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Livro Eletrônico Aula 00 Técnicas Laboratoriais Bioquímicas p/ UNIFESP (Biomédico - Análises Clínicas) Professor: Denise Rodrigues Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 44 AULA 00: Imunologia SUMÁRIO PÁGINA 1. Apresentação 01 2. Estrutura do Curso 02 3. Conceitos Básicos 04 4. Imunidade Inata 07 5. Imunidade Adquirida 12 6. Tipos de Imunidade Adquirida: imunidade Humoral e imunidade Celular 16 7. Sistema Complemento 21 8. Anticorpos 26 9. Lista de Questões 39 10. Gabarito 43 11. Referências Bibliográficas 44 Apresentação Olá, caros alunos! Como vão? Espero que estejam bem, estudando e seguindo firme no propósito: alcançar a sua aprovação no concurso da UNIFESP! Eu sou a professora Denise Rodrigues e meu objetivo com esse curso é auxiliá-los no estudo sobre Técnicas Laboratoriais Bioquímicas e Imunológicas Aplicadas ao Diagnóstico, as quais abrangem vários tópicos exigidos como conhecimento específico para o cargo de biomédico, na área de análises clínicas. Antes de iniciar nossa Aula 00 (aula demonstrativa), vamos conferir os conteúdos que estão previstos em nosso curso. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 44 Estrutura do Curso Aula 00 Imunologia Tópico do Edital: base teórica para o estudo de técnicas imunológicas. Conteúdo previsto: conceitos básicos, funções de células, tecidos e órgãos linfoides, tipos de resposta imune (imunidade inata e adquirida-imunidade celular e imunidade humoral), mecanismos da resposta imune (contra diferentes tipos de agentes, inflamação etc..), sistema complemento, anticorpos e suas funções, reações antígeno-anticorpo. Aula 01 Imunologia Clínica e Métodos Imunológicos Tópico do Edital: controle de qualidade em técnicas imunobiológicas; técnicas laboratoriais para o diagnóstico das doenças autoimunes. Conteúdo previsto: técnicas Imunológicas – introdução e controle de qualidade, doenças auto- imunes-fundamentos, resposta imune e diagnóstico. Aula 02 Imunologia Clínica e Métodos Imunológicos II Tópico do Edital: técnicas laboratoriais para o diagnóstico de mononucleose infecciosa; Técnicas laboratoriais para o diagnóstico das hepatites virais; Técnicas laboratoriais para o diagnóstico da síndrome de imunodeficiência adquirida. Parte I - conteúdo previsto: HIV/AIDS-fundamentos, resposta imune e diagnóstico. Parte II - conteúdo previsto: mononucleose- fundamentos, resposta imune e diagnóstico; hepatites Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 44 virais--fundamentos, resposta imune e diagnóstico. Aula 03 Bioquímica Clínica e Métodos Bioquímicos Tópico do Edital: controle de qualidade em técnicas bioquímicas; técnicas laboratoriais para o diagnóstico de diabetes mellitus; técnicas laboratoriais para o diagnóstico das hepatites virais; técnicas laboratoriais para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. Conteúdo previsto: introdução à Bioquímica Clínica, aspectos do controle de qualidade das análises, técnicas laboratoriais para o diagnóstico de diabetes mellitus; técnicas laboratoriais bioquímicas para o diagnóstico das hepatites virais; técnicas laboratoriais para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. Aula 04 Bioquímica Clínica e Métodos Bioquímicos Tópico do Edital: técnicas laboratoriais para a avaliação das disproteinemias; aplicação de espectrometria de massas no laboratório clínico. Conteúdo previsto: lipoproteínas: classificação e avaliação laboratorial; proteínas: classificação e métodos de dosagem; aplicação de espectrometria de massas no laboratório clínico. Aula 05 Biologia Molecular no Laboratório Clínico Tópico do Edital: aplicação de técnicas de biologia molecular no laboratório clínico. Conteúdo previsto: aplicação de técnicas de biologia molecular no laboratório clínico. Devemos sempre estudar tudo que está previsto no edital, mas é importante saber quais conteúdos são exigidos com maior frequência e conhecer de que maneira esses conteúdos costumam ser abordados nas Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 44 provas. Isso é estudar com estratégia e ter o foco voltado para a aprovação em concursos! Por isso vamos treinar bastante resolvendo muitas questões de concursos para biomédico. Entretanto, como nem sempre há muitas questões disponíveis e para oferecer mais oportunidades de exercitar o que foi aprendido, vamos também resolver questões que foram aplicadas para cargos afins, tais como biólogo, farmacêutico e técnico. Além da teoria e da resolução de exercícios (com comentários) disponíveis na aula em pdf, vocês também têm acesso ao fórum de dúvidas e assim podem fazer perguntas, comentários ou sugestões sobre o conteúdo e a aula. Essa é uma forma de estreitar nossa comunicação e realmente estabelecer uma parceria de estudos, de modo que você chegue preparado e seguro no dia da sua prova. Contem comigo! Primeiramente, nesta Aula 00, vamos revisar a Imunologia básica, cujos conhecimentos acabam sendo cobrados de forma implícita na sua prova. Essa base também possibilitará um melhor aproveitamento ao iniciarmos o estudo sobre técnicas imunológicas. Agora sim, tudo esclarecido! Vamos começar!? Conceitos Básicos A imunologia é o estudo da imunidade, bem como dos eventos celulares e moleculares dos organismos frente à micro-organismos e outras macromoléculas estranhas. Mas o que é imunidade? De maneira ampla, podemos definir imunidade como sendo proteção/resistência às doenças, mais especificamente as doenças infecciosas. As células, tecidos, moléculas e mecanismos responsáveis pela imunidade são chamados conjuntamente de sistema imunológico ou sistema imune. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 44 A atuação coletiva e coordenada das células e moléculas do sistema imune em resposta a agentes infecciosos ou estranhos é conhecida como resposta imunológica. A função fisiológica primordial do sistema imunológico é a defesa contra micro-organismos infecciosos. No entanto... Ao analisar essa função principal, podemos perceber que é possível decompor a mesma e identificar outras funções subjacentes (aquilo que jaz ou está por baixo) a esta. Quais são essas funções: 1) Reconhecimento imunológico: o sistema imune dispõe de mecanismos para detectar a presença de um agente estranho e potencialmente agressor (pode ser um micro-organismos infeccioso, mas também macromoléculas, como as proteínas ou polissacarídeos, dentre outros). 2) Efetuação da resposta imune: é a utilização de diversos mecanismos para conter o agente infeccioso ou substância estranha e, se possível, eliminá-lo. 3) Regulação da resposta: capacidade do sistema imune se autorregular para evitar respostas exacerbadas ou inapropriadas, o que pode levar a alergias e doenças autoimunes, por exemplo. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/AnálisesClínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 44 4) Memória imunológica: capacidade de reconhecer um patógeno com o qual já tenha entrado em contato anteriormente e desencadear uma resposta mais rápida e efetiva. As moléculas capazes de serem reconhecidas e desencadear a produção de anticorpos são chamadas de antígenos. Antígeno: toda partícula ou molécula capaz de se ligar a anticorpo, podendo desencadear ou não uma resposta imune. Quando o antígeno for capaz de produzir uma resposta imune pode ser chamado também de “imunógeno”. Os antígenos podem ser moléculas simples ou complexas, muitas vezes possuindo diversos epítopos (determinantes antigênicos). Imunógeno: é quando o antígeno é capaz de desencadear ativação do sistema imune. Epítopo ou Determinante Antigênico: é a área específica da molécula do antígeno que é reconhecida e se liga aos receptores de superfície de um linfócito T (TCR) e aos anticorpos. Anticorpo: também chamados de imunoglobulinas, os anticorpos são glicoproteínas capazes de fazer o reconhecimento específico de antígenos. Vamos praticar? 1. (UFMT/2014/UFMT/ Técnico de Laboratório - Análises Clínicas) Todas as substâncias apresentadas a um organismo através das vias parenteral, cutânea, digestiva, aérea, ocular são capazes de estimular uma resposta específica dirigida à substância indutora. O trecho refere-se a: Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 44 A) Anticorpo. B) Células sanguíneas. C) Antígeno. D) Proteínas séricas. Comentário: de todas as alternativas, a que melhor se encaixa é sem dúvida a letra “C”, antígeno. Acabamos de ver que os antígenos são reconhecidos por anticorpos e podem desencadear resposta imune (embora nem sempre, como erroneamente cita o enunciado). Gabarito: C. Tipos de Resposta Imune Os mecanismos de defesa do organismo são constituídos por dois tipos diferentes de imunidade: imunidade inata e imunidade adquirida. a) Imunidade Inata A imunidade inata é responsável pela proteção inicial contra as infecções, sendo também chamada de imunidade natural ou nativa. são os mecanismos de defesa celulares e bioquímicos que já estão naturalmente presentes nos indivíduos em condições saudáveis (daí o termo inata), antes mesmo de surgir qualquer agente microbiano. E caso surja, estão sempre preparados para impedir a entrada de micro- organismos ou eliminar rapidamente aqueles que conseguem entrar nos tecidos do hospedeiro. A primeira linha de defesa da imunidade natural é fornecida pelas barreiras epiteliais, células e antibióticos naturais presentes nos epitélios, que bloqueiam a entrada dos micro-organismos. Se ainda Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 44 assim esses patógenos conseguirem penetrar no epitélio e adentrar os tecidos ou circulação, serão atacados pelos fagócitos ou células fagocitárias (células dendríticas, monócitos, macrófagos e neutrófilos) e pelas células NK ou sofrerão ação de proteínas plasmáticas (principalmente as proteínas do Sistema Complemento). Atenção: os mecanismos da imunidade inata reconhecem e reagem apenas contra micro-organismos (e aos produtos das células lesadas) e respondem essencialmente da mesma maneira contra a maioria dos agentes infecciosos (resposta pouco específica) e da mesma forma em sucessivas infecções pelo mesmo agente (ausência de geração de “memória imunológica”). As principais respostas imunes inatas protetoras a diferentes tipos de micro-organismos são as seguintes: • Bactérias extracelulares e fungos são combatidos principalmente por meio de resposta inflamatória aguda, na qual neutrófilos e monócitos são recrutados ao local de infecção e também pelo sistema do complemento. • A defesa contra bactérias fagocitadas e intracelulares é mediada por macrófagos, que são ativados por receptores TLR e outros sensores, bem como por citocinas. • A defesa contra vírus requer a participação das células NK e interferons tipo 1, principalmente. Podemos então resumir que as principais reações do sistema imune inato que atuam para eliminar micro-organismos são: (1) a resposta inflamatória aguda; e (2) os mecanismos de defesa antiviral; (1) Resposta Inflamatória Aguda A inflamação é induzida por citocinas (p. ex., fator de necrose tumoral - o TNF - e a interleucina 1 - IL-1) e outras moléculas produzidas por macrófagos, células dendríticas, mastócitos e outras células nos tecidos em resposta aos produtos microbianos e às células danificadas do Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 44 hospedeiro. Esses mediadores aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos, levando à entrada de proteínas plasmáticas (p. ex., proteínas do complemento) nos tecidos, e promovem o movimento dos leucócitos do sangue para o local de infecção/lesão tecidual, onde os leucócitos destroem os micro-organismos, removem restos celulares e promovem mais inflamação e reparo. Resumo de inflamação: é induzida pelo reconhecimento de patógenos ou dano celular e mediada por citocinas (por exemplo TNF e IL-1), consiste em múltiplas etapas, incluindo o recrutamento de leucócitos (principalmente neutrófilos e também monócitos) e o vazamento de proteínas plasmáticas através dos vasos sanguíneos, a ingestão de micro-organismos e restos celulares por fagócitos e sua destruição. É importante saber que a inflamação, que normalmente é uma resposta de proteção contra as infecções, pode também causar lesão tecidual. Dois tipos de fagócitos circulantes, os neutrófilos (principalmente!!!) e os monócitos, estão entre as células sanguíneas recrutadas para locais de infecção, onde irão reconhecer e ingerir micro-organismos para que sejam destruídos dentro de vesículas intracelulares por substâncias microbicidas. Os neutrófilos, também chamados de leucócitos polimorfonucleares (PMN), são os leucócitos mais abundantes no sangue, totalizando entre 4.000 e 10.000 por milímetro cúbico. Em resposta às infecções, a produção dos neutrófilos na medula óssea cresce rapidamente, e seu número pode aumentar para 20.000 por mL de sangue. A produção de neutrófilos é estimulada pelas citocinas, sendo o neutrófilo o primeiro tipo celular a responder à maioria das infecções, particularmente às infecções bacterianas e fúngicas e, portanto, é a célula dominante na inflamação aguda. Os neutrófilos ingerem os micro-organismos na circulação e entram rapidamente nos tecidos extravasculares nos locais de infecção, onde também ingerem e destroem micro-organismos. Essas células também são recrutadas a Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 44 locais de dano tecidual na ausência de infecção, onde iniciam a depuração de detritos celulares. Os neutrófilos vivem por apenas algumas horas nos tecidos, sendo, portanto, os primeiros agentes de socorro, mas não oferecem defesa prolongada. Vamos ver um exemplo recente de como isso foi cobrado em prova de concurso? 2. (INSTITUTO AOCP/2015/ EBSERH– HC - UFG/Biomédico) “A medula óssea tem contribuição fundamental na efetivação do processo inflamatório, através da liberação e aumento na produção dos leucócitos” (HOKAMA e MACHADO, 1997). Paciente chegou ao pronto atendimento do hospital municipal com quadro inflamatório agudo. Considerando - se a resposta medular à infecção, na chamada fase inicial, pôde ser observada no hemograma presença, principalmente, de qual tipo de leucócitos? A) Neutrófilos. B) Monócitos. C) Eritrócitos. D) Trombócitos. E) Eosinófilos. Comentário: alguns termos no enunciado são “a chave” para resposta. Quando se fala em leucócitos, processo inflamatório agudo, fase inicial e papel da medula óssea no aumento rápido da produção de leucócitos, fica fácil identificar que o leucócito em questão é o neutrófilo! Os monócitos chegam posteriormente ao infiltrado inflamatório. Gabarito: A. Os monócitos são leucócitos menos abundantes que os neutrófilos, totalizando 500 a 1.000 células por milímetro cúbico de sangue e também ingerem micro-organismos no sangue e nos tecidos. Os monócitos que Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 44 entram nos tecidos extravasculares se diferenciam em macrófagos que, diferentemente dos neutrófilos, sobrevivem por longos períodos nesses locais. Macrófagos residentes são encontrados no tecido conjuntivo saudável e em todos os órgãos do corpo. Os macrófagos desempenham vários papéis importantes na defesa do hospedeiro – eles produzem citocinas que iniciam e regulam a inflamação, ingerem e destroem micro-organismos, além de limpar tecidos mortos e iniciar o processo de reparação tecidual. Anda no contexto da imunidade inata e inflamação, outro granulócito importante é o mastócito. Essas são células derivadas da medula óssea, estão presentes na pele e no epitélio mucoso e contém grânulos citoplasmáticos em abundancia. Os mastócitos podem ser ativados por produtos microbianos como parte da imunidade inata ou por um mecanismo dependente de um tipo específico de anticorpo (IgE). (2) Mecanismos de Defesa Antiviral A defesa imunológica inata contra vírus no meio intracelular é mediada principalmente por células NK (que reconhecem células infectadas e estressadas e respondem destruindo essas células) e também por citocinas chamadas interferons. Interferons tipo 1 induzem a resistência a infecção e replicação virais, chamada de estado antiviral. IFN tipo I, que incluem várias formas de IFN-g e um IFN- ┚, são secretados por muitos tipos de células infectadas por vírus. Quando ativadas por células infectadas, as células NK esvaziam os conteúdos de seus grânulos citoplasmáticos, os quais entram nas células infectadas e ativam enzimas que induzem a apoptose. As células NK funcionam para eliminar reservatórios celulares e erradicar as infecções causadas por micro-organismos intracelulares, como os vírus. As células NK também reconhecem e eliminam células irreparavelmente lesionadas e células tumorais. Além dos mecanismos celulares da resposta inata que acabamos de ver, muitas proteínas plasmáticas estão envolvidas na defesa natural do Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 44 hospedeiro, incluindo as Proteínas do Complemento, as quais podem também ser ativadas por micro-organismos (Via Alternativa). Logo mais iremos conhecer em detalhes o Sistema Complemento. Além da defesa inicial contra as infecções, a resposta imune inata estimula a imunidade adaptativa provendo sinais que atuam em conjunto com os antígenos e são essenciais para a ativação dos linfócitos B e T. As ações combinadas dos mecanismos da imunidade inata podem erradicar várias infecções ou manter patógenos sob controle até que a resposta imune adquirida seja ativada. b) Imunidade Adquirida A imunidade adquirida se desenvolve mais lentamente e proporciona uma defesa mais tardia, porém, mais especializada e eficaz contra as infecções. É formada por linfócitos e seus produtos. É também chamada de imunidade específica ou imunidade adaptativa, pois somente será desencadeada a partir do reconhecimento de antígenos estranhos pelos linfócitos, isto é, é uma resposta do organismo em adaptação à presença de “invasores”. A resposta imune adquirida será iniciada em resposta a patógenos que consigam atravessar as barreiras epiteliais, atingir a circulação e alcançar os órgãos linfoides, onde serão reconhecidos pelos linfócitos. Os linfócitos então respondem se diferenciando e proliferando em células efetoras, cuja função principal é a eliminação do antígeno. Durante a resposta imune adaptativa também são formadas células (linfócitos) de memória. Após a primeira exposição a um determinado antígeno, os linfócitos B e T podem proliferar e se diferenciar em células efetoras, conforme já comentei, mas também em células de memória que poderão ser ativadas em um segundo contato com o mesmo agente, pois tem os mesmos receptores antigênicos da célula original. A imunidade adquirida possui mecanismos de resposta especializados para os diferentes tipos de infecção. Enquanto os mecanismos da imunidade inata reconhecem estruturas comuns a Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 44 classes de micro-organismos, reagindo de maneira semelhante contra os agentes de uma mesmo grupo, as células da imunidade adquirida (linfócitos) expressam receptores que reconhecem de maneira especifica uma variedade muito maior de moléculas produzidas pelos micro- organismos, assim como reconhece também moléculas não infecciosas. A fase efetora das respostas da imunidade adquirida requer células e moléculas do sistema imunológico inato, tais como o sistema complemento, células fagocitárias e resposta inflamatória. Além disso, a resposta imune específica emite sinais capazes de amplificar e potencializar os mecanismos antimicrobianos da imunidade inata. Ou seja, a imunidade adquirida pode se utilizar de “soldados” da imunidade inata para combater o “inimigo” e, além disso, fornecer “armamentos” e ”estratégias” que potencializam o “exército” da imunidade inata. Por exemplo, os anticorpos (um componente da imunidade adquirida) se ligam a micro-organismos que, quando revestidos, serão ligados com maior avidez pelas células fagocitárias (um componente da imunidade inata), as quais serão ativadas e irão ingerir e destruir o agente infeccioso. RESUMO: os mecanismos da imunidade inata são responsáveis pela defesa inicial contra as infecções. Alguns mecanismos (p. ex., barreiras epiteliais, pH, epitélio ciliado, lisozima) previnem as infecções e outros mecanismos (p. ex., fagócitos, células NK e o sistema do complemento) eliminam os micro-organismos. A resposta imunológica adquirida se desenvolve mais tarde, sendo mediada pelos linfócitos e seus produtos, como os anticorpos. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 44 Tipos de Resposta Imune e Seus Participantes Imunidade Inata Imunidade Adquirida Barreiras físicas e químicas: epitélio, muco, epitélio ciliado, pH ácido, enzimas como a lisozima presente na lágrima e muco etc... Células: linfócitosCélulas Fagocitárias (neutrófilos e macrófagos) e células NK; Produtos secretados: anticorpos e citocinas Proteínas do sangue incluindo proteínas do sistema complemento e outros mediadores inflamatórios; Citocinas: proteínas que regulam e coordenam várias ações da imunidade natural; Comparação entre Imunidade Inata e Adaptativa Inata Adaptativa Presente desde o nascimento Mais tardia, leva algum tempo para reagir após detecção do agente agressor Receptores/ligantes conservados, com repertório limitado, “receptores de Reconhecimento de Padrão” Receptores/ligantes diversos Reage de forma similar a uma variedade de micro-organismos, reconhecendo padrões moleculares que são comuns a grupos de patógenos (os chamados padrões moleculares Reconhecimento específico para cada antígeno, reagindo somente contra o organismo indutor da resposta Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 44 associados aos patógenos (PAMPs) Sem memória imunológica, grau de resposta não varia em sucessivas infecções Geração de memória imunológica e modulação da resposta em uma nova infecção pelo mesmo tipo de agente Imunidade Ativa Natural: desenvolvida pelo organismo como resposta ao contato/invasão por agente infeccioso. Ex: imunidade após ter tido catapora (varicela). Artificial: desenvolvida pelo organismo após estímulo por vacina. Ex: vacina contra hepatite B. Passiva Natural: recebimento de anticorpos produzidos por outro organismo. Ex: recebimento de anticorpos pelo leite materno. Artificial: recebimento de anticorpos produzidos por outro organismo que foi estimulado. Ex: recebimento de soro antiofídico produzido em Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 44 equinos. Tipos de Imunidade Adquirida Existem dois tipos de imunidade adquirida: a) Imunidade humoral; b) Imunidade celular; Esses subtipos da imunidade adquirida são mediados por células e moléculas diferentes. A imunidade humoral fornece a defesa contra micro-organismos e toxinas microbianas presentes fora da célula do hospedeiro, no sangue e no lúmen dos órgãos mucosos, como os tratos gastrointestinal e respiratório, por exemplo. Esse tipo de resposta gera anticorpos como moléculas efetoras e é mediada pelos linfócitos B que se transformam em plasmócitos. Os anticorpos são proteínas capazes de ligar especificamente ao antígeno, neutralizando-o. Eles são liberados na circulação sanguínea e nas secreções das mucosas, onde reconhecem os antígenos microbianos, neutralizam o potencial infeccioso do agente e os preparam para serem eliminados por diversos mecanismos efetores. Os linfócitos B quando ativados por linfocinas poderão seguir duas vias: 1) se diferenciar em plasmócitos e secretar anticorpos ou 2) originar “células de memória” que reagem rapidamente a uma segunda exposição a determinado antígeno. Os anticorpos não têm acesso aos antígenos/micro-organismos que vivem e se multiplicam dentro de células infectadas. A defesa contra esses micro-organismos intracelulares é chamada de imunidade celular, sendo realizada por linfócitos T que agem em cooperação com linfócitos B e fagócitos. Alguns linfócitos T ativam os fagócitos para destruir os micro-organismos ingeridos pelas células fagocitárias nas vesículas fagocíticas. Outros linfócitos T destroem qualquer tipo de célula do hospedeiro que apresente micro-organismos infecciosos em seu Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 44 citoplasma, eliminando assim os reservatórios da infecção. Os linfócitos T reconhecem, portanto, os antígenos produzidos pelos micro-organismos intracelulares. Essa resposta é predominante quando os antígenos são vírus, protozoários, fungos e em casos de rejeição a transplantes e células tumorais. As linfocinas ativam os linfócitos T citotóxicos (também chamados T CD8), que secretam substâncias citolíticas que destruirão o antígeno ou poderão proliferar-se em células de memória e/ou ativar neutrófilos (células brancas do sangue), promovendo uma reação inflamatória. Uma diferença importante entre os linfócitos B e T é que a maioria das células T reconhece apenas antígenos proteicos, enquanto células B e anticorpos são capazes de reconhecer muitos tipos diferentes de moléculas, incluindo proteínas, carboidratos, ácidos nucleicos e lipídios. RESUMO: na imunidade humoral, os linfócitos B secretam anticorpos que podem impedir as infecções ou promover a neutralização/inativação e eliminação de micro-organismos extracelulares, por exemplo, bactérias. Na imunidade celular, diferentes tipos de linfócitos T recrutam e ativam os fagócitos para destruir os micro-organismos ingeridos ou eliminam diretamente células infectadas. É a resposta de célula para célula, que leva a erradicação de agentes intracelulares. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 44 Resposta Imune Adquirida Imunidade Humoral Imunidade Celular Mediada por anticorpos: proteínas presentes no sangue e nas mucosas e que são produzidos por linfócitos B; Mediada por ação direta de linfócitos T; Reconhecimento dos antígenos pelos anticorpos; Reconhecimento dos antígenos pelos receptores de células T (TCR); Neutralização do infectividade dos micro-organismos e preparação para eliminação; Destruição do micro-organismo intracelular ou das células infectadas; Ação contra micro-organismos extracelulares e toxinas; Defesa contra micro-organismos localizados intracelularmente; Agora vamos listar as propriedades da resposta imune adquirida que pudemos identificar: Resposta Imune Adquirida Propriedades Implicações Especificidade Ativação de resposta específica para cada antígeno; Diversidade Capacidade de reconhecer e reagir a uma imensa variedade de antígenos; Memória Resposta mais rápida, aumentada e eficaz a uma nova exposição a um mesmo antígeno; Expansão Clonal Elevação do número de linfócitos que expressam receptores Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 44 antígeno-específicos (pertencem a um clone) para acompanhar o aumento do número de micro- organismos; Especialização Geração de resposta mais adequada de acordo com cada tipo específico de micro-organismo; Contração e homeostasia Resposta cessa após eliminação do antígeno e ocorre retorno ao estado basal (homeostase), após eliminação do antígeno os linfócitos envolvidos sofrem apoptose Não reatividade ao “próprio” Tolerância a antígenos próprios, evita danos ao hospedeiro durante resposta a antígenos estranhos Células do Sistema Imunológico Adaptativo As células do sistema imunológico adaptativo consistem em linfócitos, células apresentadoras de antígeno, que capturam e apresentam antígenos microbianos, e células efetoras (que incluem linfócitos ativados e outras células, particularmenteoutros leucócitos), que eliminam micro-organismos. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 44 Tipo de Células Funções Principais Subtipos e Funções Linfócitos Reconhecimento de antígenos Linfócito B: mediadores da resposta humoral, através da produção de anticorpos; Linfócitos T: mediadores da imunidade mediada por célula; Células NK: atuam na resposta inata; Células apresentadoras de antígenos: Capturam antígenos e apresentam aos linfócitos; Células dendríticas: iniciam respostas de células T; Macrófagos: atuam na apresentação de antígenos da fase efetora da imunidade mediada por célula; Células dendríticas foliculares: apresentam antígenos aos linfócitos B na resposta imunológica humoral; Células Efetoras: Eliminação dos antígenos Linfócitos T: linfócitos T auxiliares ou Linfócitos T citotóxicos; Macrófagos e monócitos: fagocitose, células do sistema fagocitico mononuclear; Granulócitos: neutrófilos e eosinófilos; Agora vamos treinar a resolução de questões! 3. (UFV-JULHO/2007) Na espécie humana, a defesa contra agentes patogênicos e substâncias que superam as barreiras externas de proteção Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 44 é função realizada pelo sistema imunitário. Com relação a este sistema, é CORRETO afirmar que: A) a imunidade celular é mediada por uma molécula efetora chamada de anticorpo. B) a imunidade humoral é mediada por uma célula efetora, o linfócito T citotóxico. C) os antígenos são as moléculas estranhas que provocam uma reação imunitária. D) a resposta imunológica é desprovida de mecanismos de autorregulação e memória. Comentário: uma questão fácil, hein? A imunidade celular corresponde à ação direta de linfócitos T e a resposta imune humoral corresponde à ação dos anticorpos produzidos pelos linfócitos B sobre os antígenos, o que invalida as alternativas “A” e “B”. O sistema imune dispõe sim de mecanismos de autorregulação e memória, portanto, letra “D” está errada. Finalmente, um antígeno é toda partícula ou molécula capaz de ser reconhecida pelo sistema imune, podendo desencadear uma resposta imunológica. Gabarito: C. Sistema Complemento O sistema complemento é um conjunto de proteínas circulantes e de membrana celular que desempenham papéis importantes na defesa do hospedeiro contra micro-organismos e na lesão tecidual mediada por anticorpos. O sistema complemento pode ser ativado pelos micro- organismos na ausência de anticorpos (Via Alternativa) como parte da resposta imune inata à infecção e pelos anticorpos ligados aos micro- organismos (Via Clássica), como parte da imunidade adquirida. A ativação das proteínas do complemento envolve a clivagem (proteólise) sequencial dessas proteínas (uma reação em cascata/uma cascata enzimática) e leva à geração de moléculas efetoras que participam de diferentes maneiras na eliminação dos micro-organismos. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 44 Vias de Ativação do Complemento Duas das três principais vias de ativação do complemento, a Via Alternativa e a Via da Lectina, são iniciadas por micro-organismos na ausência de anticorpo. A terceira, chamada Via Clássica, é iniciada por alguns isotipos de anticorpos ligados aos antígenos. A proteína do complemento mais abundante no plasma, chamada de C3, desempenha um papel central nas três vias de ativação. O resultado líquido das três etapas iniciais da ativação do complemento é que os micro-organismos adquirem um revestimento de C3b ligado por interação covalente. As vias de ativação diferem em seu início, mas, depois que são desencadeadas, as etapas seguintes são as mesmas. As etapas posteriores da ativação do complemento são iniciadas pela ligação de C5 a C5 convertase, e pela proteólise de C5, que dá origem a C5b. Os componentes restantes, C6, C7, C8 e C9 ligam-se na sequência a um complexo nucleado pelo C5b. A proteína final na via, C9, polimeriza-se para formar um poro na membrana celular, permitindo a passagem de água e íons, o que causa a morte do micro-organismo. Este poli-C9 é o componente-chave do Complexo de Ataque à membrana (MAC, do inglês, membrane attack complex), e sua formação é o resultado final da ativação do complemento. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 44 Veja abaixo uma figura que resume as etapas das vias de ativação do Sistema Complemento: Funções do Sistema Complemento O sistema complemento desempenha um papel importante na eliminação de micro-organismos durante as respostas imunes inatas e adaptativas. A ativação do complemento resulta na produção de várias Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 44 moléculas biologicamente ativas que contribuem para a resistência, anafilaxia e inflamação e tem significância biológica e patofisiológica. Vejamos abaixo a descrição das principais funções efetoras do sistema complemento de acordo com o produto gerado: Produção de Cinina C2b é uma procinina gerada durante a via clássica da ativação do Complemento que se torna biologicamente ativa após alteração enzimática pela plasmina que faz sua clivagem e libera cinina, que resulta em edema. Lise Celular O Complexo de Ataque à membrana (MAC) pode induzir a lise celular osmótica. A lise induzida por MAC é efetiva somente contra micro- organismos que têm paredes celulares finas e pouco ou nenhum glicocálice, como, por exemplo, bactérias do gênero Neisseria. Anafilotoxinas e Fatores Quimiotáticos C4a, C3a e C5a (em ordem crescente de atividade) são todas anafilotoxinas que causam degranulação celular de basófilos/mastócitos e contração de células da musculatura lisa. Efeitos indesejáveis desses peptídios são controlados pela carboxipeptidase B (C3a-INA). Esses pequenos fragmentos de peptídeos de C3, C4 e, sobretudo, C5, são quimiotáticos para neutrófilos, estimulam a liberação de mediadores inflamatórios de diversos leucócitos e agem nas células endoteliais para aumentar o movimento dos leucócitos e das proteínas plasmáticas nos tecidos. Dessa forma, os fragmentos do complemento induzem reações inflamatórias que também servem para eliminar os micro-organismos. C5a e MAC (C5b67) são ambos quimiotácticos. C5a é também um potente ativador de neutrófilos, basófilos e macrófagos e causam indução de moléculas de adesão nas células endoteliais vasculares. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 44 Opsoninas C3b e C4b na superfície de micro-organismos se encaixam no receptor do Complemento Tipo 1 (CR1) expresso em células fagocitárias e promovem fagocitose. Assim, C3b funciona comouma opsonina. A opsonização é provavelmente a função mais importante do complemento na defesa contra micro-organismos. Veja abaixo uma figura que resume as principais funções efetoras de produtos do Sistema Complemento: Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 44 4. (CESPE/2013/SESA-ES/Biólogo) O sistema composto de proteínas que funcionam de maneira integrada na defesa do organismo contra infecções e na produção de quadros inflamatórios, apresentando como funções principais a indução e a liberação de mediadores inflamatórios, opsonização, promoção de fagocitose e lise bacteriana é denominado: A) Sistema proteico plasmático de reparação. B) Sistema complemento. C) Sistema de coagulação. D. Sistema humoral. E. Sistema ABO. Comentário: após ter estudado as principais funções do sistema complemento, essa questão se torna fácil. Não tem erro! Gabarito: B Anticorpos Os anticorpos existem em duas formas, como receptores de antígenos ligados à membrana das células B ou como proteínas secretadas. Anticorpos secretados estão presentes no sangue e nas secreções das mucosas, onde eles agem para neutralizar e eliminar micro-organismos e toxinas. Lembrando que os anticorpos são também chamados de imunoglobulinas (Ig), por possuírem função na imunidade e, ao mesmo tempo, características de mobilidade eletroforética lenta das globulinas. Anticorpos têm diferentes funções em diversos estágios na resposta da imunidade humoral: anticorpos ligados à membrana nas células B reconhecem antígenos e iniciam a resposta imunológica humoral, e anticorpos secretados neutralizam e eliminam os antígenos e suas toxinas na fase efetora dessa resposta. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 44 Todas as moléculas de anticorpos são semelhantes estruturalmente. Apesar disso, podem ser separadas em classes e subclasses, em razão de diferenças quanto a características físico-químicas como tamanho, solubilidade e comportamento frente a antígenos. Uma molécula de anticorpo consiste em quatro cadeias polipeptídicas, sendo duas cadeias leves (L) idênticas e duas cadeias pesadas (H) idênticas, unidas por pontes dissulfídricas formando uma proteína globular em forma de “Y”. Tanto as cadeias pesadas quanto as leves são formadas por uma região variável e uma região constante. A região variável (V) é a porção que reconhece o antígeno e a região constante (C) promove estabilidade estrutural e, no caso das cadeias pesadas, media também as funções efetoras dos anticorpos. A haste do “Y” é denominada porção/fragmento Fc (de Fragment crystallizable) e é responsável pela atividade biológica dos anticorpos. Os “braços” da molécula em “Y” são denominados porção/fragmento Fab (de Fragment antigen binding ou fragmento de ligação ao antígeno) e constituem a região de ligação ao antígeno. Cada “braço” é formado pela região V de uma cadeia pesada e de uma cadeia leve que, em conjunto formam o local de ligação ao antígeno. Veja as figuras abaixo: Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 44 As moléculas de imunoglobulinas apresentam diferenças na sequência de aminoácidos nas porções Fab. A porção Fab é a que forma uma superfície complementar ao epítopo (presente no antígeno) e determina a especificidade do anticorpo. A diversidade existente nesses sítios de ligação ao antígeno é o que garante que haja um repertório quase ilimitado de especificidades de anticorpos. Resposta mediada por Anticorpos Resposta primária: ocorre após o primeiro contato com o imunógeno. Tem como uma de suas características principais a necessidade de um tempo maior para a produção de anticorpos. A primeira exposição leva a produção de baixos níveis de imunoglobulinas, geralmente de classe IgM e, como a produção de anticorpos é lenta nessa fase e depende de muitos fatores, há um período variável (de dias a semanas e meses) antes do aparecimento de anticorpos na circulação, o qual nós chamamos de “janela imunológica”. Esse período varia de dias a várias semanas e até meses, dependendo do tipo e da dose do antígeno, da via de introdução, de características imunológicas do indivíduo e do método usado para detectar os anticorpos. As células de memória são geradas ainda na resposta primária. O que é janela imunológica? Janela imunológica é o período entre a infecção e o início da formação de anticorpos específicos contra o agente causador. Importância Se uma pessoa for doar sangue ou mesmo fazer um exame para saber se tem alguma infecção durante o período de janela imunológica, os resultados poderão ser negativos, mesmo que ela Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 44 já esteja infectada. Isso porque a maioria dos testes é baseada na pesquisa de anticorpos produzidos pelo sistema de defesa do organismo em resposta ao agente infeccioso e não na pesquisa direta do agente. E, como já sabemos, após contato com o agente infeccioso, a resposta imune adaptativa humoral levará um determinado tempo para acontecer, o que explica, portanto, a existência da janela imunológica. Resposta secundária: ocorre após a segunda exposição a um mesmo antígeno. Principais características: período reduzido até a produção de altos níveis de anticorpos, com predominância de IgG e detectáveis dentro de um a três dias após contato. As células de memória clonadas proliferam rapidamente em linfócitos efetores. Os anticorpos produzidos em uma resposta secundária têm maior avidez pelo antígeno e sua produção pode ser estimulada a partir da exposição a uma “dose” menor do antígeno. A resposta secundária pode ser acionada mesmo após muitos anos do contato e resposta primária. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 44 Classes dos anticorpos A classe de um anticorpo é definida pela estrutura de sua cadeia pesada. Sendo que algumas classes possuem ainda subtipos de acordo com a atividade funcional. Anticorpos que contêm diferentes cadeias pesadas pertencem a diferentes classes ou isotipos. As cinco classes principais de imunoglobulinas (Ig) são: IgM, IgD, IgG, IgA e IgE. Essas imunoglobulinas diferem, por exemplo, em tamanho, cargas elétricas, composição de aminoácidos, ou seja, diferem nas suas propriedades físicas e também biológicas e efetoras. Vamos agora verificar as principais características e funções de cada isotipo de Ig: IgM: esta Ig é expressa na superfície das células B (funcionando como receptor para antígenos) ou pode ser secretada. Geralmente se apresenta como molécula pentamérica, 900.000 dáltons, está localizada principalmente no meio intravascular e corresponde a aproximadamente 10% do total de imunoglobulinas. As cinco cadeias são ligadas entre si por pontes dissulfeto e por uma cadeia polipeptídica inferiorchamada de cadeia J. Tem grande capacidade de ativar o sistema complemento e promover lise celular, mas não atravessa a barreira placentária. Sua porção Fc é também capaz de ser ligada por receptores de frações Fc em células fagocitárias. É geralmente denominado anticorpo “frio”, pois a fixação desse anticorpo ao antígeno é máxima a baixas temperaturas, como 4°C, é mais fraca a 25ºC e praticamente nula a 37ºC. Classicamente, é o anticorpo da resposta primária, o primeiro anticorpo a ser produzido. Os anticorpos IgM ficam presentes por um curto período de tempo, normalmente desaparecendo de três a seis meses após uma infecção. Portanto, a presença de anticorpos IgM é um indicativo de infecção aguda ou recente. Anticorpos IgM também podem ser detectados na reinfecção ou reativação de processos infecciosos. IgG (possui subclasses IgG 1, 2 , 3 e 4): molécula monomérica, 160.000 daltons, é a principal imunoglobulina no soro, chega a cerca de Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 44 75% do total de Ig do organismo. Está igualmente distribuída nos compartimentos extracelulares e é a única com a importante propriedade de atravessar a barreira placentária. Algumas subclasses têm boa capacidade de ativar complemento, como a IgG 1 e IgG 3, exceto a IgG 4, ocasionando amplificação de resposta inflamatória, a qual já estudamos. Provoca também a opsonização da célula-alvo e possibilita maior aderência e melhor ingestão do antígeno por células fagocitárias (monócitos, macrófagos e polimorfonucleares). Em comparação à IgM, a IgG é a que surge mais tardiamente no curso de uma infecção e também a que é produzida em uma resposta secundária, ou seja, segunda exposição a determinado antígeno. A capacidade de ligação dos anticorpos IgG (avidez) é diretamente proporcional ao tempo de infecção. Geralmente IgG é denominada anticorpo “quente”, pois a fixação do anticorpo se dá de maneira ótima a 37°C. IgD: corresponde a menos de 1% do total das imunoglobulinas plasmáticas. A IgD, juntamente com IgM, está presente na superfície dos linfócitos B. Participa na diferenciação das células B, porém, sua função biológica ainda precisa ser melhor esclarecida. IgA: é a imunoglobulina predominante nas secreções mucosserosas como a saliva, lágrima, colostro, leite, secreções nasais, traqueobronquiais e geniturinárias, na secreção presente no lúmen do intestino delgado e outras. É muito resistente às enzimas proteolíticas, por isso consegue atuar nas secreções sem sofrer inativação pelas enzimas ali presentes. Está em pequenas quantidades na circulação sanguínea. A IgA secretada é um dímero. IgE: em baixas concentrações no soro, é encontrada principalmente nas membranas superficiais de mastócitos e basófilos. A IgE desempenha papel importante na imunidade contra os helmintos (com participação de eosinófilos) e em reações alérgicas por ação dos mastócitos. A interação Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 44 de antígenos com moléculas de IgE ligadas a mastócitos resulta na liberação de grânulos contendo aminas vasoativas, como a histamina, que causam vasodilatação e aumento da permeabilidade dos capilares, bem como enzimas proteolíticas que podem matar bactérias ou toxinas microbianas inativas. Os mastócitos também sintetizam e secretam mediadores lipídicos (p. ex., prostaglandinas) e citocinas (p. ex., TNF), que estimulam a inflamação. Os produtos dos mastócitos estão envolvidos nos sintomas das doenças alérgicas e também oferecem defesa contra helmintos. Esses mediadores podem produzir broncoespasmo, vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, contração de músculo liso e quimioatração de outras células inflamatórias (eosinófilos, por exemplo). Os eosinófilos também têm receptores de alta afinidade para a porção Fc de IgE. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 44 Classificação dos anticorpos de acordo com a origem Heteroanticorpos: anticorpos produzidos contra antígenos advindos de indivíduos de espécies diferentes. Por exemplo: produção de soro antiglobulina humana por meio da imunização de coelhos por anticorpos humanos (que, nesse caso, são reconhecidos como antígenos pelo sistema imune do animal); Aloanticorpos: são os anticorpos produzidos contra antígenos reconhecidos como “não próprios” do indivíduo, porém, provenientes de um organismo da mesma espécie. Um exemplo seria a imunização que pode ocorrer por transfusão sanguínea. Autoanticorpos: produzidos contra antígenos do próprio indivíduo. Ocorre, por exemplo, nas doenças auto-imunes. Classificação dos anticorpos de acordo com o estímulo Imunes: são formados por ativação do sistema imune ao reconhecer antígeno “não próprio”. Exemplo: anticorpos formados após transfusão ou gravidez. Naturais: são formados mesmo sem contato prévio com o antígeno. Como exemplo primordial, temos os anticorpos no sistema ABO. As bactérias que começam a colonizar o trato gastrointestinal a partir do nascimento possuem açúcares nas paredes celulares, os quais, por similaridade estrutural com os antígenos A e B, acabam por estimular a formação de anticorpos anti-A e anti-B. O estímulo também pode vir da alimentação, exposição à poeira e etc... Regulares: quando a presença do anticorpo já é esperada. Exemplo: caso dos anticorpos ABO. Irregulares: sua ocorrência não é esperada. Exemplo: anticorpos formados após aloimunização por transfusão. Ou seja, a menos que ocorra o evento imunizador, não se espera encontrar esses anticorpos no indivíduo. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 44 Classificação dos anticorpos de acordo com o comportamento em testes imuno-hematológicos Completos: promovem aglutinação de hemácias em meio salino. Exemplo: anticorpos IgM. Incompletos: reagem com o antígeno, porém não produzem aglutinação das hemácias. Precisam de um meio artificial que promova a aglutinação para tornar “visível” a reação antígeno-anticorpo. Exemplo: anticorpos IgG. A maioria dos anticorpos completos e naturais é da classe IgM, e os incompletos e imunes, da Classe IgG ou IgA. A força com a qual uma superfície de ligação de antígeno de um anticorpo se liga a um epítopo de um antígeno é chamada de afinidade de interação. A afinidade é frequentemente expressa pela constante de dissociação (Kd), que é a concentração molar requerida de um antígeno para ocupar metade das moléculas de anticorpo disponíveis em solução; quanto menor a Kd, mais alta é a afinidade. A maioria dos anticorpos produzidos em uma resposta imunológica primária possui uma Kd entre 10−6 e 10−9 M, mas com a repetida estimulação antigênica (p. ex., em uma resposta imunológica secundária) a afinidade aumenta para uma Kd entre 10−8 e 10−11 M. Esse aumento na força de ligação do antígeno é chamado de maturação da afinidade. Lembram que cada molécula em “Y” de um anticorpo IgG, IgD e IgE tem dois sítios de ligação de antígeno, correto? A IgA secretada é um dímero, e dessa forma possui quatro sítios de ligação ao antígeno, e a IgM secretadaé um pentâmero, com 10 sítios de ligação ao antígeno. Portanto, cada molécula desses anticorpos pode ligar dois a 10 epítopos de um antígeno, ou epítopos em dois ou mais antígenos próximos. A força total de ligação é muito maior do que a afinidade de um único antígeno ligado a um anticorpo, e é chamada de avidez de uma interação. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 44 Atenção: avidez é a força da interação entre o anticorpo presente numa amostra e os diferentes epítopos de um antígeno polivalente (ou seja, a avidez da ligação antígeno-anticorpo). A avidez aumenta no decorrer de uma infecção. Anticorpos produzidos contra um antígeno podem ligar outros antígenos estruturalmente similares. A ligação a epítopos similares denomina-se reação cruzada. O conhecimento sobre a produção e manipulação de anticorpos, como, por exemplo, a produção de anticorpos monoclonais, representa um dos mais importantes avanços tecnológicos em imunologia, com implicações grandiosas para a clínica médica e a pesquisa. Atualmente, os anticorpos monoclonais são amplamente utilizados como terapêuticos e reagentes para o diagnóstico de muitas doenças em humanos. Na próxima aula do nosso curso, estudaremos os métodos imunológicos e suas aplicações. Atenção! Os anticorpos e suas funções é um dos assuntos de imunologia mais cobrados em provas de concurso, de forma direta ou indireta. Vale a pena se dedicar a esse tópico! Vamos verificar o aprendizado: 5. (INSTITUTO AOCP/2015/HE-UFSCAR/EBSERH/Técnico em Laboratório de Patologia Clínica) Imunoglobulinas são responsáveis pela resposta humoral. São exemplos de imunoglobulinas humanas: A) IgA, IgG e IgM. B) IgA, IgB e IgV. C) IgA, IgB e IgC. D) IgX, IgY e IgC. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 44 E) IgI, IgII e IgIII. Comentário: a única alternativa que lista imunoglobulinas que acabamos de estudar é a letra “A”. Gabarito: A 6. (INSTITUTO AOCP/2013/Enfermeiro) Os exames pré-natais que a gestante realiza, são de extrema importância para prevenção e tratamento de diversas doenças. Sobre a interpretação do resultado e conduta do exame de toxoplasmose, preencha a lacuna e assinale a alternativa correta. Recomenda-se, sempre que possível, a triagem para toxoplasmose por meio da detecção de anticorpos da classe __________ (Elisa ou imunofuorescência). Em caso de positividade, significa doença ativa e o tratamento deve ser instituído. A) IgA B) IgE C) IgG D) IgO E) IgM Comentário: o enunciado da questão fala em “doença ativa”, portanto devemos pensar logo em IgM! A presença de anticorpos IgM é um indicativo de infecção aguda ou recente. Também podem ser detectados na reinfecção ou reativação de processos infecciosos. Gabarito: E. 7. (FADESP/2012/Prefeitura Municipal de Castanhal – PA/Biomédico) Quanto aos conceitos de "Janela Imunológica" na AIDS é correto afirmar que corresponde ao (à) A) possibilidade de um indivíduo não contrair a doença após ter sido exposto. B) tempo compreendido entre a infecção e a soroconversão. C) período em que ainda não se sabe se houve ou não uma contaminação pelo vírus. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 44 D) período em que o organismo não mais produz anticorpos contra o vírus. Comentário: janela imunológica é o intervalo de tempo entre a infecção por um vírus ou outro agente infeccioso e o início da produção de anticorpos contra esse agente infecioso, os quais são detectáveis por exames de sangue. Os exames sorológicos, em geral, são baseados na pesquisa de anticorpos produzidos pelo sistema de defesa do organismo em resposta ao agente infeccioso e não na pesquisa direta do agente. E como os anticorpos são produzidos como parte da resposta imune humoral, um braço da resposta imune adaptativa, levará um tempo entre o contato inicial com o agente infeccioso (antígeno) e a geração dos anticorpos. Isso explica, portanto, a existência do período de “janela imunológica”. Gabarito: B. 8. (CESPE/UNB/2014/INCA/Técnico 1 – Área: Hematologia e Hemoterapia) Com relação a noções básicas de imunologia, julgue o item abaixo: As respostas imunes fagocítica, de anticorpos e celular são meios de o organismo se defender quando invadido ou atacado por bactérias, vírus ou outros patógenos. ERRADO CERTO Comentário: questão fácil e bem geral sobre imunidade, está correta. Observe que são utilizados termos um tanto quanto diferenciados para resposta imune inata, humoral e celular. Gabarito: CERTO. 9. (CESPE/UNB/2014/INCA/Técnico 1 – Área: Hematologia e Hemoterapia) Antígenos são moléculas que podem ser reconhecidas pelo organismo como não próprias e gerar o aparecimento de anticorpos, sendo qualquer substância que pode se ligar especificamente a anticorpos ou a um receptor de linfócito T. Substâncias que compõem as membranas das células ou fragmentos celulares do sangue (eritrócitos e plaquetas), Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 44 como proteínas, carboidratos e lipídios são considerados antígenos. Com relação à imunologia e genética, julgue os próximos itens. I) Os antígenos que possuem imunogenicidade têm a capacidade de estimular a produção de anticorpos, enquanto que os antígenos tolerógenos são os têm a propriedade de tolerância imunológica pelo sistema imune. ERRADO CERTO Comentário: está correto, a tolerância a antígenos próprios é importante para evitar danos ao próprio organismos durante resposta a antígenos estranhos. Gabarito: CERTO. II) Epítopo é o sítio de ligação do antígeno com a imunoglobulina ou receptor de linfócito T. Cada antígeno possui apenas 1 epítopo. ERRADO CERTO Comentário: um antígeno pode conter inúmeros epítopos. Gabarito: ERRADO. III) Anticorpos são substâncias produzidas a partir da ativação de linfócitos B, que se diferenciam em plasmócitos e secretam anticorpos, em resposta à introdução de um dado antígeno (imunógeno). ERRADO CERTO Comentário: não tem muito o que ser comentado, está correta a descrição. Gabarito: CERTO. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 44 Caros alunos, chegamos ao fim de nossa Aula 00, em que vimos um conteúdo introdutório! Nesse primeiro contato, estabelecemos a base para os conteúdos que ainda virão, por isso, não deixem de tirar todas as suas dúvidas por meio do fórum. Em nossa próxima aula teremos um número bem maior de questões. Vamos saber o que realmente cai sobre técnicas laboratoriais para o diagnóstico das doenças autoimunes e controle de qualidade em técnicas imunobiológicas. Bons estudos! Até a próxima aula! Denise Rodrigues Lista de Questões 1. (UFMT/2014/UFMT/ Técnico de Laboratório - Análises Clínicas) Todas as substâncias apresentadas a um organismo através das vias parenteral, cutânea, digestiva, aérea, ocular são capazes de estimular uma resposta específica dirigida à substância indutora. Otrecho refere-se a: A) Anticorpo. B) Células sanguíneas. C) Antígeno. D) Proteínas séricas. 2. (IINSTITUTO AOCP/2015/ EBSERH – HC - UFG/Biomédico) “A medula óssea tem contribuição fundamental na efetivação do processo inflamatório, através da liberação e aumento na produção dos leucócitos” (HOKAMA e MACHADO, 1997). Paciente chegou ao pronto atendimento do hospital municipal com quadro inflamatório agudo. Considerando - se a resposta medular à infecção, na chamada fase inicial, pôde ser observada no hemograma presença, principalmente, de qual tipo de leucócitos? A) Neutrófilos. Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 44 B) Monócitos. C) Eritrócitos. D) Trombócitos. E) Eosinófilos. 3. (UFV-JULHO/2007) Na espécie humana, a defesa contra agentes patogênicos e substâncias que superam as barreiras externas de proteção é função realizada pelo sistema imunitário. Com relação a este sistema, é CORRETO afirmar que: A) a imunidade celular é mediada por uma molécula efetora chamada de anticorpo. B) a imunidade humoral é mediada por uma célula efetora, o linfócito T citotóxico. C) os antígenos são as moléculas estranhas que provocam uma reação imunitária. D) a resposta imunológica é desprovida de mecanismos de autorregulação e memória. 4. (CESPE/2013/SESA-ES/Biólogo) O sistema composto de proteínas que funcionam de maneira integrada na defesa do organismo contra infecções e na produção de quadros inflamatórios, apresentando como funções principais a indução e a liberação de mediadores inflamatórios, opsonização, promoção de fagocitose e lise bacteriana é denominado: A) Sistema proteico plasmático de reparação. B) Sistema complemento. C) Sistema de coagulação. D) Sistema humoral. E) Sistema ABO. 5. (INSTITUTO AOCP/2015/HE-UFSCAR/EBSERH/Técnico em Laboratório de Patologia Clínica) Imunoglobulinas são responsáveis pela resposta humoral. São exemplos de imunoglobulinas humanas: Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 44 A) IgA, IgG e IgM. B) IgA, IgB e IgV. C) IgA, IgB e IgC. D) IgX, IgY e IgC. E) IgI, IgII e IgIII. 6. (INSTITUTO AOCP/2013/Enfermeiro) Os exames pré-natais que a gestante realiza, são de extrema importância para prevenção e tratamento de diversas doenças. Sobre a interpretação do resultado e conduta do exame de toxoplasmose, preencha a lacuna e assinale a alternativa correta. Recomenda-se, sempre que possível, a triagem para toxoplasmose por meio da detecção de anticorpos da classe __________ (ELISA ou Imunofluorescência). Em caso de positividade, significa doença ativa e o tratamento deve ser instituído. A) IgA B) IgE C) IgG D) IgO E) IgM 7. (FADESP/2012/Prefeitura Municipal de Castanhal – PA/Biomédico) Quanto aos conceitos de "Janela Imunológica" na AIDS é correto afirmar que corresponde ao (à) A) possibilidade de um indivíduo não contrair a doença após ter sido exposto. B) tempo compreendido entre a infecção e a soroconversão. C) período em que ainda não se sabe se houve ou não uma contaminação pelo vírus. D) período em que o organismo não mais produz anticorpos contra o vírus. ==0== Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 44 8. (CESPE/UNB/2014/INCA/Técnico 1 – Área: Hematologia e Hemoterapia) Com relação a noções básicas de imunologia, julgue o item abaixo: As respostas imunes fagocítica, de anticorpos e celular são meios de o organismo se defender quando invadido ou atacado por bactérias, vírus ou outros patógenos. ERRADO CERTO 9. (CESPE/UNB/2014/INCA/Técnico 1 – Área: Hematologia e Hemoterapia) Antígenos são moléculas que podem ser reconhecidas pelo organismo como não próprias e gerar o aparecimento de anticorpos, sendo qualquer substância que pode se ligar especificamente a anticorpos ou a um receptor de linfócito T. Substâncias que compõem as membranas das células ou fragmentos celulares do sangue (eritrócitos e plaquetas), como proteínas, carboidratos e lipídios são considerados antígenos. Com relação à imunologia e genética, julgue os próximos itens. I) Os antígenos que possuem imunogenicidade têm a capacidade de estimular a produção de anticorpos, enquanto que os antígenos tolerógenos são os têm a propriedade de tolerância imunológica pelo sistema imune. ERRADO CERTO II) Epítopo é o sítio de ligação do antígeno com a imunoglobulina ou receptor de linfócito T. Cada antígeno possui apenas 1 epítopo. ERRADO CERTO III) Anticorpos são substâncias produzidas a partir da ativação de linfócitos B, que se diferenciam em plasmócitos e secretam anticorpos, em resposta à introdução de um dado antígeno (imunógeno). ERRADO CERTO Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 44 1-C 2-A 3-C 4-B 5-A 6-E 7-B 8-CERTO 9-I-CERTO; II-ERRADO; III-CERTO Técnicas Laboratoriais p/ UNIFESP (Biomédico/Análises Clínicas) Teoria e exercícios comentados Prof.ª Denise Rodrigues ʹ Aula 00 Prof. Denise Rodrigues www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 44 Referências Bibliográficas - IMUNOLOGIA CELULAR E MOLECULAR Abbas, A.; Lichtmann, A.; Pillai, S. Editora Elsevier 8a edição/2015. - IMUNOLOGIA BÁSICA Abbas, A.; Lichtmann, A.; Pillai, S. Editora Elsevier 4a edição/2013. - FUNDAMENTOS DA IMUNO-HEMATOLOGIA ERITROCITÁRIA Girello, A.L.; Kuhn, T.I. B.B. Editora SENAC São Paulo 3a edição/2012. - SISTEMA IMUNITÁRIO: PARTE I. FUNDAMENTOS DA IMUNIDADE INATA COM ÊNFASE NOS MECANISMOS MOLECULARES E CELULARES DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA, Cruvinel, W.M., Mesquita Junior, D., Araújo, J. A.P., Catelan T.T.T., Sousa, A.W.S., Silva, N.P., Andrade, L.E.C. Rev Bras de Reumatol 2010; 50: 434-447. - SISTEMA IMUNITÁRIO – PARTE II - FUNDAMENTOS DA RESPOSTA IMUNOLÓGICA MEDIADA POR LINFÓCITOS T e B, Mesquita Júnior, D., Araújo, J. A. P., Catelan, T. T.T, Souza, A.W.S., Cruvinel, W.M., Andrade, L.E.C., Silva, N. P. Rev Bras Reumatol 2010; 50(5): 552-80.