexível durante a sua prática em sala de aula. É importante salientar que durante o processo de consolidação da formação do profissional docente no Brasil houve a discussão de diferentes abordagens, dentre elas podemos destacar o professor reflexivo, que teve início na Inglaterra, na década de 1960. Assim, o professor reflexivo, surgiu propondo uma reflexão sobre a prática do professor, com o intuito de promover a qualidade do ensino. Na formação do professor reflexivo “[...] o docente é encarado como um intelectual em contínuo processo de formação, cuja experiência é vista como a fonte do saber, sendo que é a partir dela que se constrói o saber profissional” (FACCI, 2004, p. 42). Já na década de 1980, começaram a ser difundidos os ideais de Donald Schon, com a abordagem do professor prático-reflexivo, ou seja, a formação pautada na consciência da ação. “[...] A proposta de formação de professores, nessa perspectiva, salienta o aspecto da prática como fonte de conhecimento por meio da reflexão e experimentação” (FACCI, 2004, p. 49). A tarefa do docente, nesse contexto, consiste em facilitar a aprendizagem, para que assim o aluno compreenda o conteúdo facilmente, por meio da reflexão de sua prática. Partindo do exposto, vamos a seguir compreender a organização curricular da educação básica brasileira, por meio da instauração da Base Nacional Comum Curricular, destacando quais foram os avanços e desafios para os profissionais da educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA 2 A ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO BÁSICA POR MEIO DA BNCC TÓPIC0 Vocês já pararam para analisar qual o papel do currículo no contexto educacional? Pois bem, nesse momento, cabe identificar qual a sua importância para depois compreender a construção da Base Nacional Comum Curricular. Podemos compreender como currículo a relação de disciplinas com o ambiente educacional, ou seja, um conjunto de atividades que depende de diferentes agentes sociais. O currículo é formado a partir da transmissão do saber sistematizado, produzido historicamente em nossa sociedade. Identificado como um conjunto de atividades nucleares, que viabiliza os processos de transmissão e assimilação do conhecimento. Em síntese, para Saviani (2020): [...] pode-se considerar que o currículo em ato de uma escola não é outra coisa senão essa própria escola em pleno funcionamento, isto é, mobilizando todos os seus recursos, materiais e humanos, na direção do objetivo que é a razão de ser de sua existência: a educação das crianças e jovens. Poderíamos dizer que, assim como o método procura responder à pergunta ‘como se deve fazer para atingir tal objetivo’, o currículo procura responder à pergunta ‘o que se deve fazer para atingir determinado objetivo’. Diz respeito, pois, ao conteúdo da educação e sua distribuição no tempo e espaço que lhe são destinados (SAVIANI, 2020, p. 8). Após compreender a concepção de currículo e a sua importância para o desenvolvimento educacional, vamos destacar os principais aspectos da Base Nacional Comum Curricular, promulgada no ano de 2017 para a Educação Infantil e Ensino Fundamental, e no ano de 2018 para o Ensino Médio. Beraldo (2022, p. 83) salienta que “a Educação Básica está subdividida em três etapas, contemplando a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, cada qual com o objetivo de desenvolver competências e habilidades específicas para cada faixa etária determinada”. 79UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO É importante ressaltar que esse documento foi citado anteriormente na Lei de Dire- trizes e Bases 9394/96, Diretrizes CurricularesNacionais (2009) e no PNE n° 13.005/2014 (2014). Nesse momento, instaura-se uma discussão voltada para repensar a educação brasileira refletindo todas as políticas educacionais. A BNCC (2017) se apresenta em sua versão definitiva, como um documento normativo que estabelece um conjunto gradativo de aprendizagens que são definidas como essenciais para o desenvolvimento dos alunos inseridos na Educação Básica. A progressão deste aluno deve ser dar exclusivamente por meio da aquisição de conhecimentos, competências gerais e habilidades. Na BNCC, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho (BRASIL, 2017). Diante disso, a Base busca promover o desenvolvimento dos alunos, por meio de princípios éticos, políticos e estéticos, com o intuito de formar uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Assim, “[...] aprender a ler, escrever e contar e dominar os rudimentos das ciências naturais e das ciências sociais constituem pré-requisitos para compreender o mundo em que se vive [...]” (SAVIANI, 2020). O ensino deve ter como base a organização da sociedade atual, de modo que a educação ao ser ministrada garanta a todos o acesso ao conteúdo sistematizado e a permanência na instituição de ensino. A educação deve garantir a plena formação aos alunos, ou seja, torná-la capaz de compreender o movimento da sociedade no qual está inserida, por meio da socialização da ciência e não apenas expor conteúdos práticos-utilitários. A BNCC (2017) compreende que esta formação deve elencar o desenvolvimento das seguintes competências: 80UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO QUADRO 2 - COMPETÊNCIAS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA. Fonte: Brasil (2017, p. 9-10). COMPETÊNCIAS GERAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. 81UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Neste quadro observamos que a Base busca estabelecer a capacidade e a autonomia de cada indivíduo para desenvolver habilidades e competências, formando-o com o intuito de promover a sua inserção social como um cidadão ativo. Para Beraldo (2022, p. 81), “[...] tais competências são necessárias para contem- plar a formação integral do aluno [...], tendo como prioridade o desenvolvimento dos termos equidade, diversidade e igualdade [...]”, assim, mais uma vez, evidencia-se a importância de uma aprendizagem que seja efetiva e igualitária. Com isso, cabe aos profissionais da educação enfatizarem o uso de planejamentos que aprimorem as competências nos alunos, evidenciando o saber fazer. Zank e Malanchen (2020) colaboram com esse modelo de ensino, afirmando que: Esse modelo educacional flexível coloca o professor como organizador do conteúdo, isto é, ele deve dispor, durante as atividades em sala de aula, de mecanismos diferenciados e, ao mesmo tempo, dinâmicos para melhor desenvolver as novas habilidades esperadas pelos estudantes, futuros trabalhadores. Essas novas características devem dar lugar ao trabalho em grupo e ao ambiente colaborativo em sala de aula (ZANK; MALANCHEN, 2020, p. 145). Assim, o currículo é reorganizado de acordo com áreas de conhecimento, com o intuito de superar as mazelas educacionais, voltando o ensino para as necessidades dos alunos. A efetivação da aprendizagem se dá por meio do conjunto de ações de diferentes agentes sociais, estabilizados a partir do currículo. Essas ações devem abranger decisões que busquem melhorias para o contexto educacional, promovendo a autonomia dos estudantes. Essas decisões referem-se à: 82UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO QUADRO 3 - CONJUNTO DE AÇÕES DO CURRÍCULO. Fonte: Brasil (2017, p. 16-17). As decisões citadas acima devem ser consideradas na organização de currículos e propostas de diferentes modalidades de ensino, sendo ofertadas igualmente a cada instituição. Ficando sob responsabilidade das instituições de ensino incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas os temas atuais de nossa sociedade. ● contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná- los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas; ● decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem; ● selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos dealunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc.; ● conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens; ● construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de resultado que levem em conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos alunos; ● selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; ● criar e disponibilizar materiais de orientação para os professores, bem como manter processos permanentes de formação docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento dos processos de ensino e aprendizagem; ● manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das escolas e sistemas de ensino. 83UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Podemos confirmar então que a BNCC (2017) teve como finalidade consolidar o ensino e as práticas educativas realizadas pelos profissionais da área educacional, com base nas correntes educacionais contemporâneas que visam a promoção da capacidade que o indivíduo possui de se adaptar no meio social, “[...] colocando a escola como um local de controle social capaz de remediar as mazelas causadas pela sociedade capitalista” (BERALDO, 2022, p. 95). Portanto, para Cássio (2019, p. 13), “a Base é, antes de tudo, uma política de cen- tralização curricular. Alicerçada nas avaliações em larga escala e balizadora dos programas governamentais de distribuição de livro didático”. Analisaremos a seguir a avaliação da educação básica e as avaliações externas que ocorrem em larga escala e ditam as mudanças no contexto educacional brasileiro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA: SEAB TÓPIC0 UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 84 A implementação da Avaliação da Educação Básica (SAEB) foi um acontecimento marcante no contexto educacional brasileiro. Este sistema iniciou-se no ano de 1990, durante o governo de Fernando Collor de Mello. De acordo com Cotta (2001, p. 90) “[...] são coletados, a cada dois anos, dados sobre o desempenho dos alunos brasileiros do ensino fundamental e médio, visando fornecer um diagnóstico dos resultados produzidos pelo sistema educacional”. Desse modo, passam a repensar a educação, por meio de um diagnóstico que reflete os fatores que podem interferir no desempenho do estudante. Em 2021 o SAEB passou por várias mudanças desde a sua implantação, dentre elas cabe destacar ampliação da população-alvo da avaliação para: avaliação da Educação Infantil, por meio das matrizes, 2º ano do Ensino Fundamental (avaliando língua portuguesa e matemática), 5º e 9º do Ensino Fundamental (avaliando língua portuguesa e matemática), 9º do Ensino Fundamental (ciências da natureza e ciências humanas), 3ª e 4ª série do Ensino Médio (língua portuguesa e matemática), assim como a criação do estrato censitário para a definição e aplicação de instrumentos em escolas públicas que atende o público do Ensino Fundamental anos finais. Para o Ministério da Educação, o SAEB possibilita que as escolas, tanto municipais quanto estaduais, avaliem a qualidade da educação oferecida aos estudantes. É por meio desses indicadores que serão desenvolvidas as melhorias nas políticas públicas educacionais. 85UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Além do desempenho, são calculadas as taxas de reprovação e abandono escolar pelo SAEB, Censo Escolar e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Assim, Cotta (2001) esclarece que: A avaliação dos resultados educacionais abrange diferentes objetos de investigação. Seu foco pode recair sobre o aluno, as instituições de ensino ou o sistema educacional como um todo. No primeiro caso, a avaliação situa o desempenho do aluno em relação a um padrão previamente estabelecido, fornecendo um diagnóstico dos conhecimentos, competências e habilidades adquiridos por meio da escola. No segundo caso, o desempenho de todos os alunos de determinada instituição permite aferir a qualidade dos serviços educacionais por ela oferecidos (COTTA, 2001, p. 91). Esse caráter avaliativo foi instaurado na educação brasileira com o intuito de promover uma base de dados que respaldasse a transformação das políticas públicas de educação, a fim de proporcionar o desenvolvimento econômico e social, por meio de propostas pedagógicas, garantindo a construção de uma nova sociedade. É durante o ano de 2019 que o SAEB passa por uma reestruturação em suas ma- trizes entrando gradualmente em conformidade com a Base Nacional Comum Curricular. Portanto, o SAEB seguiu a seguinte organização: QUADRO 4 - ALINHAMENTO DO SAEB À BNCC. Fonte: Ministério da Educação (https://www.gov.br/) É importante destacar que o SAEB formula as suas avaliações por meio de matrizes de referência, pautadas na BNCC, cujo princípio está pautado na organização curricular por meio do desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para cada etapa da educação no qual o aluno se encontra. ● 2019: estudo-piloto para a avaliação da educação infantil; testes de língua portuguesa e de matemática para o 2º ano do ensino fundamental já alinhados à BNCC; testes de ciências humanas e de ciências da natureza para o 9º ano do ensino fundamental já alinhados à BNCC. ● 2021: implementação da avaliação da educação infantil, realizada por meio da aplicação de questionários eletrônicos para professores e diretores de creches e pré-escolas, bem como gestores das redes. ● 2023: testes de linguagens e matemática para os 5º e 9º anos do ensino fundamental alinhados à BNCC; testes de ciências humanas e de ciências da natureza para o 5º ano do ensino fundamental alinhados à BNCC. ● 2025: testes para o ensino médio alinhados à BNCC. 86UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Contudo, não podemos nos esquecer que as matrizes de referência não são a mesma coisa que os currículos, sendo assim, não podemos confundi-los, pois as matrizes são apenas recortes dos conteúdos curriculares estabelecidos para determinada etapa escolar, caracterizando-se como uma referência para aqueles que participam dos testes organizados pelo SAEB. De acordo com o Ministério da Educação (2018), o processo de formação do SAEB defende duas dimensões fundamentais pelas quais o ensino deve estar alinhado. A primeira dimensão ocorre fora do contexto escolar, por isso leva o nome de extraescolar, pois envolve o espaço social no qual este aluno está inserido, assim como os deveres do Estado. Por outro lado, a segunda dimensão se dá com base nas ações que ocorrem dentro da instituição de ensino, levando nome de intraescolar, pois promovem reflexões voltadas para a organização da gestão, melhorias na prática docente, assim como o desenvolvimento do currículo com êxito, com o intuito de promover o sucesso escolar dos alunos. Abaixo, conseguimos observar as dimensões que envolvem a qualidade da educa- ção: Fonte: DOURADO, OLIVEIRA, SANTOS, 2007 apud Ministério da Educação, 2018. 87UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Diante do quadro exposto, conseguimos identificar que as dimensões estão voltadas para compreender como a escola está efetivando o acesso e a permanência deste aluno, ofertando melhorias para cada grupo social e cultural. É o papel da educação compreender as especificidades do seu público, gerindo planos,por meio de políticas públicas, que busquem tirá-los das margens da sociedade, oferecendo a estes alunos qualidade e acesso à aprendizagem. O Saeb avalia a qualidade do ensino por meio de testes de desempenho aplicados a uma amostra representativa de alunos das 4° e 8° séries do ensino fundamental e da 3° série do ensino médio. O Saeb aplica também questionários socioeconômicos que permitem a investigação sobre os fatores associados ao rendimento escolar. O objetivo é fornecer indicadores que orientem a elaboração e a revisão de políticas federais e estaduais voltadas para a melhoria da qualidade de ensino (COTTA, 2001, p. 92). Como vimos, os testes do SAEB são preparados a partir da Matriz Mestre, que prevê conteúdos voltados para o desenvolvimento de habilidades e competências, por meio de eixos, temas e tópicos. Assim, em cada edição, os questionários apresentam questões associadas aos tópicos e temas previstos na matriz, mas é importante lembrar que o SAEB não engloba todos os tópicos existentes na matriz obrigatoriamente. Os resultados advindos do SAEB são calculados para as escolas e redes de ensino municipais, estaduais e federais, sendo eles destinados para a efetivação políticas públicas que buscam a equidade no atendimento educacional, fortalecimento do direito e aprendiza- gem, análises voltadas para os investimentos, instituições, gestão, assim como o trabalho desenvolvido pelos professores. Para o Ministério da Educação, todos os itens citados são necessários para a garantia de um ensino de qualidade. Além do SAEB, existem diversas avaliações externas que servem como indicadores de qualidade do sistema educacional brasileiro. No próximo item veremos como as avaliações externas implicam para o desenvolvimento da educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: AVALIAÇÕES EXTERNAS TÓPIC0 UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO 88 Após a criação do SAEB, vários outros sistemas de avaliação foram desenvolvidos pelo governo federal, cada qual com os seus objetivos e características. Podemos dizer que o Brasil passa então por um vasto período de implantação das avaliações em larga escala. Dentre as principais avaliações externas, cabe citar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), instituído no ano de 1998, cujo objetivo estava voltado em avaliar o desempenho do estudante após a conclusão da escolaridade básica. O Enem avalia as competências e habilidades desenvolvidas pelo aluno ao final da educação básica, que compreende o ensino fundamental e o ensino médio. O objetivo é informar se ele está preparado para enfrentar os desafios da vida moderna como cidadão autônomo, capaz de decidir, propor e fazer, seja na universidade, seja no mercado de trabalho (COTTA, 2001, p. 92). Diante disso, o Enem é considerado como uma avaliação externa, que visa identificar o nível de desenvolvimento dos alunos que saem do ensino médio brasileiro, gerando mudanças qualitativas na educação a partir dos indicadores. Além de ser utilizado enquanto um indicativo de qualidade, o Enem oferece aos alunos o acesso ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e ao Programa Universidade para Todos (ProUni), a partir das notas adquiridas no processo. Ainda, os estudantes podem solicitar financiamento estudantil para entrar em instituições privadas, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). 89UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Para garantir acesso aos programas citados, os alunos devem realizar provas que abrange várias áreas de conhecimento, sendo 45 questões, nas áreas de Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, além da prova de Redação. Então o Enem passa a ser o caminho para as universidades ao final do ensino médio. Além do Enem, o Brasil possui a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), mais conhecida como Prova Brasil e Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb). O objetivo das provas é refletir sobre a real situação do sistema educacional brasileiro considerando o desempenho dos estudantes, gestão escolar e professores. De acordo com o Ministério da Educação, a Prova Brasil é ofertada para as escolas públicas urbanas e rurais que tenham no mínimo 20 estudantes matriculados no ensino fundamental. Nesse sentido, a Aneb avalia tanto as redes públicas quanto as redes particulares de ensino voltadas para o terceiro ano do ensino médio. Dentre os indicadores avaliativos temos a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), que é um instrumento avaliativo do SAEB destinado a todos os estudantes do terceiro ano do ensino fundamental e é realizada em escolas com, no mínimo, 10 estudantes matriculados. A ANA tem por objetivo avaliar os níveis de alfabetização e letramento em língua portuguesa, a alfabetização em matemática. Para finalizar as avaliações externas, vamos destacar o Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (Pisa), que busca realizar um estudo comparativo, de nível internacional, a cada três anos com base na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Nesse contexto, o Pisa reflete sobre o desempenho dos estudantes na faixa etária dos 15 anos, destacando os principais fatores que moldam a aprendizagem, intraescolar e extraescolar. De acordo com o Ministério da Educação, os resultados permitem que os países avaliem os conhecimentos e as habilidades de seus estudantes de forma comparativa visando a melhora da qualidade e da equidade dos resultados de aprendizagem. Por fim, identificamos que as avaliações aplicadas ao sistema educacional brasilei- ro geram dados que são utilizados como indicadores de qualidade pelas diferentes esferas do governo. Assim, é por meio desses indicadores que são realizadas as reflexões quanto à eficácia das políticas públicas e atendimento escolar. 90UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO Para Cássio (2019, p. 16-7). Se por um lado é verdade que as avaliações educacionais são uma fonte de conhecimento sobre a educação pública, por outro não são raras as situações em que a produção e indicadores de proficiência se sobrepõem às funções realmente importantes da educação escolar. Assim, o problema das avaliações em larga escala é o uso inadequado de seus resultados: a crença de que os indicadores de desempenho e de fluxo (reprovação e evasão) construídos a partir delas seriam suficientes como medidas da qualidade do ensino. Alguns estados vêm transformando as suas avaliações externas censitárias em sofisticados sistemas de controle e responsabilização, vinculados simultaneamente a políticas de currículo, de formação docente, de gestão escolar e até mesmo salarial, através de incentivos financeiros (bônus) ao professorado. Isso acarreta consequências perversas sobre o trabalho nas escolas e ameaça os sentidos políticos e culturais mais profundos das experiências escolares. 91UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro aluno (a), chegamos ao fim de mais uma unidade! Diante dos estudos realizados nesta unidade, conseguimos concluir que a LDB n° 9394/96 considera como profissional da educação professores habilitados em nível médio ou superior, trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou superior, profissionais com notório saber e profissionais graduados que tenham feito complementação pedagógica. Cabe à União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios ofertar aestes pro- fissionais cursos de formação continuada, de modo que o docente tenha a sua formação pautada no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, voltamos a nossa atenção para compreender a organização da educação por meio da BNCC, cujo objetivo esteve pautado na universalização do ensino, com base no desenvolvimento da equidade. Para Saviani (2014, p. 41), “[...]o acesso de todos, em igualdade de condições, às escolas públicas organizadas com o mesmo padrão de qualidade, viabiliza a apropriação do saber por parte dos trabalhadores”. Já sabemos que instituição de ensino se tornou responsável pelo sucesso dos indi- víduos, com isso, são desenvolvidas diversas avaliações externas, com caráter censitário, ou seja, buscavam analisar a qualidade educacional a partir dos resultados obtidos nos processos avaliativos. Por fim, evidenciamos que a BNCC estipula uma nova organização curricular, cabendo às avaliações externas se adequar a estes novos indicadores, para que assim possam buscar melhorias na promoção do ensino, desde a educação básica até o ensino médio. 92UNIDADE 4 A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Avaliação da aprendizagem. Autor: Pricila dos Santos Kohls; Joelma Guimarães. Editora: SAGAH. Sinopse: A recente evolução das tecnologias digitais e a consolidação da internet modificaram tanto as relações na sociedade quanto às noções de espaço e tempo. Se antes levávamos dias ou até semanas para saber de acontecimentos e eventos distantes, hoje temos a informação de maneira quase instantânea. Essa realidade possibilita a ampliação do conhecimento. No entanto, é necessário pensar cada vez mais em formas de aproximar os estudantes de conteúdos relevantes e de qualidade. Assim, para atender às necessidades tanto dos alunos de graduação quanto das instituições de ensino, desenvolvemos livros que buscam essa aproximação por meio de uma linguagem dialógica e de uma abordagem didática e funcional, e que apresentam os principais conceitos dos temas propostos em cada capítulo de maneira simples e concisa. Nestes livros, foram desenvolvidas discussões para reflexão, de maneira a complementar o aprendizado do aluno, além de exemplos e dicas que facilitam o entendimento sobre o tema a ser estudado. Ao iniciar um capítulo, você, leitor, será apresentado aos objetivos de aprendizagem e às habilidades a serem desenvolvidas no capítulo, seguidos da introdução e dos conceitos básicos para que você possa dar continuidade à leitura. FILME/VÍDEO Título: Avaliações Externas: ANA e Prova Brasil - Vídeo 1 - AUTORES NA WEB. Ano: 2019. Sinopse: As avaliações externas, ou avaliações de larga escala, além de funcionarem como guias para definição de metas de aprendizado das instituições de ensino, são recursos para a elaboração de políticas públicas. Aprofunde-se sobre duas avaliações externas produzidas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): a Prova Brasil e a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA). Na introdução da conversa sobre avaliações de larga escala, conheça a história do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e de suas avaliações. Entenda também qual é o papel do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na educação brasileira e como esse dado é calculado. Link do vídeo: https://www.youtube.com/ watch?v=nn8vSZy6xEE https://www.youtube.com/watch?v=nn8vSZy6xEE https://www.youtube.com/watch?v=nn8vSZy6xEE 93 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFFONSO, L. M. Z. et al. Políticas educacionais e base nacional comum curricular de ensino religioso. 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Neste aspecto, acreditamos que tenha ficado claro para você o quanto a política está presente em diversas situações do nosso cotidiano, pois é vista enquanto um regulador social, refletindo nos processos de aquisição de poder. A partir da compreensão dos diferentes tipos de políticas: políticas públicas, políticas sociais e políticas educacionais, identificamos a necessidade de formar um novo cidadão, que atenda aos pressupostos estabelecidos nesse novo contexto social. Chegamos então à reflexão de que tanto a UNESCO quanto o Banco Mundial se efetivaram com base em um caráter humanitário, uma vez que seus objetivos estavam pautados na erradicação do analfabetismo nos países globalizados. Destacamos também a importância histórica do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova no Brasil, que divulgou, no ano de 1932, propósitos a serem seguidos. Inicialmente, esse documento evidenciou a necessidade de estabelecer a modernização do sistema educativo brasileiro, assim como da sociedade no geral. Nesse aspecto, cabe destacar que a educação é vista como um meio de formação social, com o poder de promover a transformação da sociedade marginalizada. Levantamos também aspectos históricos que nos levaram a chegar nas formulações, pautados nas várias formulações da Lei de Diretrizes e Bases, Constituição Federal 1988, onde acredita-se que a educação deveria ser promovida em colaboração com a sociedade promovendo o pleno desenvolvimento do aluno, assim como o seu preparo para o exercícioda cidadania e para o mercado de trabalho. Ao pensarmos na organização do ensino público, voltamos a nossa atenção para os programas sociais que garantem o acesso e a permanência na instituição de ensino, sendo eles: salário educação; Fundeb; FNDE e os programas complementares de educação. Identificamos que os programas supracitados foram desenvolvidos com o intuito de reduzir a marginalização social e suprir a existência da desigualdade. 101 Diante disso, complementamos os nossos estudos com base na análise dos planos de cargos e carreira do profissional docente, definindo os aspectos que caracterizam a sua formação inicial e continuada. Buscamos compreender os princípios destacados pela BNCC para a educação básica, assim como a importância das avaliações externas para calcular os índices de qualidade educacional. A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente desenvolvendo ainda mais suas habilidades voltadas para a importância de compreender o movimento histórico pelo qual a educação brasileira esteve moldada, a fim de garantir um pleno desenvolvimento aos seus alunos enquanto um futuro professor. Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada! 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