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Kauanne C. Pacheco 1 APOSTILA DE PACIENTES COM NECESSIDADES ESPECIAIS Kauanne C. Pacheco 2 CARDIOPATIAS ATEROSCLEROSE 1. Etiologia mais comum de doenças cardiovasculares, cérebro-vasculares e vasculares periféricas 2. Principal causa de morbi/mortalidade para pacientes acima de 50 anos 3. Acúmulo anormal de lipídios nas paredes dos vasos (placas ateromatosas) que obstruem a parede dos vasos 4. Estreitamento capilar > suprimento sanguíneo comprometido > ISQUEMIA 5. Placas podem sofrer CALCIFICAÇÃO, atuando como áreas de trombose. Pacientes de risco: 1. Homens acima de 50 anos 2. Histórico familiar de d. Cardiovascular 3. HAS, DM, hiperlipidemia 4. Sedentarismo 5. Fumantes (20 cigarros/dia) 6. IMC alterado (aumento da gordura abdominal) 2o Plano de pacientes com risco: 1. Mulheres na menopausa 2. Mulheres em uso de anticoncepcional 3. Fumantes Fisiopatologia: 1. Alterações ateroscleróticas - enfraquecimento das paredes dos vasos 2. Dilatação: ANEURISMA 3. Rompimento: Hemorragia tecidual, trombos 4. Vasos mais atingidos: ARTÉRIAS CORONÁRIAS 5. Consequências cardiovasculares: isquemia, aneurisma ou trombos SINTOMATOLOGIA: Período inicial: Assintomático Sintomatologia: Dor torácica Período sintomático: angina do peito, infarto agudo do miocárdio, arritmia, ICC e morte súbita TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: 1. Tomar conhecimento dos fatores de risco 2. Tomar conhecimento das complicações da AT 3. História pregressa de complicações associadas a AT 4. Orientações gerais: mudança de hábito de vida 5. Aferir PA 6. Avaliação médica: Excluir doença aterosclerótica 7. Todos os procedimentos podem ser realizados 8. Pacientes com DM e HAS seguir protocolos específicos 9. Complicações: Levar em consideração tempo e o tipo de complicação Kauanne C. Pacheco 3 Fisiopatogenia da relação da doença periodontal e doenças cardiovasculares/ cardiopatia como a aterosclerose A doença periodontal causa uma bacteremia, que é fator contribuitivo para formação das placas ateromatosas e portanto, da doença aterosclerótica. O microbioma bucal que a doença periodontal apresenta já foi encontrados nas placas de gordura, ou seja, nos ateromas. Em modelo animal os patógenos periodontais podem contribuir na formação de ateromas, por uma colonização bacteriana direta e por uma pleiotropia genética, ou seja, a doença periodontal ativa diversas vias de sinalização e diversas citocinas inflamatórias que ativam vias de sinalização de citocinas inflamatórias para o desenvolvimento dessas placas ateromatosas. Em estudos com humanos, se eu tenho um paciente com doença aterosclerótica e ele também possui doença periodontal, a hora que o dentista trata a doença periodontal e entra em controles adequados para aquele paciente e o mesmo para de ter a doença ativa eu diminuo o nível de PCR (proteína C reativa). Doença Periodontal VS Proteína C Reativa A proteína C reativa é um marcador de inflamação inespecífico que fica super alterado na doença aterosclerótica, e essa alteração diz pra gente que o paciente tem uma inflamação sistêmica que por um processo inflamatório, pode evoluir muito rápido. Com a ajuda do dentista numa intervenção na progressão doença periodontal (com boas raspagens), podemos modificar/modular o risco cardíaco desse paciente porque contribuímos para modificar o perfil inflamatório dele. Doença Periodontal VS Fibrinogênio Devemos avaliar no paciente com alguma cardiopatia: a PCR e o fibrinogênio pois, se eu tenho uma placa ateromatosa, tenho dano vascular, logo, acabo ativando plaquetas e ativo o fator de Von Willenbrand e fator plaquetário. Ativo as vias de coagulação (via comum, via intrínseca e extrínseca). Os anticorpos produzidos pela doença periodontal ativam citocinas que atuam no endotélio do vaso, e essas citocinas vão ajudar na mediação da inflamação da placa ateromatosa - por isso é tão importante que ao manejar a doença ateromatosa, se faça também o manejo da doença periodontal, caso a pessoa tenha também. Kauanne C. Pacheco 4 ANGINA DO PEITO Variedade de cardiopatia isquêmica sintomática 1. Fisiopatologia: Demanda transitória de O2 do miocárdio, superior ao suprimento fornecido 2. Principal fator causal: ATEROSCLEROSE 3. Sintomatologia: DOR NO PEITO 4. Casos clássicos: Estresse emocional e exercício físico 5. Alívio em repouso SINAIS E SINTOMAS: 1. Paciente com sinais de ansiedade 2. Incapaz de indicar o local exato do desconforto peitoral 3. Dor irradiada para ombros, braços e as vezes mandíbula 4. Curta duração: 3 a 5 minutos (Remoção do fator) TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: 1. Avaliação de risco: Frequência, padrão intensidade e estabilidade dos episódios 2. Medicamentos em uso 3. Classificação: Leve, moderada e severa 4. Classificação: Estável e instável 5. Aferir PA 6. Orientações gerais: Mudança hábito de vida 7. Tipo de angina: Classificação 8. Risco: desencadear crise 9. Normalmente paciente que tem angina estável faz uso do medicamento ISORDIL - É sublingual e normalmente o paciente toma apenas se tiver dor. Angina instável: Aquela que ocorre quando a dor vem de maneira espontânea, aparece do nada, ou seja, não necessita de esforço para desencadear a dor. Nesse caso, o paciente faz uso de isordil diariamente e não apenas se houver dor. O contato com o médico é obrigatório e ele não deve ser atendido nas clinicas odontológicas logo de cara. Angina Leve Minimizando riscos Contato como médico Consultas de curta duração Controle do ESTRESSE Procedimentos não invasivos sem medicação profilática! Angina moderada, grave e instável Minimizando riscos Administrar medição para angina prévio a consulta odontológica (uso profilático) Considerar sedação e atendimento hospitalar para intervenções cirúrgicas Em caso de crise Parar atendimento Sentar paciente posição 45 graus Administrar medicação sublingual O2: por 4-6 minutos Controle PA Crise não para dentre 8 a10 minutos: URGÊNCIA MÉDICA Kauanne C. Pacheco 5 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO 1. Consequência de uma isquemia prolongada 2. Causa mais comum: Secundário a ATEROSCLEROSE 3. Sintomatologia: Dor intensa subesternal irradiada para o braço esquerdo ou mandíbula; associada a falta de ar, palpitações, náuseas ou vômitos 4. Dor SIMILAR à ANGINA 5. Intensa e prolongada 6. Complicações: Arritmias e ICC (extensão da lesão) TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: Avaliar complicações presentes (arritmias, ICC, ..) Tempo do infarto Não realizar tratamento odontológico dentro dos 6 meses iniciais Risco de recidiva (alta mortalidade) Pós 12 meses: Risco cai para 5% AFERIR PA TRATAMENTO ODONTOLÓGICO URGENCIAL: Pacientes SEM complicação: Procedimentos não invasivos de curta duração Intervenções cirúrgicas: Se possível adiadas pós 6 meses Anestésicos locais: Lidocaína e prilocaína (HAS) Controle do Estresse Pacientes COM complicação: Procedimentos não invasivos de curta duração Intervenções cirúrgicas: Se possível adiadas pós 6 meses Levar em consideração o tipo de complicação Controle do Estresse Kauanne C. Pacheco 6 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA Resulta da incapacidade do coração de fornecer um suprimento adequado de oxigênio para atender às demandas metabólicas do organismo Procedimentos dentários: Elevada morbidez e mortalidade dependendo do grau de ICC Sintoma mais comum: Falta de ar ou dispneia TRATAMENTO ODONTOLÓGICO BAIXO RISCO: Paciente em uso de diurético leve Paciente assintomático Avaliação médica nos últimos 12 meses Sem outras complicações (angina, infarto,..) TRATAMENTO ODONTOLÓGICO RISCO MODERADO: Sintomas intermitentes (assintomático em repouso) Faz uso de mais de uma medição Dosagem níveis de K: Arritmias Avaliação médica nos últimos 12 meses Avaliar outras complicações (angina, infarto,..) TRATAMENTO ODONTOLÓGICO ALTO RISCO: Sintomas frequentes (crises de dispnéia, ortopnéia, dispnéia noturna paroxísticae edema periférico) Dedos em baqueta e cianose dos leitos ungueais Avaliação médica nos últimos 12 meses Outras complicações normalmente presentes (HAS, angina, infarto,..) TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: Consultas curtas Controle do Estresse Considerar sedação Pacientes risco moderado/alto: Intervenções cirúrgicas em âmbito hospitalar Aferir PA Indicação anestésica segue para HAS Kauanne C. Pacheco 7 ENDOCARDITE BACTERIANA Infecção microbiana do endotélio ou das valvas cardíacas que mais frequentemente ocorre na proximidade de defeitos cardíacos congênitos ou adquiridos. 1. Classificação de acordo com microrganismo causador: endocardite estreptocócica, estafilocócica, … 2. Valva infectada: endocardite valva protética, ... 3. Fonte de infecção: hospitalar, adquirida na comunidade, … Risco associado: MORTE EUA: Incidência > 15.000/ano EUA: Taxa de mortalidade de 40%/ano Faixa etária: Meia idade e idosos Homens que mulheres Ênfase: PREVENÇÃO Causa: Intervenções odontológicas Bacteremia transitória Fisiopatologia da EB: 1ª. Dano endotelial - agregação plaquetária 2ª. Bacteremia transitória 3ª. Proliferação bacteriana (estreptococos e estafilococos) local pode inibir o funcionamento valvar, resultando em insuficiência valvar em ICC Consequências da EB: ICC > Disfunção valvar grave AVC (êmbolo) Infarto agudo do miocárdio (êmbolo) Morte Sinais e sintomas da EB: Febre (95% dos pacientes) Sopro cardíaco (80-95% dos pacientes) Cultura sanguínea positiva Tratamento da EB: Depende do dano valvar Administração de antibióticos Intervenção cirúrgica: Substituição da valva CONDIÇÕES CARDÍACAS PARA PROFILAXIA Valva protética Endocardite infecciosa prévia Kauanne C. Pacheco 8 Doença cardíaca congênita ▪ DCC cianótica sem reparo ▪ DCC completamente reparada com material protético ou dispositivo por cirurgia ou intervenção com cateter nos primeiros 6 meses pós procedimento ▪ DCC reparada com defeitos residuais, ou adjacente a um dispositivo protético Receptores de transplantes cardíacos que desenvolveram valvulopatia PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS Todos que envolvem manipulação de tecido gengival, região periapical e perfuração da mucosa oral EXCEÇÃO: Injeções anestésicas Radiografias Instalação de aparelhos protéticos e ortodônticos Esfoliação de dentes decíduos e sangramento Kauanne C. Pacheco 9 Situações especiais: • Inadvertidamente a (antibióticoterapia profilática)AP não foi administrada prévia, pode ser administrada 2hs após procedimento • Paciente em terapia (7 - 10dias) prévia: Preferencialmente a droga de escolha da AP deve pertencer a uma classe diferente. • Esperar por 10 dias para administração do protocolo ARRITMIAS 1. Distúrbio no ritmo normal do coração que pode ter origem nos átrios ou nos ventrículos 2. Assintomáticas: Exame de rotina 3. Sintomáticas: Palpitação e síncope 4. Exacerbadas pelo estresse e ansiedade Significativas: Infarto, angina, ICC e AVC (AM) Tipos: taquicardia sinusal, arritmias atriais, arritmias ventriculares TRATAMENTO ODONTOLÓGICO: 1. O paciente tem sintomas de arritmia? 2. A arritmia é de origem atrial ou ventricular? 3. Qual a frequência e gravidade? 4. Faz uso de algum medicamento? 5. Aferir PA e batimentos 6. Controle do ESTRESSE 7. Consultas de curta duração 8. Considerar SEDAÇÃO para procedimentos cirúrgicos em pacientes sintomáticos Marca-passo: NÃO utilizar ULTRASSON e BISTURI ELÉTRICO Kauanne C. Pacheco 10 ARTIGOS Novas recomendações profilaxia com antibiótico para endocardite Uma avaliação dos grupos de pacientes para os quais a AP é recomendada foi adotada de forma incompleta pelos profissionais de saúde por décadas; A AP continua a ser fornecida a alguns pacientes para os quais não é mais recomendada e negada a outros para os quais é aconselhada. Além disso, há casos em que os provedores discordam das recomendações ou quando os pacientes solicitam um tratamento que não segue as diretrizes. A decisão de usar antibióticos antes de um procedimento odontológico na esperança de evitar VGS IE cabe tanto ao médico quanto ao paciente. A tomada de decisão clínica compartilhada melhora os resultados, a experiência do paciente e a adesão. Informar os pacientes sobre suas escolhas e descrever os riscos e benefícios potenciais das opções de forma apropriada para a alfabetização em saúde do paciente ajuda os pacientes a tomar decisões informadas e desenvolver um plano de implementação. Deve ser enfatizado ao paciente que não há benefício comprovado de AP para evitar endocardite infecciosa em um procedimento odontológico, e há riscos de administração de AP. Idealmente, a decisão compartilhada tomada para AP deve ser comunicada ao provedor de assistência odontológica diretamente ou por meio de materiais do paciente. Se isso não puder ser feito por meio de registros médicos acessíveis, pode ser necessária uma comunicação clara, com documentação, por meio do paciente para informar futuras interações com o profissional de saúde bucal. É o momento de otimizar a prevenção por várias abordagens - foco na saúde bucal, estratificação de risco, prevenção de comorbidades e riscos contributivos e vigilância para infecções. Dados científicos atuais sugerem que a manutenção de bons cuidados de saúde bucal em pacientes com risco tem um grande impacto na prevenção de bacteremia com atividades diárias de rotina, como escovação de dentes - como as atividades diárias de rotina resultam em bacteremia transitória em um nível muito maior do que um único procedimento odontológico, a otimização da saúde bucal tem um grande impacto na prevenção. Para todos os pacientes com risco aumentado, um plano para responder aos sintomas de deve ser reforçado em cada contato de assistência médica. Os pacientes devem estar cientes de febre e outros sintomas constitucionais que levantam a preocupação sobre a causa, devem solicitar contato com um profissional de saúde para avaliação com hemoculturas obtidas antes do início dos antibióticos, independentemente da causa presumida da febre - a esperança é que um diagnóstico precoce resulte em melhores resultados para os pacientes. Kauanne C. Pacheco 11 Anestesia Odontológica Os achados indicam que a felipressina aumenta a PA diastólica, independentemente de suas propriedades anestésicas. Além disso, um aumento significativo na PA sistólica ocorre em pacientes hipertensos, cuja PA é controlada por meio de tratamento anti- hipertensivo. Pacientes com traço de ansiedade elevado apresentaram aumento na PA sistólica em alguns procedimentos, sugerindo que um aumento da PA também pode estar relacionado ao medo ou à ansiedade. Finalmente, este estudo contribuiu para desvendar o risco hemodinâmico que a hipertensão pode apresentar no uso de prilocaína + felipressina. Contudo, ele não descredencia a prática dentária que é amplamente utilizada na rotina clínica para essa população. Kauanne C. Pacheco 12 MANEJO DE ANTIAGREGANTES E ANTICOAGULANTES PORQUÊ O PACIENTE SANGRA? 1. Procedimentos cirúrgicos: como um procedimento cirúrgico odontológico, considerar esses fatores no planejamento cirúrgico 2. Variações anatômicas: considerar esses fatores no planejamento cirúrgico 3. Medicamentos: antiagregantes plaquetários, anticoagulantes ou outras drogas(anticoagulantes de nova geração) 4. Outras causas: doença hepática, deficiência de vit K, falência renal com uremia, desordens hematológicas, quimioterapia, purpura trombocitopenica, coagulação vascular disseminada 5. Desordens congênitas: desordem de plaquetas, doença de Von Willenbrand, hemofilias, deficiências de fatores de coagulação. HEMOSTASIA Conjunto de mecanismos pelos quais o sangue se mantêm fluido dentro do vaso, enquanto responde à injúrias pela formação de coágulos (tampões) localizados, prevenindo futuros sangramentos e subsequentemente removendo o trombopermitindo reparo. Hemostasia Adequada = BALANÇO • ATIVAÇÃO: Fatores próhemostáticos/prócoagulantes • INIBIÇÃO: Antihemostáticos/anticoagulantes Porquê o paciente sangra Procedimento cirúrgico Variações anatômicas Considerar estes fatores no planejamento cirúrgico Medicamentos Antiagregantes plaquetários/anticoagulantes/ outras drogas Outras causas Doença hepática, deficiência de vitamina K, falência renal com uremia, desordens hematológicas, quimioterapia, púrpura trombocitopênica, coagulação vascular disseminada Desordens congênitas Desordem de plaquenas, Doença de von Willebrand, Hemofilias, deficiências de fatores de coagulação Kauanne C. Pacheco 13 A hemostasia primária envolve a interação das plaquetas com componentes do endotélio vascular e com proteínas plasmáticas como o fator de von Willebrand Os testes relacionados: Tempo de sangramento (em desuso), contagem de plaquetas (muito importante) e avaliação da função plaquetária. Se há um sangramento transcirúrgico nos 2 primeiros dias pós procedimento, estamos falando da hemostasia 1ª. A hemostasia secundária envolve a interação dos fatores de coagulação em sua via intrínseca e via extrínseca Os testes relacionados: TP (INR), TT, TTPa, anticoagulante lúpico, fibrinogênio e testes de fatores TP (tempo de protrombina) Vias extrínsecas e comum da coagulação, avalia a função hepática e resposta terapêutica ao anticoagulante variarina. Referencia: entre 10 e 20s TTPA (tempo de tromboplastina parcialmente ativada) Avalia deficiências congênitas do sistema intrínseco, hemofilia A e B, monitora o uso de heparina e avalia defeitos inibidores da coagulação Referencia: entre 60 e 70s Para mensurar o risco hemorrágico eu devo avaliar esses parâmetros e medicamentos que atuam em uma das vias. Se um paciente utiliza um medicamento que atua por exemplo na via extrínseca de coagulação, devo pedir o exame laboratorial TP ou RNI para poder avaliar e verificar o real risco de sangramento do paciente frente ao uso de uma determinada medicação! PROCESSO HEMOSTÁTICO (4 fatores) 1. Vasoconstrição (musculatura lisa) 2. Hemostasia primária (Adesão plaquetária e ativação) 3. Hemostasia secundária (Coagulação do sangue) 4. Resolução (Fibrinólise) A lesão vascular provoca desnudamento do endotélio. A endotelina, liberada pelo endotélio ativado e fatores neuro-humorais induzem uma vasoconstrição transitória. O fator de von Willebrand medeia a aderência das plaquetas ao subendotélio por ligação à glicoproteína GPIIb da membrana plaquetária e ao colágeno subendotelial exposto. Durante a agregação plaquetária, o fibrinogênio estabelece ligações cruzadas entre as plaquetas, através da ligação receptores de GPIIb-IIIa nas membranas plaquetárias. Kauanne C. Pacheco 14 PLAQUETAS ! Importantes para hemostasia ! Tamanhos pequenos, forma discóide e inativa, podem ser ativadas para exercer funções de proteção vascular ! Podem participar de processos trombóticos se forem ativadas excessivamente ! Precurssores: Megacariócitos ! Ativação das plaquetas é iniciada pela ligação do receptor GPIIb com FvW ! Plaqueta ativada: Alteração formato e liberação de fatores plaquetários que mobilizam mais plaquetas O recrutamento de plaquetas é mediado pela liberação de fatores plaquetários solúveis, incluindo ADP, tromboxano A2 (TxA2) e trombina Endotélio ativado expressa o fator tecidual (componente iniciador crítico da cascata de coagulação) As membranas das plaquetas ativadas fornecem uma superfície para ocorrência de várias reações críticas da cascata de coagulação, incluindo a conversão da protrombina em trombina TRANSCIRÚRGICO Cirurgia é um trauma planejado, causando mudanças agudas no equilíbrio hemostático para aumentar a formação de coágulos e prevenir perdas sanguíneas. A depender do tempo cirúrgico e da extensão do trauma, o organismo não entende que aquilo é algo planejado e portanto, entra em um processo de hipercoagulobilidade, se há uma perda de sangue grande como numa cirurgia para tentar manter a vida. Mesmo numa situação de hipercoagulobilidade, o corpo busca a hemostasia/equilíbrio - em uma cirurgia há risco hemorrágico ou trombótico. Mudanças agudas no equilíbrio hemostático para aumentar a formação de coágulos e prevenir perdas sanguíneas. PLANEJAR A CIRURGIA 1. Avaliar os fatores de risco paciente (congênitos e adquiridos): sangramento vs; trombose - estraticação de risco. 2. Planejamento da incisão cirúrgica 3. Cirurgia oral menor: Sem suspensão, orientação da última tomada entre 12-24hs - straso em 6 horas para a próxima tomada 4. Controle hemostáticos adicionais uso local trans e pós cirúrgico 5. Oral maior: Suspensão 48hs antes e retomada 48-72hs PO Kauanne C. Pacheco 15 CONSEQUÊNCIAS DO TROMBOEMBOLISMO/ SANGRAMENTOS MAIORES Tromboembolismo arterial • 15% casos-fatais por trombose valvar • 70% Tx de morte ou AVC com sequela Tromboembolismo venoso • 6% Tx de morte ou sequela permanente por TVP • 25% Tx para embolia pulmonar Sangramentos maiores • 8-9% Fatais Se há um sangramento que se prolonga do transcirúrgico até 02 dias estamos nos referindo a sangramentos em que há deficiência de hemostasia 1ª (plaquetas). Se há sangramento entre 2º -7º dias, há defeitos de hemostasia 2ª (há alterações na cascata de coagulação). PACIENTE HEPATOPATA Normalmente é o paciente pré transplante hepático e possui uma hemostasia rebalanceada: Há uma síntese reduzida de fatores de coagulação no fígado TP(RNI)/TTpa prolongados A síntese de agentes antifibrinolíticos está comprometida (fígado) “Conceito de que paciente sangra mais”: Antigamente acreditava-se que o paciente hepatopata submetido a um procedimento cirúrgico provavelmente iria sangrar, mas hoje sabemos que nem todos eles sangram dessa maneira. 1. Síntese de proteínas anticoagulantes e antitrombina também é comprometida, ou seja, há uma cascata de coagulação que funciona com cofatores de carboxilação reduzidos, ou seja, há um risco maior de sangramento, ainda porém há fatores anticoagulantes, promovendo um contrabalanço entre fatores pró hemostáticos e fatores anti hemostáticos. Infelizmente, esse rebalanço NÃO é detectado em exames laboratoriais, logo não refletem o real risco de sangramento do paciente, nós o pedimos pra ter um norte. 2. Esse contrabalanço trabalha tanto a favor da hemorragia quanto na prevenção da hemorragia 3. Os exames de contagem de plaquetas, TP, TTPa, RNI ajudam no manejo da doença, mas não reflete o real risco de sangramento do paciente, hoje esse risco é uma loteria, não sabemos estimar. Antigamente esses pacientes simplesmente não eram operados, agora passamos pra uma fase em que esses pacientes podem ser operados, mas com um suporte médico adequado. Os hepatopatas são pacientes que possuem um manejo de hemostasia mais difícil, principalmente os pacientes cirróticos. Kauanne C. Pacheco 16 Paciente cirrótico pré transplante hepático não pode ser operado em ambiente ambulatorial sem suporte hospitalar é um paciente com indicação para manejo com especialista, deve ser manejado em alta complexidade. Então mesmo que a contagem de plaquetas de um paciente seja de 20.000 plaquetas e RNI de 2,5 por conta da doença hepática, ele não é um paciente que sangra demais, pois o rebalanço desse paciente hepatopata também ocorre. Hemostasia REBALANCEADA: Produção de trombopoietina no fígado comprometida(regula produção das plaquetas na medula óssea) Esplenomegalia: aumenta a captação de plaquetas Compensação pelo aumento do Fvw (compensação endotelial) Hemostasia Rebalanceada = Não é refletida em exames laboratoriais USO CLÍNICO DE FÁRMACOS ANTIPLAQUETÁRIOS 1. Principal aplicação em trombose arterial: 2. Risco de infarto agudo do miocárdio 3. Angina ou claudicação intermitente(perda de ritmo do coração, causando dor intensa nas pernas, similares a câimbras e fisgadas ao caminhar e realizaratv. Físicas) 4. Após revascularização do miocárdio: • Síndromes coronarianas instáveis (clopidogrel + aspirina); • Após angioplastia(cirurgia para reparar um vaso deformado, estreitado ou dilatado) das artérias coronarianas e/ou instalação stent (clopidogrel + aspirina); • Isquemia cerebral transitória ou AVC trombótico (dipiridamol + aspirina) AAS ou Aspirina 1. Melhor relação custo/benefício (droga mais utilizada) 2. Outras drogas (dipiridamol, clopidogrel, etc): Adjuvantes ou pacientes sensíveis à aspirina 3. Outras drogas (epoprostenol – PGI2): Aplicações específicas na hemodiálise ou na hipertensão pulmonar 4. Aspirina é o mais antigo AINE 5. Atua por inativação irreversível tanto das ciclogenases (COX-1 e COX-2) e por consequência dessa inativação inibe a síntese de TXA2(plaqueta libera esse fator pra promover a agregação e ativação de mais plaquetas pra se unirem formando o coágulo) e, prejudica a agregação plaquetária, ou seja, a hemostasia primaria, portanto reduz risco de trombose. Além de ações analgésicas e antiinflamatórias 6. Aspirina inibe agregação de plaquetas (Terapia de doenças cardiovasculares) 7. Tempo de meia vida: 4 horas Se o paciente toma AAS, ele inibe a síntese de TXA2, ou seja, o tromboxano, o qual promove a agregação plaquetária. Então o paciente que toma AAS pode possuir a quantidade de plaquetas adequadas, mas há uma deficiência na função das plaquetas, ou seja, na sua capacidade de se agregar. Normalmente o paciente está em terapia dupla: usa AAS e clopidogrel - Hoje em dia jamais devemos interromper a terapia com AAS, porque já há estudos odontológicos que mostram que apesar da falta de agregação plaquetária que o AAS traz, é possível manejar o paciente mesmo tomando a medicação Kauanne C. Pacheco 17 USOS CLÍNICOS DOS ANTICOAGULANTES Anticoagulantes devem prevenir: 1. Trombose venosa profunda (Perioperatório); 2. Extensão da trombose venosa profunda estabelecida; 3. Embolia pulmonar; 4. Trombose e embolização em pacientes com fibrilação atrial; 5. Trombose em próteses valvulares cardíacas; 6. Coagulação em circulação extracorpórea (Hemodiálise); 7. Infarto do miocárdio em pacientes com angina instável; 8. Heparina (ou heparina de baixo peso molecular): Usada em situações agudas 9. Varfarina pode ser utilizada em uma terapia prolongada PONTOS CHAVE PARA MANEJO ! O anticoagulante deve ser descontinuado? Não deve ser descontinuado ! Quando VFA é descontinuada, o paciente deveria ser submetido a “ponte” com heparina ou heparina BPM? ! O que é considerado um ótimo manejo de paciente em uso de anticoagulantes orais que necessitam de suspensão? Não devemos suspender nenhum medicamento sem indicação médica, caso haja a necessidade, deve-se fazer uso de medidas adicionais de hemostasia além de solicitar exames TP, TTPA, INR e contagem de plaquetas para descartar outras complicações. COAGULAÇÃO O fator tecidual + micropartículas leucocitárias + fosfolipídios ácidos iniciam a cascata de coagulação = TROMBINA A trombina ativa proteoliticamente o fibrinogênio para formar fibrina, que sofre polimerização em torno da lesão, resultando na formação do tampão hemostático definitivo. VITAMINA K 1. Cofator necessário na carboxilação pós-tradução de resíduos de glutamato nos fatores II, VII, IX e X 2. Durante a reação de carboxilação a vitamina K é oxidada ao 2,3-epóxido inativo 3. A enzima epóxido redutase converte a vitamina K inativa 2,3-epóxido na forma ativa reduzida 4. A regeneração da vitamina K reduzida é essencial para a síntese contínua dos fatores II, VII, IX e X funcionais Vitamina K: Pró-coagulante que pode ser utilizada no tratamento e/ou prevenção de hemorragias: • Desintoxicação por dose oral excessiva de anticoagulantes (ex. Varfarina) • Em bebês para prevenir doença hemorrágica do recém-nascido Deficiências de Vitamina K em adultos: • Má absorção intestinal; • Doença celíaca; • Esteatorréia; • Icterícia obstrutiva (Ausência de bile) Kauanne C. Pacheco 18 • A Varfarina atua sobre a via de carboxilação ao inibir epóxido redutase necessária para a regeneração da Vitamina K reduzida (ativada) • Este processo acaba inibindo a carboxilação de glutamato nos fatores II, VII, IX e X VARFARINA 1. 100% absorvida por via oral; 2. Dose baseada no “Tempo de protorombina” (INR); 3. Ligação importante com proteínas plasmáticas (99%); Muitos fatores modificadores de ação: 1. Fatores genéticos (Polimorfismos de CYP2C6 e VKORC1); 2. Dano hepático; 3. Interações medicamentos são importantes 4. Início de ação anticoagulante: 24-72hs após administração 5. Efeito anticoagulante máximo: 72-96hs 6. Duração de ação do medicamento: 2 a 5 dias NÃO é recomendada a suspensão desse medicamento. • A vitamina k pode ser utilizada como antídoto a varfarina nos casos de toxicidade, mas ela pode aumentar o risco tromboembolitico • Uma das soluções pra ficar mais fácil de manejar é fazer uma ponte de heparina (manejo da heparina é mais fácil) alternativamente a varfarina, mas não é recomendável porque apresenta risco de hematoma. A solução que deve ser utilizada é não interromper o uso da varfarina, podemos operar estando o paciente em uso de varfarina, desde que respeitamos o limite de RNI, a sociedade europeia diz que o limite de manejo odontológico é de um RNI até 4 e a sociedade americana diz que o limite para odontologia operar é um RNI até 3 EFEITOS ADVERSOS 1. Hemorragia 2. Contraindicado na gravidez: 3. Necrose de tecidos moles 4. Baixa Margem de segurança 5. Necessários teste de coagulação (TP) para ajustar dose A vitamina K pode ser usada como antídoto em caso de superdosagem Procedimentos odontológicos com baixo risco de sangramento SEM interrupção da droga • Razão Normatizada Internacional • INR = (TP paciente/TP pool normal)ISI INR = 1 • Sociedade Européia = Limite Odontológico até 4 • Maior parte da literatura científica 3 UFSC = 2,0 NOVOS ANTICOAGULANTES Surgiram como alternativa para antagonistas da Vit. K Prevenção tromboembolismo Efeito previsível Kauanne C. Pacheco 19 • Sem necessidade de monitoramento • Poucas interações medicamentosas e alimentares • Meia vida curta • Aumento eficácia terapêutica Dabigatrana (Pradaxa®): Inibidor da Trombina Apixabana: Inibidor Fator Xa Edoxabana: Inibidor Fator Xa Rivaroxabana(Xarelto®): Inibidor Fator Xa Cirurgia oral menor: Sem suspensão, orientação da última tomada entre 12-24hs (Atraso em 6 horas para a próxima tomada) Controle hemostáticos adicionais uso local trans e pós cirúrgico Oral maior: Suspensão 48hs antes e retomada 48-72hs PO 1) Relacione as drogas com o tipo de anticoagulante: Hepamax – heparina Clopidogrel – antiagregante plaquetário Marevan – antagonista da vitamina K AAS – antiagregante plaquetário Varfarina – antagonista da vitamina K Enoxoparina – heparina de baixo peso molecular 2) A principal droga anticoagulante antagonista da vitamina K é a varfarina 3)Com relação a contagem de plaquetas, o valor de normalidade está entre 150.00 e 450.000. porém o parâmetro homeostático ainda se mantem um pouco abaixo disso. Para procedimentos que causem sangramento nas clínicas odontológicas da UFSC adotamos o parâmetro: 100.000 6) Com relação ao uso de anticoagulantes, não há necessidade de suspensão da varfarina, mas sempre suspendemos qualquer antiagregante plaquetário 10 dias antes do procedimento - Falso 7) Os pacientes com plaquetopenia devem ser orientados no cuidado com a escovação e uso de fio dental. Os mesmos devem ser suspensos dependendo dos valores apresentados sendo que o fio dental deve ser suspenso com valores < 30.000 e a escovação < 10.000 – Verdadeiro 8) Pacientes usuários de varfarina devem sempre fazer o exame de RNI do tempo de protrombina, de preferência no dia do procedimento. Quando não possível, no máximo no dia anterior, pois a droga tem meia vidade 24 a 60 horas, em média 40horas- Verdadeiro 9)Pacientes usuários de varfarina devem sempre fazer o exame de RNI do tempo de protrombina, de preferência no dia do procedimento. Quando não possível, no máximo no dia anterior, pois a droga tem meia vida de 24 a 60 horas, em média 40horas- Verdadeira 10)Para procedimentos que levam ao sangramento em pacientes usuários de Varfarina, deve se levar em conta o RNI do tempo de protrombina. Para realizar o procedimento com segurança nas clínicas odontológicas da UFSC adotamos como parâmetro o valor de RNI de: 2,5. Kauanne C. Pacheco 20 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA Papel do dentista na saúde de seus pacientes 1. Cuidado da saúde bucal: Tratamento apropriado e manejo seguro 2. “Screening” para doenças sistêmicas 3. Monitoramento de condições presentes 4. Reduzir comportamento de risco do paciente 5. Reconhecer alterações patológicas na boca Hipertensão no Mundo ! 80.000.000 adultos americanos (1: 3) tem um ou mais tipos de doença cardiovascular ! Brasil: 35% da população acima de 40 anos ! 17.000.000 (IBGE, 2004) Como Evitar? ! Conhecer conceitos sobre hipertensão arterial ! Exame clínico completo a fim de conhecer todas as alterações apresentadas pelo paciente ! Tratamento odontológico não deve interferir na manutenção da hemodinâmica Cirurgião dentista: profissional de saúde com importante papel preventivo no diagnóstico, acompanhamento e encaminhamento médico de pacientes com hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Diagnóstico HAS Pressão arterial em repouso acima de 140 (sistólica) ou 90 (diastólica) Fatores de risco: 1. dade, gênero e etnia 2. Histórico familiar de hipertensão (genética) 3. Baixa escolaridade 4. Baixo nível sócio-econômico 5. Sobrepeso 6. Sedentarismo 7. Dieta 8. Apnéia do sono Sintomatologia Assintomática 1. EUA mais de 20% das pessoas não sabem que são hipertensas 2. Apenas 59% dos pacientes hipertensos recebem tratamento 3. 34% dos hipertensos possuem a PA controlada Sintomática: Dor de cabeça, visão turva, alterações no estado mental Classificação (origem ou grau) Origem: ! Primária: idiopática/causa desconhecida ! Secundária: resulta de outra doença de base (renal ou adrenal) Kauanne C. Pacheco 21 Avaliação médica: Exames para a exclusão de hipertensão secundária 7th Report of Joint National Comitee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure (2003) 1. Pessoas com 55 anos e normotensas tem 90% de chance de desenvolver hipertensão arterial 2. Mais de 50 anos: PA sistólica > 140 é mais importante como fator de risco para doenças cardiovasculares do que uma PA diastólica elevada. 3. Risco de AVC ou ataque cardíaco começa em 115/75 e dobra a cada aumento linear de 20/10 mmHg Pré hipertensão PA de 120 a 139/80 a 89 = 2x mais chances de desenvolver hipertensão do que pessoas com valores abaixo disto • Mudanças no estilo de vida para impedir doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes, obesidade e hipercolesterolemia CLASSIFICAÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL PARA ADULTOS C L A S S I F I C A Ç Ã O D A PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA DIASTÓLICA Normal < 120 < 80 Pré-hipertensão 120-139 80-89 Hipertensão Estágio 1 140-159 90-99 Hipertensão Estágio 2 ≥160 ≥ 100 Kauanne C. Pacheco 22 ! A mudança no estilo de vida isolada pode ser suficiente para tirar pacientes do estado pré-hipertensivo e pode produzir um efeito semelhante ao uso de uma monoterapia anti- hipertensiva ! Sem a mudança no estilo de vida a medicação pode não ser suficiente para controlar a PA Medicações Diuréticos (tipo tiazidas) - com ou sem complemento de potássio 1. Moduretic® (Hidroclorotiazida) 2. Lasix® (Furosemida)/ Hidrion 3. Higroton® (Reserpina) Agonista alfa-adrenérgico Aldomet® (Metildopa) Vasodilatador Monocordil® (Propanolol) Bloqueador canal de cácio Adalat® (Nifedipina) Inibidor de conversores da angiotensina Capoten® (Captopril) Beta-bloqueador Inderal® Bloqueador alfa-adrenérgico Minipress® MUDANÇAS NO ESTILO DE VIDA Redução de peso Redução de sódio na dieta 2.4 gramas de sódio por dia (refrigerantes e produtos diet e light) Atividade física 30 minutos diários de atividade aeróbica C o n s u m o d e á l c o o l moderado Homens: 2 latas de cerveja, 1 copo e meio de vinho, 90ml de uísque por dia Mulheres ou baixo peso: metade Dieta Rica em frutas, vegetais e pouca gordura Kauanne C. Pacheco 23 Medicamentos/efeitos colaterais 1. Desidratação (diuréticos) 2. Hipocalcemia 3. Hipotensão ortostática / hipotensão postural (vasodilatadores potentes) 1. Sedação 2. Impotência 3. Xerostomia 4. Depressão 5. Diarréia 6. Diminuição do potássio (diuréticos) 7. Insuficiência cardíaca congestiva (propanolol) 8. Dificuldade na respiração (propanolol) Objetivos da terapia anti-hipertensiva (Pacientes acima de 50 anos de idade) 1. Baixar PA sistólica até o ideal menos de 140/90mmHg 2. Para pacientes com diabetes ou doença renal crônica o objetivo é 130/80mmHg 3. Tratamento eficaz reduz o risco de: 4. AVC (35 a 40%) 5. Infarto do miocárdio (20 a 25%) 6. Insuficiência cardíaca (mais de 50%) Falta de tratamento/ Tratamento ineficaz Complicações: ! Doença cerebrovascular (AVC) ! Doença vascular periférica ! Insuficiência renal crônica ! Doenças cardiovasculares (angina, enfarto do miocárdio, aterioesclerose, insuficiência cardíaca) TRATAMENTO ODONTOLÓGICO PARA PACIENTES HIPERTENSOS Cuidados com a hipertensão arterial Uso de anestésicos com/sem vasoconstritor Complicações no tratamento odontológico Principal Objetivo do Tratamento Odontológico 1. Evitar/ minimizar quaisquer alterações hemodinâmicas 1. Pressão arterial 2. Ritmo cardíaco 3. Demanda de oxigênio do miocárdio Stress produz alterações hemodinâmicas significantes: aumento passageiro da PA e sintomas relacionados a HAS • Redução do stress • Remarcação da consulta • Prescrição de ansiolítico Kauanne C. Pacheco 24 Avaliação Odontológica 1. Anamnese 2. Idade, etnia e sexo 3. História médica 4. Época do diagnóstico, tratamento anterior, medicamentos em uso, alteração esquema medicamentoso, comorbidades, complicações, telefone de contato médico. Exame físico Aferir a PA e glicemia (Todos os pacientes novos e nos retornos de alta) • Acima de 140 x 90 – aferir no início e ao final de todas as consultas • Procedimentos longos: aferir no meio e final do procedimento Como aferir a PA? ! Paciente sentado com o braço na altura do coração por pelo menos 5 minutos antes de aferir a PA ! Braçadeira com o comprimento correto (braços maiores requerem esfignos maiores – falsas leituras), que deve cobrir cerca de 80% do braço. ! Aferir duas vezes ! Aparelho mais acurado: coluna de mercúrio ! Esfigno de ar: calibração a cada 6 meses ! Aparelhos eletrônicos Manejo 1. Controle do stress 2. Sedação/ ansiolíticos 3. Consultas curtas no período da manhã 4. Anestesias profundas para minimizar o desconforto 5. Excelente analgesia pós-operatória Pré hipertensão e Hipertensão Estágio 1 até 159/99 • Todos os procedimentos • Ansiolítico ou sedação se necessário (Diazepam 5 mg) Hipertensão Estágio 2 SEM complicações e com PA até 210/120 mmHg • Prescrição de anti-hipertensivo previamente a consulta odontológica • Cirurgias extensas em hospital (hemorragia) • PA sistólica acima de 200: encaminhar para o médico - controle prévio ao tratamento odontológico eletivo. Hipertensão Estágio 2 COM complicações e com PA acima de 180/100 mmHg 1. (Complicações como infarto do miocárdio e angina instável 2. Atendimento em nível hospitalar 3. PA acima de 210/120: URGÊNCIA MÉDICA 4. Tratamento odontológico de urgência: PA até 180/110, acima disso apenas com avaliação médica ou em nível hospitalar. Kauanne C. Pacheco 25 USO DE ANESTÉSICOS 1. Uso de anestésicos com/ sem vasoconstritor ainda é controverso 2. Situações de stress aumentam em 20 a 40 vezes a liberação de adrenalina 3. Pacientes que recebem anestésicos sem vasoconstritorpossuem menor controle da dor quando comparado aos que recebem adrenalina 4. A utilização de 1 a 3 tubetes de lidocaina com adrenalina a 1:100.00 não mostrou alterações hemodinâmicas em pacientes cardiopatas leves/moderado 5. Outros autores: limite de 2 tubetes 6. Aspiração prévia é importante 7. Felipressina 8. Noradrenalina e levonordrefina 9. Anestesia intra ligamentar funciona como EV portanto não utilizar vasoconstritor 10. Não usar fio retrator com adrenalina COMPLICAÇÕES DURANTE O TTO ODONTOLÓGICO 1. Hipotensão ortostática (síncope e desmaio) 2. Interações medicamentosas com adrenalina 3. Β-bloqueadores: diminuição do débito cardíaco (dois a três tubetes, não tem problema) 4. Diuréticos sem reposição de potássio: disritmia 5. Uso prolongado de AINES pode diminuir o efeito das drogas anti-hipertensivas 6. Utilizar analgésico ou AINES por um curto período de tempo 7. Conversores da angiotensina: aumento da tosse, perda de paladar, síndrome da boca ardente Manifestações bucais: Xerostomia " Efeito colateral de diversos medicamentos como bloqueadores α – adrenérgicos e β – adrenérgicos, diuréticos, conversores da angiotensina e bloqueadores de canais de cálcio " Transitória Mudança da medicação anti-hipertensiva Manifestações bucais: Reação liquenóide ! Reação liquenóide causada pela medicação anti-hipertensiva Substituição da droga anti-hipertensiva Manifestações bucais: Hiperplasia gengival medicamentosa ! Bloqueadores de canal de cálcio (Nifedipina – Adalat) Mudança na medicação CONSIDERAÇÕES CLINICAS - RESUMO 1. Identificar os pacientes com HAS diagnosticada ou não diagnosticada 2. História clinica com histórico do diagnostico, forma de tratamento, medicamentos em uso, aderência da terapia medicamentosa, presença de sintomas relacionados a HAS e nível de estabilidade da doença 3. Identificar se há outra condição sistêmica decorrente da HAS (ICC, doença cerebrovascular, IM, doença renal, doença vascular periférica e DM) - pode precisar de alteração no plano de tratamento 4. Anamnese e aferição da PA (em todos os pacientes novos e em consultas de retorno) 5. Qual o risco de PA elevada ser submetido a tratamento? 6. Em que nível a PA é insegura? Kauanne C. Pacheco 26 AMERICAN COLLEGE OF CARDIOLOGY E AMERICAN HEART ASSOCIATION Publicaram diretrizes praticas para avaliação pre-operatória de pacientes comprometidos que estejam submetidos a cirurgias não-cardiológicas (bucomaxilofacial e periodontal), também podem ser usadas para procedimentos não cirúrgicos. Dividido em risco maior, intermediário e menor Tanto da condição sistêmica cardíaca, como do procedimento a ser realizado e da condição de reserva cardiopulmonar do paciente. Presença de condição cardiovascular Pressão descontrolada >180/110 mmHg é considerada risco menor porém deve ser sempre regulada antes de procedimentos cirúrgicos. Procedimento a ser realizado Risco maior: Pacientes idosos, cirurgia de emergencia, sangramento excessivo e procedimentos demorados. Risco intermediário: Cirurgia bucomaxilofacial e periodontal extensos Risco baixo: cirurgia oral menor e periodontal Uma vez que tenha sido determinado que o paciente pode ser tratado de forma segura deve-se montar o plano de tratamento aplicando medidas para reduzir a ansiedade e estresse associados ao tratamento odontológico: 1. Evitar consultas longas e estressantes 2. Consultar curtas pela manhã parecem ser mais bem toleradas 3. Medicação ansiolítico pre operatória caso necessário 4. Evitar alterações súbitas da posição de cadeira Kauanne C. Pacheco 27 DIABETES 1. Diabetes 2. Doença crônica não transmissível (DCNT) 3. Multifatorial 4. Não modificáveis 5. Modificáveis (hábitos e estilo de vida) Mundo 3% das mortes 1 a cada 11 pessoas 463 milhões de adultos 578 milhões - 2030 e 700 milhões - 2045. Brasil 13 milhões de brasileiros Quarto país com maior número de diabéticos Correspondem a 75% dos gastos do SUS Perguntas na consulta inicial: 1. Diabetes controlada? 2. Possui lesão em órgão alvo? 3. Tem complicações vasculares? 4. Quais medicações faz uso? 5. Fez uso hoje de hipoglicemiante? 6. Será que tem chance de fazer hipoglicemia durante o meu procedimento? 7. Se toma insulina é de ação rápida, moderada ou prolongada? Papel do dentista na saúde de seus pacientes: O pâncreas é o órgão responsável pela produção do hormônio denominado insulina. Classificação - Artigos Tipo I Dentre os pacientes portadores de DM, 10% possuem diabetes tipo I, caracterizado pela destruição das células beta do pâncreas, em consequência de infecções virais ou doenças auto-imunes, acarretando deficiências na produção de insulina. Geralmente, o DM tipo I desenvolve-se em indivíduos jovens, com idade inferior a 25 anos. Tipo II Por sua vez, o diabetes tipo II representa a forma mais comum da doença, causada pela diminuição na sensibilidade dos tecidos alvos e pela escassez ou ineficácia dos receptores celulares da insulina secretada pelo pâncreas. Relaciona-se a múltiplos fatores, tais como idade, origem étnica, antecedentes familiares, sedentarismo e gestação. A obesidade de longa duração também é reconhecida como um importante fator que predispõe ao diabetes tipo II, por estar associada à resistência à insulina. Cada ponto percentual de HbA1c reduz o risco de complicações microvasculares em 40% Kauanne C. Pacheco 28 Existe um limite glicêmico para o atendimento? A cada 1% > risco de complicações Hb1Ac >8%: Paciente descompensado, necessita de tratamento Hb1Ac >9%: DM descontrolado, tratamento agressivo - conversar com o médico Complicações agudas: Hipoglicemia Complicações agudas: Hiperglicemia CONSULTA ODONTOLÓGICA Além das perguntas anteriores, é importante ressaltar que pacientes submetidos à insulinoterapia apresentam suscetibilidade aumentada à hipoglicemia durante o procedimento odontológico. Adicionalmente, os hipoglicemiantes orais podem sofrer interações medicamentosas com fármacos prescritos pelo cirurgião-dentista. ✓ Antifúngicos (Evitar nistatina solução) ✓ Analgésicos (Salicilatos competem com os hipoglicemiantes orais pelas proteínas plasmáticas. Preferência por paracetamol com ou sem codeína) ✓ Antibióticos (Penicilinas – evitar agentes nefrotóxicos como a estreptomicina ou a gentamicina) No exame intraoral, devem ser avaliados diversos parâmetros periodontais, a exemplo da presença de biofilme e/ou cálculo dentário, sangramento gengival, profundidade de sondagem, recessão gengival, mobilidade dentária, lesões de furca, bem como a presença de cáries, restaurações defeituosas, infecções e hálito cetônico. Para a realização de uma consulta adequada, o paciente deve estar com o metabolismo compensado, sob acompanhamento médico regular, com uma boa resposta terapêutica - nos quadros de diabetes descompensado, tendem a ocorrer complicações que dificultam os procedimentos terapêuticos, a exemplo de dor e infecções, tornando necessário o adiamento das sessões clínicas, até que o quadro metabólico do paciente se estabilize! Horários da consulta O melhor horário para consultas dos referidos pacientes é no período da manhã, em que a insulina atinge seu nível máximo de secreção. Adicionalmente, durante a manhã, os níveis endógenos de corticosteroides estão mais elevados, permitindo uma maior tolerância do paciente ao aumento da adrenalina e da glicemia, que resultam de situações de estresse. Consultas longas devem ser evitadas, pois podem levar o paciente a quadros de ansiedade. Além disso, o paciente deve alimentar-se normalmente antes das consultas. O cirurgião-dentista deve esclarecê-lo sobre a adequada dieta e higiene bucal, bem como aferir a pressão arterial antes e após as consultas. Nos casos em que o atendimento Kauanne C. Pacheco 29 necessitar de tempo maior que o previsto e o paciente apresentar sinais de hipoglicemia, o cirurgião-dentista deverá interromper o procedimento clínico e oferecerao paciente algum alimento leve, no intuito de reverter o quadro de hipoglicemia. DM X DOENÇA PERIODONTAL É evidente, a partir das pesquisas epidemiológicas, que o diabetes aumenta o risco e a gravidade das doenças periodontais. Diversos fatores associados ao diabetes mellitus podem influenciar na progressão e na agressividade da doença periodontal: tipo de diabetes (mais extensa em DM tipo 1), idade do paciente (aumento do risco durante e após a puberdade), maior duração da doença e controle metabólico inadequado. Uma vez que a microbiota periodontal em pacientes com diabetes mellitus é similar à de não-diabéticos, outros fatores, como hiperglicemia e anormalidades da resposta imune do hospedeiro frente às infecções bucais, parecem ser os responsáveis pela maior prevalência dessa complicação em diabéticos AVALIAÇÃO/TTO ODONTOLÓGICA - RESUMO 1. Anamnese/perguntas 2. Aferir PA (todos os pacientes novos e nos retornos de alta inicio e final) 3. Aferir glicemia capilar (< 70mg/dl não realizar tratamento risco de crise hipoglicêmico - remarcar consulta ) não existem limites máximos para o tto odontológico 4. Exame clínico - principalmente doenças periodontais 5. Consultas preferencialmente de manha 6. Evitar consultas longas - se for o caso, intervalo para alimentação podem ser necessários Exames solicitados • Glicemia em jejum • HbA1c (últimos 2 anos) Anestésico COM vasoconstritor Adrenalina 1:100.00 – 2 a 3 tubetes Prilocaína com felipressina Pós cirúrgico: 1. Interferência na cicatrização 2. Prescrição de antibióticos 3. Orientação da dieta 4. Adequação de dose das medicações 5. Controle de analgesia pós operatória Glicemia Capilar de 50-70mg/dL 1º. Passo para controle da crise: Identificação Sinais e sintomas Ansiedade, taquicardia, fraqueza, suor, confusão mental, incoordenação e tremores Kauanne C. Pacheco 30 Níveis glicêmicos abaixo de 40mg/dL Sintomas severos Perda da consciência e convulsão Ambulatorial com paciente consciente Administração de 15-30g de carboidrato na forma gel de glicose ou ½ lata de refrigerante normal Aferir glicemia após 15’ Acima de 60mg/dL Refeição ou lanche – carboidrato + proteína Ambulatorial com paciente inconsciente Situação que caracteriza emergência médica Alteração metabólica leva às alterações bucais Alteração metabólica agrava as alterações bucais Alterações bucais sugerem alteração metabólica Alterações bucais agravam alteração metabólica Paciente do sexo masculino, 57 anos de idade comparece ao consultório para consulta de urgência referindo dor e edema na região do dente 46. Ao exame físico intra oral o diagnóstico de abcesso periodontal foi efetuado. Na anamnese o paciente relata ser diabético tipo 2. Que informações a respeito da doença de base devemos colher durante a anamnese. Durante o exame físico você constatou que a glicemia capilar era de 380mg/dL e a PA 130/80mmHg. Valores referenciais de Hb1Ac 9% foram fornecidos pelo paciente. O paciente relata alimentação prévia há duas hora e uso correto da medição para controle da DM. Nenhuma complicação da DM foi verificada.Qual sua conduta clínica? Conduta clínica: Diabetes mellitus descompensada Realização da consulta de urgência com drenagem do abcesso seguida de RCR da região afetada. Controle de infecção secundária: Prescrição de antibiótico terapia por 7 dias, associado ao controle de infecção local. Encaminhamento do paciente ao endocrinologista para ajuste de dose de medicação e controle do diabetes. Manifestações Clínicas: Gengivite e Doença periodontal Kauanne C. Pacheco 31 AIDS, INFECÇÃO PELO HIV E CONDIÇÕES RELACIONADAS A definição de AIDS proposta pelo CDC inclui uma contagem de linfócitos com grupo de diferenciação 4 inferior a 200 em um paciente infectado pelo HIV. Não há vacina ou tratamento definitivo para essa epidemia de âmbito nacional, grupos de drogas anti-retrovirais atualmente aprovadas - terapia antirretroviral de alta atividade (HAART), podem ajudar a reduzir a progressão da infecção, mas uma cura ainda não foi descoberta. A melhor abordagem terapêutica para AIDS, assim como para outras doenças infecciosas, continua a ser a adoção de medidas de saúde pública, como educação preventiva; detecção precoce e aconselhamento para pacientes infectados e seus contatos (familiares, parceiros, amigos e colegas) e o uso de medicamentos para reduzir a progressão da doença. Óbitos comumente são resultado de uma infecção oportunista e complicações relacionadas com as várias malignidade observadas na AIDS! RISCO DE TRANSMISSÃO PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE O risco de transmissão do HIV de pacientes infectados para os profissionais de saúde é muito baixo, com relatos girando em torno de 0,3%, sendo uma agulha ou outro instrumento cortante o responsável pela transmissão de sangue do paciente infectado para o profissional - essa taxa de transmissão pode ser reduzida pela PEP (profilaxia pós exposição ao HIV) e outros protocolos padronizados de controle de infecção. MANIFESTAÇÃO CLÍNICA Após ocorrer a exposição ao HIV e a soroconversão, podem ser identificados três grupos de pacientes: 1. Exposição pós-HIV imediata: Após uma rápida síndrome de soroconversão, apresentam testes positivos para anticorpos contra HIV, mas são assintomáticos e os resultados dos demais testes são normais; 2. Imunossupressão progressiva, estágio sintomático da infecção pelo HIV: Apresentam várias alterações laboratoriais (linfopenia) em adição a testes positivos de anticorpos contra HIV, podem ter alguns sintomas como linfonodos aumentados, sudorese noturna, candidíase bucal, febre, mal-estar e diarréia’ 3. Indivíduos com AIDS, incluindo sarcoma de Kaposi, síndrome consumptiva, linfoma, carcinoma cervical ou retal, sintomas no SNC como demência e infecção oportunista com risco de morte (tuberculose, pneumonia): Os testes para anticorpos contra o HIV são positivos e os pacientes podem apresentar linfadenopatia generalizada com perda grave de peso, fadiga, diarréia crônica, febre crônica e sudorese noturna. ACHADOS LABORATORIAIS Apresentam anticorpos para o vírus - pacientes em estágios avançados de infecção pelo HIV ou AIDS têm uma alteração na razão de linfócitos T4/T8, redução no número total de linfócitos, trombocitopenia, anemia, pequena alteração na resposta imune humoral e uma redução na capacidade de apresentar reações alérgicas tardias a testes cutâneos. Kauanne C. Pacheco 32 TRATAMENTO ODONTOLÓGICO 1. Avaliar o histórico médico, realizar o exame de cabeça e pescoço, avaliar os tecidos moles bucais e completo exame dental e periodontal - o achado clínico e o histórico podem indicar que o paciente tem HIV/AIDS; 2. Pacientes que, com base no seu histórico ou no exame clínico, forem considerados de alto risco para AIDS ou condições associadas, devem ser encaminhados para testagem para o HIV, avaliação médica, outros procedimentos diagnósticos adequados e atendimento psicossocial - o CD não pede esses exames, encaminha para avaliação médica; 3. O tratamento odontológico não pode ser suspenso por uma recusa do paciente em se submeter a um teste para o HIV - o dentista deveria presumir que esse tipo de paciente é um potencial portador e deve tratá-lo adotando precauções universais, tais quais para qualquer outro paciente. 4. O cirurgião-dentista não pode se recusar a atender um paciente com AIDS com indicação de tratamento odontológico de emergência por não querer atender pacientes com AIDS 5. Não existe qualquer razão médica ou científica que justifique uma recusa a realizar tratamento odontológico ele rotina em pacientes com AIDS, independentemente da justificativa apresentada pelo profissional. Entretanto, se o CD e o paciente estiverem de acordo, o CD pode encaminhar o paciente a outro profissional mais capacitado para este atendimento. 6. Um paciente que estava em tratamento com um CD e posteriormente evoluiu para um quadro de AIDSou condição associada eleve ser atendido por esse mesmo profissional ou deve ser encaminhado, desde que o paciente esteja ele acordo. O CDC e a American Dental Association recomendam que os CD dentistas infectados devem informar ao paciente sobre seu estado e devem realizar procedimentos invasivos apenas após consentimento do paciente. CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANO DE TRATAMENTO Uma consideração importante envolve determinar a contagem atual de linfócitos CD4+ e o grau de imunossupressão do paciente, assim como a carga viral que pode estar relacionada a susceptibilidade a infecções oportunistas e o ritmo de progressão para AIDS. O CD deve ter conhecimento quanto a presença e ao estado de infecções oportunistas e quando as medicações que o paciente esteja utilizando para tratamento ou profilaxia. 1. Pacientes que foram expostos ao vírus da AIDS e que são HIV-positivos, porém assintomáticos, podem ser submetidos a TODOS os tratamentos odontológicos indicados - mas somente os que tem contagem de células CD4+ acima de 400, os que estão em estagio inicial da AIDS abaixo de 200 tem maior susceptibilidade e infecções oportunistas e podem ser medicados com drogas profiláticas; 2. O paciente com AIDS pode receber quase todo tipo de tratamento odontológico indicado e desejado, desde que seja descartada a possibilidade de graus significativos de imunossupressão, neutropenia ou trombocitopenia - planos de tratamento complexos não deveriam ser realizados antes de uma discussão aberta e honesta quanto ao prognóstico a longo prazo pela condição médica do paciente; 3. O tratamento odontológico de pacientes HIV-positivos assintomáticos não é diferente daquele realizado para qualquer outro paciente na prática. Precauções Kauanne C. Pacheco 33 universais devem ser aplicadas a todos os pacientes. Quaisquer lesões bucais encontradas devem ser diagnosticadas e tratadas através de medidas locais ou sistémicas ou encaminhado o paciente para diagnóstico e tratamento; 4. Pacientes com trombocitopenia grave podem requerer medidas especiais (transfusão de plaquetas) antes de quaisquer procedimentos cirúrgicos (incluindo raspagem e curetagem) 5. Pacientes com neutropenia e imunossupressão profundas podem precisar de profilaxia antes de procedimentos invasivos (CD4 abaixo de 200 e neutrófilos abaixo de 500); 6. Consulta médica é necessária antes de procedimentos cirúrgicos em pacientes HIV- positivos sintomáticos: a contagem atual de plaquetas e de leucócitos deveria estar disponível, pacientes com resultados anormais podem necessitar de condutas diferenciadas; 7. Qualquer fonte de infecção bucal ou dentaria devem ser eliminadas em pacientes HIV- positivos, os quais comumente necessitam de um acompanhamento periodontal (uso diário de bochechos de clorexidina podem ajudar ???); 8. Os principais objetivos do atendimento são prevenir infecções e manter o pacientes sem dor bucal ou dentária. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 1. Paracetamol deve ser prescrito com atenção em pacientes fazendo uso de zidovudina, estudos sugerem que essa associação pode intensificar a granulocitopenia e a anemia; 2. Aspirina não deve ser prescrito a pacientes com trombocitopenia PEP (Profilaxia anti-retroviral pós-exposição) Recomendada em casos de alto risco de exposição a sangue infectado pelo HIV: inclui altos níveis de viremia do paciente-fonte, exposição a grandes volumes de fluidos infectados, lesão penetrante profunda com instrumento cortante recoberto por sangue visível do paciente infectado e lesão com agulha durante injeção em paciente infectado - se possível, a profilaxia deve ser iniciada dentro de poucas horas após a exposição, devendo ser mantida por 4 semanas. O profissional de saúde bucal exposta deve ser mantido em acompanhamento por meio de testes para anticorpos contra o HIV realizados no momento da exposição e após 6 semanas, 12 semanas e 6 meses! COMPLICAÇÕES E MANIFESTAÇÕES BUCAIS 1. Candidíase na mucosa bucal 2. Lesão azul-arroxeada ou erimetamosa ou lesões que foram diagnosticadas como sarcoma de Kaposi através de biópsia 3. Leucoplasia pilosa nas bordas laterais de língua 4. HSV 5. Herpes Zoster 6. Úlcera aftosas recorrentes 7. Eritema gengival linear Kauanne C. Pacheco 34 8. Periodontite ulcerativa necrosante 9. Verrugas bucais 10.Paralisia facial 11. Neuropatia trigeminal 12.Aumentos das glândulas salivares 13.Xerostomia 14.Hiperpigmentação melanótica Sífilis 1. Coinfecção é comum nos pacientes com HIV 2. Testes treponêmicos: VDRL lues(diz se já teve contato com a bactéria, não me diz se a infecção está ativa) 3. Testes não treponêmicos: FTA-ABS me diz por meio de titulação se está com infecção ativa e avalia sucesso do tratamento Candidíase Pseudomembranosa Quando vejo penso que o paciente está com câncer, em quimio, com uma leucemia, ou em AIDS. Quando passo a gaze removo tudo isso, tenho que entrar com medicação sistêmica, o bochecho é complementar. Tem que limpar, paciente chora para limpar, dói, não consigo remover tudo de pseudomembranas - vou remover a maior quantidade possível de pseudomembrana para desagregar, com gaze encharcada em soro e em antifúngico e remover a maior quantidade possível. TTO Local: daktarin gel oral e bochecho nistatina 100.000UI/ml 5 x ao dia Leucoplasia pilosa oral 1. Lesão muito relacionada a imunossupressão 2. Sugere diagnostico de HIV 3. Indicadora de progressão da doença 4. CD4 abaixo de 200 é quando ela aparece 5. Placas brancas formam traves brancas que lembram pelos, em borda de língua 6. Faço diagnóstico diferencial para leucoplasia - diferenciação vem pelo histopatológico ou pela captura hibrida TTO Tópico: Ácido retinoico Sistêmico: Anti viral sistêmico (aciclovir) - não se vê remissão espontânea Neoplasias malignas associadas ao HIV: Neoplasias malignas Sarcoma de kaposi 1. Neoplasia associada a outro tipo de herpes 2. Pode ser um nódulo, uma mancha, uma placa - tem manifestação polimorfa, vários podem ser os tamanhos. 3. É uma neoplasia maligna - só aparecem em supressão severa (abaixo de 200 CD4) 4. TARV (terapia antirretroviral) não é tratamento do sarcoma, mas como o paciente está com imunossupressão se eu inicio o TARV eu melhoro o aspecto clinico da lesão 5. A imunossupressão reativa o vírus da herpes, e permitem que vírus oncogênicos se manifestem Kauanne C. Pacheco 35 TTO: quimioterapia, além do TARV pro HIV. Diagnostico: biopsiar; é histopatológico Linfoma Não-Hodkin Origem: células B(geralmente) É a 2ª neoplasia maligna mais comum em pacientes com AIDS. Também é um marcador de imunossupressão Região acometida: SNC e sítios da boca Diagnostico do linfoma: histopatológico- através das biopsias. Ou imunohistotipagem Doenças periodontais associadas ao HIV Normalmente não estão muito associadas ao acumulo de biofilme. Normalmente aparece numa contagem de CD4 < 300 Eritema gengival linear Acontece de forma difusa ao redor da gengiva marginal livre Normalmente aparece CD4 menor de 300 celulas Gengivite ulccerativa necrosante (GUN)/ periodontite ulcerativa necrosante (PUN) Quadro agudo exuberante em um curto período de tempo - paciente novo, sem histórico de doença periodontal, sem perda óssea, quadro atipico severo em pouco tempo, em uma situação de imunossupressao eu posso suspeitar. Removo o biofilme, instituo medidas de higiene e não consigo resolver o quadro da doença periodontal - tenho um fator imunologico associado. TTO: Debridamento + irrigação com povidona-iodina; controle de higiene, raspagem e profilaxia dento radicular; bochecho com clorexidina, casos graves: antibioticoterapia sistêmica e proservação. É preciso melhorar o caso de imunossupressão pra melhorar a condição periodontal! TERAPIA ANTIMICROBIANA 1ª. Escolha Amoxacilina – 2g V.O. 1h antes Amplicilina – 2g I.M. ou E.V. 30min antes 2a. Escolha Clindamicina – 600mg V.O. 1h antes Cefalexinaou Cefadroxil – 2g V.O. 1h antes Kauanne C. Pacheco 36 DOENÇA HEPÁTICA A disfunção hepática pode ser atribuída a diversas causas, incluindo hábitos de vida e outras condições e infecções adquiridas. O fígado possui papel vital nas funções metabólicas, incluindo secreção da bile necessária para absorção da gordura, conversar do açúcar em glicogênio e excreção de bilirrubina. Muitas funções realizadas pelo fígado, como a síntese de fatores de coagulação e metabolismo de medicamentos, podem estar adversamente afetadas no paciente odontológico com doença hepática aguda ou crônica. Assim, juntamente com o comprometimento do metabolismo, sangramento significativo pode ser um problema! HEPATITE Inflamação do fígado que pode resultar de hepatites virais, hepatite por mononucleose infecciosa e hepatite secundaria a sifilis e tuberculose. Assim como uso excessivo e prolongado de substâncias tóxicas como drogas e álcool. Kauanne C. Pacheco 37 HEPATITE A O vírus da hepatite A (HAV) tem sua transmissão quase que exclusivamente pela contaminação fecal de alimentos ou agua, usualmente em viagens para regiões endêmicas ou pelo contato direto com uma pessoa infectada. Tende a ser pouco grave e autolimitante, dura 2 semanas e geralmente não é diagnosticada - mas, o diagnostico pode ser feito pelos sinais e sintomas como fadiga, febre, linfadenopatia, desconforto gastrointestinal, suores noturnos e possivelmente icterícia. Exame sorológico: anti-HAV IgM e anti-HAV IgG HEPATITE B Causada por um vírus que apresenta três porções antigênicas (HBsAg, HBcAg e HBeAg) e seus anticorpos específicos (anti-HBS, anti-HBc e anti-HBe) - o HBcAg só é encontrados nos hepatócitos e, portanto, não aparece na sorologia tornando o diagnóstico mais complexo! O anticorpo responsável em combater a infecção é o anti-HBs, que sinaliza uma imunidade de longa duração, os anticorpos correspondentes anti-HBc IgG e anti-HBc IgM são indicadores de infecção recente. O antígeno precoce da hepatite B (HBeAg) se relaciona com a infectividade pela hepatite B! Pode ser transmitida pela exposição percutânea e permucosa - a mais frequente é a via sexual: 1. Inoculação percutânea direta, transfusão de sangue ou hemoderivados infectados (soro, plasma, concentrado de fatores), compartilhamento de agulhas, tatuagens e piercings 2. Introdução percutânea indireta de soro ou plasma infectado através de minúsculos cortes cutâneos ou abrasões 3. Absorção de soro ou plasma infectado pela superfície mucosa da boca ou olhos 4. Absorção de secreções infectadas, como saliva ou sêmen, pelas superfícies mucosas, como pode ocorrer após contato heterossexual ou homossexual 5. Transferência de soro ou plasma infectado pela superfície de objetos inanimados ou possivelmente através vetores. Entre os CD o risco de ocorrência da hepatite B é de 7,8% a 9,9% para clínicos e 21% para cirurgiões orais. Kauanne C. Pacheco 38 HEPATITE C É a causa mais comum de infecção crônica transmitida através do sangue, maior risco em usuários de drogas injetáveis, pacientes em hemodiálise, pessoas com múltiplos parceiros sexuais e profissionais da saúde expostos a sangue. HEPATITE D O HDV ocorre somente em pacientes com infecção pelo HBV, como uma co-infecção ou superinfecção, o antígeno da hepatite D (HDAg) e seu anticorpo (anti-HDV) podem ser detectados em exames sorológicos. TRANSMISSÃO OCUPACIONAL Pouco ou nenhum risco de transmissão do HAV e HEV e vírus da hepatite não-A-E tem sido relatado, resultante da exposição ocupacional de profissionais de saúde oral a pessoas infectadas com esses vírus. Em contra-partida, existe risco de transmissão do HBV e um menor risco de transmissão do HCV, após exposição ocupacional a sangue ou fluidos sanguíneos infectados. O HCV é menos infeccioso e transmitido com menos eficácia do que o HBV! Após injúria percutânea ou outra lesão cortante de profissionais de saúde e exposição a sangue contaminado, o risco relatado de aquisição do HBV varia de 6% a 30%, com potencial de infectividade correlacionando-se com o HBeAg no soro (i.e., o soro com HBeAg e com HBsAg pode ser 10 vezes mais infectante do que o soro com HBsAg apenas). FISIOPATOLOGIA E COMPLICAÇÕES A maioria dos casos de hepatites virais, principalmente os tipos A e E, resolve-se sem complicações. O HBV, HCV e HDV podem persistir e se replicar no fígado enquanto o vírus não for completamente eliminado do órgão. 1. Hepatite Fulminante 2. Infecção Crônica: A infecção crônica (estado de portador) é caracterizada pela persistência de níveis baixos do vírus no fígado e dos antígenos virais no soro (HBsAg, HBeAg e antígeno viral da hepatite C [HCVAg]) por mais de 6 meses, sem sinais de doença hepática - os indivíduos com essa condição são potencialmente contagiosos!!! O estado de portador pode persistir durante décadas ou pode causar doença hepática pela evolução para hepatite crônica ativa - a hepatite crônica ativa é caracterizada pela replicação do vírus ativo no fígado; HBsAg, HBeAg ou HCVAg no soro; sinais e sintomas de doença hepática crônica; necrose persistente das células hepáticas e enzimas hepáticas elevadas por mais de 6 meses. Kauanne C. Pacheco 39 SINAIS E SINTOMAS 1. Fase prodrômico (pré-icterícia): dor abdominal, anorexia, vômitos, fadiga, mialgia, mal estar e febre; 2. Fase ictérica: anunciada pelo início da icterícia clínica, aspecto amarelo-acastanhado dos olhos, pele, mucosa oral e urina. Muitos sintomas prodrômico inespecífico podem diminuir, mas os sintomas gastrointestinais (p. ex., anorexia, náusea, vômitos, dor no quadrante superior direito) podem aumentar, sobretudo no início da fase. Hepatomegalia e esplenomegalia são vistas freqüentemente. 3. Fase de convalescença ou recuperação (pós-ictérica): sintomas desaparecem, mas a hepatomegalia e os valores anormais da função hepática podem persistir por um período variável. 4. Hepatite crônica: está associada a anormalidades do fígado, mas geralmente é assintomática durante 10 a 30 anos, sintomas inespecífico da hepatite crônica tipo C (perda de peso, fadiga com mínimos esforços, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, dor no quadrante superior direito e desconforto à palpação do fígado) podem não estar aparentes até o aparecimento da fibrose hepática, cirrose ou carcinoma hepatocelular. ACHADOS LABORATORIAIS Os exames sorológicos antígeno/anticorpo são necessários para a identificação do agente viral e para distinção das infecções aguda, resolvida e crônica. O monitoramento do tempo de protrombina é importante, pois pode se tornar elevado, sobretudo em doença mais extensa, que resulta em destruição das células hepáticas - pode ocorrer hemostasia anormal, caso o tempo de protrombina esteja bastante elevado. RELAÇÕS SOROLÓGICAS QUE OCORREM DURANTE A INFECÇÃO HBV 1. Os primeiros marcadores que aparecem no sangue são o HBsAg, o HBeAg e o HBV DNA, seguidos pelos anticorpos contra o nucleocapsídeo viral (anti-HBc IgM e anti- HBc IgG) - os anticorpos IgM são marcadores da infecção aguda e os anticorpos IgG contribuem para o controle da doença e indicam imunidade. 2. A presença do antígeno de superfície viral (HBsAg) pode ser detectada em níveis elevados no soro durante a infecção aguda ou crônica; o paciente é infectante! 3. O anticorpo contra o antígeno de superfície (anti-HBs) indica exposição prévia ao HBV, vacinação contra o HBV ou profilaxia com imunoglobulina hiperimune para hepatite B - indica recuperação e imunidade. Se o HBsAg estiver presente, assim como o seu anticorpo (anti-HBs), o anticorpo é ineficaz e o paciente possui hepatite crônica. 1. O anti-HBc aparece no inicio dos sintomas de infecção aguda e persiste por toda a vida - a sua presença indica infecção previa ou continua com HBV; 2. A janela ocorre entre a 24a e a 28a semana, quando nem o HBsAg e nem o anti-HBs podem estar presentes; KauanneC. Pacheco 40 3. O antígeno do nucleocapsídeo do vírus da hepatite B (HBcAg) está presente no fígado e não é secretado durante a doença aguda ou crônica, porém desencadeia uma resposta por anticorpos; 4. O HBeAg é uma forma truncada do HBcAg que é secretada no sangue - a presença do HBeAg está correlacionada à alta infectividade, já o anticorpo contra o HBeAg (anti-HBe) é um indicador da diminuição da infectividade e de recuperação. 5. Os marcadores diagnósticos que mais fielmente prevêem a hepatite B aguda são o HBsAg e o anti-HBc IgM. O curso clínico é variável: Alguns vão ser doentes crônico inativos, tomam o antivírus e o vírus não se replica. E tem o crônico ativo, que apesar de ele tomar a medicação o vírus replica, a pessoa pode ter cirrose ou carcinoma hepatocelular (o próprio processo de replicação do vírus causa o efeito carcinogênico). Se a pessoa tem HBsAg reagente eu não consigo dizer se esse doente é crônico, ativo, inativo, eu só consigo dizer que essa pessoa tem infecção por hepatite B. Em que momento eu determino se é crônico? Se tiver resultado persistente em sangue periférico por mais de 6 meses. Anti-HBs reagente - anticorpo produzido ao vírus, ou eu sou vacinado ou eu entrei em contato com o vírus e fui curado, para quem tomou vacina tem que ter o anti-HBs reagente. Kauanne C. Pacheco 41 Antígeno E (HBeAg) - é o que diz pra mim se eu tenho um doente crônico ativo ou inativo, quanto maior a titulação maior é a taxa de replicação dessa pessoa, maior é a carga viral, se eu pensar em um acidente perfurocortante isso significa que meu risco microbiologico de soroconverter é maior. Ele é produzido apenas em situações de replicação viral. Portanto, quando é positivo na infecção crônica, indica maiores chances de evolução para cirrose. Se eu tenho um paciente com diagnostico com mais de 6 meses de doença e se eu tenho HBeAg alto eu tenho um doente crônico ativo, ou seja tem o vírus até hoje crônico ativo e esse vírus está com taxa de replicação alta. Quem vai evoluir mais rápido para uma cirrose ou um carcinoma vai ser um doente crônico ativo. Anti-HBe - quando é detectado o anti-HbeAg (o anticorpo), indica ausência de replicação viral e menor chance de evolução para cirrose. Nos casos agudos, o anti-HbeAg significa alta chance de cura da doença. O anti-Hbc são anticorpos da hepatite B, IgG, produzidos contra o antígeno do núcleo do vírus da hepatite B. Esse marcador indica contato prévio com o vírus. Portanto, está presente no momento da infecção ou após a resolução da infecção. É através dele que sabemos se a pessoa já teve contato com o vírus, mas não indica se a infecção está presente ou não. Kauanne C. Pacheco 42 TRATAMENTO ODONTOLÓGICO Todos os pacientes com uma história de hepatite viral devem ser considerados como se fossem potencialmente infecciosos devido a dificuldade de identificação de portadores potenciais ou verdadeiros durante a anamnese. Recomenda-se as praticas de controle de infecções na odontologia publicadas pelo CDC e pela ADA: todos os profissionais de saúde oral que realizam atendimento a pacientes devam ser vacinados contra o vírus da hepatite B e implementem medidas de precauções universais. PACIENTES COM HEPATITE ATIVA Nenhum tratamento odontológico, além de cuidados de urgência, deve ser executado, a menos que o paciente esteja clinica e bioquimicamente recuperado - os cuidados de urgência devem ser realizados somente com isolamento do campo operatório e com adesão estrita as precauções padrão, uso de aerossóis diminuído e as drogas metabolizadas pelo fígado deveriam ser evitadas o máximo possível. - Caso necessite cirurgia: verificar o tempo de protrombina e o tempo de sangramento pré-operatórios, e os resultados anormais discutidos com o médico. PACIENTES COM HISTÓRIA DE HEPATITE Esses casos podem ser essencialmente assintomáticos ou podem se assemelhar a uma doença virai branda e, por essa razão, permanecerem indetectáveis. O único método prático para promover proteção para esses indivíduos e de outros pacientes com doenças infecciosas indetectáveis é adotar um programa rigoroso de assepsia clínica para todos os paciente. Uma consideração adicional para os pacientes com história de hepatite de tipo desconhecido é o uso de exames laboratoriais para avaliar a presença do HBsAg ou anticorpos anti-HCV Isso pode ser indicado mesmo em pacientes que relataram, especificamente, qual o tipo de hepatite que apresentaram, pois informação desse tipo vinda da anamnese do paciente não é confiável em 50% das vezes. PACIENTES COM ALTO RISCO DE INFECÇÃO POR HBV OU HCV Recomenda-se a avaliação para HBsAg e anticorpos anti-HCV para grupos que apresentam um risco excepcionalmente alto para essas infecções, a não ser que ele já saiba ser soropositivo. Mesmo se encontrar um paciente portados, teoricamente nenhuma modificação no plano de tratamento seria necessária, contudo essa informação pode ser benéfica para a modificação do estilo de vida do paciente. O paciente pode apresentar hepatite crônica ativa não detectada, que poderia ocasionar complicações hemorrágicas ou problemas com o metabolismo de drogas! PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE Caso um paciente seja portador de hepatite B (HbsAg-positivo) ou possua história de hepatite C, medidas padrão de precaução devem ser seguidas para prevenir a transmissão da infecção. Além disso, algum portadores de hepatite podem ter hepatite Kauanne C. Pacheco 43 crônica ativa, ocasionando comprometimento da função hepática e interferindo na hemostasia e no metabolismo de medicamentos. Consulta médica e exames laboratoriais para avaliação da função hepática são recomendados para a determinação da situação atual e de riscos futuros. PACIENTES COM SINAIS OU SINTOMAS DE HEPATITE Qualquer paciente com sinais ou sintomas sugestivos de hepatite não deveria ser submetido a tratamento odontológico eletivo, mas deveria ser encaminhado, imediatamente, para um médico. As emergências odontológicas necessárias devem ser realizadas com uso de isolamento do campo operatório e com produção mínima de aerossol. Kauanne C. Pacheco 44 As transaminases séricas (aspartato aminotransferase [AST], transaminase glutâmica oxalacética, alanina aminotransferase [ALT], transaminase glutâmica pirúvica sérica) são indicadores sensíveis de injúria hepática e hepatite viral aguda; a ALT é o indicador mais específico. ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS Nenhuma consideração especial sobre medicamentos é necessária para um paciente completamente recuperado da hepatite viral. No entanto, caso um paciente possua hepatite crônica ativa ou seja um portador de HBsAg ou HCV e apresente comprometimento da função hepática, a dose dos medicamentos metabolizados pelo fígado deveria ser diminuída ou esses medicamentos deveriam ser evitados, se possível conforme recomendado pelo médico. Como uma diretriz, deveria-se considerar a diminuição da dose de drogas metabolizadas pelo fígado quando uma ou mais das situações estiverem presentes: 1. Aumento dos níveis de aminotransferases em mais de quatro vezes os valores normais 2. Aumento da bilirrubina sérica em mais de 35 p..M/L ou 2 mg/dL Níveis de albumina sérica menores que 35 mg/L 3. Sinais de ascite e encefalopatia e aumento do tempo de sangramento Muitas drogas comumente utilizadas na Odontologia são metabolizadas principalmente pelo fígado; estas podem ser usadas em pacientes com doença hepática que não seja severa, porém em quantidade limitada - a quantidade de três tubetes de lidocaína a 2% (120 mg) é considerada uma dose limítrofe da droga. Kauanne C. Pacheco 45 MANIFESTAÇÕES E COMPLICAÇÕES ORAIS O sangramento anormal está associado a hepatite e dano hepático significativo, isso pode resultar da síntese anormal dos fatores de coagulação do sangue. Antes de se realizar qualquer cirurgia, deveria ser obtida a contagem de plaquetas e confirmada se a razão
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