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R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . eção . Objetivo Compreender a formação da civilização romana. Termos e conceitos • Mito • Fonte histórica • Monarquia 118 U n id ad e B • A A nt ig ui da de c lá ss ic a: G ré ci a e R om a A polêmica origem de Roma O mito da origem de Roma Sabe-se pouco sobre as origens de Roma. O surgimento da cidade está cer- cado de mitos, tornando difícil discernir o real daquilo que é fruto do imaginário. Os mitos foram recolhidos por escritores romanos que viveram bem depois dos fatos narrados. Um dos mais conhecidos foi Virgílio, com sua obra Eneida, escrita no século I a.C. De acordo com os mitos, os romanos seriam descendentes de Eneias, um dos personagens da Ilíada, de Homero, filho da deusa Afrodite com um mortal. Após a conquista e a destruição de Troia pelos gregos, Eneias fugiu da cidade e tornou-se predestinado a ser o ancestral de todo o povo romano. Eneias e sua família buscaram refúgio na região do Lácio, na Península Itálica. Ascânio, filho de Eneias, teria fundado a cidade de Alba Longa. Após diversos reinados, Numitor foi um dos que governaram essa cidade. Durante uma crise política, porém, o rei foi afastado por seu irmão, Amúlio, e a prince- sa Reia Silvia foi condenada à virgindade como vestal, para que não gerasse descendentes que pudessem ameaçar o reinado de Amúlio. O curso dos acontecimentos mudou quando o deus Marte apaixonou-se ela ovem Reia dando l e dois il os g meos: R mulo e Remo [doc. 1]. Amea- çados de morte pelo rei Amúlio, os gêmeos foram escondidos dentro de um cesto, que foi lançado nas águas do Rio Tibre. O cesto foi parar entre dois vales, onde os gêmeos foram amamentados por uma loba e depois criados por um casal de pastores. Quando adultos, decidiram fundar uma cidade. Uma disputa entre eles, entretanto, provocou a morte de Remo. Rômulo tornou-se o primeiro rei da cidade, que em sua homenagem recebeu o nome de Roma. Alguns autores reconstituíram os acontecimentos da história de Roma utilizando como fonte histórica apenas documentos literários antigos. Veja a o inião de um es uisador a res eito dessa ro osta: “[...] esses autores quase não tiveram fontes dignas de crédito para aquele período pri- mitivo. No esforço de formular uma narrativa ininterrupta do desenvolvimento da cidade apenas com os fragmentos da verdadeira tradição histórica, tiveram de recorrer a uma série de suposições arbitrárias, fundamentadas em interpretações fantasiosas e nada científicas tanto de palavras, relacionadas com antigas instituições religiosas e civis e que eles não compreendiam, como de nomes escritos em certos monumentos levantados na in- fância de Roma. Deram crédito a suposições de historiadores gregos, que pretendiam uma ligação fantasiosa entre a história antiga de Roma e a mitologia grega.” ROSTOVTZEFF, Michael. História de Roma Rio de aneiro: a ar O testemunho dos fatos Uma tradição que remonta à Antiguidade fixou a data de fundação de Roma em a ão á documentos escritos dessa é oca ara com rovar esse fato. Arqueólogos, contudo, encontraram vestígios de cabanas no Monte Palatino, indicando a presença de uma modesta vila de pastores no local no século a Antes do in cio do er odo re u licano a ortanto Roma era apenas uma pequena vila entre outras. A pequena vila assumiria a aparência de uma verdadeira cidade apenas dois séculos mais tarde, com a chegada dos etruscos. O mais provável é que Roma tenha nascido da união de diversas vilas e povoados situados nas colinas próximas, que em algum momento teriam sido unificadas numa mesma cidade. DOC. Loba capitolina, escultura em bronze, século V a.C. Museus Capitolinos, Roma. Os gêmeos Rômulo e Remo foram inseridos na obra posteriormente, apenas no Renascimento, no século XV. Conteúdo digital Moderna PLUS tt : www.modernaplus.com.br ilme série: Roma HIST_PLUS_UN_B_CAP_06.indd 118 18.08.10 16:02:33 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 119 C ap ít u lo 6 • R om a e a A nt ig ui da de ar di a A virtude feminina romana Conta uma das tradições sobre o fim da monarquia em Roma que Sexto Tarquínio, filho de Tarquínio, o So- berbo, ameaçou assassinar Lucrécia, filha de Espúrio Lu- crécio, prefeito de Roma, e casada com Lúcio Tarquínio Colatino, e colocar o corpo junto a um escravo morto, insinuando o adultério. Só então Lucrécia aceitou deitar- -se com o criminoso. Em seguida, cometeu suicídio na frente de seu marido e de seu pai, exigindo vingança pela desonra sofrida. Leia o texto abaixo sobre o assunto. “A preservação da [honra] [...] da mulher justificava um sacrifício pessoal, a [honra] [...] era então um dever do ideal de mulher romana, ou seja, era dever da mulher romana agir honestamente, cuidar adequadamente dos afazeres domésticos e manter-se fiel e casta para o marido. Contudo a [honra] [...] era também um bem, que uma vez conquistado deveria ser preservado, mes- mo que assim o fossem às custas de grandes sacrifícios individuais, como a perda da vida de nossa heroína. Lucrécia espelhava, assim, alguns dos principais valores a serem cultivados pelo ideal de mulher romana.” LIMA, Alessandra Carbonero. Exempla romanos: homens de gloria e mulheres de honor. Disponível em otto os com Acesso em un DOC. . Identifi que a crítica feita por M. Rostovtzeff, no tex- to da p. 118, relacionada ao conhecimento histórico produzido sobre a Roma antiga. 2. Segundo a tradição, qual a importância do sacrifício de Lucrécia para atender ao ideal de mulher romana [doc. 3]? QUESTÕES Fonte: Roma imperial Rio de aneiro: ime i e ivros osé l m io M A R A D R I ÁT I C O MAR TIRRENO MAR JÔNICO SABINOS LATINOS VOLSCOS SAMNITAS OSCOS SICÍLIA CÓRSEGA GAULESES SARDENHA Roma LÁCIO Felsina (Bolonha) Ravena Vetulônia Perúsia Tarquínia Veios Caere Cápua Nápoles Paestum Tarento Síbaris (Túrio) Crotona Himera Rhegio Messina Cartago SiracusaAgrigento Rio Pó Rio Arno Rio Tibre ÚM BRIO S M A R M E D I T E R R Â N E O ALPES Etruscos Gregos Cartagineses Povos itálicos Outros Roma e a Itália antigaDOC. 2 120 km reuniam os guerreiros até a idade de anos e se ronun ciavam sobre as questões relativas às famílias aristocrá- ticas. Já o Senado era uma assembleia composta pelos mais idosos e sua função principal era escolher o rei. e a a Roma oi governada or reis etrus cos, que estiveram frequentemente em confronto com a aristocracia latina pastoril, ou seja, os patrícios. Os etruscos eram provavelmente um povo de origem orien- tal. Habitavam a região da Toscana, ao norte, tinham uma civilização refinada, eram grandes comerciantes e navegadores e já se organizavam em cidades. O primeiro rei etrusco, Tarquínio, o Antigo, para con- trabalançar a influência dos patrícios no Senado, introdu- ziu nessa assembleia representantes das emergentes camadas comerciais érvio lio ue governou de a a criou os com cios centuriais ara integrar aquela camada da população que imigrou para Roma e estava excluída das assembleias políticas existentes. m a o ltimo rei etrusco ar u nio o o er o foi expulso por um grupo de aristocratas. Iniciava-se a República Romana, período em que o Senado concentrou mais poder político [doc. 3]. Um local estratégico A cidade romana surgiu num sítio formado por uma série de colinas cercadas por um vale pantanoso. Era um local rivilegiado or diversas raz es: estava r imo ao mar, mas distante o suficiente para manter a cidade a salvo de ataques de piratas; as colinas que cercavam a Planície do Lácio protegiam a cidade; estava às margens do Rio Tibre; além de tudo isso, era um ponto estratégico no qual se cruzavam diversas estradas que sedirigiam ao norte e ao sul da Itália [doc. 2]. A Monarquia omana A primeira forma de governo em Roma foi a monar- quia. Durante a monarquia, a sociedade romana esteve dividida entre patrícios e plebeus. O patriciado era for- mado por grandes proprietários rurais, que se agrupa- vam em famílias, as gentes, que acreditavam descender de ancestrais comuns. A plebe era formada por camadas sociais distintas: cam oneses livres artesãos ur anos pequenos comerciantes e imigrantes vindos de outros locais da Itália. O único traço em comum era o fato de não terem os mesmos direitos que os patrícios. Até a chegada dos etruscos, os primeiros reis eram latinos e a organização política centrava-se em duas as- sem leias: os com cios curiais e o enado s com cios HIST_PLUS_UN_B_CAP_06.indd 119 18.08.10 16:02:33 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Objetivos Entender os conflitos sociais e a luta pela cidadania em Roma. Reconhecer as condições da expansão militar romana. Termos e conceitos • ep lica • Patrícios • Ple eus • eforma agrária • Cidadania eção .2 120 U n id ad e B • A A nt ig ui da de c lá ss ic a: G ré ci a e R om a DOC. 2 Relevo romano representando camponeses e soldados, século I. Museu do Louvre, Paris. a Instituição do Tribunato da Plebe, magistrado plebeu que atuava em defesa dos direitos e interesses da plebe no Senado. a Lei das Doze Tábuas, primeiro código de direito escrito em Roma. a Direito ao casamento misto (entre patrícios e le eus a Os plebeus adquirem o direito a receber as terras conquistadas. a Abolição da escravidão por dívidas. a Os plebeus ganham acesso a todos os cargos públicos, tanto políticos quanto religiosos. a Os plebiscitos, decisões tomadas pelo Tribunato da Plebe, passam a ter força de lei. As conquistas sociais e políticas dos plebeus DOC. A República Romana Uma república aristocrática rasil desde adota a orma de governo re u licana sso signi ica que um representante, no caso o presidente, é eleito pelo povo para ser o chefe do país. regime re u licano oi criado na Roma antiga m a o atriciado romano conseguiu depor o último rei etrusco, Tarquínio, o Soberbo, e implantar a República. A República Romana, contudo, ao contrário das cidades-Estado gregas e, particularmente, de Atenas, não desenvolveu a democracia. A participação política dos cidadãos na Roma republicana ocorria prin- cipalmente por meio de assembleias (comitia nas uais se destacavam tr s modalidades segundo o modo de divisão dos cidadãos: assem leia or centúrias, assembleias por tribos e concílios da plebe. A assembleia por centúrias votava declarações de guerra ou tratados de paz e também elegia as magistraturas mais elevadas (cônsules, pretores e tri unos militares A assem leia dividia se em cinco classes censitárias de acordo com a renda do cidadão. Na assembleia por tribos, os cidadãos eram classificados e distribuídos em tribos de acordo com sua origem ou local de residência. Competia a essa assembleia eleger as magistraturas inferiores. O concílio da plebe (concilium plebis votava as leis relativas plebe, os plebiscitos, e elegia os tribunos e os edis. Os conflitos entre patrícios e plebeus Nos primeiros tempos da República, Roma foi palco de intensos conflitos entre os patrícios e os plebeus. Os plebeus reivindicavam ocupar cargos no Estado, votar no Senado e realizar suas próprias assembleias. Exigiam o fim da escravidão por dívidas, o acesso às terras conquistadas e o direito ao casamento legal com patrícios. Um dos maiores motivos de tensão era a questão fundiária. Enquanto os grandes proprietários patrícios acumulavam cada vez mais terras, a plebe rural empobrecia. Muitos plebeus, que foram obrigados a abandonar suas terras para lutar nas guerras de conquista, ao retornar se viam obrigados a entregar suas terras para pagar dívidas contraídas [doc. 2]. As tensões sociais cresciam e arriscavam degenerar em guerra civil. A plebe se revoltava e, por fim, para manter-se no poder, o patriciado teve de ceder. Várias leis foram aprovadas, garantindo os direitos dos plebeus [doc. 1]. HIST_PLUS_UN_B_CAP_06.indd 120 18.08.10 16:02:35