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MATERIAIS E TÉCNICAS DE CONSTRUÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM > Explicar o que são os materiais de impermeabilização. > Identificar os tipos de impermeabilizantes. > Classificar os principais sistemas de impermeabilização. Introdução As edificações estão sujeitas a uma série de agentes externos, como a água, que pode causar danos estruturais, estéticos e até mesmo sanitários. A impermeabi- lização é um processo construtivo que tem por objetivo impedir a penetração de água ou outro fluido em uma estrutura. Por mais que possa parecer uma preocupação secundária em um projeto de construção, a impermeabilização é, na realidade, a base de um edifício resiliente. Ela impede que a água cause danos à edificação, como corrosão da armadura, manchas, mofo, deterioração de materiais, entre outros. Portanto, há necessidade de utilizar a impermeabilização em diversas etapas da obra, das fundações ao telhado, do subsolo às fachadas. Neste capítulo, você vai compreender o que são materiais de impermeabilização. Você vai conhecer os diferentes tipos de materiais utilizados para impermeabilizar as estruturas e vai entender como funcionam os sistemas de impermeabilização. Materiais de impermeabilização Aedjota Matos de Jesus Impermeabilização Desde os tempos mais remotos da história humana, a umidade tem sido uma preocupação constante. À medida que a água penetrava por entre as cama- das de solo e rocha, os antigos habitantes de cavernas percebiam os efeitos danosos dessa umidade, que tornava o ambiente interior insalubre. Com o passar do tempo e a crescente complexidade das demandas na construção civil, o homem aprofundou seu domínio sobre as técnicas e os materiais de isolamento, visando a proporcionar conforto e habitabilidade aos espaços construídos (Bauer, 2019). Essa busca incessante por soluções eficazes na gestão da umidade na construção civil resultou em um desenvolvimento substancial nos campos da impermeabilização. Nesse sentido, é importante compreender os danos que a água pode causar nas edificações, bem como entender o que é um material impermeabilizante e como ele permite criar ambientes seguros e saudáveis para a habitação humana. Efeito danoso da água nas edificações e tipos de infiltrações A presença de infiltrações em edificações representa uma preocupação cons- tante na construção civil, devido às implicações significativas que podem decorrer da negligência em sua prevenção e seu tratamento. Infelizmente, a falta de atenção adequada a essas manifestações pode resultar em uma série de consequências adversas que vão além do mero desconforto esté- tico, adentrando profundamente nos domínios da saúde, da segurança e da durabilidade das estruturas (Salgado, 2018). A preocupação com as infiltrações transcende o aspecto puramente esté- tico, pois essas manifestações patológicas podem acarretar danos substanciais às edificações e às pessoas que as habitam ou frequentam. Os principais motivos para tal preocupação são apresentados a seguir, com base em Allen e Joseph (2013) e Bauer (2019): � Integridade estrutural: as infiltrações podem comprometer a integri- dade das estruturas, levando à corrosão de armaduras em concreto, ao enfraquecimento de materiais e, até mesmo, ao colapso parcial ou total de elementos construtivos. � Salubridade ambiental: a umidade proveniente das infiltrações cria condições propícias ao desenvolvimento de fungos, mofo e bactérias, Materiais de impermeabilização2 que representam riscos à saúde dos ocupantes do espaço afetado, causando problemas respiratórios e alergias. � Degradabilidade de materiais: os materiais de construção, como ma- deira, gesso e alguns revestimentos, são suscetíveis à deterioração quando expostos a um ambiente úmido, resultando em danos econô- micos e estéticos substanciais. � Inconveniência e desconforto: as infiltrações causam desconforto aos ocupantes, com gotejamentos indesejados, manchas e eflorescências em superfícies internas, afetando a qualidade de vida nas edificações. A Figura 1 ilustra algumas manifestações patológicas associadas à infil- tração de água na edificação, decorrentes da falta de impermeabilização ou de sistemas de impermeabilização ineficientes. Figura 1. Manifestações patológicas associadas à infiltração de água: a) formação de manchas e mofo; b) descascamento da pintura da parede. Fonte: a) Tattoboo/Shutterstock.com; b) Toeizuza Thailand/Shutterstock.com. De modo geral, essas preocupações relacionadas à infiltração de água em edificações podem ser categorizadas conforme a sua origem, como descrito a seguir (Bauer, 2019): � Infiltração hidrostática: é caracterizada pela pressão hidrostática, geralmente relacionada à água subterrânea ou ao lençol freático, exer- cida sobre as estruturas de fundação. Pode resultar em vazamentos em subsolos e porões. � Infiltração por percolação: ocorre quando a água penetra através de fissuras, juntas ou poros nas estruturas, devido a chuvas intensas ou Materiais de impermeabilização 3 problemas nas áreas de cobertura. Causa danos à integridade estrutural e aos acabamentos. � Infiltração por capilaridade: a capilaridade envolve a ascensão da água através dos poros de materiais de construção porosos, como concreto e alvenaria. Pode resultar em eflorescências e manchas, prejudicando a estética e a durabilidade das superfícies. � Infiltração por condensação: ocorre devido à diferença de temperatura e umidade entre o interior e o exterior de um ambiente, o que promove a formação de gotículas de água na superfície das paredes e dos te- tos. Pode resultar em condensação de vapor de água nas superfícies internas, levando a problemas de mofo e deterioração de materiais. Para mitigar as infiltrações e, por conseguinte, as manifestações patológicas decorrentes, é importante adotar uma série de medidas em complemento à execução adequada da impermeabilização. Essas ações englobam a manutenção regular das calhas e dos rufos, a pronta identificação e correção de vazamentos e a cautela de manter janelas e portas devidamente fechadas durante períodos de chuva. Ao seguir essas diretrizes, contribui-se significativamente para a preservação da integridade da edificação, assegurando um ambiente saudável e isento de infiltrações indesejadas (Yazigi, 2021). As infiltrações podem levar ao desenvolvimento de manifestações pato- lógicas construtivas, como eflorescência, desplacamento de revestimentos e degradação de estruturas. Portanto, a prevenção e a compreensão das infiltrações são essenciais para a preservação da qualidade construtiva e da segurança dos ocupantes em edificações, tornando imperativa a adoção de medidas adequadas de projeto, construção e manutenção para mitigar os efeitos adversos desse fenômeno. O que são materiais de impermeabilização? A impermeabilização é uma prática indispensável na engenharia civil e na construção, uma vez que se constitui em um conjunto de técnicas e materiais voltados para impedir a penetração indesejada da água em estruturas e su- perfícies diversas. Essa barreira repele a água e, consequentemente, previne a edificação de danos relacionados à umidade. Portanto, um material de impermeabilização é uma substância ou um sistema que exibe propriedades Materiais de impermeabilização4 hidrorrepelentes — ou seja, tem a capacidade de resistir à penetração da água. Esses materiais são projetados para formar uma barreira eficaz contra a umidade, impedindo que ela alcance as áreas protegidas (Bauer, 2019). Os materiais impermeabilizantes podem ser classificados de acordo com sua composição química, sua forma de aplicação e sua finalidade. Todavia, de modo geral, a propriedade hidrorrepelente dos materiais impermeabilizantes é obtida a partir de sua composição química, que pode incluir os elementos descritos a seguir (ABNT, 2010; Yazigi, 2021): � Cimento: é um material que enrijece na presença de água e impede a penetração da água devido à presença de uma redetridimensional de silicatos de cálcio hidratados. � Betume: é um material impermeabilizante de origem natural, obtido a partir da destilação do petróleo. � Asfalto: é um material impermeabilizante de origem natural, obtido a partir da mistura de betume com areia e pedrisco. � Poliuretano: é um material impermeabilizante sintético que pode ser aplicado na forma líquida ou pastosa. � Epóxi: é um material impermeabilizante sintético que pode ser aplicado na forma líquida ou pastosa. � Poliestireno expandido: é um material impermeabilizante sintético que é aplicado na forma de placas. Em síntese, um material de impermeabilização é um material de construção que se caracteriza pela sua capacidade hidrofóbica — ou seja, sua habilidade inerente de repelir a água. Dessa forma, ao realizar a impermeabilização, prevenimos a ocorrência de manifestações patológicas relacionadas à umi- dade ou a infiltrações de água na edificação. A seguir, serão apresentados os diferentes tipos de impermeabilizantes. Tipos de materiais impermeabilizantes Os materiais impermeabilizantes são classificados conforme a sua capacidade de deformação, podendo ser classificados como rígidos, semiflexíveis ou flexíveis. O mercado oferece uma ampla gama de produtos impermeabilizan- tes, cada um com características e especificidades próprias; esses materiais devem ser selecionados de acordo com suas propriedades intrínsecas e em conformidade com as demandas específicas de projeto (Salgado, 2018). Materiais de impermeabilização 5 A escolha de um ou de outro tipo de impermeabilizante deve ser realizada com base em uma avaliação técnica, considerando-se fatores como (Allen; Joseph, 2013; Yazigi, 2021): � o tipo de superfície a ser impermeabilizada — concretos, alvenaria, metais, madeiras, entre outras; � as condições ambientais a que a superfície estará exposta — chuva, sol, umidade, entre outras; � o tráfego previsto na superfície — residencial, comercial, industrial, etc.; � o tamanho da área a ser impermeabilizada; � o orçamento disponível para a obra. A escolha do produto impermeabilizante adequado é fundamental para garantir a durabilidade e a eficácia do sistema de impermeabilização. Portanto, é importante conhecer os tipos de impermeabilizantes disponíveis e suas principais características, para realizar a escolha correta. Impermeabilizantes rígidos Os impermeabilizantes rígidos são geralmente à base de cimento, sendo misturados com aditivos poliméricos para conferir propriedades de aderência e flexibilidade limitada (Salgado, 2018). Esses materiais não trabalham junto com a estrutura principal da edificação e, geralmente, são misturados ao concreto e às argamassas de assentamento e revestimento, preenchendo os poros da estrutura, evitando, assim, a percolação da água. Os impermeabilizantes rígidos são indicados para aplicações em áreas que não estão sujeitas a grandes movimentações de expansão ou contração, como fundações, reservatórios de água e paredes de contenção de água. Além disso, os impermeabilizantes rígidos são indicados para superfícies horizontais de concreto em áreas com pouca ou nenhuma movimentação, como as coberturas (Bauer, 2019). Entre os impermeabilizantes rígidos, destacam-se os cristalizantes, que se diferenciam por sua capacidade de reagir quimicamente com a água, pre- enchendo e obstruindo os poros da estrutura a ser impermeabilizada. A composição desses produtos geralmente consiste em cimentos especiais, agregados finos, sílica ativa e componentes químicos ativos. Quando aplica- dos diretamente sobre a superfície da estrutura, esses impermeabilizantes permanecem inertes até que a água entre em contato com a estrutura a ser protegida (Salgado, 2018). Materiais de impermeabilização6 Impermeabilizantes semiflexíveis Os impermeabilizantes semiflexíveis são uma opção intermediária que com- bina as características de aderência do cimento com uma flexibilidade limitada. Eles têm uma flexibilidade intermediária entre os rígidos e os flexíveis, visto que apresentam dilatação e flexibilidade limitada, de forma a se adaptar à estrutura, absorvendo pequenas movimentações e pressões (Salgado, 2018). Os materiais impermeabilizantes semiflexíveis são formulados com po- límeros, cimento e agregados específicos para proporcionar uma camada que pode acomodar movimentos leves da estrutura sem comprometer a impermeabilização. Esses impermeabilizantes são indicados para locais onde ocorrem pequenas variações dimensionais devido à temperatura ou a cargas estáticas, como em lajes expostas ao clima, estruturas sujeitas a vibrações moderadas, piscinas enterradas e juntas de dilatação em pisos de concreto (Yazigi, 2021). Impermeabilizantes flexíveis Os impermeabilizantes flexíveis são os mais elásticos e podem se deformar sem se romper ou trincar. São compostos por polímeros elastoméricos que oferecem alta flexibilidade e capacidade de alongamento, como borrachas sintéticas e acrílicas. Por conta de sua composição, os impermeabilizantes flexíveis podem se esticar e contrair sem perder sua integridade, mantendo a barreira impermeável (Salgado, 2018). Os materiais impermeabilizantes flexíveis são ideais para áreas onde ocorrem movimentações significativas da estrutura, como expansões e con- trações devido a variações climáticas ou cargas dinâmicas. Portanto, são materiais recomendados para coberturas expostas ao sol e às intempéries, como varandas e terraços, paredes sujeitas a movimentações estruturais, como em reservatórios de água enterrados, e superfícies de concreto em áreas sísmicas (Bauer, 2019). Enfim, a escolha do tipo de impermeabilizante é um passo crítico na construção, pois influencia diretamente a durabilidade e a eficácia da pro- teção contra a água e a umidade. Entender as características e as aplicações dos impermeabilizantes rígidos, semiflexíveis e flexíveis é essencial para selecionar o produto mais adequado às necessidades de cada projeto, ga- rantindo a preservação das estruturas ao longo do tempo. Nesse sentido, também é importante conhecer os sistemas de impermeabilização, tema do próximo tópico. Materiais de impermeabilização 7 Sistemas de impermeabilização Os sistemas de impermeabilização são um conjunto de produtos e técni- cas que são utilizados para proteger uma estrutura ou um objeto contra a penetração de água. Eles podem ser classificados de acordo com o tipo de impermeabilizante utilizado, a forma de aplicação e a finalidade. Sistemas de impermeabilização com argamassa Os sistemas de impermeabilização com argamassa são os mais tradicionais e são compostos por uma camada de argamassa impermeável aplicada sobre a superfície a ser protegida. Essas argamassas contêm aditivos hidrofugantes que conferem à argamassa a capacidade de repelir a água (Allen; Joseph, 2013; Salgado, 2018). A argamassa impermeável é composta por cimento, areia, água e aditivos impermeabilizantes, como cimento expansivo, polímeros e resinas. Os sis- temas de impermeabilização com argamassa são indicados para aplicações em áreas que não estão sujeitas a grandes movimentações, como fundações, reservatórios de água e coberturas (Bauer, 2019). Entre os sistemas de impermeabilização com argamassas, destacam-se o cimento polimérico, a argamassa impermeabilizante e a argamassa polimé- rica (Yazigi, 2021). Esses materiais são recomendados para áreas molhadas, como banheiros e cozinhas, devendo ser aplicados sobre o contrapiso e sob as cerâmicas para evitar a infiltração de água, conforme mostra a Figura 2. Figura 2. Aplicação de argamassa polimérica utilizando uma espátula em um ambiente de área molhada. Fonte: Eduard Goricev/Shutterstock.com. Materiais de impermeabilização8 As argamassas poliméricas industrializadas são padronizadas de acordo com a Norma Brasileira NBR 11905, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2015). Cada fabricante tem suas especificações sobre a maneira adequada de aplicar seu produto,mas, em geral, a aplicação de um sistema de impermeabilização com argamassa polimérica pode ser feita da seguinte forma: 1) a superfície a ser protegida deve ser limpa e seca; 2) uma camada de argamassa impermeável deve ser aplicada sobre a superfície; 3) a argamassa deve ser aplicada em duas ou mais camadas, com o auxílio de uma desempenadeira ou trincha; 4) a cada camada aplicada, a superfície deve ser curada por pelo menos 24 horas. Sistemas de impermeabilização com membrana As membranas de impermeabilização são materiais flexíveis que formam uma barreira contínua contra a água quando aplicados sobre a superfície a ser impermeabilizada. Existem diversos tipos de membranas, cada uma adequada a diferentes condições e com requisitos específicos (Salgado, 2018). As membranas impermeáveis podem ser feitas de diversos materiais, como asfalto, argamassa, polietileno, PVC (cloreto de polivinila) e fibra de vidro. Os sistemas de impermeabilização com membranas são indicados para aplicações em áreas que estão sujeitas a grandes movimentações, como reservatórios de água enterrados, piscinas e fachadas (Allen; Joseph, 2013). Entre os diversos tipos de sistemas de impermeabilização com membrana, destacam-se os descritos a seguir, com base em Bauer (2019) e Yazigi (2021): � Membranas asfálticas: são amplamente utilizadas em lajes, terraços e áreas externas devido à sua resistência e à sua durabilidade. As mem- branas asfálticas podem ser aplicadas a quente ou a frio, dependendo do produto utilizado, das condições climáticas e da necessidade do projeto. � Membranas acrílicas: são comumente aplicadas em paredes externas de edifícios, especialmente em locais em que a estética é importante. As membranas acrílicas são flexíveis e podem ser pigmentadas para harmonizar com a cor da parede. � Membranas hidrofugantes: são utilizadas para conferir propriedades hidrofóbicas a superfícies porosas, como fachadas de tijolos ou con- creto. Elas vão repelir a água, mas permitir a respiração do material. Materiais de impermeabilização 9 � Membranas de PVC ou EPDM: o PVC é um elastômero termoplástico, en- quanto o EPDM (monômero de etileno-propileno-dieno) é uma borracha sintética. Ambas as membranas são frequentemente empregadas em coberturas planas, piscinas e áreas em que a flexibilidade é essencial. São resistentes aos raios ultravioleta e têm uma vida útil prolongada. � Membranas de poliuretano: são versáteis e podem ser usadas em uma variedade de aplicações, desde lajes até juntas de dilatação. Elas formam uma camada elástica que acomoda movimentações estruturais. Cada tipo de sistema de impermeabilização com membranas demanda técnicas específicas de aplicação, bem como mão de obra qualificada e expe- riente (Yazigi, 2021). A Figura 3 ilustra dois sistemas de aplicação de sistemas de impermeabilização com membranas asfáltica e de poliuretano. Figura 3. Aplicação de sistemas de impermeabilização: a) com membrana asfáltica, utilizando maçarico lança chamas; b) com membrana de poliuretano, utilizando rolo e pincel. Fonte: a) bogdanhoda/Shutterstock.com; b) Oasishifi/Shutterstock.com. O sistema de impermeabilização de membrana de PVC é um dos mais utilizados em obras de construção civil. Ele é composto por uma camada de manta de PVC aplicada sobre a superfície a ser impermeabilizada. As etapas de aplicação de um sistema de impermeabilização de membrana de PVC são as seguintes (Yazigi, 2021): 1) Preparação da superfície: a superfície a ser impermeabilizada deve estar limpa, seca e nivelada. Qualquer resíduo ou imperfeição deve ser removido. 2) Aplicação da emulsão asfáltica: uma camada de emulsão asfáltica deve ser aplicada sobre a superfície, para garantir a aderência da manta de PVC. 3) Aplicação da manta de PVC: a manta de PVC deve ser aplicada sobre a emulsão asfáltica com o auxílio de um maçarico. A manta deve ser colocada de forma uniforme e sem dobras. Materiais de impermeabilização10 4) Solda das emendas: as emendas entre as mantas de PVC devem ser soldadas com um maçarico, para garantir a estanqueidade do sistema. Além disso, em algumas áreas, como bordas e cantos, há necessidade de realizar a fixação mecânica. 5) Teste de estanqueidade: após a aplicação da membrana, é aconselhável realizar um teste de estanqueidade para garantir que não haja vazamentos ou falhas na vedação. Isso pode ser feito por meio da aplicação de água sob pressão controlada sobre a membrana e da observação de possíveis infiltrações. 6) Proteção da manta de PVC: a manta de PVC deve ser protegida com uma camada de material de proteção, como areia ou argamassa, para evitar danos físicos. Sistemas de impermeabilização hidrofugantes Os sistemas de impermeabilização hidrofugantes são compostos por pro- dutos que impermeabilizam a superfície sem formar uma camada sólida. Os hidrofugantes são compostos por resinas, polímeros e outros aditivos que penetram na superfície e formam uma película impermeável (Salgado, 2018). Os sistemas de impermeabilização hidrofugantes incorporam agentes hidrofugantes, geralmente à base de silicone, siloxanos ou compostos orgâ- nicos, que interagem com a superfície porosa de materiais como concreto, alvenaria, pedra natural e tijolos. Esses agentes criam uma barreira superficial que repele a água, impedindo sua absorção e, consequentemente, a infiltração (Bauer, 2019). Os sistemas de impermeabilização hidrofugantes têm uma ampla gama de aplicações em diversos setores da construção civil e da preservação de patrimônio. Algumas das principais áreas de utilização são descritas a seguir (Yazigi, 2021): � Fachadas e revestimentos externos: os sistemas de impermeabilização hidrofugantes protegem edifícios de intempéries e poluição atmosfé- rica, prolongando a vida útil e preservando a estética. � Concreto e estruturas de alvenaria: os sistemas hidrofugantes protegem da deterioração causada pela exposição à água, reduzindo o risco de corrosão de armaduras metálicas. � Pedra natural e monumentos históricos: os sistemas hidrofugantes protegem contra a erosão causada por chuva ácida e umidade, pre- servando o patrimônio cultural. Materiais de impermeabilização 11 � Pavimentos de concreto e estacionamentos: os sistemas de imperme- abilização hidrofugantes reduzem a absorção de água e a formação de poças, contribuindo para a durabilidade e a segurança das superfícies. � Telhados e coberturas: os sistemas de impermeabilização hidrofugan- tes podem ser utilizados para proteger telhados planos e inclinados, evitando infiltrações e prolongando a vida útil do sistema de cobertura. Tendo em vista a variedade de sistemas de impermeabilização, a escolha adequada deve ser feita com base em uma avaliação técnica. Além disso, é ne- cessário que exista um projeto de impermeabilização da edificação, conforme recomenda a NBR 9575 (ABNT, 2010), e devem ser seguidas as disposições da norma NBR 9574 (ABNT, 2008) para a execução da impermeabilização. Essas normas estabelecem as exigências e recomendações relativas à seleção, ao projeto e à execução da impermeabilização para que sejam atendidos os requisitos mínimos de proteção da construção contra a passagem de fluidos, de forma a ser garantida a estanqueidade das partes construtivas que a requeiram. Nos últimos anos, a indústria da construção tem testemunhado uma evolução significativa nas práticas de impermeabilização, impulsio- nada por avanços tecnológicos, pela maior conscientização sobre a importância da impermeabilização adequada e pelo estabelecimento de eventos anuais e normas técnicas. Entre os eventos, destaca-se o Simpósio Brasileiro de Imper- meabilização, que é realizado pelo Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI). Esse evento reúne profissionais das áreas de engenharia, arquitetura, construção civil e outros interessados em discutir os avanços tecnológicos e as boas práticas na impermeabilização. Em 2023, o Simpósio aconteceu em São Paulo e abordou o tema“A importância da manutenção no desempenho da impermeabilização” (IBI, 2023). Quanto às normas técnicas, elas desempenham um papel vital na orientação das práticas de impermeabilização, garantindo a qualidade e a durabilidade das estruturas construídas. Em geral, as normas são elaboradas por comitês específicos; a ABNT conta com mais de 20 normas que tratam sobre imperme- abilização. A seguir, são apresentados alguns dos principais pontos abordados no 17º Simpósio Brasileiro de Impermeabilização sobre as normas de imper- meabilização (IBI, 2023): � Importância da atualização das normas: as normas técnicas são atualizadas periodicamente para refletir os avanços tecnológicos e as boas práticas na área. É importante que os profissionais da área estejam cientes das atuali- zações das normas para garantir a segurança e a eficiência de seus projetos. Materiais de impermeabilização12 � Necessidade de fiscalização: a fiscalização das obras é essencial para garantir que as normas técnicas sejam cumpridas. O poder público deve investir na fisca- lização das obras para evitar problemas como infiltrações e danos estruturais. � Responsabilidade dos profissionais: os profissionais da área de impermeabi- lização são responsáveis por garantir que as normas técnicas sejam seguidas em suas obras. É importante que os profissionais estejam cientes das normas e as apliquem corretamente, para evitar problemas futuros. A conscientização sobre a importância das normas técnicas é essencial para garantir a qualidade da impermeabilização em obras de construção civil (IBI, 2023). Em resumo, as infiltrações são um problema comum nas edificações, po- dendo causar danos estruturais, estéticos e de saúde. Por isso, é importante estar atento aos sinais de infiltração e tomar medidas para evitar que ela se agrave. Uma maneira adequada de fazer isso é por meio da impermeabi- lização. A impermeabilização demanda materiais hidrorrepelentes, que têm a capacidade de garantir a estanqueidade da estrutura protegida. Para isso, existem três classes de materiais impermeabilizantes, que se distinguem quanto à sua capacidade de deformação. Esses materiais devem ser apli- cados de forma adequada, levando em consideração as características do projeto e atendendo aos requisitos das normas, para viabilizar um sistema de impermeabilização eficiente. Referências ALLEN, E.; JOSEPH, I. Fundamentos da engenharia de edificações: materiais e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11905: argamassa polimérica industrializada para impermeabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9574: execução de imper- meabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9575: impermeabilização – seleção e projeto. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. BAUER, L. A. F. Materiais de construção. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2019. v. 2. INSTITUTO BRASILEIRO DE IMPERMEABILIZAÇÃO (IBI). 17º Simpósio Brasileiro de Im- permeabilização 2023 – dias 20 e 21 de junho em SP. IBI, 2023. Disponível em: https:// ibibrasil.org.br/simposio2023/. Acesso em: 26 ago. 2023. SALGADO, J. C. P. Técnicas e práticas construtivas para edificação. 4. ed. São Paulo: Érica, 2018. YAZIGI, W. A técnica de edificar. 18. ed. São Paulo: Blucher, 2021. Materiais de impermeabilização 13 Leituras recomendadas BERNHOEFT, L. F. Importância da manutenibilidade como critério de escolha de sistemas impermeabilizantes, visando a majoração da vida útil da edificação e cumprimento da norma de desempenho. In: Simpósio Brasileiro de Impermeabilização, 14., 2015, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: IBI, 2015. p. 1-8. DIAS, S. C. Diagnóstico das falhas de impermeabilização com manta asfáltica. São Paulo: Ed. do Autor, 2019. LIMA, J. L. A. Processo integrado de projeto, aquisição e execução de sistemas de im- permeabilização em edifícios residenciais: diagnóstico e proposição de melhorias de gestão. 2012. Dissertação (Mestrado em Tecnologia e Gestão Industrial) – Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec, Salvador, 2012. Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito- res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Materiais de impermeabilização14