Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA 2 Gleysson Morais Andrade Especialista em Ensino de Física pela Faculdade Única de Ipatinga (2021). Possui graduação em Engenharia Mecânica pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (2018) e Licenciado em Física pela Faculdade Única de Ipatinga (FUNIP). Possui experiência como Professor na educação básica e na educação superior, atuando no curso de Licenciatura em Física e Engenharia Mecânica. Além dessa obra, “Mecânica dos Sólidos”, também redigiu “Termodinâmica” para os cursos de Física e Engenharia da Faculdade Única de Ipatinga. MECÂNICA DOS SÓLIDOS I 1ª edição Ipatinga – MG 2022 3 FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral: Valdir Henrique Valério Diretor Executivo: William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Naiana Leme Camoleze Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luiza Mendes Leite Fernanda Cristine Barbosa Guilherme Prado Salles Lívia Batista Rodrigues Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Maria Eliza Perboyre Campos © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização escrita do Editor. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br http://www.faculdadeunica.com.br/ 4 Menu de Ícones Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São sugestões de links para vídeos, documentos científicos (artigos, monografias, dissertações e teses), sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo abordado. Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações importantes nas quais você deve ter um maior grau de atenção! São exercícios de fixação do conteúdo abordado em cada unidade do livro. São para o esclarecimento do significado de determinados termos/palavras mostradas ao longo do livro. Este espaço é destinado para a reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-o a suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu cotidiano. 5 SUMÁRIO MECÂNICA GERAL .................................................................................... 8 1.1 VETORES...................................................................................................................... 8 1.2 OPERAÇÕES COM VETORES ............................................................................... 9 1.3 INTRODUÇÃO À MECÂNICA............................................................................. 10 1.3.1 A Primeira Lei de Newton (Lei Da Inércia) ................................................11 1.3.2 Definição de Força .........................................................................................12 1.3.3 A Segunda Lei de Newton ............................................................................13 1.3.4 Força Gravitacional (𝐅𝐠) E Força Peso. .....................................................13 1.4 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO EM ESTÁTICA DOS SÓLIDOS............................... 14 1.5 PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE UMA ÁREA ................................................ 18 1.5.1 Centroide de uma Área ................................................................................18 1.5.2 Áreas Compostas ............................................................................................19 1.5.3 Exemplo Resolvido ..........................................................................................19 1.5.4 Momento de Inércia de uma Área ............................................................21 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 23 ESTUDO DAS TENSÕES ............................................................................. 28 2.1 FORÇA VERSUS TENSÃO .................................................................................... 28 2.2 TENSÕES NORMAIS (𝛔) ...................................................................................... 37 2.3 TENSÕES DE CISALHAMENTO (𝛕) ....................................................................... 40 2.4 TENSÕES DE ESMAGAMENTO ............................................................................ 44 2.5 TENSÃO ÚLTIMA – TENSÃO ADMISSÍVEL – FATOR DE SEGURANÇA ................ 45 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 49 TENSÃO X DEFORMAÇÃO ...................................................................... 55 3.1 INTRODUÇÃO À DEFORMAÇÃO ....................................................................... 55 3.2 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO ............................................................ 57 3.3 MÉTODO DA DEFORMAÇÃO RESIDUAL ............................................................ 63 3.4 FRAGILIDADE VS DUCTILIDADE ......................................................................... 64 3.5 LEI DE HOOKE ..................................................................................................... 65 3.6 COEFICIENTE DE POISSON ................................................................................ 67 3.7 TENSÃO – DEFORMAÇÃO DE CISALHAMENTO ................................................ 68 3.8 FALHA POR FLUÊNCIA E FADIGA ...................................................................... 70 3.9 PRINCÍPIO DE SAINT-VENANT ........................................................................... 73 3.10 DEFORMAÇÃO ELÁSTICA EM BARRAS SUJEITA A CARREGAMENTO AXIAL .. 75 3.11 BARRA SUBMETIDA A CARREGAMENTO ESTATICAMENTE INDETERMINADO.. 77 3.12 CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO EM ESFORÇOS AXIAIS .................................... 79 3.12.1 Exemplo Resolvido: ..........................................................................................81 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 83 ESTUDO DA TORÇÃO PURA .................................................................... 88 4.1 INTRODUÇÃO À TORÇÃO ................................................................................. 88 4.2 ÂNGULO DE TORÇÃO (𝛉), DISTRIBUIÇÃO DE TENSÃO E DEFORMAÇÃO NA SECÇÃO. ............................................................................................................ 89 4.3 A FÓRMULA DA TENSÃO DE CISALHAMENTO NA TORÇÃO ............................ 91 4.4 TENSÃO DE CISALHAMENTO NA TORÇÃO (EXEMPLO RESOLVIDO) ............... 93 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 96 UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 04 6 ESTUDO DA FLEXÃO PURA .................................................................... 101 5.1 INTRODUÇÃO À FLEXÃO ................................................................................. 101 5.2 CONVENÇÃO DE SINAIS NA ANÁLISEDE FLEXÃO EM VIGAS ...................... 104 5.3 CÁLCULO DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR (EXEMPLO RESOLVIDO I) ........................................................................................................................ 105 5.4 CÁLCULO DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR (EXEMPLO RESOLVIDO II) ....................................................................................................................... 111 5.5 TENSÃO E DEFORMAÇÃO NA FLEXÃO. .......................................................... 117 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................. 120 PROJETO DE VIGAS E EIXOS ................................................................. 125 6.1 DIMENSIONAMENTO DE EIXO (EXEMPLO RESOLVIDO I). .............................. 125 6.2 DIMENSIONAMENTO DE EIXO (EXEMPLO RESOLVIDO II). ............................. 126 6.3 DIMENSIONAMENTO DE VIGA (EXEMPLO RESOLVIDO III). ........................... 127 FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................. 133 RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 138 REFERÊNCIAS ......................................................................................... 139 UNIDADE 05 UNIDADE 06 7 CONFIRA NO LIVRO Prezado estudante, nesta unidade você irá relembrar conceitos de Mecânica Newtoniana, com ênfase em estática. Iremos abordar conceitos de mecânica geral, como por exemplo, força, equações de equilíbrio de força e momento, propriedades de figuras planas como centroide e momento de inércia. O objetivo é prepará-lo para a introdução nos conceitos de resistência dos materiais. Nesta unidade iremos apresentar o estudo das tensões. Abordaremos a tensão normal, a tensão de cisalhamento e a tensão de esmagamento. Iremos adotar conceitos fundamentais em projetos de máquinas e estruturas como tensão admissível, coeficiente de segurança, dentre outros. Nesta unidade iremos apresentar o estudo das tensões e deformações, com ênfase em esforços axiais. Abordaremos o diagrama de tensão x deformação, como elemento indispensável em projetos estruturais. Estudaremos diversas propriedades dos materiais, bem como os ensaios mecânicos. Apresentaremos o estudo da tensão e deformação normal. Nesta unidade iremos apresentar o estudo dos esforços de torção pura. Abordaremos conceitos associados ao ângulo de torção e da distribuição das tensões e deformações ao longo da secção transversal de um eixo sujeito a um torque externo. Nesta unidade iremos apresentar o estudo dos esforços de flexão pura. Discutiremos os cálculos de força cortante e momento fletor em vigas e eixos submetidos à flexão pura. Apresentaremos a fórmula da tensão na flexão. Por fim, serão discutidos alguns exemplos resolvidos. Dedicamos essa unidade exclusivamente à apresentação de cálculos de dimensionamento de vigas e eixos, sujeitos a esforços de torção ou flexão. 8 MECÂNICA GERAL VETORES Um vetor é objeto matemático apresentado como um segmento de reta, basicamente uma “seta”. Esse segmento de reta representa uma grandeza física vetorial, pode ser a velocidade, a aceleração, a posição o deslocamento de um móvel, um campo elétrico, qualquer grandeza vetorial. Daremos um enfoque maior na grandeza física vetorial força (�⃗�), que estudaremos a seguir. Um vetor possui origem e fim e é representado por uma letra minúscula. O tamanho do vetor está relacionado com a intensidade da grandeza medida. Em uma mesma escala, o vetor que representa a força peso de um semáforo de 3 𝑘𝑁 deverá ser menor que o vetor que representa o peso de uma carreta de 100 𝑘𝑁. Observe a figura 1 abaixo, onde temos o Vetor 𝐀𝐁̅̅ ̅̅ ou simplesmente vetor �⃗⃗�. A origem do vetor em 𝐀, e termina em 𝐁. O seu módulo pode ser representado da seguinte forma: Vetor Módulo do vetor �⃗⃗� |�⃗⃗�| Figura 1: Representação de um vetor no plano Fonte: Elaborado pelo autor (2022) UNIDADE 01 9 OPERAÇÕES COM VETORES Podemos somar dois ou mais vetores, subtrair dois ou mais vetores e até mesmo multiplicar dois vetores. Também podemos multiplicar ou dividir grandezas vetoriais por grandezas escalares. Para isso, precisamos utilizar as figuras para que consigamos visualizar a operação. Na figura 2 abaixo, temos três imagens com situações diferentes. Podemos perceber que ao inverter o sentido do vetor, devemos trocar o sinal do mesmo. Ou seja, o vetor −i⃗ representa o vetor de mesmo módulo (tamanho) na mesma direção, porém, sentido contrário do vetor i⃗. Também podemos perceber que a soma de dois vetores resulta em um terceiro vetor. Ao somarmos os vetores v⃗⃗ e u⃗⃗ obtemos um terceiro vetor, a⃗⃗. Neste caso em questão, a extremidade final do vetor v⃗⃗ coincide com a origem do vetor u⃗⃗. Vale ressaltar que, se invertermos o sentido do vetor, então o seu sinal também será invertido. Também é representada na figura 2 a soma entre dois vetores j⃗ e l⃗ que possuem a mesma origem em comum, o ponto 𝐃. Neste caso, utilizamos a regra do paralelogramo. Para isso, basta representar em linhas pontilhadas a projeção dos vetores j⃗ e l⃗. A partir de então, traçamos o vetor resultante, conforme a figura 2. Figura 2: Representação da soma de vetores Fonte: Elaborado pelo autor (2022) 10 A soma dos vetores (v⃗⃗ + u⃗⃗) e (j⃗ + l⃗) é expressa abaixo: a⃗⃗ = v⃗⃗ + u⃗⃗ (1) k⃗⃗ = j⃗ + l⃗ (2) Ao invertemos todos os vetores, obtemos a mesma relação, porém, com sinal trocado: −a⃗⃗ = −v⃗⃗ − u⃗⃗ (3) −k⃗⃗ = −j⃗ − l⃗ (4) A estática é a área da mecânica que estuda a condição de equilíbrio das partículas ou de um corpo rígido. A figura 3 a seguir apresenta as ramificações da mecânica, por vezes, chamada de Mecânica Newtoniana. Figura 3: Ramificações da Mecânica Fonte: Elaborado pelo autor (2022) INTRODUÇÃO À MECÂNICA A Mecânica é dividida em três grandes áreas, são elas, a Cinemática, a Dinâmica e a Estática. Nesta unidade, estudaremos as três leis de Newton, com enfoque maior na segunda lei em situações em que a aceleração é igual a zero, ou seja, na estática, bem como na terceira lei. O estudo das relações entre força e aceleração é o que chamamos de Mecânica Newtoniana. 11 O que é força? Um móvel que apresenta variação de velocidade está realizando um movimento acelerado ou retardado. Dizemos que quando uma partícula recebe a ação de uma força, ela sofre variação em sua velocidade ou, simplesmente, sofre uma aceleração. Podemos definir força de maneira grosseira, como um puxão ou um empurrão que aplicamos em um objeto, fazendo variar a sua velocidade, para mais (acelerando-o) ou para menos (desacelerando-o). Um carro quando colide em uma parede, realiza uma força sobre a parede. Quando chutamos uma bola de futebol, fazemos variar a velocidade da bola, de 𝐳𝐞𝐫𝐨 para �⃗⃗�, logo, aplicamos uma força sobre a bola. 1.3.1 A primeira Lei de Newton (Lei da Inércia) Antes dos estudos de Isaac Newton, os cientistas acreditavam que o estado natural de um corpo é o repouso (parado), logo, para que um corpo se movimentasse com velocidade constante, era necessário que uma força atuasse continuamente sobre ele. Essa ideia fazia todo sentido, pois quando observamos um disco deslizando em uma superfície, rapidamente o disco fica em repouso. Porém, se colocarmos esse mesmo disco em uma pista de patinação de gelo, a distância percorrida pelo disco era muito maior, logo, se imaginarmos uma superfície em que não existe atrito, podemos presumir que o disco nunca entraria em repouso. Isso levou à primeira lei deNewton, enunciada abaixo: Primeira Lei de Newton: Se nenhuma força atua sobre um corpo, sua velocidade não pode mudar, ou seja, o corpo não pode sofrer aceleração. Logo, um corpo em repouso tende a permanecer em repouso e se estiver em movimento, tende a permanecer em movimento com a mesma velocidade (módulo, direção e sentido). No espaço sideral, por exemplo, afastado de qualquer objeto com massa, uma partícula em movimento tende a permanecer eternamente em movimento, até que uma força atue sobre ele. Essa é a famosa lei da inércia. Na figura 4 abaixo, a bicicleta sofre a ação de uma força, provocando uma aceleração (negativa). O ciclista tende a permanecer em movimento, portanto, ele é arremessado para frente. 12 Figura 4: A Primeira Lei de Newton Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3ufxPkW. Acesso em março de 2022. 1.3.2 Definição de força Imagine que apliquemos uma força em um corpo de massa 1 Kg em um ambiente sem atrito, de maneira que a sua aceleração seja de 1 m s2⁄ . Assim, foi definida o Newton (N) a unidade de medida da força. Ou seja, a força necessária para provocar aceleração de 1 m s2⁄ em um corpo de massa igual a 1 m s2⁄ é de 1 N, logo: 1 N = 1 Kg ∙ m s2 (5) Figura 5: Definição de força Fonte: Halliday Volume 1 (2010) Quando uma ou mais forças atua em um corpo, podemos calcular a força resultante ou força total através de uma soma vetorial. A força é uma grandeza vetorial, logo, ela assume todas as características de um vetor, estudadas na secção anterior. https://bit.ly/3ufxPkW 13 1.3.3 A Segunda Lei de Newton A Segunda Lei de Newton: A força resultante que age sobre um corpo, é igual ao produto da massa do corpo pela sua aceleração. F⃗⃗R = m ∙ a⃗⃗ (6) Eventualmente, a segunda lei pode ser expressa com a notação a seguir: ∑ F⃗⃗ = m ∙ a⃗⃗ (7) Em que: F⃗⃗R → Soma vetorial de todas as forças que atuam no corpo [N] m → Massa do corpo [Kg] a⃗⃗⃗ → Aceleração do corpo [𝑚 𝑠2⁄ ] Caso tenhamos três dimensões (x, y e z), devemos considerar a força resultante em cada uma dessas direções, sendo: Na direção x: FRx = m ∙ 𝑎𝑥 ou ∑ Fx = m ∙ 𝑎𝑥 Na direção y: FRy = m ∙ 𝑎𝑦 ou ∑ Fy = m ∙ 𝑎𝑦 Na direção z: FRz = m ∙ 𝑎𝑧 ou ∑ Fz = m ∙ 𝑎𝑧 1.3.4 Força gravitacional (�⃗�𝐠) e Força Peso A força gravitacional é a força com que a terra1 atrai os objetos em sua superfície. O sentido dessa força é sempre vertical, para baixo, apontando para o centro da terra. Se soltarmos um objeto de massa 𝐦 em queda livre, desprezando as forças de resistência do ar atmosférico, como este corpo sofrerá a ação da força gravitacional (F⃗⃗g) então ele terá uma aceleração, que neste caso é a própria aceleração gravitacional do planeta terra (g⃗⃗). Como temos apenas a força gravitacional atuando no objeto, então essa 1De acordo com a lei da Gravitação Universal de Newton, qualquer corpo que possui massa (M), exerce uma força gravitacional (F⃗⃗g) sobre outro corpo qualquer de massa (m) a uma distância d. 14 força será a força resultante, logo, pela segunda lei de Newton: F⃗⃗g = m ∙ g⃗⃗ (8) CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO EM ESTÁTICA DOS SÓLIDOS A estática é a área da mecânica que estuda os sistemas de corpos rígidos em equilíbrio, ou seja, que atende duas condições principais: O somatório algébrico das forças que atuam em um corpo deve ser nulo, pois não há aceleração, logo: ∑ F⃗⃗ = 0 (9) Em situações com duas dimensões do espaço, podemos escrever: ∑ F⃗⃗x = 0 (10) ∑ F⃗⃗y = 0 (11) Para espaços tridimensionais, podemos escrever o equilíbrio na terceira dimensão do espaço, ∑ F⃗⃗z = 0 (12) Outra condição fundamental na a estática dos sólidos é o equilíbrio rotacional, e não apenas o translacional relacionada pelas equações anteriores, logo, como não há rotação, podemos escrever que a soma algébrica dos momentos deverá ser nula, 15 ∑ M0 = 0 (13) O exemplo resolvido a seguir apresenta uma aplicação dos conceitos de equilíbrio, reações de apoio, forças internas em elementos estruturais Considere a treliça mostrada na Figura 6. Determine as forças e as reações nos apoios, em todas as barras, em função da carga externa aplicada P. Figura 6: Equilíbrio de força e momento em uma treliça Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3eQmwvq. Acesso em: 08 ago. 2022. O apoio C é do tipo articulado fixo, ou seja, permite apenas a rotação da treliça, esse apoio é denominado de 2° gênero, logo, haverá duas reações nesse ponto, uma horizontal 𝑹𝒄(𝒙) e uma vertical 𝑹𝒄(𝒚). Já apoio F é do tipo rolete, de 1° gênero, e limita o movimento da treliça apenas na direção x, no ponto. Logo, haverá apenas uma reação, 𝑹𝑭(𝒙). A imagem abaixo apresenta o diagrama de corpo livre da treliça Figura 7: Reações de apoio em uma treliça Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3BdPdK9. Acesso em: 08 ago. 2022. https://bit.ly/3eQmwvq https://bit.ly/3BdPdK9 16 Pelas condições de equilíbrio da estática: Equilíbrio da direção 𝑥, ∑ F⃗⃗x = 0 (14) Logo, RF(x) = Rc(x) (15) Equilíbrio da direção y, ∑ F⃗⃗y = 0 (16) Rc(y) = P (17) Equilíbrio de momento em um ponto arbitrário, (escolhendo o ponto 𝑐 convenientemente), ∑ Mc = 0 (18) P ∙ (2a) − RF(x) ∙ (a) = 0 (19) RF(x) = 2P (20) A próxima etapa consiste em isolar a treliça, cada nó, iniciando-se preferencialmente pelos nós próximos às reações de apoio, a fim de se obter as relações de semelhança nos triângulos. Isolando o nó 𝐹; Figura 8: Nós de uma treliça Fonte: Elaborado pelo autor (2022) 17 Após o desenvolvimento do diagrama de corpo livre DCL, verificamos que os esforços internos atuam ao longo do eixo de cada barra, logo, podemos relacionar o polígono de forças por meio de uma semelhança de triângulo, uma vez que os ângulos internos do polígono de forças e os ângulos internos da estrutura são os mesmos. Podemos relacionar os esforços internos nas barras, com o comprimento correspondente, da seguinte maneira; RF(x) a = REF a 2⁄ (21) Sendo, portanto, REF = 2RF(x) (22) REF = 2P (23) O esforço interno na barra DF pode obtido pelo teorema de Pitágoras; RFD = √P2 + (2P)2 (24) RFD = √5P (25) Por se tratar de uma barra submetida a compressão, podemos escrever o esforço interno na barra FD sendo −√5𝑃, em que o sinal negativo indica um esforço axial de compressão na barra. Seguindo o mesmo raciocínio para as demais barras, os valores obtidos estão relacionados a seguir; Figura 9: Esforços internos em barras de uma treliça Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3U9SfYE. Acesso em: 08 ago. 2022. https://bit.ly/3U9SfYE 18 PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE UMA ÁREA 1.5.1 Centroide de uma área O centroide de uma área é definido como sendo o centro geométrico dessa área. Para encontrar o centroide de uma figura plana como um retângulo ou uma circunferência, o procedimento é geometricamente simples. Em casos em que a forma da figura não é bem definida, as coordenadas do centroide podem ser obtidas pelas relações abaixo: x̅ = ∫ xdA A ∫ dA A e y̅ = ∫ ydA A ∫ dA A (26) Os numeradores estão associados ao momento das áreas com relação aos eixos x e y, respectivamente. Os denominadores são as áreas das figuras. A figura 10 abaixo apresenta um sistema de coordenadas cartesianas de eixos 𝑥 e 𝑦, área 𝐴 de centóide 𝐶, em relação ao sistema de coordenada estabelecido. Figura 10: Centroide de uma área Fonte: Hibbeler (2010) https://bit.ly/3ePrh8D 19 Nos casos emque a área apresenta simetria, o centroide estará exatamente sob o eixo de simetria da figura. A figura 11 abaixo apresenta a posição do centroide em duas áreas que são simétricas em relação ao eixo 𝑦. Figura 11: Centroide em áreas simétricas Fonte: Hibbeler (2010) 1.5.2 Áreas compostas Em diversas situações, a área total de uma determinada figura pode ser dividida em áreas menores com geometrias simples para definição do centroide. Neste caso, basta que a área e o centroide de cada uma dessas figuras sejam conhecidos, podemos aplicar a equação abaixo: x̅ = ∑ x̅A ∑ A e y̅ = ∑ y̅A ∑ A (27) 1.5.3 Exemplo resolvido Localizando o centroide no ponto 𝐶 da área da secção transversal de uma viga, cujas dimensões são apresentadas abaixo: 20 Figura 12: Exemplo de cálculo de centroide em área composta Fonte: Hibbeler (2010) Perceba a simetria das figuras. O eixo de simetria de ambas as figuras coincide com o eixo das ordenadas 𝑦, logo, o centóide encontra-se sobre esse eixo e, portanto, �̅� = 0. x̅ = ∑ x̅A ∑ A = 0 (28) Para obter a coordenada �̅� do centroide da figura total, calculamos o produto �̅�𝐴 de cada área separadamente e, por fim, realizamos a soma desse produto para todas as áreas. O resultado desse somatório é divido pelo somatório das áreas. A razão entre o somatório do produto �̅�𝐴 e o somatório das áreas fornece à coordenada �̅� do centroide em relação ao eixo de referência. y̅ = ∑ y̅A ∑ A = (5 cm)(10 cm)(2 cm) + (11,5 cm)(3 cm)(8 cm) (10 cm)(2 cm) + (3 cm)(8 cm) (29) y̅ = 8,55 cm (30) Logo, as coordenadas do centroide em relação ao sistema de coordenadas cartesianas da figura 12 são (�̅� = 0, �̅� = 8,55) 21 1.5.4 Momento de inércia de uma área Para o cálculo do centroide de uma área utilizamos um momento de primeira ordem da área em relação a um eixo de referência. Em certas situações, em resistência dos materiais, iremos nos deparar com momentos de segunda ordem de uma área em relação a um eixo de referência x e ou y. Denominamos esses momentos de segunda ordem como momento de inércia, e representamos o momento de inércia de uma elemento de área infinitesimal como 𝑑𝐼𝑥 = 𝑦2𝑑𝐴 e 𝑑𝐼𝑦 = 𝑥2𝑑𝐴, integrando essas relações, podemos encontrar o momento de inércia de toda a área da figura em torno dos eixos 𝑥 e 𝑦, respectivamente. Ix = ∫ y2dA A (31) Iy = ∫ x2dA A (32) 𝑰𝒙 representa o momento de inércia da área A em relação ao eixo x, e 𝑰𝒚 o momento de inércia da área 𝐴 em relação ao eixo 𝑦. A figura 13 abaixo apresenta a área A e os eixos 𝑥 e 𝑦 como referências. Figura 13: Momento de inércia de uma área Fonte: Hibbeler (2010) 22 O momento polar de inércia representa o momento da área em relação ao polo O, logo, se a relação 𝑟2 = 𝑥2 + 𝑦2 é verdadeira, podemos escrever o momento polar de inércia em temos dos momentos de inércia, sendo: J0 = ∫ r2dA A = Ix + Iy (33) 23 FIXANDO O CONTEÚDO 1. Na figura, um corpo massa m = 12232,41 g encontra-se em equilíbrio estático, suspenso por um conjunto de três fios ideais A, B e C. Calcule as intensidades das trações TA, TB e TC, respectivamente, nos fios A, B e C. Use sin θ = 0,6 e cos θ = 0,8. a) TA = 120 N, TB = 0 e Tc = 60 N b) TA = 200 N, TB = 120 N e Tc = 200N c) TA = 120 N, TB = 160 N e Tc = 200 N d) TA = 200 N, TB = 120 N e Tc = 160 N e) TA = 240 N, TB = 320 N e Tc = 400 N 2. Um homem levanta uma viga de 10 kg e 10 m de comprimento puxando uma corda. Encontre a força de tração T na corda e a reação em A. Suponha a aceleração da gravidade igual a 9,81 m s2⁄ . a) T = 245,7 N e R = 163,8 N b) T = 81,9 N e R = 245,7 N LEONARDO SOUZA Realce 24 c) T = 163,8 N e R = 148 N d) T = 81,9 N e R = 148 N e) T = 163,8 N e R = 81,9 N 3. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Uma carga P á aplicada a rótula C da treliça abaixo. Determine as reações em A e B com: (a) α = 0º e (b) α = 45º. (V = vertical, H = horizontal). a) Para α = 0°; VA = −P; HA = P; VB = P Para α = 45; VA = 0; HA = 0,7P; VB = 0,7P b) Para α = 0°; VA = P; HA = P; VB = P Para α = 45; VA = P; HA = 0,7P; VB = 0,7P c) Para α = 0°; VA = −P; HA = −P; VB = −P Para α = 45; VA = −P; HA = 0,7P; VB = 0,7P d) Para α = 0°; VA = P; HA = P; VB = P Para α = 45; VA = 0; HA = 0,7P; VB = −0,7P e) Para α = 0°; VA = −P; HA = −P; VB = P Para α = 45; VA = P; HA = 0,7P; VB = 0,7P 4. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Observe-se na figura abaixo, três cargas aplicadas a uma viga. A viga é apoiada em um rolete em A (Reação apenas na vertical) e em uma articulação em B (uma reação de apoio na horizontal e outra na vertical). Desprezando o peso próprio da viga, determine as reações em A e B quando Q = 75 kN. LEONARDO SOUZA Realce LEONARDO SOUZA Realce 25 a) RA = 30 kN (↓); RB(y) = 105 kN (↓); RB(x) = 30 kN (←) b) RA = 105 kN (↑); RB(y) = 30 kN (↑); RB(x) = 0 c) RA = 60 kN (↑); RB(y) = 210 kN (↓); RB(x) = 0 d) RA = 105 kN (↓); RB(y) = 30 kN (↑); RB(x) = 30 (→) e) RA = 30 kN (↑); RB(y) = 105 kN (↑); RB(x) = 0 5. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Um guindaste montado em um caminhão é utilizado para erguer um compressor de 3 kN. O peso da lança AB e do caminhão estão indicados na figura abaixo, e o ângulo que a lança faz com a horizontal α é de 45º. Determine a reação em cada uma das rodas: (a) traseiras C e dianteiras D. a) RC = 19645 kN e RD = 25000 kN b) RC = 26250 kN e RD = 9605 kN c) RC = 19645 kN e RD = 9605 kN d) RC = 9605 e RD = 19645 kN e) RC = 26250 kN e RD = 25000 kN LEONARDO SOUZA Realce LEONARDO SOUZA Realce 26 6. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). A estrutura da figura suporta parte do telhado de um pequeno edifício. Sabendo que a tração no cabo é de 150 kN, determine a reação no extremo fixo E. a) RE(y) = 400 kN (↑); RE(x) = 90 kN (←); ME = 180 kN. m (antihorário) b) RE(y) = 150 kN (↑); RE(x) = 70 kN (→); ME = 180 kN. m (horário) c) RE(y) = 250 kN (↑); RE(x) = 90 kN (←); ME = 180 kN. m (antihorário) d) RE(y) = 200 kN (↑); RE(x) = 90 kN (←); ME = 180 kN. m (antihorário) e) RE(y) = 300 kN (↓); RE(x) = 80 kN (→); ME = 180 kN. m (horário) 7. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Uma treliça pode ser apoiada de duas maneiras, conforme figura. Determine as reações nos apoios nos dois casos. LEONARDO SOUZA Realce 27 a) Caso I: RA = 5,27 kN e RB = 5,4 kN Caso II: RA = 2,50 kN e RB = 2,06 kN b) Caso I: RA = 6,24 kN e RB = 5,4 kN Caso II: RA = 2,50 kN e RB = 2,06 kN c) Caso I: RA = 6,24 kN e RB = 4,5 kN Caso II: RA = 1,50 kN e RB = 4,5 kN d) Caso I: RA = 3,52 kN e RB = 4,5 kN Caso II: RA = 1,50 kN e RB = 4,27 kN e) Caso I: RA = 4,27 kN e RB = 4,5 kN Caso II: RA = 1,50 kN e RB = 6,02 kN 8. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Uma empilhadeira de 2500 kgf é utilizada para levantar uma caixa de 1200 kgf. Determine a reação em cada par de rodas: (a) dianteiras e (b) traseiras. a) RA = 2566 kN e RB = 1134 kN b) RA = 1134 kN e RB = 2566 kN c) RA = 5112 kN e RB = 2268 kN d) RA = 1200 kN e RB = 2400 kN e) RA = 3566 kN e RB = 1134 kN LEONARDO SOUZA Realce LEONARDO SOUZA Realce 28 ESTUDO DAS TENSÕES A resistência dos materiais ou mecânica dos materiais é a ciência que estuda as tensões internas atuantes nos corpos e as deformações decorrentes da aplicação de cargas externas. Na Física Clássica,normalmente, trabalha-se com o conceito de corpo rígido. Por definição, um corpo rígido não se deforma quando submetido a uma carga externa. Neste caso, não são objeto de estudo da física clássica as tensões e deformações. Já na resistência dos materiais, essas tensões internas e as consequentes deformações são extremamente relevantes, uma vez que o entendimento e a compreensão destes conceitos servirão como ferramental teórico para projeto de máquinas, projeto de construções civis, desenvolvimento de materiais etc. FORÇA VERSUS TENSÃO Pela Segunda Lei de Newton podemos desenvolver um bom conceito de força. Força é o agente capaz de promover a aceleração de um corpo. Se um corpo está se movimentando com variação positiva ou negativa de velocidade, então ele está sujeito à ação de uma força resultante. Neste caso, a força resultante é diferente de zero, o corpo não está em equilíbrio estático. Todavia, ainda que o corpo esteja em equilíbrio estático, não significa que ele esteja livre de forças. Nesta obra, por vezes, substituiremos palavra força por carga. As cargas externas que atuam em um corpo poderão ser de duas naturezas distintas, são elas: forças de corpo ou força de superfície. As forças de superfícies são forças de contato, ou seja, para que elas existam deve ocorrer a interação física entre os corpos. Por exemplo, ao empurrarmos uma mesa, estamos exercendo uma força de superfície. As forças de superfície podem ser distribuídas linearmente w(s) ou podem ser idealmente concentradas em um único ponto. A carga distribuída w é função do comprimento s, por isso, escrevemos w(s). UNIDADE 02 29 Podemos de maneira simplista, porém, eficaz, substituir a carga distribuída w(s) por uma única força concentrada FR no centroide ou centro geométrico do corpo. As forças de corpos são forças oriundas da presença de um campo. Por exemplo, a força gravitacional, força essa que a terra, por meio do campo gravitacional exerce sobre corpos massivos, é uma força de ação a distância, não precisa de interação física. A essa força chamamos de força Peso. A força gravitacional é matematicamente equacionada pela lei da gravitação universal de Isaac Newton. A força elétrica também é uma força de corpo, ou seja, uma força de ação a distância, uma vez que, um corpo eletricamente carregado produz um campo elétrico em sua vizinhança, de tal forma que, um outro corpo carregado na presença deste campo elétrico é submetido a uma força elétrica. A força eletricamente foi matematicamente equacionada pela lei de Coulomb. A figura 14 apresenta um corpo e as diversas possibilidades de atuação de forças externas. Figura 14: Forças de superfície e forças de corpo Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Na figura 15 abaixo observamos uma estrutura metálica, formada por duas barras, uma de secção circular (barra BC) e outra de seção retangular (barra AB). Essa estrutura está fixada por meio de pinos a uma estrutura fixa na terra. Será que a estrutura abaixo suporta o carregamento de 50 KN apresentado? 30 Figura 15: Análise de carregamento Fonte: Elaborado pelo autor (2022) A estrutura representada pela figura 15 encontra-se em equilíbrio estático, portanto, podemos assumir que cada componente dessa estrutura também se encontra em equilíbrio. Isolando o pino B e observando as forças externas que atuam sobre o Pino B, podemos esboçar o diagrama de corpo livre (DCL) da estrutura, com ênfase no pino B, que também está em equilíbrio estático. A carga externa de intensidade 50 KN força o pino B na direção vertical sentido para baixo, para tanto, uma vez que existe o equilíbrio estático, deve haver uma componente de força em sentido contrário. Sob essa ótica e com os conhecimentos da estática, deduzimos que as barras AB e BC exercem sobre o pino B forças cuja direção e sentido são apresentados na figura 16 Figura 16: Diagrama de corpo livre representando o pino B e o polígono de forças atuante Fonte: Elaborado pelo autor (2022) 31 Para responder à pergunta capital do nosso problema, devemos identificar qual a intensidade das forças FBC e FAB, pois a partir delas, encontraremos as tensões atuantes em ambas as barras. Podemos analisar o problema acima sob duas perspectivas. A primeira, aplicando a semelhança de triângulo no nosso polígono de forças. Dizemos que a carga de 50 KN está para 2,5 m assim como FAB está para 3,0 m, assim como FBC está para √32 + 2,52, logo: 50 KN 2,5 m = FAB 3,0 m = FBC (√32 + 2,52) m (34) Logo: FAB = 60KN e FBC ≅ 78,1 KN (35) A segunda possibilidade de análise é a partir da decomposição do vetor força FBC em suas componentes ortogonais, é apresentada na figura 17 abaixo. Figura 17: Decomposição em componentes ortogonais Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Do equilíbrio estático podemos assumir que o somatório das forças em todas direções do espaço devem ser nulas. Como estamos trabalhando com uma situação 32 problema bidimensional (em duas dimensões), portanto, com vetores de forças coplanares, podemos escrever as expressões abaixo: ∑ FY = 0 (36) Logo: FBCY − 50 = 0 (37) FBCY = 50 KN (38) FBC ∙ sin θ = 50 KN (39) FBC = 50 KN sin θ (40) Voltando à figura 16, verificamos que: sin θ = 2,5 √32 + 2,52 (41) Logo: FBC = 50 ∙ √32 + 2,52 2,5 (42) 𝐅𝐁𝐂 ≅ 𝟕𝟖, 𝟏𝐊𝐍 (43) De maneira análoga, para a direção 𝑋, temos: ∑ FX = 0 (44) FAB − FBCX = 0 (45) FAB = FBCX = FBC ∙ cos θ (46) FAB = 78,1KN ∙ 3 √32 + 2,52 (47) FAB = 60 KN (48) Obtemos, então, por meio da análise estática da estrutura, que a força atuante na barra BC é de 78,1 KN e a força atuante na barra AB é de 60 KN. A priori, não podemos determinar se a estrutura será capaz de suportar a carga vertical de 33 50 KN apenas com o cálculo das forças internas atuantes em ambas as barras. Perceba também, que a ruptura ou não das barras, não está condicionada apenas às cargas atuantes, mas, também à área da secção transversal, bem como as características mecânicas do material em que as barras foram construídas. Quanto maio a área de secção transversal, maior será a carga necessária levar a barra a sua ruptura. Quanto maior a resistência mecânica da barra, maior será também a carga necessária para romper a barra. A força interna que encontramos para as barras AB e BC representam a resultante das forças elementares atuantes ao longo de toda a secção transversal da barra. Imagine um corte na barra BC, seccionando-a no ponto Z, conforme esboçado na figura 18 abaixo. Figura 18: Seccionamento da barra BC Fonte: Elaborado pelo autor (2022) A barra BC encontra-se em equilíbrio estático, logo, as suas partes formadas pelas barras CZ e BZ, obrigatoriamente, devem estar em equilíbrio e, para tal, o ponto Z é submetido a um esforço de tração. Concluímos então que, a barra BC está submetida a um esforço de tração. Da mesma forma, perceba que a barra AB exerce esforço sobre o pino B, logo, o pino B realiza compressão sobre a barra AB, portando, a barra AB está submetida a um esforço de compressão. 34 Figura 19: Esforço de tração x compressão Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Conforme exposto acima, para afirmamos que as barras são capazes de suportar os esforços solicitantes, devemos obter além do valor dos esforços internos, a área de seção transversal, bem como conhecer o material cuja estrutura foi fabricada. A figura 20 abaixo demonstra que a força interna obtida, anteriormente, por meio da análise estática, representa a soma de todos os elementos infinitesimais de força que atuam ao longo de toda a secção transversalda barra. Ao dividirmos a força resultante desses elementos de força pela área total (𝐀) da secção transversal, obtemos então a tensão atuante, comumente designada pela letra grega sigma (𝛔), nesta obra será utilizada essa nomenclatura. Se chamarmos de 𝐏, a força interna resultante atuante na secção transversal de área 𝐀, escrevemos matematicamente que a tensão atuante será: σatuante = P A (49) 35 Figura 20: Força atuante por unidade de área Fonte: Elaborado pelo autor (2022) A Unidade de medida para tensão no sistema internacional de unidades (S.I.U) é o Pascal2; σ = [ N m2] = [Pa] (50) Na engenharia os cálculos estruturais, via de regra, apresentam valores grandes de tensão, portanto, faz sentido lançar mão dos múltiplos, sendo o quilopascal (KPa), Megapascal (MPa) e o Gigapascal (GPa). 1 Kpa = 103 Pa (51) 1 Mpa = 106 Pa (52) 1 Gpa = 109 Pa (53) 2 Blaise Pascal foi um grande matemático e físico francês, com enormes contribuições para as ciências naturais e ciências aplicadas, em especial para a mecânica dos fluidos. 36 Digamos que as barras que compõem a estrutura da figura 19 sejam fabricadas em aço, e que a barra BC possua um diâmetro de 30 mm. Logo, qual a tensão atuante na barra BC? Ora, sem a tensão atuante a razão entre a carga resultante e a área da secção transversal, escrevemos; σatuante = P A (54) σatuante = 78,1 x 103 N π 4 (30x10−3m)2 (55) σatuante = 110488898,3 Pa (56) Utilizando o múltiplo apropriado, σatuante = 110,49 MPa (57) Será que a barra suporta essa tensão? Devemos comparar o valor da tensão atuante na barra com o valor da máxima tensão admissível3 suportada pelo aço. Este valor é encontrado em tabelas de propriedades dos materiais. A tensão admissível máxima para o aço é de 160 Mpa. Como σatuante < σadm depreendemos que a barra suportará com segurança os esforços solicitados. Mas, e quanto aos demais componentes da estrutura? Essa estrutura não é composta apenas pela barra BC. Deve-se realizar o cálculo para cada componente, levando-se em conta o tipo de esforço solicitante. No caso dessa barra BC, verificamos que ela se encontra sob a ação de cargas axiais4 que promovem a tração, mas existem outros tipos de 3 A tensão admissível corresponde a uma fração do limite de resistência de um material e seu valor depende do coeficiente de segurança (CS) adotado no projeto. 4 As cargas axiais serão estudadas no tópico 1.2 37 esforços em que os elementos que compõem uma estrutura podem ser submetidos, como por exemplo, esforços de compressão, esmagamento, cisalhamento, dentre outros. Cada um desses esforços será trabalhado nesta obra. TENSÕES NORMAIS (𝛔) Imagine uma barra prismática conforme a figura 21. Essa barra pode ser submetida a esforços atuantes em qualquer direção (axial, oblíqua, transversal). No caso da figura 21, dizemos que a barra está submetida a esforços axiais, ou seja, a linha de ação da força possui a mesma direção do eixo da barra. Neste caso, onde a barra é submetida a esforços axiais, cuja ação das linhas de forças possuem a mesma direção do eixo da barra e, simultaneamente, são perpendiculares à secção transversal da barra, promovem o surgimento de tensões normais na secção transversal da barra. Por definição, tensões normais são originadas por forças perpendiculares a área da secção transversal. A palavra normal já carrega esse significado por si só. A figura 21 abaixo representa um elemento de força axial ∆𝐅 atuando no elemento de área ∆𝐀, gerando uma tensão normal média na área ∆A. Figura 21: Tensões normais Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Para obtermos o valor real da tensão no ponto P, devemos fazer a área ∆A tender a zero, com isso, matematicamente, podemos escrever a expressão: 38 σ = lim ∆A→0 ∆F ∆A (58) O limite de ∆F quando ∆A tende a zero, é a derivada da força com relação à área, logo: σ = dF dA (59) Multiplicando de maneira cruzada, têm-se: dF = σ ∙ dA (60) Integrando ambos os lados: ∫ dF = ∫ σ ∙ dA A (61) Em decorrência do equilíbrio estático da barra, a soma das forças elementares em cada secção transversal que compõe a barra deve ser igual a força externa P, portanto: P = ∫ dF (62) Logo, P = ∫ σ ∙ dA A (63) Ao longo de uma mesma secção transversal podemos encontrar pontos com tensões diferentes, mas o somatório das forças elementares corresponde a nossa força resultante P. A distribuição real das tensões em uma secção transversal não pode ser obtida pela estática. O índice 𝐀 representado na integral indica que a integral é realizada ao longo da área da secção transversal. Uma pequena força ∆𝐅 pode atuar em uma direção oblíqua ao elemento de área ∆𝐀, portanto, em uma direção inclinada em relação às três direções do espaço (x, y e z). Neste caso, devemos realizar a decomposição das componentes ortogonais 39 do vetor de força, obtendo então três novos vetores de força, nas três direções do espaço. Observe a figura 22. Perceba que o vetor de força ∆F foi decomposto nas componentes ∆Fx, ∆Fy e ∆Fz nas direções 𝑥, 𝑦 𝑒 𝑧, respectivamente. Figura 22: Decomposição das componentes ortogonais Fonte: Elaborado pelo autor (2022) A componente de força do vetor ∆F que atua na direção normal ao elemento de área ∆A é ∆Fz, logo, podemos estabelecer qual a tensão normal provocada pela força ∆F no elemento de área ∆A pode ser expressa matematicamente pela relação, σz = lim ∆A→0 ∆Fz ∆A (64) 40 TENSÕES DE CISALHAMENTO (𝝉) Observe novamente a figura 22. O vetor de força ∆F quando decomposto nas três componentes, originou uma componente normal ao elemento de área ∆A ao passo que também originou duas componentes de forças tangenciais ao elemento de área ∆A, são elas, ∆Fx e ∆Fy nas direções x e y, respectivamente. Dizemos que essas forças provocam o surgimento de tensões de cisalhamento5 no elemento de área ∆A. Como são duas tensões em direções diferentes, devemos lançar mão de uma nova forma de representar essas tensões, matematicamente, exprimindo também a sua direção. Tensão de cisalhamento na direção 𝑥, τzx = lim ∆A→0 ∆Fx ∆A (65) Tensão de cisalhamento na direção y, τzy = lim ∆A→0 ∆Fy ∆A (66) Neste caso, utiliza-se a letra grega 𝝉 (tau) e observa-se dois índices. O primeiro índice, a letra z nos mostra que a tensão de cisalhamento atua no elemento de área ∆𝐀 que é perpendicular ao eixo z. O segundo índice (x ou y) de cada expressão, nos diz a direção em que a tensão atua. A figura 23 esboça uma situação prática de surgimento de uma tensão de cisalhamento. Observe uma chapa metálica AB, submetida a duas forças, P e P’. Essas forças agem perpendicularmente ao eixo longitudinal 6 da chapa. 5 Muitos autores chamam as tensões de cisalhamento por tensões tangenciais. 6 Mesma direção do eixo da peça. 41 Figura 23: Tensão de cisalhamento simples Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Quando as forças p e p’ são aplicadas na chapa, observamos o surgimento de uma força cortante ao longo da linha de corte, que atua na secção transversal da chapa metálica. Essa força cortante possui o mesmo valor da força P. Uma vez que a força cortante age ao longo da secção transversal da chapa de área A, haverá então uma tensão de cisalhamento ao longo da secção transversal sob o plano de corte. A tensão de cisalhamento é diferente em cada ponto da área A da secção transversal. Ela é menornas regiões periféricas e maior no interior da chapa, de modo que podemos inicialmente obter apenas a tensão de cisalhamento média atuante na chapa em decorrência das forças cisalhantes atuantes. τméd = P A (67) 42 Em que 𝑃 é dado em Newtons [𝑁] 𝑒 𝐴 em metro quadrado [𝑚2]. No sistema internacional, a relação 𝑁 𝑚2⁄ é denominada de Pascal [𝑃𝑎]. Em cálculos estruturais, via de regra lidamos com valores de tensão elevados, o que justifica a utilização de múltiplos da unidade, como por exemplo; quilopascal [𝑘𝑃𝑎], Megapascal [𝑀𝑃𝑎] e o Gigapascal [𝐺𝑃𝑎], que equivalem, 103 𝑃𝑎, 106 𝑃𝑎, 109 𝑃𝑎, respectivamente. A figura 23 representa um cisalhamento simples, uma vez que, a chapa metálica é submetida a apenas uma carga de cisalhamento. Mas podemos ter um carregamento que submeta a peça em questão a um cisalhamento duplo, como por exemplo, na figura 24 abaixo. Figura 24: Cisalhamento duplo Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Observe que neste caso, a chapa metálica é submetida a uma força externa F. A configuração do carregamento indica o surgimento de força cortante P na secção transversal da chapa relativa à linha de corte 1 e na secção transversal da chapa relativa a linha de corte 2. Logo, podemos relacionar a tensão de cisalhamento na chapa através das equações abaixo: Na seção transversal 1, têm-se: 43 τméd = P A (68) Analogamente, na seção transversal 2, têm-se: τméd = P A (69) Como, F = 2P (70) A tensão de cisalhamento na chapa será: τméd = F 2A (71) A figura 23 apresenta também um elemento de volume extraído da chapa metálica, onde podemos observar as tensões de cisalhamento média em cada face. Por meio do equilíbrio de forças na direção 𝑦, por exemplo: ∑ Fy = 0 (72) Logo: τzy ∙ ∆y ∙ ∆x = τ′zy ∙ ∆y ∙ ∆x (73) τzy = τ′zy (74) Analogamente, τyz = τ′yz (75) Por meio do equilíbrio de momento em relação ao eixo 𝒙, têm-se: ∑ Mx = 0 (76) −τzy ∙ (∆x ∙ ∆y)∆z + τyz ∙ (∆x ∙ ∆z)∆y = 0 (77) Logo: τzy = τ′zy = τ′yz = τyz = τ (78) 44 As tensões de cisalhamento em cada face do elemento de volume são iguais, e em sentidos opostos para as faces paralelas. TENSÕES DE ESMAGAMENTO Discutimos na secção anterior dois tipos de tensões. São as tensões normais podendo ser de tração ou de compressão, e as tensões de cisalhamento. Pinos, parafusos e rebites são submetidos a um tipo de esforço superficial que denominamos de esmagamento. Imagine um rebite como na figura 25, de geometria cilíndrica, diâmetro d e altura t, a mesma espessura t da chapa. Esse rebite quando inserido na “sede” da chapa e submetido à uma carga F, origina tensões superficiais que são proporcionais a intensidade da força exercida. Os cálculos das tensões reais são de grande complexidade e, neste caso, utiliza-se uma tensão média, a tensão de esmagamento (σE). A área utilizada na expressão diz respeito à área da projeção planificada do semicilindro sob a vista frontal da figura 25, portando, um retângulo de altura t e base d. σE = F A = F t ∙ d (79) Figura 25: Tensão de esmagamento Fonte: Elaborado pelo autor (2022) 45 TENSÃO ÚLTIMA – TENSÃO ADMISSÍVEL – FATOR DE SEGURANÇA Nas secções anteriores apresentamos o conceito de cargas axiais, cargas tangenciais, bem como as tensões normais, tensões de cisalhamento e tensões de esmagamento. Acontece que o cálculo das tensões representa apenas uma parte de um todo na análise e desenvolvimento de projeto de estruturas e máquinas. Saber qual a tensão atuante em uma barra cilíndrica de aço é de fundamental importância, mas não suficiente para o dimensionamento de elementos de máquinas ou estruturas. Conhecer as propriedades mecânicas dos materiais é extremamente necessário quando o assunto é projeto de estruturas e máquinas. Nesta secção buscaremos compreender alguns conceitos associados aos projetos estruturais, com ênfase em três principais, são eles, a tensão última (𝜎𝑈), a tensão admissível (𝜎𝑎𝑑𝑚) e o fator de segurança (𝐶. 𝑆 𝑜𝑢 𝐹. 𝑆). Um material muito utilizado na indústria metal-mecânica é o aço carbono SAE 10207. Imagine uma barra cilíndrica deste aço submetida a um esforço axial de tração em uma máquina universal de ensaios de materiais8. Inicialmente, a carga aplicada parece não causar nenhum efeito na barra (visualmente). De maneira progressiva, aumenta-se a carga de trabalho. Em um dado momento, a barra cilíndrica de aço irá sofrer uma redução abrupta no diâmetro da secção transversal (fenômeno chamado de Estricção) acompanhado de uma deformação perceptível visualmente e até finalmente a ruptura do material. A carga registrada no momento da ruptura é a carga última (PU). A razão entre a carga última e a área da secção transversal fornece o valor da tensão última. Neste caso, onde o esforço foi na direção axial, atribui-se o nome de tensão normal última ou tensão última à tração. σU = PU A (80) 7 Aço carbono SAE 1020 é um aço “macio” dúctil, de ampla utilização em peças mecânicas em geral, com porcentagem de carbono entre 0,15% e 0,30%. 8 Realiza ensaio de tração em amplas variedades de materiais, como metais, borrachas, concretos etc. 46 Caso a barra cilíndrica estivesse sob a ação de uma força cisalhante, como por exemplo, na figura 26, a razão entre a carga de cisalhamento última pela área da secção transversal da barra configura a tensão de cisalhamento última. τU = PU(tangencial) A (81) Figura 26: Ensaio de cisalhamento Fonte: Adaptado Beer & Russell (2008) Via de regra, projetamos estruturas para que não sofram ruptura em nenhuma hipótese, para isso, adota-se nos projetos uma carga de trabalho máxima, denominada de carga admissível ou carga de projeto, ou ainda carga de utilização. Uma vez definida a carga admissível, não se pode em nenhuma circunstância submeter uma estrutura a uma carga superior a essa carga de projeto. Na prática, não se utiliza toda a carga que o material seria capaz de suportar. A razão entre a carga última e a carga admissível é definida como coeficiente de segurança ou fator de segurança. COEFICIENTE DE SEGURANÇA = CS = CARGA ÚLTIMA CARGA ADMISSÍVEL = PU Padm (82) Nos casos em que a carga e a tensão possuem uma relação linear, de proporcionalidade, pode-se adotar a expressão: 47 COEFICIENTE DE SEGURANÇA = CS = TENSÃO ÚLTIMA TENSÃO ADMISSÍVEL (83) Em casos de maiores exigências de segurança, como por exemplo, na aeronáutica, utiliza-se o conceito de margem de segurança. MS = CS − 1,0 (84) Algumas situações de engenharia exigem que o fator de segurança seja obtido pela razão entre a tensão de escoamento e a tensão admissível no material. Isso ocorre porque, nestes casos, a tensão de escoamento é considerada como a tensão perigosa. Na prática, o engenheiro projetista deve levar em consideração a tensão perigosa, que é definida pelas condições do projeto, sendo essa tensão perigosa a tensão de escoamento ou a tensão última do material. No caso de uma aplicação em que o escoamento representa a falha do material, então o fator de segurança deve ser obtido pela relação abaixo: COEFICIENTE DE SEGURANÇA = CS = TENSÃO DE ESCOAMENTO TENSÃO ADMISSÍVEL (85) De acordo com Beer & Russell (2008, 3ª ed, p.40), para a determinação do coeficiente de segurança o projetista deve levar em conta uma série de variáveis, tais como: Modificações que ocorrem nas propriedades do material. A composição, resistência e dimensões dos materiais estão sujeitas a pequenas variações durante a fabricação das peças.Além disso, as propriedades do material podem ficar alteradas e podem ocorrer tensões residuais devido à concentra a deformações e variação de temperatura que o material se sujeita no transporte, armazenamento ou na própria execução da estrutura. O número de vezes em que a Carga é aplicada durante a vida da estrutura ou máquina. Para a maior parte dos materiais a aplicação do carregamento repetida muitas vezes leva a um decréscimo no valor da atenção última. Este fenômeno é chamado fadiga do material i, se não for levado em conta, poderá ocorrer uma ruptura brusca. O tipo de carregamento para o qual se projeta, ou que poderá atuar futuramente. A maior parte dos carregamentos adotados em projetos são estimados, pois são poucas as vezes em que um carregamento pode ser previsto com precisão. Ocorre também a possibilidade de alterações futuras na finalidade da máquina ou estrutura que está 48 sendo projetada, como modificações nos valores previstos por ocasião do projeto. Cargas dinâmicas, cíclicas instantâneas abre parênteses choque fecha parênteses exigem altos valores de coeficientes de segurança. O modo de ruptura que pode ocorrer. Materiais frágeis apresentam ruptura repentina sem nenhuma indicação de que o colapso é iminente. Já os materiais do como aço estrutural, apresenta uma grande deformação, chamada escoamento antes de atingir a ruptura e esse comportamento do material fornece um aviso de que está ocorrendo carregamento excessivo. A ruptura ocasionada por perda de estabilidade da estrutura é geralmente repentina seja o material frágil ou não. Quando existe a possibilidade de ruptura repentina o valor a se adotar para o coeficiente de segurança deve ser maior do que no caso de ruptura com aviso. Métodos aproximados e análise. Os métodos de cálculo e análise são baseados em certas simplificações que levam a diferenças entre a as tensões calculadas e aquelas realmente atuantes na estrutura. Deterioração que poderá ocorrer no futuro devido à falta de manutenção ou por causas naturais imprevisíveis. Em locais em que a composição do material ou a ferrugem são difíceis de controlar ou de prever, deve ser adotado um coeficiente de segurança de valor alto. A importância de um certo membro para a integridade de toda a estrutura. Para as peças secundárias e contraventamento da estrutura pode ser usado um coeficiente de segurança menor do que aquele das peças principais. https://bit.ly/3S6UH0m 49 FIXANDO O CONTEÚDO 1. (Adaptada de Hibbeler, 2010). O dispositivo mostrado na figura sustenta uma força de 80 N. Determine as cargas internas resultantes que agem sobre a seção transversal no ponto A. a) Rx = 77,3 N; Ry = 20,7 N e M = 0,55 Nm b) Rx = 20,7,3 N; Ry = 77,3 N e M = 0,55 Nm c) Rx = 0,55 N; Ry = 77,3 e M = 20,7 Nm d) Rx = 80,0 N; Ry = 80,0 e M = 0,55 Nm e) Rx = −77,3 N; Ry = −20,7 N e M = 0,55 Nm 2. (Adaptada de BEER, 1995). Sabendo-se que a haste de ligação BD tem uma seção transversal uniforme de área igual a 800 mm² determine a intensidade da carga 𝐏 para que a tenção normal na haste BD seja 50 MPa. LEONARDO SOUZA Realce 50 a) P = 62,67 kN b) P = 54,24 N c) P = 34,76 kN d) P = 54,24 kN e) P = 62,67 N 3. (Adaptada de BEER, 1995). As barras AB e BE da treliça mostrada são da mesma liga metálica. Sabe-se que uma barra de 20 mm de diâmetro desta mesma liga foi testada até a falha e foi registrada uma carga máxima de 150 kN. Usando um coeficiente de segurança igual a 3,2, determine qual o diâmetro necessário para a barra AB e para a barra BE, respectivamente. LEONARDO SOUZA Realce 51 a) 58,4 mm e 65,4 mm b) 584,2 mm e 654,7 mm c) 29,2 mm e 32,7 mm d) 32,7 mm e 29,2 mm e) 292,5 mm e 327,7 mm 4. (Adaptada de BEER, 1995). Sabendo-se que a carga de ruptura do cabo BD é de 90 KN e o pino em A tem um diâmetro de 𝟗, 𝟓 𝐦𝐦 e é feito de aço com tenção última de cisalhamento igual a 𝟑𝟒𝟓 𝐌𝐏𝐚, determine o coeficiente de segurança para o carregamento mostrado. a) CS = 4,52 b) CS = 2,89 c) CS = 1,45 d) CS = 5,78 e) CS = 3,52 5. (Adaptada de Hibbeler, 2010). O arganéu da âncora suporta uma força de cabo de 𝟑 𝐊𝐍. Se o pino tiver diâmetro de 𝟔 𝐦𝐦, determine a tensão média de cisalhamento no pino. LEONARDO SOUZA Realce LEONARDO SOUZA Realce 52 a) τméd = 106,1 MPa b) τméd = 106,1 GPa c) τméd = 53,05 MPa d) τméd = 53,05 kPa e) τméd = 5305,55 MPa 6. (Adaptado de Petrobrás, 2005). Observe a figura abaixo que representa um guincho composto por uma coluna, uma lança, um atuador hidráulico e pinos nas articulações. LEONARDO SOUZA Realce 53 Qual a atenção de cisalhamento, devido ao esforço cortante em megapascal (MPa), no pino entre o atuador hidráulico e a lança? a) 6√13 π b) 10√13 π c) 14√13 π d) 18√13 π e) 22√13 π 7. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Um poste tubular de diâmetro externo 𝐝𝟐 está retido por dois cabos assentados com tensores (veja a figura). Os cabos são tensionados girando os tensores, desta forma, produzindo tensão nos cabos e compressão no poste. Ambos os cabos estão tensionados com uma força e 𝟑𝟐 𝐊𝐍. O ângulo entre os cabos e o chão é 𝟔𝟎°, e a tensão e compressão admissível é 𝟔𝟎𝟎𝟎 𝐏𝐒𝐈. Se a espessura da parede do poste é 𝟎, 𝟓 𝐢𝐧, qual é o valor mínimo permitido do diâmetro externo 𝐝𝟐? a) (d2)min = 6,38 in b) (d2)min = 6,38 cm c) (d2)min = 25,4 mm LEONARDO SOUZA Realce LEONARDO SOUZA Realce 54 d) (d2)min = 75,4 in e) (d2)min = 75,4 mm 8. (Adaptada de BEER, 1995). Uma força de 𝟒𝟓 𝐊𝐍 está aplicada um bloco de madeira que é suportado por uma base de concreto e esta repousa sobre um solo considerado indeformável. Determine a máxima tensão de esmagamento sobre a base de concreto, e o tamanho da base de concreto para que a a tensão de esmagamento média sobre o solo seja de 𝟏𝟒𝟎 𝐊𝐏𝐚. a) σe = 4,6 MPa e b = 566,95 cm b) σe = 5,6 MPa e b = 566,95 m c) σe = 3,6 Pa e b = 5,66 mm d) σe = 4,6 Pa e b = 5,66 cm e) σe = 3,6 MPa e b = 566,95 mm LEONARDO SOUZA Realce 55 TENSÃO X DEFORMAÇÃO INTRODUÇÃO À DEFORMAÇÃO Um corpo quando submetido a uma carga poderá sofrer variação em seu tamanho ou mudança na sua forma. Se esticarmos uma borracha, por exemplo, ela sofrerá alteração em seu tamanho e forma. Na engenharia, denomina-se esse fenômeno de deformação. No exemplo dado (da borracha), a deformação será relativamente grande, portanto, será perceptível aos nossos olhos, ao passo que em uma construção civil, por exemplo, a deformação estrutural proveniente da carga resultante das pessoas circulando no prédio é imperceptível ao olho humano. Ocorre que o estudo das deformações é de fundamental importância no contexto da engenharia, pois a partir das análises de 𝑡𝑒𝑛õ𝑒𝑠 𝑥 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çõ𝑒𝑠 é que iniciam-se os projetos de máquinas e estruturas. Em projetos estruturais de engenharia, estudam-se dois tipos de deformações, a deformação normal e a deformação por cisalhamento. A figura 27 esboça um corpo antes e depois da deformação. Imagine que uma carga seja aplicada ao corpo, na mesma direção da reta 𝒏. Observe também um segmento de reta de comprimento inicial ∆𝐒 sob a reta 𝑛. O segmento de reta tem origem no ponto 𝐀 e termina no ponto 𝐁. Se imaginarmos que o corpo seja formado por inúmeros segmentos de retas, tais como o segmento AB, percebemos que a após a aplicação da carga externa, o segmento AB irá se deformar, assumindo os pontos 𝐀’ e 𝐁’, e comprimento final ∆𝐒′.A deformação média 𝛜𝐦é𝐝, também chamada de deformação específica, pode ser expressa pela relação abaixo: ϵméd = ∆S′ − ∆S ∆S (86) UNIDADE 03 56 Figura 27: Deformação normal Fonte: Elaborado pelo autor (2022) A equação 87 acima expressa a deformação média específica. As deformações reais em cada ponto serão diferentes em cada posição do corpo. Se aproximarmos o ponto B em direção ao ponto A, fazendo ∆𝑆 → 0, então podemos escrever para a deformação: ϵ = lim B → A ao longo de n ∆S′ − ∆S ∆S (87) Para segmentos de retas pequenos, se tivermos o valor da deformação, podemos obter o comprimento final do segmento de reta, a partir da expressão: ∆S′ ≈ (1 + ϵ)∆S (88) A figura 28 também apresenta um corpo antes e depois da aplicação de carga externa. Dois segmentos de reta 𝑨𝑪 e 𝑨𝑩, ambos com origem em 𝑨, estão dispostos formando um ângulo reto, (90° ou 𝜋 2 𝑟𝑎𝑑). O segmento 𝑨𝑪 pertence à reta 𝒕 e o segmento de reta 𝑨𝑩 pertence à reta 𝒏. Após a aplicação da carga haverá uma variação do ângulo entre as retas, e essa variação é conhecida como a deformação por cisalhamento. Essa variação poderá ser positiva ou negativa. Após a aplicação da carga, o ponto 𝑪 assume a posição 𝑪’ e o ponto 𝑩 assume a posição 𝑩’. Se aproximarmos os pontos 𝑩 e 𝑪 em direção à origem A, simultaneamente, sob as retas 57 𝒏 e 𝒕, respectivamente, fazendo o comprimento dos segmentos tenderem a zero, podemos expressar a deformação por cisalhamento real no ponto 𝑨, associadas as retas 𝒏 e 𝒕, pela relação: γnt = π 2 − lim B→A ao longo de n C→A ao longo de t θ′ (89) Figura 28: Deformação por cisalhamento Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Os valores de deformação são adimensionais, mas comumente são escritos na forma de unidade de comprimento por unidade de comprimento. No sistema internacional de unidades (S.I.U) a deformação é expressa em [𝑚 𝑚⁄ ]. Por vezes, essa deformação é muito pequena, sendo então utilizados submúltiplos do metro, tais como o micrometro [ 𝜇𝑚 𝑚⁄ ]. A deformação também pode ser expressa na forma percentual, como 0,2%. DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO As deformações são medidas experimentalmente e podemos relacioná-las com as cargas aplicadas e com as tensões aplicadas. Cada material possui propriedades diferentes. A dureza do aço evidentemente é consideravelmente maior que a dureza de uma borracha. Ao passo que a ductilidade da borracha é maior que a do aço. Existem diversas propriedades como dureza, resistência, ductilidade, maleabilidade, soldabilidade, resiliência, tenacidade, dentre outras. Será abordado cada conceito no momento oportuno. 58 Para obtermos algumas dessas propriedades, devemos realizar ensaios mecânico dos materiais, como por exemplo, o ensaio de tração (mais comum). O ensaio de tração é realizado em uma amostra do material, seguindo padrões técnicos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a essa amostra do material denominamos de corpo de prova. Figura 29: Corpo de prova – ensaio de tração Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3GquYty. E https://bit.ly/3L6mLP8. Acessos em: 05 set. 2022. O ensaio de tração é realizado em uma máquina como na figura 30, onde aplica-se um esforço axial de tração sobre o corpo de prova até levá-lo à ruptura. Figura 30: Máquina de ensaio de tração Fonte: Disponível em https://bit.ly/3GquYty. Acesso em: 05 jan. 2022. https://bit.ly/3GquYty https://bit.ly/3L6mLP8 https://bit.ly/3GquYty 59 Os valores de tensão e deformação são registrados pela máquina e, simultaneamente, um diagrama é gerado, com a plotagem desses dois eixos. No eixo da ordenada dispõem-se os valores de tensão (𝜎), e no eixo das abscissas dispõem- se os valores da deformação (𝜖). O diagrama 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑥 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 fornece inúmeras informações acerca do material, como por exemplo, a tensão de ruptura, a tensão última, a tensão de escoamento, a ductilidade e a tenacidade do material, dentre outras. Todas essas propriedades são relevantes na escolha do material para determinada aplicação na engenharia. Em certas aplicações, como por exemplo, nos automóveis, objetiva-se reduzir o peso do veículo (menor gasto e menor consumo de combustível), aumentar a resistência mecânica da lataria a fim de proteger os passageiros em uma eventual colisão, e associado a isso, espera-se que o material que forma a lataria do veículo absorva a maior parte da energia de impacto, sem transferir energia para os ocupantes do veículo, para tanto, é importantíssimo conhecer as principais propriedades dos materiais e saber como utilizar desse ferramental teórico na seleção de materiais para projetos de máquinas e estruturas. A figura 31 apresenta um diagrama 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑥 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 de um aço de baixo teor de carbono. Isso significa na prática que este aço possui boa ductilidade e baixa dureza. Materiais com alta dureza são chamados de materiais frágeis. 60 Figura 31: Diagrama tensão x deformação aço baixo carbono Fonte: Adaptado de Beer (1995) Tensão nominal ou tensão de engenharia é a razão entre a carga (𝑃) aplicada e a área inicial (𝐴0) da secção transversal do corpo de prova. Embora a área da secção transversal sofra redução durante a aplicação da carga, neste caso, para o cálculo da tensão de engenharia fixamos a área inicial, logo: σ = P A0 (90) A deformação nominal ou deformação de engenharia corresponde à razão entre o alongamento (𝛿) e o comprimento inicial (𝐿0) do corpo de prova, logo: ϵ = δ L0 (91) Usaremos como exemplo na construção do diagrama de tensão-deformação o aço, que é um material amplamente utilizado na indústria mecânica e civil. A partir 61 dos conceitos de tensão e deformação nominais, por meio de medidas experimentais estabeleceu-se o diagrama tensão (𝝈) – deformação (𝝐) convencional para o aço. No eixo das ordenadas (𝒚) relacionam-se os valores de tensão (𝝈) e no eixo das abscissas (𝒙) os valores de deformação (𝝐). O resultado é o que chamamos de diagrama tensão-deformação. Figura 32: Diagrama tensão x deformação de engenharia Fonte: Adaptado de Hibeller (2010). O corpo de prova fabricado em aço, com dimensões e acabamento padronizados, é levado à máquina de ensaio de tração. A máquina inicia a operação aplicando um esforço axial de tração sobre o corpo de prova. Inicialmente, o aço encontra-se na região elástica onde a deformação aumenta, proporcionalmente, com o aumento da tensão, em uma relação linear. Durante a fase elástica o corpo de prova sofre uma deformação em função da aplicação da tensão, porém, o material apresenta comportamento elástico, de maneira que, ao cessar o carregamento, o corpo de prova retoma as suas dimensões iniciais. A medida que a carga aplicada aumenta, o material se aproxima do limite superior dessa região elástica, neste ponto, a tensão limite é denominada de limite de 62 proporcionalidade (𝜎𝑙𝑝) de maneira que, ao ultrapassar este ponto, o material ainda poderá se comportar de maneira elástica, porém, a curva do diagrama tende a se inclinar, de tal forma que não haverá mais a relação linear entre tensão e deformação. Continuando a aumentar a tensão sobre o corpo de prova, o material chegará ao limite de elasticidade onde poderá ainda se comportar de maneira elástica. No caso de materiais como o aço, é extremamente difícil discernir entre o limite de proporcionalidade e o limite de elasticidade. Se a tensão (𝜎) aplicada ao corpo de prova ultrapassar minimamente o limite de elasticidade, então o corpo de prova sofrerá um colapso,deformando-se permanentemente e não retornando mais à fase elástica. Dizemos então que o material sofreu escoamento. Após o material sofrer o fenômeno do escoamento, aumentando-se a carga, o material entra em uma fase de endurecimento por deformação, até a inclinação da curva do diagrama tornar-se nula. Este ponto de máxima tensão é denominado de limite de resistência (𝜎𝑟), e a partir deste ponto ocorrerá a redução abrupta da área da secção transversal do corpo de prova (estricção) acompanhada da ruptura do material, a tensão registrada no momento da ruptura é denominada de tensão de ruptura (𝜎𝑟𝑢𝑝). A figura 33 abaixo mostra um corpo de prova durante a estricção e após a ruptura. Figura 33: Corpo de prova após sofre estricção e ruptura Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3uZmlmH. Acesso em: 06 ago. 2022 Pela observação do diagrama tensão-deformação, verifica-se que tanto o diagrama real quanto o convencional são muito parecidos na região elástica, e como a grande parte dos projetos estruturais são elaborados para que os materiais trambalhem dentro da fase elástica, é mais comum a utilização do diagrama tensão deformação convencional. https://bit.ly/3uZmlmH 63 MÉTODO DA DEFORMAÇÃO RESIDUAL Nem todas as ligas metálicas apresentam o ponto de escoamento bem definido como a do aço (tensão de escoamento constante). Em alguns casos, como a liga de alumínio, o escoamento do material ocorre sob tensão variável. Nestes casos, deve-se adotar um procedimento gráfico a fim de se obter o ponto de escoamento, o método da deformação residual. Tomamos o valor de deformação igual a 0,002 (0,2%) sob o eixo das abscissas (𝜖) e a partir deste ponto, traçamos uma linha paralela à reta da porção inicial da fase elástica, até tocar o diagrama. Este ponto de interseção entre a reta traçada e o diagrama corresponde ao ponto de escoamento do material. A figura 34 abaixo indica a forma de determinação correta do ponto de escoamento pelo método da deformação residual para a liga de alumínio. Figura 34: Método da deformação residual Fonte: Adaptado de Hibeller (2010) 64 FRAGILIDADE VS DUCTILIDADE A maioria dos materiais pode ser classificada em duas categorias, os dúcteis e os frágeis. Os materiais dúcteis são aqueles capazes de se deformarem bastante antes de se romperem, portanto, são capazes de absorver maior energia. Já os materiais frágeis, quando submetidos a esforços de tração, quase não apresentam escoamento, uma vez que, após a fase elástica rapidamente se rompem. Um bom exemplo de material que se enquadra na categoria dúctil é o alumínio ou o aço doce (baixo percentual de carbono na sua composição química), e na classe dos materiais frágeis podemos citar o ferro fundido cinzento ou o concreto. Alguns materiais dúcteis como o aço de baixo teor de carbono são excelentes para suportar esforços axiais de tração. Já o ferro fundido cinzento e o concreto são ótimos para esforços axiais de compressão, todavia, péssimos quando são solicitados por tração. A figura 35 abaixo apresenta o diagrama tensão deformação para o ferro fundido cinzento. Figura 35: Resistência a tração x compressão Fonte: Adaptado de Hibeller (2010) Quando submetido à tração, a falha do material acontece com uma tensão 𝜎𝑓 = 152 𝑀𝑃𝑎. A temperatura também é um fator determinante no que tange à 65 fragilidade e a ductilidade dos materiais. Quanto menor a temperatura, mais frágil o material tende a ficar, e menos dúctil, ao passo que ao aumentar a temperatura o material se torna mais macio, mais dúctil. A figura 36 a seguir apresenta a diferença no diagrama 𝜎 − 𝜖 entre os materiais dúcteis e frágeis. Figura 36: Diagrama tensão x deformação para materiais dúcteis e frágeis Fonte: Elaborado pelo autor (2022) LEI DE HOOKE Conforme já esboçado no tópico anterior, durante a fase elástica, o material apresenta uma relação linear entre a tensão (𝜎) e a deformação (𝜖). A constante que garante a equidade dessa proporção é denominada módulo de elasticidade ou módulo de Young (em homenagem a Thomas Young), logo, a tensão se relaciona com a deformação durante a fase elástica pela equação abaixo: σ = Eϵ (92) O módulo de elasticidade (𝑬) possui unidade de medida em Pascal [𝑃𝑎], uma vez que, a deformação (𝜖) é adimensional. Este Módulo de elasticidade está associado à rigidez do material, quanto mais rígido o material, como por exemplo, o aço 𝐸 = 200 𝐺𝑃𝑎, maior o módulo de elasticidade. A borracha possui módulo de elasticidade 𝐸 = 0,7 𝑀𝑃𝑎. O módulo de resiliência é caracterizada pela densidade de energia9 de deformação durante a fase elástica do material, e pode ser calculada pelas 9 A densidade de energia se caracteriza pela razão entre a energia de deformação e o volume do elemento material submetido ao ensaio mecânico. 𝑢 = ∆𝑈 ∆𝑉 66 equações 93 e 94 abaixo: ur = 1 2 σlpϵlp (93) Ou ur = 1 2 σlp 2 E (94) Observando o diagrama tensão-deformação (𝜎 − 𝜖) de um material qualquer, percebemos que a área sombreada do triângulo, em que a base corresponde à deformação da fase elástica e a altura corresponde ao limite de proporcionalidade, essa área é igual à densidade de energia de deformação na fase elástica. Figura 37: Módulo de resiliência Fonte: Elaborado pelo autor (2022) O módulo de tenacidade é caracterizado pela densidade de energia de deformação de um material até a sua ruptura. A figura 38 abaixo apresenta o módulo de tenacidade de um material qualquer. A área sob o gráfico é numericamente igual a este módulo de tenacidade. 67 Figura 38: Módulo de tenacidade Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Em projetos de elementos estruturais, que podem ser submetidos a esforços de maneira acidental, é aconselhável a utilização de materiais com alto módulo de tenacidade, pois estes serão capazes de absorver maior quantidade de energia antes de sofrer falha estrutural. COEFICIENTE DE POISSON Quando um corpo de prova é submetido a um esforço axial de tração, percebe-se um alongamento longitudinal (𝜹) na sua dimensão e, simultaneamente, uma redução na secção transversal do material, evidenciado pela redução do raio (𝑹) no caso em que o corpo de prova possua geometria cilíndrica. O cientista francês S.D Poisson identificou que, ao dividir o valor da deformação longitudinal (𝝐𝒍𝒐𝒏𝒈𝒊𝒕) pela deformação transversal (𝝐𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒗), o resultado obtido era sempre o mesmo, ou seja, uma constante. Essa constante estava associada ao material, e ficou conhecida como coeficiente de Poisson (𝒗). No caso de um corpo de prova sendo submetido à tração, ocorre um aumento no comprimento (alongamento positivo) e redução da secção transversal (alongamento negativo). Já no caso de uma compressão ocorre a redução do comprimento (alongamento negativo) e uma expansão da secção transversal (alongamento positivo). A figura 39 abaixo apresenta um exemplo de uma barra cilíndrica sendo submetida a um esforço axial de tração, tendo um aumento no comprimento, cujo alongamento é, δ = Lfinal − Linicial (95) 68 E uma redução da secção transversal, cujo alongamento é δ′ = r − R (96) Conforme estudado nos tópicos anteriores, a deformação longitudinal será: ϵlongit = Lfinal − Linicial Linicial = δ Linicial (97) E a deformação transversal será: ϵtransv = r − R R = δ′ R (98) O coeficiente de Poisson é definido como, v = − ϵlongit ϵtransv (99) Figura 39: Relação entre deformação axial e longitudinal Fonte: Elaborado pelo autor (2022) Na maioria dos materiais
Compartilhar