Prévia do material em texto
199 C a p ít u lo 9 • A s le is d a T e rm o d in â m ic a 199 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Observe que, para que a máquina funcione, deve existir sempre um sistema (geralmente ga soso) realizando ciclos continuamente. Esse sistema constitui a substância “trabalhante” da má quina. No caso da locomotiva a vapor, a substância “trabalhante” é o vapor-d’água. As máquinas térmicas (ou motores térmicos) costumam apresentar rendimentos baixos, inferiores a 30%. Reprodução de uma ilustração de época (1807) mostrando o Clermont, o primeiro barco a vapor do mundo, construído por Robert Fulton, navegando no Rio Hudson, EUA. Note que a propulsão era dada pela roda de pás que vemos na lateral do barco, a qual era acionada por uma máquina a vapor muito semelhante à das marias-fumaça. Hoje, os maiores navios do mundo, como os superpetroleiros, são movidos por modernas turbinas a vapor, as quais acionam as hélices de propulsão (que trabalham submersas). Do ponto de vista econômico, o uso de motores no lugar das turbinas a vapor só é vantajoso em navios de pequeno porte. 4 Conversão de trabalho em calor: máquina frigorífica Máquinas frigoríficas são dispositivos que, durante seu funcionamento, efetuam a trans for ma ção de trabalho em calor. Os refrigeradores são máquinas frigoríficas que transferem calor de um sis te ma em menor temperatura (congelador) para o meio exterior, que se encontra a uma temperatura mais alta (fig. 23). Ao contrário do que possa parecer, porém, eles não contrariam o enun ciado de Clausius da segunda lei, uma vez que a referida passagem não é espontânea: ela ocorre à custa de um trabalho externo (nas geladeiras, esse trabalho é feito pelo compressor). Na figura, Q2 é a quanti- dade de calor retirada da fonte fria (T2), D é o trabalho externo, e Q1 é a quan ti dade de calor total rejeitada para a fonte quente (T1). Figura 23. Máquina frigorífica. Fonte fria Fonte quenteQ1 Q2T2 T1 $T1 > T2 A eficiência é uma grandeza adimensional, isto é, não tem unidade. e 5 Q2 ___ D A eficiência (e) de uma máquina frigorífica é expressa pela relação entre a quantidade de calor retirada da fonte fria (Q2) e o trabalho externo envolvido nessa transferência (D): V2_P1_UN_D_CAP_09b.indd 199 22.08.09 10:25:20 200200 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . R. 62 Numa máquina frigorífica, em cada ciclo do gás utilizado, são retirados 120 J do congelador. No pro ces so a atmosfera (fonte quente) recebe 150 J. Determine: a) o trabalho do compressor em cada ciclo; b) a eficiência dessa máquina térmica. b) A eficiência da máquina frigorífica é dada por: D 5 Q 1 2 Q 2 ] D 5 150 2 120 ] D 5 30 J e 5 Q 2 ___ D ] e 5 120 ____ 30 ] e 5 4,0 Respostas: a) 30 J; b) 4,0 R. 61 Uma caldeira, à temperatura de 600 K (fonte quente), fornece vapor, correspondente a 1.000 kcal em cada segundo, a uma turbina. O vapor, depois de passar pela turbina, cede ao condensador (fonte fria) 800 kcal por segundo a uma temperatura de 293 K. Considerando 1 cal 5 4 J, determine a potência produzida por essa máquina em kW e calcule seu rendimento. Solução: Em um segundo, a máquina retira 1.000 kcal da fonte quente (caldeira) e devolve 800 kcal à fonte fria (condensador). Assim: Q 1 5 1.000 kcal 5 1.000 3 103 3 4 J 5 4.000 3 103 J 5 4.000 kJ Q 2 5 800 kcal 5 800 3 103 3 4 J 5 3.200 3 103 J 5 3.200 kJ A parcela que se transforma em trabalho útil é dada por: D 5 Q 1 2 Q 2 ] D 5 4.000 2 3.200 ] D 5 800 kJ Como esse trabalho é produzido em um segundo, a potência Pot da máquina será: Solução: a) A atmosfera recebe Q 1 5 150 J por ciclo, enquanto do congelador é retirada a quantidade de calor Q 2 5 120 J. Então, o trabalho externo do compressor é dado pela diferença: exercícios propostos P. 187 Calcule o trabalho externo envolvido em cada ciclo e a eficiência de uma máquina frigorífica que re ti ra 50 cal por ciclo do congelador, rejeitando para o ambiente 75 cal por ciclo (dado: 1 cal 5 4,18 J). P. 186 Uma máquina térmica transforma em energia útil 1 __ 4 do calor que ela retira da fonte quente da máquina. Se a potência útil da máquina vale 800 kW, qual é, por segundo: a) a quantidade de calor retirada da fonte quente? b) a quantidade de calor rejeitada para a fonte fria? P. 185 Em um segundo, o vapor fornece 1.600 kcal ao cilindro de uma máquina a vapor. Durante o mesmo tempo, são perdidas no escape 1.400 kcal. Calcule o rendimento térmico dessa máquina a vapor. Condensador CaldeiraQ1 Q2293 K 600 K $ Pot 5 D _______ tempo ] Pot 5 800 kJ ______ 1 s ] Pot 5 800 kW O rendimento é dado por: g 5 D ___ Q 1 ] g 5 800 ______ 4.000 ] g 5 0,2 5 20% Resposta: 800 kW; 0,2 ou 20% exercícios resolvidos V2_P1_UN_D_CAP_09b.indd 200 22.08.09 10:25:20 201 C a p ít u lo 9 • A s le is d a T e rm o d in â m ic a 201 R ep ro d uç ão p ro ib id a. A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 5 Ciclo de Carnot Em 1824, Carnot idealizou um ciclo que proporcionaria rendimento máximo a uma máquina térmica. O ciclo de Carnot (fig. 24) consta de duas transfor- mações adiabáticas alternadas com duas transfor- mações isotérmicas, todas elas reversíveis, sendo o ciclo também reversível. Quando o ciclo é percorrido no sentido horário, o trabalho D rea lizado é positivo e medido numericamente pela área do ciclo. Imagine uma máquina térmica, na qual o gás sofra expansões e compressões, realizando o ciclo de Carnot (fig. 25). Seja T1 a temperatura da fonte quente e T2 a temperatura da fonte fria. Partindo do estado A, o gás realiza uma expansão isotérmica AB (fig. 25A), recebendo a quan tidade de calor Q1 da fonte quente. Em seguida ocorre a expansão adiabática BC (fig. 25B), durante a qual não há troca de calor. A compressão isotérmica CD (fig. 25C) se verifica à temperatura T2 da fonte fria e, nessa etapa, o gás rejeita a quantidade de calor que não se converte em trabalho (Q2). A compressão adiabática DA (fig. 25D), que completa o ciclo, se realiza sem troca de calor. Figura 24. Ciclo de Carnot: AB e CD são isotérmicas; BC e DA são adiabáticas. A T2 T1 0 p V B C D Fonte fria Fonte quenteQ1 Q2T2 T1 $T1 > T2 Figura 25. (A) Na expansão AB, o gás retira Q1 da fonte quente; (B) na expansão BC, o gás não troca calor; (C) na compressão CD, o gás rejeita Q2 para a fonte fria; (D) na compressão DA, o gás não troca calor. A T2 T1 0 p V B Q1 Fonte quente A T2 T1 0 p V B C B T2 T1 0 p V C D Q2 Fonte fria C A T2 T1 0 p V D D V2_P1_UN_D_CAP_09b.indd 201 22.08.09 10:25:22