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AMPLIE SEUS CONHECIMENTOS R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 159 C a p ít u lo 6 • D iv e rs id a d e e r e p ro d u çã o d a s p la n ta s Musgos dotados de tecidos condutores de seiva Apesar de serem consideradas plantas avasculares, certas espécies de mus- go apresentam, na porção central do cauloide, o hadroma e o leptoma, tecidos especializados na condução de água e nutrientes pelo corpo da planta. O hadroma localiza-se na região mais interna do musgo e é constituído por células alongadas denominadas hidroides (do grego hydro, água), que apresen- tam paredes transversais finas e altamente permeáveis, dispostas em fileiras ao longo do cauloide. Ao atingir a maturidade, os hidroides morrem e tornam-se ocos, o que possibilita o deslocamento de água e de nutrientes minerais em seu interior. Nisso eles se assemelham aos vasos lenhosos das plantas vasculares, que também são células mortas e ocas, especializadas na condução da seiva bruta (água e sais). O leptoma situa-se ao redor do hadroma e é constituído por células alongadas denominadas leptoides (do grego leptos, fino). Quando atingem a maturidade, os leptoides perdem o núcleo, mas mantêm o citoplasma. Ao longo do cauloide formam-se fileiras de leptoides unidos por plasmodesmos. Os leptoides formam um cilindro contínuo ao redor do feixe de hidroides e transportam substâncias orgânicas pelo corpo da planta. Tanto em estrutura quanto em função, leptoides são semelhantes aos vasos condutores de seiva elaborada (solução de substân- cias orgânicas) das plantas vasculares. O conjunto formado por hidroides e leptoides assemelha-se ao encontrado em fósseis de plantas conhecidas como protraqueófitas, consideradas um elo evolutivo entre as plantas avasculares e as plantas vasculares (traqueófitas). (Fig. 6.7) Cápsula (Esporângio) Seta Filoide Vista superficial da epiderme Estômato Fenda estomática Parênquima Epiderme Camada de substâncias protetoras da epiderme Corte transversal do cauloide Cauloide Rizoides Es po ró fit o G am et óf ito Hadroma Leptoma Figura 6.7 Representação esquemática da organização corporal do musgo Dawsonia superba, nativo da Nova Zelândia e um gigante entre as briófitas, com esporófitos que podem atingir 50 centímetros de altura. (Imagens sem escala, coresfantasia.) MUSGOS Esporófitos Gametófitos Rizoides Filoides Cauloide ANTÓCEROS Gametófito feminino Gametófito masculino Gametóforo feminino Gametóforo masculino Rizoide Rizoide R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 160 U n id a d e C • D iv e rs id a d e , a n at o m ia e f is io lo g ia d a s p la n ta s Figura 6.9 Talo de hepática com conceptáculos. 4 Reprodução e ciclo de vida das briófitas Reprodução assexuada Muitas briófitas reproduzemse assexuada- mente por fragmentação, processo em que pedaços de um indivíduo ou de uma colônia geram novos gametófitos. Em hepáticas e antóceros, os gametófitos crescem por ex- pansão das bordas de seu corpo taloso, que eventualmente pode partirse e originar novos indivíduos. Hepáticas do gênero Marchantia produzem estruturas especializadas para a reprodução assexuada, os propágulos, que se formam no interior de conceptáculos, estruturas em for- ma de taça localizadas na face superior do talo. Os propágulos desprendemse da plantamãe e são transportados por respingos de água, poden- do desenvolverse e originar, assexuadamente, novos indivíduos. (Fig. 6.9) B HEPÁTICAS A Figura 6.8 A. Desenhos de um musgo, à direita, e de um antócero, à esquerda. B. Desenhos das estruturas reprodutivas presentes na extremidade dos gametóforos das hepáticas. Gametófitos de musgos crescem eretos, perpendiculares ao solo. Seu eixo principal, por lem- brar o caule das plantas vasculares, é denominado cauloide; dele emergem lâminas que lembram folhas, por isso denominadas filoides (do grego phyllon, folha). A organização interna dos filoides é relativamente simples, com tecidos pouco diferenciados e ausência de vasos condutores de seiva. Os esporófitos dos musgos são filamentos finos que crescem sobre os gametófitos, com uma dilatação na extremidade livre. (Fig. 6.8) Os gametófitos das briófitas fixamse ao solo, rochas ou troncos de árvores por meio de es- truturas filamentosas que lembram raízes e são, por isso, denominadas rizoides (do grego rhiza, raiz). A função principal dos rizoides é a fixação do musgo e não a absorção de água e nutrientes minerais, como ocorre com as raízes das plantas vasculares. A absorção de água e sais minerais ocorre por todo o corpo do musgo, e a distribuição das substâncias absorvidas se dá por difusão célula a célula. A passagem de substâncias entre as células ocorre por pontes citoplasmáticas que atravessam as paredes celulares, os plasmodesmos. Conceptáculos contendo propágulos Células do canal Ducto aberto pela degeneração das células do canal Oosfera madura (n) Local onde se desenvolverá a placenta Oosfera amadurecendo Arquegônios em formação DIFERENCIAÇÃO DE ARQUEGÔNIOS Filoide ÁPICE DO GAMETÓFITO FEMININO R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 161 C a p ít u lo 6 • D iv e rs id a d e e r e p ro d u çã o d a s p la n ta s Reprodução sexuada A maioria das briófitas é dioica (do grego di, duas, e oikos, casa), ou unissexual: há plantas com estruturas reprodutoras masculinas (anterídios) e plantas com estruturas reprodutoras femininas (arquegônios). Algumas espécies são monoicas (do grego monos, uma, e oikos, casa), ou bissexuais, isto é, a mesma planta tem estruturas reprodutoras masculinas e estruturas reprodutoras femininas. A estrutura reprodutora masculina, o anterídio (do grego anthos, flor), desenvolvese a partir de um grupo de células que se dividem intensamente e originam uma estrutura em forma de saco, com uma camada externa de células estéreis que envolvem um conjunto de células férteis; estas darão origem a gametas masculinos, os anterozoides (do grego anthos, flor, e zoide, célula sexual masculina). Anterozoides de briófitas têm dois flagelos que possibilitam nadar até os gametas femininos; essas plantas dependem de água em estado líquido para reproduziremse sexuadamente. A estrutura reprodutiva feminina, o arquegônio (do grego archeos, primeiro, e gonós, órgão genital), tem forma de vaso com pescoço fino e longo. Na porção basal e mais dilatada do arquegô- nio, uma célula cresce e se diferencia no gameta feminino, a oosfera (do grego oión, ovo). Quando a oosfera amadurece, as células da porção central do pescoço do arquegônio desintegramse e originam um fluido que permite aos anterozoides nadar até o gameta feminino. Os anterozoides são atraídos para a oosfera por certas substâncias que ela libera quando madura. Ao atingir a oosfera, o anterozoide fundese a ela pelo processo de fecundação, dando origem a um zigoto diploide. Este se divide por mitoses sucessivas e forma um aglomerado maciço de células diploides, o embrião. (Fig. 6.10) Anterídios em formação Células férteis Anterídio maduro Camada de células estéreis Anterídio maduro Anterídio rompido liberando anterozoides Anterozoide (n) DIFERENCIAÇÃO DE ANTERÍDIOS Filoide Flagelos ÁPICE DO GAMETÓFITO MASCULINO Figura 6.10 Representações esquemáticas de cortes longitudinais de anterídios e de arquegônios de um musgo, em que os órgãos reprodutivos se formam no ápice das plantas. (Imagens sem escala, coresfantasia.)