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CAPÍTULO 6CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 112 Diante da ausência de um Código Ambiental, as leis de cunho ambiental, no Brasil, se apresentam de forma esparsa, isto é, difundida em várias leis. A Lei dos Crimes Ambientais teve por mérito dispor sobre as sanções penais e administrativas derivadas das con- dutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, o que, em termos práticos, significa afirmar que, em um único diploma legislativo, passamos a ter disciplinados os crimes contra o meio ambiente de forma sistematizada. A Lei dos Crimes Ambientais ou LCA (Lei 9.605/98) foi dividida em diferentes seções, as quais estipularam os crimes contra a fauna, flora, contra o ordenamento urbano e cultu- ral, além dos crimes de poluição e outros crimes ambientais. A LCA ainda pune a ação e a omissão em relação ao dano ambiental. Entenda-se, pune aquele que sabendo da conduta criminosa de outrem não impede sua prática, quando podia agir para evitar o fato. A LCA prevê tantos tipos penais apenados a título de dolo quantos tipos penais aonde a modalidade culposa é admitida. Em vários tipos penais presentes na LCA, optou o Legislador por utilizar a norma penal em branco, de modo que a conduta proibida está vagamente prevista, isto é, pen- dente de uma complementação por outros dispositivos legais ou atos normativos. Podem ser ainda os crimes ambientais classificados em crimes de perigo, bastando a existência da mera probabilidade do dano para que o mesmo seja configurado; em crimes de –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 113 mera conduta, para os quais a consumação se dará com a simples ação ou omissão, não sendo necessário a ocorrência de nenhum resultado naturalístico da ação. Mas, não restam dúvidas de que a grande polêmica da LCA diz respeito à inclusão da pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental, atacando frontalmente o princípio clássico de direito penal, “societas delinquere non potest”1, ou seja, a Lei dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações am- bientais sobre a ótica especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos indiscriminados e incorretos dos bens ambientais. 6.1 Crimes Contra Fauna A fauna é o conjunto de animais que vivem em seu hábitat natural, em liberdade e compõem o ecossistema do planeta. Nos termos da referida Lei 5.197/97, artigo 1º: “Os animais de qualquer espécie, em que qualquer fase de seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do seu cati- veiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus, ninhos, abrigos e criadouros naturais, são propriedade do Estado, sendo proibido a sua utilização, perseguição, destruição, caça ou apanha”. 1 Societas delinquere non potest é uma expressão latina que significa «a sociedade não pode cometer um crime», usada no direito penal para se referir a um princípio clássico sobre a responsabilidade criminal das pessoas jurídicas. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 114 A lei protetora à fauna está definida na Lei protetora nº 5.197/67, pela qual explicita em seu artigo 36, o Conselho Nacional de Proteção à Fauna. Assim, é evidente que a fauna tem fundamental impor- tância para a biodiversidade e para os ecossistemas de nosso planeta. Segundo a revista Isto É de 18 de abril de 2001, o tráfico de animais movimenta cerca de U$10 bilhões por ano no extermínio de várias espécies, entre elas o papagaio-da- -cara-roxa. (Isto É, nº 1.646, 2001, p.80- 83). Portanto, em resposta à revogação do Código de Caça de 1943 pela Lei 5.197/67, com a finalidade de proteção à fauna, a União estabelece normas gerais e os Estados e Distrito Federal estabelecem normas suplementares. Sendo previsto no artigo 23, VIII, CF, reconhecendo competência concorrente dos entes federativos, para preservar as florestas, fauna, pesca. O artigo 225, § 1 º, VII, quando inclui entre os meios de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente equi- librado a “proteção da fauna, vedando-se, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção ambientais de espécies ou submetam os animais à crueldade.” Portanto com relação à Constituição Federal (artigo 225) e o Código de Defesa do Consumidor (artigo 81, §úni- co, I), temos que os chamados bens públicos, mas sim como sendo bens difusos. As condutas referentes aos crimes contra a fauna estão previstas nos artigos 29 a 37 da Lei 9.605/98, podendo ser praticadas por qualquer pessoa. As condutas infracionais consistem em: –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 115 Artigo 29 - Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécies as faunas silvestres, nativos ou em rota migratórias, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida; Artigo 30 - Exportar peles e couro de anfíbios e rép- teis em bruto, sem autorização da autoridade ambiental competente. Artigo 31 - Introduzir espécies de animal no País, sem parecer técnico oficial favorável; e licença expedida por autoridade ambiental competente. Artigo 32 - Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos, nativos ou exóticos; Artigo 33 - Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de matérias, o perecimento de espécies da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baias ou águas jurisdicionais brasileiras; Artigo 34 - Pescar no período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgãos compete; Artigo 35 - Pescar mediante a utilização de explosivos, ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeitos semelhante-substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente. 6.2 Crimes Contra a Flora Flora é o conjunto de plantas de uma região e de um país. Elas interagem com outros seres vivos, denominando-se ecossistema sustentado. Podemos salientar que toda a comu- nidade de seres vivos –vegetais ou animais – interage com –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 116 o meio circundante, com o qual estabelece um intercâmbio recíproco, continuo ou não, durante determinado período de tempo, de tal forma que ‘um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não - vivas’. Esse conjunto de fatores, respectivamente denominados biocenose e biótopo, dão origem a um complexo que recebe o nome de ecossistema sustentado graças às constantes trocas de matérias e energia, responsáveis por seu equilíbrio. Tendo em vista a proteção da flora, ao bem jurídico ambiental, a atual Lei 9.605/98, dispõe em seu artigo 38, “destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: Pena – detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativa- mente. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.” Assim explica a doutrina: ◦ Sujeito ativo é qualquer pessoa imputável, inclu- sive o proprietário, possuidor direto ou indireto, administrador, caseiro, arrendatário ou parceiro. A pessoa jurídica também pode ser responsabi- lizada criminalmente; ◦ Sujeito passivo, a coletividade, e indiretamente o proprietário ou possuidor da área que sofrer o dano ambiental; ◦ Objeto jurídico: A preservação do meio am- biente, das florestas, das áreas de preservação –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 117 permanente, sendo de suma importância para proteção dos rios e da fauna; ◦ Elemento subjetivo: É o dolo, que consiste na livre e consciente prática de uma conduta descrita no tipo. Existem três modalidades de condutas: destruir, danificar e utilizar. O crime ambiental consuma-se conforme artigo 38 da Lei nº 9.605/98, quando o agente “destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ouutilizá-la com infringência das normas de proteção”. A tentativa só se admite na modalidade dolosa, quan- do um terceiro impede o agente de praticar o referido cri- me descrito acima. Conforme artigo 26 da Lei dos Crimes Ambientais, nas infrações penais prevista nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada, e a competência será em razão do lugar em que foi cometida a infração. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no artigo 76 da Lei nº 9.099/95, somen- te poderá ser formulada desde que tenha havido a previa composição do dano ambiental, de que trata o artigo 74 da mesma Lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade”. Como também a possibilidade da suspensão condicional do processo, no referido artigo da Lei nº 9.099/95, que assim dispõem, “Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou não por esta lei, o ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 118 a suspensão do processo por 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena (artigo 77 do Código Penal). Transcrevemos os artigos abaixo para citar as infrações penais referentes a Lei dos Crimes Ambientais contra a flora: Artigo 38 - Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utiliza-la infringindo normas de proteção; Artigo 39 - Cortar árvores em consideradas de preser- vação permanente, sem permissão da autoridade competente; Artigo 40 - Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que se trata o artigo 27 do decreto 99.274/90, independentemente de sua localização; Artigo 41 - Provocar incêndio em mata ou floresta; Artigo 42 - Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano. 6.3 Poluição e outros Crimes Ambientais Os principais tipos de poluição são as atmosféricas, hídricas, sonoras ou visuais. O crime exige que a poluição tenha potencialidade de lesão à saúde humana ou que efe- tivamente cause a morte de animais ou vegetais. Pune-se a forma dolosa (caput) ou culposa (§1º) conforme artigo: –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 119 Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em ní- veis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora. Se o crime: I. tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; II. causar poluição atmosférica que provoque a re- tirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; III. causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; IV. dificultar ou impedir o uso público das praias; V. ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líqui- dos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabe- lecidas em leis ou regulamentos. A pena aplicada será de reclusão, de um a cinco anos, sendo que, crimes qualificados pelo resultado mais graves podem ser dolosos ou culposos. Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas: I. de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral; –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 120 II. de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem; III. até o dobro, se resultar a morte de outrem. Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar crime mais grave. Pode haver aplicação da suspensão condicional da pena, tendo em vista a condenação à pena privativa de liberdade não ultrapassar o limite máximo de três anos previsto no artigo 16 da Lei 9.605/98. É cabível ainda a suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei 9.099/95), pois a pena mínima abstratamente cominada é inferior a um ano. A realização de atividade poluidora sem autorização está prevista no artigo 60: “Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabele- cimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares perti- nentes.” Podemos destacar: • Conduta típica é a falta de licença ou autorização para obra que tem potencialidade de poluir o meio ambiente; • É crime de mera conduta, consuma-se com o ato de construir reformar etc., não sendo necessário que haja efetiva poluição; –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 121 • Havendo a poluição responde também pelo crime do Art. 54. A pena pode ser detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. A Lei de Crimes Ambientais tutela o meio ambiente ameaçado pela extração ilícita de recursos minerais: Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, conces- são ou licença, ou em desacordo com a obtida. Trata-se de crime comum, de mera atividade, de ação múltipla, de forma livre, comissivo ou omissivo (parágrafo único do art. 55), admitindo-se a tentativa. A Lei 9.605/98 estabelece ainda as causas de aumento de pena. Importante mencionar que o referido crime é de ação penal pública incondicionada (art. 26) e que a competên- cia para processo e julgamento é dos Juizados Especiais Criminais, estaduais ou federais (art. 61 da Lei 9.099/95 e art. 2° da Lei 1 0.259/01). Vale observar que a extração de recursos minerais de- pende, normalmente, tanto de consentimento estatal de cará- ter ambiental (cujo intuito é proteger o meio ambiente, bem de caráter difuso) quanto de outro de caráter econômico (cujo intuito é proteger os bens minerais de domínio da União). Sob o enfoque econômico, dispõe a Constituição Federal de 1988 que a pesquisa e a lavra de recursos minerais somente poderão ser efetuadas mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 122 constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País. A autorização de pesquisa é dada mediante alvará de autorização do Diretor-Geral do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM - e configura-se como título mi- nerário que outorga o direito de realizar a pesquisa mineral. Aquele que explora recurso mineral pertencente à União, sem autorização legal ou em desacordo com as obrigações impostas pelo título autorizativo, comete crime previsto no artigo 2°da Lei 8.1 76/91, diploma que define crimes contra a ordem econômica. Nada obstante, e com o objetivo de proteger o meio am- biente, a Resolução CONAMA 237/97 e a Lei Complementar 140, de 08 de dezembro de 2011 (que regulamentam os as- pectos do licenciamento ambiental), determina que a loca- lização, a construção, a instalação, a ampliação, modificação e operação de empreendimentos utilizadores de recursos naturais capazes de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente. As atividades minerárias, normalmente potencialmente causadoras de significativo impacto ambiental, devem obter o licenciamento ambiental para iniciar e desenvolver suas atividades regularmente. Como se vê, executar pesquisa, lavra ou extração de re- cursos m inerais sem a competente licença ambiental, ou em desacordo com a obtida, também configura crime, tipificado no artigo 55 da Lei de Crimes Ambientais. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 123 6.4 Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural Destruir, inutilizar,deteriorar, alterar o aspecto ou es- trutura (sem autorização), pichar ou grafitar bem, edificação ou local especialmente protegido por lei, ou ainda, danificar, registros, documentos, museus, bibliotecas e qualquer outra estrutura, edificação ou local protegidos quer por seu valor paisagístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico e etc. Também é considerado crime a construção em solo não edifi- cável (por exemplo áreas de preservação), ou no seu entorno, sem autorização ou em desacordo com a autorização concedida. 6.5 Crimes Contra a Administração Ambiental Os crimes contra a administração incluem afirmação falsa ou enganosa, sonegação ou omissão de informações e dados técnico-científicos em processos de licenciamento ou autorização ambiental; a concessão de licenças ou autoriza- ções em desacordo com as normas ambientais; deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental; dificultar ou obstar a ação fiscalizadora do Poder Público. 6.6 Sanções Penais Ao se referir às sanções penais, a Lei 9.605, de 12.02.1998, no que concerne às sanções penais, procurou adaptar-se às diretrizes que vem sendo traçadas pela políti- ca criminal e ambiental de nosso País. Trata-se de alcançar –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 124 formas alternativas de impor sanção ao condenado, mas evitando, dentro do possível, seu encarceramento e o contato com outros presos. No âmbito específico do Direito Ambiental há o princípio da prevenção, uma das vigas mestras do Direito Ambiental. O legislador levou em consideração tal circunstância, procu- rando, além do caráter de retribuição e de castigo das penas, dar ênfase ao seu caráter preventivo. Nos dias atuais, a tutela penal do meio ambiente con- tinua sendo uma necessidade indispensável, especialmente quando as medidas nas esferas administrativa e civil não surtirem efeitos desejados. A medida penal tem por escopo prevenir e reprimir condutas praticadas contra a natureza. Na verdade, a garantia do meio ambiente saudável transcende o que está nas leis, parecendo próxima do direito natural do ser humano. Atenta a isso, nossa Lei Maior, em seu art. 225, § 3º, estabeleceu que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infra- tores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e, admi- nistrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. Assim sendo, quando houver indícios da ocorrência de uma determinada conduta, que o direito penal qualifica como criminosa, o hermeneuta, à luz do princípio da intervenção mínima, deverá avaliar as circunstâncias do caso concreto e a efetiva periculosidade da situação que se lhe apresenta, antes de, pretender simplesmente enquadrá-la na lei. A repressão às infrações penais ambientais são: –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 125 a) Pena privativa de liberdade As penas privativas de liberdade para os ilícitos penais praticados pelas pessoas físicas são as tradicionais reclu- são e detenção, para os crimes, e prisão simples, para as contravenções. Cabe ressaltar, que a maioria das novas infrações pe- nais, pela quantidade da pena cominada, enseja a aplicação dos institutos da transação penal, suspensão do processo e suspensão condicional da pena. b) Restritivas de direito Com os olhos postos no perfil do delinquente comum ambiental, cujo encarceramento não é aconselhável, possibi- litou o legislador a aplicação de penas restritivas de direitos em substituição às privativas de liberdade. Nesse sentido, a Lei 9.605 (BRASIL, 1988) dispõe que as penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as penas privativas de liberdade nos casos em que se tratar de crime culposo, ou for aplicada pena privativa de liberdade inferior a quatro anos, ou, ainda, a culpabilidade, os ante- cedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime (artigo 7º, I e II). As penas restritivas de direitos, que terão a mesma dura- ção da pena privativa de liberdade substituída, compreendem: I – Prestação de serviços à comunidade –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 126 II – Interdição temporária de direitos III – Suspensão parcial ou total de atividades IV – prestação pecuniária V – recolhimento domiciliar. Anote-se, ainda, a possível conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade, em caso de descumpri- mento injustificado da restrição imposta ou de superveniente condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, conforme o disposto no artigo 44, §§ 4º e 5º do Código Penal (BRASIL, 1940), com a redação dada pela lei 9.714 de 1998 e diante da subsidiariedade da lei penal comum expressamente prevista no artigo 79 da Lei 9.605 de 1998. c) Pena de multa A pena de multa, instrumento tradicional de exigir ações socialmente corretas para que mantenha força retributiva, será calculada segundo os critérios do Código Penal; se reve- lar ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. 6.6.1 Penas aplicáveis às pessoas jurídicas Às pessoas jurídicas, as penas aplicáveis, isolada, cumu- lativa ou alternativamente, de acordo com o disposto no artigo 3º, são: multa, restritivas de direitos e prestação de serviços à comunidade. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 127 A pena de multa aplicada à pessoa jurídica não terá efei- to direto na reparação do dano cometido contra o meio am- biente, pois o dinheiro será destinado ao fundo penitenciário. Tendo em vista ser uma sanção penal que merece prio- ridade no combate à delinquência ambiental praticada pelas corporações, trata-se de uma pena inofensiva, pelo seu in- significante valor. Estão previstos três tipos de penas de restrição de direi- tos cominada à pessoa jurídica: suspensão parcial ou total de atividades; interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. A prestação de serviços à comunidade, na verdade, é es- pécie do gênero “restritivas de direitos”, como, aliás, aparece no artigo 8º, I, da Lei 9.605/1998, e também no artigo 43, IV, do Código Penal, com redação que lhe deu a Lei 9.714/1998. Com relação às penas restritivas de direitos aplicáveis à pessoa jurídica, temos: I. suspensão parcial ou total de atividades: “a sus- pensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.” (art. 22, I e § 1o) II. interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade: “a interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcio- nando sem a devida autorização, ou em desacordo –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 128 com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar.” (art. 22, II e § 2o) III. proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações: “a proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá exceder o prazo de dez anos.” (art. 22, III e § 3o) IV. prestação de serviços à comunidade (por força do art. 43, IV, do Código Penal, deve ser entendida como espécie do gênero “restritivas de direitos”), que consistirá em: “custeio de programas e de pro- jetos ambientais, execução de obras de recupera- ção de áreas degradadas, manutenção de espaços públicos e contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.” (art. 23) Vale ressaltar que, para alguns ambientalistas, a liqui- dação forçada, prevista no art. 24 da lei, também é tida como uma sanção penal aplicável exclusivamente para a pessoa jurídica, mas não para aquela que eventualmente cometa esse delito, e sim para aquelaque tenha como atividade preponderante a prática de crimes ambientais, por exemplo: madeireira clandestina, pesqueiro ilegal. Como consequência, a liquidação forçada gera a extin- ção da pessoa jurídica, porque todo o seu patrimônio será considerado como instrumento de crime e, consequentemen- te, confiscado para o Fundo Penitenciário Nacional. Apesar da Lei 9.605, que criminalizou a conduta das pessoas jurídicas, ser de 1998, não existem muitas decisões –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 129 judiciais a respeito da matéria. O que ocorre é que a maioria absoluta dos crimes ambientais admite transação ou suspen- são do processo, na forma dos artigos 76 e 89 da Lei 9.099/95. Assim, uma enorme quantidade de acordos vem sendo realizados em varas de todo o Brasil, sem que disto haja regis- tros ou estatísticas. Quanto aos poucos casos que chegaram à segunda instância da justiça federal e dos Estados, o que se nota é que a jurisprudência ainda não está bem definida. A eficácia poderia ser maior por parte da reprimenda penal, tendo em vista a versatilidade e aumentando o leque de penalidades adaptáveis às necessidades ambientais e aos crimes cometidos, inserindo outras penas, como foram no artigo 72 da Lei 9.605/98, referente às sanções administra- tivas: destruição ou inutilização do produto; suspensão de venda e fabricação do produto; demolição de obra; suspensão de registro. 6.7 Ineficácia das Penas da Lei 9.605/1998 Se a quase exclusiva utilização de sanções cíveis e ad- ministrativas como forma de repressão ao ilícito ambiental não se tem revelado suficiente para reprimir as agressões ao meio ambiente, o Direito Penal há de ser usado com rigor, com efetividade, sob pena de transformar-se em aliado de pouco fôlego para o enfrentamento do problema. Tendo em vista o caráter global e a dimensão plane- tária que assumem as graves e crescentes perturbações do equilíbrio ecológico, é que, na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), se inseriu, no Princípio –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 130 11, recomendação segundo a qual “os Estados adotarão legis- lação ambiente eficaz (...)”, na mesma linha, aliás, da Agenda 21 que, no seu Capítulo 39, buscou incentivar a formulação de propostas para o aperfeiçoamento da capacidade legislativa dos países em desenvolvimento. Por estas razões, a Lei de Crimes Ambientais brasileira é ineficiente, avaliam pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em relatório publicado. O pró- prio Poder Judiciário também é apontando como um dos grandes responsáveis pela precariedade na aplicação da Lei. A burocracia excessiva e a morosidade fazem com que perca a credibilidade. “Assim, o próprio desempenho do judiciário acaba por desestimular as condutas, frustrando expectativas e contribuindo para a ineficácia da legislação ambiental”, concluem. A criminalização das condutas ambientais é adequada à realidade brasileira. O Brasil é um país de imenso território e com uma fiscalização ambiental fragilizada pela falta de estrutura. Há poucos funcionários para áreas imensas, prin- cipalmente na região Norte. Além disso, por vezes, recebem vencimentos inadequados e são assediados por propostas de suborno e até ameaças. Soa estranho, realmente, que um bem tão importante para a sobrevivência do homem – “bem de uso comum do povo”, conforme fala a Constituição Federal (artigo 225, caput, da CF) – tenha que merecer a tutela do Direito para ser respeitado. Mas, como se faz necessário, a superação do –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 131 quadro de degradação ambiental não pode prescindir do socorro da lei. Não se acredita que os novos crimes e o sistema penal a ser aplicado serão suficientes e eficazes para disciplinar os grupos nacionais e estrangeiros em atividade nessas áreas. Ainda que as contravenções penais relativas à proteção da flora em sua maioria tenham sido transformadas em crimes, áreas como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica deve- riam ter sido protegidas penalmente de forma mais eficiente. Conforme pesquisa, os processos na Justiça Federal eram demorados e poucos foram concluídos ou estavam a caminho da efetiva responsabilização dos infratores. Em 91% dos casos judiciais, o Ministério Público Federal propôs acordos de transação penal. Até março de 2003, de 55 casos, apenas um caso foi concluído e seu processo durou 522 dias úteis. Outros 18% estavam cumprindo transação penal, mas 70% desses casos estavam com atraso no cumprimento do acordo. Ainda um caso – ou 2% do total – aguardava suspensão processual. Em 62% dos casos a Justiça Federal não encontrou os acusados, principalmente devido à suposta mudança de endereço dos mesmos. Além disso, 10% dos processos aguar- davam despacho inicial do juiz para proceder a citação e agendamento da audiência e 6% dos casos aguardavam a solução de problema processuais, como conflito de compe- tência entre Justiça Federal e Estadual para julgamentos de crimes ambientais. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 132 Ainda em pesquisa realizada entre 2007 e 2008, de- monstrou-se, segundo os dados do Poder Judiciário, que a maior parte dos processos criminais ambientais tiveram como resultado a aplicação de transação penal na modalidade de prestação pecuniária. Ou seja, para quem cometeu um crime ambiental, foi proposta a aplicação imediata de prestação pecuniária e nenhuma transação penal foi na modalidade de prestação de serviço à comunidade, o que poderia ser de maior relevância. Utilizando-se de estruturas formais para ilustrar o descompasso na implementação da legislação ambiental, pode-se, ainda, perguntar: por que deve o Ministério Público estar sobrecarregado com aproximadamente 96% de todas as ações civis públicas propostas no país, quase um monopólio de implementação ambiental? Pesquisa realizada por ocasião da Rio 92 junto a 100 comarcas do Estado de São Paulo mos- trou que, de 444 ações propostas para a defesa ambiental, a sociedade civil participou com a mínima parcela de 4,05%, ficando para o Ministério Público o encargo do ajuizamento das demais, isto é, 95,95%. Essa situação não parece ter mudado muito nos dias que correm. E onde estão os recursos (financeiros, administra- tivos, técnicos e outros) necessários à eficácia dessas ações? Esses números chocam, especialmente porque se sabe que o Ministério Público, pelo menos na Constituição e nas leis, reparte sua legitimidade para agir com outras instituições e entidades, como as associações ambientalistas. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 133 No que concerne à gestão ambiental, o tema da imple- mentação das leis e políticas oficiais está a exigir tratamento urgente – inadiável, mesmo – da parte do Poder Público e da sociedade, visto que ambos são igualmente responsabilizados pela Constituição Federal. É oportuno recordar que a preocupação maior deve ser com o cumprimento da lei e não tão somente com a repressão e reparação dos comportamentos desconformes. Não esperar que o dano ocorra, mas, ao revés, a ele se antecipar. A norma perde eficácia quando lhe faltam elementos essenciais para a sua implementação. Por isso, o Direito do Ambiente, em reconhecimento e aceitação dos seus limites numa problemática complexa, não pode dispensar subsídios de outras fontes. Todavia, sua ação chega até onde a Constituição e a legislação infraconstitucional lhe permitem; vale lembrar que essa legislação não apenas “permite”, mas, ainda, lhe dá força e lhe confere eficácia normativa. Se ele se defronta com questões fora da sua alçada e competência científica, deve socorrer-se de outros instru- mentos e saberes que lhe acrescem, ademais, eficácia técnica, uma vez que atua munido de parâmetros técnico-científicos que vêm de fora e se lhe agregam. Esta, por sua vez, lhes transmite legitimidade na aplicação em face da coisa pública e do bem comum. Neste contexto, é preciso que a Justiça e as leis se ade- quem a essa criminalidade,tratando os criminosos com maior rigidez, garantindo a sua efetividade e assegurando a –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 134 aplicação da justiça ambiental, ao alcançar uma justa solução ao caso concreto e também produzindo efeitos para reprimir futuros crimes. Faz-se necessário, então, uma revisão da legislação brasileira para que se atenda a demanda ambiental nacional sem que seja desrespeitado o regime federativo constitu- cional, estabelecendo normas de cooperação entre os entes federados para que possam atuar em conjunto na proteção do meio ambiente, como determina o artigo 23, incisos VI e VII da Constituição Federal, acabando com os sérios danos e desastres ambientais em um país em que uma de suas maiores riquezas são seus recursos naturais. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 135 QUESTÕES DE APRENDIZAGEM UNIDADE 3 Questão 1 Sobre a temática da infração administrativa ambiental e as sanções cominadas na Lei n. 9.605/98, assinale a opção correta: a) A multa administrativa é de natureza subjetiva, in- dependentemente de culpa ou dolo. b) A multa diária será aplicada somente quando for comprovado o dolo. c) O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência. d) A celebração do termo de compromisso de reparação ou cessação de danos não encerra a multa diária. e) A multa será fixada com base na diferença entre o maior e o menor salário mínimo vigente. Questão 2 Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo: a) Não se admite a proposta de aplicação de medida alternativa restritiva de direitos ou multa. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 136 b) A proposta de aplicação imediata de medida alter- nativa restritiva de direitos ou multa, prevista na Lei dos Juizados Especiais Criminais, poderá ser formulada, inde- pendentemente da recuperação do dano ambiental. c) A proposta de aplicação imediata de medida alter- nativa restritiva de direitos ou multa, prevista na Lei dos Juizados Especiais Criminais, fica a critério do representante do Ministério Público, em face da extensão do dano. d) A proposta de aplicação imediata de medida alter- nativa restritiva de direitos ou multa, prevista na Lei dos Juizados Especiais Criminais, somente poderá ser formu- lada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade. e) Admite-se a aplicação imediata de medida alternativa restritiva de direitos e multa, prevista na Lei dos Juizados Especiais Criminais, desde que o acusado apresente plano de recuperação do dano ambiental. Questão 3 Um Banco recebe pedido de financiamento da Empresa Mascas e Mascotes Ltda., representada por seu sócio-ge- rente, o Sr. Empédocles. Realizando diligências quanto à regularidade cadastral do proponente, o Banco verifica a existência de processos criminais por infração a normas pe- nais que tratam da proteção ao meio ambiente. As anotações indicam a persecução penal à pessoa jurídica, bem como ao –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 137 sócio-gerente. Indagado sobre as anotações, o Sr. Empédocles informa que, segundo seu advogado, a pessoa jurídica está infensa da responsabilidade penal e, quanto à pessoa física, ainda não existe condenação, estando os fatos em fase de apuração judicial. Alega que ingressou na empresa em data posterior aos fatos narrados como ilícitos. A partir do caso exposto, conclui-se que: a) no sistema pátrio não há responsabilização criminal de pessoa jurídica. b) nos crimes ambientais sempre haverá concurso de agentes, incluindo pessoa física sócia e pessoa jurídica. c) os crimes ambientais permitem a responsabilidade criminal da pessoa jurídica. d) a responsabilidade da pessoa física por crimes am- bientais é objetiva. e) a pessoa física é a quem cabe somente responder pelos crimes ambientais praticados. Questão 4 A pena de multa nos crimes ambientais poderá ser aumentada até: a) quatro vezes, ainda que aplicada no valor máximo, em virtude da situação econômica do réu. b) cinco vezes, ainda que aplicada no valor máximo, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 138 c) três vezes, ainda que aplicada no valor máximo, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. d) três vezes, se não aplicada no valor máximo, em virtude da situação econômica do réu. e) cinco vezes, ainda que aplicada no valor máximo, em virtude da situação econômica do réu. Questão 5 Considerando a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), assinale a alternativa correta. a) O crime de destruição de floresta de preservação permanente não admite modalidade culposa. b) Perseguir espécimes da fauna silvestre sem permis- são, licença ou autorização da autoridade competente é ca- racterizado como crime contra o meio ambiente. c) Aquele que pratica experiências para fins didáticos ou científicos com animais não incorre, em nenhuma hipótese, na pena prevista para o crime de maus tratos aos animais. d) A liberação da balões de festa junina capazes de pro- vocar incêndios não caracteriza crime contra a fora. e) A alteração do aspecto de edificação protegida — isto é, tombada em função de seu valor histórico ou cultural — caracteriza infração administrativa e enseja a responsabili- dade civil para reparação do dano, mas não configura delito de natureza criminal. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 139 Questão 6 A Lei de Crimes Ambientais estabelece a responsabi- lização na esfera cível, penal e administrativa, em caso de infração cometida em face do meio ambiente. A respeito de crimes ambientais, assinale a opção correta: a) Em matéria ambiental, o julgamento pelo cometi- mento de crimes comuns é de competência da justiça estadual comum. b) A responsabilização do poluidor pela indenização ou reparação dos danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados por sua atividade exige comprovação de culpa. c) O poder de polícia exercido pela administração públi- ca em matéria ambiental, desempenhado por profissionais e técnicos de formação civil, tem caráter unicamente repressivo. d) Processo em matéria ambiental, se administrati- vo, deve ser conduzido harmonicamente, considerando as garantias constitucionais; contudo, não deve prender-se à razoabilidade e proporcionalidade, pois estas são exigências dos processos judiciais. e) Em um acidente nuclear, na manipulação de orga- nismos geneticamente modificados ou até na devastação de uma floresta, a cobrança da responsabilização ambiental tem o caráter exclusivo de reparação do dano produzido. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 140 Questão 7 Consoante dispõe o Código de Obras e Edificações de Florianópolis (LC nº 60/2000), todas as obras de construção, reconstrução, ampliação, reforma, trasladação e demolição de qualquer edificação, ou alteração de uso, e ainda as obras de movimento de terra, como cortes, escavações e aterros, deverão ser precedidas dos seguintes atos administrativos: a) licenciamento ambiental e alvará de autorização. b) aprovação de projeto e licenciamento da obra. c) autorização de obra e licenciamento ambiental. d) alvará urbanístico e licenciamento ambiental. e) licenciamento ambiental e aprovação urbanística. Questão 8 O licenciamento ambiental é realizado quando: a) houver instalação, ampliação e operação de empre- endimentos ou atividades utilizadoras dos recursos naturais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras. b) a Prefeitura do Município onde se implantará o em- preendimento utilizador de recursos naturais julgar neces- sária a realização desse procedimento. c) o Ministério Público de Meio Ambiente determinar tal procedimento, independentemente de o empreendimento ou a atividade ser considerada perigosa. –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 141 d) a atividade ou o empreendimento que, sob qualquer forma possa causar degradação ambiental, sofre alteração de projeto social etrabalhista. e) ocorrer a implantação de todo e qualquer tipo de empreendimento ou atividade em área urbana com população acima de 100000 habitantes. Questão 9 Em relação ao estudo prévio de impacto ambiental e licenciamento ambiental é correto afirmar: a) Nos processos de licenciamento ambiental dos em- preendimentos de carcinicultura na zona costeira, o órgão licenciador deverá exigir do empreendedor, obrigatoriamente, a destinação de área correspondente a, no mínimo, 50% da área total do empreendimento, para preservação integral. b) A instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, como a construção das hidrelétricas no Rio Parnaíba (PI), necessitam da realização de estudo prévio de impacto am- biental, não sendo, todavia, necessário dar publicidade a esse estudo, por se tratar de obras de relevante interesse nacional. c) Nos casos de licenciamento ambiental de empreendi- mentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o –CRIMES AMBIENTAIS E LEGISLAÇÃO– 142 empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral. d) A supressão de vegetação secundária do Bioma Mata Atlântica, em estágio avançado e médio de regeneração, para fins de atividades minerárias, será admitida mediante adoção de medida compensatória que inclua a recuperação de área equivalente à área do empreendimento, procedimento que substitui a realização de estudo prévio de impacto ambiental/ relatório de impacto ambiental (EIA/RIMA). e) No que diz respeito à aquicultura, o órgão ambiental licenciador não poderá exigir do empreendedor a adoção de medidas de prevenção e controle de fuga das espécies culti- vadas, como condicionantes das licenças emitidas, já que o licenciamento se refere tão somente a própria atividade da aquicultura.
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