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UNITPAC – Centro Universitário Tocantinense Presidente Antônio Carlos 
Curso de Direito
 A FIGURA DO MILITAR COMO AUTOR DE CRIME E SUAS REPERCUSSÕES NO ÂMBITO DO DIREITO PENAL 
Nome
Nome
Araguaína - TO 
2023
 
 
Nome
A FIGURA DO MILITAR COMO AUTOR DE CRIME E SUAS REPERCUSSÕES NO ÂMBITO DO DIREITO PENAL 
Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção de nota na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I do Curso de Psicologia da UNITPAC. Profº orientadora: Me. Jordana Carmo de Sousa. 
Araguaína - To 2023
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	4
2 OBJETIVOS	6
2.1 Objetivo Geral	6
2.2 Objetivos Específicos	6
3 JUSTIFICATIVA	7
4 REFERENCIAL TEÓRICO a	8
4.1 Análise Sobre O Profissional Militar E Suas Respectivas Funções No Código Penal 	8
4.2 Estudo Dos Crimes Que O Profissional Militar Por Cometer 	10
4.3 Consequências Penais Sofridas Pelo Militar Quando Da Prática De Um Ato Ilícito 	14
5. METODOLOGIA	16
6. REFERÊNCIAS	17
1 INTRODUÇÃO
As atividades dos Policiais Militares estão relacionadas à manutenção da Ordem e Segurança Pública, porém, podem afetar a relação entre o Estado e os cidadãos no que diz respeito às suas liberdades. Enfrentando riscos não apenas à integridade física, mas também a sua posição e liberdade, esses agentes devem basear suas decisões nas leis ao lidar com ocorrências (Fernandes; Oliveira, 2020). 
Os autores supracitados dizem ainda que, para cumprir seu dever, os policiais têm o Poder de Polícia, uma atividade administrativa limitada pela lei, para harmonizar essas liberdades com o interesse coletivo. Em situações não previstas legalmente, recorre-se à discricionariedade, conferindo certa autonomia aos policiais para resolver conflitos de forma ágil, porém dentro de limites legais. 
Vale expor que, a evolução da justiça militar no Brasil remonta à chegada da Família Real Portuguesa durante a ameaça de invasão de Napoleão Bonaparte. Sua instituição foi um dos primeiros marcos, sendo inicialmente parte do Poder Executivo e mais tarde integrada ao Poder Judiciário em 1934 (Oliveira; Mata, 2020). 
O Conselho Supremo Militar e de Justiça (CSMJ) em 1808 foi o precursor do atual Superior Tribunal Militar (STM), que manteve suas funções ao longo das mudanças constitucionais e institucionais. Alterações significativas na competência da Justiça Militar ocorreram durante o regime autoritário, como o Ato Institucional nº 2/1965, ampliando sua jurisdição para incluir civis em casos relacionados à segurança nacional (Oliveira; Mata, 2020).
A Constituição de 1967 incorporou essas mudanças, permitindo que a Justiça Especial julgasse civis, governadores e secretários de Estado. No entanto, o Ato nº 6/1969 restringiu o recurso ao Supremo Tribunal Federal, mantendo-o apenas para governadores e secretários de Estado. Em 1969, novos códigos e leis foram estabelecidos, incluindo o Código Penal Militar, introduzindo conceitos avançados na dogmática penal. Com a Constituição de 1988, a Justiça Militar permaneceu como parte do Poder Judiciário, transferindo casos de delitos políticos para a Justiça Federal comum (Oliveira; Mata, 2020).
Todavia, durante o exercício de suas funções, um militar pode cometer tanto crimes comuns, que são regulados pelo Código Penal, quanto crimes militares, regidos pelo Código Penal Militar. Os crimes militares são categorizados em dois grupos: crimes militares próprios e crimes militares impróprios. Entretanto, é possível inferir que um crime propriamente militar é aquele que representa uma violação que não pode ser reduzida ao direito comum, constituindo, portanto, as infrações específicas e funcionais associadas à profissão militar (Carvalho, 2022). Estes delitos estão previstos no Código Penal Militar e são específicos para os ocupantes de cargos militares, resultando em danos ou afetando os interesses das instituições militares no que diz respeito à disciplina, hierarquia, serviço e deveres castrenses.
Vale expor que, os delitos estritamente relacionados à esfera militar são aqueles estabelecidos no Código Penal Militar, os quais apenas podem ser cometidos por militares e abrangem transgressões dos deveres inerentes à ocupação militar (Carvalho, 2022). Um exemplo é o crime de deserção, previsto no artigo 187 do Código Penal Militar. Portanto, a condição de ser militar é fundamental e essencial, excluindo a possibilidade de um civil ser o agente ativo desse tipo de delito. Assim, caso um civil cometa uma ação que se enquadre na definição de um crime estritamente militar, sua conduta não tem relevância jurídico-penal, a menos que esteja contemplada em disposição legal que caracterize o crime como sendo de natureza não estritamente militar ou comum.
Já um crime classificado como impropriamente militar implica uma transgressão dos princípios sociais confiados à gestão militar. Trata-se de um delito comum cometido por um militar, adquirindo um caráter militar devido a circunstâncias específicas de tempo ou lugar em que é perpetrado, causando prejuízos à administração, à hierarquia e à disciplina militares (Carvalho, 2022).
Ao contrário do Código Penal Brasileiro, o Código Penal Militar (CPM) estabelece tanto penas principais como penas acessórias. As consequências de um delito militar envolvem principalmente implicações disciplinares e penais, uma vez que o sistema militar pode impor sanções disciplinares e julgar com base na gravidade do crime. As penas principais, conforme estabelecidas no artigo 55 do CPM, incluem a pena de morte, aplicada em situações de crime militar em tempo de guerra; reclusão; detenção; prisão; impedimento; suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função; e reforma (Brasil, 1969).
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar a conduta do militar como sujeito ativo de um crime (militar), bem como as repercussões de tais ações. 
2.2 Objetivos Específicos
· Estudar o militar e suas respectivas funções de acordo com o código penal; 
· Analisar os crimes que o profissional militar por cometer; 
· Compreender as consequências penais sofridas pelo militar ao cometer crimes;
3 JUSTIFICATIVA
O presente trabalho mostra-se possível de gerar benefício nos contextos social, educacional e profissional, e auxiliar na capacitação os discentes e futuros profissionais do campo sobre o tema. ESSA FRASE NÃO ESTÁ BEM ELABORADA
A problemática do trabalho que segue relaciona-se a seguinte pergunta problema que irá nortear a presente obra: É possível afirmar que a discricionaridade e o poder de polícia inerente ao militar o induz a ultrapassar os limites legais e cometer crimes militares?
DESENVOLVER MELHOR SUA JUSTIFICATIVA
4 	REFERENCIAL TEÓRICO 
É fundamental que o sistema de justiça militar opere de maneira justa e eficiente para garantir a responsabilização adequada dos militares por infrações cometidas no exercício de suas funções, contribuindo para a manutenção da ordem e da confiança nas instituições militares.
Desse modo, o militar como autor de crime militar é um tema complexo e controverso no campo do Direito Penal Militar, e suas repercussões envolvem aspectos legais, disciplinares e éticos. Conforme Hungria (2010), existe a necessidade de um sistema jurídico militar independente para lidar com infrações cometidas no âmbito das forças armadas. O autor argumenta que as particularidades do ambiente militar, como hierarquia e disciplina, exigem a existência de um sistema legal próprio, que deve ser capaz de manter a ordem e a coesão interna, ao mesmo tempo em que respeita os direitos fundamentais dos militares.
As repercussões de um crime militar são principalmente disciplinares e penais, ao passo que o sistema militar pode aplicar punições disciplinares, como prisão em regime militar, transferência ou repreensão, para manter a ordem interna e a hierarquia. Além disso, o militar pode ser julgado pela justiça militar, com penas que variam de acordo coma gravidade do crime, incluindo prisão em regime fechado, sendo necessário compreender que essa estrutura legal específica é necessária para preservar a integridade das forças armadas (Hungria, 2010).
Figueiredo Dias (2016) afirma que os militares não devem ser tratados de forma arbitrária ou desproporcional, mesmo quando cometem crimes militares. Ele ressaltou que a aplicação das leis militares deve ser transparente e sujeita a escrutínio público. Para ele, as repercussões de um crime militar devem ser proporcionais à gravidade da infração, garantindo o respeito aos direitos individuais dos militares envolvidos.
4.1 Análise Sobre O Profissional Militar e Suas Respectivas Funções no Código Penal
Em todos os espaços urbanos, são observados sentimentos de medo e insegurança, tanto de maneira objetiva quanto subjetiva. Esses sentimentos constituem um problema de natureza pública, uma vez que qualquer indivíduo pode ser identificado como uma potencial vítima.
Entretanto, é importante destacar que as características do policiamento tradicional são fundamentadas na tradição militar, herança do modelo de combate que replica a estrutura militar. Vale ressaltar que, de forma tradicional, a polícia é concebida como uma agência governamental responsável pela aplicação da lei (Cruz; Barbosa, 2002). 
É importante destacar que o papel da polícia é compreendido com ênfase na resolução de crimes, sendo sua eficiência medida pelo número de prisões e detenções, e sua efetividade avaliada pela rapidez na resposta. As prioridades principais estão relacionadas a crimes de grande montante, como assaltos a bancos, e àqueles que envolvem níveis mais elevados de violência, amplamente divulgados pela mídia. A participação em ações sociais, como transporte de doentes a hospitais, só ocorre se não houver demandas prioritárias de serviços policiais.
De maneira específica, a polícia militar é uma instituição que se organiza com base na hierarquia e disciplina. Desde os primórdios da sociedade, existe um mecanismo caótico que controla e impede o estado de manter o poder por meio de várias instituições (Lima, 2013).
Além disso, Lima (2013) destaca que, a partir da Constituição Federal de 1988, a Polícia Militar é claramente considerada parte do órgão estadual. Ela é responsável pela manutenção local por meio dos delegados de cada região e pela aceitação do comando para preservar a ordem e proteger a sociedade e seu patrimônio.
Por fim, é crucial esclarecer que a polícia possui discricionariedade, auto-executoriedade e coercibilidade como os três atributos básicos que devem ser seguidos.
 Nesse contexto, Meirelles apud Santos (2018) explica que,
É caracterizado pela livre escolha da oportunidade e da conveniência do exercício do poder de polícia, além dos meios - lícitos - necessários para a sua consecução, pela execução direta e imediata da decisão, sem intervenção do Poder Judiciário, exceto os casos em que a lei exige ordem judicial, bem como, pela imposição das medidas adotadas, de modo coativo (MEIRELLES apud SANTOS, 2018, p. 07).
Observa-se, portanto, a existência de inúmeros pontos a serem considerados acerca da dignidade da pessoa humana, em correlação com a importância de uma ordem estatal concretizada em uma constituição. Isso é de extrema importância para a construção social, a fim de que sejam efetivados e ressaltados o controle de poder e, dessa forma, o direito de garantir a liberdade individual e coletiva, ligando-se à promoção do pleno gozo de outros direitos e liberdades individuais.
As atuais políticas públicas são fruto do papel de arranjos estatais, respondendo às necessidades da sociedade organizacional. Isso demonstra também a consolidação do processo civilizatório em curso no século XXI, que exige a segurança como garantia do exercício da cidadania (Carvalho; Silva, 2011, P. 60).
Segundo os autores supramencionados, os contextos contemporâneos são caracterizados especialmente pelas consequências históricas de intervenção na esfera econômica, trazendo mudanças na estrutura nacional e redefinição da função da política pública. Busca-se, assim, a alavancagem do mercado como moderador das relações sociais.
Nesse contexto, as abordagens históricas revelam duas características dos modos operandi da polícia. A primeira refere-se à utilização da dominação dos populares, sendo que esta dominação pode transformar-se em um problema que deve ser observado e corrigido, pois está associada à utilização de violência. Outra questão diz respeito à relação existente entre os centros de poder e como estes estão intrinsecamente ligados à força policial (Beato; Silva; Tavares, 2008).
Vale ressaltar que a transição para a democracia nas últimas décadas, diante da ordem pública no contexto da estrutura da organização urbana, com a necessidade da mudança pública imposta pela sociedade através dos princípios democráticos, movimento social, mediante a "Constituição Cidadã" (BRASIL, 1988), fez com que as instituições estabelecidas no "Estado Democrático de Direito" promulgassem uma política democrática de segurança.
Isso significa que as organizações sociais de maior alcance podem ser representadas por meio de órgãos que detêm poder de pressão do Estado para a satisfação da sociedade, sendo a base para a construção de relações de poder.
No entanto, mesmo após a supramencionada democratização, as pessoas ainda vivem em um sistema autoritário, especialmente quando se trata de segurança pública. Mesmo após duas décadas de regime autoritário, a reconstrução de sociedades e países democráticos não foi suficiente para conter a discricionariedade do órgão responsável pelo controle da ordem pública (Carvalho; Silva, 2011, p. 61).
Na política social, a complexidade da política em segurança pública envolve várias instâncias do poder, englobando um planejamento e gestão do poder executivo, que tem a função de criar políticas de segurança pública que visem à repressão penal. Também há a responsabilidade do judiciário para garantir a aplicação de procedimentos da legislação atual, determinada pelo legislador, sendo vital para o bom funcionamento do sistema de justiça criminal (Carvalho; Silva, 2011, p. 62).
Por fim, é importante mencionar que as intervenções operacionais ligadas à força policial passaram por inúmeras mudanças ao longo da história, principalmente para atender à grande parte da população prejudicada pelo elevado índice de criminalidade existente.
4.2 Estudo dos Crimes que o Profissional Militar pode Cometer 
Durante o exercício de suas funções, um militar pode cometer tanto crimes comuns, que são regulados pelo Código Penal, quanto crimes militares, regidos pelo Código Penal Militar. Trata-se de crime funcional e de dever envolvendo funcionários e autoridades públicas, sendo sempre difícil a coleta de responsabilidade criminal e de provas - substantivas e autoritárias - porque esses criminosos são os primeiros a destruí-los ou descaracterizá-los, por meio do comércio ilícito de influência e uso de comando político ou poder hierárquico.
Os crimes militares próprios são aqueles tipificados exclusivamente pelo Código Penal Militar (Decreto-lei 1.001/1969), sendo passíveis de serem cometidos apenas por indivíduos que atendam à condição específica de serem militares. 
Na parte especial do Código Penal Militar Brasileiro, são previstos diversos crimes, abrangendo condutas relacionadas ao ambiente militar. Alguns exemplos desses crimes incluem aqueles contra a autoridade ou a disciplina militar, como desrespeito ao superior, desacato ao superior, desacato a militar, insubmissão, motim, revolta (Brasil, 1969).
Há também crimes contra a administração militar, como abandono de posto, abandono de serviço, violação de domicílio, extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento, falsificação de atestado ou certidão, além de crimes contra o serviço militar e o dever militar. No âmbito do serviço militar e do dever militar, destacam-se crimes como inutilização de material de guerra, divulgação de assunto militar, e falsificação deatestado de saúde (Brasil, 1969).
Crimes contra a pessoa, como homicídio e lesões corporais, e crimes contra o patrimônio, como furto e roubo, também estão contemplados. Crimes contra a honra, tais como calúnia militar, difamação militar e injúria militar, são tipificados, assim como crimes contra os costumes, exemplificado por atentado violento ao pudor militar (Brasil, 1969).
Por fim, o Código Penal Militar abrange ainda crimes contra a família, como adulterar ou falsificar assentamento de inspeção de praça (Brasil, 1969). Essa é apenas uma amostra dos crimes previstos no referido código, que possui disposições específicas para uma ampla gama de comportamentos no contexto militar.
Por outro lado, crimes militares impróprios são aqueles previstos tanto no Código Penal Militar quanto no Código Penal comum. Dentro desse contexto, é crucial realizar uma análise sobre a lei de abuso de autoridade e sua relação com a violação dos direitos humanos. Isso se torna particularmente relevante, uma vez que a principal proposta da Lei de Abuso de Autoridade é assegurar a proteção dos direitos e garantias fundamentais das pessoas.
Dentre os direitos frequentemente violados no exercício das funções pela polícia militar, associados ao abuso de autoridade, destaca-se, por exemplo, o disposto no art. 12 da mencionada lei:
Art. 12.  Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal (Brasil, 2019).
Portanto, a ausência de ação por parte das autoridades policiais, por exemplo, em cumprir as penas perante as autoridades judiciárias, pode resultar em atrasos na defesa do recluso, configurando uma possível violação de sua liberdade de locomoção.
O direito à liberdade individual é frequentemente violado pelo abuso de autoridade, podendo ser exemplificado como uma transgressão ao art. 13, que proíbe constrangimento ao prisioneiro ao mostrar seu corpo. Além disso, situações como a imposição de gravar vídeos de desculpas, alguns dos quais circularam online, configuram uma ofensa à integridade moral (artigo 5 XLIX) e uma violação à honra e imagem (Artigo 5º, Parágrafo X) (Brasil, 1988).
O direito à integridade corporal é particularmente crucial quando se trata de policiais militares, pois suas violações podem resultar em danos mais graves aos indivíduos. Uma forma específica de violação está prevista no art. 21 da nova Lei de Abuso de Autoridade, que busca criminalizar o compartilhamento de cela por presos de diferentes sexos, incluindo no contexto do transporte policial (Araújo, 2018).
Art. 21.  Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Cabe ressaltar que na Constituição, a integridade física e moral é normatizada pelo art. 5º, XLIX, sendo alicerçada, no mesmo artigo, em seu inciso XLVIII (BRASIL, 1988).
Um caso exemplar sobre esse tema foi divulgado pelo G1, evidenciando práticas de cinco agentes da Ronda Ostensiva com apoio de motos (Rocam) na zona sul de São Paulo, onde um vídeo online mostrava um homem sendo cercado por policiais, sendo agredido com socos e chutes por três deles (G1, 2020).
Em comunicado, a polícia militar esclareceu que o incidente de agressão ocorreu na área do 37º batalhão de polícia, atuante na região do Capão Redondo, e afirmou ter decidido investigar imediatamente os fatos por meio de sua própria investigação, demitindo o policial após análise das imagens fornecidas pela mídia.
A polícia militar ressaltou, ainda em comunicado, que investiga minuciosamente todas as denúncias, desde homicídios decorrentes de ações policiais até casos de abusos e lesões corporais. Conforme informado pela instituição, os policiais participam anualmente de estágios de desenvolvimento profissional, nos quais realizam cursos de direitos humanos e mediação de conflitos.
Outro exemplo ilustrativo foi uma abordagem social reproduzida pelos veículos de mídia, conforme descrito abaixo
Gabriel, 19 anos, se debate e logo desmaia na calçada. Há dois trechos de gravação e mostram que o jovem foi, na verdade, sufocado duas vezes: uma na calçada, próximo de um portão, e outra no meio fio. Mesmo quando estava sem reação, o PM continuou a pressionar com a perna o pescoço dele. Há um outro rapaz que estava junto e também foi abordado, mas não sofreu agressão. Em entrevista à Globonews, que foi replicada pelo UOL, ele explicou que o PM jogou a viatura na sua frente “com tudo”. “Assim que ele jogou na minha frente com tudo, eu parei. Só que a moto não segurou o freio, ela foi um pouco para frente. Aí como ele já estava à frente da minha moto, a gente bateu”, conta o jovem. Ele detalha que o fato de ter pulado da moto e
ela ter caído fez com que o PM pensasse que ele ia fugir. “Nisso que ele achou que eu ia correr; ele já grudou no meu pescoço”, relembra. (Stabile, Cruz, 2020, p.1)
 
É possível inferir, a partir da leitura do trecho anterior, que um indivíduo de 19 anos se encontra desacordado diante de uma abordagem policial desnecessária. Nota-se que o relato apresentado não demonstra qualquer empatia em relação à situação. A autora destaca que as mídias sociais, especialmente aquelas que possibilitam a disseminação rápida de conteúdo, emitem julgamentos incontestáveis, podendo resultar em situações complicadas.
Vale mencionar um dos crimes mais conhecidos de abuso de autoridade, previsto no art. 22 da Lei 13.869/19, relacionado à violação de domicílio sem presunção legal (tempo, decisão judicial, consentimento, estado de necessidade, etc.), sendo a residência (lar) um local protegido constitucionalmente (Brasil, 2019).
Por fim, destaca-se que o direito fundamental mais impactado pela atuação administrativa do Estado e da Justiça é o acesso à Justiça (art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal/88) (Brasil, 1988).
4.3 Consequências Penais Sofridas pelo Militar Quando da Prática de um Ato Ilícito
O Código Penal Militar Brasileiro contempla uma variedade de sanções para os crimes nele definidos. Estas sanções, que variam conforme a gravidade do delito, englobam desde medidas restritivas de liberdade até privações de patente e aplicação de multas (Brasil, 1969). Alguns exemplos das principais sanções previstas no Código Penal Militar incluem a reclusão, aplicada nos casos mais graves, a detenção, pena privativa de liberdade de menor duração que a reclusão, e a prisão, geralmente de curta duração.
Além disso, o código prevê medidas como a restrição, que impõe limitações ao condenado, como a proibição de frequentar determinados lugares, e a suspensão, que consiste na suspensão do exercício de função militar por tempo determinado. A reforma é uma sanção que implica o afastamento definitivo do militar do serviço ativo, enquanto a perda de patente resulta na retirada do militar de sua graduação.
Adicionalmente, o Código Penal Militar prevê a aplicação de multas, que consistem no pagamento dequantias em dinheiro como penalidade. Estas são apenas algumas das sanções contempladas pelo código, sendo a escolha da pena determinada pela natureza e gravidade do crime cometido. O código tem como objetivo assegurar a disciplina e ordem nas Forças Armadas por meio do estabelecimento de medidas punitivas proporcionais aos delitos militares.
O artigo 19 do Código Penal Militar (CPM) estabelece que o mesmo não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares e assim, a distinção entre crime militar e infração disciplinar, nesse contexto, gera uma considerável dúvida, pois os conceitos são bastante próximos, sendo a diferenciação quantitativa em vez de qualitativa (Brasil, 1969).
O próprio CPM, em determinados casos, permite a aplicação de sanção disciplinar no lugar da pena, como nos crimes de lesão levíssima (art. 209, §6º) e furto atenuado (art. 240, §1º) (Brasil, 1969).
Adicionalmente, é relevante mencionar que o Estatuto dos Militares, no artigo 42, § 2º, visando evitar a duplicidade de punições (bis in idem), estipula que no concurso de crime militar e de contravenção ou transgressão disciplinar, quando forem da mesma natureza, será aplicada somente a pena relativa ao crime (Brasil, 1969).
Destaca-se a atenção para os termos contravenção e transgressão disciplinar, que, embora equivalentes, são empregados por diferentes Forças. Enquanto a Marinha utiliza o termo contravenção, o Exército e a Aeronáutica empregam o termo transgressão.
O artigo 15 do Código Penal Militar (CPM) estabelece que o tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação das hostilidades (Brasil, 1969).
Assim, conforme o texto constitucional, o período de guerra tem início com a declaração do estado de guerra ou com o decreto de mobilização nacional, competência privativa do Presidente da República, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, conforme o artigo 84, XIX, da Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988).
Além disso, em relação à cessação das hostilidades, é importante observar que o tempo de guerra encerra-se com a ordem de cessação e não necessariamente com a efetiva cessação.
O Superior Tribunal Militar (STM), por meio do Recurso em Sentido Estrito nº 7000228-96.2019.7.00.0000, estabeleceu o entendimento de que são considerados crimes propriamente militares aqueles que só podem ser cometidos por militares, sendo a qualidade de militar uma condição essencial no momento da infração, configurando-se como elemento do tipo penal. Exemplos desses crimes incluem deserção e abandono de posto.
Consequentemente, os civis não têm a capacidade de cometer crimes propriamente militares, mesmo como partícipes.
No entanto, o STM apresenta uma exceção a essa regra, referente ao crime de insubmissão. Segundo o entendimento do Superior Tribunal, o crime de insubmissão é considerado propriamente militar, uma vez que o agente não ostentava a qualidade de militar apenas por ter deixado de se apresentar à incorporação dentro do prazo estabelecido ou, ao se apresentar, ausentou-se antes do ato oficial de incorporação.
É importante destacar que essa exceção confirma a natureza de crime propriamente militar no caso de insubmissão apenas quando o civil é incorporado como militar, conforme previsto no art. 464 do Código de Processo Penal Militar.
5 METODOLOGIA
Este trabalho se fundamentará em pesquisas bibliográficas e literárias sobre o tema, utilizando fontes como artigos, revistas e monografias disponíveis em sites acadêmicos. A pesquisa, conforme Lakatos e Marconi (2018), é um processo reflexivo, sistemático, controlado e crítico que busca descobrir novos fatos, dados, relações ou leis em qualquer campo do conhecimento.
A pesquisa bibliográfica, centrada em livros, artigos e trabalhos disponíveis na internet, desempenha um papel crucial no início da investigação, auxiliando na escolha do método e no entendimento das variáveis, como destaca Gil (2008). Essa abordagem é essencial para o pesquisador, contribuindo significativamente para a construção do conhecimento.
A pesquisa é considerada básica, buscando respostas para problemas ou curiosidades, permitindo a compreensão de um novo mundo. Será adotada uma abordagem qualitativa, buscando conhecimento sem se basear em números, com ênfase na explicação do sentido dos fatos estudados, conforme a classificação proposta pelos mesmos autores.
No contexto deste estudo acadêmico, serão priorizados artigos que adotam metodologias, conhecimentos, métodos e técnicas qualitativas fundamentados em noções científicas.
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