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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ 
 
ELMANO de FREITAS da Costa 
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ 
 
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS 
 
SAMUEL ELÂNIO de Oliveira Júnior - DPF 
SECRETÁRIO DA SSPDS 
 
ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE 
 
Clauber Wagner Vieira DE PAULA – CEL PM 
DIRETOR-GERAL DA AESP|CE 
 
KAMILLY Távora CAMPOS Petrola - DPC 
DIRETORA DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE 
 
Francisco EDINALDO do Vale Cavalcante – DPC 
COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE 
 
José ROBERTO de Moura Correia – TC PM 
COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO DA AESP|CE 
 
Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – MAJ PM 
SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE 
 
MÔNICA Pontes Rodrigues 
ORIENTADORA DA CÉLULA DE ENSINO A DISTÂNCIA DA AESP|CE 
 
CURSO DE HABILITAÇÃO A SARGENTO BOMBEIRO MILITAR - CHS BM/2023 
 
DISCIPLINA 
ATUAÇÃO DO CBM DIANTE DE DESASTRES 
 
CONTEUDISTA 
Aluizio Souza Freitas 
 
FORMATAÇÃO 
JOELSON Pimentel da Silva – 1º SGT PM 
 
• 2023 • 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
ATUAÇÃO DO CBM DIANTE DE DESASTRES ......................................................................... 1 
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 1 
UNIDADE 1 – ESTUDO DOS DESASTRES .............................................................................. 2 
1.1 Tipos de Desastres ..................................................................................................... 3 
1.2 Desastres no Brasil ..................................................................................................... 4 
1.3 Desastres no Ceará ..................................................................................................... 8 
UNIDADE 2 – GESTÃO DE DESASTRES ............................................................................... 14 
2.1 Atuação Integrada na Gestão de Desastres .............................................................. 16 
2.2 Resposta a Desastres ................................................................................................ 24 
2.3 Recuperação de Cenários de Desastres .................................................................... 37 
2.4 Aspectos Administrativos da Gestão de Desastres ................................................... 40 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 52 
ANEXO ÚNICO – Codificação Brasileira de Desastres (COBRADE) ..................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
1 
ATUAÇÃO DO CBM DIANTE DE DESASTRES 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Caro(a) aluno, 
 
De forma semelhante ao restante do País, o estado do Ceará é acometido por 
desastres predominantemente relacionados às chuvas, seja pela sua ausência, seja pela 
sua intensidade. 
Para gerir esse cenário, no ano de 2007, o órgão responsável pela proteção e defesa 
civil no Ceará, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), passou a integrar a 
estrutura do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), órgão vinculado à 
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social. 
Com a nova missão agregada em 2007, o CBMCE passou a atuar de forma mais 
abrangente na gestão de desastres no Ceará. Além das atividades tradicionais de combate 
a incêndios; proteção, busca e salvamento de pessoas e bens; bem como o socorro de 
emergência pré-hospitalar, a Corporação assumiu a missão de, junto aos órgãos setoriais 
e de apoio do sistema de proteção e defesa civil, gerir os recursos de resposta e de 
recuperação de cenários de desastres. 
Nesse sentido, esta apostila, do componente curricular "Atuação do CBM diante de 
Desastres", foi produzida com o objetivo de agregar boas práticas e conhecimentos para 
que você, aluno do Curso de Habilitação a Sargento Bombeiro Militar (CHS BM), possa 
atuar em desastres com técnica apurada, abnegação e motivação. 
Para a produção deste conteúdo, foram observadas as disposições da matriz 
curricular nacional para ações formativas dos profissionais da área de segurança pública, 
elaborada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, em 
2014. 
Esta apostila está dividida em 02 (duas) unidades: (I) Estudo dos desastres; e (II) 
Gestão de Desastres. Essa divisão foi adotada para facilitar o entendimento dos cenários 
de desastres locais, bem como da atuação integrada do CBMCE na gestão de desastres, 
incluindo os aspectos administrativos desse gerenciamento, visando ao célere retorno à 
normalidade social. 
 
2 
Serão necessários esforço e dedicação para a assimilação aprofundada dos assuntos 
tratados neste material. Contudo, esse processo será facilitado tendo-se em mente que o 
pleno cumprimento dessa missão confiada ao CBMCE depende da máxima contribuição 
de todos os seus integrantes. 
Bons estudos! 
 
UNIDADE 1 – ESTUDO DOS DESASTRES 
 
Objetivos: 
• Compreender os conceitos relacionados à definição de desastre; 
• Conhecer os diferentes tipos de desastres codificados no Brasil; 
• Conhecer os principais desastres ocorridos no Brasil e suas características; e 
• Conhecer e saber diferenciar os principais desastres ocorridos no Ceará, bem 
como suas consequências danosas. 
 
Inicialmente serão apresentados a você alguns conceitos importantes para o estudo 
dos desastres. 
O que é desastre? Segundo Brasil (2020b), desastre é o “resultado de eventos 
adversos, naturais, tecnológicos ou de origem antrópica, sobre um cenário vulnerável 
exposto a ameaça, causando danos humanos, materiais ou ambientais e consequentes 
prejuízos econômicos”. 
Os eventos adversos, que podem ser considerados "gatilhos" dos desastres, são os 
fenômenos naturais ou acontecimentos inoportunos e prejudiciais resultantes da ação ou 
omissão humana, fugindo da normalidade. São exemplos de eventos adversos: chuvas 
intensas, vendavais, sismos, incêndios e rompimentos de barragens. 
Quando ocorrem eventos adversos em áreas vulneráveis, é provável que ocorram 
danos e consequentes prejuízos associados a esses danos. São os danos e prejuízos que 
caracterizam a ocorrência do desastre. Ou seja, se um evento adverso natural ou humano 
ocorrer sem causar danos, não é considerado um desastre. 
O dano de um desastre é, então, o resultado das perdas humanas, materiais ou 
ambientais infligidas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e aos 
ecossistemas afetados (BRASIL, 2020b). Assim, há três tipos de danos: humanos, 
 
3 
materiais ou ambientais. 
O prejuízo é a “medida de perda relacionada com o valor econômico, social e 
patrimonial, de um determinado bem, em circunstâncias de desastre” (BRASIL, 2020b). 
Logo, o prejuízo é o valor monetário correspondente à recuperação ou reposição do bem 
atingido pelo desastre, tendo em vista o retorno à normalidade. Os prejuízos podem ser 
públicos ou privados. 
Após esse detalhamento dos conceitos relacionados à definição de desastre, você 
aprenderá a seguir os diferentes tipos de desastres, bem como terá um panorama da 
ocorrência desses infortúnios no Brasil e no Ceará. 
 
1.1 Tipos de Desastres 
 
Para possibilitar estudos fundamentados em estatísticas padronizadas, inclusive em 
nível internacional, a partir de 2012 o Brasil adotou a Codificação Brasileira de Desastres 
(COBRADE), na qual estão tipificados todos os eventos que podem ser considerados 
desastres no País. 
Segundo a COBRADE, atualmente estabelecida na Instrução Normativa nº 36/2020, 
do Ministério do Desenvolvimento Regional (BRASIL, 2020b), os desastres podem ser de 
duas origens: naturais ou tecnológicos. 
São denominados naturais os desastres originados por processos ou fenômenos 
naturais, e tecnológicos aqueles causados por condições tecnológicas ou industriais, 
incluindo falhas humanas e problemas de infraestrutura. 
Na COBRADE, os desastres naturais são divididos em cinco grupos (os quais sesubdividem em subgrupos): geológicos (terremoto, emanação vulcânica, movimento de 
massa e erosão), hidrológicos (inundações, enxurradas e alagamentos), meteorológicos 
(sistemas de grande escala/escala regional, tempestades e temperaturas extremas), 
climatológicos (seca) e biológicos (epidemias e infestações/pragas). 
Cada subgrupo de desastre natural pode conter tipos e subtipos de desastres. Por 
exemplo, o subgrupo infestações/pragas contém três tipos de desastres: infestações de 
animais, infestações de algas e outras infestações; sendo que o tipo “infestações de algas” 
contém dois subtipos de desastres: marés vermelhas e cianobactérias em reservatórios. 
 
 
4 
Os desastres tecnológicos, conforme a COBRADE, também se dividem em cinco 
grupos, relacionados a substâncias radioativas, produtos perigosos, incêndios urbanos, 
obras civis e transporte de passageiros e cargas não perigosas. 
Cada grupo de desastre tecnológico pode conter subgrupos e diferentes tipos de 
desastres. Por exemplo, o grupo de desastres relacionados a produtos perigosos contém 
quatro subgrupos, relacionados a: (i) desastres em plantas e distritos industriais, parques 
e armazenamentos com extravasamento de produtos perigosos; (ii) contaminação da 
água; (iii) conflitos bélicos; e (iv) transporte de produtos perigosos; sendo que o subgrupo 
“transporte de produtos perigosos” contém seis tipos de desastres, relacionados ao 
transporte: rodoviário, ferroviário, aéreo, dutoviário, marítimo e aquaviário. 
No Anexo Único desta apostila você encontrará a COBRADE completa. Confira nela 
os diversos tipos desastres codificados. 
Na seção a seguir, você terá um panorama dos desastres ocorridos no Brasil nas 
últimas décadas. Esse estudo é necessário para, a partir do contexto nacional, entender a 
realidade local. 
 
1.2 Desastres no Brasil 
 
O estudo dos diferentes tipos de desastres aos quais o país está sujeito é importante 
para a tomada de decisões técnicas e atualização das políticas de proteção e defesa civil. 
Em duas décadas recentes, houve um aumento considerável não apenas da 
frequência de desastres registrados no Brasil, mas também dos danos e prejuízos deles 
resultantes, com impactos cada vez mais intensos. Esse quadro é consequência de 
diversos fatores de vulnerabilidade, tais como o crescimento desordenado das cidades – 
sem ocupação e ordenamento territorial adequados –, isso diante de eventos adversos 
intensificados pelas mudanças climáticas (UFSC, 2015). 
No Gráfico 1, extraído do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, é possível observar 
uma tendência de aumento do percentual anual de registros de desastres naturais no 
Brasil no período de 1991 a 2012. O total de registros nesse período foi de 38.966. 
 
 
 
 
5 
GRÁFICO 1 – Percentual anual de desastres naturais registrados no período de 1991 
a 2012 
 
 
Fonte: UFSC (2013a, p. 34). 
 
Segundo a Universidade Federal de Santa Catarina (2013a), a constante evolução da 
estrutura dos órgãos de proteção e defesa civil, que passaram a registrar as ocorrências 
de forma mais sistemática, também favoreceu o aumento do registro de desastres nos 
últimos anos. 
Outro aspecto relevante para esse aumento da quantidade de registros é a falta de 
padronização dos dados registrados até o ano de 2001, quando foi adotado o Formulário 
de Avaliação de Danos (AVADAN), substituído em 2012 pelo Formulário de Informações 
do Desastre (FIDE). Assim, dados anteriores a 2001 podem não ter sido registrados 
adequadamente por falta de um instrumento padronizado. 
 
GRÁFICO 2 – Quantidade de desastres ocorridos no Brasil no período de 1991 a 2012 
 
 
Fonte: Adaptado de UFSC (2013a, p. 118). 
 
Os desastres registrados com maior frequência no Brasil de 1991 a 2012 foram as 
estiagens e secas, seguidas das enxurradas, inundações, vendavais e granizo (Gráfico 2). 
Outros desastres registrados, esses com menor frequência, foram: erosão, incêndios 
florestais, movimentos de massa, tornados, alagamentos e geadas. 
 
6 
Em relação aos danos humanos decorrentes de desastres no Brasil, do total de 
126.926.656 pessoas afetadas por desastres no período de 1991 a 2012, a maioria delas 
(51,31%) foi atingida por estiagens e secas, como se pode observar no Gráfico 3. Esses 
desastres são mais comuns na região Nordeste do País, frequentemente atingindo 
também parte da região Sul e o norte de Minas Gerais. 
 
GRÁFICO 3 – Percentual de pessoas afetadas por tipo de desastre no período de 
1991 a 2012 
 
 
Fonte: UFSC (2013a, p. 35). 
 
As enxurradas e inundações também afetaram uma grande quantidade de pessoas 
no mesmo período (20,66% do total), sendo esses desastres registrados com considerável 
frequência em todas as regiões do País, especialmente no Sul e no Sudeste. 
Conforme se pode observar no Gráfico 4, os desastres que mais resultaram em 
mortes no Brasil no período de 1991 a 2012 foram as enxurradas (58,15% do total de 
mortos), seguidas dos movimentos de massa (15,6%) e das inundações (13,4%). A maior 
parte dessas mortes ocorreu em regiões de alta densidade demográfica, como a Sudeste. 
 
GRÁFICO 4 – Mortos por tipo de desastre no período de 1991 a 2012 
 
 
Fonte: UFSC, 2013a, p. 35. 
 
7 
Os desastres naturais, pelo fato de frequentemente resultarem em maiores danos e 
prejuízos, bem como em mais extensivas áreas afetadas, quando comparados aos 
desastres tecnológicos, têm tido maior atenção do Sistema Nacional de Proteção e Defesa 
Civil. Contudo, não se pode descuidar da atenção aos riscos de desastres tecnológicos. 
Elencam-se a seguir, em ordem cronológica, alguns dos principais desastres que 
marcaram a história brasileira, segundo Brasil (2017c): 
 1877-1879: seca no Nordeste, provocando a migração de grandes 
contingentes populacionais para centros urbanos, especialmente no Ceará. 
Sem infraestrutura básica e acesso à água, alimentos e remédios, cerca de 
500.000 pessoas morreram; 
 1967: deslizamentos de terra em Caraguatatuba/SP, resultando em 436 
mortes; 
 1987: rompimento de cápsula de Césio 137 em Goiânia, com a contaminação 
de 129 pessoas, das quais 4 morreram; 
 2008: deslizamentos em Santa Catarina, após fortes chuvas, com 110 mortos e 
prejuízos estimados em 4,75 bilhões de reais; 
 2010: enxurradas em Alagoas e Pernambuco, deixando cerca de 48 mil 
pessoas desabrigados e 56 mortos, além de prejuízos estimados em 5,29 
bilhões de reais; 
 2011: deslizamentos e enxurradas em 7 municípios da região serrana do Rio 
de Janeiro, afetando cerca de 304.562 pessoas e matando 905, além de deixar 
prejuízos estimados em 4,8 bilhões de reais; e 
 2015: rompimento de barragem de rejeitos de minério em Mariana/MG, 
resultando em 18 mortos, 644 desabrigados e 716 desalojados, além da 
contaminação do Rio Doce e das áreas marinhas da sua foz, no litoral do 
Espírito Santo, afetando milhares de pessoas. 
Mais recentemente, em 25 de janeiro de 2019, rompeu-se uma barragem de rejeitos 
de minério em Brumadinho/MG, resultando, segundo dados atualizados em 02 de abril 
de 2021 pela mineradora responsável pelo empreendimento, em 259 mortos e 11 
desaparecidos (VALE, 2021), além da contaminação do Rio Paraopeba. 
Analisando-se esse pequeno histórico, confirma-se que os principais desastres 
brasileiros não são apenas de origem natural, mas também tecnológica, cujos riscos 
devem ser geridos principalmente por meio de normas de segurança, fiscalização do 
 
8 
Poder Público e preparação da população para se autoproteger. 
Na seção a seguir é apresentado um panorama dos desastres ocorridos nas últimas 
décadas no Ceará. Confira atentamente os dados e informações dessa realidade local. 
 
1.3 Desastres no Ceará 
 
De forma semelhante ao País como um todo, o estado do Ceará é acometido por 
desastres predominantemente relacionados às chuvas, seja pela sua ausência, seja pela 
sua intensidade. 
 
TABELA 1 – Quantidade dedesastres registrados no Ceará de 1991 a 2020 
 
Ano Estiagens e Secas Inundações Enxurradas Outros 
1991-1992 - - - - 
1993 160 - - - 
1994-1998 - - - - 
1999 49 - - - 
2000 16 - 3 - 
2001 113 - 10 - 
2002 70 2 5 Movimento de massa 
2003 75 6 6 Alagamento / Erosão marinha 
2004 42 94 2 - 
2005 200 1 1 Vendaval 
2006 136 - - - 
2007 211 - - Erosão marinha 
2008 80 56 1 Alagamento / Erosão marinha 
2009 7 110 17 Alagamento (2) / Erosão marinha 
2010 180 2 
 
Erosão marinha 
2011 8 2 3 Erosão marinha (2) / Erosão continental 
2012 354 - 1 Incêndio florestal 
2013 352 - 1 Erosão marinha 
2014 345 - - - 
2015 289 - - - 
2016 230 - - - 
2017 243 - - - 
2018 126 - 1 Alagamento (2) / Erosão marinha 
2019 122 - - Chuvas intensas / Rompimento de adutora 
2020 43 - - 
Rompimento de barragem (1) / Chuvas 
intensas (5) / COVID-19 (368) 
Total 3.451 273 51 395 
% 82,76% 6,55% 1,22% 9,47% 
 Fonte: Adaptado de Universidade Federal de Santa Catarina (2013b) e de S2iD (2021). 
 
9 
Na Tabela 1, cada unidade corresponde a um registro de desastre em território 
municipal no período de 1991 a 2021. Foram registrados 4.170 desastres, ao todo. 
Os registros de 1991 a 2012 foram extraídos do Atlas brasileiro de Desastres Naturais 
– Volume Ceará. 
Os demais registros, de 2013 a 2020 foram consultados no Sistema Integrado de 
Informações sobre Desastres, tendo sido considerados os registros de emergência ou 
calamidade pública homologada pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará 
e/ou reconhecida pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Cada emergência 
ou calamidade pública declarada tem duração máxima de 180 dias. 
Os desastres com maior número de registros nesse período foram as estiagens e 
secas, com ocorrências em quase todos os anos, com destaque para o recente período de 
2012 a 2017. 
Também se destacam as inundações ocorridas em 2004, 2008 e 2009, bem como as 
enxurradas de 2001 e 2009. 
Registraram-se ainda 9 ocorrências de erosão marinha, 6 de chuvas intensas, 6 de 
alagamento, além de outros desastres com apenas 1 registro: movimento de massa, 
vendaval, erosão continental, rompimento de adutora, rompimento de barragem e 
incêndio florestal. 
O ano de 2020 foi marcado pela ocorrência da pandemia da COVID-19, que é uma 
doença infecciosa viral. Esse desastre afetou todos os 184 municípios do estado, com 2 
registros cada, totalizando 368 ocorrências registradas. 
Os desastres de maior recorrência no Ceará são conceituados a seguir, de acordo 
com Brasil (2020b), bem como sumarizadas suas causas e principais consequências nas 
áreas por eles afetadas. 
A estiagem é um período prolongado de redução ou ausência de chuvas, em que a 
perda de umidade do solo é superior à sua reposição. As estiagens são comuns no Ceará 
no segundo semestre do ano e seus impactos são maiores quando ocorrem no período 
conhecido como quadra chuvosa (nos meses de fevereiro a maio), normalmente devido 
ao fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico. 
Estiagens nesse período impedem a preparação para o semestre seguinte, a qual se dá 
principalmente pela recarga dos mananciais e a produção agrícola de sequeiro (que 
depende das chuvas). 
 
 
10 
A seca é uma estiagem prolongada, durante o período de tempo suficiente para que 
a falta de precipitação provoque grave desequilíbrio hidrológico (FIGURA 1). As principais 
consequências são o colapso dos sistemas de abastecimento d'água potável e extensivas 
perdas agropecuárias. 
 
FIGURA 1 – Açude seco no município de Massapê/CE 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC (2016). 
 
A maior parte do território cearense está na região semiárida do Nordeste, 
caracterizada pela má distribuição das chuvas no tempo e no espaço, bem como pelas 
altas taxas de evaporação, tornando o estado mais vulnerável a esses desastres. 
No período de 1991 a 2020, houve 3.451 registros de estiagens ou secas no Ceará, 
atingindo todos os seus 184 municípios, com destaque para a área mais central do 
estado: os sertões Central e dos Inhamuns e parte das regiões Norte e do Jaguaribe. 
A título de exemplificação, somente em janeiro de 2017, a seca no Ceará chegou a 
afetar de alguma forma, principalmente pelo desabastecimento de água potável, 
3.370.140 pessoas de 137 municípios (S2ID, 2021), o que corresponde a 37,13% da 
população estimada do estado em 2018 (IBGE, 2018). 
A perda econômica resultante das estiagens e secas também impacta negativamente 
o desenvolvimento do estado. Somente em 2012, ano de intensa estiagem, as perdas da 
safra de sequeiro, dependente das chuvas, foram de 1,42 bilhões de reais (EMATERCE, 
2012). 
 
 
 
11 
Esse prejuízo corresponde a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2012, que foi de 
94,6 bilhões de reais. O setor agropecuário como um todo registrou uma queda 
expressiva do seu PIB em 2012, da ordem de 20,11% (IPECE, 2012). 
As inundações são caracterizadas pela submersão de áreas fora dos limites normais 
dos cursos de água, isso em zonas que normalmente não se encontram submersas. O 
transbordamento ocorre de modo gradual, geralmente ocasionado por chuvas 
prolongadas. Dessa forma, a área afetada pela inundação é geralmente extensa (FIGURA 
2), sendo comum sua permanência por semanas e, às vezes, até meses. 
 
FIGURA 2 – Inundação no município de Itaiçaba/CE 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC (2009). 
 
Os registros de inundações no Ceará concentram-se na Mesorregião Noroeste do 
estado, onde se situam os rios Acaraú e Coreaú. Nessa região houve 70 (25,6%) dos 273 
registros do período de 1991 a 2020. 
Também se destacam os registros nos municípios em que passam os rios Salgado 
(Icó e Lavras da Mangabeira, por exemplo), Jaguaribe (Aracati, Itaiçaba, Jaguaribe, 
Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada Nova e Russas, dentre outros) e Maranguapinho 
(Caucaia e Fortaleza, principalmente). 
O município mais atingido por inundações recorrentes é o Crato (5 ocorrências), 
situado no Sul Cearense, por onde passam os rios Granjeiro e Batateiras. 
No período de 1991 a 2020, em decorrência de inundações foram registrados 37 
mortos, 50.983 desabrigados e 128.975 desalojados. Também nesse período foram 
danificadas 25.263 habitações e 8.896 ficaram destruídas. 
 
12 
Enxurradas configuram-se pelo escoamento superficial de alta velocidade e energia, 
provocado por chuvas intensas e concentradas (em poucas horas), normalmente em 
pequenas bacias de relevo acidentado. Apresenta grande poder destrutivo devido à 
elevação súbita da vazão e o consequente transbordamento brusco da calha fluvial. É 
comum atingirem áreas menos extensas que as afetadas pelas inundações e 
permanecerem por curtos períodos (algumas horas). 
A maior frequência de registros de enxurradas ocorreu nas mesorregiões 
Metropolitana, Norte e Noroeste cearense, no período de 1991 a 2020. Nesse período, 
dos 184 municípios cearenses, 38 registraram enxurradas, dos quais a capital, Fortaleza, e 
Crato apresentaram a maior frequência, com 3 eventos cada. 
As enxurradas, no estado do Ceará, afetaram aproximadamente 250 mil pessoas de 
1991 a 2020, das quais 40% foram atingidas em apenas um evento ocorrido em Fortaleza, 
em março de 2004, quando também faleceram 5 pessoas. 
Alagamentos são caracterizados pela extrapolação da capacidade de escoamento de 
sistemas de drenagem urbana e consequente acúmulo de água em ruas, calçadas ou 
outras infraestruturas urbanas, em decorrência de precipitações intensas. 
Embora haja registros de alagamento nos municípios de Amontada [2003], 
Ipaporanga [2008], Caucaia [2009] e Icapuí [2009], as características do evento registrado 
são semelhantes às de inundação, o que leva a crer que houve um equívoco no registro. 
Houve alagamentos registrados em 2018, nos municípios de Irauçuba e 
Quixeramobim, onde foram desalojadas ou desabrigadas 268 e 46 pessoas, 
respectivamente.Chuvas intensas são chuvas que ocorrem com acumulados significativos, causando 
múltiplos desastres como inundações, enxurradas e alagamentos, concomitantemente. 
Esse desastre foi registrado em 2019 no município de Santana do Cariri e em 2020 
nos municípios de Quiterianópolis, Novo Oriente e Crateús, em decorrência das mesmas 
chuvas, e nos municípios de Hidrolândia e de Pentecoste, devido a chuvas localizadas. 
As chuvas intensas ocorridas em Hidrolândia em 2020 deixaram 51 casas destruídas 
ou interditadas definitivamente, um prejuízo de mais de 3,6 milhões de reais. 
A erosão marinha é o processo de desgaste que ocorre ao longo da linha da costa 
(FIGURA 3) e se deve à ação das ondas, correntes marinhas e marés. 
 
 
 
13 
FIGURA 3 – Erosão marinha em Icaraí, Caucaia/CE 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC (2009). 
 
No período de 1991 a 2020, o município mais afetado por erosão marinha no Ceará 
foi Caucaia, com registros nos anos de 2007, 2008, 2009, 2011 e 2013. Segundo os 
registros, foram afetadas por esse desastre no município 52.888 pessoas e 210 
habitações. 
Os demais municípios afetados por erosão marinha foram Icapuí [2003, 2010 e 2018] 
e Cascavel [2011]. 
No Ceará são registradas ainda atividades sísmicas, especialmente na região de 
Sobral, a partir do ano de 2008. Embora de pouca intensidade, não chegando a causar 
danos significativos, os sismos no estado são relativamente frequentes. 
Já houve registro desses eventos em 52 dos 184 municípios cearenses até 2017. O 
maior terremoto já ocorrido no Nordeste brasileiro, de magnitude de 5,2 graus na Escala 
Richter, aconteceu na região do atual município de Pacajus/CE, em 20 de novembro de 
1980; o que justifica a devida preocupação com a prevenção e preparação da população 
para futuros eventos (MELO, 2017). 
Não é uma prática o registro, pelos órgãos de proteção e defesa civil cearenses, de 
desastres tecnológicos, tais como incêndios urbanos e acidentes no transporte de 
passageiros. Isso porque essas ocorrências são mais pontuais e frequentemente são 
atendidas somente pelos órgãos de socorro (Corpo de Bombeiros Militar e Serviço de 
Atendimento Móvel de Urgência, por exemplo), sem a intervenção direta do órgão de 
defesa civil. 
 
 
14 
Contudo, ocorreram no Ceará desastres tecnológicos que marcaram sua história. 
Listam-se a seguir, em ordem temporal, alguns desses eventos, segundo Nascimento 
(2014): 
 1955: incêndio no Cine-Teatro Majestic, destruindo também as Lojas 
Brasileiras 4400, no Centro de Fortaleza; 
 1980: incêndio no terminal da Shell, em Fortaleza, consumindo sete tanques 
com milhões de litros de combustível; e 
 1982: acidente aéreo na Serra da Aratanha, em Pacatuba, vitimando 137 
pessoas. 
Todo esse cenário de ocorrência de desastres naturalmente precisa de ser gerido, a 
fim de que seja dada uma resposta adequada, bem como restabelecida a normalidade. 
Na unidade a seguir, você conhecerá mais a esse respeito, com foco na atuação do 
bombeiro militar enquanto agente de proteção e defesa civil, uma vez que a 
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará atualmente integra a estrutura do Corpo 
de Bombeiros Militar. 
 
UNIDADE 2 – GESTÃO DE DESASTRES 
 
Objetivos: 
 
• Entender o papel dos agentes e do sistema de proteção e defesa civil na gestão 
integrada de desastres; 
• Conhecer a estrutura e o funcionamento de um Sistema de Comando de 
Operações; 
• Compreender o conceito e as principais ações de resposta a desastres; 
• Saber gerenciar ações de apoio material, abrigamento temporário e 
abastecimento emergencial de água potável para assistência às vítimas de 
desastres; 
• Compreender o conceito e as principais ações de recuperação de cenários de 
desastres; 
• Compreender o processo legal de declaração de situação anormal; e 
• Conhecer os principais aspectos relacionados à gestão de recursos financeiros 
para ações de resposta e recuperação. 
 
15 
A gestão de desastres é a organização ou a gestão de recursos e responsabilidades 
do governo, dos órgãos não governamentais e dos voluntários para dar a resposta 
adequada aos desastres (ISDR, 2009, p.18, tradução nossa). 
Na ocorrência de desastres surgem diversas necessidades, desde a resposta inicial, 
com o socorro e assistência às vítimas, até a recuperação das estruturas afetadas. Essas 
ações correspondem às fases de resposta e de recuperação, do ciclo de gestão de 
proteção e defesa civil, e serão detalhadas mais adiante. 
O processo de gestão do desastre visando o retorno à normalidade compreende o 
planejamento, a coordenação e a execução de todas as ações concomitantes e 
posteriores ao desastre. Isso envolve o gerenciamento de recursos humanos, materiais e 
financeiros, os quais nem sempre estão disponíveis inicialmente e, portanto, deverão ser 
articulados pelos agentes de proteção e defesa civil, nos três níveis de governo. 
 
Segundo Brasil (2012a), consideram-se agentes de proteção e defesa civil: 
 
I - os agentes políticos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios responsáveis pela direção superior dos órgãos do SINPDEC; 
II - os agentes públicos responsáveis pela coordenação e direção de órgãos ou 
entidades públicas prestadores dos serviços de proteção e defesa civil; 
III - os agentes públicos detentores de cargo, emprego ou função pública, civis 
ou militares, com atribuições relativas à prestação ou execução dos serviços de 
proteção e defesa civil; e 
IV - os agentes voluntários, vinculados a entidades privadas ou prestadores de 
serviços voluntários que exercem, em caráter suplementar, serviços 
relacionados à proteção e defesa civil. 
 
Você é um agente de proteção e defesa civil e executa, no exercício da profissão 
bombeiro militar, diversas ações nessa área, especialmente na fase de resposta a 
desastres. Você pode também atuar na fase de recuperação pós-desastres, caso seja 
empregado na CEDEC, que gerencia e executa bastantes ações nesse sentido. 
A ação integrada de todos os agentes de proteção e defesa civil possibilita a 
agilidade e a efetividade das ações de resposta e de recuperação em cenários de 
desastre. 
 
 
 
16 
Nas seção a seguir você conhecerá as competências de diversos órgãos do Sistema 
Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC) com atuação na gestão de desastres. 
Ciente disso, poderá refletir acerca do seu papel nesse sistema, tanto como bombeiro 
militar, quanto como agente de proteção e defesa civil. 
 
2.1 Atuação Integrada na Gestão de Desastres 
 
Em nível federal, é de responsabilidade do órgão central do SINPDEC, a Secretaria 
Nacional de Proteção e Defesa Civil (SEDEC), a gestão de desastres e o apoio 
complementar aos entes federativos em situação de emergência ou estado de calamidade 
pública. 
Para tanto, compete ao Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres 
(CENAD) da SEDEC, dentre outras ações: (i) analisar as solicitações para reconhecimento 
federal de situação de emergência ou de estado de calamidade pública; (ii) articular o 
apoio federal para a resposta a desastres, disponibilizando recursos e equipes técnicas e 
operacionais; e (iii) analisar as solicitações de recursos para ações de assistência a vítimas 
de desastres, bem como acompanhar a execução dessas ações e a prestação de contas 
desses recursos (Brasil, 2020a). 
A equipe técnica multidisciplinar mobilizável pelo CENAD pode ser composta por 
profissionais de diversos órgãos setoriais federais, como o Serviço Geológico do Brasil, a 
Agência Nacional de Águas, o Ministério da Saúde e as Forças Armadas. 
Ainda em nível federal, no âmbito do Ministério da Saúde, de acordo com Brasil 
(2011), poderá ser declarada, nos casos de epidemias, desastres e desassistência à 
população, Emergência em Saúde Pública de Interesse Nacional (ESPIN). Nesse caso, o 
Ministério da Saúde poderá convocar a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-
SUS) paraapoio ao ente atingido. 
O apoio do Ministério da Saúde pode ser solicitado pelo ente federado via Secretaria 
Municipal de Saúde ou através da SEDEC. 
As Forças Armadas podem apoiar os entes atingidos por desastres disponibilizando 
recursos humanos, equipamentos e materiais para a execução de transporte de carga e 
de pessoal, busca e salvamento, assistência social, abrigamento e garantia da lei e da 
ordem. 
 
17 
Esse apoio pode ser solicitado pelo ente federado via SEDEC, que nesse caso arcará 
com os custos das ações desenvolvidas (Brasil, 2017c). 
Também no âmbito federal, foi criada a Rede Nacional de Emergência de 
Radioamadores (RENER), formada por voluntários licenciados pela Agência Nacional de 
Telecomunicações (ANATEL) com o intuito de prover ou suplementar as comunicações 
quando os meios usuais estiverem prejudicados por desastres (Brasil, 2001b). 
A RENER pode ser ativada diretamente pelos órgãos de proteção e defesa civil dos 
três níveis de governo. 
No Ceará, a coordenação do sistema de defesa civil é de responsabilidade da 
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), órgão pertencente à estrutura 
organizacional do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE). 
 
Compete à CEDEC, na ocorrência de desastres: 
 
(...) 
III - em casos de situação de emergência, estado de calamidade pública, ou na 
iminência de sua ocorrência, com a homologação do Comandante Geral do 
Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, requisitar, por determinação do 
Governador do Estado: 
a) servidores de outros órgãos do Estado e recursos materiais de órgãos ou 
entidades integrantes do Sistema Estadual de Defesa Civil - SEDC, necessários 
para implementação das ações de defesa civil; 
b) recursos financeiros e bens necessários à eficácia de seu desempenho, 
obedecida a legislação vigente; 
(...) 
VI - propor à autoridade competente a homologação de situação de emergência 
ou de estado de calamidade pública (...); 
VII - providenciar a distribuição e o controle dos suprimentos necessários ao 
abastecimento em situações de desastres (Ceará, 2007). 
 
Assim, os recursos necessários para a gestão de desastres no Ceará podem ser 
solicitados aos órgãos setoriais integrantes do Conselho Estadual de Defesa Civil 
(COEDEC), que é presidido pelo Coronel Comandante-Geral do CBMCE, tendo como 
secretário executivo o Coordenador da CEDEC. 
As competências estabelecidas para os órgãos integrantes do COEDEC na resposta e 
recuperação de cenários atingidos por desastres são: 
 
18 
I - à Secretaria da Fazenda, adotar medidas de caráter financeiro, fiscal e 
creditício, destinadas ao atendimento de populações situadas em áreas em 
estado de calamidade pública ou em situação de emergência; 
II - à Secretaria da Infraestrutura, adotar medidas de preservação e de 
recuperação dos sistemas viários e terminais de transportes terrestres, 
marítimos e fluviais, em áreas atingidas por desastres, bem como controlar o 
transporte de produtos perigosos; 
III - à Secretaria do Desenvolvimento Agrário, (...) adotar medidas para o 
atendimento das populações nas áreas atingidas por desastres, providenciando 
a distribuição de sementes, insumos e alimentos; (...); 
(...) 
VI - à Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social [atualmente 
denominada Secretaria da Proteção Social, Justiça, Mulheres e Direitos 
Humanos], (...) prestar assistência social às populações em situação de desastre 
e apoiá-las com suprimentos necessários à sobrevivência, especialmente 
alimentos; 
VII - à Secretaria da Saúde, implementar e supervisionar ações de saúde 
pública, objetivando o suprimento de medicamentos, o controle de qualidade 
da água e dos alimentos e a promoção da saúde em circunstâncias de desastre; 
promover a implantação de atendimento pré-hospitalar e de unidades de 
emergência, supervisionar a elaboração de planos de mobilização e de 
segurança dos hospitais em circunstâncias de desastre; (...); 
VIII - à Secretaria de Planejamento e Gestão, dar prioridade à alocação de 
recursos para assistência às populações e à realização de obras e serviços de 
(...) recuperação, nas áreas (...) em estado de calamidade pública ou em 
situação de emergência; 
(...) 
X - à Secretaria das Cidades, gerir a aplicação de recursos em políticas de 
desenvolvimento urbano voltadas para a recuperação e a reconstrução de 
moradias para a população de baixa renda afetada por desastres (...); 
(...) 
XII - à Secretaria do Turismo, propor medidas com o objetivo de reduzir os 
impactos negativos nas atividades turísticas, em circunstâncias de desastres; 
XIII - à Secretaria de Controladoria e Ouvidoria Geral, avaliar e fiscalizar os 
gastos com as ações desencadeadas pela defesa civil; 
XIV - à Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, coordenar as ações de 
Segurança Pública, visando a preservação da ordem pública, da incolumidade 
das pessoas e do patrimônio nas áreas em situação de desastre; 
XV - à Secretaria de Recursos Hídricos, (...) fornecer dados e análises relativas à 
monitoração de rios e açudes, com vistas às ações de defesa civil e promover o 
controle de cheias e inundações; 
(...) 
 
19 
XVIII - ao Comando da 10ª Região Militar, cooperar com as ações de resposta 
aos desastres e reconstrução e de busca e salvamento; participar de atividades 
de prevenção e de reconstrução; apoiar as ações de defesa civil com pessoal, 
material e meios de transporte; 
XIX - ao Comando da Capitania dos Portos, coordenar as ações de redução de 
danos relacionados com sinistros marítimos e fluviais e participar das ações de 
salvamento de náufragos; apoiar as ações de resposta a desastres; apoiar as 
ações de defesa civil com pessoal, material e meios de transportes; 
XX - ao Comando da Base Aérea de Fortaleza, coordenar as ações de 
evacuações aeromédicas e missões de misericórdia, cooperar nas ações de 
busca e salvamento; apoiar as ações de defesa civil com pessoal, material e 
meios de transporte (Ceará, 2007, grifo nosso). 
 
Ressalte-se ainda as competências do próprio CBMCE, que além de presidir o 
COEDEC e abrigar a CEDEC em sua estrutura organizacional, também: combate incêndios; 
executa a proteção, busca e salvamento de pessoas e bens; bem como atua no socorro de 
emergência pré-hospitalar (Ceará, 2018). 
Segundo Brasil (2012a), compete aos Municípios, na ocorrência de desastres, 
notificar a CEDEC e a SEDEC, prestando-lhes todas as informações da avaliação dos danos 
e prejuízos, além de coordenar todas as ações de resposta e de recuperação dos cenários 
atingidos, devendo, entre outras ações: (i) organizar e administrar abrigos provisórios 
para assistência à população em situação de desastre, em condições adequadas de 
higiene e de segurança; (ii) promover a coleta, a distribuição e o controle de suprimentos; 
(iii) prover solução de moradia temporária às famílias atingidas; e (iv) manter a população 
informada sobre as ações emergenciais em curso. 
A integração para a gestão de desastres pode envolver ainda entidades privadas ou 
prestadoras de serviços voluntários. No Ceará, a filial da Cruz Vermelha Brasileira 
disponibiliza ajuda humanitária (FIGURA 4) bem como equipe multidisciplinar para apoio 
às vítimas de desastres. 
 
 
 
 
 
 
 
20 
FIGURA 4 – Entrega de ajuda humanitária às vítimas de inundação em Beberibe/CE 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC (2009). 
 
Em nível comunitário, os Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (NUDECs) 
também podem desempenhar importante papel de apoio na resposta aos desastres, por 
meio da organização de planos de chamadas, da evacuação da comunidade em situações 
de alto risco e na gestão compartilhada dos abrigos temporários, por exemplo. 
A atuação integrada dos diversos órgãos do Sistema Nacional de Proteção e Defesa 
Civil (SINPDEC) na gestão de desastres precisa de ser bem coordenada e liderada. 
Pode-se destacar como bom exemplo de atuação integrada de órgãos envolvidos na 
resposta a umdesastre o Comitê Integrado de Combate à Seca, instituído em 2012 por 
meio de um Decreto do Governo do Estado do Ceará (CEARÁ, 2012). 
O Comitê é coordenado pela Secretaria do Desenvolvimento Agrário e reúne os 
órgãos e entidades que, no Ceará, atuam no enfrentamento aos efeitos da seca e amparo 
à população afetada. 
Nas reuniões do Comitê, muitas vezes realizadas no Comando-Geral do CBMCE 
(FIGURA 5), são discutidas as demandas prioritárias e as ações de resposta à seca 
realizadas pelos diversos órgãos com atuação nessa área, prevenindo o paralelismo 
dessas ações. 
 
 
 
 
 
 
21 
FIGURA 5 – Reunião do Comitê Integrado de Combate à Seca no Ceará 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC (2012). 
 
São ainda constituídos, no âmbito do Comitê, grupos de trabalho para tratar de 
demandas prioritárias, a exemplo do grupo de segurança hídrica, que trata do 
abastecimento de água nas sedes municipais. 
Para a atuação integrada dos órgãos de resposta aos desastres, a SEDEC preconiza a 
adoção do Sistema de Comando de Operações, ferramenta gerencial detalhada na 
subseção a seguir. 
 
Sistema de Comando de Operações 
 
De acordo com Oliveira (2010), o Sistema de Comando de Operações (SCO) é uma 
ferramenta de gestão que padroniza as ações de resposta em situações críticas. Esse 
modelo permite que os órgãos e entidades com atuação no cenário de desastre ajam de 
forma integrada sem prejuízo de suas competências. 
O SCO pressupõe a adoção de um comando da resposta ao desastre, podendo ser 
estabelecidas funções de assessoria e seções, conforme o organograma da Figura 6. 
Para assessoramento do comando poderão ser designados responsáveis pelas 
seguintes funções: 
 
 Segurança (avalia e monitora as condições de insegurança da operação); 
 Ligações (incumbido do contato com os representantes dos órgãos envolvidos 
na operação); 
 
 
22 
 Informações ao público (organiza e divulga informações da operação para a 
mídia); e 
 Secretaria (executa as tarefas administrativas do comando). 
 
De acordo com o nível de complexidade da operação, o comando poderá nomear 
responsáveis pelas seguintes seções: 
 
 Operações (coordena as atividades operacionais dos órgãos envolvidos em 
nível tático, executando o plano de ação do comando); 
 Planejamento (prepara e documenta o plano de ação, bem como mantém o 
registro dos recursos e da operação como um todo); 
 Logística (proporciona o suporte logístico da operação); e 
 Administração/finanças (gerencia os custos, bem como as eventuais 
compras). 
 
FIGURA 6 – Organograma básico de um SCO 
 
 
Fonte: Adaptado de Oliveira (2010, p. 38). 
 
Considerando as demandas de resposta ao desastre, bem como os planos 
previamente estabelecidos, o comando deverá procurar um local adequado para a 
instalação das seguintes áreas de trabalho, devendo sinalizá-las (Figura 7). 
 
 
 
 
23 
FIGURA 7 – Mapa das áreas de trabalho de um SCO devidamente sinalizadas 
 
 
Fonte: Adaptado de Oliveira (2010, p. 57). 
 
O comando é responsável por designar um ou mais encarregados pelo seu 
funcionamento e comunicar sua localização e respectivas responsabilidades a todos os 
órgãos envolvidos na operação: 
 
 Posto de comando [PC]; 
 Área de espera [E] (onde serão recepcionados e cadastrados os recursos 
operacionais, permanecendo ali disponíveis até o seu emprego); 
 Heliponto [H1] (local de pouso de aeronaves); 
 Helibase [H] (área de suporte às aeronaves); 
 Centro de informações ao público [I] (local para atendimento da imprensa e 
demais interessados); 
 Área de concentração de vítimas [ACV] (local para triagem e atendimento 
inicial das vítimas); 
 Base de apoio [B] (local para as atividades logísticas); e 
 Acampamento [A] (local para alojamento, alimentação e higiene das equipes 
em operação). 
 
Também deverão ser delimitadas as áreas: quente (local de maior risco e acesso 
restrito), morna (zona intermediária não totalmente segura, também com acesso restrito) 
e fria (local seguro onde ficarão as instalações e recursos empregados na operação). 
 
 
24 
Apresenta-se a seguir uma roteiro básico para a adoção do SCO como ferramenta 
gerencial da resposta ao desastre: 
 
(i) análise do cenário; implementação das primeiras ações de segurança; e 
comunicação, à central de operações, da instalação do SCO; tudo isso sob o comando do 
chefe da primeira equipe a chegar ao local do desastre – posteriormente o comando 
poderá ser transmitido a outrem ou ainda instituído um comando unificado composto 
por representantes dos órgãos envolvidos na operação e especialistas; 
(ii) instalação do posto de comando em local adequado; 
(iii) delimitação da área de espera em local apropriado e designação de um 
encarregado pela mesma; 
(iv) coleta de mais informações sobre o desastre; 
(v) implementação de um plano de ação inicial, em sintonia com os planos 
previamente estabelecidos, se houver; 
(vi) desenvolvimento do plano de ação, com a instalação das demais áreas de 
trabalho, bem como o estabelecimento das assessorias e seções do SCO, de acordo com a 
complexidade da operação; e 
(vii) desmobilização dos recursos empregados, conforme o retorno à normalidade. 
 
O SCO pode ser estabelecido mesmo em ocorrências de menor gravidade, como 
incêndios e operações de busca e salvamento, podendo suas estruturas serem adaptadas 
às necessidades de cada cenário operacional. 
Na seção a seguir são detalhadas as principais ações de resposta a desastres, com 
foco na atuação integrada do SINPDEC, cujas ações, no âmbito do Estado do Ceará, são 
coordenadas pela CEDEC/CBMCE. 
 
2.2 Resposta a Desastres 
 
A resposta envolve o conjunto de ações emergenciais que visam a socorrer e assistir 
as pessoas atingidas por desastres, durante ou após sua ocorrência, bem como garantir o 
retorno dos serviços essenciais prejudicados (BRASIL, 2020b). 
 
 
25 
FIGURA 8 – Ações de resposta aos desastres 
 
 
Fonte: Brasil (2017c, p. 34). 
 
Assim, pode-se considerar que a resposta aos desastres se dá por meio de ações de 
socorro, de assistência às vítimas e de restabelecimento de serviços essenciais (Figura 8). 
Segundo Brasil (2017c), as ações de socorro são realizadas imediatamente após os 
desastres, incluindo a busca e salvamento, os primeiros-socorros, o atendimento pré-
hospitalar, bem como o atendimento médico e cirúrgico de urgência. 
A assistência às vítimas de desastres visa a garantir condições de incolumidade e 
cidadania aos atingidos. São exemplos de ações de assistência: a provisão de água e 
alimentos; o suprimento de material de abrigamento, de vestuário, de limpeza e de 
higiene pessoal; a instalação de abrigos temporários; a atenção integral à saúde; e o 
manejo de mortos. 
As ações de restabelecimento de serviços essenciais têm o objetivo de restaurar as 
condições de segurança e habitabilidade da área atingida pelo desastre, por meio de 
ações como: a desmontagem de infraestruturas comprometidas; a limpeza urbana; a 
drenagem de águas pluviais; bem como a retomada da distribuição de energia elétrica, do 
abastecimento de água potável, do esgotamento sanitário, das comunicações e das 
condições de trafegabilidade. 
Nas subseções a seguir são apresentadas as principais ações de resposta ocorridas 
no Ceará nos últimos anos sob a gestão ou orientação da CEDEC/CBMCE. 
 
 
 
26 
Apoio Material Para Assistência às Vítimas de Desastres 
 
O apoio material para assistência às vítimas de desastres, também chamado de 
“ajuda humanitária”, se dá por meio da provisão de água e alimentos; o suprimento de 
material de abrigamento (madeira e lona, por exemplo), vestuário, dormitório (tais como 
colchão e lençol, conforme demonstrado na Figura 9), limpeza (tais como balde, vassoura 
e água sanitária) e higiene pessoal (sabonete, creme dental, entre outros). 
Essa assistência às vítimas de desastres é de competênciado Município, podendo 
contar com o apoio complementar do Estado e da União (BRASIL, 2012). 
Nesse sentido, os Municípios devem prever no seu orçamento anual uma dotação 
que contemple as ações de assistência às vítimas de desastres, bem como alocar recursos 
financeiros para a aquisição de um estoque mínimo de materiais. 
Como estratégia para a rápida aquisição de materiais de ajuda humanitária, podem 
ser realizados, anualmente, procedimentos licitatórios (pregão eletrônico) para registro 
de preços dos materiais e suprimentos geralmente utilizados, em quantidade suficiente 
para o atendimento das possíveis demandas. 
 Nesse caso, no período de vigência do registro de preços – um ano, prorrogável por 
igual período (BRASIL, 2021a) – poderá ser mantido um estoque mínimo para pronto 
emprego em situações emergenciais, bem como realizados pedidos ao fornecedor para a 
continuidade da assistência à população afetada. 
 
FIGURA 9 – Colchões e lençóis armazenados pela CEDEC-CE para assistência às 
vítimas de desastres 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC. 
 
 
27 
Para atender as demandas de ajuda humanitária após a ocorrência de desastres, o 
Município, por meio de assistentes sociais, deve cadastrar os desabrigados e desalojados, 
bem como outros afetados que se enquadrem no perfil socioeconômico para receber 
doações. 
A entrega da ajuda humanitária às vítimas devidamente cadastradas deve ser feita 
em local seguro, próximo da área afetada, e amplamente divulgado aos interessados. 
Recomenda-se a presença de profissionais de segurança, bem como de um representante 
de órgão de controle externo. É importante que cada beneficiário assine um comprovante 
do recebimento do material, para prestação de contas. 
Para complementar a assistência à população, o Município pode ainda organizar 
uma campanha de arrecadação de donativos. Brasil (2017c), elenca alguns pontos a 
serem observados para o sucesso da campanha: 
 Identificar claramente os agentes responsáveis pela arrecadação, montagem 
de kits e distribuição das doações, sempre sob a orientação de assistentes 
sociais; 
 Definir o local adequado para o armazenamento das doações (seguro, limpo e 
ventilado), mantendo-o sob vigilância diuturna; 
 Fazer a triagem do material recebido, verificando as condições de uso ou de 
consumo, a integridade da embalagem e o prazo de validade, conforme o 
caso; e 
 Estabelecer um canal oficial de comunicação com os doadores, a exemplo de 
um sítio eletrônico, por meio do qual seja divulgado o tipo de material de que 
as vítimas necessitam, bem como a prestação de contas da campanha. 
A imprensa é uma importante parceira na divulgação da campanha de arrecadação, 
informando o local para a entrega dos donativos, bem como as principais orientações 
sobre os bens a serem doados, por exemplo: 
 
1. Doe apenas o que é solicitado. 
2. Doe itens em boas condições de uso. 
3. Doe itens apropriados para a situação. 
4. Doe somente o que você usaria. 
5. Não se trata de descarte de bens inservíveis. 
6. Doe itens com validade de uso (BRASIL, 2017c). 
 
 
28 
Reflita um pouco: você já participou da organização de uma campanha de 
arrecadação de donativos? Essas orientações foram seguidas? Espera-se que em uma 
oportunidade futura, você possa aplicar esses conhecimentos com maior segurança. 
Para apoio complementar aos Municípios na assistência às vítimas de desastres, a 
CEDEC/CBMCE também busca manter vigentes atas de registro de preços de materiais de 
uso comum em situações emergenciais, podendo realizar pedidos desses materiais ao 
fornecedor de acordo com as demandas dos Municípios e a disponibilidade financeira do 
Estado. 
 
FIGURA 10 – Setor de logística da CEDEC/CBMCE 
 
 
Fonte: CEDEC, arquivo interno. 
 
A CEDEC gerencia ainda uma campanha permanente de arrecadação de donativos, a 
“Força Solidária”, que recebe donativos diuturnamente nos quartéis do CBMCE em todo o 
estado. 
Os donativos recebidos são encaminhados ao setor de logística da CEDEC (Figura 
10), onde são triados, organizados em cestas ou kits e armazenados. Esse material é 
entregue aos órgãos de proteção e defesa civil dos Municípios de acordo com as 
demandas oficializadas e verificadas “in loco” pelo setor de resposta aos desastres da 
CEDEC. 
A prestação de contas do material recebido pelo Município é feita por meio da 
entrega de: (i) Formulário de Prestação de Contas padronizado; (ii) Fichas dos 
Beneficiários, assinadas individualmente; e (iii) Relatório Fotográfico, com no mínimo três 
registros da entrega dos materiais. 
 
29 
A SEDEC, a fim de prestar apoio complementar aos Estados e Municípios, também 
mantém vigentes atas de registro de preços de kits de materiais de ajuda humanitária às 
vítimas de desastres ocorridos em qualquer Unidade da Federação. 
As solicitações desses materiais pelos entes federados são realizadas por meio do 
Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID). No S2ID também podem ser 
solicitados recursos financeiros para a assistência às vítimas de desastres. 
O Estado ou Município também pode, a qualquer momento, solicitar à SEDEC a 
adesão à ata para aquisição, com seus próprios recursos, desses materiais de ajuda 
humanitária. 
O Governo Federal, por meio do Ministério da Cidadania, estabeleceu ainda a Ação 
de Distribuição de Alimentos (ADA) - em caráter emergencial - destinada às famílias em 
situação de insegurança alimentar e nutricional, residentes em localidades com 
declaração de situação de emergência ou estado de calamidade pública reconhecidos 
pelo Governo Federal por meio da SEDEC (BRASIL, 2021b). 
Por vezes, além de apoio material, as vítimas de desastres necessitam de um local 
para se abrigarem temporariamente. Na subseção a seguir são detalhadas as orientações 
para a organização e administração desses locais de acolhimento de pessoas 
desabrigadas. 
 
Abrigamento Temporário 
 
Segundo Brasil (2012), a organização e administração de abrigos temporários é de 
responsabilidade do Município, o qual deve mantê-los em condições adequadas de 
higiene e segurança. 
Considerando a organização sistêmica da defesa civil brasileira, os demais órgãos 
componentes do SINPDEC podem apoiar o Município nesse mister. 
No ano de 2009, após inundações e enxurradas ocorridas no estado do Ceará, 
resultando em cerca de 11.915 desabrigados, a CEDEC/CBMCE auxiliou, tecnicamente e 
com materiais de ajuda humanitária, a implementação de abrigos em diversos Municípios 
do estado. Essa experiência estimulou uma maior preocupação dos agentes de proteção e 
defesa civil do Estado com a capacitação técnica para a melhor gestão de abrigos 
temporários. 
 
 
30 
O abrigo temporário, na ocorrência de desastres, é o local ou instalação adaptado 
para a hospedagem de desabrigados, com condições adequadas de temperatura, 
segurança e privacidade. 
Consideram-se desabrigadas as pessoas que tiveram suas moradias inviabilizadas 
por destruição, dano ou contaminação resultante do desastre e que não têm como se 
alojar em instalações diferentes daquelas ofertadas pelo Poder Público. 
Esta subseção abordará os aspectos essenciais da gestão de abrigos temporários, a 
fim de facilitar seu planejamento e execução com profissionalismo e capacidade técnica, 
de acordo com a publicação “Administração para Abrigos Temporários” (RIO DE JANEIRO, 
2006), que considera os indicadores do Projeto Esfera, da Organização das Nações Unidas. 
No planejamento municipal de abrigos temporários devem constar, em formulários-
padrão, os locais disponíveis para abrigamento, bem como as equipes de trabalho e os 
respectivos recursos necessários para a manutenção do abrigo. 
 
FIGURA 11 – Abrigo temporário organizado em uma escola de Irauçuba/CE em 2009 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC. 
 
A análise das edificações aptas para o abrigamento temporário fixo – em escolas 
(Figura 11), ginásios,hotéis ou quartéis, por exemplo – deve considerar alguns requisitos 
básicos: (i) possibilidade de compartimentação do espaço para servir de alojamentos, 
setor de triagem, cozinha e refeitório; (ii) disponibilidade de área apropriada para a 
realização de serviços de lavanderia, recreação e para os animais; (iii) existência de 
banheiros com lavatórios, chuveiros e sanitários masculino e feminino; e (iv) 
disponibilidade de água potável, esgotamento de resíduos, energia elétrica, bem como do 
serviço de coleta de lixo. 
 
31 
Pode ser considerada a necessidade de instalação de outras áreas e 
compartimentos, de acordo com as características sociais da comunidade. 
 
FIGURA 12 – Abrigo montado em um parque de tancagem de Porto Velho/RO em 
2014 
 
 
Fonte: Cedido por Paiva Júnior. 
 
Para a definição dos locais apropriados para a implementação de abrigos 
temporários móveis – em barracas montadas em campos de futebol, áreas descampadas 
(Figura 12) ou quadras descobertas, por exemplo – deve ser analisada a topografia do 
terreno, que facilite a drenagem e evite o acúmulo de lama, além dos mesmos aspectos 
verificados para o abrigamento temporário fixo. 
As barracas do abrigo móvel devem ser adequadas ao clima e com proteção contra 
insetos e animais peçonhentos. Recomenda-se o espaço mínimo de 10m² na barraca por 
família e distância mínima de 3m entre as barracas. 
Para a melhor gestão do abrigo temporário, sugere-se a implantação de um sistema 
de comando nos moldes do SCO, propício para a organização dos dados do abrigo, das 
demandas, bem como da oferta e controle de recursos dos múltiplos órgãos em 
integração até a desmobilização do abrigo. 
Inicialmente, é importante que seja realizado, utilizando-se formulários 
padronizados, o cadastro e triagem das pessoas a serem abrigadas. 
O cadastro pode ser realizado por uma equipe de agentes de proteção e defesa civil 
e/ou de assistentes sociais. No cadastro serão verificadas as vulnerabilidades sociais das 
pessoas e realizados os encaminhamentos necessários ao atendimento pelos programas 
sociais existentes. 
 
32 
A equipe de triagem deve ser composta por profissionais de saúde. As pessoas com 
problemas de saúde que requeiram cuidados não disponíveis no local de abrigamento 
deverão ser encaminhadas pela equipe de triagem às unidades de referência no 
tratamento específico. 
A acomodação das pessoas no abrigo deve respeitar seus vínculos sociais, familiares 
e de vizinhança anteriores. As famílias que têm idosos e pessoas com necessidades 
especiais devem ficar em locais de fácil acesso ao banheiro, cozinha e refeitório. 
Para a segurança do abrigo, deve ser solicitada a intensificação das rondas da Polícia 
Militar, bem como a presença da Guarda Municipal. Pode-se ainda eleger um responsável 
pelo registro e guarda de bens de maior valor em local mais seguro, bem como se 
organizar uma ronda noturna. 
É necessário que se tenha uma pessoa responsável pelo controle permanente de 
entrada e saída do abrigo, a fim de prevenir furtos, bem como a apropriação indevida dos 
benefícios designados para as pessoas cadastradas no abrigo. 
Em atenção aos cuidados com a saúde, a equipe de gestão do abrigo temporário 
deve planejar visitas regulares de agentes de vigilância sanitária, de saúde, de endemias e 
de orientação nutricional, especialmente para acompanhamento dos grupos mais 
vulneráveis (crianças menores de 5 anos, gestantes, idosos, adultos com déficit 
nutricional, hipertensos e diabéticos). 
Para evitar a proliferação de doenças, deve ser providenciada, pelos profissionais de 
saúde ou de vigilância sanitária, a vacinação dos animais e alojamento destes em local 
cercado e higiênico. 
O lixo gerado no abrigo deverá ser colocado em sacos plásticos e mantido em local 
afastado das instalações e protegido de animais, até que seja coletado. 
Em abrigos que possuam estrutura e mão-de-obra para o preparo de refeições, deve 
ser designado um responsável pelo gerenciamento da cozinha, preferencialmente um 
nutricionista. Uma outra alternativa é a contratação de uma empresa especializada no 
preparo de refeições transportadas (quentinhas). 
Deve-se ainda organizar o horário de funcionamento da cozinha, tendo-se o cuidado 
de atender as necessidades das mães que preparam leite (mamadeiras) para seus filhos. 
Para o apoio psicossocial, favorecendo o processo de retorno à normalidade após o 
estresse causado pelo desastre, é importante que haja o acompanhamento das pessoas 
por profissionais de assistência social e psicologia. 
 
33 
Recomenda-se também a capacitação de voluntários para atuarem na área de 
recreação das crianças, com atividades lúdicas e de aprendizagem. 
O abrigo deve funcionar seguindo uma rotina preestabelecida, sempre se levando 
em conta o contexto sociocultural em que a comunidade afetada está inserida. Como são 
famílias com hábitos distintos e que nem sempre têm um contato habitual, é necessário 
que sejam estabelecidas normas comuns para que a convivência seja a mais harmoniosa 
possível. Nesse sentido, as regras devem ser claras, válidas para todos e estar afixadas em 
locais de fácil visibilidade. 
 
FIGURA 13 – Quadro de tarefas e avisos de um abrigo em Porto Velho/RO 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC (2014). 
 
A participação dos abrigados na produção de refeições, bem como em outras 
atividades deve ser estimulada, pois ajuda a aumentar a autoestima e acelera o retorno à 
rotina normal. Contudo, deve-se evitar o desempenho de funções de distribuição de 
recursos, para evitar favorecimentos indevidos. Em comum acordo com as famílias, pode 
ser organizada uma escala de grupos responsáveis pela limpeza, manutenção e uso das 
áreas comuns (Figura 13). 
Atividades religiosas e educativas também podem ser estimuladas, assim como a 
formação de grupos de apoio mútuo, possibilitando a socialização dos ocupantes do 
abrigo e sua participação no processo de retorno à normalidade. 
Concluindo, foram apresentados nesta seção os aspectos básicos a serem tratados 
na gestão de um abrigo temporário. Vale lembrar que embora a gestão do abrigo se inicie 
com a sua implantação, ela deve ser planejada e articulada anteriormente, para a 
participação integrada de todos os órgãos com alguma atuação no local de abrigamento. 
 
 
34 
Na subseção a seguir são apresentadas algumas ações de resposta referentes ao 
abastecimento emergencial de água potável. 
 
Abastecimento Emergencial de Água Potável 
 
Diante das estiagens e secas, desastres mais prevalentes no Ceará, o abastecimento 
emergencial de água potável é a maior demanda de assistência à população afetada. 
Nesse sentido, são executadas no Ceará as denominadas Operações Carro-Pipa 
(OCP), sob gestão federal, estadual ou municipal. 
De acordo com Brasil (2012b), a OCP federal trata-se de uma mútua cooperação 
técnica e financeira entre a SEDEC e o Exército Brasileiro para a distribuição de água 
potável, em caráter complementar, à população do semiárido nos municípios em situação 
de emergência por estiagem ou seca reconhecida pela União. 
A solicitação da OCP federal é feita pelo Município, à SEDEC, por meio do Sistema 
Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD). Aprovada a solicitação, é encaminhada 
ao Exército Brasileiro uma autorização da SEDEC para o início da operação. 
Os recursos financeiros para a execução da OCP federal são descentralizados pela 
SEDEC para o Exército, que se responsabiliza pela contratação e fiscalização dos pipeiros, 
que são os proprietários de caminhões pipa que fazem o transporte da água potável do 
ponto de captação até a comunidade a ser abastecida. Quando a água transportada não é 
proveniente de órgão responsável pelo fornecimento de água para consumo humano, 
cabe ao Município o monitoramento da qualidade da mesma. 
Para se ter uma amostra da dimensão da OCP federal, somente no mês de outubro 
de 2018,no estado do Ceará, foram beneficiadas 313.514 pessoas da área rural de 60 
municípios, por meio de 716 carros-pipa contratados pelo Exército, segundo o Portal da 
Operação Pipa (2019). 
As demandas de abastecimento emergencial complementar em sedes municipais 
(áreas urbanas) ou nos municípios que não integram o semiárido são atendidas pela 
CEDEC/CBMCE por meio da OCP estadual (Figura 14). 
Quando o recurso financeiro para a execução da OCP estadual é proveniente de 
transferência obrigatória da SEDEC, é necessário que o Município beneficiário esteja em 
situação de emergência por estiagem ou seca reconhecida pela União. 
 
 
35 
FIGURA 14 – Atendimento da OCP estadual 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC. 
 
Para execução da OCP estadual, a CEDEC contrata pipeiros devidamente 
credenciados e selecionados por meio de sorteio. A CEDEC não autoriza a captação de 
água que não seja oriunda de órgão responsável pelo fornecimento de água para 
consumo humano. 
A solicitação da OCP estadual é feita por meio de ofício da Prefeitura. Quando o 
pedido se refere ao atendimento de sedes municipais (áreas urbanas), deve ser 
acompanhado de documento, emitido pelo órgão responsável pelo fornecimento de 
água, atestando o colapso hídrico (CEARÁ, 2015). 
A OCP municipal é executada por meio de caminhão da carga do Município ou por 
ele alugado, sendo gerenciada e custeada com recursos da própria Prefeitura. 
Como se trata de um abastecimento emergencial, a água da OCP deve ser utilizada 
apenas para o consumo humano, sendo sua quantidade dimensionada multiplicando-se o 
número de pessoas a serem atendidas por 20 litros por dia, conforme o padrão 
internacional de assistência às vítimas de desastres. 
O Poder Público deve considerar ainda outras possibilidades para o abastecimento 
emergencial da população afetada pelas estiagens e secas, como a instalação de poços 
profundos e de adutoras de engate rápido. Nesse sentido, essas alternativas são 
consideradas ações de resposta a desastres, pois têm o objetivo de restabelecer o 
abastecimento de água potável. 
A partir da instalação de poços profundos são construídos sistemas simplificados de 
abastecimento de água (Figura 15), para o atendimento de pequenas comunidades. 
Quando a água do poço profundo contém alto teor de sal, o sistema pode contar com um 
aparelho dessalinizador, tornando a água própria para o consumo humano. 
 
36 
FIGURA 15– Sistema simplificado de abastecimento de água 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC. 
 
As adutoras de engate rápido (Figura 16) são instaladas emergencialmente ao longo 
de estradas, desde o ponto de captação da água nos reservatórios ainda com volume 
suficiente para o abastecimento de grandes populações, até as estações de tratamento de 
água das sedes municipais em situação de colapso hídrico. 
 
FIGURA 16 – Adutora de engate rápido 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC. 
Após a recarga do reservatório de água da cidade, a adutora de engate rápido pode 
ser desmontada e armazenada, bem como transferida para outra região que esteja em 
colapso hídrico. 
Entre 2013 e 2016, anos de grave seca no Ceará, a CEDEC/CBMCE contratou 
empresas para a instalação de 642 sistemas simplificados de abastecimento de água, bem 
como para a montagem de 10 adutoras de engate rápido, beneficiando 85 municípios e 
11 sedes municipais, respectivamente. 
 
 
37 
Visando ao retorno da normalidade social da área afetada pelo desastre, 
concomitantemente ou após a execução das ações de resposta, por vezes é necessária a 
implementação de ações de recuperação. Este tema é tratado na seção a seguir. 
 
2.3 Recuperação de Cenários de Desastres 
 
A recuperação de cenários de desastres é a última fase do ciclo de gestão de 
proteção e defesa civil e abrange o conjunto de ações destinadas à reconstrução da 
infraestrutura danificada ou destruída, à reabilitação da economia e do meio ambiente da 
comunidade atingida, propiciando o seu retorno à condição de normalidade e o bem-
estar social (BRASIL, 2020b). As ações de recuperação devem levar em conta a prevenção 
e a mitigação de novos desastres. 
Segundo Brasil (2017b), são exemplos de ações de recuperação: a abertura de linhas 
de crédito subsidiado ou a isenção de impostos para recompor a capacidade produtiva; a 
reconstrução de casas populares em condições e áreas seguras, bem como de canais 
danificados ou destruídos; e a reedificação de pontes permanentes e capazes de resistir à 
magnitude dos eventos adversos recorrentes na região afetada. 
Para a recuperação econômica das áreas afetadas por desastres, foram criados os 
seguintes benefícios pela legislação federal: 
 
 Possibilidade de movimentação da conta do Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço (FGTS) pelo seu titular residente em áreas atingidas por determinados 
desastres naturais que ensejem situação anormal reconhecida pelo Governo 
Federal (BRASIL, 2004); 
 Redução do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) de até 90% no 
caso de o imóvel ter sido atingido por causa determinante de estado de 
calamidade pública decretado pelo Poder Público (BRASIL, 1980); 
 Antecipação do cronograma de pagamento e do valor correspondente a uma 
renda mensal aos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) 
domiciliados nos Municípios em estado de calamidade pública reconhecida 
pelo Governo Federal (BRASIL, 2010a); e 
 
 
38 
 Liberação de linhas de crédito especiais, com recursos do Fundo 
Constitucional de Financiamento do Nordeste, destinadas a atender os setores 
produtivos rural, industrial, comercial e de serviços dos Municípios em 
situação de emergência ou estado de calamidade pública reconhecida pelo 
Poder Executivo federal (BRASIL, 2001a). 
 
A legislação federal também determina a prioridade de atendimento no Programa 
Minha Casa Minha Vida às famílias residentes em áreas de risco, insalubres, que tenham 
sido desabrigadas ou que perderam a moradia em razão de enchente, alagamento, 
transbordamento ou em decorrência de qualquer desastre natural do gênero (BRASIL, 
2009). 
Você tinha conhecimento desses benefícios? A maioria deles só é possível a partir do 
reconhecimento federal de uma situação de emergência ou de estado de calamidade 
pública. Esse reconhecimento federal normalmente é feito após uma homologação 
estadual dessas situações, a qual, no Ceará, é de responsabilidade da CEDEC/CBMCE. 
As obras de reconstrução pós-desastres, que contribuem decisivamente para o 
retorno à normalidade social, devem estar fundamentadas no princípio de tornar as 
infraestruturas mais resistentes aos eventos adversos, ou seja, torná-las mais resilientes. 
Assim, essas obras são uma oportunidade para “reconstruir melhor”, sendo esta 
uma das quatro prioridades estabelecidas no Marco de Sendai, acordo vigente no período 
de 2015 a 2030, do qual o Brasil é signatário (UNISDR, 2015). 
Nesse sentido, os Estados e Municípios devem dispor de profissionais qualificados e 
habilitados para planejar e fiscalizar a execução das ações de reconstrução, por vezes 
obras de grande valor e complexidade. 
 
FIGURA 17 – Casas populares reconstruídas em Itatira/CE 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC. 
 
39 
A título de exemplificação, somente em 2008 e 2009, para a reconstrução de casas 
populares (Figura 17) e recuperação da infraestrutura pública (estradas, passagens 
molhadas e bueiros, por exemplo) danificada ou destruída por inundações e enxurradas 
em 133 municípios, a CEDEC/CBMCE gerenciou o montante de 93,87 milhões de reais. 
Nesse período, a CEDEC/CBMCE realizou 23 contratações de empresas da construção 
civil, tendo a interveniência técnica da Secretaria da Infraestrutura e da Secretaria dos 
Recursos Hídricos, órgãos com expertise em obras rodoviárias e hidráulicas, 
respectivamente. Também foram firmados convênios para a transferência de recursos 
para 132municípios a fim de serem reconstruídas casas populares, bem como 
recuperadas estradas vicinais e passagens molhadas. 
 
FIGURA 18 – Canal do rio Granjeiro no Crato/CE, reconstruído após enxurrada 
ocorrida em 2011 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC. 
 
Logo em seguida, no ano de 2011, a CEDEC/CBMCE foi gestora de recursos 
financeiros de transferência obrigatória da União para obras de reconstrução de parte do 
canal do rio Granjeiro (Figura 18), o qual fora parcialmente destruído devido a uma 
enxurrada ocorrida naquele ano no município do Crato/CE (Figura 19). 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
FIGURA 19 – Canal do rio Granjeiro no Crato/CE, destruído parcialmente após 
enxurrada em 2011 
 
 
Fonte: Acervo fotográfico da CEDEC. 
 
Essa obra contratada pela CEDEC/CBMCE foi executada com o apoio técnico do 
Departamento de Arquitetura e Engenharia, órgão vinculado à Secretaria da 
Infraestrutura do Ceará. 
A partir desses exemplos, infere-se que apesar de o gerenciamento de obras não ser 
uma expertise da CEDEC, como esta coordenadoria é o órgão estadual responsável pela 
gestão de recursos financeiros para a execução de ações de defesa civil no Ceará (CEARÁ, 
2007), cabe a ela firmar acordos de cooperação técnica com outros órgãos do Estado a 
fim de cumprir o seu mister. 
Nesse sentido, são detalhados na seção a seguir os principais aspectos 
administrativos a serem observados pelos integrantes da CEDEC/CBMCE na gestão de 
desastres. 
 
2.4 Aspectos Administrativos da Gestão de Desastres 
 
Nesta seção são discriminados os principais aspectos administrativos a serem 
observados pelos agentes da CEDEC/CBMCE na gestão de desastres, desde a declaração 
ou homologação de situação anormal até a prestação de contas de recursos transferidos 
pela União para ações de resposta e de recuperação de áreas atingidas por desastres no 
Ceará. 
 
 
 
41 
Processo Legal de Declaração de Situação Anormal 
 
Ocorrido o desastre, para facilitar a gestão administrativa e captar recursos 
complementares para ações de resposta e recuperação da área afetada, é necessário 
confeccionar um processo legal de declaração de situação anormal, cujos critérios e 
procedimentos são estabelecidos por Brasil (2020b). 
O primeiro passo para a instrução desse processo é constituir uma equipe de 
avaliação de danos e prejuízos, formada por agentes de proteção e defesa civil, bem 
como por outros especialistas, conforme o caso, para determinar o nível do desastre. 
A caracterização do nível do desastre definirá a situação anormal a ser declarada 
pelo Poder Executivo do ente federativo atingido pelo desastre: situação de emergência 
ou estado de calamidade pública. 
Situação de Emergência (SE) é a “situação anormal, provocada por desastres, 
causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento parcial da capacidade de 
resposta do poder público do ente federativo atingido”. 
Já o Estado de Calamidade Pública (ECP) é caracterizado quando há o 
comprometimento substancial da capacidade de resposta do Poder Executivo do ente 
federativo atingido. 
A equipe de avaliação de danos e prejuízos deverá dividir tarefas, definir meios e 
equipamentos, bem como organizar o trabalho de reunião de informações visando à 
celeridade do processo sob sua responsabilidade, haja vista a necessidade de resposta 
emergente à situação anormal. 
Para se determinar o nível do desastre são avaliados os danos e prejuízos dele 
resultantes em comparação com a capacidade de resposta local. São três os níveis de 
intensidade dos desastres: 
I (pequena intensidade): quando há somente danos humanos consideráveis e a 
situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos mobilizados em nível 
local ou complementados com o aporte de recursos estaduais e federais. 
II (média intensidade): quando os danos e prejuízos são suportáveis e superáveis 
pelos governos locais e a situação de normalidade pode ser restabelecida com os recursos 
mobilizados em nível local ou complementados com o aporte de recursos estaduais e 
federais. Esses desastres são caracterizados pela ocorrência de ao menos dois danos – 
sendo um deles obrigatoriamente dano humano – que importem no prejuízo econômico 
 
42 
público, ou no prejuízo econômico privado, que afetem a capacidade do poder público 
local em responder e gerenciar a crise instalada. 
III (grande intensidade): quando os danos e prejuízos não são superáveis e 
suportáveis pelos governos locais e o restabelecimento da situação de normalidade 
depende da mobilização e da ação coordenada das três esferas de atuação do SINPDEC e, 
em alguns casos, de ajuda internacional. Esses desastres são caracterizados pela 
concomitância na existência de óbitos, isolamento de população, interrupção de serviços 
essenciais, interdição ou destruição de unidades habitacionais, danificação ou destruição 
de instalações públicas prestadoras de serviços essenciais e obras de infraestrutura 
pública. 
Os desastres de nível I e II ensejam a declaração de SE, enquanto os desastres de 
nível III, a de ECP. 
Finalizada a avaliação dos danos e prejuízos, bem como da resposta efetuada, o 
órgão de proteção e defesa civil do ente atingido determinará o nível do desastre. Em 
seguida, considerando os critérios e procedimentos estabelecidos por Brasil (2020b), 
emitirá um Parecer Técnico fundamentando a necessidade da declaração da situação 
anormal. 
Com base nesse Parecer Técnico, o chefe do Poder Executivo municipal ou estadual 
poderá declarar a situação anormal. 
Quando os desastres forem resultantes de um mesmo evento adverso e atingirem 
mais de um município concomitantemente, a declaração de situação anormal poderá ser 
feita pelo Poder Executivo estadual. 
A declaração da situação anormal é feita por meio de um Decreto, publicado para 
estabelecer uma situação jurídica especial a fim de agilizar a execução das ações de 
resposta e de recuperação das áreas atingidas pelo desastre. Com base nesse Decreto, 
poder-se-á, por exemplo, dispensar a licitação, conforme o previsto na Lei nº 14.133/2021: 
 
Art. 75. É dispensável a licitação: (...) VIII - nos casos de emergência ou de 
calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação 
que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a continuidade dos serviços 
públicos ou a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros 
bens, públicos ou particulares, e somente para aquisição dos bens necessários 
ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de 
obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 1 (um) ano, 
 
43 
contado da data de ocorrência da emergência ou da calamidade, vedadas a 
prorrogação dos respectivos contratos e a recontratação de empresa já 
contratada com base no disposto neste inciso (BRASIL, 2021a). 
 
O prazo máximo de vigência do Decreto de declaração de situação anormal é de 180 
dias a contar da data da sua publicação. 
A seguir são descritos os procedimentos para requerimento da homologação 
estadual, bem como do reconhecimento federal da situação anormal. 
O requerimento de reconhecimento federal da situação anormal decretada deve 
conter a fundamentação legal desse processo, a necessidade comprovada de auxílio 
complementar federal, bem como a especificação dos recursos ou benefícios federais a 
serem pleiteados para a resposta e recuperação da área afetada pelo desastre. Esse 
requerimento deve estar acompanhado dos seguintes documentos: 
 
 Formulário de Informações do Desastre (FIDE), contendo os dados do(s) 
ente(s) federado(s) atingido(s) e informações do desastre, tais como o tipo, as 
causas, a área afetada, os danos e os prejuízos; 
 Declaração Municipal/Estadual de Atuação Emergencial (DMATE/DEATE), 
contendo os dados da resposta dada pelo Município/Estado para o 
restabelecimento da normalidade; 
 Relatório fotográfico, demonstrando a relaçãodireta do desastre com os 
prejuízos econômicos e, quando possível, com os danos declarados; 
 Parecer Técnico do órgão municipal/estadual de proteção e defesa civil, 
contemplando a avaliação dos danos e prejuízos, bem como da resposta 
efetuada e fundamentando a necessidade de declaração de situação anormal, 
de acordo com os critérios e procedimentos estabelecidos na norma vigente; 
 Decreto de declaração da situação anormal (SE ou ECP); 
 Outros documentos ou registros, assinados pelos seus emissores, que 
comprovem as informações declaradas, tais como: laudos de chuvas e do nível 
dos reservatórios d’água, relatórios de perdas agrícolas e comprovantes das 
ações de resposta já realizadas. 
 
 
 
44 
O prazo máximo para envio do requerimento de reconhecimento federal é de 10 
dias, contados da data da ocorrência do desastre, no caso de desastres súbitos, ou 
contados da data do Decreto, no caso de desastres graduais ou de evolução crônica. 
 
O envio do requerimento e seus anexos se dá por meio do S2ID (BRASIL, 2012c) 
(FIGURA 20), ficando acessível simultaneamente para análise da União e do Estado. 
 
FIGURA 20 – Tela inicial do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD) 
 
 
Fonte: S2iD (2021). 
 
Após análise técnica do processo pela União, realizada por equipe do CENAD, o 
Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil poderá efetivar o reconhecimento federal 
por meio de Portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU). Semelhantemente, o 
Estado do Ceará, após análise técnica do processo pela CEDEC, poderá homologar a 
situação anormal decretada pelo Município. 
Para fortalecer o SINPDEC, é uma prática da SEDEC, para fins de reconhecimento 
federal, solicitar a prévia análise e homologação estadual dos processos registrados no 
S2ID pelos Municípios do respectivo estado. 
Assim, na Figura 21 apresenta-se um fluxograma do processo de declaração de 
situação anormal (SE ou ECP), desde a ocorrência do desastre até seu envio para o 
reconhecimento federal. 
 
 
 
 
 
45 
FIGURA 21 – Fluxograma do processo de declaração de situação anormal 
 
 
Fonte: Adaptado de Brasil (2020b). 
 
Homologada e/ou reconhecida a situação anormal, o ente federado atingido poderá 
solicitar recursos materiais e financeiros para a gestão do desastre, conforme o exposto 
na subseção a seguir. 
 
Recursos Financeiros Para Ações de Resposta e Recuperação 
 
A transferência de recursos financeiros do Governo do Estado do Ceará solicitados 
pelos entes municipais para ações de resposta e de recuperação de cenários de desastres 
dá-se mediante a formalização de convênio com o CBMCE, que é o órgão ao qual é 
vinculada a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), gestora do Fundo de Defesa 
Civil do Estado do Ceará (FDCC). Para tanto, é necessária a homologação estadual da 
situação anormal (CEARÁ, 2010). 
Apesar dessa possibilidade de transferência de recursos financeiros do Estado para 
os Municípios, para fins de execução de ações complementares de resposta e de 
recuperação de cenários de desastres, os entes federativos cearenses têm a prática de 
recorrer à União para receber esses recursos. 
 
 
46 
Isso porque, segundo Brasil (2010c), são obrigatórias as transferências de recursos 
da União aos entes federativos para a execução de ações, tanto de intervenção em áreas 
de risco a fim de mitigar a ocorrência de desastres, quanto de resposta e de recuperação 
em áreas atingidas por desastres. 
O montante a ser transferido pela União é definido pela SEDEC, de acordo com a 
disponibilidade orçamentária e financeira e as informações do ente atingido pelo 
desastre. 
Para a transferência obrigatória de recursos de resposta e de recuperação é 
necessário o reconhecimento federal da situação anormal; exceto quando compreender 
exclusivamente o socorro e a assistência às vítimas, mediante solicitação motivada e 
comprovada do fato pelo ente beneficiário. 
Nesse caso, o ente recebedor do recurso fica responsável pela posterior 
apresentação dos documentos e informações necessárias para análise do 
reconhecimento federal. 
Existem procedimentos específicos para a solicitação de recursos financeiros de 
resposta e de recuperação, a qual deve ser obrigatoriamente realizada por meio do S2ID 
(BRASIL 2017a). 
A solicitação de recursos financeiros para resposta aos desastres deve conter: os 
dados do proponente; as informações do desastre; a descrição e justificativa das metas e 
itens da proposição, bem como seus respectivos valores requisitados. 
No ato da solicitação deve ser assumido o compromisso de aplicar os recursos 
financeiros estritamente na execução das ações propostas. 
Também deve ser indicada a conta bancária em que os recursos deverão ser 
depositados. Essa conta deverá, obrigatoriamente, ter um Cartão de Pagamento de 
Defesa Civil (CPDC) a ela vinculada, conforme detalhado mais adiante. 
A solicitação de recurso é analisada por uma equipe técnica do CENAD e, estando de 
acordo com a legislação, encaminhada ao Secretário da SEDEC para deliberação. 
Se aprovada, a transferência do recurso é autorizada por meio de uma Portaria 
publicada no DOU (Figura 22). 
Nessa portaria também é determinado o prazo para a execução do recurso. 
Em seguida, o recurso é transferido para a conta informada pelo ente, que a 
movimentará utilizando o CPDC. 
 
 
47 
FIGURA 22 – Exemplo de Portaria de autorização de transferência obrigatória de 
recursos da União 
 
 
Fonte: Brasil (2015). 
 
Segundo Brasil (2020e), o CPDC (Figura 23) é um “instrumento de pagamento, isento 
de taxa de adesão e anuidade, emitido em nome do órgão ou entidade do Estado, Distrito 
Federal ou Município beneficiário, operacionalizado por instituição financeira oficial 
federal, utilizado exclusivamente pelo portador nele identificado”. Esse cartão foi criado 
para dar mais transparência e agilizar o controle dos recursos para resposta aos desastres, 
pois os gastos, quando efetuados, em poucos dias são demonstrados no Portal da 
Transparência do Governo Federal. 
 
 
 
48 
FIGURA 23 – Modelo de Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC) 
 
 
Fonte: Brasil (2017c). 
 
Os entes federados beneficiários de transferências obrigatórias da União para 
execução de ações de resposta devem firmar contrato de prestação de serviços com a 
instituição financeira responsável pela operacionalização do CPDC, atualmente o Banco 
do Brasil, e ficam responsáveis por todas as transações efetuadas com o uso do cartão. 
No Estado do Ceará, adotou-se a prática de o Portador do CPDC ser o oficial superior 
bombeiro militar Coordenador da CEDEC, por ser ele o gestor do FDCC, cujas contas são 
destinadas para o recebimento de recursos de transferências obrigatórias da União. 
A conta de vinculação do CPDC permanece zerada, sem custo algum, até que haja a 
transferência obrigatória de recursos federais para ações de resposta. 
Vale ressaltar que o CPDC é um instrumento de pagamento, não substituindo ou 
desobrigando o devido processo legal para aquisição ou contratação de quaisquer bens 
ou serviços, bem como a devida prestação de contas dos recursos recebidos. 
Durante a execução do recurso financeiro de resposta, deverá ser encaminhado 
trimestralmente à SEDEC o relatório de execução parcial. Esse relatório é exigido para a 
liberação de parcelas subsequentes do recurso empenhado, quando for o caso. 
Em até 30 (trinta) dias após o término do prazo para a execução dos recursos, o ente 
beneficiado deve encaminhar à SEDEC os documentos da prestação de contas final: (i) 
relatório de execução física, instruído com fotografias datadas e georreferenciadas; (ii) 
declaração de cumprimento do objeto e atingimento dos objetivos; (iii) cópia do termo 
de aceitação definitiva da obra ou serviço de engenharia, quando for o caso; e (iv) outros 
documentos solicitados, quando necessário (BRASIL, 2020d).Os documentos são analisados quanto aos aspectos técnicos e financeiros e 
contábeis, verificando-se o cumprimento do objeto e do atingimento dos objetivos 
aprovados pela SEDEC. 
 
 
49 
Para solicitação de recursos financeiros para reconstrução de cenários de desastres, 
é necessário apresentar, no S2ID, em até 90 (noventa) dias após o desastre, um Plano de 
Trabalho e o Relatório de Diagnóstico. 
O Plano de Trabalho deve conter os dados cadastrais do ente solicitante e de outros 
partícipes, os dados bancários da conta específica para receber os recursos, a descrição 
sumária das obras a reconstruir, o custo global estimado das obras, bem como o 
compromisso de aplicar os recursos financeiros estritamente na execução das ações 
propostas. 
O Plano deve ser assinado por autoridade do ente federativo solicitante do recurso, 
bem como por seu responsável técnico, que responde pelo orçamento estimativo que 
subsidiou o valor global do recurso solicitado (BRASIL, 2020c). 
O Relatório de Diagnóstico deve demonstrar, de forma inequívoca, que a 
necessidade de realização de cada obra é decorrente do desastre. 
Com base no que é informado no Plano de Trabalho e no Relatório de Diagnóstico é 
feita uma análise técnica da solicitação pelo Departamento de Obras de Proteção e 
Defesa Civil da SEDEC. 
Essa análise verifica: (i) a localização de cada meta em relação à delimitação das 
áreas afetadas e descritas no FIDE; (ii) a adequabilidade de cada meta à classificação 
funcional-programática da ação orçamentária de recuperação, verificando a coerência das 
informações contidas no Relatório de Diagnóstico; e (iii) o custo global estimativo de cada 
meta, baseado em valores pagos pela administração pública em serviços e obras similares 
ou aferido mediante orçamento sintético ou metodologia expedita ou paramétrica. 
Aprovada a solicitação, o recurso financeiro correspondente é pré-empenhado, 
momento em que o ente solicitante é informado oficialmente que está autorizado a 
iniciar a seleção da empresa que será contratada para executar as obras previstas no 
Plano de Trabalho. 
Selecionada a empresa, o ente beneficiário deverá encaminhar à SEDEC o Plano de 
Trabalho atualizado com as metas aprovadas e os respectivos valores a serem 
contratados, bem como documentos que atestem a regularidade técnica e legal do 
processo de contratação das obras, de acordo com os modelos estabelecidos por Brasil 
(2020c). 
 
 
 
50 
Em seguida, o recurso financeiro para a execução do Plano de Trabalho atualizado é 
autorizado por meio de uma Portaria da SEDEC (Figura 22) publicada no DOU e 
transferido para uma conta específica do ente solicitante. Nesse caso os gastos não são 
efetuados pelo CPDC. No Estado do Ceará, esses recursos são destinados a uma conta do 
FDCC, gerido pela CEDEC/CBMCE. 
Recebido o recurso, o ente efetivará a contratação da empresa para a execução das 
obras de reconstrução previstas no Plano de Trabalho. 
Durante a execução do Plano de Trabalho, para o pagamento das demais parcelas do 
recurso, deverá ser encaminhado à SEDEC o relatório de progresso da obra e a 
declaração do fiscal do contrato de que a execução da obra está de acordo com a 
legislação vigente. 
Ressalte-se que o ente beneficiário do recurso de transferência obrigatória da União 
somente poderá executar qualquer despesa com esses recursos financeiros após integrá-
los ao seu orçamento público, conforme estabelece Brasil (1964). 
Essa integração se dará por meio de: (i) suplementação orçamentária, no caso de já 
existir rubrica orçamentária adequada para a execução do recurso recebido; ou (ii) por 
abertura de crédito extraordinário ou especial no orçamento vigente, caso não exista 
rubrica orçamentária adequada. 
O acompanhamento, a fiscalização e o controle da execução das ações de resposta 
e de recuperação custeadas por recursos de transferências obrigatórias da União são de 
inteira responsabilidade do ente beneficiado. Não obstante, podem ocorrer visitas 
técnicas da SEDEC, dos órgãos de controle e do fiscal designado pelo órgão contratante. 
Caso necessite de prorrogação do prazo estabelecido para a execução do recurso de 
resposta ou de recuperação, o ente deverá solicitá-la por meio de ofício, com as 
justificativas do pleito, enviado à SEDEC com antecedência mínima de 30 (trinta) dias do 
término do prazo vigente. 
Após o término da execução do objeto ou do prazo para a execução do recurso de 
resposta ou de recuperação, o ente beneficiário deverá encaminhar à SEDEC, em até 30 
dias, a prestação de contas final, composta dos seguintes documentos: 
 
I - relatório de execução físico-financeira; 
II - demonstrativo da execução da receita e despesa, evidenciando os recursos 
recebidos e eventuais saldos; 
III - relação de pagamentos e de bens adquiridos, produzidos ou construídos; 
 
51 
V (sic) - extrato da conta bancária específica do período do recebimento dos 
recursos e conciliação bancária, quando for o caso; 
VI - relação de beneficiários, quando for o caso; 
VII - cópia do termo de aceitação definitiva da obra ou serviço de engenharia, 
quando for o caso; e 
VIII - comprovante de recolhimento do saldo de recursos, quando houver. 
Não são enviados, para a prestação de contas, os contratos, notas fiscais e nem 
cópias desses documentos (BRASIL 2010b). 
 
A prestação de contas é analisada quanto aos aspectos técnicos e financeiros, 
podendo ser solicitada complementação. 
Caso a prestação de contas não seja enviada, ou não seja complementada no prazo 
estipulado, é instaurada uma Tomada de Contas Especial (TCE), que tramita no âmbito do 
Tribunal de Contas da União (TCU). Nesse caso, o ente poderá ser incluído em cadastro de 
inadimplentes, quando ficará impedido de receber recursos financeiros da União, 
podendo seu gestor ser responsabilizado, tendo de devolver, com seu próprio patrimônio, 
os valores recebidos. 
Os entes beneficiários deverão manter, pelo prazo de 5 (cinco) anos, contados da 
data de aprovação da prestação de contas, os documentos a ela referentes, ficando 
obrigados a disponibilizá-los, sempre que solicitado por órgão competente (BRASIL, 
2010b). 
Assim, o coordenador da CEDEC/CBMCE, enquanto gestor do FDCC, com o apoio de 
sua equipe técnica, tem uma grande responsabilidade quanto à aplicação dos recursos 
financeiros transferidos ao Fundo pela União. 
Para se ter uma dimensão dessa responsabilidade, somente nos anos de 2012 a 
2018, o FDCC recebeu 212,8 milhões de reais da União para a execução de ações de 
proteção e defesa civil no Ceará (PORTAL DA TRANSPARÊNCIA, 2019). 
A boa gestão desses – e de outros – recursos de proteção e defesa civil, além de 
abnegação, empenho e capacidade de articulação do gestor do FDCC – e de sua equipe 
de trabalho, composta por bombeiros militares –, requer bastante conhecimento técnico 
dos temas tratados nesta apostila. 
Aqui se finaliza o conteúdo desta disciplina. Espera-se que, de posse desse 
conhecimento, você esteja mais preparado para atuar em situações de desastres, 
especialmente como agente de proteção e defesa civil. 
 
52 
REFERÊNCIAS 
 
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Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de 
Serviço - FGTS. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 24 jun. 2004. 
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Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 
1999, e o art. 3º do Decreto nº 6.722, de 30 de dezembro de 2008. Diário Oficial [da] 
República Federativa do Brasil, Brasília, 29 jun. 2010. 2010a. 
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Defesa Civil - SINDEC, sobre o reconhecimento de situação de emergência e estado de 
calamidade pública, sobre as transferências de recursospara ações de socorro, assistência 
às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas áreas atingidas por 
desastre, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 
Brasília, 05 ago. 2010. 2010b. 
BRASIL. Decreto nº 7.616, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a declaração de 
Emergência em Saúde Pública de Interesse Nacional – ESPIN e institui a Força Nacional do 
Sistema Único de Saúde – FN-SUS. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 
Brasília, 18 nov. 2011. 
BRASIL. Decreto nº 10.290, de 24 de março de 2020. Aprova a Estrutura Regimental e o 
Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do 
Ministério do Desenvolvimento Regional e remaneja e transforma cargos em comissão e 
funções de confiança. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 24 mar. 
2020. 2020a. 
BRASIL. Decreto nº 84.685, de 06 maio de 1980. Regulamenta a Lei nº 6.746, de 10 de 
dezembro de 1979, que trata do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, e dá 
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 07 mai. 
1980. 
BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito 
Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, 
dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 
Brasília, 23 mar. 1964. 
BRASIL. Lei nº 10.177, de 12 de janeiro de 2001. Dispõe sobre as operações com recursos 
dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte e Nordeste, e dá outras 
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 15 jan. 2001. 
2001a. 
BRASIL. Lei nº 11.977, de 07 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa, 
Minha Vida – PMCMV, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa 
 
53 
do Brasil, Brasília, 08 jul. 2009. 
BRASIL. Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010. Dispõe sobre as transferências de 
recursos da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para 
a execução de ações de prevenção em áreas de risco de desastres e de resposta e de 
recuperação em áreas atingidas por desastres; e dá outras providências. Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, 02 dez. 2010. 2010c. 
BRASIL. Lei nº 12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção e 
Defesa Civil - PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - 
SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil - CONPDEC; e dá outras 
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 11 abr. 2012. 
2012a. 
BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos 
Administrativos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 01 abr. 2021. 
2021a. 
BRASIL. Ministério da Cidadania. Portaria MC nº 618, de 22 de março de 2021. Dispõe 
sobre procedimentos para a Ação de Distribuição de Alimentos (ADA) nas localidades em 
situação de emergência ou estado de calamidade pública. Diário Oficial [da] República 
Federativa do Brasil, Brasília, 22 mar. 2021. 2021b. 
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Ministério da Defesa. Portaria nº 01/MI/MD, 
de 25 de julho de 2012. Dispõe sobre a mútua cooperação técnica e financeira entre os 
Ministérios da Integração Nacional e da Defesa para a realização de ações 
complementares de apoio às atividades de distribuição de água potável às populações 
atingidas por estiagem e seca na região do semiárido nordestino e região norte dos 
Estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, denominada Operação Carro-Pipa. Diário 
Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 26 jul. 2012. 2012b. 
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Portaria nº 215, de 4 de abril de 2017. 
Estabelece a utilização do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres - S2ID na 
transferência de recursos federais para as ações de resposta e de recuperação para 
Estados e Municípios afetados por desastres. Diário Oficial [da] República Federativa do 
Brasil, Brasília, 06 abr. 2017. 2017a. 
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Portaria nº 526, de 6 de setembro de 2012. 
Estabelece procedimentos para a solicitação de reconhecimento de Situação de 
Emergência ou de Estado de Calamidade Pública por meio do Sistema Integrado de 
Informações sobre Desastres - S2ID. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 
Brasília, 10 set. 2012. 2012c. 
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Portaria nº 
143, de 20 de junho de 2015. Autoriza empenho e transferência de recursos para ações 
de Defesa Civil ao Estado do Ceará. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 
Brasília, 01 jul. 2015. 
 
54 
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Portaria nº 
302, de 24 de outubro de 2001. Cria a Rede Nacional de Emergência de Radioamadores - 
RENER. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 26 out. 2001. 2001b. 
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. 
Departamento de Prevenção e Preparação. Recuperação: gestão de recursos federais em 
proteção e defesa civil para reconstrução: livro base. Brasília: Ministério da Integração 
Nacional, 2017. 2017b. 
BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. 
Departamento de Prevenção e Preparação. Resposta: gestão de desastres, decretação e 
reconhecimento federal e gestão de recursos federais em proteção e defesa civil para 
resposta: livro base. Brasília: Ministério da Integração Nacional, 2017. 2017c. 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Instrução Normativa nº 36, de 4 de 
dezembro de 2020. Estabelece procedimentos e critérios para o reconhecimento federal e 
para declaração de situação de emergência ou estado de calamidade pública pelos 
municípios, estados e pelo Distrito Federal. Diário Oficial [da] República Federativa do 
Brasil, Brasília, 07 dez. 2020. 2020b. 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Portaria nº 3.033, de 4 de dezembro de 
2020. Define procedimentos a serem adotados pela Secretaria Nacional de Proteção e 
Defesa Civil para as transferências de recursos da União aos órgãos e entidades dos 
estados, Distrito Federal e municípios para a execução de ações de prevenção em áreas 
de risco de desastres e de recuperação em áreas atingidas por desastres. Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, 7 dez. 2020. 2020c. 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Regional. Portaria nº 3.036, de 4 de dezembro de 
2020. Estabelece procedimentos para análise técnica da prestação de contas final, pela 
Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, dos recursos transferidos pela União aos 
órgãos e entidades dos estados, Distrito Federal e municípios para a execução de ações de 
resposta em áreas atingidas por desastres, disciplinadas pela Lei n. 12.340, de 1º de 
dezembro de 2010, e respectiva regulamentação. Diário Oficial [da] República Federativa 
do Brasil, Brasília, 7 dez. 2020. 2020d. 
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2020. Regulamenta o uso do Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC). Diário Oficial 
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, 07 dez. 2020. 2020. 2020e. 
CEARÁ. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará. Portaria nº 108, de 08 de 
outubro de 2015. Disciplina os procedimentos operacionais para celeridade na inclusão 
de Município cearense na Operação Carro Pipa – OCP, coordenada pela Coordenadoria 
Estadual de Defesa Civil – CEDEC. Diário Oficial do Estado [do] Ceará, Fortaleza, 09 nov. 
2015. 
CEARÁ. Decreto nº 28.656, de 26 de fevereiro de 2007. Reorganiza o Sistema Estadual de 
Defesa Civil – SEDC e o Conselho Estadual de Defesa Civil, dispõe sobre a Coordenadoria 
 
55 
Estadual de Defesa Civil e dá outrasprovidências. Diário Oficial do Estado [do] Ceará, 
Fortaleza, 06 mar. 2007. 
CEARÁ. Decreto nº 30.909, de 02 de maio de 2012. Institui o Comitê Integrado de 
Combate à Seca, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado [do] Ceará, Fortaleza, 
03 mai. 2012. 
CEARÁ. Lei nº 16.710, de 21 de dezembro de 2018. Dispõe sobre o modelo de gestão do 
poder executivo, altera a estrutura da administração estadual. Diário Oficial do Estado 
[do] Ceará, Fortaleza, 27 dez. 2018. 
CEARÁ. Lei Complementar nº 88, de 09 de março de 2010. Cria o Fundo de Defesa Civil do 
Estado do Ceará – FDCC, e dá outras providências. Diário Oficial do Estado [do] Ceará, 
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trimestre e acumulado de janeiro a dezembro de 2012. Disponível em 
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2016. 2012. 
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Reducción del Riesgo de Desastres. Geneva: ONU, 2009. Disponível em: 
http://www.unisdr.org/files/7817_UNISDRTerminologySpanish.pdf. Acesso em: 21 jun. 
2017. 2009. 
MELO, Francisco das Chagas Brandão. A importância da educação comunitária para o 
enfrentamento de abalos sísmicos. 2017. Dissertação (Curso de Mestrado em Ciências da 
Educação). Florida Christian University, João Pessoa, 2017. 
NASCIMENTO, José Luciano Viana do. História do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará 
(Dos seus primórdios aos dias atuais). Fortaleza: RDS Editora, 2014. 
OLIVEIRA, Marcos de. Livro texto do Projeto Gerenciamento de Desastres – Sistema de 
Comando em Operações. Florianópolis: Ministério da Integração Nacional, Secretaria 
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PORTAL DA OPERAÇÃO PIPA. Exército Brasileiro. Resumo Geral. Ceará. Disponível em 
http://sedec.5cta.eb.mil.br/. Acesso em: 21 jun. 2019. 
PORTAL DA TRANSPARÊNCIA. Governo Federal. Convênios e outros acordos. Disponível 
em http://www.transparencia.gov.br/convenios/. Acesso em: 22 jun. 2019. 
 
56 
RIO DE JANEIRO. Secretaria de Estado da Defesa Civil do Rio de Janeiro. Administração 
para Abrigos Temporários. 1ª ed. Rio de Janeiro: SEDECRJ, 2006. 
S2ID. Sistema Integrado de Informações sobre Desastres. Relatórios. Disponível em 
https://S2iD.mi.gov.br/paginas/relatorios/. Acesso em: 02 abr. 2021. 
UFSC. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e 
Pesquisas sobre Desastres. Atlas Brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2012. 2 Ed. rev. 
ampl.. Florianópolis: CEPED UFSC, 2013. 2013a. 
UFSC. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e 
Pesquisas sobre Desastres. Atlas brasileiro de Desastres Naturais 1991 a 2012: Volume 
Ceará. 2 Ed. rev. ampl..Florianópolis: CEPED UFSC, 2013. 2013b. 
UFSC. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e 
Pesquisas sobre Desastres. Capacitação em Gestão de Riscos: livro texto. 1 Ed. Porto 
Alegre: CEPED/ UFRGS, 2015. 
 
UNISDR. Oficina de las Naciones Unidas para la Reducción del Riesgo de Desastres. Marco 
de Sendai para la Reducción del Riesgo de Desastres 2015-2030. Disponível em 
https://www.unisdr.org/files/43291_spanishsendaiframeworkfordisasterri.pdf. Acesso 
em: 08 jun. 2019. Genebra, 2015. 
VALE. Companhia Vale do Rio Doce. Reparação e Desenvolvimento: Listas atualizadas. 
Disponível em http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/servicos-para-
comunidade/minas-gerais/atualizacoes_brumadinho/Paginas/listas-atualizadas.aspx. 
Acesso em: 02 abr. 2021. 
 
ANEXO ÚNICO – Codificação Brasileira de Desastres 
(COBRADE) 
 
CATEGORIA (primeiro dígito) 
GRUPO (segundo dígito) 
Subgrupo (terceiro dígito) 
Tipo (quarto dígito) 
Subtipo (quinto dígito) 
 
1. NATURAIS 
A categoria Desastres Naturais subdivide-se em cinco Grupos, treze Subgrupos, vinte 
e quatro Tipos e vinte e três Subtipos: 
 
57 
1.1 GEOLÓGICOS 
1.1.1 Terremoto 
1.1.1.1.0 Tremor de terra 
1.1.1.2.0 Tsunami 
1.1.2.0.0 Emanações vulcânicas 
1.1.3 Movimentos de massa 
1.1.3.1 Quedas, tombamentos e rolamentos. 
1.1.3.1.1 Blocos 
1.1.3.1.2 Lascas 
1.1.3.1.3 Matacões 
1.1.3.1.4 Lajes 
1.1.3.2 Deslizamentos 
1.1.3.2.1 Deslizamentos de solo e ou rocha 
1.1.3.3 Corridas de massa 
1.1.3.3.1 Solo/lama 
1.1.3.3.2 Rochas/detritos 
1.1.3.4.0 Subsidências e colapsos 
1.1.4 Erosão 
1.1.4.1.0 Erosão costeira/marinha 
1.1.4.2.0 Erosão de margem fluvial 
1.1.4.3 Erosão continental 
1.1.4.3.1 Laminar 
1.1.4.3.2 Ravinas 
1.1.4.3.3 Boçorocas 
1.2 HIDROLÓGICOS 
1.2.1.0.0 Inundações 
1.2.2.0.0 Enxurradas 
1.2.3.0.0 Alagamentos 
1.3 METEOROLÓGICOS 
1.3.1 Sistemas de grande escala / escala regional 
1.3.1.1 Ciclones 
1.3.1.1.1 Ventos Costeiros (mobilidade de dunas) 
1.3.1.1.2 Marés de tempestades (ressacas) 
 
58 
1.3.1.2.0 Frentes frias / Zona de convergência 
1.3.2 Tempestades 
1.3.2.1 Tempestade local/convectiva 
1.3.2.1.1 Tornados 
1.3.2.1.2 Tempestade de raios 
1.3.2.1.3 Granizo 
1.3.2.1.4 Chuvas intensas 
1.3.2.1.5 Vendaval 
1.3.3 Temperaturas extremas 
1.3.3.1.0 Onda de calor 
1.3.3.2 Onda de frio 
1.3.3.2.1 Friagem 
1.3.3.2.2 Geadas 
1.4 CLIMATOLÓGICOS 
1.4.1 Seca 
1.4.1.1.0 Estiagem 
1.4.1.2.0 Seca 
1.4.1.3 Incêndio Florestal 
1.4.1.3.1 Incêndios em Parques, Áreas de Proteção Ambiental e Áreas de Preservação 
Permanente Nacionais, Estaduais ou Municipais 
1.4.1.3.2 Incêndios em áreas não protegidas, com reflexos na qualidade do ar 
1.4.1.4.0 Baixa umidade do ar 
1.5 BIOLÓGICOS 
1.5.1 Epidemias 
1.5.1.1.0 Doenças infecciosas virais 
1.5.1.2.0 Doenças infecciosas bacterianas 
1.5.1.3.0 Doenças infecciosas parasíticas 
1.5.1.4.0 Doenças infecciosas fúngicas 
1.5.2 Infestações/Pragas 
1.5.2.1.0 Infestações de animais 
1.5.2.2 Infestações de algas 
1.5.2.2.1 Marés vermelhas 
1.5.2.2.2 Cianobactérias em reservatórios 
 
59 
1.5.2.3.0 Outras Infestações 
 
2. TECNOLÓGICOS 
A categoria Desastres Tecnológicos subdivide-se em cinco Grupos, quinze Subgrupos 
e quinze Tipos: 
2.1 DESASTRES RELACIONADOS A SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS 
2.1.1 Desastres siderais com riscos radioativos 
2.1.1.1.0 Queda de satélite (radionuclídeos) 
2.1.2 Desastres com substâncias e equipamentos radioativos de uso em pesquisas, 
indústrias e usinas nucleares 
2.1.2.1.0 Fontes radioativas em processos de produção 
2.1.3 Desastres relacionados com riscos de intensa poluição ambiental provocada 
por resíduos radioativos 
2.1.3.1.0 Outras fontes de liberação de radionuclídeos para o meio ambiente 
2.2 DESASTRES RELACIONADOS A PRODUTOS PERIGOSOS 
2.2.1 Desastres em plantas e distritos industriais, parques e armazenamentos com 
extravasamento de produtos perigosos 
2.2.1.1.0 Liberação de produtos químicos para a atmosfera causada por explosão ou 
incêndio 
2.2.2 Desastres relacionados à contaminação da água 
2.2.2.1.0 Liberação de produtos químicos nos sistemas de água potável 
2.2.2.2.0 Derramamento de produtos químicos em ambiente lacustre, fluvial, 
marinho e aquíferos 
2.2.3 Desastres relacionados a Conflitos Bélicos 
2.2.3.1.0 Liberação de produtos químicos e contaminação como consequência de 
ações militares 
2.2.4 Desastres relacionados a transporte de produtos perigosos 
2.2.4.1.0 Transporte rodoviário 
2.2.4.2.0 Transporte ferroviário 
2.2.4.3.0 Transporte aéreo 
2.2.4.4.0 Transporte dutoviário 
2.2.4.5.0 Transporte marítimo 
2.2.4.6.0 Transporte aquaviário 
 
602.3 DESASTRES RELACIONADOS A INCÊNDIOS URBANOS 
2.3.1 Incêndios urbanos 
2.3.1.1.0 Incêndios em plantas e distritos industriais, parques e depósitos 
2.3.1.2.0 Incêndios em aglomerados residenciais 
2.4 DESASTRES RELACIONADOS A OBRAS CIVIS 
2.4.1.0.0 Colapso de edificações 
2.4.2.0.0 Rompimento / colapso de barragens 
2.5 DESASTRES RELACIONADOS A TRANSPORTE DE PASSAGEIROS E CARGAS NÃO 
PERIGOSAS 
2.5.1.0.0 Transporte rodoviário 
2.5.2.0.0 Transporte ferroviário 
2.5.3.0.0 Transporte aéreo 
2.5.4.0.0 Transporte marítimo 
2.5.5.0.0 Transporte aquaviário (BRASIL, 2020b).

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