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Química Analítica Quantitativa Profa. Danielle Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro Multidisciplinar UFRJ – Macaé Instituto Multidisciplinar de Química Química Analítica Química Analítica A análise envolve a identificação e a determinação da composição, mas, modernamente, inclui também a determinação da estrutura química e medidas de propriedades físicas. Química: é uma ciência que estuda a natureza, as propriedades, a composição e as transformações da matéria. Química Analítica: uma ciência experimental, compreende o ramo da Química que trata da identificação e determinação da composição dos constituintes de uma determinada amostra. Química Analítica Qualitativa: detecção e identificação dos elementos presentes em uma amostra Quantitativa: métodos e técnicas usados para determinar as quantidades relativas dos componentes Conforme a natureza da análise, a Química Analítica é classificada como Química Analítica Qualitativa e Química Analítica Quantitativa Química Analítica Quantitativa A química analítica quantitativa desempenha um papel fundamental junto a indústria moderna: exame de matérias primas; controle dos materiais nas diferentes fases de produção; avaliação da qualidade dos produtos parcial ou totalmente acabados. Há um permanente trabalho de pesquisa que envolve o uso de métodos analíticos: em estudos relacionados com o emprego de novos processos tecnológicos; na melhoria dos padrões de qualidade dos produtos; elaboração de novos métodos analíticos de controle. Métodos de análise quantitativa As análises podem ser classificadas sob diversos aspectos: quanto ao material analisado, ao método empregado, à informação requerida, à quantidade da amostra Análise Quantitativa Com relação à informação requerida, a análise quantitativa pode ser de cinco tipos: - Análise parcial: análise na qual apenas alguns constituintes da amostra são analisados - Análise completa: todos os componentes são analisados - Análise aproximada: análise na qual a exatidão dos métodos empregados é apenas razoável. - Análise exata: requer o emprego de métodos precisos e exatos. - Análise de traços: denominam-se “traços” os componentes presentes na amostra em quantidades muito pequenas Análise Química Tipo de análise Massa (mg) Volume (μL) Macro > 100 > 100 Meso (semimicro) 10 - 100 50 - 100 Submicro 1 - 10 < 50 Ultramicro < 1 < 50 Classificação da Análise Quantitativa Quanto à Quantidade de Amostra Análise Química Classificação com base na proporção do constituinte: Tipo de constituinte Porcentagem do constituinte Constituinte principal 1 a 100% Microconstituinte 0,01 a 1% Traço 102 a 10-4 ppm Microtraço 10-4 a 10-7 ppm Nanotraço 10-7 a 10-10 ppm Ricardo Bastos Cunha, 2001 Métodos de análise quantitativa Os resultados de uma análise quantitativa podem ser computados a partir de duas séries de medidas: 1) medidas de massa ou volume; 2) medidas de propriedades proporcionais à quantidade do analito na amostra. Métodos de análise quantitativa Classificação geral subclassificação Propriedade física Métodos clássicos Gravimetria / volumetria Massa / volume Métodos ópticos Espectroscopia de Emissão / Espectroscopia de Absorção / Turbidimetria / Nefelometria / Polarimetria / Refratometria Emissão de radiação / absorção de radiação / espalhamento de radiação / refração de radiação / rotação de radiação Métodos eletroanalíticos Potenciometria / condutometria / polarografia / amperometria / coulometria Potencial elétrico / condutância elétrica / corrente de difusão / quantidade de eletricidade Métodos diversos Método da condutividade térmica / espectroscopia de massa / métodos radioquímicos Condutividade térmica / relação massa-carga / desintegração radioativa Estequiométricos Não estequiométricos Substancia é decomposta ou reage com outra substancia A medida da quantidade do produto resultante ou do reagente utilizado permite calcular a quantidade da substancia de interesse com auxílio das leis da estequiometria Utiliza-se uma propriedade física mensurável como medida da quantidade (ou concentração) da substancia desejada. Propriedades físicas não podem ser diretamente relacionadas à quantidade da substancia procurada através das leis da estequiometria Análise Química Os passos de uma análise química: 1º) Definição do problema; 2º) Escolha do método → pesquisa bibliográfica; 3º) Amostragem → reduzir a um volume condizente com as condições de análise; 4º) Pré-tratamento da amostra → abertura da amostra e remoção dos interferentes; 5º) Calibração e medição; 6º) Avaliação → análise estatística dos resultados; 7º) Ação → o que fazer com o resultado. Análise Química: Limitações dos métodos analíticos A medida de uma quantidade física envolve sempre 3 elementos: o sistema em estudo; o instrumental usado na realização da medida; o observador. Mesmo quando estes 3 elementos são idênticos, os resultados obtidos nas sucessivas medidas diferirão, em maior ou menor extensão, do valor verdadeiro, de uma parte, e também entre si, de outra parte. Exatidão É a concordância entre uma medida e o valor verdadeiro ou mais provável da grandeza. Precisão é a concordância em uma série de medidas de uma dada grandeza. É possível ocorrer precisão sem exatidão, mas o contrário não pode ocorrer. Exatidão e Precisão Sensibilidade, Seletividade, Limite de Detecção Sensibilidade: capacidade de um método ou instrumento de distinguir pequenas variações de concentração do analito. É a variação da resposta em função da concentração do analito e depende da natureza do analito e da técnica de detecção utilizada. Seletividade: é a habilidade de um método em detectar vários analitos distinguindo-os entre si. Limite de detecção: corresponde à menor concentração ou massa do analito que pode ser detectada e cuja medição é confiável. Concentração: - é a relação entre a quantidade de soluto e a quantidade de solvente ou de solução - fornece a quantidade de soluto que está presente numa determinada quantidade de solvente ou solução. Expressão da Concentração de Soluções e do Analito No Sistema Internacional de Medidas, SI, a concentração em quantidade de matéria ou, simplesmente, concentração, é uma grandeza expressa em mol m-3. Porém outras unidades são usadas como mol dm-3 ou mol L-1. Concentração em Termos Percentuais Massa por volume (% m/v) Massa por massa (% m/m) Volume por volume (% v/v) Unidades de Concentração Concentração Molar (C) C = [nº mols de soluto] / Volume de solução (L) C = [nº milimols de soluto] / Volume de solução (mL) Unidades de Concentrações de Soluções Diluídas ou de Pequenas Quantidades “Traços” do Analito ppm = [massa de soluto ] / massa de solução x 106 mg/kg mg/L µL/L ppb = [massa de soluto]/ massa de solução x 109 µg/kg µg/L ƞL/L Tratamento Estatístico para uma melhor interpretação analítica, muitas vezes são necessários tratamentos estatísticos dos dados obtidos na medida ou calculados a partir dessas medidas. Algarismos significativos O valor abaixo representa a massa de um objeto que foi pesado em uma balança analítica: Massa = 2,2516 ± 0,0001 g (O que significa?) Algarismos significativos Uma vez decidido o que caracteriza o tamanho do besouro, qual das alternativas abaixo melhor caracteriza a medida do tamanho do besouro? a) Entre 0 e 1 cm b) Entre 1 e 2 cm c) Entre 1,5 e 1,6 cm d) Entre 1,54 e 1,56 cm e) Entre 1,546 e 1,547 cm Qual a diferença entre 5,0 m e 5,00 m? Algarismos significativos Os zeros podem ou não ser significativos; 1) 5004 kg (zero é algarismo significativo); 2) 0,05 cm (zero não é algarismo significativo); 3) 6,0 (zero é algarismo significativo); 4) 230 (zero pode ou não ser significativo) Todos os dígitos diferentes de zero em uma medida são algarismos significativos; Utilização de algarismos significativos na resoluçãode problemas Exemplo: Calcular a área de um retângulo cujas medidas dos comprimentos dos lados são 8,344 cm e 8,4 cm: Área = (8,344 cm) (8,4 cm) = 70,0896 cm2 Arredondamos para 70 cm2 Deve-se prestar atenção no dígito mais à esquerda a ser descartado. Em cálculos envolvendo duas ou mais etapas ? Regra de arredondamento Se à direita do último algarismo significativo houver um algarismo maior que 5, somar 1. Exemplo: 4,77 4,8 Se à direita do último algarismo significativo houver um algarismo menor que, mantem-se o primeiro algarismo duvidoso. Exemplo: 4,74 4,7 Caso o algarismo à direita do último significativo for 5, usar a regra do par/ímpar Exemplos: Último algarismo significativo for par: 8,85 8,8 Último algarismo significativo for ímpar: 8,75 8,8 Classificacao de erros Erros Determinados ou Sistemáticos são erros que podem ser evitados ou cuja origem pode ser determinada. Os erros sistemáticos podem ser: Erros operacionais – erros causados pelo analista Erros instrumentais e de reagentes – relacionados com as imperfeições dos instrumentos, aparelhos volumétricos e reagentes. Erros de método – são inerentes ao próprio método Análise Química: Tipos de erros Erros Indeterminados ou aleatórios são erros cuja origem não pode ser detectada. Esses erros afetam a precisão da medida e seguem as leis da probabilidade, devendo ser tratados estatisticamente. Admite-se que os erros indeterminados seguem a lei de distribuição normal ou distribuição de Gauss Média Aritmética ou Valor mais Provável A média aritmética de n medidas de uma grandeza física Xi , é expressa por: X = x1 + x2 + ...xn / n Quanto maior o número de medidas, maior a aproximação de X com o valor verdadeiro XV, maior a confiabilidade dos valores medidos. Erro e Desvio de uma Medida Em geral, a exatidão de uma medida é descrita em termos do erro absoluto (E). Erro Absoluto (E) e Erro Relativo (Er) O erro absoluto (E) é definido pela seguinte expressão matemática: E = Xi – XV onde: E = erro absoluto; Xi = valor de uma medida; XV = valor verdadeiro ou aceito Erro relativo (Er ) em partes por cem (%) ou em partes por mil (‰). Er = [E / XV ] x 100 (%, em partes por cem) Er = [E / XV ] x 1000 (‰, em partes por mil) Desvio Absoluto ou Aparente (d) e Desvio Relativo (dr ) Desvio absoluto d = Xi – X Desvio relativo dr = d/X x 100 (%, em partes por cem) dr = d/X x 1000 (‰, em partes por mil) O erro relativo é uma medida da exatidão e o desvio relativo é uma medida da precisão. Erros relativos pequenos indicam uma boa exatidão, e desvios relativos baixos significam boa precisão. Precisão A precisão de uma medida e a precisão da média podem ser expressas através de vários parâmetros. A precisão de uma medida é expressa pelo desvio médio e o desvio padrão, considerando-se o número de medidas. Para um Pequeno Número de Medidas ou Determinações (n < 10) Desvio Médio (d): é a estimativa da precisão mais usada em análises químicas. d = | Xi - X| / n onde: Xi = valor medido; X = média aritmética dos valores medidos; n = número de medidas (n < 10) Precisão Desvio Padrão (s): outro parâmetro empregado para avaliar a precisão de uma medida. s = [ (Xi – X)2 ] / ( n-1) Em Química Analítica é comum expressar-se o desvio médio e o desvio padrão em termos relativos. Desvio médio relativo: dr(%) = (d/X) x 100 (%, em partes por cem) Desvio padrão relativo: sr(%) = (s/X ) x 100 (%, em partes por cem) Limites de Confiança da Média Os intervalos de confiança mais comumente usados são os de 95% e 99% de probabilidade. Para um pequeno número de medidas (n < 10): μ = X ± t s/√ n Rejeição de Resultados Em um conjunto de resultados ou dados analíticos, alguns valores diferem consideravelmente dos demais A aceitação ou rejeição desses valores deve ser feita por tratamentos estatísticos. Teste Q Qcalculado = |(Valor suspeito) – (Valor mais próximo ao valor suspeito)| Valor maior – valor menor (ou faixa) A interpretação do teste consiste em: a) se o valor de Q calculado for maior ou igual ao valor de Q tabelado, o valor suspeito deve ser rejeitado: b) se o valor de Q calculado for menor que o valor de Q tabelado, o valor suspeito deve ser aceito e incluído nos resultados finais.