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Exploração no Trabalho

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TEMAS3
ENTRE FRASES
Emily Cristina dos Ouros e Murilo de Almeida Gonçalves
Estudo da escrita - Redação
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TEMA IX: SUPERVALORIZAÇÃO DO TRABALHO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
Acervo
Texto I 
Por que o mantra “faça o que você ama e você nunca terá que trabalhar um dia na vida” é 
uma armadilha
Encontrar um propósito de vida no emprego é um mantra contemporâneo. Maria de Fátima Superti Dalla Colletta, de 57 
anos, tinha encontrado o seu.
Formada em Enfermagem em 2007, foi trabalhar num lar de idosos em Torrinha (SP), sua cidade natal. Encantou-se de cara 
com o trabalho de cuidadora. Mas, pouco a pouco, viu-se tragada por funções paralelas.
Com o salário que recebia na época, cerca de R$ 1.000, equipou por conta própria a sala de enfermagem. Montou pron-
tuário para cada interno, acertou o quadro de funcionários, fazia limpeza e comida quando alguma das cozinheiras faltava.
"Não me sentia explorada, fazia aquilo por amor. Os diretores estavam numa zona de conforto, pois eu resolvia tudo, desde 
uma torneira espanada, um chuveiro queimado, envolvia amigos e minha própria família no atendimento aos idosos."
Em 2018, Maria de Fátima disse: "Chega." "Fui me esgotando por ficar cada vez mais lá dentro, muitas vezes realizando 
tarefas que não eram as minhas."
Esse quadro se repete em outras profissões que, aos olhos da sociedade, envolvem cuidado, afeto e paixão pelo ofício.
"Em cozinha, a gente lava coifa, chão, fogão. Cozinha nenhuma – a não ser de hotel, talvez – tem funcionário de limpeza. 
Então a gente chega às 7h e sai às 2h do dia seguinte, sem ganhar nada por isso, apenas a experiência de ter trabalhado 
muito."
Formada em gastronomia e em engenharia de alimentos, a confeiteira e consultora Joyce Galvão conta que até hoje vê esse 
tipo de exploração. "Na Espanha, por exemplo, você pode até trabalhar em um restaurante [premiado com estrelas] Miche-
lin, mas é tudo de graça. Eles te dão comida e moradia. Essa é a troca."
Para Joyce, "em áreas criativas, em que a gente precisa ter visibilidade, trabalhar de graça ou apenas para divulgar o próprio 
trabalho é constante". Existe uma zona cinzenta na maioria dos trabalhos que fogem ao padrão escritório/carteira assinada, 
em que tudo é visto como investimento de longo prazo.
O amor cega
Não se sabe direito como e quando a moda começou – o aforismo "faça o que você ama e você nunca terá que trabalhar 
um dia sequer na vida", que já foi atribuído a Confúcio, segue vivo no discurso de aceleradores de carreira, empresários e 
milionários tecnocratas. "FOQVA" (sigla para "faça o que você ama") e suas variações são fórmulas repetidas à exaustão 
em livros de autoajuda, palestras motivacionais e entre coaches de carreira.
Um de seus profetas foi Steve Jobs (1955-2011), o CEO da Apple que, em 2005, falou nestes termos a um grupo de for-
mandos da Universidade Stanford: "Vocês precisam encontrar o que amam. Isso é importante tanto para a vida profissional 
quanto para a vida amorosa. (...) E a única forma de fazer um ótimo trabalho é amar o que você faz".
Contudo, a ênfase cultural em fazer o que se gosta, em carreiras de "encanto", facilita a legitimação de práticas abusivas, 
injustas ou degradantes no mercado de trabalho. Esta é a tese principal de um estudo desenvolvido por pesquisadores da 
Universidade Duke, na Carolina do Norte (EUA), em parceria com professores de psicologia social da Universidade Estadual 
de Oklahoma (EUA).
Publicado em abril de 2019 no periódico científico Journal of Personality and Social Psychology, o artigo "Understanding 
contemporary forms of exploitation: attributions of passion serve to legitimize the poor treatment of workers"(Entendendo 
formas contemporâneas de exploração: ênfase na paixão serve para legitimar condições precárias de trabalho, em tradução 
livre) reúne oito experimentos e uma meta-análise (técnica estatística que combina o resultado de dois ou mais estudos).
Segundo seus autores, de forma inédita, o artigo pretende mostrar que, como na vida amorosa, estar encantado por algo — 
no caso, o trabalho — pode "cegar" as pessoas e levá-las a executar tarefas que não foram contratadas para fazer.
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O fato de os próprios gestores considerarem legítima a atribuição de tarefas extras, a partir da presunção de que os funcio-
nários gostam do que fazem, leva, em muitos casos, a piores condições de trabalho.
Exploração legitimada
O fenômeno descrito no estudo é chamado de "legitimação da exploração da paixão". Embora a paixão pelo emprego seja 
positiva, ela concede licença para práticas nocivas de gestão e exploração da mão de obra.
Para os autores, a exploração é definida "a partir do momento em que a gerência, que representa seus próprios objetivos e 
interesses, bem como os objetivos dos proprietários, exige que alguns funcionários trabalhem excessivamente ou se envol-
vam em tarefas degradantes sem pagamento adicional ou recompensas tangíveis".
Fazer hora extra não remunerada, ficar longe da família, trabalhar aos finais de semana sem compensação e até mesmo ouvir 
insultos e cobranças excessivas são vistos como comportamentos justificáveis entre pessoas que se relacionam de forma 
apaixonada com o trabalho – ou que a sociedade considera como "trabalho apaixonado".
Injustiças ocorrem quando os trabalhadores não se beneficiam o suficiente dessa entrega excessiva. O benefício, nesse caso, 
é tido como algo a ser colhido no longo prazo. É como se o funcionário dedicado contasse com uma análise positiva futura, 
por parte dos empregadores, que destacaria sua dedicação para justificar um aumento de salário ou promoção, além de 
garantir direitos e segurança laboral.
O "pagamento intangível" desse esforço movido pela paixão é uma promessa que nem sempre se cumpre — o que bagun-
ça a noção de justiça ou mérito entre os funcionários.
Segundo o estudo, essa exploração ocorre a partir de dois mecanismos mediadores. O primeiro deles é o que supõe que tra-
balhadores apaixonados pelo trabalho teriam se voluntariado para determinada tarefa, se tivessem tido a chance. O segundo 
se dá a partir da crença de que, para esses funcionários, o próprio trabalho é sua recompensa.
Nem sempre os trabalhadores estão conscientes disso. Como a atividade que executam envolve afeto, o sujeito não conse-
gue enxergá-la como exploração.
"Este movimento sociocultural contemporâneo, que entende o trabalho não como um ofício, mas como uma atividade 
apaixonada da qual as pessoas obtêm gozo e sentido, pode ironicamente levar as pessoas a enxergar práticas gerenciais 
questionáveis como justas e legítimas", afirmam os autores do estudo.
Pessoas entusiasmadas com o trabalho sãomais pró-ativas, mas também podem sofrer mais de esgotamento (burnout), 
além de apresentar menor flexibilidade em relação aos seus propósitos dentro daquela função.
"Um bom número de sociólogos e jornalistas têm percebido o aumento de maus-tratos entre empregados apaixonados 
pelo trabalho, funcionários esses que admitem, eles próprios, que a paixão justifica o abuso. Na Coreia do Sul, jovens traba-
lhadores desiludidos cunharam o termo 'salário de apaixonado', ou 'pagamento de apaixonado', para se referir, de forma 
jocosa, à expectativa de que deveriam trabalhar sem ganhos substantivos porque seu entusiasmo é a própria recompensa."
A pesquisa ainda aponta para a legitimação da exploração por um caminho inverso — quando os observadores atribuem 
"paixão" e "dedicação" ao trabalhador que está na realidade sendo explorado.
Como nem sempre o sucesso acompanha os esforçados, estereótipos sociais como "pobre, mas feliz", ou "rico, mas infeliz" 
reforçam o status quo — para muitos, especialmente em uma sociedade individualista como a americana, o sistema social 
é justo quando a desvantagem material (pobreza) é neutralizada pelo aparente bem-estar. Os autores chamam esse meca-
nismo de "justificação compensatória".
Como a pesquisa foi feita
Os oito experimentos iniciais entrevistaram 2.400 pessoas, entre elas estudantes, donas de casa e administradores de em-
presas, sobre como determinadas profissões e profissionais são percebidos, a partir de situações hipotéticas. A meta-análise 
cruzou os dados obtidos nos experimentos.
No Estudo 1, por exemplo, os participantes tinham de identificar, entre 80 profissões, quais envolviam mais "paixão". Áreas 
criativas e de trabalho social – artistas, ecólogos, assistentes sociais, psicólogos, atores, veterinários – foram apontadas como 
as que atraem mais gente apaixonada pelo ofício.
Em seguida, tinham de responder quão bem ganhava, na média, um profissional dentro de cada categoria, e quais funções, 
entre as 80, tinham maior status.
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A hipótese dos pesquisadores, de que condições de exploração são vistas como mais legítimas em profissões associadas à 
dedicação apaixonada (ou ao amor pela profissão), foi confirmada em todos os cenários descritos.
Como previsto, essa relação era mediada pela expectativa de que esses funcionários aceitariam trabalhar de forma volun-
tária, se pudessem.
"Nossa pesquisa sugere que podemos participar de forma involuntária da legitimação de uma forma de exploração traba-
lhista sutil e insidiosa. Certamente, não estamos dizendo com isso que as pessoas devam desistir de buscar o que gostam 
no trabalho (ou na vida). Há inúmeros trabalhos que deixam claro que a paixão é muitas vezes um benefício. Nosso objetivo 
é inspirar maior atenção social e científica às formas de exploração que podem passar despercebidas na sociedade contem-
porânea."
Um possível caminho é identificar, entre funções, cargos e profissões que envolvem entusiasmo e paixão, quais empregado-
res tendem a explorar os funcionários.
"É imoral um trabalho que te explora sem qualquer desculpa pra isso, é imoral e errado. Mas vale um conselho: entrar nessa 
ciente do que pode acontecer é agir sem inteligência. Se você conhece alguém que tem se dado bem no emprego, que ama 
o que faz e não se sente explorado, é provável que essa pessoa tenha sido muito meticulosa nas escolhas que fez", contou 
à BBC Brasil Troy H. Campbell, professor assistente na Faculdade de Administração Lundquist da Universidade do Oregon e 
um dos autores do artigo.
Campbell reconhece que nem sempre é fácil trocar um emprego tóxico por outro melhor. Mas, uma hora ou outra, isso 
vai acontecer: pessoas talentosas e esforçadas caem fora de um ambiente que legitima a exploração da paixão assim que 
podem.
Questão de classe e de desemprego
Em 2014, Miya Tokumitsu, autora de "Do what you love: and other lies about success and happiness" (Faça o que ama: e ou-
tras mentiras sobre sucesso e felicidade, em tradução livre), publicou um artigo na revista Slate que viralizou nas redes sociais.
"Em nome do amor" destrói a falácia sobre trabalho e vocação. "O problema do 'faça o que você ama' é que ele não leva 
à salvação, mas à desvalorização do trabalho real. (...) E, mais importante, à desumanização da grande maioria dos traba-
lhadores", afirmou.
Em um mundo que exclui e segrega, de crescente precarização dos direitos trabalhistas e a uberização de tudo, o "faça-o-
-que-você-ama" nos mantém focados em nós mesmos, nos distrai das condições de trabalho dos outros, enquanto valida 
nossas próprias escolhas e nos descompromete de obrigações para com todos que trabalham, independentemente se amam 
ou não suas profissões. "É o aperto de mão secreto entre os privilegiados, e uma visão de mundo que dissimula seu elitismo 
como nobre auto-aperfeiçoamento."
"A visão de Jobs, bem século 21, pede que nos voltemos para dentro. Ela nos absolve de qualquer responsabilidade ou 
reconhecimento pelo mundo à nossa volta", afirma a escritora.
Para Suzana da Rosa Tolfo, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e 
especialista em relações de trabalho, a ideologia de que trabalhar duro e manter a persistência levarão à riqueza, à felicidade 
e à satisfação no trabalho são parte da psicologia positiva. Mas poder escolher trabalho, emprego e profissão, ou seja, poder 
ter uma identidade profissional, encontram uma realidade diferente no caso brasileiro.
"No país, as possibilidades de escolhas de carreira são bastante afetadas pelas contingências do mercado de trabalho 
restrito, das limitações para se estudar e se desenvolver competências. Em grande parte, os trabalhadores que realizam 
atividades cuja qualificação é pouca exigida se acostumam às limitações, que autores podem chamar de exploração, como 
Alan Wertheimer."
Nesse sentido, a lógica por parte desses trabalhadores é que não faz sentido trabalhar com todo o afinco se, muitas vezes, 
os gestores das organizações escolhem formas de pagar o mínimo possível a seus empregados e remover os benefícios 
conquistados.
Ela cita pesquisas do núcleo de estudos de que faz parte, que estuda processos psicossociais e de saúde nas organizações e 
no trabalho. Os trabalhos indicam que, mesmo que o emprego seja fonte de identidade, formador de vínculos e considerado 
relevante socialmente, as pessoas podem desenvolver quadros de adoecimento. Muitas vezes, o presenteísmo e a resiliência 
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serão as principais estratégias de defesa e de enfrentamento para manter-se trabalhando.
"Miya Tokumitsu ironizava quando dizia que, afinal de contas, se você realmente ama o que faz,preocupações sobre salário, 
assistência médica e previdência social podem ficar em segundo plano", analisa Tolfo.
Tal qual a experiência de Joyce Galvão na Espanha, atividades que levam ao desenvolvimento de competências precisam 
ser aceitas sob qualquer forma, como estágios não remunerados abundantes e trabalhos freelance, para citar alguns dos 
referidos por Tokumitsu.
"Em países periféricos como o Brasil, no qual há precarização do trabalho, as condições de saúde e de segurança e os riscos 
psicossociais no trabalho desafiam o trabalhador a manter a saúde mental e o amor ao trabalho de forma saudável", diz 
Tolfo.
"POR QUE O MANTRA 'FAÇA O QUE VOCÊ AMA E VOCÊ NUNCA TERÁ QUE TRABALHAR UM DIA NA VIDA' É UMA ARMADILHA"HTTPS://WWW.BBC.COM/(30.06.2019)
Texto II 
Quais as críticas a quem glorifica a ‘ralação’ no trabalho
A cada aproximação do fim de semana, as redes sociais são tomadas pela expressão “sextou!” É uma palavra que traz a 
promessa de descanso ou diversão, ou ambos. Entretanto, há muita gente que vem optando por uma ideia oposta. É a turma 
do “segundou”.
No Instagram, a hashtag #thankgoditsmonday (graças a Deus é segunda) contabiliza quase 40 mil menções. É só 10% de 
#thankgoditsfriday (graças a Deus é sexta), mas não deixa de ser um número expressivo. As mensagens contidas em muitos 
dos posts revelam uma cultura de glorificação da correria e do trabalho, generosamente temperada com platitudes motiva-
cionais como “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”.
“Vi as maiores cabeças da minha geração contabilizar jornadas de 18 horas — e depois se gabar sobre isso no Instagram. 
Quando foi que o ‘workaholismo’ performativo se tornou um estilo de vida?”, perguntou a jornalista de tecnologia e negó-
cios Erin Griffith, em um artigo de opinião para o jornal The New York Times.
O texto procura entender as origens e o contexto do que nos Estados Unidos é chamado de “hustle culture”. A gíria hustle, 
em inglês, tem diversos sentidos, muitos deles negativos. Mais recentemente, entretanto, virou um termo para o ato de tra-
balhar muito duro para ganhar dinheiro. Em português, seria algo como “ralação”.
Para a autora, o conceito está disseminado pela cultura contemporânea, em anúncios de marcas esportivas, livros de ne-
gócios e no discurso de luminares do Vale do Silício como o empresário Elon Musk que famosamente tuitou que “ninguém 
nunca mudou o mundo trabalhando 40 horas por semana”.
Glorificar a ralação é central para a imagem do WeWork, empresa americana especializada em espaços de trabalho com-
partilhado. Seus ambientes exibem frases como “Não pare quando estiver cansado, pare quando terminar”. A empresa, 
avaliada em US$ 47 bilhões (eram US$ 16 bilhões em 2016), já conta com uma rede de 500 estabelecimentos em 27 países.
Para Alexandre Teixeira, jornalista que pesquisa a felicidade no trabalho e autor de “Rotinas criativas: Um antimanual de 
gestão do tempo para a geração pós-workaholic”, o WeWork é um símbolo dessa tendência. “Eles são globalizados e tem 
uma aura bastante cool, então são muito influentes. Ficam na ponta de lança desse modismo”, afirmou ao Nexo.
A popularização dessa nova versão do jeito “workaholic” de ser é muito promovida pela cultura de startups e empresas de 
tecnologia do Vale do Silício, com escritórios que nem parecem escritórios, mas onde as pessoas não batem ponto e traba-
lham muitas horas por dia.
De acordo com Teixeira, as empresas de tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia (EUA), trouxeram inovações importantes 
para o ambiente de trabalho, especialmente no que diz respeito à qualidade de vida dos funcionários, com horários menos 
rígidos, conveniências e locais para descompressão.
Um estudo americano revelou que a produção de um funcionário é razoavelmente constante se ele trabalhar menos de 
49 horas por semana. Trabalhar mais do que as 49 horas semanais, ainda mais por semanas consecutivas, resulta em uma 
queda abrupta de desempenho
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“Tem um outro lado, menos visível, que é a criação de um ambiente tão bacana, onde você fica tão à vontade, que basi-
camente você passa sua vida lá. Isso é bom ou ruim? Depende pra quem”, ponderou. “Costuma funcionar muito para o 
profissional jovem, é divertido, tem muita gente parecida com você. E é uma lógica do desenvolvedor e programador, gente 
que em geral precisa mesmo de longuíssimas horas para completar tarefas.”
Ele lembra que o mundo corporativo vem incorporando conceitos do universo geek como o “scrum”, modelo que busca 
otimizar o tempo de execução de um projeto, e o “sprint”, nome dado aos ciclos temporais que compõem o scrum.
Lanchinho grátis
“Tem futebol e sala de jogos e cerveja e festas, mas realmente eles não te tratam tão bem, eles te esgotam e depois se 
livram de você”, afirmou o jornalista Dan Lyons, autor de “Lab Rats: How Silicon Valley Made Work Miserable for the Rest 
of Us” (Ratos de laboratório: como o Vale do Silício fez o trabalho ser miserável para o resto de nós, em tradução livre), em 
entrevista ao site The Six Fifty.
Para Lyons, o verniz “cool” (de “bacaneza”) encobre uma realidade de precarização. “Estes novos laços entre trabalho e 
capital, entre empresas e empregados (...) se baseiam em muitos contratantes ou temporários que não conseguem os bene-
fícios de trabalhar para uma empresa. São descartáveis… mas ei, tem lanchinho de graça”, afirmou.
“A vasta maioria das pessoas batendo o bumbo da ‘hustlemania’ não são as pessoas fazendo o próprio trabalho. São ge-
rentes, financiadores e donos”, afirmou David Heinemeier Hansson, cofundador da empresa de software Basecamp, ao The 
New York Times. Em 2018, ele lançou um livro chamado “It Doesn’t Have to Be Crazy at Work” (Não precisa ser doideira no 
trabalho, em tradução livre).
Trabalho sem sentido
Um outro aspecto da cultura de longas horas de trabalho foi ressaltado em 2013 pelo antropólogo britânico David Graeber: 
os “bullshit jobs”, ou “empregos ruins”. Segundo sua definição, são trabalhos que só existem para servir aqueles que traba-
lham muito e não têm tempo de fazer mais nada, como o passeador de cachorro e/ou a pizzaria 24 horas.
“É como se alguém ficasse inventando empregos sem sentido só para nos manter trabalhando”, escreveu Graeber. “No 
capitalismo, é exatamente o que não era para acontecer. Claro, em velhos estados socialistas ineficientes, como a União 
Soviética (...) o sistema inventava quantos empregos queria”.
Ele lembra da previsão do economista John Maynard Keynes, feita na década de 1930, de que a tecnologia permitiria no 
futuro que as pessoas nos EUA e Reino Unido trabalhassem apenas 15 horas por semana. Graeber pergunta por que isso 
não aconteceu. Segundo ele, trata-se de uma forma sofisticada de controle social, de um sistema que enxerga riscos na ideia 
de ter a população com muito tempo livre.
Baseado na premissa de Graeber, dois economistas holandeses realizaram um estudo que avaliou o quanto as pessoas con-
sideram seu trabalho útil para a sociedade. De 100 mil pessoas entrevistadas, em 47 países, cerca de 8% viam sua ocupação 
como inútil para o coletivo, enquanto outros 17% tinham dúvidas sobre a utilidade do que faziam. Além disso, cerca de 
77% acreditavam ser importante ou muito importante ter um trabalho que contribuísse para a sociedade de alguma forma.
O estudo foi citado pelo historiadorholandês Rutger Bregman, em entrevista ao site do Fórum Econômico Mundial, em 
Davos, na Suíça. Bregman (cuja fala em Davos defendendo altos impostos para os ricos contra a desigualdade viralizou) 
destacou as áreas em que a sensação de inutilidade é maior.
“Mais e mais pesquisas dizem que o trabalho das pessoas não está acrescentando nada. Não estamos falando sobre profes-
sores, policiais, enfermeiras ou faxineiras, estamos falando principalmente sobre pessoas com perfis maravilhosos no Linke-
din”, afirmou. “Se você olha para o relatório, 21% dos profissionais de vendas, marketing, propaganda e relações públicas 
acreditam que seu trabalho é socialmente inútil, em contraste com 0% dos bibliotecários.”
Os perigos da sobrecarga
Mais tempo no trabalho não se traduz em melhores resultados. Um estudo realizado por um economista da Universidade de 
Stanford, citado no relatório “Overworked America” (América sobrecarregada, em tradução livre), revelou que a produção 
de um funcionário é razoavelmente constante se ele trabalhar menos de 49 horas por semana. Trabalhar mais do que as 49 
horas semanais, ainda mais por semanas consecutivas, resulta em uma queda abrupta de desempenho.
E, segundo o levantamento, há pouca diferença entre aqueles que trabalharam 70 horas por semana e os que se dedicaram 
por 56 horas. “Em outras palavras, aquelas 14 horas extras são um desperdício de tempo em termos de conseguir realizar 
trabalho de fato”, conclui o relatório.
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O documento também ressalta as diferenças entre posições em relação ao excesso de trabalho. Os que trabalham por mais 
horas têm maior probabilidade de pertencerem a “profissões com salários mais altos, como as das áreas gerenciais e jurí-
dicas”. “Mudanças na maneira como empresas organizam o trabalho, junto com o aumento da desigualdade, resultaram 
no crescimento de empregos que demandam muito para alguns funcionários e que deixam pouco tempo para cuidar de 
assuntos fora do escritório”, afirmou o texto.
Além disso, é uma mentalidade que trata as mulheres e os homens “como se eles ainda tivessem uma esposa em casa para 
cuidar das atividades do lar e relacionadas à família”, afirmou o sociólogo Arne Kalleberg, da universidade North Carolina-
-Chapel Hill.
Por fim, muito trabalho pode afetar a saúde do empregado. “O ‘burnout’ [esgotamento] é um problema para as empresas 
porque a pessoa chega num estado em que fica incapacitada”, relatou Alexandre Teixeira. “É uma epidemia internacional. 
No Brasil, uma estimativa de alguns anos atrás era de que 3 a cada 10 pessoas da população economicamente ativa já 
sofrem ou estão perigosamente próximas de sofrer.”
“QUAIS AS CRÍTICAS A QUEM GLORIFICA A ‘RALAÇÃO’ NO TRABALHO” HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR (02.02.2019)
Texto III
Em nome do amor
A falácia do "Faça o que você ama" como instrumento pra jornadas de trabalho que não têm fim
“Faça o que você ama” é o mantra do trabalhador atual. Por que devemos reivindicar nossos interesses de classe se, de 
acordo com elites do FOQVA (Faça O Que Você Ama) como Steve Jobs, não existe algo como trabalho?
“Faça o que você ama. Ame o que você faz.”
As ordens são emolduradas e penduradas na sala de estar do que somente pode ser chamada de sala com uma boa cura-
doria. Uma imagem dessa sala apareceu pela primeira vez num popular blog de design e foi compartilhada no Pinterest, no 
Tumblr, e curtida milhares de vezes até o momento.
Iluminada e fotografada carinhosamente, essa sala foi decorada para inspirar Sehnsucht, grosseiramente traduzido do ale-
mão como um anseio agradável por alguma coisa ou lugar utópicos.
Além do fato de introduzir exortações ao trabalho como um espaço de lazer, a sala do “faça o que você ama” – onde abun-
dam bugigangas hype decorativas e trabalho não é labuta, mas amor – é exatamente o lugar onde todas essas pessoas que 
compartilham essa imagem ou a curtem, desejam estar. O arranjo díptico sugere uma versão secular de um altar de casa 
medieval.
Há pouquíssima duvida de que o FOQVA é o mantra de trabalho não oficial do nosso tempo. O problema é que ele não leva 
à salvação, mas à desvalorização do trabalho real, incluindo o mesmo trabalho que se pretende elevar e – mais importante, 
a desumanização da vasta maioria dos trabalhadores.
 Superficialmente, FOQVA é um conselho motivador, exortando-nos a ponderar o que nós mais gostamos de fazer e então, 
transformar essa atividade em uma empreitada que gere renda. Mas por que nosso prazer deve ser lucrativo? Para qual 
público é esse ditado? Para qual não é?
Mantendo-nos focados em nós mesmos e em nossa felicidade individual, o FOQVA nos distrai das condições de trabalho dos 
outros enquanto valida nossas próprias escolhas e nos descompromete de obrigações para todos que trabalham, indepen-
dente se amam ou não suas profissões. É o cumprimento secreto dos privilegiados e uma visão de mundo que dissimula seu 
elitismo como nobre auto-aperfeiçoamento.
De acordo com esse tipo de pensamento, trabalho não é algo que se faz para ser compensado, mas um ato de amor próprio. 
Se acontecer de não haver ganho, é porque a paixão e determinação do trabalhador não foram suficientes. A verdadeira 
façanha desse pensamento é fazer com que os trabalhadores acreditem que o trabalho serve a si mesmo e não ao mercado.
Aforismos têm inúmeras origens e reencarnações, porém a natureza genérica e banal do FOQVA carece de uma atribuição 
mais precisa. A Referência de Oxford liga a frase e suas variantes à Martina Navratilova e François Rabelais, entre outros. 
Já a internet frequentemente atribui o “Faça o que você ama” a Confúcio, situando-a em um passado místico e oriental. 
Oprah Winfrey e outros aduladores da positividade incluíram a frase em seus repertórios por décadas, mas o mais importante 
pregador recente do credo do FOQVA é o falecido CEO Steve Jobs.
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Sua palestra de gradução na Universidade Stanford em 2005 fornece um mito de origem tão bom quanto outros especial-
mente porque Jobs já havia sido beatificado como o santo padroeiro do trabalho estetizado bem antes de sua morte precoce. 
No discurso, Jobs narra a criação da Apple, e insere esta reflexão:
“Você tem que encontrar o que ama. E isso é uma verdade tanto para seu trabalho quanto para seus amantes. Seu trabalho 
vai preencher uma grande parte da sua vida, e a única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazendo o que você 
acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é amando o que você faz.”
Nessas quatro frases, as palavras “você” e “ seu” aparecem oito vezes. O foco no individual não é uma surpresa vinda de 
Jobs, que cultivou uma imagem muitoespecifica de si próprio como um empregado inspirado, casual e apaixonado – todos 
os estados coincidentes com o ideal de amor romântico. Jobs telegrafou a fusão do seu eu obsessivo por trabalho com a 
sua empresa tão bem que sua camiseta preta e calça jeans se tornaram metonímias para todos da Apple e do trabalho que 
a mantém.
Mas ao retratar a Apple como trabalho do seu amor individual, Jobs omite o trabalho de incontáveis pessoas nas fábricas 
da Apple, escondendo-os convenientemente da vista de todos, no outro lado do planeta – o mesmo trabalho que permitiu 
Jobs concretizar seu amor.
A violência dessa omissão precisa ser exposta. Enquanto o “Faça o que você ama” soa inofensivo e precioso, é em ultima 
analise autocentrado, beirando o narcisismo. A formulação de Jobs do “Faça o que você ama” é a antítese depressiva à visão 
utópica de trabalho de Henry David Thoreau.
Em “Vida sem Princípio”, Thoreau escreveu:
“...seria uma boa economia para a cidade pagar aos seus trabalhadores tão bem que eles não sentissem que estivessem 
trabalhando para fins banais, meramente pela sobrevivência, mas para fins científicos, até mesmo morais. Não contrate um 
homem que faz seu trabalho pelo dinheiro, mas aquele que trabalha pelo amor a isso.”
Thoreau admitia não ter muita consideração pelo proletariado (é difícil imaginar alguém lavando fraldas para fins “cien-
tíficos e até morais”, não importa o quão bem pago). Mas ele, no entanto, afirma que a sociedade tem responsabilidade 
ao proporcionar um trabalho bem compensado e significante. Contrariando as demandas de Jobs do século XXI que todos 
nós interiorizamos. Esse mantra nos absolve de qualquer obrigação ou reconhecimento de um mundo maior, destacando a 
traição fundamental com todos os trabalhadores, independentemente se eles abraçam isso conscientemente ou não.
Uma consequência desse isolamento é a divisão que o FOQVA cria entre trabalhadores, em duas classes principalmente. O 
trabalho torna-se dividido em duas classes opostas: aquele que é adorável (criativo, intelectual, socialmente prestigioso) e 
aquele que não é (repetitivo, não intelectual, sem distinção).
Aqueles que pertencem às áreas de trabalho adoráveis são vastamente mais privilegiados em termos de riqueza, status so-
cial, educação, preconceitos raciais, influência política; enquanto compreendem uma pequena minoria da força de trabalho.
Para os que são empurrados para o trabalho pouco atraente, a história é outra. Sob o credo do FOQVA, trabalho que é feito 
por motivos ou necessidades outras que não amor (o que, na verdade, é a maioria dos trabalhos) não é somente rebaixado, 
mas apagado. Como na palestra de Jobs em Stanford, trabalhos nada adoráveis, porém necessários socialmente, são todos 
banidos do espectro de consciência.
Pense na grande variedade de trabalho que permitiu a Jobs passar um dia como CEO: sua comida colhida nos campos, 
depois o transporte dela em longas distâncias. Os produtos da sua companhia montados, empacotados e transportados. 
As propagandas da Apple roteirizadas, com elenco produzido e filmadas. Ações judiciais processadas. Lixeiras de escritório 
vazias e cartuchos de tinta cheios. A criação de emprego vai aos dois sentidos.
No entanto, com a grande maioria dos trabalhadores efetivamente invisíveis para elites ocupadas com suas adoráveis fun-
ções, como se surpreender que um dos maiores esforços enfrentados pelos trabalhadores atuais (salários absurdos, enormes 
custos de cuidados infantis etc) mal se registra isso como uma questão política, mesmo entre os grupos liberais das classes 
dominantes?
Ao ignorar a maioria dos trabalhos e reclassificar o resto como “amor”, o FOQVA talvez seja a ideologia anti-trabalhista 
mais elegante da atualidade. Por que os trabalhadores devem se organizar e fazer valer seus interesses de classe, se não há 
tal coisa como o trabalho?
“Faça o que você ama” encobre o fato de que poder escolher uma carreira primariamente para reconhecimento pessoal é 
um privilegio não merecido, pois é um sinal da classe socioeconômica da pessoa.
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Mesmo se um designer gráfico freelancer teve pais que puderam pagar pela sua faculdade de arte (ou sustentá-lo enquanto 
ele fazia seu curso integral numa universidade pública) e manter o aluguel de um apartamento num bairro bacana; ele pode 
hipocritamente oferecer o FOQVA como conselho de carreira para os que cobiçam seu sucesso.
Se nós acreditarmos que trabalhar como empresário no Vale do Silício ou um publicitário de museu ou um consultor de uma 
instituição não lucrativa é essencial para sermos verdadeiros conosco – na verdade, amarmos nós mesmos – o que achamos 
das vidas e esperanças daqueles que limpam quartos de hotéis e preenchem as prateleiras em grandes lojas de varejo? A 
resposta é: nada.
Ainda assim, trabalho árduo e de baixa remuneração é o que a maior parte dos Americanos fazem e sempre irão fazer. De 
acordo com o escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA, as duas profissões que mais crescem projetadas até 2020 são 
“Auxiliares de Cuidados Pessoais” e “ Auxiliar Doméstico de Cuidados”, com salários médios de US$ 19.640,00 anuais e 
US$ 20.560,00 em 2010, respectivamente. (aproximadamente US$ 1.600,00 por mês).
Elevar alguns tipos de profissões a algo digno de amor necessariamente denigre o trabalho daqueles que tem profissões 
nada glamorosas que mantém a sociedade funcionando, especialmente o trabalho crucial dos auxiliares de cuidados, enfer-
meiros particulares etc.
Se o FOQVA denigre ou perigosamente torna invisíveis vastas áreas de trabalho que permitem que nós vivamos em conforto 
e façamos o que amamos; ele também tem causado um grande prejuízo às profissões que pretende celebrar, principalmente 
nos empregos existentes dentro de estruturas institucionais. Em nenhum lugar o mantra FOQVA tem sido mais devastador 
aos seus adeptos do que na Academia. O estudante médio de doutorado no meio dos anos 2000 renunciou ao dinheiro fácil 
da Administração ou do Direito (agora não tão fácil) para viver de uma bolsa escassa, a fim de prosseguir a sua paixão pela 
mitologia nórdica ou a história da música afro-cubana.
A recompensa por atender esse alto chamado é um mercado de emprego acadêmico no qual cerca de 41% do corpo docen-
te é composto de professores adjuntos – instrutores contratados que normalmente recebem pouco, nenhum benefício, não 
tem escritório, nenhuma segurança e não possuem plano de carreira nas faculdades onde trabalham.
Há muitos fatores que mantem doutores realizando um trabalho de alta especialização em troca de salários tão baixos, in-
cluindo um caminho de dependência e os custos absurdos de se conseguir um Doutorado; mas um dos mais fortes motivos 
é como a doutrina do FOQVA penetrou perversamente na Academia.
Poucas outras profissões fundem a identidade pessoal de seus ocupantes tão intimamente com a produção do trabalho. Essa 
identificação intensa explica parcialmente porque tantos docentes esquerdistas continuam estranhamente calados sobre as 
condições de trabalho de seus semelhantes. Porque a pesquisa acadêmica deve ser feita por puro amor, as condições atuais 
e as compensações por essa ocupação tornam-se “pensamentos para depois”, quando se quer são considerados.
Em “Trabalho Acadêmico, a Estética da Administração e a Promessa do Trabalho Autônomo” (AcademicLabor, the Aesthetics 
of Management, and the Promise of Autonomous Work), Sarah Brouillette escreve sobre o corpo docente:
“... nossa crença de que o trabalho oferece recompensas não materiais, e é mais integrante da nossa identidade que um 
trabalho 'comum', nos torna empregados ideias quando o objetivo da administração é extrair o máximo de valor do nosso 
trabalho a mínimo custo.”
Muitos acadêmicos gostam de pensar que eles evitaram o ambiente do trabalho corporativo e seus valores concomitantes, 
mas Marc Bousquet nota em seu artigo “Nós trabalhamos” (We Work) que a academia que na verdade fornece um modelo 
para a gestão corporativa.
"Como simular o local de trabalho acadêmico e fazer com que as pessoas trabalhem em um alto nível intelectual e intensida-
de emocional nas cinquenta ou sessenta horas por semana por salários de barman ou até menores? Há alguma maneira de 
conseguirmos fazer com que os funcionários desmaiem sobre suas mesas, murmurando “Eu amo o que faço” em resposta 
a maiores cargas de trabalho e salários menores?
Como fazemos para que nossos funcionários sejam como um corpo docente, negando que se quer trabalham? Como adap-
tamos nossa cultura corporativa para que se pareça mais a cultura de um campus, para que assim nossa força de trabalho 
também se apaixone pelo que faz?"
Ninguém está argumentando que um trabalho prazeroso deva ser menos prazeroso. Mas trabalho emocionalmente satisfa-
tório é também trabalho, e conscientizar-se disso não o enfraquece de maneira alguma. Recusar-se a admitir isso, por outro 
lado, abre portas para a exploração mais perversa, prejudicando todos os trabalhadores.
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Ironicamente, o FOQVA reforça a exploração até nas profissões ditas criativas, onde trabalho em hora extra, mal pago, ou 
mesmo não pago é a nova norma: exige-se que jornalistas façam o trabalho de fotógrafos demitidos, publicitários usem 
seu Twitter e Pinterest nos fins de semana, é esperado que 46% da força de trabalho cheque seu email de trabalho quando 
estão doentes, em casa. Nada faz com que a exploração seja engolida mais fácil do que convencer seus empregados que 
eles estão fazendo o que amam.
Em vez de construir uma nação realizada, trabalhadores felizes, nossa era do FOQVA tem visto a ascensão de professores 
adjuntos e estagiários não remunerados – pessoas convencidas a trabalhar por pouco, de graça ou mesmo a desembolsar 
para trabalhar. Esse certamente tem sido o caso de todos os estagiários com créditos de bolsas escolares a quitar ou aqueles 
que na verdade adquirem estágios “leiloados” em ultra disputadas empresas de moda (Valentino e Balenciaga estão entre 
as várias empresas que leiloaram estágios mensais. Por caridade, claro). Recentemente, a exploração do trabalhador chegou 
ao extremo, como uma investigação em andamento da Pro Publica revela, estágios não remunerados têm uma presença 
maior na força de trabalho americana do que se imaginava.
Não deveria ser surpresa que estágios não remunerados abundam em áreas que são muito desejáveis socialmente; incluindo 
moda, mídia e artes. Essas indústrias habituaram-se a massas de empregados dispostos a trabalhar pela moeda “social” 
corrente em vez de salários reais, tudo em nome do amor. Excluída dessas oportunidades, claro, está a imensa maioria da 
população: aqueles que precisam trabalhar por salários. Essa exclusão não somente engessa a economia e a imobilidade 
profissional, mas isola essas indústrias de toda a diversidade de vozes que uma sociedade pode oferecer.
E não é coincidência que as indústrias que se apoiam fortemente nos estagiários – moda, mídia e artes são as feminizadas, 
como Madeleine Schwartz escreveu na "Dissent".
Outra consequência danosa do FOQVA é o quão implacável ele se esforça para obter o trabalho das mulheres por pouca ou 
nenhuma compensação. As mulheres compreendem a maioria dos menores salários ou da força de trabalho mal paga; como 
cuidadoras, professoras adjuntas, e estagiárias não remuneradas, elas ultrapassam em número os homens.
O que une todos essas profissões, sejam doutores ou educadores, é a crença de que os salários não devem ser o principal 
motivo para realizar um trabalho. As mulheres devem fazer o trabalho pois são naturalmente criadoras e estão sempre an-
siosas para agradar; afinal de contas tudo que elas fazem é cuidar de crianças sem remuneração, cuidar de idosos e serviços 
de casa desde os tempos primórdios. E falar sobre dinheiro não é algo que uma dama faria, de qualquer maneira.
O sonho do FOQVA é, de acordo com a mitologia Americana, superficialmente democrático. Doutores pode fazer o que 
amam, construir carreiras que saciem seu amor pelo romance Vitoriano e escrever artigos profundos no New York Review 
of Books. Alunos do ensino médio também podem fazer isso, construindo impérios de comida pronta a partir da receita de 
geléia da Aunt Pearl’s. O caminho sagrado do empresário sempre oferece inícios desvantajosos, isentando o resto de nós por 
deixarmos que esses começos sejam tão miseráveis como são. Nos EUA, todo mundo tem a oportunidade de fazer o que 
ama e ficar rico.
Faça o que você ama e você nunca trabalhará um dia em sua vida! Antes de sucumbir ao intoxicante entusiasmo dessa 
promessa, é crucial perguntar:
“Quem, exatamente, se beneficia ao fazer o trabalho parecer não ser trabalho? Por que os trabalhadores devem se sentir 
como se não estivessem trabalhando quando estão?"
O historiador Mario Liverani nos lembra que “a ideologia tem a função de apresentar a exploração sob uma luz favorável ao 
explorado, como algo vantajoso aos mais desfavorecidos”.
Ao mascarar os próprios mecanismos de exploração do trabalho que ele mesmo alimenta, o FOQVA é, na realidade, a fer-
ramenta ideológica mais perfeita do capitalismo. Joga de lado o trabalho dos outros e dissimula o nosso trabalho de nós 
mesmos. Esconde o fato de que se reconhecêssemos todo o nosso trabalho como propriamente trabalho, poderíamos traçar 
limites apropriados para isso, exigindo uma compensação justa e horários mais humanos que nos permitissem dedicação à 
família e ao lazer.
E se fizéssemos isso, uma maior parte de nós poderia conseguir fazer o que realmente ama.
MIYA TOKUMITSU. PHD EM HISTÓRIA DA ARTE PELA UNIVERSIDADE DA PENSILVÂNIA. 
NOTA DO EDITOR: ESTE TEXTO FOI ORIGINALMENTE PUBLICADO NO JACOBINMAG.COM E TRADUZIDO POR LUDMILA NAVES, ROTEIRISTA, COM AUTORIZAÇÃO DA AUTORA.
“EM NOME DO AMOR ”HTTPS://PAPODEHOMEM.COM.BR (03.02.2014) 
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Texto IV
Sobrecarga de trabalho pode causar curto-circuito, a síndrome de burnout
Foram necessárias mais de dez consultas com especialistas de várias áreas para que a publicitária RobertaCarusi, 47, desco-
brisse a causa dos sintomas que vinha apresentando desde que teve um mal súbito, dias depois de pedir demissão da agên-
cia onde trabalhava. O diagnóstico: síndrome de burnout, transtorno mental que afeta 32% da população economicamente 
ativa no Brasil, e do qual Roberta nunca tinha ouvido falar.
Sofrendo de exaustão, cabeça pesada, desânimo, dificuldade de concentração e sensação de desmaio, ela diz ter enfrentado 
preconceito e falta de conhecimento dos próprios médicos. "Ouvi que estava com frescura, que tinha inventado a fadiga 
para evitar o trabalho", diz a publicitária.
Seu caso foi tão extremo que por meses ela não conseguia ir do sofá até o banheiro sem parar no meio. "Eram só nove 
passos de distância", diz.
Hoje, depois de um ano se tratando com um médico integrativo, calcula ter recuperado 60% de sua energia.
Roberta afirma ter chegado a essa situação depois de duas décadas de trabalho sob estresse crônico. "Fazia jornadas de 18 
horas por dia, sem fins de semana. Era normal virar noites sem dormir."
Mas, se tantos profissionais vivem assim, por que só alguns desenvolvem a doença?
De acordo com Antônio Geraldo da Silva, diretor da Associação Brasileira de Psiquiatria, pessoas ambiciosas, perfeccionistas, 
com necessidade de reconhecimento e que substituem a vida social pelo trabalho são mais propensas.
Essas características, aliadas a condições externas, como conflitos com chefes e colegas, baixa autonomia, falta de feedba-
ck positivo e pressão do tempo, levam a um quadro de desmotivação e estresse constante que resulta em danos físicos e 
transtornos psíquicos.
"O estresse afeta o sistema imunitário e é cumulativo", afirma Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR (International Stress 
Management Association). "Não é incomum que uma pessoa desenvolva câncer ou sofra ataque cardíaco até 24 meses 
depois de um evento traumático", completa.
Foi o que aconteceu com o gerente financeiro Ademir de Campos, de Curitiba, que relata ter sofrido infarto precedido de um 
processo de "fritura" na empresa de varejo em que trabalhou por oito anos, e que culminou com demissão.
Os problemas começaram em 2015, com a crise. Ademir diz que era cobrado por atribuições que não eram suas, tinha deci-
sões desrespeitadas e era desafiado por seus pares, com a anuência da diretoria.
"Ficava sem almoçar, todos os dias passava do horário, no dia seguinte chegava atrasado, não tinha ânimo para ir ao traba-
lho. Sentia que não conseguia fazer nada útil", conta.
Outros sinais — sangramento nasal, insônia e perda de memória — foram ignorados nos dois anos de maior pressão. O 
diagnóstico só veio depois do infarto, pelo médico que o operou.
"O trabalho hoje nos impede de considerar limites biológicos", afirma Sigmar Malvezzi, pesquisador em psicologia organi-
zacional e professor da Fundação Dom Cabral. "Exigimos do organismo aquilo que não somos capazes de fazer por tempo 
prolongado."
As consequências para as empresas também são desastrosas. Os prejuízos da baixa produtividade causada pela exaustão 
chegam a 3,5% do PIB do Brasil, de acordo com cálculos da Isma de 2015.
E quase metade desses profissionais desenvolve também depressão, o que dificulta ainda mais o diagnóstico. "A principal 
diferença é que o burnout é sempre relacionado ao estresse. Todo deprimido está em estresse, mas o contrário não é verda-
de", diz Rossi.
Além da falta de informação, o combate passa por outro desafio grave no Brasil: o preconceito. "As empresas precisam 
trabalhar os estigmas e investir em campanhas de prevenção", diz Silva.
Edna Bedani, diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos, destaca outro ponto para tentar evitar que o organis-
mo entre em pane: o autoconhecimento. "É importante que o profissional se fortaleça e estabeleça limites", afirma.
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O desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira, gestor nacional do Programa Trabalho Seguro do TST, ressalta que é dever 
dos empregadores garantir um ambiente sadio.
"Se for comprovada a responsabilidade da empresa, o funcionário pode exigir indenização por danos materiais e morais. 
E se houver uma incapacitação definitiva, cabe a indenização por danos existenciais", diz Oliveira. O termo, introduzido na 
reforma trabalhista, se refere à situação que compromete o projeto de vida da pessoa.
Fatores que levam à síndrome de burnout
Sobrecarga
Jornadas longas e pressão por resultados em pouco tempo são indutores de estresse e têm maior peso em ambiente hostil
Falta de controle
Funcionários precisam de certa liberdade para exercer suas funções e de autonomia; trabalhar sob supervisão constante é 
gatilho
Recompensas insuficientes
O profissional precisa sentir que o que faz é importante; retorno positivo sobre o trabalho ajuda a aliviar o esgotamento
Ruptura na comunidade
Falta de apoio dos colegas e ambiente de trabalho hostil podem minar a autoconfiança do profissional
Injustiça
Ser preterido em promoção ou perceber que as regras não são para todos são exemplos comuns que geram desgaste
Conflitos de valor
Quando o trabalho vai contra os valores pessoais do profissional, o desgaste emocional é enorme
Para comprovar o diagnóstico, três sintomas são obrigatórios
1. Exaustão
Sensação de ter ido muito além dos limites e de que não há recursos físicos ou emocionais para lidar com a falta de energia. 
Férias e folgas não revertem o quadro. O profissional tem dificuldade para realizar tarefas simples, como tomar banho e se 
trocar
2. Ceticismo
O profissional se sente alienado, insensível e tem reações negativas. Não vê sentido no que faz e acredita não ver saída. É a 
chamada alienação mental
3. Ineficácia
A produtividade cai, o trabalhador erra mais e tem a sensação de baixa realização e de incompetência
FONTE: ISMA-BR (INTERNATIONAL STRESS MANAGEMENT ASSOCIATION
“SOBRECARGA DE TRABALHO PODE CAUSAR CURTO-CIRCUITO, A SÍNDROME DE BURNOUT” HTTPS://WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR/ (19.05.2018)
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É IMPORTANTE SABER 
I. DADO HISTÓRICO RELEVANTE 
De acordo com pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA), pelo menos 32% dos brasilei-
ros sofrem de Burnout, o que corresponde a 33 milhões de pessoas. Quando comparado a outros países onde esse tipo de 
exaustão é mais incidente, o Brasil só fica atrás do Japão, cujo índice é de 70% da população. "Embora a síndrome tenha 
começado a ganhar mais destaque recentemente, não é um problema novo. Como seus sintomas são parecidos com os 
de outras desordens mentais, muitas vezes acaba não sendo diagnosticada", aponta o endocrinologista Guilherme Renke, 
consultor da Via Farma.
“INCIDÊNCIA DE BURNOUT PODE CRESCER NO PÓS-PANDEMIA”HTTPS://WWW.TERRA.COM.BR/ (30.07.2020)
II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE 
Por trás do vazio da frase de efeito, 24/7 é uma redundância estática que contradiz sua própria relação com as tessituras 
rítmicas e periódicas da vida humana. Remete a um esquema arbitrário e inflexível de uma semana de duração, subtraído do 
desdobramento de qualquer experiência variada ou cumulativa. (...)
24/7 é um tempo de indiferença, contra o qual a fragilidade da vida humana é cada vez mais inadequada, e dentro do qual 
o sono não é necessário nem inevitável. Em relação ao trabalho, torna plausível, até normal, a ideia de trabalhar sem pausa, 
sem limites. Alinha-se com o inanimado, como inerte ou com o que não envelhece. Enquanto exortação publicitária, decreta 
a disponibilidade absoluta e, consequentemente, o caráter incessante das carências e sua incitação, mas igualmente sua 
manutenção perpétua. 
 JONATHAN CRARY . 24/7: CAPITALISMO TARDIO E OS FINS DO SONO.
III. ANALOGIA LITERÁRIA 
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão, atrapalhando o tráfego
CHICO BUARQUE. CONSTRUÇÃO.
IV. CITAÇÃO 
A) O trabalho [...] não era uma virtude, mas uma necessidade que, para permitir viver, levava à morte. 
ALBERT CAMUS. IN: O PRIMEIRO HOMEM.
B) Aquele que fracassa na sociedade neoliberal do rendimento responsabiliza-se a si próprio e envergonha-se, em vez de pôr 
em questão a sociedade ou o sistema.
BYUNG-CHUL HAN, IN: PSICOPOLÍTICA.
C) Todos vós, que amais o trabalho desenfreado (…), o vosso labor é maldição e desejo de esquecerdes quem sois.
FRIEDRICH NIETZSCHE. IN: ASSIM FALOU ZARATUSTRA.
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D) É preciso encontrar aquilo que vocês amam — e isso se aplica ao trabalho tanto quanto à vida afetiva. Seu trabalho terá 
parte importante em sua vida, e a única maneira de sentir satisfação completa é amar o que vocês fazem. Caso ainda não 
tenham encontrado, continuem procurando. Não se acomodem. Como é comum nos assuntos do coração, quando encon-
trarem, vocês saberão. Tudo vai melhorar, com o tempo. Continuem procurando. Não se acomodem.
STEVE JOBS. DISCURSO AOS FORMANDOS DA UNIVERSIDADE DE STANFORD, EM 2005. 
“LEIA O DISCURSO DE JOBS AOS FORMANDOS DE STANFORD “HTTPS://WWW.TERRA.COM.BR/
V. LEGISLAÇÃO 
O Direito à saúde mental é um direito fundamental do cidadão, previsto na Constituição Federal para assegurar bem-estar 
mental, integridade psíquica e pleno desenvolvimento intelectual e emocional. No Brasil, o direito à saúde mental é ampara-
do pela Lei e já conta com o acesso gratuito e facilitado a vários serviços públicos de atenção e auxílio.
As pessoas com transtornos mentais devem ser tratadas de modo que se percebam acolhidas e valorizadas no seu modo de 
ser, ouvidas e reconhecidas em suas necessidades e vontades – inclusive em seu próprio projeto de tratamento – de modo 
a permitir e promover melhorias em sua vida.
HTTP://WWW.MPDFT.MP.BR/SAUDE/INDEX.PHP/SAUDE-MENTAL/POLITICAS-PUBLICAS/112-CARTILHA-DIREITO-A-SAUDE-MENTAL
VI. DIREITOS HUMANOS
 Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à 
proteção contra o desemprego. 
 Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
 Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e 
as férias periódicas pagas.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
MULTIMÍDIA
I. LER
 Por que precisamos parar de romantizar o trabalho excessivo
 https://medium.com/beliive/por-que-precisamos-parar-de-romantizar-o-trabalho-excessivo-b92011c27d6c 
 Burnout: mais próximo do setor da saúde do que se imagina
 http://www.ismabrasil.com.br/img/estresse105.pdf 
 O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era digital – Ricardo Antunes
 Sociedade do cansaço – Byung-Chul Han
II. VER
 O homem que virou suco − Direção: João Batista de Andrade (1981)
Um poeta popular do Nordeste chega a São Paulo, sobrevivendo apenas de suas poesias e folhetos. A sua vida muda 
quando ele é confundido com o operário de uma multinacional que matou o patrão em uma festa.
 Tempos Modernos − Direção: Charlies Chaplin (1936)
Um operário de uma linha de montagem, que testou uma "máquina revolucionária" para evitar a hora do almoço, é 
levado à loucura pela "monotonia frenética" do seu trabalho. Após um longo período em um sanatório ele fica curado 
de sua crise nervosa, mas desempregado. Ele deixa o hospital para começar sua nova vida, mas encontra uma crise ge-
neralizada e equivocadamente é preso como um agitador comunista, que liderava uma marcha de operários em protesto. 
Simultaneamente uma jovem rouba comida para salvar suas irmãs famintas, que ainda são bem garotas. Elas não tem 
mãe e o pai delas está desempregado, mas o pior ainda está por vir, pois ele é morto em um conflito. A lei vai cuidar das 
órfãs, mas enquanto as menores são levadas a jovem consegue escapar
 Germinal – Direção: Claude Berri (1993) 
Durante o Século XIX, os trabalhadores franceses eram explorados pela aristocracia burguesa, que dava condições mi-
seráveis para seus empregados. Em uma cidade francesa, os mineradores de uma grande mineradora, decidem realizar 
uma greve e se rebelam contra seus chefes, causando o caos. 
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PROPOSTA ENEM
Texto I
Durante a Antiguidade e a Idade Média o trabalho manual foi visto como um mal necessário, como sina natural dos escravos 
e dos menos afortunados ou como uma pena imposta à humanidade em razão do pecado ancestral. O ócio era a condição 
ideal e desejada, condição necessária ao desenvolvimento das melhores qualidades humanas da filosofia, das artes, do apri-
moramento físico, das ciências. No entanto, durante a Era Moderna um discurso gradativamente tomou força até tornar-se 
um dos maiores dogmas do Ocidente: o discurso do trabalho. Após a Revolução Industrial e a consolidação do Capitalismo, 
a supervalorização do trabalho garantiu avanços para a classe dos trabalhadores, mas, também serve de ferramenta de 
opressão e alienação do trabalhador.
RICARDO OLIVEIRA DE SOUZA. AS ORIGENS DA DICOTOMIA TRABALHO E ÓCIO: UMA ANÁLISE PROPOSITIVA SOB AS PERSPECTIVAS DE LAFARGUEE RUSSELL. 
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DEFENDIDA NA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS.
Texto II
Embora a paixão pelo emprego seja positiva, ela concede licença para práticas nocivas de gestão e exploração da mão de 
obra. Para especialistas, a exploração é definida "a partir do momento em que a gerência, que representa seus próprios 
objetivos e interesses, bem como os objetivos dos proprietários, exige que alguns funcionários trabalhem excessivamente ou 
se envolvam em tarefas degradantes sem pagamento adicional ou recompensas tangíveis".
Fazer hora extra não remunerada, ficar longe da família, trabalhar aos finais de semana sem compensação e até mesmo ouvir 
insultos e cobranças excessivas são vistos como comportamentos justificáveis entre pessoas que se relacionam de forma 
apaixonada com o trabalho — ou que a sociedade considera como "trabalho apaixonado".
"POR QUE O MANTRA 'FAÇA O QUE VOCÊ AMA E VOCÊ NUNCA TERÁ QUE TRABALHAR UM DIA NA VIDA' É UMA ARMADILHA" 
HTTPS://WWW.BBC.COM/(30.06.2019) ADAPTADO
Texto III
A síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito em 1974 por Freudenber-
ger, um médico americano. O transtorno está registrado no grupo 24 do CID-11 (Classificação Estatística Internacional de 
Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) como um dos fatores que influenciam a saúde ou o contato com serviços de 
saúde, entre os problemas relacionados ao emprego e desemprego.
Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, 
emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvi-
mento interpessoal direto e intenso.
"SÍNDROME DE BURNOUT (ESGOTAMENTO PROFISSIONAL)" HTTPS://DRAUZIOVARELLA.UOL.COM.BR (ACESSADO EM 12.07.2019)
Texto IV
HTTPS://SEBASTIENTHIBAULT.COM/BURNOUT
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A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, 
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema OS EFEITOS 
DA SUPERVALORIZAÇÃO DO TRABALHO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, apresentando proposta de interven-
ção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para 
defesa de seu ponto de vista.
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PROPOSTA VESTIBULAR
Texto I
Há uma mudança de paradigma significativa na passagem da sociedade disciplinar para a sociedade de desempenho. 
Nesta, o inconsciente social possui o desejo natural de maximizar a produção, o que faz com que os sujeitos dessa nova era 
sejam mais rápidos e mais produtivos que os sujeitos da obediência. 
A sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não. Sua negatividade gera loucos e delinquentes. A sociedade do desem-
penho, ao contrário, produz depressivos e fracassados.
BYUNG-CHUL HAN. IN: SOCIEDADE DO CANSAÇO. (ADAPTADO) 
Texto II
Escrito por Vicki Robin e Joe Dominguez, o livro “Dinheiro e Vida” argumenta que nunca se trabalhou tanto na história 
humana, e que a vida profissional se tornou uma nova espécie de religião.
“Nossos empregos agora exercem a função que tradicionalmente pertencia à religião”, escrevem os autores. “Eles são o 
lugar onde buscamos respostas para questões fundamentais como ‘quem sou eu?’, ‘por que estou aqui?’ e ‘qual o sentido 
disso tudo?’. Os empregos também exercem a função de família, respondendo questões como ‘quem são os meus?’ e ‘onde 
eu me encaixo?’”.
Estudos documentam as consequências do excesso de trabalho. Uma pesquisa de professores da Universidade de Angers, 
na França, publicada em junho de 2019, apontou que trabalhar mais de 10 horas diárias, por pelo menos 50 dias ao ano, é 
um fator de risco para a ocorrência de Acidente Vascular Cerebral nos trabalhadores.
Uma pesquisa de 2003, publicada pelo Instituto de Estudos do Emprego do Reino Unido, indicou uma relação entre longas 
jornadas de trabalho e o desenvolvimento de tabagismo, problemas relacionados ao sono, doenças cardiovasculares e retar-
damento no crescimento fetal em trabalhadoras grávidas.
“POR QUE VIVEMOS NA SOCIEDADE DO CANSAÇO” HTTPS://WWW.NEXOJORNAL.COM.BR (27.08.2019)
Texto III
Toda manhã, ao acordar, Ítalo Calvino dizia a si mesmo: “Hoje tenho de ser produtivo”. Então se ocupava de várias tarefas 
práticas que classificava de bobagens, como fazer compras e ir ao banco. Gastava muito tempo lendo vários jornais, que ele 
via como uma espécie de droga que tomava muito de seu tempo. O que diria o senhor Calvino se andasse por aqui hoje 
em dia? Talvez evitasse a enorme quantidade de distrações que temos agora, capazes de tomar todo o nosso dia, de nos 
cansar mesmo sem produzir nada. Talvez continuasse um braço que faz basicamente isso: manter o ser humano distraído. 
Ou ocupado. Os adolescentes, por exemplo, andam incrivelmente ocupados se distraindo com telas de todos os tamanhos.
Foi curioso ler a historinha do escritor italiano quando pensava em outra coisa que eu classifico como droga. Ando achando 
que o desejo de ser produtivo, de não perder tempo, é um entorpecente: toma conta de toda a sua vida. Querer ser produtivo 
full time é angustiante. O fulano não descansa, fica se cobrando o dia todo. E, da escola à empresa, só querem isso de você 
– que seja produtivo. É para isso que você é preparado desde pequenininho. Sim, eu sei. A vontade de ser produtivo também 
é positiva. Faz questionar se o tempo está sendo bem usado, se não estamos nos perdendo em bobagens sem importância. 
É verdade, não discordo disso, leitor.
Por trás da nossa preocupação com o uso do tempo há questões práticas, como a necessidade de se sustentar, de realizar 
projetos. Mas principalmente, creio eu, o que nos compele à produtividade é a morte sempre piscando lá no fim do túnel. 
Vamos acabar um dia e, por isso, corremos. É como ir a uma festa e lembrar, a cada meia hora, que ela terá um fim. Aí você 
corre para pegar mais uma taça de vinho, come um bocadinho mesmo sem estar com muita fome, conversa ainda que não 
esteja com vontade. Em resumo, você quer aproveitar a festa porque está consciente de que ela não vai durar para sempre.
Ter uma vida produtiva é bacana, mas só você pode avaliar se vale a pena o seu empenho. Porque a ideia do que é uma vida 
produtiva reflete todas as nossas crenças. Vida produtiva pode ser a do sujeito que progride na profissão, que fica famoso, 
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que fica rico. Ou pode ser a daquele que desfruta muitas horas confraternizando com os amigos, ou que passa as tardes 
lendo, ou ajudando os carentes e não ganha nada em troca, que cuida dos netos, que faz o almoço da família. O que não 
dá é para descasar o uso do tempo das suas crenças.
Não dá para passar os dias lendo, deitado na rede, se o que você acha importante na vida é trabalhar. Nem trabalhar o 
tempo todo se sua alegria é ler na rede ou em qualquer outro lugar. O Calvino, que foi um escritor muito produtivo, deve 
ter tido muita coragem para assumir o que queria fazer na vida. Chegou a estudar Agronomia para agradar aos pais. Quase 
todo mundo acha que o sujeito que quer ser escritor está sendo sonhador, ou bobo até. Essa é uma desconfiança que cerca 
todos os artistas. Nesse contexto, ser produtivo, caro leitor, é até fácil. Difícil mesmo é ter coragem de fazer o que realmente 
se quer fazer.
MARLETH SILVA. “SER PRODUTIVO É FACIL. SER FELIZ É QUE SÃO ELAS” GAZETA DO POVO, 14/03/14. 
DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.GAZETADOPOVO.COM.BR (ACESSO EM 17.11.2019)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo, empre-
gando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: 
O EMPREGO DO TEMPO NA ATUALIDADE: ENTRE A EXIGÊNCIA DA PRODUTIVIDADE 
E A MANUTENÇÃO DO BEM-ESTAR 
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TEMA X: A ARQUITETURA HOSTIL NAS METRÓPOLES BRASILEIRAS
Texto I 
A quem pertence a cidade? Uma reflexão sobre a arquitetura hostil e o espaço público
Parece cada vez mais difícil suportar as tristes notícias trazidas pelos meios de comunicação. O crescimento alarmante do 
número de acidentes, assaltos e sequestros só traz mais medo à população. Muitos dos problemas de violência, nas áreas 
urbanas, até poderiam ser justificados como sendo um reflexo da pobreza e da falta de moradia. Mas acontece que, em vez 
de buscar soluções para isso, muitos preferem se preservar indiferentes. Se algo não lhes parece rentável, então é entregue 
ao acaso. E, infelizmente, essa é a realidade oferecida aos mais necessitados.
Em sentido oposto, inúmeros profissionais, como arquitetos e designers, vêm trabalhando para melhorar os espaços públicos 
e torná-los mais friendly. Mesmo assim, não muito recente, um fenômeno assustador vem se espalhando pelo mundo, mes-
mo nas cidades mais modernas. Está diante dos olhos, integrado à paisagem. Mas só um olhar mais atento percebe o quanto 
ele é agressivo. Assim pode ser definido o exercício da ‘arquitetura hostil’ ou ‘arquitetura defensiva’.
(IMAGEM EXTRAÍDA DE SOUTH CHINA MORNING POST)
QUAL O PROPÓSITO DA ‘ARQUITETURA HOSTIL’?
Os pequenos ‘truques urbanos’, feitos para impedir certos usos ou comportamentos da sociedade em áreas compartilhadas, 
parecem ser resultantes de um ato desconhecido, ignorante. Porém, têm um propósito bem inteligente por trás. Na verdade, 
é a maneira mais fácil, econômica, cruel e silenciosa de manter aquilo ou aqueles que não são bem vindos fora de vista.
Os moradores de rua são os que mais sofrem com a ação da ‘arquitetura hostil’. Eles são vistos como um problema pela 
maioria das pessoas. E as autoridades usam justamente isso como desculpa para criar procedimentos opressivos de controle 
social e para influenciar negativamente o comportamento público. De repente, atividades como praticar esportes, andar de 
skate, sentar para esperar uma condução, conversar ou apreciar a paisagem podem passar a ser mal vistas e se tornarem 
proibidas.
(IMAGEM EXTRAÍDA DE HOMETEKA)
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(IMAGEM EXTRAÍDA DE HOMETEKA)
DISPOSITIVOS CONTRA A LIBERDADE HUMANA
Estão sob pontes, viadutos e marquises, frente às vitrines e portões; em soleiras de janelas ou disfarçados em uma praça. 
Todos servem a um único propósito: excluir o indesejado. Os elementos mais incomuns do design são aplicados a estas áreas 
visando reduzir crimes e afastar sujeiras. Porém, acabam por prejudicar aqueles que respeitam a lei, contribuindo para tornar 
desacolhedor os locais em que habitam.
(IMAGENS EXTRAÍDAS DE RACISMO AMBIENTAL E LISTAO)
São elementos comuns de design, aplicados na ‘arquitetura hostil’:
 Pavimentações irregulares;
 Pedras pontiagudas;
 Espetos ou pinos metálicos;
 Bancos públicos inclinados, ondulados, estreitos ou com divisórias;
 Regadores;
 Cercas ou muros;
 Plataformas;
 Dispositivos “antiskate”;
 Ou outros ornamentos mais sutis.
(IMAGEM EXTRAÍDA DE HOMETEKA)
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OS IMPACTOS SOBRE O AMBIENTE URBANO 
A ‘arquitetura hostil’ tem um efeito muito negativo na paisagem. O desenho urbano torna-se muito rígido e os espaços pú-
blicos ficam mais restritos e difíceis de usar. Eles perdem totalmente a finalidade para o qual foram projetados, promovendo 
a desigualdade, a intolerância, a discriminação e tantas outras ações desumanizadoras.
Para quem só tem a alternativa de se manter vivo estando nas ruas, não basta uma política imediatista como essa. O auxílio 
precisa vir em curto prazo. A boa arquitetura pode ajudar, mas não é o bastante. Todos deveriam ser iguais perante a lei. 
Todos deveriam ter o direito fundamental à vida, à propriedade privada e de ir e vir. Porém o mais importante é a mudança 
de pensamento e o exercício constante da caridade, do respeito e do amor ao próximo. E isso pode ser feito por todos, 
começando por você!
(IMAGENS EXTRAÍDAS DE HOMETEKA E SOCIALISTA MORENA)
(IMAGENS EXTRAÍDA DE RACISMO AMBIENTAL E VOZ POPULI)
FONTES: HOMETEKA, PRAGMATISMO POLÍTICO, UPDATEOR

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