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DESASTRE FERROVIARIO - ITAÚNA DÉCADAS

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DESASTRE FERROVIÁRIO 
 
 
 Trem sai dos trilhos em Itaúna 
 1964
RMV PB-3
https://itaunaemdecadas.blogspot.com/
Domingo, 19 de JANEIRO DE 1964
 Um trem da RMV - Rede Mineira de Viação - descarrilou entre as
estações de Angicos e Santanense, resultando na morte de oito pessoas
e deixando mais de cinquenta feridos. O acidente ocorreu devido ao
excesso de velocidade, com três vagões descarrilados. O maquinista
fugiu após o ocorrido. 
 O resgate dos corpos durou doze horas, com algumas vítimas presas
entre as ferragens. A maioria dos passageiros estava a caminho de
assistir a um jogo de futebol em Itaúna. Parentes das vítimas acenderam
fogueiras nas proximidades enquanto aguardavam o reconhecimento
dos corpos. A RMV atribuiu a principal causa do acidente à inadaptação
dos velhos carros ao novo traçado da linha. O desastre aconteceu
quando o trem entrou em alta velocidade numa curva. O acesso ao local
era difícil, o que complicou os esforços de resgate. 
 O pânico se espalhou entre os passageiros após o descarrilamento,
com muitos tentando fugir. Oito pessoas foram identificadas como
mortas, incluindo funcionários da RMV, um gerente de banco e um
jogador de futebol juvenil. Alguns passageiros deixaram familiares,
incluindo crianças órfãs. Os feridos foram levados para o hospital de
Itaúna, incluindo um menino chamado Gerson, cujos pais não foram
encontrados.
 O prefeito de Carmo do Cajurú prestou homenagem a um amigo
falecido, enquanto uma mulher que estava no trem foi recebida pelo
marido na estação com o corpo da esposa. Um conferente da RMV e um
jovem jogador de futebol estavam entre os mortos. Um relatório sobre
as causas do desastre foi preparado, mas não divulgado. O fiscal que
estava no trem escapou ileso e planeja relatar o incidente à direção da
empresa.
 
Nota: Este resumo é baseado no texto original do trágico acidente em 1964, onde os
leitores podem verificar com mais detalhes a reportagem feita na época.
1
BELO HORIZONTE, 21 (UH) — Oito pessoas morreram, e mais de
cinquenta ficaram feridas, no desastre ocorrido na tarde de
domingo, entre as estações de Angicos e Santanense, quando o
trem elétrico da RMV — Rede Mineira de Viação — de prefixo PB-3,
que saiu de Divinópolis às 13:30h com destino a Belo Horizonte, teve
três vagões descarrilados, por excesso de velocidade. O maquinista,
L.H. fugiu, ao flagrante.
 Só na madrugada de ontem — doze horas depois do desastre — a
turma do socorro conseguiu retirar os cadáveres que estavam
imprensados entre as ferragens. Um casal morreu abraçado,
deixando órfãos um menino de quatro anos e uma menina de dois.
Uma criança, de 4 anos, está internada no Hospital de Itaúna, mas
não sabe dizer os nomes de seus pais que estavam no trem PB-3.
Algumas enfermeiras já querem criá-lo, caso seus pais não
apareçam.
 A maioria dos passageiros ia de Divinópolis para Itaúna, assistir ao
jogo de futebol do Guarani contra o campeão da 1ª Divisão.
Enquanto esperavam o guindaste suspender o vagão onde estavam
imprensados os mortos, parentes das vítimas acendiam fogueiras
nas proximidades, aguardando o momento do reconhecimento dos
corpos. A direção da RMV — Rede Mineira de Viação — diz que a
causa principal do desastre é a inadaptação dos velhos carros ao
novo traçado da linha.
2
O DESASTRE — O desastre ocorreu às 14:20h, quando um trem
elétrico, de prefixo PB-3, entrou em alta velocidade numa curva
disfarçada. Pessoas que viajavam no elétrico afirmam que, desde a
estação de Divinópolis, o trem PB-3 estava em alta velocidade. O local
é de difícil acesso, pois não possui estrada de rodagem, o que
prejudicou muito a ida da turma de socorro. Depois do
descarrilamento do primeiro vagão, o pânico se estabeleceu dentro
dos outros, levando muitos passageiros a pelarem fora. O choro de
algumas crianças contrastava com os pedidos de socorro dos mais
velhos, que se encontravam imprensados, entre as ferragens.
MORTOS — Às duas horas da madrugada, o sargento Antônio
Ferreira da Silva identificou os mortos. Eis a relação: Olavo dos Santos
(conferente da RMV), Maria José Carvalho, Elísio Guimarães (gerente
do Banco da Lavoura, em Passa Tempo), Teresa Guimarães de Oliveira
(esposa de Elísio), Dionísio da Silva Araújo (sapateiro e jogador do
juvenil do Guarani), Osvaldo Tarcísio Moreno, lavrador), Joaquim
Lopes Goulart (aposentado da RMV), e Origenes Paranhas (pedreiro
em Carmo do Cajurú).
DESTINO — O prefeito de Carmo do Cajurú, Sr. João da Mata
Nogueira, foi ver o cadáver de seu amigo de infância Elísio Guimarães,
que era gerente do Banco da Lavoura em Passa Tempo. Não resistiu e
lágrimas desceram de seus olhos, quando se aproximou do corpo de
Teresa Guimarães de Oliveria, esposa de seu amigo Elísio. O casal
deixa dois filhos menores, ainda não sabem da morte de seus pais e
acreditam que eles estão fazendo uma longa viagem. Elísio Guimarães
tinha 36 anos, e vinha a Belo Horizonte para uma consulta médica.
 Uma visita de consolo à uma comadre foi o que levou dona Maria
José de Carvalho, a Divinópolis. Lá ficou um dia e, na estação daquela
cidade, despediu-se dizendo “até a próxima semana”. Seu marido, o
operário Francisco Pereira de Carvalho, esperou-a na estação de
Bernardo Monteiro, recebendo o cadáver sob os olhares curiosos de
alguns desconhecidos. Sua vizinha, mulher do Sr. José Diniz, viajava ao
lado de dona Maria José, e diz que ela foi valente até na hora da
morte: Pedia que seus filhos fossem amparados, e gritava para ser
retirada dali. 
3
MÉDICO — Olavo dos Santos era conferente da RMV, e queria chegar
domingo à noite a Belo Horizonte. Quando os gritos e choro das
mulheres e crianças, saltou do trem em busca da salvação, e isso para
ele significou a morte. Sua morte foi sentida por todos os ferroviários
da região, pois Olavo dos Santos era muito estimado pelos colegas. 
O SONHO — No caminho, o jovem de 20 anos, Dionísio ia contado ao
seu companheiro de poltrona alguns dos seus sonhos: queria servir ao
Exército e depois ser jogador profissional do Guarani, time de futebol
que defendia como juvenil. Seu irmão, José Pedro da Silva foi busca-lo,
depois de morto, chorando. Como torcedor do Guarani, Dionísio
viajava para assistir ao jogo com o time de Itaúna. Já o sr. Joaquim
Lopes Goulart, não teve parentes para chorar sua morte. Não sabiam
que ele era um dos passageiros do PB-3. A polícia tirou de seus bolsos
uma carteira contendo Cr$ 1.500,00 cruzeiros, um relógio que marcava
a hora do desastre — 14h 20m — uma penca de chaves e uma caneta. 
INQUÉRITO — A Rede Mineira mandou transportar os corpos para as
casas de seus parentes, e deu toda a assistência às famílias das
vítimas. O delegado de Itaúna, Afonso de Figueiredo Murta,
acompanhado do Sargento Antônio Ferreira e de dois soldados,
permaneceu no local até às 3 horas da madrugada, quando os
trabalhos foram suspensos. O engenheiro Jôfre Loureiro ali esteve
durante o dia e a noite, dirigindo os trabalhos de remoção dos
cadáveres e concerto da linha. O diretor da RMV, o sr. Roberto
Carneiro, compareceu ao local do desastre, e disse que o inquérito vai
mostrar quais foram as causas do acidente, para que os responsáveis
sejam punidos. 
4
FERIDOS — Estão internados no hospital de Itaúna, as seguintes
pessoas: Otacir Nunes Contagem, Wilson Pereira da Silva, Osvaldo de
Araújo, Geraldo Joaquim dos Santos, Maria José de Jesus e Alcides
Antunes, além do mesmo Gerson. Os feridos foram atendidos por
quatro médicos, todos da cidade de Itaúna: Virgílio Gonçalves de
Souza, Ronaldo Aguiar, José de Campos e José Simonini. Mais tarde,
chegaram outros quatro médicos de Belo Horizonte e Divinópolis.
O MENINO GERSON — Um menino pretinho, com aparência de
quatro anos, chorava muito no hospital de Itaúna, chamando por seus
pais. Os médicos e as enfermeiras, não sabem explicar como o menino
Gerson foi parar sozinho no Hospital. Apresenta queimaduras na
cabeça e num dos braços. O menino não diz os nomes de seus pais, e
grita sempre por “mamãe”. As enfermeiras já gostam dele, e muitas já
querem criá-lo casoseus pais não apareçam. 
RELATÓRIO — O fiscal Cincinato Alves, que viajava no trem PB-3, já
preparou um relatório para a direção da Rede Mineira de Viação,
mostrando quais foram as causas do desastre. Embora nada queira
adiantar, o fiscal Cincinato diz que escapou por milagre e que o trem
viajava cheio. Conta que há 38 anos viaja nos trens da RMV, e que tem
três filhos menores. 
5
Referências:
Pesquisa, arte e elaboração: Charles Aquino - Historiador
nº 343/MG
Fonte impressa Jornal: Última Hora, 21 de janeiro, 1964,
ed.04261, p.7. - Acervo Hemeroteca Digital Brasileira.
Apoio Cultural & Histórico: Itaúna Décadas
Maio/2024
6
https://www.linkedin.com/in/charles-aquino-762981104/
https://itaunaemdecadas.blogspot.com/
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