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Questões sociais_ minorias, periferias e religiosidade

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Questões sociais: minorias,
periferias e religiosidade
Prof. Ricardo Luiz da Silva Fernandes
Descrição
Análise das questões sociais e dos seus impactos no processo
educativo, por meio do debate sobre minorias, periferias e percepções
religiosas, considerando a educação local nos diferentes ambientes e
contextos sociais.
Propósito
Apresentar uma percepção diferenciada dos debates que envolvem os
conceitos de minorias, periferias e religiosidade no contexto educativo.
Objetivos
Módulo 1
Minoria
Reconhecer o conceito de minoria nos contextos social e educacional
brasileiros.
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Módulo 2
Religião e religiosidade
Identificar os debates sociais de religiosidade e os mecanismos de
construção da tolerância no ambiente escolar.
Módulo 3
Periferia
Reconhecer o conceito de pluralidade da periferia como alternativa às
concepções de homogeneização dos processos educativos.
Introdução
Questão social. São tantas questões... E é tanta invisibilidade. Do
que trataremos aqui podemos garantir que você vai ouvir falar
muito, mas sempre parece que é na escola dos outros. Quando é
na nossa escola, provoca uma certa angústia, uma surpresa, mas
às vezes só não estamos prestando atenção o suficiente.
Você é cristão? Provavelmente a grande maioria dos leitores
respondeu que sim. O que faz parecer que os valores e a forma
de interpretar o mundo a partir desse ponto de vista são, de certa
forma, naturais. Mas e os demais, e as trocas, e nas nossas idas
e vindas, é possível lidar bem com isso?
E quantas vezes você se perguntou se um menino ou menina
pedindo ajuda no sinal estavam ou não na escola. Agora imagine
que — e em boa parte dos casos é verdade — ele está. Como esse
cotidiano de rua chega dentro da escola?
De quantas escolas e realidades vive o Brasil? Por quais
caminhos nós lidamos com a educação? Nosso problema é

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muito profundo e aqui temos só a ponta do iceberg.
1 - Minoria
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o conceito de minoria nos contextos
social e educacional brasileiros.
De�nição e conceito de minoria
Questão social na escola: você
precisa pensar nisso
Assista ao vídeo para começar a refletir acerca das questões sociais
que impactam a escola.

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Minoria e a educação
Segundo o Dicionário Online de Português, entende-se por minoria:
subgrupo religioso, social, étnico, cultural, racial que, numa sociedade, é
considerado inferior ou diferente do grupo maior (maioria), sendo por ele
discriminado, não possuindo seus mesmos direitos ou oportunidades.
Também é possível definir minoria como um conjunto de pessoas que
não compartilha do conceito, da forma de viver ou dos valores adotados
pela maioria da sociedade. Esse conceito se distancia da noção de
grupo em menor número, comumente dada ao termo minoria.
Então... O que fazer com as minorias?

Submetê-las à vontade da maioria, democraticamente.

Segregá-las, permitindo que vivam como entenderem, sem afetar o
interesse da maioria.

Criar formas de tolerância para suas práticas, com o Estado defendendo
o direito a suas individualidades.
Quando o discurso hegemônico é masculino, mas as mulheres têm mais
entes numericamente, o que significa? Quando o conceito de minoria
legitima políticas segregacionistas históricas, como as americanas e as
sul-africanas, ele ainda serve? Esse caminho, apesar de ser o clássico,
não nos levará ao debate do qual precisamos. Conceituaremos melhor
essa tal de “minoria” neste módulo.
Teremos um caminho construtivo, e a todo momento você participará da
elaboração dos conceitos. Não receberá respostas prontas, mas será
convidado a pensar sobre o que representa essa questão. Sua leitura
será uma análise constante de suas relações sociais e da revalidação de
conceitos preestabelecidos. A ideia de definição é, na verdade, uma
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provocação. Não cabe ao autor, por mais que vivencie e faça parte
desse universo, delimitar e fechar um ponto em comum sobre um
conceito.
O objetivo de definir o conceito de minoria é destacar
os processos, as reflexões e as análises que permeiam
sua aplicação. A urgência em falar sobre esse conceito
não pode suprimir sua relevância para a vida das
pessoas. Um conceito que é finalizado, fechado e
trabalhado de maneira equivocada pode fortalecer os
processos de segregação.
Re�exão
Faça uma pausa na leitura e pense sobre esse conceito: qual a sua
compreensão sobre minoria e qual o significado desta em seu
cotidiano? Você faz parte dessa história.
Quando apresentamos um conceito, não podemos silenciar a
construção que ele possui nas vozes sociais.
Por exemplo, pense em uma conversa maliciosa que teve início há um
tempo. As pessoas começam a compartilhar esse assunto sem analisar
os pontos ou perceber os preconceitos e, então, passam a legitimar
aquilo em suas vidas. O assunto ganha tamanha proporção e assume o
lugar de verdade naquele grupo.
Vidas
Muitos autores chamam o nosso momento de a Era da Pós-verdade,
cuja noção afirma serem mais importantes as crenças individuais,
baseadas nos valores pessoais, do que necessariamente as
investigações e os debates. As fake news são exemplos disso.
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Para algumas pessoas, o impacto do enraizamento de um conceito
ocorre apenas nos campos teórico e acadêmico, mas para outras,
aquelas que são alvo dos assuntos maliciosos, o que poderia ser uma
simples conversa delimitará seu espaço na sociedade.
A conversa de um bairro, uma vizinhança, um prédio, uma comunidade,
uma favela, uma vez levada do campo teórico ao boca a boca, ou
ao post em post da sua rede social favorita, ajuda a fomentar assuntos
maliciosos. Esse é um exemplo de impactos micros (locais), mas que
podem receber uma amplitude geral, tornando-se devastadores com a
proliferação das falas.
Exemplo
Consequência da intolerância no Guarujá
Foi informado, em uma comunidade de rede social em Guarujá, que uma
mulher estava sequestrando crianças para fazer magia negra. Não
foram apresentadas provas; tratava-se de um boato, um alerta à
comunidade.
Um grupo de pessoas avistou uma mulher com características
semelhantes às da suposta bruxa, com cabelos vermelhos, de meia-
idade, feia, portando um livro embaixo do braço. Uma pessoa primeiro
chamou, alertou os outros de sua presença, outra pessoa agrediu, pois
soube que era a mulher que fazia mal às crianças, e aquilo se tornou um
linchamento, resultando na morte da mulher.
Provas? Nenhuma; o livro era uma Bíblia. A comunidade não se
responsabilizou, cada um individualmente negou, afirmando a tentativa
de ajudar a mulher, ainda que as câmeras de segurança provassem o
contrário. Esse é o efeito das crenças, da naturalização da visão
maliciosa.
Imagine esse mesmo processo numa dimensão maior, na mídia e na
sociedade brasileira, e verifique como esse tom limitado pode impactar
a vida educacional de milhares de pessoas. Ao percebermos as atitudes
que são reproduzidas nas metodologias de ensino, nos currículos
escolares e nas práticas docentes, podemos rever esse ciclo vicioso de
proliferar visões limitadas sobre a vida e a cultura de outras pessoas.
Uma vez solidificado na sociedade, o conceito faz parte das relações e
dos cotidianos. Romper com um ciclode conversas maliciosas é uma
tarefa difícil, ainda mais se esse processo ocorre em uma concepção
global, como, por exemplo, interceptar visões limitadas sobre raça,
gênero e classes sociais e diminuir o impacto dos mitos gerados pelas
limitações.
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Para fomentar o nosso debate e apresentar outros
olhares, é necessário desvelar as conversas limitantes
e as visões do senso comum a fim de diluir as
construções coletivas e as barreiras que são impostas
a determinado grupo e trazer novas concepções sobre
os diversos grupos sociais brasileiros.
Re�exão
Para destacar o risco que corremos ao estabelecer um discurso
unilateral sobre as minorias, propomos a seguinte reflexão: no interior
das políticas públicas educacionais, que visão das minorias é
reforçada?
Refletiremos sobre a construção de um cenário social tendencioso que
demarcava o lugar da escola voltada para essas pessoas e
construiremos outras definições para esse conceito: uma visão pautada
na história das pessoas e em suas contribuições para a sociedade
brasileira; uma superação dos limites, com destaque às possibilidades
de aprendizagem vivenciadas nas experiências locais; pessoas que
existem para além da categoria social que a elas são demarcadas, não
podendo ser limitadas por separações que impactam os processos
formativos cotidianos.
Identidade e pertencimento
Corremos o risco de distorcer o papel do pertencimento em nossa
sociedade; ele não deve ser utilizado como um espaço restritivo.
Portanto, devemos atentar às subjetividades e ao que é peculiar e
necessário para a construção das identidades coletivas.
As minorias são forjadas em seu território, em seu conjunto de
experiências e em seu fortalecimento cultural.
Não podemos utilizar o conceito de minoria para fomentar discursos
preconceituosos. Devemos ir além das conclusões imediatas para
identificar os mecanismos de produção de determinado posicionamento
perante as relações sociais. Lembre-se: uma ideologia é tecida de
maneira complexa e deve ser compreendida distante de simples
generalizações.
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A linguagem detém um papel
crucial na reprodução do
racismo. Isso equivale a
dizer, primeiramente, que a
linguagem opera na
construção do racismo, ou
seja, ela desempenha um
papel ativo na forma como o
racismo se constitui, daí
porque podemos falar em
uma dimensão discursiva do
racismo
(MARTINS, 2007, p. 179)
Ao se destacar o papel do discurso e das linguagens na proliferação de
visões racistas sobre os grupos minoritários, somos convidados para a
retomada constante dos significados que são reproduzidos em nossas
relações; como o direcionamento profissional pode ser impactado por
um olhar racista e limitador.

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Movimento funk
Quer entender melhor a dinâmica entre minoria e identidade? Vamos ver
um exemplo de manifestação cultural: o movimento funk.
Geramos leituras constantes sobre os discursos estabelecidos em
nossa sociedade, inclusive, estando atentos às estratégias de
pulverização das experiências vivenciadas pelos grupos minoritários.
Atuaremos, portanto, como agentes que poderão analisar os conjuntos
de experiências, reforçando a relevância das vozes das minorias no
espaço escolar e denunciando as concepções racistas a elas
associadas.
Para falarmos do conceito de minoria, não podemos ignorar os grupos
étnicos, culturais, religiosos e de gêneros. Mas só não ignorar não é o
bastante, é necessário agir como um pesquisador de campo,
percebendo as peculiaridades e afirmando a validade dos
conhecimentos protagonizados por esses grupos.
Uma definição global não faz com que as práticas
racistas sejam minimizadas em nossa sociedade.
É basilar que o racismo seja concebido como algo inaceitável e o que
propomos é a reflexão constante das ações. O ciclo constante de rever
as respostas que estabelecemos às experiências do outro é o que
poderá garantir a sua superação. O racismo faz parte do conjunto
ideológico que determina as ações sociais. Por um lado, toda a
sociedade compreende seu impacto negativo, mas ao mesmo tempo ela
reproduz atos que fortalecem suas raízes e excluem as minorias.
Atenção!
Os grupos minoritários têm denunciado a naturalização dos
preconceitos e reivindicado globalmente sua eliminação, atitudes que
geraram um conjunto de leis internacionais. As organizações
estabelecidas nos coletivos afirmam cada vez mais suas identidades e
cobram do sistema político uma proteção social. Nessa perspectiva,
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percebe-se que a sociedade está organizada em prol da eliminação do
racismo, denunciando os mecanismos de exclusão.
Para compreendermos os processos de mobilização vivenciados em
nosso país, devemos revisitar alguns processos históricos da formação
do nosso povo e analisar as iniciativas das políticas públicas para
afirmação ou segregação de um grupo.
Durante um longo período de nossa história, o processo colonizador
português foi associado ao salvacionismo protagonizado pelos
europeus. Tratava-se de uma visão romântica da escravização de
africanos e indígenas, que valorizava as relações econômicas
estabelecidas entre o Brasil Colônia e Portugal.
Carregadores de café rumo à cidade, Jean-Baptiste Debret, 1826.
Para ilustrar esse assunto, é comum pesquisadores brasileiros ou
africanos apresentarem, em universidades tradicionais portuguesas,
trabalhos acadêmicos pautados no impacto do processo escravocrata
português e na exclusão social da população negra fomentada por esse
sistema. Imagine chegar à terra do colonizador e dizer, em uma
instituição que nutre afetos com as experiências coloniais nos
continentes americano e africano, que as mazelas que vivenciamos
atualmente são culpa do Estado monárquico português. As respostas
obtidas nas apresentações públicas indicavam que os trabalhos não
possuíam teor acadêmico, e o corpo docente estruturava mecanismos
de embotamento das falas ali apresentadas.
Essa experiência serve para demonstrar a falta de reflexões que existe
por lá, mas também para introduzir a ingenuidade política que persiste
por aqui no Brasil; uma ingenuidade intencional utilizada para justificar a
exclusão das minorias, as quais não assistem todos esses processos de
maneira passiva. Exemplos disso são as mobilizações coletivas, como
estratégia de afirmação, para viabilizar seu ingresso na cultura nacional.
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Integrantes do Movimento Negro Unificado em um ato público.
O movimento negro brasileiro foi uma das principais ações que
contribuíram para o crescimento da luta por igualdade de direitos. Sua
história é marcada por uma série de respostas que se propuseram à
formação social dos mais jovens, tradição herdada da cultura africana,
segundo a qual a oralidade é o caminho para a manutenção dos valores.
Na superação do olhar colonialista, os movimentos negros, como
exemplo de mobilização coletiva, afirmavam o saber e o ser fundados
nos princípios africanos. Uma maneira de retomar as vozes negadas na
formação de nossa sociedade e destronar os processos de efetivação
da ideologia colonial portuguesa, gerando uma remodelação dos
projetos políticos e combatendo de maneira intensiva os limites das
políticas públicas.
Em nossa formação, devemos atingir um amadurecimento a fimde
construir uma ligação entre os conceitos que poderão auxiliar em uma
leitura diferenciada de nossa sociedade. Para entender as vozes
presentes nos grupos minoritários, devemos estabelecer associações
conceituais.
Atividade discursiva
O fato de estarmos estudando os conceitos dissociados e repartindo os
preceitos ideológicos não seria uma estratégia para diminuir as
reflexões coletivas?

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Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
A resposta está na formação do pensamento racista brasileiro —
que partia da separação simplista de fácil compreensão —, pois,
para os negros, o racismo é algo que os separa dos outros
membros da sociedade e produz uma diferença em suas
colocações sociais. Os diálogos que poderiam fomentar uma
reflexão coletiva eram negados pela determinação de um
processo excludente particular.
As minorias silenciadas atualmente e no começo de nossa
história, como as mulheres e as populações indígenas, foram
duplamente ignoradas nos processos históricos coloniais.
Primeiro, por não terem o direito a uma identidade de grupo e,
segundo, pela separação que estabelecia o silenciamento de suas
subjetividades. No saber diário em educação, é necessário reverter
esse processo, potencializando a validade de todas as
subjetividades que permeiam as relações sociais.
É preciso alinhar o conceito de minoria, que tem na sua existência
e base uma ideia de oposição com o de maioria. O dilema que
vivenciamos é uma definição macrossocial das minorias que serão
legitimadas e a superação do silenciamento dos outros
movimentos identitários que existem e devem ser notados,
determinados por raça, cor, gênero e fatores sociais.
Devemos denunciar essa separação e afirmar as mobilizações
coletivas como resposta para os sistemas segregacionistas. Uma
pessoa pode, por exemplo, fazer parte de diversos grupos
minoritários. O risco que corremos é considerar as peculiaridades
e pensar o que é mais crítico na conjuntura social. Devemos fugir
desse processo e respeitar as manifestações individuais.
Atualmente, as minorias possuem consciência de seu lugar. Porém não
se trata de relação passiva, mas de denúncia das dívidas históricas e de
luta por reparação, surgindo, assim, os movimentos sociais organizados
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que denunciam os processos de exclusão social e reivindicam
a construção de políticas públicas inclusivas.
Exemplo
O direito a creche foi conquistado pela luta organizada das mulheres
negras trabalhadoras das favelas. Perceba que essas mulheres não
aceitaram o lugar de grupo minoritário e foram além das classificações
étnicas, sociais e de gênero. Organizaram-se e denunciaram as
limitações na ausência de um serviço que atendesse a suas demandas.
Podemos visualizar, portanto, a polifonia dos movimentos sociais; seus
discursos percebem suas marcas enquanto grupo, mas não estão
restritas às classificações deterministas.
O cenário foi organizado, os atores já estão em cena, mas na ótica dos
grupos minoritários o roteiro não pode ser unilateral. Assim, as
oposições são ramificadas e os grupos possuem a autonomia para
exercer suas atuações dentro dos processos e em sua vida. Não existe
a possibilidade de atuar apenas num papel, mas assumir o
protagonismo do espetáculo e apresentar uma performance de
denúncia dos processos de exclusão social.
O conceito de minoria não contempla as rami�cações
sociais que a ele são associadas.
Devemos fugir da limitação pautada no preconceito e escutar
os processos particulares dos diferentes grupos sociais. Não pense
que, numa comunidade escolar, as pessoas estarão acompanhadas de
seus rótulos. Os impactos por fazer parte da minoria serão vividos e
enfrentados sob múltiplas performances. Não teremos os grupos
separados, eles estarão no ambiente social e esperam que você faça a
leitura de suas subjetividades e traduza os mecanismos de exclusão
que pesam sobre seus processos formativos.
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Agora, veja a história a seguir contada para um grupo de crianças em
um cenário com música, bonecos e encenação.
Vou contar hoje uma história do passado, que
meus avós herdaram de seus pais. Uma
história que pertence à nossa família e que
deve ser compartilhada, para manter o afeto
e as lições que ela traz. Um menino veio para
o Brasil, obrigado, preso num navio e recebeu
o nome de escravo. Esse menino nunca
entendia por que ele deveria trabalhar e
obedecer. Um dia ele ouviu uma conversa
entre os que o aprisionavam. Ele não
entendia, mas ouviu uma palavra que nunca
esqueceu: diferente. Ele não sabia o que era
ser diferente, não havia em sua língua algo
parecido, afinal em sua terra eles acreditavam
na igualdade.
Quando o menino cresceu e a escravidão
acabou, ele perguntou àquele homem que o
deixou preso: ‘Moço, eu ouvia, sempre em
silêncio, você dizer que meu povo era
diferente. Você pode explicar o que é isso?’. O
homem nem ouviu a pergunta, riu do rapaz e
o mandou ir embora. Sua pergunta ficou no
ar, uma simples resposta era o que ele queria
e não pôde escutá-la. Ele decidiu seguir seu
caminho, caminhar era sua única opção; com
a pergunta enraizada em sua alma, seguiu
para sua nova vida.
Ao colocar seu pé esquerdo na cidade, no
lugar em que viveria sua liberdade, sentiu o
que era ser diferente. Era uma resposta
simples, algo presente nos olhares daqueles
que julgavam seus pés descalços e a cor da
sua pele. Ele se sentia separado e afastado
de toda a gente. Então pensou: ‘Ser diferente
é a resposta que essa gente escolheu para
me separar; antes, negro e escravo; hoje,
liberto; sou pobre e nessa terra minha cor não
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tem lugar’. O lugar onde ele nasceu era um
sinal de separação. Tratou de trabalhar, lutou
para estudar e fez questão de a todos de sua
família essa história contar. Tanto lutou que
essa história chegou até vocês.
(Ricardo Luiz da Silva Fernandes)
Depois de ouvir tudo com muita atenção, debater e conversar, o grupo
conseguiu entender e disse: “Nós somos diferentes, somos minoria e
temos que ensinar que isso não pode mudar nossa vida”.
Falar da prática educativa é uma tentativa de ilustrar as
mediações que podem ser feitas no espaço escolar.
Essa experiência serve para ilustrar o conceito e demonstrar a vivência
escolar num espaço em que convivem as minorias. O profissional da
educação deve superar esse conceito, sem ignorar as subjetividades.
Não podemos considerar que as configurações sociais serão iguais em
todas as unidades escolares do país. É preciso fazer uma leitura do
lugar no qual você atua; conhecer a história da comunidade, os grupos
étnicos que formaram raízes, os fluxos migratórios, os conflitos e as
reinvindicações.
Dica
Ao estabelecer uma escuta desse território, você conseguirá realizar
uma leitura das presenças culturais e terá um desafio: traga suas
subjetividades para essa relação! Não tenha medo de evidenciar suas
vulnerabilidades num cenário educacional para que ele seja pautado no
respeito e na integração, rompendo assim com as estruturas
hierárquicas.
Um profissional que atua com as minorias e insere suas subjetividades
em seu cotidiano não deve se abrigar na estrutura tradicional docente.
As minorias se reconhecem nos encontros que fazem no terreno
escolar. A comunidade escolar espera que o professor ou o educador
seja honesto e deixe evidente seu pertencimento social.
O conceito de minoriaexiste numa categorização de que
uma maioria pode exercer o poder sobre outras pessoas?
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Para responder a esse questionamento, é preciso romper com essa
separação. Para isso, não é necessária a exposição, mas a afirmação de
sua identidade como profissional e a legitimação das histórias dos
alunos e de suas famílias.
Estudar o conceito de minoria associado à educação é uma
oportunidade de ampliação do lugar social destacado para as minorias.
O diálogo estabelecido aqui pode servir como um mecanismo de
legitimação das subjetividades, como um caminho para a valorização
das diversidades e da necessidade de compreender a atuação desses
sujeitos na luta por uma política pública contextualizada.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
O conceito de minoria possui uma característica recorrente oriunda
do senso comum: grupo menor. Quando, no entanto, debatemos
minoria à luz das perspectivas das Ciências Humanas, como a
Sociologia e a Educação, essa leitura torna-se muito mais
complexa. A importância para a educação do estudo sobre as
minorias pode ser percebida em seu papel de
A manter um padrão em nossa sociedade.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
O conceito de minoria deve ser retirado do lugar de uma simples
conclusão. Para fugirmos de práticas educativas unilaterais, é
necessário reforçar as diversidades e ampliar as mobilizações
coletivas.
Questão 2
Estudamos a necessidade de fugir das generalizações sobre as
minorias e respeitar as manifestações subjetivas. Leia as opções
abaixo e escolha aquela que aponta para um bom cuidado com as
minorias e seu olhar para a escola:
B construir práticas educativas unilaterais.
C fomentar os movimentos sociais das minorias.
D
reforçar as diversidades e ampliar o papel das
mobilizações coletivas.
E
algo a ser vencido, afinal a escola precisa reforçar o
sentido de unidade para todos.
A
Pautar o planejamento apenas numa realidade
cultural.
B Ignorar as ações cotidianas.
C Compreender as peculiaridades dos sujeitos.
D
Seguir um roteiro de ações único para todas as
comunidades.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Ao ampliarmos o conceito de minoria, percebemos que as relações
vão além de uma categorização estabelecida por padrões. Por isso,
nas ações educativas, é urgente compreender as peculiaridades
dos sujeitos.
2 - Religião e religiosidade
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os debates sociais de religiosidade e os
mecanismos de construção da tolerância no ambiente escolar.
Religião e o contexto escolar
Conceitualmente, religiosidade é o conjunto de práticas religiosas em
uma sociedade. A definição apontada historicamente por Max Weber
em sua sociologia da religião aponta para a relação entre a dinâmica
dos sujeitos e das instituições. Na proposição de Weber, os sujeitos, na
busca de uma conformação (integração) social, buscam se inserir em
grupos de modo a serem aceitos. A religião, por meio do
estabelecimento de padrões morais, do reconhecimento de valores
E
Propor um modelo de aulas individuais ou em
pequenos grupos.
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coletivos e principalmente da rede de proteção que ela estabelece,
fomenta um caminho recorrente do sujeito.
Uma religião se forma a partir da consolidação de uma mensagem
“mágica” que passa a ser reconhecida e institucionalizada. Os níveis de
institucionalização representam o maior ou menor sucesso de uma
religião. Assim, uma religião hegemônica em uma sociedade convive
sempre com manifestações religiosas periféricas, podendo ser
conflitantes ou não.
Os sujeitos se inserem na religião buscando suas
redes de proteção. Logo, grupos marginais em uma
sociedade tendem a se integrar aos padrões religiosos
mais fortes e institucionalizados como forma de serem
assimilados e protegidos, mas também podem, por
tradição ou resistência, vincularem-se a religiões
periféricas.
Esse conceito, no entanto, precisa de materialidade. Nesse sentido,
vamos tratar da prática docente relacionada a essa dinâmica. Afinal, os
alunos contemporâneos não estão fora da dinâmica sociológica há
muito estudada e trabalhada por Weber. Trilharemos uma relação
dialógica entre a prática de ensino e as subjetividades inerentes às
comunidades escolares. A princípio, foram destacados os processos
para a definição do conceito de minoria e agora vamos para o debate
sobre as religiosidades.
Em busca de soluções
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Experienciar para construir
O diálogo, o respeito e a tolerância serão as marcas das reflexões
propostas. Para esse movimento de formação, adotam-se uma escuta
sensível e uma estratégia humanizada para as experiências religiosas.
Uma proposta de mediação que não abarca a interpretação dos
significados e nem insere em suas leituras análises comparativas. Ao
pensarmos em religiosidade, o nosso papel como educadores é ouvir,
respeitar e conviver.
As escolas públicas são as experiências profissionais que legitimam as
práticas docentes e o saber/fazer de um professor pesquisador.
Considere a situação hipotética: um professor nota que, nas diferentes
turmas em que atua, há uma pergunta recorrente feita pelos alunos e,
dependendo da resposta, seu comportamento e sua rotina naquela
escola mudam. “Professor, qual é a sua religião?”.
Assim que iniciam a trajetória docente, por conta da inexperiência,
muitos professores não entendem a dimensão da pergunta e preferem
ignorar. Além disso, acreditam que não cabe esse tipo de
questionamento na relação professor-aluno. Entretanto, com o
estabelecimento das práticas educativas e o amadurecimento teórico da
função social da prática docente, os professores começam a responder
à questão e a demarcarem suas crenças. Geralmente, são fornecidas
respostas diretas e simples, seguidas de uma observação de como o
grupo recebe tal manifestação de fé.
Muitos alunos fazem questão de, no primeiro contato, afirmar sua fé,
seja por não participarem de atividades tradicionais da rotina escolar ou
por manifestarem o desejo de fornecer suporte religioso aos colegas de
sala. Essa pergunta pode ser uma imposição, uma tentativa de
diagnosticar o ponto de ruptura ideológica entre o aluno e o professor.
Comentário
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O medo de ser caracterizado como diferente pode moldar o
silenciamento das respostas iniciais. Reconhecer o fato de não saber os
limites do preconceito religioso presente nas comunidades escolares
capacita o professor a perceber o risco do prolongamento da distância
entre a prática docente e as pessoas desse grupo.
As respostas proferidas devem ser honestas; não impondo o respeito
hierárquico que a prática docente imputa na sociedade brasileira, os
alunos também podem ser honestos. Esse processo surge como um
investimento, uma abertura da janela discursiva para a construção de
um debate social sobre religião; a viabilidade de manifestar os
preconceitosera o que poderia facilitar a reflexão e a ação sobre eles.
Nessa abordagem, cabe a fuga do politicamente correto. Não é válida
uma aceitação parcial que poderia velar os verdadeiros estigmas
religiosos locais.
As respostas dos alunos são muito enriquecedoras para o processo
educativo, como por exemplo “cruz credo”, “Deus te proteja!”, “Deus me
livre!” seguido de uma breve oração pela alma do professor descrente.
Ao demarcar a particularidade de crenças, eles podem reproduzir no
coletivo seus movimentos cotidianos.
Essas falas fazem parte de sua vida e, provavelmente, estariam
presentes nos conflitos protagonizados entre seus pares de religiões
diferentes.
A escuta sensível deve estar presente no mapeamento
das respostas e na compreensão de que elas são
reproduções coletivas. Nessa vertente, não cabe uma
bronca ou uma afirmação direta do respeito. A
tolerância deve surgir nos intercâmbios e na avaliação
de valores solidificados.
Abre-se um espaço para a conversa e o estabelecimento dessa escuta
sensível. Talvez o professor não seja o único praticante de outra fé ou
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alguns colegas, silenciados por serem de um grupo minoritário, não
sentiam segurança em manifestar sua fé. Ao abrir o canal para falar das
subjetividades religiosas, outros alunos podem se manifestar e, com
uma orientação, construir um debate mais respeitoso e edificante. O
enfoque é a obtenção do diálogo e a formação de atores que valorizem
a argumentação sistematizada de seus preceitos.
Rompendo o ciclo vicioso do
silenciamento ao favorecer os
intercâmbios ideológicos
Atividade discursiva
Como o educador pode contribuir para romper esses ciclos?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Todo educador deve fugir da passividade, apropriar-se desse
conceito e mediar conflitos que permeiem a vida dos alunos. Não
adianta estabelecer um processo formativo nessa ótica apenas
para a obtenção de um grau acadêmico; o enfoque central é diluir
preconceitos por meio da (re)construção do canal dialógico nas
comunidades escolares.
O debate sobre religião é uma ferramenta educativa (para tal urge o seu
estabelecimento), além de componente curricular em sua

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transversalidade que atinge as práticas sociais.
Exemplo
Durante a formação religiosa, os mais velhos nos educam a nunca
discutir política e religião. Contudo, temos ansiedade para ouvir sobre
uma série de dogmas que permeiam o cotidiano, entre eles a migração
de núcleos familiares do candoblé para as igrejas evangélicas.
O professor não precisa seguir esse tutorial do passado, ele deve
transpor os limites. Não adianta trazer uma série de conceitos
ancorados sem fundar o debate nas memórias autorais e estimular os
colegas para que façam o mesmo durante seu processo formativo. A
pergunta dos alunos pode gerar estranhamento porque a religião era (ou
ainda é), de acordo com as concepções do senso comum, um lugar de
silenciamento e de um discurso restritivo.
Religião se discute?
Será que religião não se discute? Quando olhamos e ouvimos sobre isso
no cotidiano escolar, ficamos bem surpresos com o tamanho do
problema. Confira o vídeo!
Em busca de soluções
Ao delimitar o que pode ou não ser dito sobre religião, a sociedade quer
possivelmente evitar os embates, mas com isso perde o potencial
dialógico que uma conversa imprime. A experiência vivenciada no
contexto escolar nos alerta para o risco de um discurso que segue um
conjunto de verdades. No primeiro contato com a sala de aula, a
delimitação das vozes sobre religião pode determinar as práticas e
silenciar o debate sobre a diversidade da fé, construindo assim um
conjunto de regras que defende o restrito. A sala de aula não é para esse
tipo de conversa e os educandos não devem filosofar sobre religião.

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Nas primeiras aulas, a abordagem pode ser limitada a essas
construções tradicionais sobre o tema a fim de que o grupo vivencie a
restrição permanente vigente sobre as vozes. O silêncio se estabelece
até que haja a reflexão e a construção de uma condução diferenciada,
centrada na diluição dos preconceitos e na remodelação dos discursos.
Os mecanismos de efetivação de uma rede de verdades são as suas
aceitações. A figura docente pode assumir seu papel de legitimar as
raízes discursivas que delimitam as vozes ou pode retomar o controle
sobre os discursos, estabelecendo assim uma comunicação paralela.
Para isso, é necessário perceber o impacto de sua atuação na vida dos
educandos e na afirmação do direito à liberdade de professar sua fé.
Quais são os mecanismos que vão legitimar essa atuação?
Como o docente pode proteger sua atuação perante o
cenário de intolerância que vivemos em nosso país?
Começando pela Lei nº 10.639/2003, que alterou a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, um mecanismo que legitima a quebra dessa
estrutura impositiva sobre a religião no espaço escolar.
O processo de construção dessa lei em si é pautado na militância do
movimento negro, que percebia um embranquecimento do discurso
religioso nas escolas brasileiras.
As religiões de matriz africana eram segregadas e os alunos que as
viviam eram marcados pelo preconceito. A implementação de uma lei
que afirma o direito a conversar, estudar e compreender contribuiu para
a redução do racismo e para a construção de leituras respeitosas.
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Apesar do conjunto de restrições e do silenciamento, a religião nunca
esteve de fora dos currículos escolares; os calendários pedagógicos
estão repletos de atividades que afirmam o Cristianismo; muitos
símbolos estão presentes em instituições públicas; cultos, missas e
outras atividades religiosas são praticadas no terreno escolar.
Diversas entidades religiosas assumiram em nossa sociedade a função
de educar no interior da filosofia cristã. Elas estão centradas em
promover uma educação escolar organizada em seus princípios,
formando gerações de brasileiros que vivenciaram uma fé padronizada
em suas salas de aula. O silêncio era utilizado apenas para as religiões
que não estivessem dentro do legitimado, que eram ou são
categorizadas como inferiores, estabelecendo assim um currículo
homogêneo pautado numa fé que regula o sistema de crenças
brasileiro.
É sempre na manutenção da
censura que a escuta se
exerce. Escuta de um
discurso que é investido pelo
desejo, que se crê — para sua
maior exaltação ou maior
angústia — carregado de
terríveis poderes.
(FOUCAULT, 2004, p. 13)
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O que poderia ser chamado de currículo oculto, revela-se, em uma
simples visita às instituições escolares de todo o país, como algo
estabelecido e legitimado. Por isso, fugindo da ingenuidade intelectual,
devemos destacar os avanços que vivenciamos com as ações do
movimento negro, mas que ainda precisam da atuação de docentes que
compreendam o impacto da tolerância religiosa no cotidiano escolar.
O sistema de verdades sobre a religião deve ser
debatido para ampliar as vozes das crenças
historicamente silenciadas e para identificar os
mecanismos de silenciamento estabelecidos, os quais
ainda são utilizados para minimizar a fé diferente.
Um exemplo de mecanismo é a associação do que não é padrão à figura
do mal. Para ilustrar, em diversos momentos das aulas, as crianças queseguiam o candomblé eram associadas à figura do diabo. Essa
associação segue os princípios racistas enraizados em nossa
sociedade. O que os alunos fazem com seus colegas na escola é de
certo modo um retrato do que seus pais vivenciam na comunidade e
seus ascendentes viveram durante o processo colonial. A estrutura
racista não foi quebrada, ela está presente em ritos cotidianos e é
legitimada pelas práticas de segregação da fé alheia.
Candomblé
Segundo Barros (2009, p. 29), “o Candomblé é uma religião criada no
Brasil por meio da herança cultural, religiosa e filosófica trazida pelos
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africanos escravizados, sendo aqui reformulada para se adequar e se
adaptar às novas condições ambientais. Tem como função
primordial o culto às divindades - inquices, orixás ou voduns -, seres
que são a força e o poder da natureza, sendo seus criadores e
administradores.”
Vamos pensar no conceito de fé? Faça uma pausa na
leitura e reflita sobre seu sistema de crenças. O que
motiva sua religiosidade pode, de alguma maneira,
oprimir o direito de outras pessoas de manifestar sua
fé?
Essas perguntas devem ser feitas a todo momento para verificar se
nossas convicções não são um impedimento à liberdade de expressão
religiosa do outro.
Teoria e a prática
Vamos retomar a Max Weber e a sociologia da religião. Segundo o autor,
quando uma religião atinge um conjunto hegemônico em um campo de
atuação, ela passa a monopolizar os aspectos morais, estéticos,
políticos e até mesmo artísticos em determinada sociedade. Quando
um conjunto religioso como esse atinge um grau efetivo de dominação,
acaba sendo permissivo à atuação das minorias por não se sentir
ameaçado. Dessa forma, entendemos como o Brasil foi fortemente
católico a ponto de permitir, sem grandes embates, manifestações
religiosas afrodescendentes.
Saiba mais
Para explorar mais essa questão, leia a obra O pagador de promessas,
de Dias Gomes.
Nas décadas de 1980 e 1990, nota-se um expressivo processo de
migração religiosa, ainda que sem rompimento de matriz — do
cristianismo católico para o protestantismo —, bem como um
incremento das ondas neopentecostais. Esses debates foram intensos
na época, tendo episódios marcantes como o de um pastor evangélico
chutando a imagem de uma santa católica.
Na década de 1990, houve um crescimento religioso das correntes
protestantes nas periferias das cidades brasileiras, com destaque para
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Rio de Janeiro e São Paulo. Se na primeira onda a disputa no campo
religioso era em relação a essa grande maioria de católicos, percebe-se
que na década de 1990 a tradição religiosa volta-se à crítica das
tradições afro-brasileiras.
Campo religioso
Conceito utilizado por um importante teórico da religião chamado
Pierre Bourdieu (1930-2002). Em sua teoria da ação, ele percebe que
as sociedades se estruturam em campos de poder. Internamente,
esses campos têm práticas comuns e disputam os mesmos bens
simbólicos (no caso da religião, a salvação, o conforto, os sistema
de proteção).
Um grande questionamento é o porquê desse fenômeno. Mais uma vez,
Weber nos ajuda a resolver e a entender essa questão.
Se antes, pela hegemonia católica, o credo marginal afro-brasileiro era
uma forma de identidade alternativa, agora ele passa a ser entendido
como uma identidade negativa. O desejo de se sentir aceito diante de
uma mudança do reconhecimento social dos grupos evangélicos
ofereceu a grupos sociais marginalizados uma possibilidade nova de
inclusão.
Identidade negativa
A pesquisadora Flávia Pinto dá um dos exemplos mais duros para
entender esse fenômeno. Se você está em uma comunidade carente
onde há forças policiais, em que situação é mais fácil você passar
sem ser abordado: se estiver ostentando guias de contas vinculadas
a religiões afro-brasileiras no pescoço ou se estiver com um terno
simples e uma bíblia embaixo do braço?
Esse movimento é direito do grupo, não tem tom crítico
na migração, no entanto, quando isso transforma a
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religião em um campo de conflito, temos, portanto, um
problema que precisa ser estruturado em outras
formas de solução.
Vejamos os movimentos:
As escolas passaram a ser palco desse novo cenário.
Notavelmente, os novos protestantes tinham intenção clara de
atuar em oposição às matrizes africanas numa disputa clássica
entre os representantes de Deus versus os representantes do
diabo.
Grupos que tradicionalmente vivenciaram a fé nos terreiros
começam a ser atacados por essa corrente e ocorreu um intenso
processo de migração para a nova fé. Foi um movimento de
disputa ideológica que fechou muitas casas de santo e as
pessoas se viam sem opção para manifestar sua crença.
Evidentemente que surgiram núcleos de resistência que se
organizaram, mas muitas pessoas acataram a nova regra e o
padrão estabelecido para a favela. Foram, então, frequentar as
igrejas e deixar de lado a crença nos orixás.
Esse movimento foi reproduzido em diversas cidades brasileiras.
Muitos líderes religiosos de matriz africana se organizaram para
fortalecer seu direito a fé e começaram a denunciar os abusos
que ocorriam e ainda ocorrem nesse percurso. As pessoas
possuem a liberdade para seguir a corrente religiosa que as
convém, mas um princípio não deve se sobrepor a outro. Nota-se
o contramovimento. Grupos vinculados a movimentos
intelectuais passaram a ver nas religiões afro-brasileiras uma
forma de resistência, aumentando sua presença nos terreiros e
em manifestações religiosas.
A dinâmica sociológica de disputas sociais se manifestando na religião
não é incomum, acontece e faz parte da dinâmica social. O desafio é
que a escola não pode, ou ao menos não deve, fomentar o campo de
disputas. As religiões, independentemente das escolhas familiares em
Oposição às matrizes africanas 
Contramovimento 
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suas matrizes, deveriam coexistir e as perguntas sobre essas mudanças
poderiam ser respondidas de maneira natural, entendidas como
escolhas.
A oposição religiosa não é algo legítimo; a fé é o ponto em comum e
deve ser o centro de aglutinação. No interior do universo cristão,
existem diversas denominações, com regras, sistemas de organização e
lideranças diferentes, que se respeitam e convivem em suas diferenças.
Por que não estender essa mesma relação pací�ca em prol
da superação da ideia de maldade associada à crença
diferente?
Conceitualmente falando, a religião é entendida como um sistema de
verdade. Quer dizer, existe um discurso que se constitui como dogma e
é seguido socialmente pelos seus membros que acreditam nele. O
problema se dá quando a tal verdade estabelece sua base na negação
do outro. Quando uma religião necessita da exclusão do outro para
existir dentro de uma sociedade democrática, ocorre um hiato polêmico.
O que fazer?
Entender que uma religião não pode ser um conjunto de regras imposto
a todos. Seus códigos e pertencimentos são uma escolha pessoal, dos
alunos e do professor.
O docente deve tratar de um processo interior de reflexão, explicar e
lidar com o direito do outro, sem que isso gere uma ofensa a si ou ao
grupo.
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Como fazer isso na prática? Fomentar o debate? Perguntar! Perguntar e
esclarecer.
Os sujeitos que fazem o percursode responder às perguntas proibidas e
revisitam suas memórias no interior de uma fé podem perceber os
limites da oposição. Os ritos que são julgados pela nova fé estão na
história de sua vida e fazem parte dos processos de sua construção
religiosa. Pergunte aos alunos, por exemplo, quem segue um grande
credo, mas que é pequeno no Brasil, como o islamismo; mostre que a
segunda maior religião do mundo em número não tem representantes,
ou tem poucos. Por quê? Porque a religião é escolha, faz parte da
vivência e das experiências.
O objetivo é notar que o silenciamento, tradição
brasileira ao lidar com a religião, não vai resolver o
problema e a dinâmica de negação da escola. O debate
sobre a religião precisa ser naturalizado, vivenciado.
Não responder a questionamentos sobre religião com o velho chavão de
que “religião não se discute” é uma maneira de negar a legitimidade
daquela experiência e de determinar o lugar de esquecimento. Por isso,
ao exercer sua prática docente, formule perguntas, sem
constrangimento, descubra as perguntas proibidas e elabore respostas
coletivas. Ao fugir do código restritivo, a tolerância será construída num
fluxo constante que tem início na legitimação das memórias e atinge
diretamente as ações cotidianas.
Retomando a conversa inicial, com o cenário da sala de aula e as
cabeças dos alunos ávidas por saberem a concepção religiosa de seu
professor: uma resposta que poderia parecer simples, e até
desnecessária, transformou-se no combustível para ressignificação de
valores. O debate é uma ferramenta legítima da sala de aula. Um
momento de estabelecer respostas e construir discursos que fogem dos
sistemas restritivos.
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O discurso negado e a voz silenciada norteiam as diretrizes do saber
religioso.
Exemplo
As presenças quilombolas em diversas favelas de nosso país. O
conceito de quilombo está conectado ao conceito de religião periférica.
Você já ouviu falar de quilombo em sua vida acadêmica?
Quilombos são as comunidades de resistência da cultura negra no
Brasil. Existem centenas de comunidades espalhadas pelo território
brasileiro ancoradas na luta pelo fim da escravidão.
Quilombo
Segundo Santos (1994, p. 157): “todas as entidades, de qualquer
natureza, e todas as ações, de qualquer tempo fundadas e
promovidas por pretos e negros. Entidades religiosas, assistenciais,
recreativas, artísticas, culturais e políticas; e ações de mobilização
política, de protesto anti-discriminatório, de aquilombamento, de
rebeldia armada, de movimentos artísticos, literários e ‘folclóricos’ —
toda essa complexa dinâmica, ostensiva ou encoberta,
extemporânea ou cotidiana, constitui movimento negro”.
Foram essas comunidades que receberam milhares de escravos fugidos
e nesse processo formaram sociedades organizadas que lutaram pelo
fim da escravidão. Devemos frisar que os quilombos foram os primeiros
atos de afirmação coletiva de negação da escravidão e de acolhimento
dos sujeitos dominados. Os aquilombamentos surgiram como um
espaço de agregação étnico-cultural e formularam uma cultura negra
peculiar. Era a oportunidade de criar pequenos pedaços da África no
Brasil.
Aquilombamentos
Segundo Fiabani (2005, p. 30), “a fuga era uma negação da
sociedade oficial, que oprimia os negros escravos, eliminando a sua
língua, a sua religião, os seus estilos de vida. O Quilombo era uma
reafirmação da cultura e do estilo de vida africanos, organizados aos
moldes dos estados africanos... um fenômeno contra aculturativo, de
rebeldia contra os padrões de vida impostos pela sociedade oficial e
de restauração dos valores antigos.”
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Crianças quilombolas em sala de aula. Nova Viçosa, Bahia.
Qual a conexão entre os quilombos e o debate proposto aqui? A
identidade quilombola é uma posição ideológica e pode ser definida
como uma mobilização do movimento negro no período colonial que se
estende até a atualidade. Essa organização era uma afirmação da fé nos
orixás e em todo o conjunto filosófico de seus preceitos religiosos.
Esse movimento de autoafirmação possui relação íntima com os
movimentos de resistência para manifestação da fé a que assistimos
atualmente. Poderíamos ir além e dizer que, no conceito de quilombo, a
tradição de militância religiosa do passado e do presente são
ininterruptas. Um conhecimento que está presente na vida das pessoas
negras brasileiras.
A escuta ativa
Nas práticas docentes, partindo da escuta sensível, muitos alunos
afirmavam seus preconceitos sobre as religiões, um posicionamento
pautado no discurso coletivo unilateral. Porém, no decorrer de um
percurso didático, esses mesmos alunos traziam dados importantes
quanto à presença da fé quilombola em suas vidas. As manifestações
preconceituosas não conseguiam limitar o pertencimento ideológico.
Escuta sensível
Conceito de Carl Rogers (1902-1987), que considera a escuta
sensível mais como uma arte do que uma ciência. Ouvir é um
momento silencioso que pretende estabelecer uma relação de
confiança que, por sua vez, prepara uma ambiência para
interpretação.
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Quando as atividades pedagógicas recorrem ao diálogo e não à
tolerância para desconstruir representações dominantes e construir
outras, contribuem para uma melhor compreensão dos processos que
as determinaram e com isso transformam tanto os estudantes quanto o
sentido da representação.
A escola é uma arena política e cultural onde formas de experiência e de
subjetividade são constatadas, mas também ativamente produzidas,
tornando-a um poderoso agente da luta a favor da transformação de
condições de dominação e de opressão. As implicações práticas da
escuta sensível se dão pelo modo que os professores acolhem as
experiências e as vozes dos estudantes.
Saiba mais
Um excelente material que faz esse debate é o livro: Territórios
contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais,
organizado por Tomaz Tadeu da Silva e Antonio Flavio Moreira.
Publicado em Petrópolis, RJ, pela Editora Vozes, 1995.
Você sabe quem são as benzedeiras?
A presença das benzedeiras, mulheres que recebiam um conhecimento
ancestral das ervas e suas indicações para o tratamento de problemas
de saúde, ocupou as lacunas do sistema público de saúde oferecendo a
cura pela fé com suas rezas e uma ciência tradicional aprendida
oralmente, na educação racial e coletiva. Nesse movimento,
exemplificam-se os conhecimentos das ervas, que são repassados e
ampliados.
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Maria de Lourdes Pereira, benzedeira em Jacareípe - ES, 2019.
As ervas fazem parte da biblioteca medicinal dessas comunidades e
são utilizadas como recurso aos medicamentos que são, na maioria das
vezes, inacessíveis. Independentemente da concepção religiosa, as
famílias utilizam as mesmas ervas que as comunidades tradicionais e
com a mesma destinação.
A distância geográfica das comunidades e a evolução histórica não
deixou esse conhecimento ser diluído e a fé nas ervas permaneceu
redundante nesse chão. O conteúdo foi repassado, aprendido e
compartilhado. Mesmo com a mudança para outra filosofia religiosa, as
ervas e os conhecimentos agregados continuaram a ser vivenciados.
Ampliação do debate
As vozes presentes aqui retratam uma proposição de observar um
problema local, brasileiro, mas que pode ser ampliada para os debates
pedagógicos. A professora Vera Candau propõe um passo a passo para
tratar temas complexosque possam ser abordados de forma prática:
Desconstruir
Para uma construção intercultural que permita o rompimento vivido
atualmente, é necessário desconstruir o outro como inimigo.
Articular
Uma vez que a desconstrução acontece, é hora então de articular
experiências.
Resgatar
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Após a articulação, é o momento de resgatar processos, histórias e
experiências.
Promover
Após todas essas etapas, finalmente promover o diálogo.
Associam-se as proposições de Carl Rogers sobre a escuta sensível a
fim de construir significações, superando o quadro vago da ideia de
tolerar a existência do outro. Nesse percurso, busca-se estabelecer as
conexões com as convicções subjetivas e a ampliação dos conceitos —
formulados e reformulados pelos alunos. Para isso, é necessário que, a
todo momento, você compreenda os limites do discurso impositivo e
perceba as interseções que acontecem no campo da fé. O espaço de
coexistência das verdades é estabelecido quando os estudantes
quebram as estruturas tradicionais e ampliam as diretrizes do que é
vigente sobre a vida e a cultura do outro.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Ao falarmos de religiosidade no conjunto social, identificamos um
conjunto de trajetórias singulares. No Brasil, vivemos um clima de
tensão entre segmentos de religiões cristãs e grupos de religiões
afrodescendentes. Diante desse quadro, é recorrente alunos
interessados em saber qual o segmento religioso do professor, ou
ainda, a resistência a colegas por pertencerem a grupos diferentes.
Sobre a atuação docente na identificação desses problemas em
sala de aula, você deve
A
adotar a técnica da escuta sensível para
desenvolver empatia e ter a oportunidade de
compreender a essência do problema.
B
promover um debate sobre a tolerância e a
necessidade de aceitação do outro, pois é o que
determina a Constituição Brasileira de 1988.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
O debate sobre a religiosidade deve ser pautado numa escuta
dedicada do profissional da educação para construir suas
interpretações, e ele precisa ouvir atentamente as falas dos alunos
e não oferecer julgamentos. A adoção de conceitos como o de Carl
Rogers permite que seja superada a ilusão da tolerância por uma
construção de significações própria dos alunos.
Questão 2
Silenciamentos. Esse conceito nem parece um conceito. Mas todos
nós já ouvimos que “religião não se discute”; essa é a construção
do senso comum sobre o debate religioso em qualquer lugar,
inclusive na escola. No entanto, a ação na escola precisa ser
diferente. O papel de romper com o silenciamento na escola precisa
ser feito uma vez que
C bloquear os debates relativos à religião, uma vez
que, por serem foco de constantes tensões, evitar
esses debates ajuda a promover um esquema de
paz e irmandade na escola.
D
permitir que os alunos se manifestem e debatam
sobre a questão, garantindo assim que as opiniões
diversas sejam manifestadas e demonstrando que a
escola é um ambiente plural.
E
voltar a dar sua aula, afinal isso não é problema do
docente.
A
a escola é a responsável pela educação, logo, deve
abordar todos os aspectos da vida cotidiana,
inclusive a religião.
B
a religião, na tradição histórica brasileira pautada
em uma sociedade em que o preconceito é velado,
faz parte dos currículos escolares e precisa ser
explicada como conteúdo aos alunos.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
Na superação dos prejuízos impostos às minorias religiosas e na
obtenção de uma comunidade escolar pautada na tolerância, é
necessário fugirmos do silêncio. Precisamos conversar de maneira
direta sobre a diversidade ideológica.
3 - Periferia
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o conceito de pluralidade da periferia
como alternativa às concepções de homogeneização dos processos educativos.
C
as crises religiosas, marcadas por atentados
fundamentalistas, precisam ser apresentadas de
forma a promover a tolerância religiosa e o respeito
mútuo.
D
é preciso dialogar sobre fé cotidianamente,
realizando as mediações necessárias para a
superação do preconceito.
E
a escola deve ser um espaço democrático, em que
qualquer um fala o que quer, a hora que quer.
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O lugar da periferia
O conceito de minoria e os debates sociais sobre religiosidade fazem
parte de todos os contextos sociais brasileiros. As formações culturais
e as identidades se encontram e estabelecem suas relações no
ambiente social. Mas, ao falar de periferia, esses dois conceitos devem
receber uma atenção especial. Faça uma reflexão das leituras
estabelecidas até aqui, como em todo o nosso percurso formativo, e
conexões com as suas janelas de experiências.
Minorias
Periferias
Religiosidades
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Qual a conexão que você consegue perceber entre esses três temas?
Simples, o conceito de homogeneização.
As escolas lidam com o seu papel de homogeneizar, criar sujeitos
vinculados a elementos comuns. Todas as experiências e trocas
relatadas são resolvidas com o objetivo de criar um padrão de cidadão
geral, que reconheça os mesmos valores, que reafirme as mesmas
ideias.
Consideremos, apenas neste momento, a construção comum de
periferia, a visão geral e do senso comum. Ao falar desse conceito,
conseguimos contemplar todas as comunidades brasileiras e as
vivências culturais inerentes a esse lugar.
Atividade discursiva
Uma periferia do Nordeste do país tem a mesma formação étnica-
cultural que uma periferia da Região Sul ou Sudeste?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
Na concepção tradicional, a resposta seria sim. O ponto de
interligação seria firmado na pobreza e em muitos preconceitos

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que em sua reflexão podem ter sido revisitados.
É importante que você consiga avaliar essas afirmações e
responder às suas questões. Sabemos que as compreensões
distorcidas podem interferir nos processos educacionais. Utilize
este texto como um processo de revalidação de seus conceitos e
de proliferação de um olhar que compreenda as realidades
socioculturais das periferias brasileiras.
Ao longo da divisão social do território brasileiro, em nossa história, um
massivo contingente de negros foi excluído do direito à terra.
Entender essa etapa da construção social e política do
nosso território é relevante para o estudo dos saberes
e fazeres em Educação.
A exclusão histórica dos descendentes dos africanos escravizados e
negros em geral fez com que essas pessoas fossem aglutinadas nas
favelas.
Divisão geográ�ca e segregação
espacial
Na formação do tecido urbano das grandes cidades, ocorreu uma
divisão geográfica, natural para alguns, demarcando uma divisão que
separa socialmente as pessoas. Dizer que essa divisão é apenas
geográfica e social poderia ser ingenuidade, mas devemos começar a
olhar o conceito de periferia por esse ponto. Pense na divisãonos
mapas tradicionais de nossas cidades e nas divisões políticas. No
processo de exclusão territorial, ocorre uma (re)divisão que não é
demarcada de maneira oficial.
Nos mapas oficiais, existe a definição das zonas nobres, dos centros
urbanos e dos outros lugares, os quais demarcam o privilégio. Os outros
lugares são classificados como regiões periféricas, um espaço onde
mora a maioria das famílias brasileiras que não possui renda para residir
nas proximidades das zonas mais prósperas. Surge, então, outro ponto
de demarcação: os limites financeiros.
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Ícone da desigualdade social em São Paulo: a favela Paraisópolis e os edifícios de luxo logo ao
lado.
As zonas centrais têm o custo de vida elevado e não permitem a
presença de pessoas que não possuem condições de custear sua
manutenção. Uma determinação definida inicialmente por questões
econômicas, mas vamos percorrer o texto e descobrir outros pontos de
segregação espacial.
A periferia surge inicialmente como um lugar de separação financeira e
geográfica. Mas não podemos correr o risco de centrar nosso debate
apenas nesses pontos. É urgente demonstrar outros fatores históricos
que são basilares para a determinação daqueles que vão residir nas
periferias de nosso país.
Atenção!
O Brasil ainda é considerado, no contexto político global, como uma
região periférica. No sistema econômico vigente, somos um país pobre,
cujos índices nos categorizam como uma nação periférica. Essa fala é
válida para este momento, mas a retomada dos processos históricos da
formação brasileira é necessária.
Periferia brasileira
A partir do século XVI, o Brasil inicia sua história — ao menos como
Brasil. Quem nós éramos? Uma colônia portuguesa! Isto é, o Brasil era
considerado a periferia de Portugal que, apesar de certo sucesso
durante um momento, era periferia na Europa. Com a função de fornecer
riquezas e matéria-prima à capital, a nova colônia era classificada como
um local de proliferação de doenças. Com a evolução desse processo,
várias estruturas foram construídas para criar pedaços da Europa no
Brasil e favorecer a permanência da elite que aqui construía suas
riquezas. A grande periferia começava a ganhar ares de civilidade e de
demarcação de lugares e isso acontece, basicamente, em duas fases:
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
A expulsão e o
extermínio das
populações indígenas.

A construção de um
conjunto de valores que
justi�caria a
escravização dos
recém-chegados
africanos.
As senzalas assumem, nesse processo, o lugar de periferias no interior
das fazendas em oposição clara ao modo de vida dos portugueses.
Os quilombos surgem como resistência ao modelo escravagista, não
que as senzalas funcionassem como espaço de harmonia e
passividade. As populações africanas, das diferentes etnias, não eram
passivas na divisão do espaço urbano colonial. Esse lugar periférico foi
uma opção viável de retorno à cultura africana. Fugir para as
comunidades quilombolas, estabelecer grupos organizados nas
florestas ou criar estratégias para permanecerem escondidos nas matas
da cidade. Uma forma clara de subverter a ordem política vigente e
afirmar uma identidade que deveria ser, na concepção do sistema
colonial, passiva e obediente.
Quilombo retratado pelo pintor alemão Johann Moritz Rugendas.
Persistindo como sujeitos periféricos em um regime opressor, os
quilombos são um exemplo de periferia que se afirmava e atacava
claramente o modelo social central. Por meio da afirmação cultural,
ideológica, religiosa e educacional, esses espaços estabeleceram uma
identidade paralela e fomentaram ataques ao regime colonial.
A determinação física surge como uma barreira que classifica e
restringe as relações na sociedade brasileira. Vimos que as questões
sociais, culturais e religiosas também são determinantes para a

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polarização. As ideologias periféricas são construídas em um protesto
claro ao sistema social padrão e estabelecem uma alternativa de
sobrevivência para todos que por ele são excluídos.
Falar em periferia é compreender uma divisão existente no tecido social.
Comunidade Quilombola em Presidente Kennedy, ES.
O modo de ser periférico foi estabelecido e é vivenciado em seu
território, conseguindo quebrar as barreiras que determinavam a
inferioridade. Essa transitoriedade é inerente à cultura brasileira; muitas
das pessoas que residem nas periferias atuam profissionalmente nas
regiões centrais e são atores necessários para o funcionamento
econômico dessa região.
Comunidades periféricas
Conectando as linhas do tempo, as construções históricas de definição
de periferia vão impactar diretamente a divisão das cidades
contemporâneas. O ato de estabelecer uma cidade central possui o
objetivo evidente de segmentar a sociedade que o tempo não foi capaz
de diluir. Em um movimento de utilizar esses fatores, os quais seriam
determinantes da exclusão social, mas que podem e são utilizados para
ressignificação, as comunidades periféricas continuam existindo,
porém estabelecem mecanismos de oposição e de afirmação de sua
identidade. Os ataques ao sistema central vão ocorrer na denúncia das
ausências do poder público.
Precisamos conversar sobre as favelas, as quais, na maioria das vezes,
não estão distantes geograficamente, mas se localizam em espaços
formados no interior das regiões nobres, nos altos dos morros e nas
ocupações. Trata-se de uma estratégia para diminuir o deslocamento
para o trabalho e manter uma maior proximidade com o centro
financeiro das cidades.
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Essa invasão e negação da repartição do tecido urbano da cidade são
de extrema importância para a visibilidade das comunidades. A Rocinha,
na cidade do Rio de Janeiro, é uma afirmação territorial da identidade de
favela. Sua presença no espaço nobre da cidade faz com que todos os
cidadãos revejam cotidianamente seus conceitos e percebam o impacto
de uma política pública limitadora.
Rocinha vista de cima.
As favelas são ramificações importantes para a economia e
representam a negação dessa barreira social. Uma forma de existir
dentro das regiões nobres e excludentes sem perder a subjetividade e
com um sistema econômico próprio. As redes que existem no interior
das favelas ampliam o espaço das periferias nas cidades e interferem
diretamente nas dinâmicas culturais. Em algumas regiões, as favelas
são vizinhas de imóveis hipervalorizados, o que não determina o mesmo
acesso ao emprego, aos serviços públicos e à compreensão de direitos
sociais.
As favelas, ao deturpar esse processo restritivo,
invadem os limites impostos e se estabelecem
enquanto grupo paralelo ao sistema social vigente. São
alvo de um controle social e de uma política pública
que decide diariamente quem será alcançado pelos
serviços públicos.
Precisamos romper com a linearidade do conceito de periferia e debater
sua construção social para além dos processos históricos. Uma leitura
desse conceito deve ser estabelecida em seus movimentos, em seus
processos e nas remodelações que são feitas pelos atores periféricos. A
periferia não pode ser associada a um lugar de passividade. Os
processos educativos são protagonizados para além do espaço da
educação formal.
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Os movimentos sociais são reunidosnesse espaço e constroem
estratégias educativas que vão desde fomentar a inclusão no mercado
de trabalho a ensinar práticas culturais locais. Os moradores das favelas
possuem voz e são capazes de avaliar os projetos políticos coletivos
construindo linhas de oposição e de afirmação coletivas.
Educação e periferia
O profissional de educação, sob essa ótica, não deve atuar de maneira
tradicional; deve ser um agente que entenda os discursos orgânicos do
território, fugindo dos canais de silenciamento das tensões identitárias e
percebendo o papel dos conflitos na formação das identidades locais
opostas ao que é estabelecido.
Escola Municipal em Lauro de Freitas, Bahia.
Existem impulsos para a aglutinação dos sujeitos, contudo, na
formulação de uma abordagem educativa, esse direcionamento não
deve centrar as ações. Não devemos reproduzir no ambiente escolar
uma concepção limitante, e sim descrever os processos de superação
das conjunturas tradicionais de exclusão.
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Nas definições de favela e de periferias brasileiras, as relações sociais
não são homogêneas. Desse modo, as micropolíticas precisam fazer
parte do currículo escolar. As culturas não são determinadas por um
padrão, mas por processos de intercâmbio, como, por exemplo, os
fluxos de migração ocorridos em nosso país, a entrada de novos ritos e
as lideranças que estão em disputa no local.
As interações e as ações periféricas podem ser vistas e revistas e são
ações vivas, vejamos o exemplo de uma escola em São Paulo.
Territórios educativos
Quer entender melhor essa questão? Assista ao vídeo do Prêmio
Territórios, do Instituto Tomie Othake.
A periferia não segue um padrão cultural, por isso traz para o campo da
educação uma pluralidade de desafios. Para formular uma educação
coletiva e contextualizada, é fundamental a identificação dos signos
coletivos agregados ao ser periférico de cada uma das comunidades. As
pessoas das comunidades estão cada vez mais inseridas no universo
escolar, seja na luta por um currículo antirracista ou no
acompanhamento do conjunto das ações educacionais estabelecido
nas escolas. Agentes locais buscam fiscalizar a educação formal e, ao
mesmo tempo, ampliar as possibilidades de aprendizagens distantes
dos formalismos pedagógicos.
As escolas estão em processo de fiscalização constante e não podem
reproduzir em seus materiais didáticos ou nas ações práticas racistas e
segregacionistas. Os olhos da mobilização coletiva estão centrados
nesse espaço formador das gerações futuras para evitar a repetição dos
erros do passado. As juventudes estão conscientes de seu
pertencimento e denunciam a rigidez da escola pública. Isso delega
uma responsabilidade maior aos docentes, os quais não podem
reproduzir nos espaços escolares os mecanismos tradicionais de
exclusão. Uma alternativa seria o fortalecimento desse lugar.
Atenção!

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A escola pertence às comunidades, os projetos políticos pedagógicos
devem ser debatidos nas quadras e as lideranças locais devem fazer
parte dos processos cotidianos de educação. Os muros das escolas
devem ser apenas estruturas físicas e o movimento dessas instituições
o enraizamento nos saberes locais, numa clara relação entre os saberes
acadêmicos e os conhecimentos tradicionais.
Debatendo a realidade social
Ao falarmos de periferia, devemos fugir da visão preconceituosa e
entender a diversidade desse conceito; fugir das concepções e análises
que são distantes da realidade social e debater a complexidade dos
conceitos. A lente que observa a vida do outro deve ser isenta de
preconceitos. As periferias são um lugar de produção de conhecimento
e os currículos escolares devem ser pautados em sua cultura.
É urgente compreender as projeções assumidas por esse conceito no
interior do campo, seja na fundamentação de paradigmas ou no
fortalecimento de diretrizes educativas.
A periferia deve ser entendida para além dos
mecanismos de exclusão. Deve ser evidenciado o
processo de afirmação estabelecido nesses lugares,
nas retomadas que servirão de fortalecimento para as
mobilizações coletivas.
As dualidades, que são comumente o ponto central da análise, precisam
sair de cena. Não é necessário pensar os saberes locais partindo do
centro; os significados das mobilizações estão em seu território e
apenas nele podem ser traduzidos. É preciso reforçar as vozes locais na
tentativa de enxergar a educação além dos preconceitos.
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Os jovens precisam ser compreendidos além das questões sociais, pois
sua importância dentro da dimensão política extrapola crises inerentes
à pobreza ou às vulnerabilidades, marcas utilizadas para determinar a
inferioridade dos saberes e excluir o caráter educativo de suas ações.
A educação é um palco social, logo, reproduz nossos principais
sistemas sociais. A escola está imersa na sociedade, como a professora
Nilda Alves coloca, e reproduz no cotidiano escolar as dinâmicas do
cotidiano social, inclusive seus sistemas de exclusão. O momento é de
ressignificar as relações entre escolas e favelas, tendo em contrapartida
as experiências da educação popular como um espaço de libertação. O
desafio para os educadores é fomentar e inserir a educação popular nas
ações cotidianas, numa ruptura com a dualidade e na inserção das
subjetividades nas relações de aprender e ensinar.
Nilda Alves
Doutora em Ciências da Educação pela Université Paris Descartes.
Em sua obra, importantes noções emergem para as pesquisas em
Educação, bem como para as práticas educativas, estas últimas
sempre valorizadas e pensadas a partir do que são e têm, e não de
suas lacunas e problemas.
Fala, mestre!
Zico fala sobre os desafios de trabalhar com culturas diferentes a partir
de sua experiência no Japão e no Iraque, e conta com descontração
como fez para driblar essas dificuldades.

14/05/2024, 08:23 Questões sociais: minorias, periferias e religiosidade
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
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Nossas leituras e conversas sobre periferia atentaram para a
diversidade do conceito. Assinale a única opção que consegue
afirmar a complexidade do conceito de periferia.
Parabéns! A alternativa D está correta.
Nas construções cotidianas e no saber/fazer em Educação, os
profissionais precisam atentar para as diversidades e fugir das
generalizações, entendendo que a leitura do conceito deve ser plural
e centrada nas subjetividades.
Questão 2
As periferias estão associadas diretamente às mobilizações sociais
coletivas, e as escolas de nosso país precisam inserir esses
movimentos no currículo escolar. Apresentamos algumas situações
do cotidiano escolar que reforçam a afirmação apresentada acima.
I - A comunidade escolar deve fazer parte das constituições das
práticas educativas.
II - As ações locais são cotidianas e oferecem ao educando um
acolhimento no tocante às suas subjetividades.
III - As periferias devem receber uma política pública padronizada e
as escolas não precisam incluir as memórias locais em suas ações.
A Todas as comunidades periféricas são iguais.
B
É necessário criar uma definição nacional para o
conceito.
C
A ideia de totalidade é uma resposta para a leitura
do conceito.
D
A leitura do conceito deve ser plural e centrada nas
subjetividades.

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