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Museologia e Exposição de Museus


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RESENHA 
Museologia e apresentação da realidade 
 
Rogerio Carlos Petrini de Almeida
1
 
 
Teresa Cristina Moletta Scheiner Bacharel em Museologia pelo Museu Histórico 
Nacional (1970), com Habilitação para Museus de Ciências; Licenciada e Bacharel em 
Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (1977/78); MESTRE (1998) 
e DOUTORA (2004) em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - 
ECO/UFRJ. Professor Associado 2, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - 
UNIRIO. Coordenadora, Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio - PPG-
PMUS, UNIRIO/MAST. Vice-Presidente, Conselho Internacional de Museus - ICOM 
(2010/2013, reeleita para 2013/2016). Editora Chefe, MUSEUM INTERNATIONAL. 
 
Palavras chaves: Museologia. Teoria da exposição. Exposição 
 
A autora introduz o texto comentando que os teóricos da Museologia vêm tecendo 
uma nova Teoria do Museu, onde este é pensado a partir de sua natureza fenomênica, e, da 
pluralidade enquanto representação, o fenômeno percebido pela experiência de cada indivíduo 
com em suas relações com Real complexo. O museu com vários sentidos, possuidor de vários 
signos que relaciona o mundo exterior com o mundo dos sentidos, entre o individual e o 
coletivo, o tangível e o intangível. O museu que institui através de percepções identitárias 
destacando o mundo como meio e campo de todos os pensamentos e percepções. O museu 
será o criador de sentidos, na relação de experiências. 
A autora reporta que a exposição é a principal instância de mediação dos museus, 
que legitima sua existência. Defini como “espelhos da sociedade ou mesmo como uma janela 
que o Museu abre para o mundo”, “um aspecto da visão dos mundos dos grupos sociais aos 
quais se refere, expressando, em linguagem direta ou metafórica, os valores e traços culturais 
desses grupos.” Importando neste ínterim é o que o Museu apodera-se do Real, com o 
propósito de construir uma linguagem museológica. 
Expor para a autora é submeter-se ao campo da comunicação e forma de tornar 
visível uma ordem por baixo das coisas. E afirma que é no plano afetivo que se elabora a 
comunicação. A exposição trabalha todos os sentidos e constitui uma experiência 
mutidimensional de comunicação. 
A autora considera o desenvolvimento de uma Teoria da exposição, “que não se 
esgote na constatação das relações homem-objeto no espaço expositivo, ou nas análises 
simbólicas de semiologia da forma” uma exposição que é efetivamente um meio o meio da 
presença, como instância relacional de presentificação da memória do homem, um 
instrumento de mediação que conjuga pessoas e pessoas (todas as pessoas envolvidas no 
processo). 
 
1
 Aluno do Curso de Museologia – FABICO / UFRGS. Trabalho realizado como pré-requisito para avaliação 
parcial da disciplina Teoria Museológica (BIB03239), ministrada pela Professora Ana Carolina Gelmini de 
Faria. Porto Alegre, mar. de 2015. E-mail: rogériopetrini@gmail.com. Consta no blog pessoal. 
 A autora comenta o espaço metafórico e o espaço relacional: o primeiro como 
instância de impregnação dos sentidos (trocas simbólicas), imerso no espaço expositivo. 
Espaços onde se empregam técnicas expositivas articulam os sentidos. O excesso do 
espetacular pode anestesiar os sentidos diminuindo o potencial de percepção e a autora 
emprega o termo degustar com uma metáfora para sugerir que toda a exposição deva ser 
saboreada, passo a passo, um ambiente para treinamento dos sentidos, uma instância de 
aprendizado. Portanto sem o excesso do espetacular, mas com um plano de curiosidade, que 
libere experiências, que atue em todos os sentidos e em todas as dimensões, tonando o 
expectador um participante atuante. Comenta a relação a importância de olhar, o ver com os 
olhos da razão. A percepção visual, que cria experiências o completar com o toque e o som. O 
envolver com movimentos e a formas, que possibilitam o apreender a exposição, repeitando o 
tempo espaço de cada um. “A comunicação só se estabelece efetivamente quando sua forma e 
seu conteúdo mediam, simultaneamente, emoção e informação.” 
Para a autora toda exposição é a recriação de uma parcela de mundo, um espaço 
articulado capaz de produzir discurso, que com o uso adequado das linguagens tona o espaço 
emocionante permitindo uma experiência vivencial. 
A autora comenta a fala organizada no sentido que as exposições evoluíram dentro 
de roteiros lógicos de apresentação, com apresentações didáticas fundamentadas em objetos, 
dispostos em critérios estéticos ou simbólicos, proposto para compreensão do visitante. A 
reação a estas tendência partiu dos Museus de Arte Moderna e Contemporânea que 
propuseram a exposição como processo, ou como obra aberta, centrada na relação objeto 
visitante, passou a ser uma instância de diálogo com a sociedade e no objetivo de reafirmar o 
caráter social/plural do Museu. Nos anos 90 se anuncia um Museu como evento promovendo 
que o indivíduo apreenda, pela emoção e pelos sentidos, a coisa exposta. 
Analisa a exposição como linguagem, em uma relação entre quem fala (museu) e 
quem houve (visitante), que a exposição é a fala do Museu, que estabelece o discurso claro, 
uma interpretação da realidade, para que o visitante possa apreender os significados. Defende 
“que os museus construam estratégias narrativas integrando passado e presente” apresentando 
os fatos a partir de uma ótica plural permitindo o máximo de interpretações. Os vocabulários 
empregados na exposição são de responsabilidade do responsável pela exposição e se 
resumem a quatro categorias: genérico/estético; genérico/objetivo; temático/narrativo, e 
temático/situacional, que deve importar e incorporar linguagens de outras áreas como: do 
teatro, campo tecnológico, arquitetura, design. A autora complementa “é a vitalidade das 
linguagens, e não o acervo em si mesmo o que torna fascinante qualquer exposição”. 
A autora aborda a importância da imaginação para o processo comunicacional do 
Museu, a capacidade imaginante, a imaginação como viagem, o jogo imaginante nos permite 
transitar para além da materialidade e, diz “a capacidade imaginativa coloca em ação 
permanente a memória, como instrumento de elaboração de experiência”. Enfatiza que “não é 
por acaso que se consideram os museus como espaços de sonho e as exposições como 
experiências narrativas”. 
Reflexiona a autora “Exposições museológicas não são meras mostras – são 
instâncias de conversação”, “o verdadeiro Museu não está no ambiente tangível em que as 
coisas existem, mas é o que se constitui na relação”. 
 Não há o que contradizer em relação as colocação de Scheiner, as exposições 
constituídas de forma clara com informações fundamentadas, dentro de uma linguagem de 
acessibilidade promovendo interação entre a relação exposição e visitante, permitirá uma 
efetiva comunicação com apropriação de conhecimentos. 
 
REFERÊNCIA 
 
SCHEINER, Tereza. Museologia e apresentação da realidade. XI Encuentro Regional del ICOFOM 
LAM, Equador, 2002. p. 96-105.

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