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133 C a p ít u lo 7 • P ro p a g a çã o d o c a lo r 133 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Objetivos Compreender como ocorre o processo de convecção térmica. Reconhecer a ocorrência e as consequências da convecção térmica. Termos e conceitos • correntes de convecção • brisa marítima • brisa terrestre • inversão térmica Seção 7.3 Convecção térmica A convecção consiste no transporte de energia térmica de uma região para outra por meio do transporte de matéria, o que só pode ocorrer nos fluidos (líquidos e gases). A movimentação das diferentes partes do fluido ocorre pela diferença de densidade que surge em virtude do seu aquecimento ou resfriamento. Na figura 9 está representado um líquido sendo aquecido em sua par- te inferior. As porções mais quentes das regiões inferiores, tendo sua densidade diminuída, sobem. As porções mais frias da região superior, tendo maior densidade, descem. Colocando-se serragem no líquido, é possível visualizar as correntes líquidas ascendentes quentes e des- cendentes frias. Essas correntes líquidas são denominadas correntes de convecção. Figura 9. Correntes de convecção num líquido em aquecimento. Conteúdo digital Moderna PLUS http://www.modernaplus.com.br Atividade experimental: O gelo que não derrete 1 2 Para permitir a convecção térmica, o congelador da geladeira deve estar na parte superior (1), mas o aquecedor de um ambiente deve ser colocado no solo (2). Citamos, a seguir, algumas aplicações e consequências da convecção térmica. • Na retirada de gases pelas chaminés, os gases aquecidos, resultantes da combustão, têm densidade diminuída e sobem, sendo eliminados. Ao redor da chama, cria-se uma região de baixa pressão que “aspira” o ar externo, mantendo a combustão. • Devido a diferenças de temperatura em diferentes pontos da atmosfera, estabelecem-se correntes de convecção ascendentes, de ar quente, e descendentes, de ar frio. Planadores, asas-delta e outros veículos não motorizados movimentam-se no ar graças a essas correntes. O veículo somente ganha altitude quando alcança uma corrente quente ascendente, pois em voo planado está sempre descendo. V2_P1_UN_C_CAP_07.indd 133 22.08.09 09:02:47 134 U n id a d e C • A e n e rg ia t é rm ic a e m t râ n si to 134 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Figura 10. Durante o dia, sopra a brisa marítima e, à noite, sopra a brisa terrestre. A B Nas grandes cidades, a convecção é um fenômeno muito importante para a dispersão dos poluentes atmosféricos. Estando os gases eliminados pelos veículos automotores e pelas in- dústrias mais quentes que o ar das camadas superiores, eles sobem e se diluem na atmosfera. No inverno, entretanto, é comum o ar poluído próximo ao solo estar mais frio que o ar puro das regiões mais elevadas. Desse modo, deixa de ocorrer a convecção, aumentando a concentra- ção dos poluentes no ar que a população respira, com graves consequências, sobretudo para crianças e pessoas idosas ou doentes. Essa ocorrência recebe o nome de inversão térmica e pode ser agravada na ausência de ventos e de chuva. A cidade de São Paulo, em uma manhã de inversão térmica, vista da Serra da Cantareira. • Nos radiadores de automóveis, a água quente aquecida pelo motor, sendo menos densa, sobe e a água mais fria da parte superior desce. Para melhor eficiência, a convecção pode ser forçada por uma bomba-d’água. • Quando um ambiente é resfriado, esse resfriamento é feito a partir da região superior, porque o fluido frio tende a descer. Assim: o congelador das geladeiras de uma porta só é colocado na parte superior; o ar-condicionado de uma sala de cinema é localizado no teto; ao resfriar- -se um barril de chope, o gelo é colocado sobre o barril. • A água, tendo alto calor específico, sofre variações de temperatura relativamente pequenas. Desse modo, numa região litorânea, a terra se aquece mais do que o mar durante o dia. O ar aquecido, em contato com a terra, sobe e produz uma região de baixa pressão, aspirando o ar que está sobre o mar. Sopra a brisa marítima (fig. 10A). À noite, ao perder calor, a terra se resfria mais do que o mar. O processo se inverte e sopra a brisa terrestre (fig. 10B). Dia Brisa marítima Mar frio Terra quente Mar quente Terra fria Brisa terrestre Noite V2_P1_UN_C_CAP_07.indd 134 22.08.09 09:02:48 135 C a p ít u lo 7 • P ro p a g a çã o d o c a lo r 135 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Qi Qr Qa Qt Objetivos Compreender como ocorre o processo de irradiação. Conceituar absorvidade, refletividade e transmissividade. Enunciar a lei dos intercâmbios. Conceituar corpo negro e poder emissivo de um corpo. Enunciar e aplicar a lei de Stefan-Boltzman e a lei de Kirchhoff. Reconhecer a ocorrência da irradiação térmica em fenômenos cotidianos. Termos e conceitos • espelho ideal • emissividade • efeito estufa • termografia Seção 7.4 Noções de irradiação térmica A transmissão de energia por meio de ondas eletromagnéticas (ondas de rádio, luz visível e raios ultravioleta, entre outras) é denominada irra- diação ou radiação. Quando essas ondas são os raios infravermelhos, falamos em irradiação térmica. Ao contrário da condução térmica e da convecção térmica, a irradiação ocorre sem a necessidade de um meio material: o transporte é exclusi- vamente de energia, sob a forma de ondas. Por exemplo, quando colocamos a mão embaixo de uma lâmpada acesa, sem tocá-la, temos a sensação de calor. Como o ar é mau condutor térmi- co, praticamente não ocorre condução. Também não há convecção porque o ar quente sobe. Então, o calor que nos atinge só pode ser originado de ondas que se propagam da lâmpada para nossa mão. Outro exemplo é o caso da energia que recebemos do Sol, que só pode nos atingir por irradiação, posto que no vácuo não existe meio material. Quando a energia radiante incide na superfície de um corpo, ela é par- cialmente absorvida, parcialmente refletida e parcialmente transmitida através do corpo. A parcela absorvida aumenta a energia de agitação das moléculas constituintes do corpo (energia térmica). Na figura 11, da quan- tidade total de energia Qi incidente, é absorvida a parcela Qa, reflete-se a parcela Qr e é transmitida a parcela Qt, de modo que: Figura 11. Para avaliar a proporção da energia incidente que sofre os fenômenos de absorção, reflexão e transmissão, definimos as seguintes grandezas adimensionais: Somando as três grandezas, obtemos: Assim, por exemplo, um corpo ter absorvidade a 5 0,8 significa que 80% da energia nele incidente foi absorvida. Os restantes 20% da energia total devem se dividir entre reflexão e transmissão. Quando não há transmissão de energia radiante através do corpo, a transmissividade é nula (t 5 0). Nesse caso: Qi 5 Qa 1 Qr 1 Qt a 1 r 5 1 Absorvidade a 5 Qa ___ Qi Refletividade r 5 Qr ___ Qi Transmissividade t 5 Qt ___ Qi a 1 r 1 t 5 Qa ___ Qi 1 Qr ___ Qi 1 Qt ___ Qi ] ] a 1 r 1 t 5 Qa 1 Qr 1 Qt ____________ Qi 5 Qi __ Qi ] a 1 r 1 t 5 1 V2_P1_UN_C_CAP_07.indd 135 22.08.09 09:02:49