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Taguatinga-DF 2017 ANDRÉ DE MESQUITA MARTINS APLICAÇÃO DO SPDA (SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS) Brasília-DF 2017 APLICAÇÃO DO SPDA (SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS) Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Elétrica da FACNET/Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Engenharia Elétrica. Orientador: João Negrão ANDRÉ DE MESQUITA MARTINS ANDRÉ DE MESQUITA MARTINS APLICAÇÃO DO SPDA (SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS) Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Elétrica da FACNET/Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Engenharia Elétrica. BANCA EXAMINADORA Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Prof(ª). Titulação Nome do Professor(a) Dedico este trabalho a Deus. AGRADECIMENTOS Ao Senhor Jesus por ter me dado saúde e força para superar todas as adversidades. Enfrentando medos, desafios pessoais e acadêmicos. A minha esposa, obrigada pela força diária e compreensão constante nesse período difícil. O seu valioso apoio foi incansável em todos os momentos. A minha vitória certamente também é sua. Aos meus filhos que muito me orgulham e também foram fonte de inspiração para entender que o futuro é feito de dedicação no presente, para alcançar a vitória. Agradeço aos meus professores e tutores do curso de Engenharia Elétrica. E a todas as pessoas que de longe ou de perto, direta e indiretamente fizeram parte da minha formação. MARTINS, André de Mesquita. Aplicação do SPDA (sistema de proteção contra descargas atmosféricas). 2017. 38 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Faculdade FACNET/Anhanguera, Taguatinga-DF, 2017. RESUMO Um sistema de proteção contra raios é projetado para proteger uma estrutura de danos causados por ataques de raios, interceptando tais ataques e passando suas correntes extremamente altas à terra. Um sistema de proteção contra raios inclui uma rede de terminais de ar, condutores de ligação e eletrodos de terra projetados para fornecer um caminho de baixa impedância para terra para ataques potenciais. Devido à grande incidência de descargas atmosféricas registradas no Brasil, implantar um Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas - SPDA, pode trazer benefícios para os usuários evitar danos em pequena escala ou até em grandes proporções. O objetivo deste trabalho foi apresentar as principais aplicações do sistema de proteção de descargas atmosféricas (SPDA), e as principais formas de redução de acidentes por meio de descargas atmosféricas, através do sistema eficiente de aterramento e SPDA. Para tanto foi realizada uma revisão bibliográfica, pois tratou-se de um método que permitiu a inclusão de estudos de diferentes abordagens do assunto. Dentro dessa perspectiva, utilizou-se como parâmetro a ABNT NBR 5419/2015 e NBR5410/2004, onde foram realizadas revisões bibliográfica, sobre a aplicação das estruturas no SPDA, verificando seus projetos, instalações e respectivas eficácias quanto à proteção apresentada. Palavras-chave: Descargas elétricas; SPDA; Choque elétrico; Sobretensão; Aterramento. MARTINS, André de Mesquita. Application of spda (lightning protection system). 2017. 38 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) – Faculdade FACNET/Anhanguera, Taguatinga-DF, 2017. ABSTRACT A lightning protection system is designed to protect a structure from damage by lightning strikes, intercepting such attacks and passing its extremely high currents to earth. A lightning protection system includes a network of air terminals, lead conductors and ground electrodes designed to provide a low impedance ground path for potential attacks. Due to the high incidence of atmospheric discharges registered in Brazil, the implementation of an SPDA can provide benefits for users to avoid damages on a small scale or even in large proportions. The objective of this work was to present the main applications of the system of protection of atmospheric discharges (SPDA), and the main ways of reducing accidents through atmospheric discharges through the efficient grounding system and SPDA. For this, a bibliographic review was performed, since it was a method that allowed the inclusion of studies of different approaches of the subject. In this perspective, ABNT NBR 5419/2015 and NBR5410 / 2004 were used as parameters, where bibliographic reviews were carried out on the application of the structures in the SPDA, verifying their projects, facilities and respective efficacies regarding the presented protection. Key-words: Electric discharges; SPDA; Electric shock; Overvoltage; Grounding. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Ângulo de proteção correspondente à classe de SPDA ......................... 22 Figura 2 – Desenho da Gaiola Fraday ..................................................................... 23 Figura 3 – Método esfera rolante ............................................................................. 24 Figura4 – Modelo esquemático de Equipotencialização e Seccionamento Automático ................................................................................................................................. 28 Figura 5 – Sobretensão ........................................................................................... 29 Figura 6 – Principais características de uma sobretensão ...................................... 29 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Valores dos raios da esfera rolante, tamanho da malha e ângulo de proteção correspondentes a classe do SPDA .......................................................... 22 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS INPE INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS SPDA SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13 1 CONCEITOS DE DESCARGA ATMOSFÉRICA, SOBRETENSÕES, ATERRAMENTOS E SPDA ...................................................................................... 16 1.1 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS .................................................................... 16 1.1.1 Sobretensões ................................................................................................. 18 1.1.2 Aterramentos ................................................................................................. 18 1.1.3 Sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) ....................... 19 2 FORMAS DE PROTEÇÃO A CHOQUES ELÉTRICOS E SOBRETENSÃO . 25 3 RESISTÊNCIAS DE ATERRAMENTO .......................................................... 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 36 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 38 13 INTRODUÇÃO A descarga elétrica atmosférica (raio) é um fenômeno da natureza absolutamente imprevisível e aleatório, tanto em relação às suas característicaselétricas (intensidade decorrente, tempo de duração, entre outros), como em relação aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre as edificações. Mediante isso, o sistema de proteção contra descargas atmosféricas se torna imprescindível, pois além de minimizar danos estruturais e danos à rede elétrica, o mesmo, quando corretamente dimensionado, vai proteger a instalação como um todo. O estudo das descargas atmosféricas é um processo de extrema importância e que chama atenção pelo fato de haverem muitas possibilidades diferentes de se proteger uma edificação. O uso de elementos naturais e a mistura de elementos que compõe diferentes filosofias de proteção dão ao projetista do SPDA uma liberdade muito grande de adequar o projeto às necessidades, orçamento e peculiaridades de uma edificação. No que diz respeito à segurança predial, especificamente na parte elétrica, pode-se citar a norma técnica NBR 5419/2015, que trata das instalações elétricas de baixa tensão e proteção de estruturas contra descargas atmosféricas, respectivamente. A nova NBR 5419:2015 estabelece uma série de critérios sobre a proteção contra as descargas atmosféricas não se restringe a um Sistema de Proteção contra Des cargas Atmosféricas (SPDA), mas sim a um conjunto de SPDA com as MPS (Medidas de Proteção contra Surtos), podendo ainda englobar outros sistemas de proteção, tais como os sistemas de combate a incêndio (ABNT, 2015). A finalidade dessa ordem é interceptar, conduzir e dissipar no solo as correntes oriundas dos raios. Os captores é a parte mais elevada do SPDA, recebem a descarga pelo efeito das pontas, podendo ser de uma ou várias pontas. A condução das correntes até o solo é feita através das barras metálicas e a dissipação é feita pelas hastes de aterramento (KINDERMANN, 1995). A decisão de utilizar um sistema de proteção contra descargas atmosféricas em uma estrutura pode ser uma exigência legal (em códigos de obras municipais), uma precaução do proprietário para evitar prejuízos ou ainda uma exigência das 14 companhias de seguro, já que os raios são causas de danos físicos e incêndios. (COUTINHO; ATOÉ, 2003). A motivação em escolher o tema da pesquisa é devido à grande incidência de descargas atmosféricas registradas no Brasil, implantar um Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas - SPDA, pode trazer benefícios para os usuários evitar danos em pequena escala ou até em grandes proporções. O estudo do tema é importante para a comunidade, pois conhecerá a real situação do sistema contra descargas atmosféricas e quais as providências serão necessárias para adequar a instalação do SPDA. A partir destas considerações lançou-se a seguinte questão: Como proteger as pessoas e os equipamentos contra as descargas atmosféricas, qual a melhor maneira, como avaliar se é necessário ter ou não algum sistema de proteção contra descargas Atmosférica? O trabalho teve como objetivo apresentar as principais aplicações do sistema de proteção de descargas atmosféricas (SPDA), e as principais formas de redução de acidentes por meio de descargas atmosféricas, através do sistema eficiente de aterramento e SPDA. O trabalho pretendeu também abordar os conceitos de descarga atmosférica, aterramentos e SPDA; apontar formas de proteção a choques elétricos e sobretensão; e descrever sobre as resistências de aterramento e comparar com as recomendações da norma vigente. A metodologia utilizada na elaboração deste projeto abrange: a pesquisa bibliográfica e documental. Para atender ao objetivo de apresentar as principais aplicações do sistema de proteção de descargas atmosféricas (SPDA), e as principais formas de redução de acidentes por meio de descargas atmosféricas, através do sistema eficiente de aterramento e SPDA, foi realizada uma revisão bibliográfica, pois trata-se de um método que permite a inclusão de estudos de diferentes abordagens do assunto, com o objetivo de definir conceitos, rever teoria, analisar evidências e questões metodológicas de um tema específico (GIL, 2002). Foram realizadas buscas utilizando-se apenas os seguintes descritores: Para- raios e SPDA. Tendo em vista que no processo de delimitação do objeto desse estudo houve um número insuficiente de artigos, optou-se então por outros trabalhos científicos tais como dissertações, teses e/ou legislações e normas brasileiras, bem 15 como livros relacionados sobre o tema. Essa redefinição teve como premissa aumentar o número de publicações que atendam ao objetivo do estudo. 16 1 CONCEITOS DE DESCARGA ATMOSFÉRICA, SOBRETENSÕES, ATERRAMENTOS E SPDA Este Capítulo apresenta inicialmente alguns conceitos básicos relativos às descargas atmosféricas, incluindo uma descrição simplificada do fenômeno físico. Em seguida são discutidos, separadamente, os principais mecanismos associados às sobretensões, aterramento e o método preconizado pela Norma Brasileira NBR 5419 - Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas. A Norma fixa as condições exigíveis ao projeto, instalação e manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA). 1.1 DESCARGAS ATMOSFÉRICAS O fenômeno natural do raio já foi tratado principalmente como um risco de incêndio ou uma ameaça para os seres vivos. Paralelamente ao progresso tecnológico, o raio tornou-se uma ameaça significativa especialmente para os dispositivos eletrônicos. A proteção contra raios é um dos importantes desafios da Engenharia. As medidas de proteção podem ser adequadamente, se o processo se basear no conhecimento sobre a natureza e os parâmetros atmosféricos e de descargas atmosféricas (ANISEROWICZ, 2013). Os fenômenos eletrostáticos acompanham diferentes processos que ocorrem na atmosfera. O elétrico campo de cerca de 130 V existe perto do solo, mesmo durante um dia ensolarado nas latitudes médias. A diferença de potencial típica entre a superfície da Terra e a parte inferior da ionosfera é de 200 a 500 kV (ANISEROWICZ, 2013). A natureza elétrica do relâmpago é conhecida Há cerca de 260 anos. Foi provado por Benjamin Franklin durante o seu famoso experimento de pipa no ano 1752. Esta experiência deu base para a invenção de um para-raios. Na Polônia, Józef Osiński foi o pioneiro da proteção contra raios. Sob sua influência o primeiro raio foi instalado na torre do relógio do Castelo Real em Varsóvia no ano de 1784 (ANISEROWICZ, 2013). As descargas atmosféricas ou raio são fenômenos naturais com danosas consequências, resultante do acúmulo de cargas elétricas em uma nuvem e a consequente condução para o solo terrestre ou sobre qualquer estrutura que ofereça 17 condições favoráveis à dissipação. O autor ainda destaca que ao longo dos anos várias teorias foram desenvolvidas para explicar o fenômeno das descargas atmosféricas. Os estudos indicam que a única forma de proteção para evitar ou minimizar os danos e perigos relacionados ao fenômeno é dissipar para a terra a corrente com segurança para as instalações e os seres humanos (MAMEDE, 2012). As descargas atmosféricas ocorrem com uma maior frequência nos terrenos, como por exemplo os graníticos e os xistosos, ao invés dos bons condutores, como os calcários e de aluvião (terreno formado por inundação). No terreno isolante há liberação de cargas elétricas para a superfície e essas cargas propiciam a queda do raio em terrenos maus condutores. Essa liberação de cargas chega a ionizar o ar ambiente, provocando o cheiro característico de ozônio. O fenômeno assemelha-se à fuga de corrente de um capacitor gigante, no qual as placas são as nuvens e o solo (GONÇALVES JR, 2015). A descarga atmosférica pode ser classificada como direta ou indireta. A descarga direta ocorre quando o ponto de incidência é o objeto de interesse. Apesar de ter um poder destrutivo maior devido aos efeitos eletrodinâmicos e térmicos,a descarga direta pode ser evitada com a instalação de SPDAs (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas) (VISACRO, 2005). As descargas atmosféricas são descargas elétricas de grande extensão e de grande intensidade, que ocorrem devido à grande concentração de cargas elétricas em regiões localizadas com ambientes chuvosos, na maior parte das vezes dentro de tempestades. Essa descarga começa dentro de um campo elétrico criado por estas cargas na qual excedem a capacidade isolante, conhecidas como rigidez dielétrica, do ar em um determinado local no ambiente, que pode ser dentro das nuvens ou próximo ao solo. Possui início um acelerado movimento de elétrons de uma região de cargas negativas para uma região de cargas positivas. Há vários tipos de descargas, classificadas em ofício do local no qual se originam e do local no qual terminam (VISACRO, 2005). As descargas atmosféricas são fenômenos da natureza absolutamente imprevisíveis, bem como, aleatórios com características elétricas (intensidade de corrente, tempo de duração, entre outras), com relação aos efeitos destruidores decorrentes de sua incidência sobre as edificações. Ressalta-se que a descarga 18 atmosférica é uma das grandes transferências de cargas das nuvens para a terra ou estrutura que se interponha entre a nuvem e o solo (ARAÚJO, NEVES, 2005). 1.1.1 Sobretensões As sobretensões são geradas por efeitos externos ao sistema elétrico, como por exemplo, descargas atmosféricas ou pelo próprio sistema como sobretensões internas causadas por manobras, não se pode evitar que descargas atmosféricas ocorram em linhas de transmissão, mas pode-se reduzir o número de descargas que incidem diretamente nas fases das linhas, utilizando-se condutores aterrados nas estruturas das torres (ARAÚJO, NEVES, 2005). As sobretensões podem ser definidas como tensões transitórias, variáveis com o tempo, cujo valor máximo é superior aos de valor de crista das tensões máximas de operação do sistema. De uma forma geral, pode ser caracterizada por dois tipos de sobretensões: os de origem interna (são causadas por eventos dentro do sistema em si-como por exemplo, manobras de disjuntores ou curtos-circuitos) e os de origem externa do sistema (são originadas fora dos sistemas considerados, sendo principal fonte as descargas atmosféricas) (ARAÚJO, NEVES, 2005). 1.1.2 Aterramentos Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2015) o aterramento elétrico é um dos componentes mais importantes em Sistema de proteção contra descargas elétricas (SPDA). A etapa de projeto, tanto do sistema de captação de descargas atmosféricas quanto do sistema de aterramento é responsável, em grande parte, pelo correto funcionamento do SPDA, sendo que uma das tarefas envolvidas é a simulação computacional do desempenho do aterramento. Sistemas de aterramento são um dos principais recursos capazes de manter a integridade física de uma instalação no caso de uma anomalia no sistema elétrico a qual envolve a terra. Tais esquemas são também importantes para a segurança da população e de equipamentos. A principal função de um sistema de aterramento contra descargas atmosféricas é garantir a proteção de pessoas na ocorrência de tal fenômeno. 19 Quando se tratar da dispersão da corrente da descarga atmosférica (comportamento em alta frequência) para a terra, o método mais importante de minimizar qualquer sobretensão potencialmente perigosa é estudar e aprimorar a geometria e as dimensões do subsistema de aterramento. Deve-se obter a menor resistência de aterramento possível, compatível com o arranjo do eletrodo, a topologia e a resistividade do solo no local (ABNT3, 2015). O subsistema de aterramento tem a função de dissipar no solo as correntes das descargas atmosféricas recebidas através do subsistema de descida sem causar tensões de passo perigosas, mantendo baixa a queda de tensão na resistência de terra. Se o aterramento for mal dimensionado todo o trabalho do subsistema captor e do subsistema de descida será em vão, pois a corrente não fluirá para ao solo através dos eletrodos de aterramento e buscará caminhos mais fáceis para chegar até o solo, o que poderá causar danos às instalações a serem protegidas, além de riscos de vida aos ocupantes das instalações (ABNT3, 2015), 1.1.3 Sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA) Um bom Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA), deve captar a descarga que atingiria um volume de proteção, conduzi-la em segurança pela edificação e dissipá-la na terra. A descarga conduzida e dissipada com segurança significa a proteção dos ocupantes e da edificação em que o SPDA está instalado (DUQUE, 2015). Como as descargas atmosféricas podem apresentar diferentes características ou peculiaridades, nenhum Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas garante 100% de eficácia na proteção, muito embora esse índice possa chegar próximo a 98% no nível de proteção I (KINDERMAN, 1995). É importante lembrar também que a proteção de computadores, controladores, telefonia e equipamentos eletrônicos em geral não é responsabilidade do Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas. Para isso, deve ser contratado um projeto de proteção adicional com supressores de surto para cada um dos equipamentos, pois a condução da descarga pela edificação produz uma forte interferência eletromagnética (ABNT3, 2015). 20 1.1.3.1 Nova norma regulamentadora NBR 5419/2015 A norma NBR-5419 – Proteção de Estruturas Contra Descargas Atmosféricas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a responsável por regulamentar todos os aspectos que envolvem o dimensionamento, instalação e manutenção de um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas – SPDA. Uma grande mudança na versão de 2015 é que agora a proteção contra as descargas atmosféricas não se restringe a um Sistema de proteção contra Descargas cargas atmosféricas (SPDA), mas sim a um conjunto de SPDA com as MpS (Medidas de proteção contra Surtos), podendo ainda englobar outros sistemas de proteção, tais como os sistemas de combate a incêndio. Desta forma, agora a proteção contra os raios não é feita apenas para a estrutura, mas também para os sistemas eletroeletrônicos dentro da estrutura (SUETA, 2016). Todo projeto de Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas realizado no Brasil tem a obrigação de atender, no mínimo, o que é exigido pela NBR-5419. Existem, é claro, estruturas especiais e que requerem medidas de proteção adicionais que não estão descritas nessa norma (ABNT3, 2015). Segue abaixo, as principais mudanças ocorridas na NBR-5419, que foi retirado da própria norma com o intuito de esclarecer melhor o que ela realmente contempla, está dividida em 4 partes: Parte 1 - Princípios gerais; Parte 2 - Gerenciamento de risco; Parte 3 - Danos físicos estruturais e perigos à vida; e Parte 4 - Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura. Ressalta-se que a nova estrutura possui referência internacional IEC 62305 – Protection against lightning (Proteção contra raios), na qual contém exatamente as mesmas partes, conforme mostra a figura 2: A primeira parte da norma trata de premissas gerais a serem consideradas para o projeto de SPDA e Aterramento. A segunda parte é o grande destaque da nova norma, estabelecendo os requisitos para análise de risco do projeto de SPDA e Aterramento, não apenas para definição do nível de proteção da instalação, mas trazendo 21 diretrizes sobre medidas de proteção que devem ser tomadas para uma proteção mais efetiva de pessoas e instalações, dentro da tolerabilidade. A terceira parte conserva boa parte do escopo geral da norma antiga, aplicável a projetos, instalação, inspeção e manutenção do SPDA e Aterramento, além de medidas mitigadoras para controlar tensão de toquee passo proveniente de descargas atmosféricas. Houveram mudanças neste aspecto quanto a materiais de condutores de captação e descida, procedimentos nos testes de continuidade e arquitetura de interligação dos condutores de descida. A quarta parte da norma trata basicamente de aspectos gerais ligados à compatibilidade eletromagnética e medidas de proteção contra surtos atmosféricos para equipamentos elétricos e eletrônicos, nas fases de projeto, instalação, inspeção, manutenção e ensaio. Entretanto, cabe ressaltar que a parte de interferências eletromagnéticas e seu controle e proteção não é o objetivo da norma, cabendo consultar outras fontes, como a ABNT NBR 5410 e IEC 61000. 1.1.3.2 Posicionamento do Sistema SPDA Com a nova edição da norma NBR5419, datada de 2015 a eficiência dos Sistemas de Proteção foi substancialmente aumentada, não deixando nada a desejar em relação a normas de outros países, inclusive pelo fato desta ter tido a norma IEC 62305 como referência. Existem três métodos de dimensionamento: 1) Método Franklin, porém com limitações em função da altura e do Nível de proteção (ver tabela 1). 2) Método Gaiola de Faraday ou Malha. 3) Método da Esfera Rolante, Eletrogeométrico ou Esfera Fictícia. 1.1.3.3 Método do ângulo de proteção (Franklin) Devido as suas limitações o princípio do método de Franklin, cada vez mais é menos utilizado em edifícios sendo ideal para edificações de pequeno porte. O princípio do método de proteção é apropriado para edificações de formato simples, 22 porém, está sujeito aos limites de altura dos captores indicados na Tabela 1. Os valores para o ângulo de proteção, raio de alcance rolante e dimensão da malha para cada classe de SPDA são dadas conforme mostra a Tabela 1 e Figura 1 (ABNT3, 2015). Tabela 1 - Valores dos raios da esfera rolante, tamanho da malha e ângulo de proteção correspondentes a classe do SPDA MÉTODOS DE PROTEÇÃO CLASSE DO SPDA Raio da esfera rolante – R m Máximo afastamento dos condutores da malha Ângulo de proteção m m I 20 5X5 Ver figura 1 II 30 10X10 III 45 15X15 IV 60 20X20 Fonte: NBR5419/2015 O volume de proteção provido por um ângulo de proteção é definido pela forma conforme mostra a figura 1: Figura 1 - Ângulo de proteção correspondente à classe de SPDA Fonte: NBR5419/20151 1.1.3.4 Método Gaiola de Faraday ou Malha No método Faraday é realizado a metodologia da malha, onde uma malha de condutores é considerada como um bom método de captação no intuito de proteger 1 NOTA 1 Para valores de H (m) acima dos valores finais de cada curva (classes I a IV) são aplicáveis apenas os métodos da esfera rolante e das malhas. NOTA 2 H é a altura do captor acima do plano de referência da área a ser protegida. NOTA 3 O ângulo não será alterado para valores de H abaixo de 2 m 23 superfícies planas. Geralmente são aplicados em telhados horizontais e inclinados. Para tanto devem ser cumpridos os seguintes requisitos, conforme mostra a figura 2 (ABNT3, 2015). Figura 2 – Desenho da Gaiola Fraday Fonte: ABNT (2015). As instalações da malha devem atender os seguintes requisitos: a) condutores captores devem ser instalados: Na periferia da cobertura da estrutura; Nas saliências da cobertura da estrutura; As cumeeiras dos telhados, se o declive deste exceder 1/10 (um de desnível por dez de comprimento); A técnica do método rolante ou o método Eletrogeométrico em relação aos métodos citados acima e consiste em fazer rolar em uma esfera, por toda a edificação. Isto terá um alcance de um raio em função do nível de proteção. Os locais no qual a alcance tocar a edificação são os locais mais expostos a descargas. Em resumo, pode-se dizer que esse método consiste em fazer uma esfera fictícia de Raio determinado pelo nível de proteção, rolar por toda a edificação. Os locais onde ela tocar a edificação, o raio também pode tocar, devendo estes ser protegidos por elementos metálicos interligados a malha de aterramento. A normatização (ABNT3, 2015). O conceito de raio de atração (Ra) é um pouco mais abstrato porque trata da distância estimada em que a conexão da descarga descendente e ascendente ocorreria com grande probabilidade (ABNT3, 2015). Dessa forma, os captores são posicionados de uma maneira em que qualquer líder descendente que surja nas imediações do volume de proteção estaria distando Ra metros de um captor e uma distância maior do que Ra metros de qualquer parte da edificação. No método rolante, supõe-se que líder descendente caminha na 24 direção a terra em degraus dentro de uma esfera cujo raio depende da carga da nuvem ou da corrente do raio, no qual será desviado de um caminho. Dessa forma, o líder descendente só se conectaria a descarga ascendente através de um dos captores do SPDA (VISACRO FILHO, SILVÉRIO). Existe uma maneira mais ilustrativa de avaliar a proteção de uma edificação segundo o conceito de raio de atração (Ra). Utilizando o método das esferas rolantes, o adequado posicionamento do subsistema de captação na aplicação deste método ocorre se nenhum ponto da estrutura a ser protegida entrar em contato com uma esfera fictícia rolando ao redor e no topo da estrutura em todas as direções possíveis. O raio, r, dessa esfera depende da classe do SPDA (VISACRO FILHO, SILVÉRIO). O método da esfera rolante é um método de cálculo adotado no intuito de verificar se os sistemas de Franklin e Gaiola de Faraday instalados estão nas fachadas das edificações. O método ainda consiste em fazer rodar uma esfera que simula a ação de um raio em todos os sentidos e direções sobre o topo ou fachada da edificação (ABNT3, 2015). Nesse caso, impacto pode ocorrer diretamente sobre as laterais de todas as estruturas com altura maior que o raio, r, da esfera rolante. Cada ponto lateral tocado pela esfera rolante é um ponto possível de ocorrência de impacto direto. Contudo, a probabilidade a ocorrência de descargas atmosféricas nas laterais é escassa para estruturas com altura inferior a 60 metros (ABNT3, 2015). 25 2 FORMAS DE PROTEÇÃO A CHOQUES ELÉTRICOS E SOBRETENSÃO O uso da eletricidade exige que os trabalhadores sejam profissionais capacitados, autorizados pela empresa a utilizar técnicas e materiais isolantes para a proteção do usuário, em virtude do risco que a eletricidade representa (LOURENÇO; LOBÃO, 2008). O risco de morte é eminente por meio de choques elétricos, explosões e danos materiais. Para ter uma meta de redução de incidentes, dados do Instituto Brasileiro IBGE), acidentes graves muito com das vezes com morte, na produção, manutenção e projeto de energia, com acidentes com queimaduras graves e prejuízos econômicos e sociais nas empresas e a nação (MELLO; NASCIMENTO; SUNG, 2014). A Norma Regulamentadora de número 10 (NBR10) tem como o objetivo estabelecer os requisitos e condições mínimas para a realização de serviços relacionados com a eletricidade, visando a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que atuam em tal área, esclarecendo, em seu primeiro capítulo, a intenção de prevenir os acidentes de trabalho (ABNT, 2005). A norma regulamentadora é aplicável em todas as instalações e serviços de eletricidade, onde apresenta diversas definições técnicas, entre elas, estão o sistema elétrico de potência (SEP), denominado como uma instalação ou serviço no qual envolve a transmissão, distribuição e até a medição elétrica (MANUAL SEGURANÇA COM ELETRICIDADE, 2017). O autor Téllo (2007) cita que o circuito elétrico se caracteriza pela diferença de potencial ou tensão, causada por uma intensidade na corrente elétrica e pela resistência (ou impedância) de seus elementos. Dessa maneira, no momentoem que uma tensão elétrica é aplicada de modo direto sobre o corpo humano, forma-se um circuito elétrico, ocorrendo a circulação de uma corrente de acordo com o valor da sua resistência elétrica. No entanto, esta mesma energia elétrica, de tantas vantagens, apresenta graves complicações, tendo como exemplo, o choque elétrico. Entre todos os riscos físicos, a eletricidade é sem dúvida a mais perigosa, uma vez que é um adverso abstrato, sentida pelo corpo humano no momento em que esse encontra-se sob a 26 sua atuação. Contudo, é necessário a compreensão conceitual da proteção contrachoque elétricos pertinente a NBR10 (ABNT, 2005). O choque elétrico é o principal causador de acidentes no setor e geralmente originado por contato do trabalhador com partes energizadas. Constitui-se por meio de um estimulo rápido e acidental sobre o sistema nervoso central devido a passagem de corrente elétrico, acima de valores, pelo corpo humano (SERRA et al., 2009). Segundo uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, em 2014 aconteceram 822 casos de choque elétrico no Brasil, que resultaram em 627 mortes. Houve ainda 311 casos de curto-circuito, sendo que 295 deles evoluíram para incêndio (ABREME, 2015). Quando uma corrente elétrica passa através do corpo humano, os efeitos fisiológicos podem ser letais. Quando a medida de proteção é a desconexão automática do fornecimento, a proteção contrachoque elétrico é fornecida por proteção básica e proteção contra falhas LOURENÇO; SILVA; SILVA FILHO, 2007). Dependendo do tipo de instalação elétrica, alguns dos seus dispositivos de proteção, como disjuntores e relés de sobre carga para motores, podem perder sua característica de proteção do equipamento durante a ocorrência de uma sobrecarga. Isso pode resultar na queima desses equipamentos. Nesse contexto, a regulagem inadequada dos seguintes dispositivos pode resultar no mau funcionamento da instalação elétrica predial (PETRUZELLA, 2013). Quando há uma descarga atmosférica, ela pode causar choques elétricos, paradas nos sistemas elétricos ou danos as instalações e aos equipamentos eletroeletrônicos. Para os efeitos da NBR10, a proteção contrachoques elétricos compreende em caráter geral, dois tipos de proteção: A proteção básica: Compreende isolação básica, uso da barreira e limitação da tenção; A proteção supletiva: Compreende a equipotencialização, o seccionamento automático da alimentação; a isolação suplementar; e a separação elétrica (ABNT, 2005). Conforme exposto acima, a proteção contrachoques elétricos compreende em dois tipos de proteção: proteção básica (que corresponde ao conceito de proteção contra contatos diretos), e proteção supletiva (que corresponde ao conceito de 27 proteção em oposição a contatos indiretos) (Figura 4) (FERREIRA; FERREIRA, 2003). A regra geral do tipo de proteção contrachoques elétricos é que os critérios de proteção sejam assegurados, ao menos, pelo provimento conjunto de proteção básica e de proteção supletiva, mediante conciliação de meios independentes ou mediante aplicação de um indicador capaz de atender ambas as proteções, ao mesmo tempo (FERREIRA; FERREIRA, 2003). Figura 3- Modelo esquemático de Equipotencialização Fonte: ABNT (2005). A regra da proteção contrachoques elétricos é que o princípio exposto acima seja assegurado, ao menos, pelo conjunto de proteção básica e de proteção supletiva, mediante conciliação de bens independentes ou mediante aplicação de um indicador capaz de favorecer ambas as proteções, ao mesmo tempo (BRASIL. 2004). Toda linha externa de sinal, seja de telefonia, de comunicação de dados, de vídeo ou qualquer outro sinal eletrônico, deve ser provida de proteção contra surtos (sobretensões transitórias) nos pontos de entrada e/ou saída da edificação. Tais pontos de entrada e/ou saída da edificação correspondem ao conceito de PTR 24 (ponto de terminação de rede) especificado nas NBR 13300 (ABNT, 1995) e NBR 14306 (ABNT, 1999). Qualquer tensão entre um condutor de fase e a terra ou entre os condutores de fase com um valor de pico que exceda o pico correspondente da maior tensão 28 para o equipamento. A figura 4, uma sobretensão é um pulso ou onda de tensão que se sobrepõe à tensão nominal da rede. Figura 4 - Sobretensão Fonte: Martins; Couto e Afonso (2003). Uma sobretensão perturba o equipamento e produz radiação eletromagnética. Além disso, a duração da sobretensão causa um pico de energia nos circuitos elétricos que podem destruir o equipamento. Este tipo de sobretensão é caracterizada na figura 5: Figura 6 – Principais características de uma sobretensão2 Fonte: Martins; Couto e Afonso (2003). 2 Onde: o tempo de subida tf (em μs); o gradiente S (em kV / μs). 29 Segundo Silva e Brandão existem quatro tipos de sobretensão são capazes de afetar instalações elétricas e cargas: Sobretensões de comutação: sobretensões de alta frequência ou distúrbios de ruptura (figura 1) ocasionadas por uma mudança no estado estacionário em uma rede elétrica (no decorrer a operação do quadro elétrico); Sobretensões de frequência de potência: sobretensões da mesma frequência que a rede (50, 60 ou 400 Hz) causada pela mudança efetivo de estado na rede (acompanhando uma falha: falha de isolamento, avaria do condutor neutro). Sobretensões formadas por descarga eletrostática: sobretensões curtas (algumas nanosegundos) de alta frequência formadas pela descarga de cargas elétricas acumuladas (tendo como exemplo, um indivíduo que anda em um tapete com solas isolantes é carregado eletricamente com uma tensão de diversos kilovolts). Sobretensões de origem atmosférica. As instalações elétricas devem ser inspecionadas e ensaiadas antes de sua entrada em funcionamento, bem como após cada reforma, com vista a assegurar que elas foram executadas de acordo com esta Norma (ZANETTA JR, 2013). A participação das descargas atmosféricas, nas saídas de linhas de equipamentos é significativa, sendo, portanto, justificados todos os cuidados com o desempenho de linhas e subestações diante dos surtos atmosféricos. Essas interrupções de energia elétrica acarretam prejuízos para a concessionaria e consumidores, além dos níveis de redução nos níveis de confiabilidade da rede (ZANETTA JR, 2013). Essas sobretensões podem ser classificadas como de origem externa, pois resultam de uma interação elétrica da nuvem com o sistema de potência, sendo também denominada de sobretensões com frentes de onda rápida (ZANETTA JR, 2013). A "medida de proteção" geralmente é utilizada para apontar as providências que atendem à regra geral de proteção para os usuários das instalações elétricas. Entre tais medidas de proteção (ZANETTA JR, 2013). 30 Medida de proteção contrachoques elétricos: Onde são capazes de prover o correspondente a proteção básica mais proteção supletiva, pelo menos. Diferentes medidas de proteção contrachoques elétricos podem ser aplicadas e coexistir numa mesma instalação; Equipotencialização e seccionamento automático da alimentação: A precondição de proteção básica deve ser assegurada por isolação das partes vivas e/ou pelo uso de barreiras ou invólucros. Já a proteção supletiva deve ser assegurada, conjuntamente, por equipotencialização, e pelo seccionamento automático da alimentação. Para garantir a eficiência do método proteção é necessário dimensionar corretamente os indivíduos devem ser protegidos contra as consequências prejudiciais de ocorrências que possam advir em sobretensões, como faltas entre partes vivas de circuitos sob diferentes tensões, fenômenos atmosféricos e manobras.31 3 RESISTÊNCIAS DE ATERRAMENTO Para fins de medição, a Terra serve como uma referência de potencial (razoavelmente) constante contra a qual outros potenciais podem ser medidos. Um sistema de aterramento elétrico deve ter uma capacidade de transporte de corrente apropriada para servir como um nível de referência de tensão zero adequado. Na teoria do circuito eletrônico, um "terreno" geralmente é idealizado como uma fonte infinita ou um coletor para carga, o que pode absorver uma quantidade ilimitada de corrente sem alterar seu potencial. Quando uma conexão terrestre real tem uma resistência significativa, a aproximação do potencial zero não é mais válida. Tensões dispersas ou potencial de terra ocorrerão efeitos, que podem gerar ruído em sinais ou, se suficientemente grandes, produzirão um risco de choque elétrico (PENIDO; ARAÚJO; 2015). Aterramento é uma ligação intencional de parte eletricamente condutiva (sistema físico elétrico, eletrônico ou corpos metálicos) ao solo, através de um condutor elétrico. O sistema de aterramento tem o objetivo de proteger os sistemas elétricos de choques, descargas atmosféricas, descargas eletrostáticas, ruídos provocados por fontes atividades eletromagnéticas (EMI), sobretensões, entre outras (ABNT 2005). O projeto de um sistema de aterramento é crítico e necessita ser feito um estudo de solo e ser executado por um engenheiro especializado no assunto. A norma NBR5410 possui diversas referências ao sistema de aterramento. Nos sistemas de fornecimento de eletricidade, um sistema de aterramento (solo) define o potencial elétrico dos condutores em relação à da superfície condutora da Terra. A escolha do sistema de aterramento tem implicações para a segurança e compatibilidade eletromagnética da fonte de alimentação. Os regulamentos para sistemas de terra variam entre os diferentes países (LOURENÇO; SILVA; SILVA FILHO, 2007). Uma ligação à terra funcional serve mais do que proteger contrachoque elétrico, uma vez que uma conexão pode atuar durante a operação normal de um dispositivo. Tais dispositivos incluem supressão de surtos, filtros de compatibilidade eletromagnética, alguns tipos de antenas e vários instrumentos de medição. 32 Geralmente, o sistema de proteção terrestre também é usado como terra funcional, embora isso precise de cuidados (LOURENÇO; SILVA; SILVA FILHO, 2007). Os sistemas de energia de distribuição podem estar solidamente aterrados, com um condutor de circuito diretamente conectado a um sistema de eletrodo de aterramento. Alternativamente, uma certa quantidade de impedância elétrica pode ser conectada entre o sistema de distribuição e o solo, para limitar a corrente que pode fluir para a Terra. A impedância pode ser um resistor, ou um indutor (bobina). Em um sistema aterrado de alta impedância, a corrente de falha é limitada a alguns amperes (os valores exatos dependem da classe de tensão do sistema); um sistema aterrado de baixa impedância permitirá que várias centenas de amperes fluam em uma falha. Um grande sistema de distribuição solidamente aterrado pode ter milhares de amperes de corrente de falha à terra (PENIDO; ARAÚJO; 2015). Em um sistema de CA polifásico, um sistema de aterramento neutro artificial pode ser usado. Embora nenhum condutor de fase esteja diretamente conectado à terra, um transformador especialmente construído (um transformador "zig zag") bloqueia a corrente de frequência de energia do fluxo para terra, mas permite que qualquer vazamento ou corrente transitória flua para terra (PENIDO; ARAÚJO; 2015). A resistência de aterramento mede a capacidade de descarregar a energia para a terra. Quanto menor essa resistência, melhor para a instalação pois mais rápida será as instalações das proteções. Embora alguns fornecedores cheguem a exigir 1ohm (é a Unidade de Resistência), a norma de instalações elétricas (NBR5410) não define diretamente nenhum valor, enquanto a norma americana de instalações elétrica exige um valor máximo de 25 ohms. A norma brasileira de proteção contra descargas atmosféricas (NBR5419) recomenda um valor máximo de 10 ohms. Sempre que possível, esse valor deve ser adorado para todas as instalações (PENIDO; ARAÚJO; 2015). Os sistemas de aterramento de baixa resistência usam um resistor de aterramento neutro (NGR) para limitar a corrente de falha para 25 A ou maior. Os sistemas de aterramento de baixa resistência terão uma classificação de tempo (de 10 segundos) que indica por quanto tempo o resistor pode carregar a corrente de falha antes do superaquecimento. Um relé de proteção de falha à terra deve disparar 33 o disjuntor para proteger o circuito antes do sobreaquecimento do resistor (PENIDO; ARAÚJO; 2015). Os sistemas de aterramento de alta resistência (AAR) usam um AAR para limitar a corrente de falha para 25 A ou menos. Eles têm uma classificação contínua e são projetados para operar com uma falha única. Isso significa que o sistema não se desligará imediatamente na primeira falta à terra. Se ocorrer uma segunda avaria à terra, um relé de proteção contra falha à terra deve disparar o disjuntor para proteger o circuito. Em um sistema HRG, um resistor de detecção é usado para monitorar continuamente a continuidade do sistema. Se um circuito aberto for detectado (por exemplo, devido a uma soldagem quebrada no NGR), o dispositivo de monitoramento detectará a tensão através do resistor de detecção e desligará o disjuntor. Sem um resistor de detecção, o sistema poderia continuar a operar sem proteção do solo (uma vez que uma condição de circuito aberto mascararia a falha na terra) e sobretensões transitórias poderiam ocorrer (PENIDO; ARAÚJO; 2015). Dentro de um sistema de cabeamento estruturado, existem dois elementos básicos que compõem o aterramento: a barra de vinculação e o condutor de vinculação. A barra de vinculação compõe o aterramento, a barra de vinculação e o condutor de vinculação. As barras de vinculação compõem o aterramento, a barra de vinculação e o condutor de vinculação. A barra de vinculação e o condutor de vinculação. A barra de vinculação (BCV) é uma barra de cobre estranhado em sua superfície, com 6mm de espessura e 50 mm de largura, sendo a largura proporcional a quantidade de vinculações necessárias. Todos os condutores de vinculação das estações de trabalho devem ser conectados à barra de vinculação do armário de telecomunicações (AT) (FEY; GAUER, 2013). Quando interligam os prédios com os sistemas de aterramento distintos, é recomendada a utilização de fibra óptica. Caso a interligação seja feita com cabos metálicos, deve ser projetado um sistema de proteção adequado, com dispositivos de proteção contra sobretensão e sobrecorrente, a fim de assegurar a integridade total dos equipamentos e indivíduos contra os riscos elétricos (FEY; GAUER, 2013). Em uma instalação elétrica, um sistema de aterramento se conecta partes específicas dessa instalação com a superfície condutora da Terra para fins de segurança e funcionais. O ponto de referência é a superfície condutora da Terra. A escolha do sistema de aterramento pode afetar a segurança e a compatibilidade 34 eletromagnética da instalação. Os regulamentos para sistemas de terra variam entre os países, embora muitos sigam as recomendações da Comissão Eletrotécnica Internacional. Os regulamentos podem identificar casos especiais para a ligação à terra em minas, nas áreas de cuidados ao paciente ou em áreas perigosas de plantas industriais (PINHEIRO, 2017). Além dos sistemas de energia elétrica, outros sistemas podem exigir aterramento por segurança ou função. Estruturas altas podem ter para-raios como parte de um sistema para protegê-los contra raios. As linhas de telégrafo podem usar a Terra como um condutor de um circuito, economizando o custo de instalação de um fio de retorno ao longo de um circuito longo. Asantenas de rádio podem exigir aterramento particular para a operação, bem como para controlar a eletricidade estática e fornecer proteção contra raios (FEY; GAUER, 2013). Uma conexão terra-terra das partes condutoras expostas do equipamento elétrico ajuda a proteger contrachoque elétrico, mantendo a superfície condutora exposta dos dispositivos conectados perto do potencial de terra, quando ocorrer uma falha no isolamento elétrico. Quando ocorre uma falha, a corrente flui do sistema de energia para terra. A corrente pode ser alta o suficiente para operar o fusível ou disjuntor de proteção contra sobrecarga, que irá então interromper o circuito. Para garantir que a tensão nas superfícies expostas não seja muito alta, a impedância (resistência) da conexão à terra deve ser mantida baixa em relação à impedância normal do circuito (FEY; GAUER, 2013). Uma alternativa à terra de proteção das superfícies expostas é um projeto com "isolamento duplo" ou outras precauções, de modo que uma única falha ou combinação de falhas altamente provável não pode resultar em contato entre os circuitos ao vivo e a superfície. Por exemplo, uma ferramenta elétrica manual pode ter um sistema adicional de isolamento elétrico entre os componentes internos e o caso da ferramenta, de modo que, mesmo que o isolamento do motor ou interruptor falhe, a caixa da ferramenta não está energizada (PINHEIRO, 2017). Nas redes de baixa tensão, que distribuem a energia elétrica para a mais ampla classe de usuários finais, a principal preocupação com o projeto de sistemas de aterramento é a segurança dos consumidores que utilizam os aparelhos elétricos e sua proteção contrachoques elétricos. O sistema de aterramento, em combinação com dispositivos de proteção, como fusíveis e dispositivos de corrente residual, deve 35 garantir que uma pessoa não deve entrar em contato com um objeto metálico cujo potencial em relação ao potencial da pessoa exceda um limite "seguro", tipicamente definido em aproximadamente 50 V (PINHEIRO, 2017). Nas redes de eletricidade com uma tensão do sistema de 240 V a 1,1 kV, que são utilizados principalmente em equipamentos/máquinas industriais/de mineração, em vez de redes acessíveis ao público, o projeto do sistema de aterramento é igualmente importante desde o ponto de vista de segurança quanto para os usuários domésticos (PINHEIRO, 2017). A resistência de aterramento é a relação entre o Elevação de Potencial de Terra (EPT) e a corrente injetada do solo através do eletrodo de aterramento que gerou o EPT (PINHEIRO, 2017). Na maioria dos países desenvolvidos, foram introduzidos soquetes de 220 V, 230 V ou 240 V com contatos com aterramento, logo antes ou logo após a Segunda Guerra Mundial, embora com considerável variação nacional de popularidade. Nos Estados Unidos e no Canadá, as tomadas de potência de 120 V instaladas antes de meados da década de 1960 geralmente não incluíam um pino de terra (solo). No mundo em desenvolvimento, a prática de fiação local pode não fornecer uma conexão com um pino de aterramento de uma tomada (PINHEIRO, 2017). Portanto, a capacidade de medir adequadamente a resistência ao solo é essencial para prevenir tempos de inatividade caros devido a interrupções do serviço causadas por motivos ruins (PINHEIRO, 2017). 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente a sociedade está extremamente dependente dos equipamentos eletrônicos sensíveis, e estes por sua vez, mais susceptíveis aos efeitos das descargas atmosféricas; interferências geradas por manobras na rede elétrica, acionamento de motores e campos eletromagnéticos, daí a necessidade de se projetar, instalar e manter esses equipamentos de acordo com as normas técnicas vigentes. O primeiro capítulo apresentou conceitos relacionados às descargas atmosféricas, incluindo uma descrição simplificada do fenômeno físico, quando a descarga atmosférica atinge diretamente uma edificação, além dos problemas que podem causar nos equipamentos eletrônicos, existe também o risco de morte de seres vivos e o comprometimento da estrutura da edificação. Foram discutidos, os mecanismos associados às sobretensões, aterramento no qual tem fundamental importância para o para-raios e o método preconizado pela Norma Brasileira NBR 5419 - Proteção de Estruturas contra Descargas Atmosféricas sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA). Portanto o trabalho foi produzido de maneira didática e concisa. De uma forma descomplicada, onde qualquer engenheiro eletricista ao ler este trabalho terá os conhecimentos necessários para projetar um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas em uma edificação contemplada na norma NBR-5.419 e NBR-5410. Visando uma melhor compreensão dos assuntos abordados, serão estudados conceitos do fenômeno de descargas atmosféricas e os critérios utilizados na NBR NBR-5.419 e NBR-5410 para elaboração de um SPDA. Porém, foi verificado também que não são todos os tipos de estruturas que necessitam de um SPDA. Essa eventual necessidade deve ser analisada de acordo com as características de cada estrutura. Sendo evidente, que a análise completa da NBR-5.419 e NBR-5410 também se faz importante e necessária já que há alguns detalhes não foram abordados nesse trabalho. Conclui-se que, nada em termos práticos pode ser realizado para impossibilitar que uma descarga atmosférica ocorra em uma determinada região. Dessa forma, os sistemas apresentados buscam apenas reduzir os efeitos 37 destruidores, a começar por instalações adequadas de absorção e condução segura da descarga para a mundo. Ressalta-se a grande melhoria de cunho teórico adquirido por meio das pesquisas do projeto de SPDA. Portanto para garantir que uma instalação elétrica e segura dentro dos parâmetros estabelecidos NBR 5410 é necessário conhecer conceitos relacionados ao Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA) é estar ciente das estratégias de proteção pessoal, para que acidentes sejam evitados e qualquer situação. 38 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão - março 2005. _______. NBR5419, Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. Parte 1: princípios gerais. Rio de Janeiro, 2015/1. _______. NBR5419, Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. Parte 2: Gerenciamento de risco. Rio de Janeiro, 2015/2. _______. NBR5419, Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. Parte 3: Danos físicos a estruturas e perigos à vida. Rio de Janeiro, 2015/3. ABREME. Segurança das Instalações Elétricas. Elétrica, Iluminação, Automação, Sustentabilidade e Sistemas Prediais.a.11, n. 115, 2015. ANISEROWICZ, Karol. 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