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QUADRAGÉSIMO EXAME DA ORDEM UNIFICADO. DIREITO CIVIL QUESTÃO 39 André, mediante contrato escrito, comprou o carro de passeio de seu vizinho, Bernardo. Duas semanas depois, enquanto André o conduzia por uma das principais avenidas da cidade, o veículo quebrou, por causa de um defeito não aparente na mangueira do radiador. Para pretender indenização por perdas e danos em desfavor de Bernardo pelo ocorrido, André deve provar: A) a existência de cláusula expressa no contrato de garantia contra vícios ocultos. B) a preexistência do defeito, mesmo que desconhecido por Bernardo. C) a preexistência do defeito e que Bernardo tinha conhecimento dele. D) a preexistência do defeito, que Bernardo tinha conhecimento dele e a existência de cláusula no contrato de garantia contra vícios ocultos. LETRA “C” CORRETA. FUNDAMENTO: ART. 443 DA LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 (INSTITUI O CÓDIGO CIVIL). Vejamos: “Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato”. De acordo com o Artigo 443 do Código Civil, para que André possa pretender indenização por perdas e danos em desfavor de Bernardo, ele deve provar a preexistência do defeito no veículo e que Bernardo tinha conhecimento desse defeito. Essa disposição legal estabelece que se o alienante (Bernardo, no caso) conhecia o vício ou defeito da coisa, ele deverá restituir o que recebeu com perdas e danos. Lembrando que estamos lidando com uma relação baseada no Código Civil (se fosse pelo CDC, teríamos uma outra resolução). Segue julgado que trata do tema: APELAÇÃO. AÇÃO REDIBITÓRIA CUMULADA COM CANCELAMENTO DE PROTESTO. NOTA DE LEILÃO E CONTRATO DE COMPRA E VENDA RURAL COM RESERVA DE DOMÍNIO. AQUISIÇÃO DE BOVINO EM LEILÃO – FÊMEA NELORE OFERTADA COMO DOADORA DE MATERIAL GENÉTICO. CAPACIDADE REPRODUTIVA DO ANIMAL INSUFICIENTE DEVIDAMENTE CONSTATADA NO LAUDO PERICIAL. VÍCIO OCULTO E PREEXISTENTE DEMONSTRADO. DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO E DEVOLUÇÃO DO OBJETO DA COMPRA COM RESTITUIÇÃO DO VALOR PAGO. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS MANTIDA. PROTESTO INDEVIDO. ATO ILÍCITO CONFIGURADO. DANOS MORAIS. QUANTUM MANTIDO. 1. Devidamente comprovada a insuficiência da capacidade reprodutiva do animal, anunciado e adquirido para este fim, nos termos do laudo pericial, resta caracterizada a existência de vício oculto e preexistente à compra e venda, a justificar a responsabilização da requerida e desfazimento do negócio, nos termos dos artigos 441 e seguintes do CC/2002. 2. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato (art. 443 do CC). 3. O arbitramento do quantum indenizatório deve ser moderado, isto é, deve ser proporcional às peculiaridades do caso, com o fim de não atribuir pena excessiva aos infratores, bem como não proporcionar vantagem indevida à vítima. Neste raciocínio, ponderando as circunstâncias do caso, impõe-se a manutenção da verba indenizatória, por não se tratar de valor irrisório nem exorbitante. RECURSO NÃO PROVIDO. (TJPR - 15ª C.Cível - 0034718-43.2012.8.16.0014 - Londrina - Rel.: Desembargador Hayton Lee Swain Filho - J. 12.02.2020) (TJ-PR - APL: 00347184320128160014 PR 0034718- 43.2012.8.16.0014 (Acórdão), Relator: Desembargador Hayton Lee Swain Filho, Data de Julgamento: 12/02/2020, 15ª Câmara Cível, Data de Publicação: 12/02/2020) Lembrando que estamos a tratar do instituto dos vícios redibitórios. A previsão legal dos vícios redibitórios encontra-se no artigo 441 do Código Civil brasileiro. Esses vícios referem-se a defeitos ocultos em uma coisa recebida por meio de um contrato comutativo, os quais a tornam imprópria para o uso a que se destina ou diminuem o seu valor. Diante da constatação de vícios redibitórios, o adquirente tem o direito de requerer a rescisão do contrato, a devolução do preço pago e, se cabível, a reparação por perdas e danos.