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Performance e política no poetry slam _ um olhar decolonial feminista - Criação e Crítica - Jéssica Antunes Ferrara - FICHAMENTO

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FERRARA, Jéssica Antunes. Performance e política no poetry slam : um olhar feminista-decolonial. Criação & Crítica, n28, p., dez. 2020. Disponível em: <http://revistas.usp.br/criacaoecritica>. Acesso em: 06 mai. 2023
Introdução
 § 1
Em suma os tópicos que irá abordar em cada um dos três itens. Algumas conceituações do slam ser um desafio contra o cânone ocidental, surgido na periferia dos EUA, contra a ocultação de vozes que pela história foram violentamente caladas trazendo temas com pulso feminista decolonial.
 § 2 
O que é slam, quais vozes foram rechaçadas pelo cânone e pela história. Mulheres brasileiras como tema central produzindo poesias feministas decoloniais e como isso abarca as interseccionalidades do ser.
 § 3
Principal referencial da autora – Somers-Willet (The Cultural politics of Slam Poetry: race, identity and the performance of popular verse in America, 2009). Fim dos 80s começaram a questionar a arte poética e sua relevância naquele tempo nas Américas. (Who killed poetry? 1988, Joseph Epstein). Poesia se afastando da classe trabalhadora e indo para as universidades (Can poetry matter? 1991, Dana Gioia).
 § 4
Mark Kelly Smith, 1986, Green Mill Jazz Club, bar de classe trabalhadora branca – Chicago – pessoas não apreciam poesia como antes ela fica aprisionada na academia. Smith decide dar notas as poesias e misturar “poesia dadaísta, cabaré, experimentação musical e arte performática” (SOMERS-WILLETT, 2009, p. 3) cria a interação produtor – receptor, nascimento do Uptown Poetry Slam. Roberta Estrela D’alva (2011) traz e desenvolve o slam para o Brasil: slam de torneio de esportes.
 § 5
Em nota o conceito de poesia falada (diferença de spoken word e beatnik), DALVA: o slam como movimento social, cultural artístico em todo o mundo, ultrapassando, ressignificando e redimensionando poesia.
 § 6
SOMERS-WILLETT: Slam emerge da classe trabalhadora de Chicago quando crítica estava falando mal da poesia contemporânea. Slam desafia o cânone, este, tem sua autorreferencialidade baseada em seus privilégios (BORDIEU, 2017) slam luta contra epistemicídio. Slam é não-cânone: júri não especializado, relação poeta / público.
 § 7
Relação poetas / poemas / público DALVA: interação é extremamente importante. SOMER-WILLET: personificação física do poema. Não-cânone, pois plateia participa da poesia. BORDIEU: Superação burguesa de valorização do estetismo, vez que, público vai além da forma (representação), mas o que é representado, com reconhecimento na coisa representada. Desestrutura capitalismo, vez que, não se baseia na economia.
 § 8
Slammer constrói táticas para contato com público e expressão de suas subjetividades particulares e/ou coletivas. DIANA TAYLOR, performance busca levar arte para o social. E é anti-capitalista, vez que, é diferente de teatro e cinema etc.
 § 9
Slam trabalha construção de subjetividades marginalizadas.
A arte performática e as construções das subjetividades
 § 1
Dificuldade de definição de slam em um gênero, principalmente por ele conseguir abarcar diversas pluridades de sua forma dentro de si como a performance - teatro, além de, também ser contra o cânone – contraste com as literaturas atuais. Cita MARVIN CARLSON: os artistas não buscam inspirações prévias, mas trabalham suas personas como próprias (self).
 § 2
Como são construídas as subjetividades, explica que, segundo JUDITH BUTLER: RELATAR A SI MESMO: CRÍTICA DA VIOLÊNCIA ÉTICA (2017ª, p. 168) o sujeito se constrói a partir de complexidades históricas que criam o que aquela ser deve ser naquele tempo e espaço e que devem ser reconhecidas e preenchidas pelos outros seres sociais, sendo assim não há essência do sujeito, apenas sua existência (cita também FOUCAULT, 1995) e quando cita a si mesmo – usa a própria experiência para performar tenta entrar nesse espaço de compreensão de como si-mesmo é produzido. 
“Quando agimos e falamos, não só nos revelamos, mas também agimos sobre os esquemas de inteligibilidade que determinam quem será o ser que fala” obrigando e contestando a hegemonia vigente colocando a à prova.
 § 3
Para além da escrita, quando o slammer recita, traz em sua performance todas as marcas políticas e sociais que o construíram até aquele momento. Cita D’ALVA: slam reforça a que esta arte junta ética e estética. BUTLER: sujeição: quando um ser cresce subordinado ao poder, ele retém parte dessa condição de surgimento, este “ato de apropriação pode envolver uma alteração do poder” podendo ainda – como os slammers fazem – “utilizar contra o poder que lhe possibilitou ser assumido” carregando, assim, uma função sociopolítica.
 § 4
Caráter performático político do slam, consegue “exercer política e cidadania de maneira poética” para que as pessoas ouçam a opinião dos outros. D’ALVA
 § 5
O slam estabelece uma nova relação poeta/público que se faz, principalmente, a partir do ao vivo, o que leva o público experienciar “nuances que a página não pode” (SOMERS-WILLETT) “a partir da reflexividade e o contato entre outras reflexividades”. Cita TAWANE THEODORO (RECEBA A DELICADEZA – SLAM DA GUILHERMINA, 2018) em que ela no meio da performance mostra os dedos médios das mãos, como gesto de insulto enquanto a plateia grita em sinal de aprovação.
 § 6
Retomando o capítulo e gesto de Theodoro durante a performance, afirma que slammers utilizam-se também da gestualidade que também faz parte da performance e se interrelaciona com a escrita, pois logo em seguida Theodoro, durante a poesia fala de pinto e o gesto representa um falo. Reiteração do poder do slammer e do público.
 § 7
A performance do slam é baseada em uma voz e um corpo e sua representação – por se tratar de vozes oprimidas ou marginalizadas, vão contra o sistema colonial/capitalista. O público sempre atribuirá (mesmo que o texto seja em terceira pessoa) o texto ao poeta, o que impacta diretamente a reação do público.
 § 8
“a e o slammer unem prática performática e prática política a um só tempo, impelindo o público a assim também fazer.” Fazendo uma reconstrução das constituições plurais das subjetividades sociais. BOURDIEU e o teatro popular: proporciona inseparavelmente o espectador do espetáculo. Sendo assim o desemprenho é o definidor das apresentações enquanto performáticas e políticas e não a competição. Discordo da última parte, pois continua sendo uma competição e as pessoas não estão muita das vezes na competição apenas para compartilhar ideias, mas para, principalmente, ser o vencedor.
 § 9
O slam é uma arte performática adaptável, ou seja, as pessoas podem mudar suas poesias dependo do lugar, contextos sociais e políticos, públicos etc. Sendo assim, não há uma poesia de slam que seja inédita, mas em si carrega ‘momentos originais’. Essa característica mostra, ainda, que a poesia é “o inacabado que se adapta e nunca se conclui que pode ser percebido como a forma e a matéria do slam. Reivindicando a não-redução das subjetividades a verdades historicamente criadas e fixadas na política global das identidades- com destaque a racialização e aos papéis de gênero impostos sobre a construção dos sujeitos.” Esse caráter inacabado não é simplesmente para as competições, mas sim uma prática política pela arte performática para desestruturação do cânone.
§ 10
O slam não tem o objetivo de ser entretenimento por si só, mas pode sim ter entretenimento, o que o torno ainda mais antiacadêmico. E muitas pessoas ainda hoje não gostam desse caráter de ter uma conexão com o público. JAVONN JHONSON em KILLING POETRY: BLACKNESS AND THE MAKING OF SLAM AND SPOKEN WORD COMMUNITIES (2017) fala que HAROLD BLOOM ataca a qualidade do slam por sua intimidade, o que atrapalha a concepção estética das obras, dizendo que o slam é a morte das artes, volta, então no estetismo elitista. BORDIEU a arte tem função de legitimar as diferenças sociais.
§ 11
BORDIEU então critica BLOOM que acha aplausos e presença de audiência não são capazes de medir e significar o valor da poesia no slam. As pessoas aplaudem, geralmente, elementos extrapoema, ou seja, a performance, o tipo de visãopolítica. Nem sempre o que é considerado “melhor poema” pelo cânone, será também considerado no slam. Para salientar isso cita JÉSSICA CAMPOS (Mas o maior bandido cêis votaram na eleição [gritos da plateia em sinal de concordância])
§ 12
Quem é JÉSSICA CAMPOS o que ela organiza na quebrada dela junto com TAWANE THEODORO. Como poderia encarar o “as” e “criança” é uma marca de resistência linguística. E fala sobre a parte supracitada no último verso: “a reação da plateia ajuda a construir o poema, que vai tomando cada vez mais forma de indignação com o presente e o passado histórico da população ali em evidência”.
§ 13
O que importa no slam é a troca entre performer e público o que permite um desenvolvimento da alteridade histórica que presumem a existência de essência dos sujeitos. E relaciona com o “bandido” que é mencionado na poesia de CAMPOS.
O caráter decolonial da poesia de slam e a centralidade do conceito de raça
 § 1
A construção da poesia de slam não se vincula a nenhuma escola literária, mas se constrói se opondo contra essa elite que julga o estético literário, confrontando ainda com questões sociais com conceitos de interesses ideológicos que remontam a séculos passados – América / África.
 § 2
CARLSON a partir dos anos 1990 que as artes performáticas começaram a se importar com suas manifestações para com causas sociais. Na arte contemporânea destaca-se uma performance cada vez mais “envolvida com as preocupações, os desejos e mesmo a visibilidade dos normalmente excluídos por raça, classe ou gênero, pelo teatro tradicional ou mesmo pela performance moderna pelo menos em seus anos de formação” (CARLSON, 2009, p. 163) Com o advento do capitalismo grandes campos de poderes como: políticos, social, intelectual e artísticos foram se conectando. O campo artístico se forma para comportar lutas por sua legitimação. Slam faz parte do campo de poder artístico, mas que quase a todo momento busca corromper e destruir essas hierarquias.
 § 3
Quando o slam chega a outros lugares do mundo sem ser o EUA, ele assume um outro papel, no Brasil, por ser um país emergente, o usamos como uma “prática artística decolonial. A decolonialidade, em resumo, parte da premissa de que a descolonização territorial não significou a extinção do sistema da colonialidade, isto é, manteve-se uma colonialidade do poder. Essa colonialidade é o padrão de poder que permanece, desde o advento do sistema colonial capitalista, organizando a população a partir da naturalização da racialização dos povos (CASTRO-GÓMEZ; GROSFOGUEL, 2007; QUIJANO, 2014). “Enquanto reivindicam a legitimação de um grupo no campo, reivindicam sua própria existência no mundo” (TAYLOR, 2012).
Constrói o porquê o racismo existe na sociedade e porque usa-se do slam como uma luta decolonial dessa naturalização da racialização advinda do capitalismo.
Escreve ainda em nota mais informações sobre a decolonialidade citando fontes como SEGATO.
 § 4
Contextualização histórica estadunidense sobre a questão de raça dentro da cultura: no período pré-guerra houve o blackface minstrelsy que fomentou a racialização e segregação dos povos além de ridicularizar e hiperssexualizar corpos pretos, o que os poemas de slam traz esses assuntos de formas revolucionárias para olhar a existência dos corpos pretos.
 § 5
Ainda em uma contextualização histórica estadunidense, traz a poesia beat como mais uma performática que tinha como centralidade a questão da raça. “O problema encontrado aqui é que, esforçando para se distanciarem da cultura branca dominante, os poetas do movimento beat estadunidense, ainda em seus primórdios caricaturavam a questão racial, resumindo-a e simplificando-a a tudo que era alheio à cultura hegemônica.”
A poesia dos beatniks ou boêmios, como eram chamados, poderiam sim representar parte da questão racial, por ser uma contracultura, mas não era seu problema central, somente na visão das pessoas brancas, mas não representava a população preta, tanto que quase todos eram brancos também.
 § 6
Em resposta a redução das experiências negras e a observada falta de ação dos beats, LeRoi Jones, ou Amiri Baraka criou o Black Arts Movement, que tinha em sua inserção raça e classe, usavam de uma linguagem urbana e substancialmente antiacadêmica/anticanônica, não buscavam apenas polemizar como os beats fizeram, mas principalmente obter autonomia estética.
 § 7
Explica que ambos os movimentos – blackface e Black Arts Movement – trouxeram a questão de raça, mas cada um do seu jeito, porém criticando a questão da colonialidade do poder, cita: “a ideia de raça é, com toda certeza, o mais eficaz instrumento de dominação social inventado nos últimos 500 anos” (QUIJANO, 2014, p. 100).
Não deixa óbvio essa questão do blackface minstrelsy ser um movimento racista.
 § 8
Ela desenvolve o conceito de raça e que não se pode aplicar o mesmo conceito estadunidense no Brasil, visto que, se formos para lá seremos latinos não-brancos e cita SEGATO que mesmo que tenhamos quatro avós europeus ainda seremos vistos como não-brancos e seremos racializados.
 § 9
Conexão entre a poesia e o racismo e como falar desse tema é expor feridas abertas desse continente. Cita CRISTAL ROCHA (gaúcha) que traz em seus textos, recorrentemente, o assunto do racismo e as vivências de uma pessoa preta. 
Ainda fala de MEL DUARTE, “a autora questiona de muitas pessoas se queixarem de que seus textos recorrentemente abordam o tema de raça” além de não mostrar em quais meios ela reclama discordo disso porque o tema de racismo dentro do slam sempre está no hype.
§ 10
O Brasil tem dificuldade de nomear a raça, visto que somos vistos como uma “unidade” devido à mestiçagem que tentou encobrir as reais diferenças, as alteridades históricas. E como o slam ao (re)produzir poesias com esses temas a ressignificamos a todo momento a fim de desarticulá-la, “mostrando que não se trata de uma questão biológica e natural, mas sim histórica, violentamente imposta e (re)produzida.
§ 11
Cita SEGATO e sobre a dificuldade de decodificar nossos corpos com “signos incertos” que são os impostos pelo Norte. Há uma necessidade, aqui no Brasil, ainda de destacar as diferenças regionais que é uma forma de combater a homogeneização, lembrou ainda da poesia de CAMPOS: “Levando uma história escrita em conta/ Que na real quem conta não sou eu”, ou seja, quem escreve o slam são as pessoas que sofrem impacto direto desse sistema e vai contra esse sistema.
§ 12
Ainda falando sobre as questões regionais, ela cita BELL PUÃ em um texto que fala sobre o Nordeste. E as diferenças brasileiras entre Sudeste / Sul e Nordeste / Norte.
§ 13
Fala sobre o poema de Bell Puã que coloca em pauta a própria criação do Nordeste que com a alteridade eles seriam o “outro”. “Quem cria noção homogênea do “outro” é a elite dessa nação, que tem para si o aparato estatal – no caso do Brasil, [...] essa elite se concentra no Sudeste e no Sul do país. Assim, a produção de diferenças é dada de forma hierárquica, deixando grande parte da população fora dos meios de controle político.” Epistemicídio.
 § 14
O slam então é um palco para práticas decoloniais, e quando junta a interseção da prática feminista temos grupos como “o Slam das Minas, criado em 2015, se expandiu para todo o Brasil e tem como foco as expressões das mulheres em suas mais diversas formas de vivências.” Quem trouxe o slam para o Brasil foi uma mulher preta, Roberta Estrela D’Alva e criou o ZAP! (Zona Autônoma da Palavra) em 2018.
Feminismo decolonial e o slam das mulheres
 § 1
Cita MARVIN CARLSON fala que a área mais elaborada e desenvolvida na arte performática socialmente engajada envolve a performance de mulheres. E que existem três tipos de perspectivas feministas que se relacionam com a propostas das mulheres: (I) Feminismo liberal: igualdade de direitos; (II) Feminismo cultural ou radical: criar uma “cultura de mulheres”; (III) Feminismo materialista: gênero é “construído culturalmente dentro de um conjunto de relação de poderes”. Este rejeita o universalismo do (I) e o essencialismo culturaldo (II) e pensa nas hierarquias e atua interseccionalmente. Cita BOR BLUE com uma poesia q relaciona a vivência de indígena ser mulher do Norte e suportar o machismo.
 § 2
Faz uma análise breve do poema de BOR BLUE que intersecciona suas vivências e “escancara a destituição de sua alteridade histórica em detrimento da violenta imposição de uma identidade homogeneizante.” Falar sobre suas vivências é “decolonizar, é sair do lugar comum do qual a história é contada pelos próprios colonizadores.” Ainda em sua análise há o verso “índia é forte” quando a falam que ela deve ser designada a trabalhos mais pesados, “mostrando que as identidades criadas, impostas e reproduzidas desde a ‘conquista’, servem como instrumentos de dominação.” Mas BOR BLUE usa a poesia de slam, também como um instrumento de luta contra o machismo.
 § 3
Conforme faz BOR BLUE em sua poesia e baseando-se na história da arte performática há uma “necessidade em se pensar o gênero e a raça em um mesmo nível” pois quando performance era feita por mulheres brancas as não-brancas não se viram representadas naquelas vozes, além de terem suas expressões invisibilizadas. MARÍA LUGONES e RITA SEGATO criticam a homogeneização do grupo “mulheres” que atende aos interesses universalistas de Estados modernos liberais/neoliberais, esses Estados fomentam o sistema colonialista. O slam então vem como uma luta contra “essas categorizações que criam e impõem identidades universais e imutáveis, tentando, assim, “desnaturalizar categorias de identidades globais impostas”, ou seja, “desfazer estereótipos, (re)contar a história a partir de outra perspectiva, que não a branca, e apresenta o poema de BELL PUÃ, que apresenta temas como mulheres, raça, classe, trabalho, fascismo, Brasil, direita, feminismo.
Gênero e raça NÃO estão no mesmo nível.
 § 4
No poema de BELL PUÃ ela cita diversas mulheres que fizeram e faz parte da nossa história como Dandara, Conceição Evaristo, Aqualtune, Zeferina, Nise, Carolina.
 § 5
É preciso que haja uma evocação da interseção pois quando falamos de mulheres, estamos incluindo “as fêmeas burguesas brancas heterossexuais, ‘negro’ seleciona machos heterossexuais negros, e assim sucessivamente” (LUGONES, 2008, p. 25) E o resultado disso é o epistemicídio, “é o silenciamento das produções de saberes que não correspondem às identidades notadamente privilegiadas dentro de cada grupo”.
 § 6
O slam aparece para ouvir e fazer falar para tentar romper com discursos hegemônicos brancos. Cita NEGAFYA, slammer negra e baiana, criadora do slam das minas – BA, em suas performances poéticas ela escancara “a construção de subjetividades negras no Brasil, as quais estão o tempo todo sendo massacradas pelo racismo de um país que se estrutura na colonialidade do poder”. Em seu discurso ela traz força revolucionária e que quando se junta o feminismo com a raça pode ser considerado decolonial e exibe toda a sua força política. Cita o poema Brasil Genocida de NEGAFYA: Brasil, negros, feminismo, feminicídio, pornografia, necropolítica, religião.
 § 7
Faz uma breve análise sobre a poesia e conclui dizendo que “a forma de arte performática do slam pode ser vista como uma possibilidade de ruptura das estruturas colonialistas.
Considerações Finais
 § 1 
Origem do poetry slam e sua popularização que se torna uma expressão máxima de subjetividade tirando de foco as produções eurografocentricas e colocando ênfase no e na poeta que lutam contra o sistema colonialista/capitalista moderno.
 § 2
De forma sucinta, apresentou durante, a gênese do movimento e como pode ser pensado como uma arte feminista decolonial. Trouxe todas as poesias de mulheres negras brasileiras.
Porém a maioria das pessoas que participam do slam são homens, tanto que em SP foi necessário criar cotas.
 § 3
O slam, então, torna-se um elemento central com seu modelo democrático de fala e escuta que é usado para desnaturalizar a racialização, explica o porquê o conceito de raça não é algo natural. “O argumento aqui é que a prática do slam, ao colocar o dedo na ferida da história das Américas, explicita nossos problemas sociais e políticos no que tange a raça, bem como gênero e classe social.” Termina dizendo que “o movimento procura sempre se críticos e estar atento para que não permita reproduções da estrutura que quer derrubar.” Sendo uma arte revolucionária e que durará enquanto “ainda houver uma só voz violentamente calda pelo racismo e pela misoginia da colonialidade”
O slam mesmo tendo seu caráter revolucionário e de construção contra o machismo, racismo, ainda reproduz diversos problemas sociais, então até quando o discurso ficará somente na fala?

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