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Biologia-02-Moderna-Plus-(com-respostas)-055-057

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Capsídio DNA
Envelope 
membranoso Cabeça
Fibras
Capsídio
RNA
Cauda
DNA
Capsídio
RNA
Capsídio
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Ainda que a maioria dos vírus cause prejuízos à humanidade, há estudos em andamento 
demonstrando que alguns deles podem nos trazer benefícios. Grande parte dos projetos de 
geneterapia, cujo objetivo é curar doenças genéticas, baseia-se no emprego de vírus genetica-
mente modificados que transportariam genes normais para dentro de células doentes. Estuda-se 
também a possibilidade de se utilizar vírus que atacam bactérias (os chamados bacteriófagos) 
para combater infecções bacterianas resistentes ao tratamento com antibióticos.
2 A estrutura dos vírus
Um vírus é fundamentalmente constituído por uma ou mais moléculas de ácido nucleico (DNA 
ou RNA), envoltas por moléculas de proteínas que constituem o capsídio. Certos tipos de vírus 
apresentam, ainda, um revestimento mais externo, denominado envelope, formado por partes 
de membrana plasmática da célula em que se originaram. (Fig. 2.2)
Figura 2.2 Representação esquemática de alguns vírus, com parte do capsídio removida para mostrar 
o ácido nucleico em seu interior. (Imagens sem escala, cores-fantasia.) Na parte inferior, micrografias 
desses mesmos vírus ao microscópio eletrônico de transmissão, colorizadas artificialmente.
Vírus do mosaico do 
fumo (aumento  62.0003)
Adenovírus
(aumento  33.0003)
Vírus da gripe
(aumento  91.4003)
Bacteriófago T4
(aumento  91.7003)
O genoma viral
No ácido nucleico do vírus localizam-se os genes, que são as informações codifica-
das necessárias para se produzir novas partículas virais. O conjunto desses genes é o 
genoma viral.
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Comparados a outros organismos, os vírus têm poucos genes. Enquanto o genoma humano tem 
cerca de 25 mil genes e o genoma bacteriano cerca de 4 mil, o vírus da varíola, um dos maiores 
e mais complexos, tem apenas 200 genes. Vírus pequenos como o HIV (vírus da aids) e o vírus 
do sarampo têm menos de 10 genes.
Vírus de DNA e vírus de RNA
O genoma da absoluta maioria dos vírus constitui-se apenas de um tipo de ácido nucleico, 
que pode ser o DNA (ácido desoxirribonucleico) ou o RNA (ácido ribonucleico). Assim, de acordo 
com o tipo de material genético que apresentam, os vírus são classificados em vírus de DNA e 
vírus de RNA.
Recentemente, descobriu-se que alguns vírus de DNA, entre eles o citomegalovírus e o vírus 
da hepatite B, podem iniciar a fabricação de moléculas de RNA enquanto ainda estão se formando 
na célula hospedeira. Sendo assim, a partícula viral contém os dois tipos de ácidos nucleicos. 
Apesar disso, eles continuam a ser considerados vírus de DNA, pois esse é o ácido nucleico bá-
sico de seu genoma.
O genoma viral entra em atividade assim que penetra na célula hospedeira, geralmente esti-
mulado por enzimas da própria célula. Uma vez ativado, o material genético do vírus passa a se 
multiplicar, produzindo dezenas ou centenas de cópias de si mesmo; ao mesmo tempo, tem início 
a produção de moléculas de RNA mensageiro (RNAm) viral, que orientam a formação de proteínas 
do vírus. Algumas delas causam alterações no funcionamento da célula hospedeira, controlando 
seu metabolismo para produzir novos vírus. Outras proteínas farão parte do capsídio que envolve 
e protege o material genético dos vírus que se formarão.
Tanto o DNA quanto o RNA que constituem o genoma viral podem apresentar cadeia simples 
ou cadeia dupla. A maioria dos vírus de DNA têm esse ácido nucleico em cadeia dupla; entre os 
que apresentam DNA de cadeia simples destacam-se o bacteriófago X174, um vírus de bactérias, 
e o parvovírus, causador de uma virose em cães. Por outro lado, a maioria dos vírus de RNA tem 
cadeia simples; entre os poucos que têm RNA em cadeia dupla destacam-se muitos dos vírus 
que atacam plantas, e o reovírus, que causa diarreia em seres humanos.
Os vírus de RNA de cadeia simples costumam ser classificados em três tipos básicos: vírus 
de cadeia 2 (negativa), vírus de cadeia 1 (positiva) e retrovírus.
Os vírus de cadeia 2 (RNA2) produzem moléculas de RNA mensageiro (RNAm) com sequên-
cia de bases complementar à do RNA genômico. Ao penetrar na célula hospedeira, a cadeia de 
RNA viral, chamada de cadeia 2, é ativada e serve de molde para a síntese de moléculas de RNA 
complementares; por exemplo, se a cadeia 2 tiver a sequência de bases AACUUAGCC, o RNAm 
sintetizado por ela terá a sequência complementar UUGAAUCGG. Parte das moléculas de RNA 
assim produzidas atua diretamente na síntese de proteínas virais. Outra parte é utilizada como 
molde para a síntese de novas cadeias 2, que serão empacotadas e constituirão o genoma dos 
novos vírus formados na célula infectada. São exemplos de vírus de cadeia 2 os hantavírus, que 
causam febre hemorrágica, e os vírus de gripe. (Fig. 2.3A) 
Os vírus de cadeia 1 (RNA1) produzem moléculas de RNAm com sequência de bases idên-
tica à do RNA genômico. Na célula hospedeira, a molécula de RNA viral, chamada de cadeia 1, é 
ativada e serve de molde para a síntese de moléculas de RNA complementares; estas, por sua 
vez, atuam como molde para a produção de cadeias 1 idênticas à originalmente presente no 
vírus. Algumas das cadeias 1 produzidas são utilizadas como RNAm, comandando diretamente 
a síntese das proteínas virais; outras serão empacotadas no interior de capsídios proteicos e 
constituirão o genoma dos novos vírus formados na célula infectada. São exemplos de vírus de 
cadeia 1 o vírus da rubéola e o vírus da dengue. (Fig. 2.3B)
Os retrovírus contêm uma cadeia simples de RNA genômico associada à enzima transcrip-
tase reversa. Esta catalisa a síntese de uma cadeia simples de DNA cuja sequência de bases é 
complementar à do RNA viral. Por exemplo, se no RNA do retrovírus houver a sequência de bases 
AACUUAGCC, a transcriptase reversa orientará a formação de uma cadeia de DNA com sequên-
cia TTGAATCGG. O nome da enzima refere-se ao seu modo de ação: ela faz uma transcrição ao 
contrário (reversa) em relação ao que normalmente ocorre nas células, que seria a produção de 
RNA a partir de DNA.
FORMAÇÃO DE 
NOVOS VÍRUS
FORMAÇÃO DE 
NOVOS VÍRUS
CÉLULA
INFECTADA
Síntese de
proteínas
CÉLULA
INFECTADA
CÉLULA
INFECTADA
FORMAÇÃO DE 
NOVOS VÍRUS
Proteínas
virais
Proteínas
virais
Proteínas
virais
RNA viralRNA � RNA �
Síntese de cadeias
de RNA � a partir
do RNA �
DNA viral integrado
no cromossomo 
da célula
Degradação
do RNA viral e
síntese da
cadeia
complementar
de DNA
Síntese de cadeia
de DNA a partir do
RNA viral
Transcriptase
reversa
RNA
Síntese de
proteínas
Síntese de
cadeias
de RNA �
a partir
do RNA �
RNA �RNA �
Síntese de RNA
viral a partir do
DNA viral
VÍRUS
INFECTANTE
DE RNA �
RETROVÍRUS
INFECTANTE
Síntese de
proteínas
Síntese de
cadeias de
RNA � a partir
do RNA �
RNA �
VÍRUS
INFECTANTE
DE RNA �
Síntese de
cadeias
de RNA �
a partir
do RNA �
Síntese de
cadeias de
RNA � a partir
do RNA �
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À medida que sintetiza a cadeia de DNA, a transcriptase reversa degrada o RNA que serviu 
de molde. Em seguida, a enzima comanda a produção de uma cadeia de DNA complementar à 
primeira, originando uma molécula de DNA de cadeia dupla. Esse DNA será utilizado, então, para 
transcrever moléculas de RNAm que orientam a síntese das proteínas virais. O DNA produzido 
pela transcriptase reversa sintetiza também moléculas de RNA que serão empacotadas e cons-
tituirão o genoma dos novosvírus formados na célula infectada. Um exemplo de retrovírus é o 
HIV, o vírus causador da aids. (Fig. 2.3C)
Figura 2.3 Representação esquemática dos processos de síntese que caracterizam os três diferentes tipos 
de vírus de RNA de cadeia simples: vírus de cadeia RNA2 (A), vírus de cadeia RNA1 (B) e retrovírus (C). 
(Imagens sem escala, cores-fantasia.)
Envoltórios virais
O ácido nucleico viral é revestido por um envoltório protetor de natureza proteica, o capsídio, 
que pode apresentar formas variadas e complexas. Juntos, capsídio e ácido nucleico compõem 
o nucleocapsídio.
Em certos vírus, o nucleocapsídio é envolto externamente por uma membrana lipoproteica, o 
envelope viral, formada quando a partícula viral é expelida pela célula hospedeira. Além de proteínas 
e lipídios de origem celular, o envoltório do nucleocapsídio contém proteínas virais específicas, que 
foram adicionadas à membrana celular enquanto o vírus se multiplicava no interior da célula hospe-
deira. A presença ou não de envoltório lipoproteico permite classificar os vírus em duas categorias: 
vírus envelopados e vírus não envelopados. Exemplos de vírus envelopados são os vírus da herpes, 
da varíola, da rubéola e da gripe. Exemplos de vírus não envelopados são o adenovírus, que causa 
infecções respiratórias e conjuntivites, e o vírus da poliomielite, que causa paralisia infantil.

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