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Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral Autor: Ricardo Torques 05 de Agosto de 2023 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Ações Eleitorais - Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC) 4 ..............................................................................................................................................................................................2) Ações Eleitorais - Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) 15 ..............................................................................................................................................................................................3) Ações Eleitorais - Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME) 21 ..............................................................................................................................................................................................4) Ações Eleitorais - Representação do art. 96 da Lei das Eleições 25 ..............................................................................................................................................................................................5) Ações Eleitorais - Representação por Captação Ilícita de Sufrágio 28 ..............................................................................................................................................................................................6) Ações Eleitorais - Representação para Apuração de Arrecadação e de Gastos Ilícitos 30 ..............................................................................................................................................................................................7) Ações Eleitorais - Recurso contra a Diplomação (RCED) 32 ..............................................................................................................................................................................................8) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - AIRC - FGV 36 ..............................................................................................................................................................................................9) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - AIJE - FCC 40 ..............................................................................................................................................................................................10) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - AIJE - OUTRAS BANCAS 42 ..............................................................................................................................................................................................11) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - AIME - FCC 43 ..............................................................................................................................................................................................12) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - AIME - FGV 44 ..............................................................................................................................................................................................13) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - AIME - OUTRAS BANCAS 47 ..............................................................................................................................................................................................14) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - Representação do art. 96 da Lei das Eleições - FCC 48 ..............................................................................................................................................................................................15) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - Representação por Captação Ilícita de Sufrágio - FGV 49 ..............................................................................................................................................................................................16) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - Recurso contra a Diplomação (RCED) - FGV 51 ..............................................................................................................................................................................................17) Questões Comentadas - Ações Eleitorais - Recurso contra a Diplomação (RCED) - OUTRAS BANCAS 53 ..............................................................................................................................................................................................18) Lista de Questões - Ações Eleitorais - AIRC - FGV 55 ..............................................................................................................................................................................................19) Lista de Questões - Ações Eleitorais - AIJE - FCC 57 ..............................................................................................................................................................................................20) Lista de Questões - Ações Eleitorais - AIJE - OUTRAS BANCAS 58 ..............................................................................................................................................................................................21) Lista de Questões - Ações Eleitorais - AIME - FCC 59 ..............................................................................................................................................................................................22) Lista de Questões - Ações Eleitorais - AIME - FGV 60 ..............................................................................................................................................................................................23) Lista de Questões - Ações Eleitorais - AIME - OUTRAS BANCAS 61 ..............................................................................................................................................................................................24) Lista de Questões - Ações Eleitorais - Representação do art. 96 da Lei das Eleições - FCC 62 ..............................................................................................................................................................................................25) Lista de Questões - Ações Eleitorais - Representação por Captação Ilícita de Sufrágio - FGV 63 ..............................................................................................................................................................................................26) Lista de Questões - Ações Eleitorais - Recurso contra a Diplomação (RCED) - FGV 64 ..............................................................................................................................................................................................27) Lista de Questões - Ações Eleitorais - Recurso contra a Diplomação (RCED) - OUTRAS BANCAS 65 ..............................................................................................................................................................................................28) Gabarito - Ações Eleitorais - AIRC - FGV 66 TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 2 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF Índice ..............................................................................................................................................................................................29) Gabarito- Ações Eleitorais - AIJE - FCC 67 ..............................................................................................................................................................................................30) Gabarito - Ações Eleitorais - AIJE - OUTRAS BANCAS 68 ..............................................................................................................................................................................................31) Gabarito - Ações Eleitorais - AIME - FCC 69 ..............................................................................................................................................................................................32) Gabarito - Ações Eleitorais - AIME - FGV 70 ..............................................................................................................................................................................................33) Gabarito - Ações Eleitorais - AIME - OUTRAS BANCAS 71 ..............................................................................................................................................................................................34) Gabarito - Ações Eleitorais - Representação do art. 96 da Lei das Eleições - FCC 72 ..............................................................................................................................................................................................35) Gabarito - Ações Eleitorais - Representação por Captação Ilícita de Sufrágio - FGV 73 ..............................................................................................................................................................................................36) Gabarito - Ações Eleitorais - Recurso contra a Diplomação (RCED) - FGV 74 ..............................................................................................................................................................................................37) Gabarito - Ações Eleitorais - Recurso contra a Diplomação (RCED) - OUTRAS BANCAS 75 TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 3 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE REGISTRO DE CANDIDATURA (AIRC) O registro de candidatura é o procedimento, realizado pela justiça eleitoral, que se destina a verificar se o pré-candidato atende os requisitos para disputar as eleições. A AIRC é uma ação judicial eleitoral que visa impedir que as pessoas escolhidas em Convenção Partidária (pré-candidatos) sejam registradas perante a Justiça Eleitoral. São três as causas que ensejam o ajuizamento dessa ação: falta de atendimento das condições de elegibilidade; existir alguma das hipóteses de inelegibilidade; ou não apresentação dos documentos necessários ao registro de candidatura. No que diz respeito à terceira hipótese, a doutrina costuma mencionar que a apresentação dos documentos previstos no art. 11, §1º, da Lei das Eleições, é condição de procedibilidade do registro. Isso significa dizer que o registro da candidatura somente será efetuado (leia-se procedido) se estiverem presentes os documentos necessários ao registro. E quais são esses documentos? Vamos relembrar o art. 11, §1º: § 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos: I – cópia da ata a que se refere o art. 8º [ata de Convenção do partido]; II – autorização do candidato, por escrito; III – prova de filiação partidária; IV – declaração de bens, assinada pelo candidato; V – cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo Cartório Eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no art. 9º; VI – certidão de quitação eleitoral; VII – certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e Estadual; Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 4 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram VIII – fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no § 1º do art. 59; IX – propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a Presidente da República. Natureza Jurídica A AIRC é uma ação penal ou cível, condenatória ou declaratória? É um assunto um pouco mais aprofundado, contudo, devemos saber que a AIRC constitui uma ação cível, não implicando qualquer repercussão penal. Do julgamento da AIRC haverá uma declaração negativa (declara a ausência dos requisitos essenciais para a condição de candidato) que impede o registro regular do pré-candidato. Nesse contexto, vejamos a doutrina de Rodrigo Martiniano Ayres Lins1: A impugnação ao registro de candidatura a mandato eletivo configura o exercício de direito de ação, inaugurando um processo de conhecimento, com todas as fases que lhe são peculiares. É, portanto, uma ação civil de conhecimento, de conteúdo declaratório. Para a nossa prova... Na sequência, passaremos a estudar todo o procedimento processual da AIRC. As condições de elegibilidade, as hipóteses de inelegibilidade e as minúcias relativas à apresentação dos documentos já foram objeto de estudo por nós. Não é mesmo? Vamos, assim, analisar os arts. 3 ao 17, da Lei de Inelegibilidade, os quais disciplinam o procedimento da AIRC. Mas, professor, esse assunto não foi tratado em aula anterior? 1 MARTINIANO, Rodrigo. Direito Eleitoral Descomplicado. 2ª edição, rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Ferreira. NATUREZA JURÍDICA DA AIRC ação civil ação declaratória ação de conhecimento Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 5 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Sim, já trouxemos esses dispositivos na aula de Inelegibilidades. Contudo, vamos tratar aqui dos temas de forma objetiva e sistematizada, tendo em vista a pretensão de que vocês compreendam e possam comparar a AIRC com as demais ações eleitorais. Perfeito? Legitimidade para a AIRC Legitimidade para atuar no processo constitui a possibilidade jurídica de ingressar com uma ação e de se defender em face de uma ação ajuizada contra si, é a pertinência subjetiva da demanda. Para saber se determinada pessoa possui legitimidade para ingressar com a ação, ela deve analisar qual o conteúdo que irá discutir. Assim, deve-se verificar se o interessado é legitimado para ingressar com a AIRC. Juridicamente fala-se em legitimidade ativa, ou seja, em legitimidade de ingressar com a ação. Por outro lado, a pessoa que foi acionada na ação eleitoral da AIRC será denominada de legitimada passiva, ou seja, virá ao processo para se defender contra as alegações de que não observou as condições de elegibilidade, de que incorreu numa das hipóteses de inelegibilidade ou de que deixou de apresentar algum dos documentos necessários ao registro. Quanto à legitimidade passiva, em regra, será acionado o pré- candidato, conforme veremos adiante. Antes, porém, uma pergunta: e se a pessoa que ingressar com a ação não for legitimado ativo? E se a pessoa contra a qual se ingressou com o AIRC não for legitimado passivo? Nesse caso, faltará à ação eleitoral uma das condições da ação, causando a extinção do processo sem julgamento do mérito. É por isso que, para a aferição da legitimidade (passiva ou ativa), deve-se verificar qual é a matéria concretamente discutida. Legitimidade Ativa Para saber quem é o legitimado ativo da AIRC, vejamos o caput, do art. 3º, da LI: Art. 3º Caberá a qualquer candidato, a partido político, coligação ou ao Ministério Público, no prazo de 5 (cinco) dias, contados da publicação do pedido de registro de candidato, impugná-loem petição fundamentada. Notem que o texto acima se refere ao candidato. Contudo, como alerta a doutrina, nesse dispositivo trata- se propriamente do pré-candidato, uma vez que o interessado se torna candidato apenas com deferimento do registro da candidatura. Não é mesmo? Além disso, devemos atentar para alguns posicionamentos específicos do TSE. Dessa forma, não possuem legitimidade para ajuizar a AIRC: Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 6 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram partido político coligado isoladamente (constitui a hipótese de o partido coligado não poder, individualmente, propor a ação. Nesse caso, a legitimidade será conferida exclusivamente à coligação)2; eleitor3 (embora não possa impugnar o registro da candidatura, poderá oferecer a notícia de inelegibilidade ao Ministério Público); diretório municipal em eleição federal e estadual4; Cuidado!!!! Se a eleição for municipal, o diretório municipal terá legitimidade para propor AIRC. Quanto ao Ministério Público, lembrem-se das regras abaixo: 1ª regra: a legitimação é concorrente, ou seja, a impugnação por parte de candidato, ou partido político, não impede a propositura da mesma ação pelo Ministério Público. Havendo duplicidade de ações, sobre o mesmo legitimado passivo, o juiz deve reunir os processos e julgá-los simultaneamente para evitar decisões contraditórias. 2ª regra: se o membro do Ministério Público, nos 2 anos anteriores, disputou cargo eletivo, integrando Diretório de partido ou exerceu atividade político-partidária, não poderá impugnar registro de candidatura. Embora o art. 3ª, §2º, da LI, mencione que o prazo é de 4 anos, com fundamento no art. 80, da Lei Complementar nº 75/1993, o TSE entendeu que o prazo será de 2 anos conforme afirma o art. 38 §3º da Resolução 23.548/17. Para finalizar as observações sobre o Ministério Público veremos que a Súmula 49 do TSE excepciona a regra de intimação pessoal do Ministério Público afirmando que o prazo para impugnar o registro de candidatura para o parquet também se inicia com a publicação do edital. Devemos, ainda, saber que durante o processo de registro de candidatura o juiz eleitoral poderá conhecer de ofício a exisência de causas de inelegibilidade ou ausência de uma das condições de elegibilidade devendo sempre oportunizar o contraditório e ampla defesa conforme dispõe a súmula 45 do TSE. Essas são as regras relativas à legitimidade ativa no AIRC. Sigamos! Legitimidade passiva Aqui é tranquilo e não teremos maiores problemas com esse assunto. São legitimados passivos os pré- candidatos, ou seja, aqueles que pretendem registrar a candidatura perante a Justiça Eleitoral. 2 Respe nº 30.842/2008, TSE. 3 Acórdão TSE nº 23.556/2004, 549/2002, 20.267/2002, 14.807/1996 e 12.375/1992. 4 REspe nº 26.861/2006, TSE. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 7 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram A declaração de inelegibilidade do candidato à Presidência da República, governador de estado e do Distrito Federal e prefeito municipal não atingirá o candidato a vice-presidente, vice-governador ou vice-prefeito, assim como a destes não atingirá aqueles, pois as causas de inelegibilidade possuem caráter pessoal de acordo com o art. 18 da LC 64/90. Porém, é importante destacar, que essa regra será aplicada nos casos em que a decisão é prolatada antes da eleição. Caso a cassação do registro ocorra em decisão prolatada após o pleito o princípio da indivisibilidade da chapa única majoritária deverá ser observado e, portanto, o vice será afetado. Assim sendo não há necessidade de formação de litisconsórcio passivo entre o candidato e o vice conforme reafirma a súmula 39 do TSE. Também não é necessária a formação de litisconsórcio passivo necessário entre o pré-candidado e seu partido, tendo o TSE editado a súmula 40 tratando da matéria. Prazo e Competência da AIRC O prazo e a competência para o AIRC são dois assuntos fundamentais para a nossa prova. Portanto, atenção máxima aqui. Já citamos o art. 3º, caput, da LI, o qual dispõe expressamente que o prazo para interposição da AIRC é de CINCO DIAS. Esse prazo é decadencial e improrrogável. Vale dizer que, após o decurso dos cinco dias, que são contados da publicação do edital que dará publicidade ao pedido de registro do candidato, os legitimados ativos (que podem ingressar com a ação) perdem o direito subjetivo de ajuizar a AIRC. De todo modo, atenção! Veremos adiante, com maiores detalhes, mas se envolver condição de elegibilidade ou se tratar de alguma das hipóteses de inelegibilidade PREVISTAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL NÃO SE OBSERVA O PRAZO DE CINCO DIAS, podendo ser alegada a qualquer tempo, inclusive após o candidato ser eleito e diplomado. No que diz respeito à competência para julgar a AIRC, deve-se observar o cargo pleiteado. Ou seja, se envolver eleições municipais, a competência será do Juiz Eleitoral. Caso envolva eleições estaduais, compete ao TRE. Por fim, no que diz respeito às eleições para o cargo presidencial, compete ao TSE o julgamento do AIRC. Procedimento Para finalizarmos o estudo da AIRC, resta analisar o procedimento. Vimos acima quem são os legitimados, qual é o prazo para ingressar com a ação e qual é o órgão julgador competente. Dessa forma, proposta corretamente a ação, ela será processada segundo as regras procedimentais que passaremos a estudar. PETIÇÃO INCIAL - De acordo com o caput, do art. 3º da LC 64/90 a impugnação deverá ser apresentada em petição fundamentada. Em razão disso, o impugnante deverá especificar, já na peça inicial, as provas que pretende produzir, indicando as testemunhas, limitadas ao máximo de seis, que pretende ouvir. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 8 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Segundo o TSE, caso não se cumpra o determinado nos parágrafos do art. 3º não se declara a nulidade se não for demonstrado prejuízo. Chamo sua atenção que na AIME (estudaremos ainda nesta aula) será inadmissível a apresentação de rol de testemunhas em momento posterior a petição inicial. Como a ação poderá ser ajuizada perante o Juiz Eleitoral, o TRE ou o TSE, vamos distinguir, por questões didáticas, cada um dos procedimentos, pois existem algumas regras específicas que devemos estar atentos. Procedimento perante o Juízo Eleitoral e Eventuais Recursos ao TRE e ao TSE Vamos iniciar pelo procedimento perante o juiz eleitoral, ou seja, aquele instaurado para impugnar o registro de candidatura aos cargos de Prefeito, de Vice-Prefeito e de Vereador. CITAÇÃO - Após a apresentação da PI a outra parte deve ser citada para apresentar sua defesa. CONTESTAÇÃO - Depois de citado/notificado, no PRAZO DE SETE DIAS, a parte contrária poderá contestar a ação. Nessa oportunidade deverá trazer os documentos de prova que possuir, bem como indicar as testemunhas que pretende ouvir conforme o art. 4º da 64/90. A ausência de contestação na AIRC não tem o condão de operar os efeitos da revelia, trata-se de matéria de ordem pública e, por isso, não há presunção de veracidade sobre seu conteúdo. SANEAMENTO e DILAÇÃO PROBATÓRIA - Caso envolva exclusivamente matéria de direito e não haja necessidade, o juiz proferirá decisão (julgamento conforme o estado do processo). Se entender que deve haver dilação probatória, será designada audiência nos QUATRO DIAS SEGUINTES para a inquirição das testemunhas, nos termos do art. 5º, da LI. Depois da oitiva das testemunhas, nos CINCO DIAS SEGUINTES, o juiz poderá ouvir terceiros ou realizar quaisquer outras diligências que julgar necessárias, podendo inclusive determiná-lasde ofício. Ainda em relação à oitiva das testemunhas, devemos destacar algumas informações relevantes: As testemunhas devem comparecer por iniciativa das partes. Serão ouvidas em uma única oportunidade, tanto as testemunhas do impugnante quanto as testemunhas do impugnado. Após a oitiva das testemunhas, o juiz eleitoral poderá determinar as diligências necessárias, entre as quais está a possibilidade de oitiva das testemunhas referidas. Por testemunhas referidas devemos compreender aquelas pessoas que foram mencionadas pelas partes (nos respectivos depoimentos) ou por outras testemunhas (quando da oitiva). Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 9 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Além disso, é conferido ao juiz, ainda, a possibilidade de determinar a apresentação de documentos que estejam em poder terceiros e que possam servir de subsídio para julgar o processo de inelegibilidade. Caso não atendido poderá expedir mandado de prisão e instaurar processo por crime de desobediência. ALEGAÇÕES FINAIS - Encerrada a instrução, faculta-se a apresentação das alegações finais no prazo comum de 5 dias na forma do art. 6 da LI. Vejamos duas observações: O prazo para alegações finais é comum. Isso significa dizer que as partes terão os mesmos 5 dias para apresentar as alegações finais. Dito de outro modo, o impugnado não pode aguardar o prazo de 5 dias do impugnante para, somente após, apresentar suas razões finais. A atuação do Ministério Público nos processos de inelegibilidade é obrigatória. Nesse sentido, quando o MP não ajuizar demanda própria, deverá participar da lide na qualidade de fiscal da lei (custos legis). Nessa hipótese, o MP, embora não seja parte, poderá apresentar alegações finais. Decisão - Após a apresentação das alegações finais, os autos serão conclusos ao juiz ou ao tribunal respectivo para julgamento. Art. 7° Encerrado o prazo para alegações, os autos serão conclusos ao Juiz, ou ao Relator, no dia imediato, para sentença ou julgamento pelo Tribunal. Parágrafo único. O Juiz, ou Tribunal, formará sua convicção pela livre apreciação da prova, atendendo aos fatos e às circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes, mencionando, na decisão, os que motivaram seu convencimento. Vimos acima que o juiz eleitoral é responsável pelo julgamento das impugnações apresentadas em face de candidatos aos cargos de Prefeito, de Vice-Prefeito e de Vereador. Em relação a essas impugnações, a LI determina o prazo de TRÊS DIAS para a prolação da sentença. RECURSO - Além disso, consta do referido dispositivo o prazo de TRÊS DIAS para apresentação de recurso ao TRE respectivo conforme os arts. 8º e 9º, da LI. O recurso cabível de decisão de juiz eleitoral em pleito municipal é o inominado, previsto no art. 265 do CE, admite-se neste caso retratação na forma do art. 267 §§ 6º e 7º do CE. É imprescindível que destaquemos três Súmulas do TSE: Súmula TSE nº 10: No processo de registro de candidatos, quando a sentença for entregue em cartório antes de três dias contados da conclusão ao juiz, o prazo para o recurso ordinário, salvo intimação pessoal anterior, só se conta do termo final daquele tríduo. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 10 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Súmula TSE nº 3: Não tendo o juiz aberto prazo para o suprimento de defeito da instrução do pedido, pode o documento, cuja falta houver motivado o indeferimento, ser juntado com o recurso ordinário. Súmula TSE nº 11: No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou não tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional. CONTRARRAZÕES - Vimos que o juiz eleitoral terá o prazo de três dias para apresentar a sentença e, em seguida, independentemente de intimação, inicia-se o prazo para recurso. Apresentado o recurso pela parte interessada, nos três dias seguintes, abre-se prazo para contrarrazões. Apresentadas as contrarrazões, os autos serão remetidos imediatamente para o TRE. JULGAMENTO DO RECURSO - Remetidos os Autos ao TRE, no mesmo dia serão tomadas duas providências: A Secretaria respectiva autuará o processo e apresentará ao Presidente do TRE. O Presidente do TRE distribuirá e determinará vistas ao Procurador Regional para parecer. O prazo para apresentação de parecer pelo Procurador será de DOIS DIAS. Após o decurso desse prazo, havendo, ou não, parecer, os autos serão encaminhados ao Relator que, em TRÊS DIAS, levará o processo a julgamento no Tribunal. É o que dispõe o art. 10, da LI. Notem que os prazos são apertados, não havendo margem, portanto, para atrasos no transcurso do processo. Tanto é assim que, se o Procurador Regional não apresentar parecer no prazo de dois dias, o processo voltará para o relator que dará seguimento ao feito, ainda que o parecer não tenha sido juntado. Além disso, dispõe o § único acima que não é necessário dar publicidade à inclusão do processo na pauta de julgamento, uma vez que os processos deverão ser acompanhados pelas partes interessadas. Poderão ser realizadas até duas reuniões no TRE para a discussão do recurso. Após a elaboração do relatório, faculta-se a palavra às partes e ao Procurador Regional. Em seguida, será proferido o voto do relator e dos demais juízes julgadores. Apurados os votos, o resultado será proclamado conforme o art. 11, da LI. Após o final da sessão de julgamento, faz-se a leitura e a publicação do acórdão, passando, a partir daí, a correr o prazo de TRÊS DIAS para recurso do acórdão para o TSE. Caberão os seguintes recursos ao TSE: Recurso ordinário - quando versar sobre inelegibilidade (art. 121 §4º III da CF); Recurso Especial - quando versar sobre condições de elegibilidade (art. 121 §4º I e II da CF) Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 11 76 ==1948c5== Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram E se tratar das duas matérias? O TSE responde por meio da Súmula 64, veja abaixo: Súmula TSE nº 64 Contra acórdão que discute, simultaneamente, condições de elegibilidade e de inelegibilidade, é cabível o recurso ordinário. Apresentado o recurso ao TSE, abre-se prazo de 3 dias para as contrarrazões. Em relação às contrarrazões é importante salientar que a LI prevê expressamente que a notificação ocorrerá por telegrama. Apresentadas as contrarrazões, os autos serão remetidos imediatamente ao TSE. É o que prescreve o art. 12, da LI. Finalizamos, assim, o procedimento de impugnação perante o juiz eleitoral. Procedimento no TRE e no TSE Na sequência, passaremos às regras relativas à impugnação de registro de candidatura de postulantes aos cargos de Senador da República, de Deputados Estadual e Federal e de Governador e de Vice-Governador, cujo processo tramita perante o TRE. Essas mesmas regras serão observadas em relação ao processo de impugnação do registro de candidatura aos cargos de Presidente e de Vice-Presidente que tramitam diretamente perante o TSE. Nessa última hipótese, só haverá Recurso Extraordinário ao STF na forma do art. 121 §3º e art. 102 III da CF. De acordo com os arts. 13 e 14, da LI, devem ser observadas as regras constantes do art. 10 e 11, da LI. Vamos aproveitar para repassar os dispositivos em forma de tópicos: remetidos os Autos ao TRE/TSE, a Secretaria respectiva autuará o processo e apresentará ao Presidente, que distribuirá e determinará vista ao Procurador Regional ou ao Procurador Geral, para parecer. AUTUAÇÃO > DISTRIBUIÇÃO > VISTA AO PROCURADOR O parecer deve ser apresentado em DOIS DIAS. Após, os autosserão encaminhados ao Relator, que em TRÊS DIAS levará o processo a julgamento no Tribunal. O processo será julgado em TRÊS DIAS. Inclusão em pauta para julgamento, independentemente de publicação. Poderão ser realizadas até duas reuniões para a discussão do processo. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 12 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Relatório, sustentação oral e voto do relator. Julgamento e proclamação do resultado. Leitura e publicação do acórdão, passando, a partir de então, a correr o prazo de TRÊS DIAS para recurso do acórdão para o TSE, se for o caso. Com o trânsito em julgado da sentença, ou acórdão, que julga procedente a impugnação do registro, podem ocorrer três situações: Nega-se o registro ao candidato; ou Se já concedido, o registro será cancelado; ou Declarado nulo o diploma caso já tenha sido expedido. Vejamos o art. 15, da LI, que trata do assunto: Art. 15. Transitada em julgado ou publicada a decisão proferida por órgão colegiado que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput, independentemente da apresentação de recurso, deverá ser comunicada, de imediato, ao Ministério Público Eleitoral e ao órgão da Justiça Eleitoral competente para o registro de candidatura e expedição de diploma do réu. Todo o procedimento é célere e os prazos são peremptórios e não se suspendem, conforme art. 16 da LI. peremptórios. Por peremptório devemos compreender que os prazos são irreleváveis, não podem ser dilatados muito menos descumpridos pelas partes; e não se suspendem aos sábados, domingos e feriados. Com a decisão de inelegibilidade do candidato, com a finalidade de que o partido político não fique sem candidato, permite-se a indicação de novo candidato, ainda que já tenha expirado o prazo para registro das candidaturas, conforme dispõe o art. 17, da LI. As regras para substituição do candidato estão previstas no art. 13 da Lei 9.504/97: Art. 13. É facultado ao partido ou coligação substituir candidato que for considerado inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo do registro ou, ainda, tiver seu registro indeferido ou cancelado. § 1o A escolha do substituto far-se-á na forma estabelecida no estatuto do partido a que pertencer o substituído, e o registro deverá ser requerido até 10 (dez) dias contados do fato ou da notificação do partido da decisão judicial que deu origem à substituição. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de 2009) Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 13 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram § 2º Nas eleições majoritárias, se o candidato for de coligação, a substituição deverá fazer- se por decisão da maioria absoluta dos órgãos executivos de direção dos partidos coligados, podendo o substituto ser filiado a qualquer partido dela integrante, desde que o partido ao qual pertencia o substituído renuncie ao direito de preferência. § 3o Tanto nas eleições majoritárias como nas proporcionais, a substituição só se efetivará se o novo pedido for apresentado até 20 (vinte) dias antes do pleito, exceto em caso de falecimento de candidato, quando a substituição poderá ser efetivada após esse prazo. Finalizamos, assim, o estudo do AIRC. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 14 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL (AIJE) A AIJE tem fundamento constitucional no art. 14 §9º da CF e está prevista no art. 22, da LI. Trata-se de ação que tem por finalidade apurar o abuso de poder político ou econômico nas eleições, que possa afetar a normalidade e a legitimidade do processo eleitoral. Além disso, utiliza-se a ação para apurar condutas violadoras da Lei das Eleições no que diz respeito à arrecadação e aos gastos de recursos eleitorais, bem como em relação às doações acima dos limites legais. Vamos ver algumas decisões do TSE no ano de 2021 tratando do abuso de poder econômico que você poderá encontrar na sua prova: Ac.-TSE, de 28.10.2021, no AgR-REspEl nº 57649 configura abuso do poder econômico o financiamento de campanha com recursos desconhecidos, com a ciência do candidato e consequente retificação da declaração de imposto de renda, como forma de conferir aparente legalidade aos recursos empregados. Ac.-TSE, de 16.9.2021, no AgR-REspEl nº 32821 configuram abuso do poder econômico os serviços médicos prestados gratuitamente pelo candidato no domicílio eleitoral onde exercia cargo público do qual se desincompatibilizou. Ac.-TSE, de 9.9.2021, no AgR-AI nº 21082 e, de 1º .8.2017, no AgR-RO nº 98090 Configura abuso do poder econômico a utilização de recursos patrimoniais em excesso, públicos ou privados, sob poder ou gestão do candidato, em seu benefício eleitoral. Ac.-TSE, de 17.8.2021, no AgR-RO-El nº 060975455 é insuficiente à caracterização do abuso de poder a veiculação de peças publicitárias, com exposição de ideário de associação da qual o candidato faz parte. Ac.-TSE, de 10.6.2021, no RO-El nº 060304010 inexigibilidade de litisconsórcio passivo necessário entre o candidato beneficiado e o autor da conduta ilícita em AIJE por abuso do poder político Ac.-TSE, de 15.4.2021, no AgR-REspEl nº 44228 e, de 12.2.2019, no AgR-RO nº 250310 possibilidade de a mídia impressa assumir posição favorável a determinada candidatura, devendo ser punida por eventuais excessos. Natureza Jurídica A AIJE, assim como a AIRC que estudamos anteriormente, constitui uma ação cível, de conhecimento, constitutiva, cassando o registro ou o diploma eleitoral ou declarar a inelegibilidade do candidato por abuso de poder nas eleições, arrecadação, gastos e doações irregulares e utilização indevida de veículos e meios de comunicação. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 15 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Assim... Vimos as hipóteses de cabimento e a natureza jurídica da ação. Sigamos para a análise dos legitimados, dos prazos e da competência. Legitimidade para a AIJE No que diz respeito à legitimidade para propositura da AIJE, serão observadas as mesmas regras relativas à legitimidade para o ajuizamento da AIRC. Logo: Legitimidade Ativa Poderão, portanto, ingressar com a AIJE o candidato (ou pré-candidato), o partido político, a coligação e o Ministério Público Eleitoral. É importante relembrarmos que, do mesmo modo, não poderão ajuizar a AIJE, conforme entendimento do TSE, o partido político coligado em ação individualmente proposta, o eleitor e o diretório de partido político. Legitimidade Passiva No que diz respeito à legitimidade passiva, será acionado em AIJE o candidato que se beneficiou pelo abuso do poder econômico ou político, realizou arrecadação ou gastos irregulares ou utilizou de forma indevida veículos e meios de comunicação. Quanto a matéria, houve importante modificação no entendimento do TSE, que exigia a formação de litisconsórcio passivo a ser formado com a pessoa (candidato ou não) que beneficiou ilicitamente candidato, praticando os atos vedados de modo a desiquilibrar a disputa eleitoral. O TSE entendeu que essa exigência acarreta ineficiência da AIJE então em 2021 decidiu pela inexigibilidade de litisconsórcio passivo necessário entre o candidato beneficiado e o autor da conduta ilícita em AIJE por abuso do poder político. Há necessidade deformação de litisconsórcio necessário e unitário com o vice, nos casos de candidaturas para o executivo, tendo em vista a indivisibilidade e unidade do mandado eletivo. Quanto a necessidade de litisconsórcio como partido, o TSE entende desnecessário. Veja o que diz as Súmula 38 e 40 do TSE: NATUREZA JURÍDICA DA AIJE ação civil ação constitutiva ou declaratória ação de conhecimento Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 16 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Súmula 38 do TSE Nas ações que visem à cassação de registro, diploma ou mandato, há litisconsórcio passivo necessário entre o titular e o respectivo vice da chapa majoritária. Súmula 40 do TSE O partido político não é litisconsorte passivo necessário em ações que visem à cassação de diploma. Prazo e Competência Antes de analisarmos o procedimento da AIJE, vejamos o prazo e a competência para julgamento da presente ação eleitoral. Se pesquisarmos na legislação eleitoral o prazo para propositura da AIJE, não encontraremos um prazo definido, nem sequer prazo inicial ou prazo final para ajuizamento da ação. Nesse contexto, é necessário nos socorrer à doutrina. No que diz respeito ao prazo inicial, segundo a doutrina, o AIJE poderá ser proposto a partir do registro da candidatura, tal como vimos em relação ao AIRC. O que define qual das ações deve ser proposta, como vimos, é o que se pretende impugnar. Há, contudo, julgados no TSE permitindo o ingresso com a AIJE mesmo antes de iniciado o processo eleitoral. No RO nº 1.530, por exemplo, o TSE analisou uma decisão em AIJE, processada e julgada fora do período eleitoral, dada a potencialidade de abuso do poder pelo uso indevido dos meios de comunicação e pelo abuso do poder econômico, em razão da ampla tiragem de um veículo de comunicação distribuído gratuitamente. Quanto ao prazo final, o TSE1 entendeu como a data da diplomação. ...o termo final do prazo decadencial para ajuizamento da AIJE é a data da diplomação. No que diz respeito à competência, se olharmos novamente o art. 22, caput, da LI, notamos a menção à Corregedoria Eleitoral. Desse modo, quando envolver eleição para os cargos de Presidente e de Vice- Presidente, a ação será ajuizada perante o Corregedor-Geral Eleitoral. Na ação em relação aos cargos de Governador, de Vice-Governador, de Senador da República, de Deputados Federais e Estaduais a competência será do Corregedor-Regional Eleitoral. 1 Ac.-TSE, de 9.3.2021, no REspEl nº 35773 Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 17 76 ==1948c5== Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Em ambos os casos, o julgamento será dado pelo Tribunal; Não há, entretanto, previsão no art. 22 quanto à competência para julgar a AIJE proposta contra Prefeito e Vice-Prefeito. O art. 24, da LI, porém, assim prevê: Art. 24. Nas eleições municipais, o Juiz Eleitoral será competente para conhecer e processar a representação prevista nesta Lei Complementar, exercendo todas as funções atribuídas ao Corregedor-Geral ou Regional, constantes dos incisos I a XV do art. 22 desta Lei Complementar, cabendo ao representante do Ministério Público Eleitoral em função da Zona Eleitoral as atribuições deferidas ao Procurador-Geral e Regional Eleitoral, observadas as normas do procedimento previstas nesta Lei Complementar. Tal previsão decorre do fato de que não há corregedoria no âmbito municipal. Desse modo, nas eleições para Prefeito, para vice-Prefeito e para vereador, a competência para processar e julgar a AIJE é do Juiz Eleitoral. Procedimento O procedimento da AIJE vem disciplinado nos incisos do art. 22. Antes de analisarmos as regras procedimentais, devemos saber que o procedimento é considerado sumaríssimo, tendo em vista que é célere, com prazos reduzidos. Além disso, o procedimento que passaremos a analisar aplica-se não apenas à AIJE, mas também à representação por captação ilícita de sufrágio, à representação para apuração de arrecadação e de gastos ilícitos e às representações por doações irregulares. PETIÇÃO INICIAL - A petição inicial da AIJE deve apresentar os requisitos processuais de uma ação cível normal, observando o que dispõe o CPC. Além disso, deve ser fundamentada, dirigindo-se ao Juiz ou ao Corregedor competente. Conforme disciplina o inc. I do art. 22 da LI, o Corregedor atuará na função de relator do processo, despachando a inicial e determinando a citação do candidato acionado judicialmente. Se faltar algum requisito necessário à petição inicial, o julgador indeferirá, desde logo, a petição. Quando a competência for do Juiz Eleitoral, do mesmo modo, ele despachará a inicial e citará o réu. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR A AIJE Corregedor-Geral Eleitoral Presidente e vice- Presidente da República Corregedor-Regional Eleitoral Governador e vice- Governador, Senador da República, Deputado Federal e Estadual Juiz Eleitoral Prefeito, vice-Prefeito e vereador Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 18 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram A petição inicial será indeferida quando não houver tipificação de conduta ilícita ou faltar algum requisito. Deve ser subscrita por advogado. Esta é a oportunidade para o requerimento de produção probatória, não sendo requerida neste momento não será posteriormente deferida. CITAÇÃO - O representado deve ser citado para apresentar defesa; DEFESA - Após a citação, o representado terá prazo de cinco dias para apresentar sua defesa, indicando testemunhas e documentos. MEDIDA CAUTELAR - Mais importante é a previsão da alínea “b” que disciplina a medida cautelar na AIJE. Em regra, a antecipação de tutela e da medida cautelar não são permitidas na seara eleitoral. Contudo, em relação à AIJE, há expressa previsão da medida cautelar, desde que presentes os requisitos. Portanto, atenção! Atente-se ao fato de que essa liminar não se destina a antecipar o mérito da questão (decretação de inelegibilidade ou cancelamento de registro). A medida é acautelatória, portanto, se destina a impedir a prática do ato que possa desequilibrar o pleito. Como exemplo podemos citar a suspensão da distribuição de materiais de construção, em plena época de eleição, por um dos candidatos. O inc. II prevê que, em caso de indeferimento da petição da AIJE, o legitimado ativo poderá requerer a análise da petição pelo Tribunal Respectivo, que decidirá no prazo de 24 horas. Registre-se que essa possibilidade de reanálise está limitada ao TRE e ao TSE, que são órgãos judiciais colegiados. No âmbito das eleições municipais, portanto, conforme entendimento do TSE (Resolução 22022/2005), não é possível invocar o inc. II. O inc. III prevê uma regra específica para os procedimentos que tramitam perante o TRE. Está disciplinado que, quando a AIJE não for processada regularmente ou quando houver demora, o interessado poderá acionar o TSE para que tome as providências necessárias. Houve uma supressão da palavra "não" no artigo conforme interpretação do TSE. DILAÇÃO PROBATÓRIA - Após o prazo para apresentação da resposta haverá, em 5 (cinco) dias, uma audiência de instrução para a produção das provas. Prevê o inc. V, do artigo acima citado, que cada parte poderá arrolar seis testemunhas. Lembre-se de que é o mesmo número de testemunhas que podem ser arroladas na AIRC e que o momento da apresentação do rol de testemunhas é na petição inicial ajuizada pelo representante e na defesa protocolada pelo representado. MEDIDA CAUTELAR NA AIJE REQUISITOS quando for relevante o fundamento; E quando do ato impugnado puder resultar a ineficiência da medida se julgada procedente Ricardo Torques Aula 13- Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 19 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Após a audiência de instrução, abre-se novo prazo de três dias para eventuais diligências e requerimentos determinados pelo julgador. Nesse prazo, além da oitiva de testemunhas referidas, poderá o juiz determinar o depósito de documentos em poder de terceiros. Neste caso, conforme entendimento do TSE, não há previsão de julgamento antecipado da lide é necessária a dilação probatória. ALEGAÇÕES FINAIS - Com o encerramento da instrução, abre-se prazo para que as partes, inclusive o Ministério Público, apresentem alegações finais no prazo comum de dois dias, conforme o inciso X. JULGAMENTO - Em seguida, os autos serão encaminhados ao Corregedor no dia seguinte. Em três dias, o Corregedor deverá apresentar o relatório para inclusão do feito em pauta, para julgamento. RECURSO – Da decisão do juiz singular sobre inelegibilidade caberá recurso inominado para o TRE em 3 dias. Da decisão do TRE caberá Recurso Ordinário para o TSE quando declarar inelegibilidade ou no caso de perda do diploma ou mandato em eleições federais ou estaduais. (art. 121 §4º III da CF), também em 3 dias. Consequência da procedência da AIJE O inc. XIV, do art. 22, é bastante importante e prevê a consequência do julgamento procedente da AIJE. De acordo com o dispositivo, será declarada a inelegibilidade do representado que permanecerá inelegível para as eleições que se realizarem nos próximos oito anos. Além disso, será cassado o registro e o Ministério Público será informado para apurar eventual crime eleitoral. Para a nossa prova, é fundamental conhecer as consequências do julgamento procedente da AIJE. Devemos ainda saber que o encerramento do mandato não acarreta a perda superveniente do interesse de prosseguimento da AIJE e tão pouco inviabiliza a sanção de inelegibilidade prevista no inciso XIV do art. 22 da LI. Vejamos, por fim, o inc. XVI: XVI – para a configuração do ato abusivo, NÃO será considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas APENAS A GRAVIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS QUE O CARACTERIZAM. Parágrafo único. O recurso contra a diplomação, interposto pelo representante, não impede a atuação do Ministério Público no mesmo sentido. Finalizamos, assim, o estudo da AIJE. Sigamos! Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 20 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO (AIME) Previsão constitucional e hipóteses de cabimento A AIME é uma ação eleitoral que tem sede constitucional, vejamos o que dispõe o art. 14, § 10 e 11, da CF: § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de QUINZE DIAS contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. Portanto, podemos afirmar que a AIME constitui uma garantia constitucional fundamental. Segundo a doutrina de Néviton Guedes1: O poder constituinte instituiu, neste dispositivo, ação constitucional de natureza civil, com propósito de garantir a higidez e a legitimidade do processo eleitoral, visando garantir, especialmente, a igualdade e a liberdade do sufrágio. Dessa forma, a AIME constitui um importante instrumento de democracia, ou seja, uma ação eleitoral constitucionalmente prevista, que visa desconstituir diplomas de candidatos que tenham praticado abuso de poder econômico, corrupção ou fraude durante o processo eleitoral, com a finalidade de manter a normalidade e a legitimidade do exercício do sufrágio. Importante destacar que, diferentemente do que o ocorre na captação ilícita de sufrágio, a procedência da AIME depende de prova de que o ato irregular influenciou o pleito comprometendo sua legitimidade, ou seja, é necessário provar a potencialidade lesiva dos atos ilegais. Portanto, são três as hipóteses de cabimento da AIME expressamente previstas, mais uma quarta que analisaremos na sequência. O abuso de poder já foi analisado em aula anterior. Devemos lembrar que o abuso de poder é caracterizado diante de conduta abusiva de utilização de recursos financeiros, públicos ou privados, ou de acesso a bens ou serviços em virtude do exercício de cargo público que tenha potencialidade para gerar desequilíbrio entre os candidatos, afetando a legitimidade e a normalidade das eleições. 1 CANOTILHO, J. J. Gomes [et. al.]. Comentários à Constituição do Brasil, São Paulo: Editora Saraiva, Portugal: Editora Medina, 2013, versão eletrônica. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 21 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram A corrupção, por sua vez, relaciona-se ao que está previsto no art. 299, do CE: Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita: (...) Desse modo, as condutas acima, além de gerarem a possibilidade de condenação do crime eleitoral, implicam também a possibilidade de serem acionados em sede de AIME. A fraude refere-se à votação com prejuízo indiscutível à lisura e à legitimidade do pleito eleitoral. Ademais, de acordo com o TSE, para configurar uma das hipóteses de AIME é necessária a constatação da potencialidade lesiva capaz de afetar as eleições. A quarta hipótese mencionada no esquema refere-se ao ajuizamento da AIME quando envolver violações à Constituição Federal não arguidas em tempo oportuno. Se vocês estiverem atentos, vimos nas páginas acima que o AIRC deve ser ajuizado no prazo de 5 dias, a contar da publicação do registro da candidatura e a AIJE até a data da diplomação. Ademais, existem algumas regras constitucionais que trazem regras eleitorais específicas, cujo descumprimento não há previsão de uma ação eleitoral própria. Nesses casos, a doutrina e a jurisprudência entendem que poderá ser apresentada a AIME, desde que o fato impugnado não tenha sido objeto de análise em ação judicial anterior. Desse modo, são exemplos de matérias que podem ser discutidas pelo rito do AIME: Legitimidade para a AIME Novamente o assunto aqui é bastante tranquilo, uma vez que retrata o que vimos em relação à AIRC e à AIJE: inelegibilidades constitucionais reeleição incompatibilidades constitucionais perda e suspensão dos direitos políticos filiação partidária domicílio eleitoral idade mínima para concorrer aos mandatos eletivos número de vagas ao Poder Legislativo Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 22 76 ==1948c5== Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Legitimidade Ativa Poderão ingressar com a AIME, portanto, o candidato (ou pré-candidato), o partido político, a coligação, bem como o Ministério Público Eleitoral. Legitimidade Passiva No que diz respeito à legitimidade passiva, será réu na ação de ação de impugnação de mandato eletivo diplomados infratores de abuso de poder econômico ou político ou que cometeram fraude ou corrupção eleitoral. Há necessidade de formação de litisconsórcio com o vice, nos casos de candidaturas para o executivo e com o suplente no caso do cargo de senador, tendo em vista a indivisibilidade e unidade do mandado eletivo. Quanto a necessidade de litisconsórcio como partido, embora haja alguma divergência doutrinária, o TSE entende desnecessário de acordo com as Súmula 38 e 40 do TSE já citadas. Prazoe competência Conforme vimos no dispositivo constitucional, o prazo para ajuizamento da AIME é de 15 dias, contados da diplomação. Esse prazo é decadencial, de modo que, ultrapassado o prazo de 15 dias, o interessado perde o direito subjetivo de acionar judicialmente candidato eleitoral e diplomado. No que diz respeito à competência para processar e julgar a AIME, observa-se a mesma regra relativa à AIRC. Desse modo, para as eleições municipais, quem processa e julga é o juiz eleitoral. Nas eleições estaduais/gerais, o responsável pelo julgamento é o TRE. Já em relação às eleições presidenciais, o TSE será o competente para o processamento da AIME. Procedimento Em relação ao procedimento da AIME é obrigatório conhecer duas informações. Primeiro, trata-se de uma ação que tramita em segredo de justiça. Segundo, a AIME é uma ação gratuita, salvo se temerária ou comprovada a má-fé. Fora esse regramento, não há previsão legal a respeito do procedimento da AIME. Já houve discussão quanto ao procedimento subsidiário a ser adotado, dada a ausência de previsão legal. Atualmente, o procedimento da AIME é disciplinado pela Resolução nº 21.634/2004, que determinou a aplicação do mesmo procedimento utilizado pela AIRC. Desse modo, aplica-se também à AIME as regras previstas entre os arts. 3 ao 17 da Lei de Inelegibilidade, que já estudamos acima. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 23 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Consequência da procedência da AIME De todo modo, caso julgada procedente a AIME, haverá a desconstituição do diploma concedido ao candidato e, se já estiver exercendo o cargo político, o julgamento impõe a perda do mandato eletivo. Finalizamos, assim, mais uma ação eleitoral! CONSEQUÊNCIA DA PROCEDÊNCIA DA AIME para o diplomado ainda não empossado desconstituição do diploma para o diplomado que já está exercendo as funções políticas perda do mandato eletivo Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 24 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram REPRESENTAÇÃO DO ART. 96 DA LEI DAS ELEIÇÕES A Lei nº 9.504/1997 – denominada de Lei das Eleições – estabelece uma série de regras atinentes ao procedimento eleitoral, disciplinando assuntos muito importantes, como registro de candidaturas e propaganda eleitoral. Ao final do seu texto, há a previsão de representação por descumprimento das regras relativas às eleições. Tal representação é mais uma das ações eleitorais que nos compete estudar neste tópico. Hipóteses de cabimento Logo, será cabível a Representação sempre que houver violação à Lei das Eleições. Legitimidade para a Representação da LE Legitimidade Ativa A legitimidade ativa observa o padrão que temos visto até agora, ou seja, são legitimados para ajuizar a representação prevista no art. 96, da LE, o partido político, a coligação ou o candidato. É o que se extrai do art. 96, caput, da LE. Note que não há previsão expressa para o Ministério Público Eleitoral. Assim, pergunta-se: terá o MP legitimidade para ajuizar a Representação prevista no Art. 96, da LE? Qual o fundamento? De acordo com a doutrina e com o entendimento pacífico do TSE, o Ministério Público Eleitoral tem legitimidade para ajuizamento da Representação, uma vez que se trata do exercício natural das funções institucionais do Ministério Público. Não faz sentido, portanto, conferir interpretação restritiva ao dispositivo acima mencionado. Legitimidade Passiva O legitimado passivo será aquele que violar a regras constantes da Lei das Eleições. Assim, em regra, o candidato será o legitimado passivo. Prazo e competência No que diz respeito ao prazo, entende-se que a ação poderá ser ajuizada sempre que houver violação à Lei das Eleições, sem delimitação fixa de prazos. HIPÓTESE DE CABIMENTO Violação à Lei das Eleições Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 25 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Em relação à competência para julgar a representação, vejamos novamente o que dispõe o art. 96 e os respectivos incisos: Art. 96. Salvo disposições específicas em contrário desta Lei, as reclamações ou representações relativas ao seu descumprimento podem ser feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato, e devem dirigir-se: I – aos Juízes Eleitorais, nas eleições municipais; II – aos Tribunais Regionais Eleitorais, nas eleições federais, estaduais e distritais; III – ao Tribunal Superior Eleitoral, na eleição presidencial. Tranquilo, né? É exatamente a mesma competência conferida para julgar a AIRC e a AIME. Antes de seguirmos, vamos analisar algumas regras específicas atinentes à competência. Segundo o §2º, do art. 96, da LE, quando envolver competência do Juiz Eleitoral cujo município é abrangido por mais de uma Zona Eleitoral, compete ao TRE determinar, entre os juízes eleitorais, qual será o competente para a análise das representações. O §3º, por sua vez, prevê que, no âmbito do TRE, serão designados três juízes auxiliares para apreciar as representações. Procedimento Seguindo com o estudo da Representação do art. 96, da LE, vamos passar a estudar o procedimento, que vem disciplinado nos §§ do dispositivo. A Representação deve ser apresentada com a indicação dos fatos, as provas, os indícios e as circunstâncias, nos termos do §1º. Recebida a reclamação, o representado será citado para responder à representação no prazo de 48 horas. É o que prevê o §5º, do art. 96, da LE. Após o recebimento da resposta, a Justiça Eleitoral terá prazo de 24 horas para decidir e publicar a decisão da Representação. Da decisão, abre-se prazo de 24 horas para apresentação de eventual recurso, com igual prazo para contrarrazões. Após apresentação do recurso e das contrarrazões, o Tribunal terá prazo de 48 horas para julgar. Finalmente, o §10 prevê a possibilidade de pedido de desaforamento, caso a Representação não seja julgada no prazo fixado. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 26 76 ==1948c5== Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram O §11, do art. 96, foi acrescentado pela Lei nº 13.165/2015. Esse dispositivo estabelece que os partidos políticos não sofrem as sanções decorrentes do julgamento da ação, como a aplicação de multas, ainda que tenham se beneficiado da conduta que gerou a representação. A única hipótese em que os partidos arcarão com as sanções será quando houver demonstração de participação do partido na conduta ilícita. Vejamos: § 11. As sanções aplicadas a candidato em razão do descumprimento de disposições desta Lei não se estendem ao respectivo partido, mesmo na hipótese de esse ter se beneficiado da conduta, SALVO quando comprovada a sua participação. Mais uma ação eleitoral vencida, sigamos! Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 27 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram REPRESENTAÇÃO POR CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO Hipótese de Cabimento A captação ilícita de sufrágio é abordada no art. 41-A, da Lei das Eleições. Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa de mil a cinquenta mil UFIR, e cassação do registro ou do diploma,observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990. Tal representação tem, portanto, o objetivo de combater práticas tendentes a violar a liberdade do voto e as situações de compra de voto. Deve haver contato do candidato ou terceiro a ele vinculado com o eleitor, visando a obtenção do voto (especial fim de agir), basta a conduta abusiva para configurar a ofensa ao bem jurídico (livre vontade do eleitor) não sendo necessário, para a configuração da hipótese de cabimento, o pedido explícito de votos. É suficiente, segundo o §1º, do art. 41-A, da LE, o dolo do candidato. Legitimidade para a Representação por Captação Ilícita de Sufrágio Legitimidade Ativa Aqui, sem qualquer problema! Poderão ingressar com a Representação os candidatos, os partidos políticos ou as coligações, assim como o Ministério Público Eleitoral. Legitimidade Passiva Para compreender a legitimidade passiva, vejamos o art. 41-A, §2º, da LE. Há grande controvérsia doutrinária sobre a matéria. Parte entende que poderá figurar no polo passivo qualquer pessoa, física ou jurídica, ainda que não seja candidata, uma vez que o art. 41-A da Lei 9.504/97 prevê a multa como sanção autônoma. Outra parte entende que apenas o candidato pode cometer o ato ilícito de captação de sufrágio, o terceiro Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 28 76 ==1948c5== Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram que em nome do candidato oferece ou entrega bem ou vantagem comete abuso de poder econômico ou corrupção. O TSE se alinha a segunda corrente.1 Prazo e competência A representação poderá ser apresentada desde o registro das candidaturas até a diplomação. Quanto à competência, vale a regra geral: Procedimento Quanto ao procedimento, aplica-se à representação por captação ilícita de sufrágio o regramento previsto no art. 22, da Lei de Inelegibilidade, que é o rito aplicável à AIJE. 1 REsp Eleitoral 9364-58.2009.6.00.000, Min. Rel. Cármen Lúcia, Tribunal Pleno, Publicado em sessão 10/05/2012. • candidatos • pré-candidatos com registro de candidatura formalizados • pessoas, que não são candidatas, envolvidas com a propaganda ilícita LEGITIMADOS PASSIVOS TSE Presidente vice-Presidente TRE Senador Deputado Federal Deputado Estadual Governador vice-Governador JUIZ ELEITORAL Prefeito vice-Prefeito Vereador Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 29 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram REPRESENTAÇÃO PARA APURAÇÃO DE ARRECADAÇÃO E DE GASTOS ILÍCITOS Hipótese de Cabimento A representação para apuração de arrecadação e de gastos ilícitos em campanha eleitoral é disciplinada pelo art. 30-A, caput, da Lei das Eleições. Art. 30-A. Qualquer partido político ou coligação poderá representar à Justiça Eleitoral, no prazo de 15 (quinze) dias da diplomação, relatando fatos e indicando provas, e pedir a abertura de investigação judicial para apurar condutas em desacordo com as normas desta Lei, relativas à arrecadação e gastos de recursos. Como podemos extrair da leitura do dispositivo acima, a LE prevê, especificamente, que a presente ação tem o objetivo de apurar a arrecadação e os gastos eleitorais ilícitos. Desse modo, podemos afirmar que a finalidade da Representação do art. 30-A, da LE, é apurar condutas em desacordo com as normas da Lei das Eleições, principalmente no que diz respeito à arrecadação e aos gastos de recursos. Legitimidade para a Representação por Arrecadação ou Gastos Ilícitos Legitimidade Ativa A partir do que se extrai do dispositivo acima citado, são legitimados ativos: partido político; coligação. Embora não mencionado, o Ministério Público também é legitimado para apresentar a Representação segundo entendimento pacífico do TSE. Já aos candidatos tal prerrogativa não é assegurada do que se extrai, por exemplo, do RO nº 1.498/20091. Logo: O CANDIDATO NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA APRESENTAR A REPRESENTAÇÃO PREVISTA NO ART. 30-A, DA LEI DAS ELEIÇÕES. 1 Recurso Ordinário nº 1498, Acórdão de 19/03/2009, Relator(a) Min. ARNALDO VERSIANI LEITE SOARES, Publicação: DJE - Diário da Justiça Eletrônico, Data 3/4/2009, Página 42 RJTSE - Revista de jurisprudência do TSE, Volume 20, Tomo 2, Data 19/3/2009, Página 84 Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 30 76 ==1948c5== Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Legitimidade Passiva O representado será o candidato. Prazo e competência Conforme vimos no caput, do art. 30-A, da Lei das Eleições, a ação deverá ser proposta no prazo de 15 dias, a contar da diplomação dos candidatos. Quanto à competência, observa-se o padrão, ou seja, para as eleições municipais é do Juiz Eleitoral, para as eleições estaduais é do TRE e para as eleições presidenciais é do TSE. Procedimento O procedimento a ser observado será o que está disposto no art. 22, da Lei de Inelegibilidade, que estudamos na AIJE. Nesse sentido, dispõe o art. 30-A, §1º, da LE. Há, contudo, uma regra específica que vem disciplinada no art. 30-A, §3º, da LE: § 3º O prazo de recurso contra decisões proferidas em representações propostas com base neste artigo será de 3 (TRÊS) DIAS, a contar da data da publicação do julgamento no Diário Oficial. Consequência da procedência da Representação por Arrecadação ou Gastos Ilícitos Os efeitos da condenação vêm dispostos no art. 30-A, §2º, da LE: § 2º Comprovados captação ou gastos ilícitos de recursos, para fins eleitorais, será negado diploma ao candidato, ou cassado, se já houver sido outorgado. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 31 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram RECURSO CONTRA A DIPLOMAÇÃO (RCED) Em sequência aos nossos trabalhos, chegamos à RCED, uma das mais importantes ações eleitorais. Trata-se de um instrumento jurídico previsto no art. 262, do Código Eleitoral, cuja redação foi alterada pela Lei nº 12.891/2013 e recentemente pela Lei 13.877/19. Hipóteses de cabimento Vejamos: Art. 262. O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos casos de inelegibilidade superveniente ou de natureza constitucional e de falta de condição de elegibilidade. Portanto, são três hipóteses: Inelegibilidade superveniente. Em regra, as inelegibilidades são arguidas em sede de AIRC. Conforme vimos, essa ação eleitoral deverá ser ajuizada no prazo de cinco dias após a publicação do registro do candidato. Dessa forma, eventuais situações de inelegibilidade superveniente – posteriores ao registro da candidatura – deverão ser questionadas por intermédio da RCED. Inelegibilidades constitucionais. Como vimos, as hipóteses constitucionais de inelegibilidade são sofrem a preclusão e, em razão disso, poderão ser arguidas mesmo após o decurso do prazo da AIRC, em RCED. Condições constitucionais de Elegibilidade. Do mesmo modo, em caso de não preenchimento de alguma das condições constitucionais de elegibilidade poderá ser ajuizada a RCED. Importante ressaltar que a Lei 13.877/2019 acrescentou os §§ 1º e 2º no art. 262 do CE, impondo limites ao manejo do RCED, vejamos o texto legal: § 1º A inelegibilidade superveniente que atrai restrição à candidatura, se formulada no âmbito do processo de registro, não poderá ser deduzida no recurso contra expedição de diploma. § 2º A inelegibilidade superveniente apta a viabilizar o recurso contra a expedição de diploma, decorrente de alterações fáticas ou jurídicas, deverá ocorrer até a data fixada para que os partidos políticos e as coligações apresentem os seus requerimentosde registros de candidatos. Vejamos, ainda, o texto da Súmula 47 do TSE complementando a matéria: Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 32 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Súmula 47 do TSE A inelegibilidade superveniente que autoriza a interposição de recurso contra expedição de diploma, fundado no art. 262 do Código Eleitoral, é aquela de índole constitucional ou, se infraconstitucional, superveniente ao registro de candidatura, e que surge até a data do pleito. Natureza Jurídica Quanto à natureza da RCED há divergência doutrinária, uma vez que alguns entendem que se trata de ação eleitoral e outros de uma espécie de recurso. Não há tese predominante, razão pela qual acreditamos que a matéria não venha a ser objeto de questionamento em prova. 1ª Corrente: pela primeira corrente, o RCED é um recurso contra a decisão judicial de diplomação. Os defensores desse pensamento consideram que a diplomação constitui um ato judicial do qual cabe recurso, apresentado por intermédio do RCED. 2ª Corrente: pela segunda corrente, defende-se que o RCED é verdadeiramente uma ação eleitoral autônoma, a ser ajuizada a partir da diplomação do candidato perante a Justiça Eleitoral. Frisamos que é importante conhecer a divergência, contudo, para fins de prova objetiva, as possibilidades de cobrança são pequenas. Legitimidade para a RCED Em relação à legitimidade, no RCED temos algumas particularidades, que fogem à regra que vimos até o momento. Por isso, atenção! Legitimidade Ativa Poderão apresentar o RCED o candidato – eleito ou não –, o partido político e o Ministério Público. Quanto à coligação, embora o TSE entenda que ela possa ajuizar o RCED, há um aspecto peculiar que merece atenção. Vimos, em outras ações eleitorais, que se o partido estiver coligado, não poderá isoladamente apresentar a ação, pois a legitimidade seria conferida, em tais situações, à coligação. Aqui a doutrina faz uma ponderação importante. Considera-se dissolvida a coligação com a diplomação, de forma que o partido, ainda que estivesse coligado, pode ajuizar isoladamente a RCED. Por fim, devemos deixar claro que o Ministério Público eleitoral, quando não atuar como parte no RCED, será obrigatoriamente intimado para atuar como fiscal da lei (custos legis). Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 33 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram Legitimidade Passiva Já em relação à legitimidade passiva não há maiores problemas, pois o representado na RCED será o candidato diplomado. Aqui também será exigido o litisconsórcio passivo necessário do vice em caso de eleição majoritárias para cargos no executivo e do suplente no caso de eleição para senador. Prazo e competência O RCED será apresentado no prazo de três dias, a contar da diplomação do candidato, com a finalidade de cassar o diploma expedido pela Justiça Eleitoral. Já em relação à competência, o regramento é específico. Vamos ver cada uma das eleições. Em relação às eleições municipais, o Juiz Eleitoral será competente para receber a Representação que processará o recurso e que encaminhará o RCED ao TRE. Dessa forma, o recurso será apresentado perante o Juiz Eleitoral, que o remeterá ao TRE para processamento. Quando envolver eleições gerais/estaduais, o RCED será apresentado diretamente no TRE que o processará e o encaminhará para o TSE para julgamento, seguindo o mesmo padrão acima. Nas eleições presidenciais, por sua vez, o RCED será apresentado no TSE e processado e julgado no próprio Tribunal. Vejamos o teor da Súmula 37 do TSE: Compete originariamente ao Tribunal Superior Eleitoral processar e julgar recurso contra expedição de diploma envolvendo eleições federais ou estaduais. Em 2018 o STF em sede do julgamento da ADPF 167 por maioria fixaram tese nos seguintes termos: “O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão competente para julgar os Recursos Contra Expedição de Diploma nas eleições presidenciais e gerais (federais e estaduais)” Procedimento Vejamos, de forma objetiva, o rito do RCED que observa um procedimento especial e sumaríssimo, previsto no Código Eleitoral. Vejamos o texto do §3º do art. 262 incluído pela Lei 13.877/2019 prevendo o prazo de 3 dias para a apresentação do RCED: § 3º O recurso de que trata este artigo deverá ser interposto no prazo de 3 (três) dias após o último dia limite fixado para a diplomação e será suspenso no período compreendido entre os dias 20 de dezembro e 20 de janeiro, a partir do qual retomará seu cômputo. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 34 76 ==1948c5== Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram O RCED é recebido e processado desde que ajuizado no prazo de três dias após a diplomação. Em seguida, notifica-se o representado que terá os mesmos três dias para apresentar resposta ao recurso. Tanto na apresentação do RCED como na resposta a prova deve ser pré-constituída. Isso significa dizer que não há, em regra, dilação probatória. Todos os elementos devem ser trazidos aos Autos com a peça inicial e com a resposta. O TSE, todavia, tem flexibilizado esse entendimento, permitindo, inclusive, a oitiva de testemunhas com fundamento no princípio da ampla defesa. De todo modo, para fins de prova, devemos ter em mente que a prova é pré-constituída. Dessa forma, se na resposta ao RCED o representado apresentar provas, concede-se ao postulante a possibilidade de se manifestar no prazo de 48 horas, a respeito dos documentos acostados. Em seguida, caso o Ministério Público não seja a parte, será intimado para apresentar parecer no prazo de 48 horas. Após parecer, os Autos são encaminhados ao Juiz Eleitoral ou ao TRE, que poderá fazer um juízo de retratação, cancelando a diplomação. Caso insista em manter o diploma, os Autos serão encaminhados ao TRE ou ao TSE, respectivamente, para julgamento. Finalizamos, assim, o estudo do RCED e das ações eleitorais. Ricardo Torques Aula 13 - Somente PDF TRE-PR (Técnico Judiciário - Área Administrativa) Noções de Direito Eleitoral www.estrategiaconcursos.com.br 35 76 Adquirido em: @Xinyuu_bot - Telegram QUESTÕES COMENTADAS 1. (FGV/TJ-PR - 2021) João requereu o registro de sua candidatura, perante a Justiça Eleitoral, para concorrer a cargo eletivo no âmbito da União. Maria ingressou com ação de impugnação ao registro, sob o argumento de que João estaria com a sua cidadania passiva restringida, por estar cumprindo pena restritiva de direitos, em substituição à pena privativa de liberdade, aplicada, pela Justiça Estadual, em processo penal no qual fora condenado com sentença transitada em julgado. A tese de Maria: A) deve ser acolhida, pois a condenação penal, ainda que aplicada pena restritiva de direitos nos termos descritos, configura óbice, enquanto produzir efeitos, a que João concorra a um cargo eletivo; B) não deve ser acolhida, pois a cidadania passiva, por ter estatura constitucional, é insuscetível de ser restringida, sendo certo que a condenação criminal produz efeitos outros que não este; C) não deve ser acolhida, pois a condenação penal, para que produza os efeitos pretendidos por Maria, deve ser proferida por órgão jurisdicional do mesmo nível federativo do cargo em disputa; D) não deve ser acolhida, pois apenas o cumprimento de pena privativa de liberdade constitui óbice a que o agente concorra a mandato eletivo, qualquer que seja o nível federativo; E) deve ser acolhida, pois, para que uma pessoa concorra a cargo eletivo, não pode ter qualquer condenação penal inscrita em sua folha de antecedentes criminais. Comentários A suspensão dos direitos políticos decorre da condenação