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Max Uhle: o pai da Arqueologia Americana Revista Eletrônica Jovem Museologia – Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio Ano 01, nº. 02, agosto de 2006. http://www.unirio.br/jovemmuseologia/ 2 Revista Eletrônica Jovem Museologia: Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio Ano 01, nº. 02, agosto de 2006 Max Uhle: o pai da Arqueologia Americana Alfredo José Altamirano-Enciso* Resumo: O presente artigo trata-se de um breve relato sobre a vida de Max Uhle, que dedicou 60 anos de sua vida aos estudos americanistas, trabalhando intensivamente na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador e Peru, a partir de 1892. No decorrer destes anos, explorou e escavou centenas de sítios arqueológicos, concentrando-se em trabalhos lingüísticos, etno-históricos e antropológicos (etnológicos), e à formação de coleções científicas que hoje formam parte medular de museus no Peru, Chile, Equador, Estados Unidos, Suécia e Brasil. Além disso, preocupou-se com a formação de uma legislação do patrimônio arqueológico e antropológico. Foi considerado pelos tratadistas como o “Pai da arqueologia americana”. Palavras-chave: Max Uhle; Arqueologia Americana; Etnologia Americana; Antropologia Americana; Patrimônio arqueológico; Patrimônio antropológico. Max Uhle: the father of American Archeology Abstract: This article presents a brief approach of Max Uhle’s life, who dedicated 60 years of his life to specific American studies, currently working in Argentina, Bolivia, Brazil, Chile, Equator and Peru, since 1892. During these years, he has explored and excavated hundreds of archeological sites, focusing on linguistic, etno-historical and anthropological (ethnological) works, and to the creation of scientific collections that are, today, part of the core of museums in Peru, Chile, Equator, United States, Sweden and Brazil. Above this, has been concerned with the implementation of a legislation concerning the archeological and anthropological heritage. He has been considered the “father of American archeology”. Key-words: Max Uhle; American Archeology; American Ethnology; American Anthropology; Archeological Heritage; Anthropological Heritage. * Professor do Curso de Museologia, UNIRIO. Alfredo José Altamirano-Enciso Revista Eletrônica Jovem Museologia – Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio Ano 01, nº. 02, agosto de 2006. http://www.unirio.br/jovemmuseologia/ 3 Há 150 anos nasceu Max Uhle em Dresden, Alemanha, no dia 25 de março de 1856 e morreu em Loben em maio de 1944. Dedicou plenamente sua longa vida aos estudos americanistas, trabalhando intensivamente na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador e Peru, a partir de 1892. Durante mais de 60 anos, explorou e escavou centenas de sítios arqueológicos, concentrando-se em trabalhos lingüísticos, etno-históricos e antropológicos (etnológicos), e à formação de coleções científicas que hoje formam parte medular de museus no Peru, Chile, Equador, Estados Unidos, Suécia e Brasil. Assim mesmo, preocupou-se com a formação de uma legislação do patrimônio arqueológico e antropológico. A saber, naquele período de inícios do século XX até 1950 não existiam leis de proteção aos materiais culturais e biológicos, e menos aos monumentos pré-históricos. O mesmo ocorria com a cultura material e espiritual dos indígenas, plantas, animais, rochas e fósseis. Porém, grandes coleções cientificas foram organizadas e enviadas a seus países de origem e aos patrocinadores, sobretudo, universidades norte-americanas e museus europeus. Seus logros mais importantes se concentram nos estudos sobre o Peru antigo, o qual lhe valeu o título honorífico de “Pai da Arqueologia Peruana”, embora também seja precursor desta especialidade na Argentina, Bolívia, Chile e Equador. Seu principal mérito reside no reconhecimento de sua profundidade temporal e no correto ordenamento cronológico das culturas peruanas, condições indispensáveis para a compreensão da pré- história desse país andino. Desde jovem sempre se interessou pelo conhecimento científico do Novo Mundo, principalmente da América do Sul, circunstância que iria modificar seu destino. Ficou na América e só retornou à Europa 40 anos depois. Viveu no Chile aproximadamente 10 anos, 20 no Peru e outros 10 no Equador. Quando era diretor do Museu Nacional de Arqueologia e Antropologia de Lima, entre 1908 e 1909, Uhle- que também era botânico - por encargo do diretor do Jardim Botânico de Berlim - realizou ampla coleção de plantas da Amazônia brasileira, percorrendo a bacia do Rio Branco, coletou material das serras Grande, Mocojaí, Murupu e toda a região montanhosa vizinha da serra da Roraima. No entanto, Uhle sempre continuou trabalhando na arqueologia. Seu interesse pela botânica foi decaindo paulatinamente para surgir o etnólogo que iria gerar o arqueólogo. A sedução pelo estudo da origem do homem americano e seu ulterior Max Uhle: o pai da Arqueologia Americana Revista Eletrônica Jovem Museologia – Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio Ano 01, nº. 02, agosto de 2006. http://www.unirio.br/jovemmuseologia/ 4 processo cultural levou-o a esquecer das plantas e a reconstruir velhas civilizações da América andina. Contudo, suas duas especialidades, arqueologia e etnologia, se complementariam ligadas ao processo de reconstrução histórica e difusão de conhecimento. Porém, Uhle, como teórico social, era um evolucionista e difusionista, sistematizando o processo cultural andino como as culturas protóides de Chimu, Nasca e Lima que derivavam da região meso-americana. Assim, criava as bases da arqueologia sul-americana de claro corte antropológico, da qual antes dele, nenhum antropólogo dedicara-se com grande entusiasmo e carinho pela originalidade dos povos americanos. Indicado como “Pai da arqueologia americana”, título com que os tratadistas o distinguem, Max Uhle revolveu toda a costa arenosa do Pacifico por onde se estendera o Tawantinsuyo ou Império Inca. Descobriu e escavou centenas de cemitérios indígenas e coletou milhares de vestígios culturais das civilizações pré-incáicas. Criou um método pioneiro de escavação em área, principalmente em cemitérios indígenas, baseados na superposição estratigráfica. Finalmente, recolheu, agrupou e confrontou um rico material arqueológico que, pela primeira vez, teria significação na cultura e classificação da ciência. Não satisfeito, funda pelo trabalho direito ou pela ação catalítica, museus que se estendem de Santiago a Quito, culminando com os de Cuzco e Lima, onde imprimiu maior impulso as suas atividades. Referências: ALTAMIRANO-ENCISO, Alfredo. Avances, tendencias y problemas de la arqueologia peruana. Concytec. Lima, v.12, n.1, 1993. p.24-35. BERNEX DE FALEN, Nicole. La percepción geográfica en Max Uhle. In: KAULICKE, Peter (ed.). Max Uhle y el Peru antiguo. Lima: PUC, Departamento de Humanidades. Lima, Fondo Editorial PUCP, 1998. p.169-178. HAMPE MARTINEZ, Teodoro. Max Uhle y los orígenes del Museo de Historia Nacional (1906-1911). In: KAULICKE, Peter (ed.). Max Uhle y el Peru antiguo. Lima, Fondo Editorial PUCP, 1998. p.123-158. KAULICKE, Peter. Julio C. Tello vs. Max Uhle en la emergencia de la arqueología peruana y sus consecuencias. In: KAULICKE, Peter (ed.). Max Uhle y el Peru antiguo. Lima: Fondo Editorial PUCP, 1998. p. 69-84 Alfredo José Altamirano-Enciso Revista Eletrônica Jovem Museologia – Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio Ano 01, nº. 02, agosto de 2006. http://www.unirio.br/jovemmuseologia/ 5 REGALADO DE HURTADO, Liliana. Max Uhle y el mundo andino. In: KAULICKE, Peter (ed.). Max Uhle y el Peru antiguo. Lima: Fondo Editorial PUCP, 1998. p.159-168. ROWE, John H. Max Uhle y la idea del tiempo en la arqueología americana. In: KAULICKE, Peter (ed.). Max Uhle y el Peru antiguo.Lima: Fondo Editorial PUCP, 1998. p. 5-24.
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