Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

CONEXÕES
 Tempos de paz, de Daniel Filho. Brasil, 2009.
O filme, ambientado em abril de 1945, trata das mudanças produzidas pela Segunda Guerra e de 
seus efeitos sobre as pessoas. É nesse contexto que se dá o encontro entre Segismundo, chefe 
da seção de imigração na Alfândega do Rio de Janeiro e ex-oficial da polícia política de Vargas, e o 
imigrante polonês e ex-ator Clausewitz. Assombrado por seu passado, Segismundo é um homem 
endurecido e desconfiado. Sua nova função é evitar a entrada de nazistas fugitivos no Brasil. 
Clausewitz, por sua vez, desperta suspeitas ao recitar um poema de Drummond. Encaminhado 
para a sala de imigração do porto do Rio de Janeiro, Clausewitz deverá provar a Segismundo que 
não é um nazista tentando entrar no país. Um filme forte e comovente que retrata, assim como 
a produção literária da segunda geração modernista, um período bastante crítico da história do 
nosso país.
 Vinicius, de Miguel Faria Jr. Brasil, 2005. 
Neste DVD duplo, a obra de Vinicius de Moraes é revisitada a partir de imagens raras de arquivo, 
entrevistas feitas com amigos do poeta e interpretações de vários dos seus poemas e músicas 
que conquistaram um lugar especial na memória cultural brasileira.
 O vestido, de Paulo Thiago. Brasil, 2004.
O vestido é uma adaptação livre do poema de Carlos Drummond de Andrade, “Caso do vestido”. 
Trata-se de um poema que desenvolve um enredo a partir de um vestido misterioso que duas 
irmãs encontram em casa. Ao ser questionada, a mãe das meninas, aos poucos, narra a triste 
história de um estranho e marcante episódio de família. Contudo, assim como o poema, o filme 
não se limita ao caso particular de uma família, mas se estende de forma universal à fragilidade 
dos relacionamentos humanos.
 Raízes do Brasil, de Nelson Pereira dos Santos. Brasil, 2004.
Documentário, em DVD duplo, que apresenta a vida e a obra de um dos mais importantes 
intelectuais do Brasil: Sérgio Buarque de Hollanda. Na primeira parte, a partir de depoimentos 
de familiares e amigos, o espectador é conduzido ao cotidiano do historiador: a forma como in-
teragia com a família e os amigos, sua dedicação ao trabalho e também seu prazer pela boemia. 
Na segunda, baseada em “Apontamentos para a cronologia de S.”, escritos pelo próprio Sérgio, 
descortina-se um panorama cronológico dos fatos mais importantes que marcaram a vida do inte-
lectual: o fortalecimento do nazismo, os anos de Getúlio Vargas no poder e a agitação provocada 
pelo surgimento do movimento modernista no Brasil. Assistir ao documentário, com imagens de 
arquivos pessoais e de cenas históricas de nosso país, é ter a oportunidade de compreender o 
contexto histórico-cultural que marcou o século XX desde o seu início. 
 Poeta de sete faces, de Paulo Thiago. Brasil, 2002. 
Documentário que trata da vida e da obra de Carlos Drummond de Andrade. Com imagens históri-
cas e depoimentos de quem conviveu com o poeta — e também de historiadores e críticos no país.
 http://www.tvcultura.com.br/
O Alô Escola é um projeto mantido no ar sob res-
ponsabilidade da TV Cultura e que produziu, na parte 
dedicada à literatura, uma página para Cecília Meireles. 
Com formato didático, apresenta aspectos biográfi-
cos, antologia poética, breves análises e até alguns 
exercícios de interpretação e de fixação, além de uma 
gravação sonora de um pequeno trecho lido pela pró-
pria Cecília Meireles.
 http://www.viniciusdemoraes.com.br/
Com linguagem eletrônica usada com bom gosto, 
o site Vinicius de Moraes propicia uma navegação 
de fato lírica e encantadora. Apresenta informações 
variadas sobre a vida e a obra do autor, permitindo 
uma ampliação do conhecimento sobre o poeta mais 
popular do século XX no Brasil.
 http://www.museusegall.org.br/index.asp
Site do Museu Lasar Segall que permite visualizar 
algumas das obras do artista em suas diferentes fases, 
além de apresentar dados biográficos do pintor. 
Para assistir
Para navegar
Conteúdo digital Moderna PLUS 
http://www.modernaplus.com.br
Música: Soneto de fidelidade, de Vinicius de Moraes
Filme: trecho de Vinicius, de Miguel Faria Jr.
610
U
n
id
ad
e 
7 
• O
 M
od
er
ni
sm
o
R
ep
ro
du
çã
o 
pr
oi
bi
da
. A
rt
. 1
84
 d
o 
C
ód
ig
o 
P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
I_plus_literatura_cap26 REIMPRESSÃO.indd 610 2/10/11 9:10 AM
 Maria Julieta entrevista Carlos. 
Rio de Janeiro: Luz da Cidade, 2008.
o dia de aneiro de Maria ulie a e uma 
longa entrevista com seu pai, o poeta Carlos Drummond 
de Andrade. Depois, editou o material e publicou no jornal 
O Globo. O udio da onversa en re o oe a e sua il a oi 
remasterizado e lançado em CD, que conta ainda com a 
leitura de alguns poemas de Drummond.
 Romanceiro da Inconfidência, de Cecília 
Meireles. Porto Alegre: L&PM, 2008. 
s a o ra de e lia Meireles 
re on a li erariamen e o e is
dio da n on id n ia Mineira ue 
culminou com o enforcamento e 
es uar e amen o de iraden es 
um dos líderes do movimento. 
Uma excelente oportunidade de 
conhecer mais profundamente a 
habilidade com as palavras que 
ara eri a a rodução li er ria 
dessa autora brasileira. 
 Vinicius de Moraes: nova antologia poética. 
Seleção e organização de Antonio Cícero e 
Eucanaã Ferraz. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
Cuidadosa seleção de poemas 
da o ra de ini ius de Moraes. 
Interessante introdução ao con-
un o da o ra o i a de ini ius 
esse livro traz poemas que ilus-
tram a maestria com que o autor 
alcançava o difícil casamento 
entre um refinamento estético e 
uma delicada sensibilidade.
 Carlos Drummond de Andrade, de 
Francisco Achcar. 
São Paulo: Publifolha, 2000.
Introdução ao universo poético de Carlos Drummond 
de Andrade. Em linguagem bastante acessível, Achcar 
apresenta a obra do poeta a partir de fases e temas 
distintos.
 Lasar Segall, de Pietro Maria Bardi. 
São Paulo: Instituto Lina Bo e P. M. Bardi, 2000.
Reedição do livro publicado em 1952, do qual participou 
o r rio ar is a. elen e ra al o de an lise da ro
dução de Lasar Segall, propiciando um contato profundo 
com as telas do pintor. 
 Os melhores poemas de Murilo Mendes, 
seleção e organização de Luciana 
Stegagno Picchio. 
São Paulo: Global, 1995.
Livro que faz uma seleção cuidadosa dos melhores 
poemas da obra desse grande autor da segunda geração 
modernista brasileira. 
 A palavra do poeta Vinicius de Moraes, Vários 
artistas. BMG, 2002. 
i o Buar ue al os a o uin o Paulin o da iola e 
ou ros an os ar is as da MPB res am sua omenagem 
a ini ius de Moraes. ua o ra musi al nun a es eve 
distante de sua produção poética e era muito comum a 
declamação em meio à melodia. 
 Ao Vivo – v. 1 e 2 - Fagner, de Raimundo Fagner.
Sony, 2000.
Nesse CD, com as grandes composições da carreira 
de aimundo agner es a anção an eiros riada 
a ar ir de um oema de e lia Meireles. 
 Carlos Drummond de Andrade por Paulo 
Autran, de Carlos Drummond de Andrade. 
São Paulo: Luz da Cidade, 1999.
Seleção de 29 poemas de Carlos Drummond de Andra-
de realizada por Paulo Autran. 
Para ouvir Para ler e pesquisar
611
C
ap
ít
u
lo
 2
6
 • 
eg
un
da
 g
er
aç
ão
: m
is
i
is
m
o 
e 
on
s
i
n
ia
 s
o
ia
lR
ep
ro
du
çã
o 
pr
oi
bi
da
. A
rt
. 1
84
 d
o 
C
ód
ig
o 
P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
I_plus_literatura_cap26_C.indd 611 11/11/10 6:00:58 PM
UMA VIAGEM NO TEMPO Primeiras leituras
O contato com a 
produção artística 
nos abre uma janela 
para o passado e permite 
conhecer um pouco 
pessoas que viveram em 
diferentes momentos. O 
texto e a foto desta seção 
foram selecionados para 
que você possa conversar 
com seus colegas a 
respeito do que eles 
revelam sobre o contexto 
em que foram produzidos. 
Quem eram seus autores? 
Como era o mundo em 
que viviam? Tinham 
interesses e preocupações 
semelhantes aos nossos? 
Essas são somente 
algumas das questões 
que podem inspirar a 
conversa de vocês.
O Sobrado — I
Era uma noitefria de lua cheia. As estrelas cintilavam sobre a cidade de Santa Fé, que 
de tão quieta e deserta parecia um cemitério abandonado. Era tanto o silêncio e tão leve 
o ar, que se alguém aguçasse o ouvido talvez pudesse até escutar o sereno na solidão.
Agachado atrás dum muro, José Lírio preparava-se para a última corrida. Quantos 
passos dali até a igreja? Talvez uns dez ou doze, bem puxados. Recebera ordens para 
revezar o companheiro que estava de vigia no alto duma das torres da Matriz. “Tte. 
Liroca — dissera-lhe o coronel, havia poucos minutos — suba pro alto do campanário 
e fique de olho firme no quintal do Sobrado. Se alguém aparecer pra tirar água do 
poço, faça fogo sem piedade.”
José Lírio olhava a rua. Dez passos até a igreja. Mas quantos passos até a morte? 
Talvez cinco... ou dois. Havia um atirador infernal na água-furtada do Sobrado, à espreita 
dos imprudentes que se aventurassem a cruzar a praça ou alguma rua a descoberto.
Os segundos passavam. Era preciso cumprir a ordem. Liroca não queria que nin-
guém percebesse que ele hesitava, que era um covarde. Sim, covarde. Podia enganar 
os outros, mas não conseguia iludir-se a si mesmo. Estava metido naquela revolução 
porque era federalista e tinha vergonha na cara. Mas não se habituava nunca ao pe-
rigo. Sentira medo desde o primeiro dia, desde a primeira hora — um medo que lhe 
vinha de baixo, das tripas, e lhe subia pelo estômago até a goela, como uma geada, 
amolecendo-lhe as pernas, os braços, a vontade. Medo é doença; medo é febre.
Engraçado. A noite estava fria mas o suor escorria-lhe pela cara barbuda e entrava- 
-lhe na boca, com gosto de salmoura.
O tiroteio cessara ao entardecer. Talvez a munição da gente do Sobrado tivesse 
acabado. Ele podia atravessar a rua devagarinho, assobiando e acendendo um cigarro. 
Seria até uma provocação bonita. Vamos, Liroca, honra o lenço encarnado. Mas qual! 
Lá estava aquela sensação fria de vazio e enjoo na boca do estômago, o minuano 
gelado nos miúdos.
Donde lhe vinha tanto medo? Decerto do sangue da mãe, pois as gentes do lado 
paterno eram corajosas. O avô de Liroca fora um bravo em 35. O pai lhe morrera 
naquela mesma revolução, havia pouco mais dum ano — tombara estripado numa 
carga de lança, mas lutando até o último momento.
“Lírio é macho” — murmurou Liroca para si mesmo. “Lírio é macho.” Sempre que 
ia entrar num combate, repetia estas palavras: “Lírio é macho”.
Levantou-se devagarinho, apertando a carabina com ambas as mãos. Sentia o corpo 
dorido, a garganta seca. Tornou a olhar para a igreja. Dez passos. Podia percorrê-los 
nuns cinco segundos, quando muito. Era só um upa e estava tudo terminado. Fez avan-
çar cautelosamente a cabeça e, com a quina do muro a tocar-lhe o meio da testa e a 
ponta do nariz, fechou o olho direito e com o esquerdo ficou espiando o Sobrado que 
lá estava, do outro lado da praça, com sua fachada branca, a dupla fileira de janelas, a 
sacada de ferro e os altos muros de fortaleza. Havia no casarão algo de terrivelmente 
humano, que fez o coração de José Lírio pulsar com mais força.
Os federalistas tinham tomado a cidade havia quase uma semana, mas Licurgo 
Cambará, o intendente e chefe político republicano do município, encastelara-se em 
sua casa com toda a família e um grupo de correligionários, e de lá ainda oferecia 
resistência. Enquanto o Sobrado não capitulasse, os revolucionários não poderiam 
considerar-se senhores de Santa Fé, pois os atiradores da água-furtada praticamente 
dominavam a praça e as ruas em derredor.
Por alguns instantes José Lírio ficou a mirar a fachada do casarão, e de repente a 
lembrança de que Maria Valéria estava lá dentro lhe varou o peito como um pontaço 
de lança. Soltou um suspiro fundo e entrecortado, que foi quase um soluço. De novo 
se encolheu atrás do muro e tornou a olhar para a igreja. Se conseguisse chegar a 
salvo até a parede lateral, ficaria fora do alcance do atirador do Sobrado, e poderia 
entrar no campanário pela porta da sacristia.
 Anotações pessoais de 
Erico Verissimo, com uma 
caricatura de si mesmo. 
Foto de 1995. 
612
P
ri
m
ei
ra
s 
le
it
u
ra
s
R
ep
ro
du
çã
o 
pr
oi
bi
da
. A
rt
. 1
84
 d
o 
C
ód
ig
o 
P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
I_plus_literatura_cap27_C.indd 612 11/11/10 4:23:48 PM

Mais conteúdos dessa disciplina