Buscar

Fabio L Stern


Prévia do material em texto

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO 
PUC-SP 
 
 
 
 
 
 
 
FÁBIO L. STERN 
 
 
 
 
 
 
NATUROLOGIA E ESPIRITUALIDADE: INDÍCIOS DOS VALORES 
DO MOVIMENTO DA NOVA ERA ENTRE NATURÓLOGOS 
FORMADOS NO BRASIL 
 
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO 
 
 
 
 
 
São Paulo 
2015
 
 
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO 
PUC-SP 
 
 
 
 
 
 
 
FÁBIO L. STERN 
 
 
 
 
 
 
 
NATUROLOGIA E ESPIRITUALIDADE: INDÍCIOS DOS VALORES 
DO MOVIMENTO DA NOVA ERA ENTRE NATURÓLOGOS 
FORMADOS NO BRASIL 
 
 
Dissertação apresentada à Banca Examinadora 
da Pontifícia Universidade Católica de São 
Paulo, como exigência parcial para obtenção 
do título de mestre em Ciências da Religião, 
sob a orientação do prof. Dr. Silas Guerriero. 
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO 
 
 
 
São Paulo 
2015 
 
 
Banca examinadora: 
_____________________________________ 
_____________________________________ 
_____________________________________ 
 
 
Dedico essa obra aos meus colegas de profis-
são, que constroem a Naturologia no Brasil a 
cada dia. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço, em primeiro lugar, aos meus pais, quem sempre acreditaram em mim e 
priorizaram minha educação desde criança. Sem eles eu jamais teria chegado aonde cheguei. 
Agradeço ao prof. Dr. Silas Guerriero, quem acreditou no meu potencial e esteve 
ao meu lado. Foi ele quem me convidou ao mestrado pelo programa ainda lá na especializa-
ção do lato sensu, quando foi integrante da banca da minha monografia. Não dá para expres-
sar a satisfação em tê-lo como orientador. Grato pela parceria estabelecida. 
Agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para minha chegada à 
PUC-SP. À Drª. Rosemeire de Araujo Rangni e à Drª. Viviane C. Cândido, ambas por me ins-
tigar a continuar meus estudos. Não tem como deixar de agradecer também à Drª. Luana M. 
Wedekin, a grande responsável por eu ter buscado a Ciência da Religião em primeiro lugar. E 
ao meu pai, quem me incentivou após o lato sensu a encarar o stricto mesmo eu estando desa-
nimado com a cidade de São Paulo na época. 
Agradeço também àqueles que deram suporte durante essa fase da minha vida. Ao 
CNPq, à FUNDASP e à CAPES por custearem meus estudos, e aos colegas de mestrado – em 
especial ao Matheus Oliva da Costa, pela amizade e paciência de ficar lendo o material que eu 
lhe mandava pedindo opinião; e à Sandra Vergne, por ter me ajudado em um momento de fra-
gilidade. E aos colegas do NEO, com quem enriqueci muito minha dissertação. 
Agradeço ao Saulo da Silva Batista, ao Rafael Cararo e ao Vladimir František 
Peloušek (Razani) por me auxiliarem em tantas revisões textuais. No caso do Vladimir, grati-
dão especial por viajar do Rio de Janeiro para Santa Catarina na etapa final de fechamento do 
texto. Que Verðandi abençoe vocês. 
A todos os professores, com quem aprendi muito em minha jornada. Dois nomes 
merecem ser destacados. Ao prof. Dr. Eduardo Cruz, por não ter deixado que eu desistisse de 
sua disciplina, auxiliando-me quando estive doente para que eu desse conta de continuar. O-
brigado pelo suporte e paciência. E ao prof. Dr. Ênio da Costa Brito, com quem tive a honra 
de ter aula. O conhecimento que obtive contigo, levarei para toda a minha vida. O carinho e a 
amizade, para sempre no coração. 
Agradeço à Cristina Seikya, fundadora do curso de Naturologia da UAM, e à Drª. 
Adriana Elias Magno da Silva pela disponibilidade. Sem vocês, eu possivelmente não teria 
acesso a várias informações sobre o início do curso paulistano. Agradeço também à coordena-
 
 
ção do curso da UNISUL, quem doou gentilmente três livros que já estavam esgotados na dis-
tribuidora assim que soube que eu fazia uma dissertação sobre a Naturologia no Brasil. 
À Maria Alice Ribas Cavalcanti pelos telefonemas dados para que encontrásse-
mos os nomes completos de alguns dos profissionais ligados à história da Naturologia brasi-
leira. 
Ao querido Alex Mendes, que diretamente de Goiás se disponibilizou a me ajudar 
com as obras de Foucault, que foram importantes para que eu entendesse o processo de regu-
lamentação da Medicina. 
Ao Dr. Fernando Hellmann, por sentar comigo e revisar a parte sobre as concep-
ções de energia dos Naturólogos; talvez uma das mais delicadas e polêmicas. Sei que estavas 
atarefado, passando por mil e uma coisas em sua vida pessoal na época. Obrigado pelo tempo 
disponibilizado. 
Gratidão em especial ao Daniel Maurício Rodrigues pela consultoria com o méto-
do quantitativo, com as estatísticas e por me ensinar a usar o SPSS e, principalmente, como 
interpretar seus resultados. Sem sua ajuda meu trabalho teria sido muito mais difícil, e talvez 
minhas análises tivessem ficado superficiais. 
E por fim, mas não menos importante, a todos os naturólogos que se disponibili-
zaram a participar da pesquisa. Os nomes são muitos, mas alguns merecem destacaque: Flavia 
Placeres, Karin Katekaru, Samara Josten Flores, Silvia Sabbag, Andrea de Callis, Rosanna 
Brito, Patricia Daré, Laís Madalena Souza, Kelly Fischer, Suelly Bello, Pedro Ferro, Fernanda 
Spessatto, Fernando Schuind Guedes, Caio Portella, Diogo Teixeira, Bruno Esteves, Mayara 
Passos, Paula Ischkanian e Jailton Kuhnen. 
 
Obrigado.
 
 
A doença é, em essência, o resultado do conflito entre a Alma e a Mente, e nun-
ca será erradicada a não ser através do esforço espiritual e mental. [...] Nenhum 
esforço dirigido ao corpo sozinho pode fazer mais do que reparar os danos su-
perficialmente, e não há cura nisso, uma vez que a causa ainda está operante e 
pode, a qualquer momento, demonstrar novamente sua presença em outra forma. 
(Edward Bach, 1931) 
 
 
RESUMO 
STERN, Fábio L. Naturologia e espiritualidade: indícios dos valores do movimento da 
Nova Era entre naturólogos formados no Brasil. 2015. 224 f. Dissertação (Programa de Pós- 
-Graduação em Ciências da Religião) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São 
Paulo, 2015. 
A presente dissertação objetivou investigar as relações entre a Naturologia no Brasil e o mo-
vimento da Nova Era, partindo da hipótese levantada por Teixeira de que o surgimento da Na-
turologia no Brasil estaria relacionado à chegada da Nova Era ao país. Para tanto, foram apli-
cados 292 questionários em naturólogos formados nas duas universidades brasileiras com cur-
sos de Naturologia reconhecidos pelo MEC. Para aferir o grau de adesão ao movimento da 
Nova Era, uma escala do tipo Likert foi aplicada, com 25 itens referentes às grandes tendên-
cias do movimento da Nova Era ressaltadas por Hanegraaff. Os resultados demonstraram que 
51,7% dos naturólogos consideram-se objetivamente novaeristas, e que os naturólogos atuan-
tes são justamente os que demonstram o maior grau de identificação com esse título. Também 
foi atestado que o grau de adesão da escala do tipo Likert foi alto em todas as categorias, com 
médias superiores a 3 (de um máximo de 4). 
 
Palavras-chave: Naturologia. Nova Era. Escala de espiritualidade. 
 
 
 
ABSTRACT 
STERN, Fábio L. Naturology and Spirituality: evidences of the values of the New Age 
movement between naturologists graduated in Brazil. 2015. 224 l. M.A. Thesis (Graduate 
Program in Religious Studies) – Pontifical Catholic University of São Paulo, São Paulo, 2015. 
This thesis aimed to investigate the relationship between Naturology in Brazil and the New 
Age movement, starting from the hypothesis raised by Teixeira that the emergence of 
Naturology in Brazil is related to the New Age arrival to this country. To this end, 292 
questionnaires were applied in naturologists graduated by the two Brazilian universities with 
Naturology courses recognized by the Brazilian Ministry of Education. In order to measure 
the degree of adherence to the New Age movement, a Likert scale was applied with 25 items 
related to major trends of the New Age movement highlighted by Hanegraaff. The results 
showed 51.7%of the naturologists objectively consider themselves newagers, and the active 
naturologists are precisely those who demonstrate the greatest degree of identification with 
the title. It was also verified that the Likert scale results were high in all categories, with 
averages exceeding 3 (out of 4). 
 
Keywords: Naturology. New Age. Spirituality scale. 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 – Número de autores por TCC de Naturologia da UAM entre 2005 e 2007. ............ 21 
Figura 2 – Distribuição dos egressos de Naturologia no Brasil por instituição. ..................... 23 
Figura 3 – Cidades brasileiras com maior interesse pelo tópico “Nova Era” como crença 
religiosa/espiritual no motor de busca do Google, entre janeiro de 2004 e junho de 2015. .... 39 
Figura 4 – Interesse brasileiro pelo tópico “Nova Era” como crença religiosa/espiritual com o 
passar dos anos no motor de busca do Google. ..................................................................... 40 
Figura 5 – Interesse brasileiro pelo tópico “yóga” com o passar dos anos no motor de busca 
do Google. ........................................................................................................................... 41 
Figura 6 – Interesse brasileiro pelo tópico “holismo” com o passar dos anos no motor de 
busca do Google................................................................................................................... 42 
Figura 7 – Distribuição dos respondentes de acordo com o ano e instituição de formação dos 
naturólogos formados no Brasil. ......................................................................................... 115 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Estimativa da população atual de naturólogos graduados pela UNISUL e UAM. 22 
Tabela 2 – Distribuição dos questionários recebidos de acordo com critérios de inclusão e 
exclusão dos naturólogos formados no Brasil. .................................................................... 113 
Tabela 3 – Distribuição do sexo dos naturólogos respondentes nos questionários válidos. .. 113 
Tabela 4 – Distribuição da amostra de naturólogos formados no Brasil de acordo com o ano 
de formação dos respondentes. ........................................................................................... 114 
Tabela 5 – Distribuição dos questionários válidos de acordo com o ano e instituição de 
formação dos naturólogos respondentes formados no Brasil. .............................................. 115 
Tabela 6 – Distribuição da amostra segundo a atuação profissional dos naturólogos 
respondentes e instituição de formação............................................................................... 116 
Tabela 7 – Distribuição dos questionários válidos segundo atuação profissional e o sexo dos 
naturólogos formados no Brasil. ......................................................................................... 116 
Tabela 8 – Distribuição dos questionários válidos segundo a atuação profissional e o ano de 
formação dos naturólogos respondentes. ............................................................................ 117 
Tabela 9 – Distribuição segundo a formação complementar dos naturólogos respondentes 
formados no Brasil. ............................................................................................................ 117 
Tabela 10 – Distribuição segundo a formação complementar dos naturólogos respondentes 
formados no Brasil, divididos entre naturólogos atuantes e não atuantes............................. 118 
Tabela 11 – Distribuição da amostra de acordo com os grupos de denominação religiosa dos 
naturólogos formados no Brasil. ......................................................................................... 123 
Tabela 12 – Distribuição da amostra de naturólogos que se consideram novaeristas, de acordo 
com sua instituição de formação. ........................................................................................ 124 
Tabela 13 – Distribuição da amostra de naturólogos que se consideram novaeristas, de acordo 
com o ano de formação dos respondentes. .......................................................................... 125 
Tabela 14 – Distribuição da amostra de naturólogos que se consideram novaeristas, de acordo 
com o sexo dos respondentes. ............................................................................................ 126 
Tabela 15 – Distribuição da amostra de naturólogos que se consideram novaeristas, de acordo 
com sua atuação profissional com a Naturologia. ............................................................... 126 
Tabela 16 - Distribuição da amostra de naturólogos que se consideram novaeristas, de acordo 
com a formação complementar dos respondentes. .............................................................. 127 
 
 
Tabela 17 – Distribuição da amostra de naturólogos que se consideram novaeristas, de acordo 
com a denominação religiosa declarada pelos respondentes. ............................................... 128 
Tabela 18 – Percentual de naturólogos respondentes que consideram os aspectos espirituais de 
seus interagentes, de acordo com sua instituição de formação. ........................................... 129 
Tabela 19 – Percentual de naturólogos respondentes que consideram os aspectos espirituais de 
seus interagentes, de acordo com seu ano de formação. ...................................................... 129 
Tabela 20 – Percentual de naturólogos que consideram os aspectos espirituais de seus 
interagentes, de acordo com o sexo dos respondentes. ........................................................ 130 
Tabela 21 - Percentual de respondentes que consideram os aspectos espirituais de seus 
interagentes, de acordo com sua identificação como adeptos do movimento da Nova Era. .. 130 
Tabela 22 – Demografia religiosa da população brasileira com ensino superior completo em 
comparação com a denominação religiosa dos naturólogos formados no Brasil. ................. 132 
Tabela 23 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo sua instituição de formação..................... 138 
Tabela 24 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo sua instituição de formação..................... 139 
Tabela 25 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo ano de formação. .................................... 140 
Tabela 26 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo seu ano de formação. .............................. 141 
Tabela 27 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo sua denominação religiosa. ..................... 142 
Tabela 28 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo sua atuação profissional com Naturologia.
 .......................................................................................................................................... 144 
Tabela 29 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo sua atuação profissional com Naturologia.
 .......................................................................................................................................... 145 
Tabela 30 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo os naturólogos levarem ou não em 
consideração os aspectos espirituais de seus interagentes em atendimento. ......................... 146 
Tabela 31 – Grau de adesão detalhadodos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “canalização”, segundo os naturólogos levarem ou não em 
consideração os aspectos espirituais de seus interagentes em atendimento. ......................... 147 
 
 
Tabela 32 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo sua instituição de formação.
 .......................................................................................................................................... 150 
Tabela 33 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo sua instituição de formação.
 .......................................................................................................................................... 151 
Tabela 34 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo ano de formação. ............. 152 
Tabela 35 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo seu ano de formação. ....... 153 
Tabela 36 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo sua denominação religiosa.
 .......................................................................................................................................... 154 
Tabela 37 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo sua atuação profissional com 
Naturologia. ....................................................................................................................... 155 
Tabela 38 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo sua atuação profissional com 
Naturologia. ....................................................................................................................... 156 
Tabela 39 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo os naturólogos levarem ou 
não em consideração os aspectos espirituais de seus interagentes em atendimento. ............. 158 
Tabela 40 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “cura e crescimento pessoal”, segundo os naturólogos levarem ou 
não em consideração os aspectos espirituais de seus interagentes em atendimento. ............. 159 
Tabela 41 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo sua instituição de formação. ...... 163 
Tabela 42 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo sua instituição de formação. ...... 164 
Tabela 43 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo ano de formação. ....................... 165 
Tabela 44 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo seu ano de formação. ................. 166 
 
 
Tabela 45 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo sua denominação religiosa. ........ 167 
Tabela 46 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo sua atuação profissional com 
Naturologia. ....................................................................................................................... 168 
Tabela 47 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo sua atuação profissional com 
Naturologia. ....................................................................................................................... 169 
Tabela 48 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo os naturólogos levarem ou não em 
consideração os aspectos espirituais de seus interagentes em atendimento. ......................... 170 
Tabela 49 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “ciência da Nova Era”, segundo os naturólogos levarem ou não em 
consideração os aspectos espirituais de seus interagentes em atendimento. ......................... 171 
Tabela 50 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo sua instituição de formação. ............... 174 
Tabela 51 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo sua instituição de formação. ............... 175 
Tabela 52 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo ano de formação. ................................ 176 
Tabela 53 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo seu ano de formação. .......................... 177 
Tabela 54 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo sua denominação religiosa. ................. 178 
Tabela 55 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo sua atuação profissional com Naturologia.
 .......................................................................................................................................... 179 
Tabela 56 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo sua atuação profissional com Naturologia.
 .......................................................................................................................................... 180 
Tabela 57 – Média do grau de adesão dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo os naturólogos levarem ou não em 
consideração os aspectos espirituais de seus interagentes em atendimento. ......................... 181 
 
 
Tabela 58 – Grau de adesão detalhado dos respondentes aos valores do movimento da Nova 
Era referente à categoria “neopaganismo”, segundo os naturólogos levarem ou não em 
consideração os aspectos espirituais de seus interagentes em atendimento. ......................... 182 
Tabela 59 – Respostas distintas obtidas pelos naturólogos respondentes na questão “qual sua 
denominação religiosa?”. ................................................................................................... 208 
Tabela 60 – Grade curricular vigente do curso de Naturologia da UAM. ............................ 213 
Tabela 61 – Grade curricular antiga do curso de Naturologia da UAM. .............................. 215 
Tabela 62 – Grade curricular de 1998 do curso de Naturologia Aplicada da UNISUL. ....... 217 
Tabela 63 – Grade curricular de 2004 do curso de Naturologia Aplicada da UNISUL. ....... 219 
Tabela 64 – Grade curricular de 2013 do curso de Naturologia da UNISUL. ...................... 221 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 
 
ABRANA – Associação Brasileira de Naturologia. 
AEC – Antes da Era Comum, equivalente laico para “antes de Cristo”. 
AGONAB– Associação Geral da Ordem dos Naturologistas do Brasil. 
AMA – American Medical Association. 
APANAT – Associação Paulista de Naturologia. 
BDORT – Bi-Digital O-Ring Test. 
CA – Centro acadêmico. 
CAAE – Certificado de apresentação para Apreciação Ética. 
CBO – Classificação Brasileira de Ocupações. 
CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde. 
CEP – Comitê de ética em pesquisa. 
CIPLAN – Comissão Interministerial de Planejamento e Coordenação das Ações de Saúde. 
cf. – confere, “confira”. 
CNS – Conferência Nacional de Saúde. 
CNTC – Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares. 
CONEP – Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. 
CONBRANATU – Congresso Brasileiro de Naturologia. 
CSSF – Comissão de Seguridade Social e Família. 
DNSAMS – Departamento Nacional de Saúde e Assistência Médico-Social. 
et al. – et alii, “e outros”. 
etc. – et cetera, “e outras coisas”. 
FCN – Fórum conceitual de Naturologia. 
FEBRATE – Federação Brasileira de Terapeutas. 
GT – Grupo de trabalho. 
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 
ibid. – ibidem, “no mesmo lugar”. 
INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas educacionais Anísio Teixeira. 
IP – Internet protocol. 
MEC – Ministério da Educação. 
MNPC – Medicina Natural e Práticas Complementares. 
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego. 
 
 
ONU – Organização das Nações Unidas. 
OMS – Organização Mundial da Saúde. 
op. cit. – opere citato, “trabalho citado”. 
p. ex. – por exemplo. 
PACS – Programa Agentes Comunitários de Saúde. 
PIC – Práticas integrativas e complementares. 
PL – Projeto de lei. 
PNPIC – Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. 
PP – Projeto de pesquisa. 
PSF – Programa Saúde da Família. 
PUC – Pontifícia Universidade Católica. 
SAIAC – Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico da UNISUL. 
SBNAT – Sociedade Brasileira de Naturologia. 
sc. – scilicet, “a saber”. 
sic. – sic erat scriptum, “assim estava escrito”. 
SINNATURAL – Sindicado dos Terapeutas de Minas Gerais. 
SINTERJ – Sindicato dos Terapeutas Naturistas do Estado do Rio de Janeiro. 
SINTER-MT – Sindicato dos Terapeutas do Estado de Mato Grosso. 
SUS – Sistema Único de Saúde. 
TCC – Trabalho de conclusão de curso. 
UAM – Universidade Anhembi Morumbi. 
UERJ – Universidade Estadual do Rio de Janeiro. 
UFBA – Universidade Federal da Bahia. 
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora. 
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 
UFSM – Universidade Federal de Santa Maria. 
UFTM – Universidade Federal do Triângulo Mineiro. 
UNA – Unidade de Articulação Acadêmica. 
UNESP – Universidade Estadual Paulista. 
UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina. 
USP – Universidade de São Paulo. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução .......................................................................................................................... 12 
Objetivo ........................................................................................................................... 16 
As escalas de espiritualidade ............................................................................................ 18 
A população de naturólogos no Brasil............................................................................... 20 
Metodologia ..................................................................................................................... 23 
Referencial teórico e estrutura .......................................................................................... 26 
1. O contexto social para o surgimento da Naturologia como curso superior no Brasil . 30 
1.1 O movimento da Nova Era e sua chegada ao Brasil..................................................... 31 
1.2 A regulamentação da Medicina ................................................................................... 43 
1.3 O incentivo às medicinas alternativas.......................................................................... 51 
2. A Naturologia brasileira: histórico e definições ............................................................ 59 
2.1 As três fases da Naturologia ........................................................................................ 61 
2.1.1 A primeira fase ..................................................................................................... 62 
2.1.2 A segunda fase ..................................................................................................... 65 
2.1.3 A terceira fase ...................................................................................................... 67 
2.2 Definições de Naturologia .......................................................................................... 73 
2.3 Naturologia ou Naturopatia? ....................................................................................... 82 
3. Dimensões da prática naturológica................................................................................ 93 
3.1 A concepção novaerista de cura .................................................................................. 94 
3.2 A relação de interagência ............................................................................................ 97 
3.3 Concepções naturológicas de energia ........................................................................ 101 
3.3.1 As diferentes formas de aferir a energia .............................................................. 103 
4. O perfil dos naturólogos brasileiros ............................................................................ 111 
4.1 O perfil dos respondentes .......................................................................................... 112 
4.2 A religião dos respondentes ...................................................................................... 120 
5. A adesão dos naturólogos aos valores da Nova Era .................................................... 135 
5.1 Canalização .............................................................................................................. 136 
 
 
5.2 Cura e crescimento pessoal ....................................................................................... 148 
5.3 Ciência da Nova Era ................................................................................................. 161 
5.4 Neopaganismo .......................................................................................................... 172 
Considerações finais ......................................................................................................... 184 
Referências ....................................................................................................................... 187 
APÊNDICE A – Itens da escala do tipo Likert separados por categorias ..................... 202 
APÊNDICE B – Modelo da Escala de Adesão dos Ideais da Nova Era ......................... 204 
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido .................................... 206 
APÊNDICE D – Questões sobre o perfil social do respondente ..................................... 207 
APÊNDICE E – Microdados: denominação religiosa dos respondentes ....................... 208 
ANEXO A – Grade curricular do curso de Naturologia da UAM ................................. 213 
ANEXO B – Grade curricular antiga do curso de Naturologia da UAM ...................... 215 
ANEXO C – Grade curricular original do curso de Naturologia da UNISUL .............. 217 
ANEXO D – Segunda grade curricular do curso de Naturologia da UNISUL .............. 219 
ANEXO E – Terceira grade curricular do curso de Naturologia da UNISUL .............. 221 
 
12 
 
INTRODUÇÃO 
 
Desde que entrei na graduação de Naturologia em 2004 percebi que grande parte 
das teorias que sustentam as práticas naturais/tradicionais em saúde é eivada de pensamentos 
religiosos. É notável o caso das medicinas orientais utilizadas pelos naturólogos: da medicina 
tradicional chinesa,noções como yīn e yáng são localizadas em importantes clássicos daoístas 
como o Yì jīng e o Dào dé jīng – esse último também de forte influência no neoconfucionismo 
–; da āyurveda, suas ideias centrais podem ser encontradas nos Upaniṣad, um conjunto de 
textos primordiais históricos do hinduísmo. 
Contudo, ao buscar na graduação, há dez anos, a compreensão de tais elementos e 
a forma como eles influenciam ou são assimilados à prática dos naturólogos, percebi uma 
brusca separação entre os colegas de profissão na época ao que é considerado “da ciência” e o 
que é “da religião”. Como tal, o que encontrava era uma ausência de textos e estudos sobre o 
assunto. Como podia uma formação que falava sobre aspecto sutil, arquétipo, prāṇa, qì, orgô-
nio, bioenergia etc. negar esse tipo de estudos? Foi visando entender essa dinâmica que vim a 
São Paulo em 2010, estudar Ciências da Religião na PUC-SP (Pontifícia Universidade Católi-
ca de São Paulo). 
Em meu curso de especialização, dediquei-me a estudar as relações entre religião 
e medicina na monografia de conclusão de curso. No que concerne à temática da saúde e da 
doença, desde o desenvolvimento do racionalismo
1
 e do pensamento cartesiano
2
 na Idade 
Moderna, a cura caminhou lentamente do domínio das ciências sociais e das religiões para as 
 
1 Segundo Proudfoot e Lacey (2010), racionalismo é uma das bases da ciência moderna, o apelo para a razão 
como a fonte de conhecimento e justificação. Nesse sentido, a fonte da verdade, contrastada com a revelação na 
religião, repousa estritamente no intelecto e no pensamento lógico. 
2 O pensamento cartesiano compreende que a mente e o corpo são entidades independentes e totalmente sepa-
radas. Ainda que Henry (1998) pontue que em sua origem os simpatizantes do cartesianismo mantinham consi-
derações religiosas, tal separação entre corpo/mente/Deus levou à emancipação da ciência e da religião. No sécu-
lo XVII, foi sobre influências cartesianas que Newton viria a desenvolver a física mecanicista, a qual compreen-
de o universo como uma grande máquina e fundamentaria o pensamento científico posterior. 
13 
 
mãos das ciências naturais
3
. Coroada pelo florescer do secularismo, a cisão das práticas bioló-
gicas e das curas sociais e religiosas gerou a noção de medicina oficial e medicina verdadeira, 
que relegaria a dimensão simbólica das doenças à subalternidade (LAPLANTINE, 2010). 
Pela metade do século XX, esse modelo médico passou por uma crise cultural, so-
frendo severas críticas por seu reducionismo e impessoalidade. É frente a esse cenário que, no 
que tange à Nova Era, uma profusão de terapias alternativas surgiu, visando resgatar a dimen-
são simbólica e espiritual do processo terapêutico, com uma abordagem integral do ser huma-
no (FERGUSON, 1980; HANEGRAAFF, 1998). A hipótese da qual partimos é que a Naturo-
logia surge como um reflexo do momento que D’Andrea (2000) chamou de “Iluminismo New 
Age” no nosso país. 
Em vista de não haver diretrizes ou regulamentação específica para a área, é fato 
que qualquer um pode se autodeclarar naturólogo em nosso país. Grosso modo, entendemos 
por Naturologia no Brasil o movimento acadêmico iniciado em Curitiba como um curso téc-
nico em PIC (Práticas Integrativas e Complementares
4
), implantado na Faculdade Espírita Dr. 
Bezerra de Menezes em 1994. Em 1998, em resposta à demanda mercadológica, esse movi-
mento foi continuado pela UNISUL (Universidade do Sul de Santa Catarina), que abriu o 
primeiro bacharelado de Naturologia na Grande Florianópolis, seguida em 2002 pela UAM 
(Universidade Anhembi Morumbi) de São Paulo (VARELA; CORREA, 2005; SILVA, 2012; 
SABBAG et al., 2013; TEIXEIRA, 2013). 
É importante explicitar o recorte utilizado nesse trabalho porque há tipos de tera-
peutas que, inclusive na nomenclatura, confundem-se com o naturólogo: naturologistas, natu-
roterapeutas, naturopatas, terapeutas naturais, terapeutas naturistas, terapeutas holísticos etc.; 
sujeitos que trabalham com as PIC, mas que possuem formações divergentes e, por conta dis-
so, vez ou outra também entram em conflito de interesses e ideologias com o naturólogo. 
 
3 Compreende-se aqui como “ciências naturais” essencialmente a Física, a Química e a Biologia. 
4 Em 2006 o Ministério da Saúde criou uma portaria de incentivo à pesquisa e implantação no SUS para as 
terapias alternativas e tradicionais. Visto a miríade de termos com que são referidas (medicinas alternativas, tra-
dicionais, complementares, naturais, holísticas, energéticas, populares etc.), o órgão adotou a expressão Práticas 
Integrativas e Complementares no documento oficial (BRASIL, 2006). Mesmo sabendo que apenas cinco práti-
cas são contempladas pela portaria por enquanto (sc. a medicina tradicional chinesa, a homeopatia, a fitoterapia, 
a crenoterapia e a medicina antroposófica), utilizou-se nessa dissertação o termo para se referir a todas essas 
formas de prática, mesmo nos casos não contemplados pelo documento ou nos períodos anteriores a sua portaria, 
quando não poderia ser empregado por ainda não ter sido cunhado. Exemplificando com o caso da Faculdade 
Espírita de Curitiba, seu curso de Naturologia foi descrito pela própria instituição como uma formação “[...] em 
terapias naturistas com habilitação em fitoterapia, acupuntura e naturopatia” (VARELA; CORRÊA, 2005, p. 42). 
Logo, embora tenhamos utilizado desse termo no parágrafo supraescrito, não há especificamente as palavras 
Práticas Integrativas e Complementares nas descrições originais desse curso. 
14 
 
Citando um exemplo, na Região Nordeste existe um órgão liderado por um pastor 
neopentecostal, a AGONAB (Associação Geral da Ordem dos Naturologistas do Brasil), que 
possui um curso de formação gratuito, não acadêmico e à distância que defende uma prática 
de Naturologia pautada em uma releitura novaerista dos valores cristãos. Esse órgão foi pro-
curado pela APANAT (Associação Paulista de Naturologia) na tentativa de estabelecer um 
diálogo para a fortificação da profissão, porém a grande divergência entre essa “Naturologia 
neopentecostal” e a Naturologia como ensino superior gerou atritos entre os dois grupos. Em 
resposta, o presidente da AGONAB sentiu necessidade de publicar que: 
Não há documento no País que diga que a profissão de Naturologista ou de Te-
rapeuta Naturista tem que ser submetida à formação em Escola Reconhecida pe-
lo Ministério da Educação. E se não há lei, então ninguém poderá exigir “que 
façamos ou deixemos de fazer alguma coisa” (MACEDO, 2014, §48). 
A frase é claramente uma indireta aos cursos da UNISUL e da UAM, as únicas 
instituições que possuem até o momento cursos de Naturologia reconhecido pelo MEC (Mi-
nistério da Educação) e que vêm lutando, com a ABRANA (Associação Brasileira de Naturo-
logia) e a APANAT, pela regulamentação da profissão do naturólogo no Brasil através da a-
provação de um PL (Projeto de Lei), os primeiros passos para o surgimento de um conselho 
profissional com atribuições constitucionais de fiscalização e normatização da prática. 
De forma geral, as lutas políticas dessas associações visam buscar o reconheci-
mento social do naturólogo como um profissional de nível superior. Mas mesmo entre os e-
gressos dessas duas universidades, podemos encontrar pessoas que não fazem distinções entre 
formados e não formados em cursos de Naturologia ao considerar quem é o profissional natu-
rólogo. Um exemplo aparente é Paschuino, bacharela pela UAM que em sua dissertação cita 
livros de xamanismo, fitoterapia, danças circulares e medicinas holísticas de forma geral, co-
mo se todas essas linhas, que não utilizam especificamente a palavra Naturologia, fossem na-
turológicas (PASCHUINO, 2014). Ao leitor mais atento, fica implícito em seu texto que 
quem faz fitoterapia, faz Naturologia. Quem faz medicina xamânica, fazNaturologia. 
Outro exemplo é Machado, bacharela pela UNISUL que defende abertamente que 
a Naturologia e a Naturopatia são áreas sinônimas – o que problematizarei com maiores deta-
lhes no Capítulo 2.3 (cf. p. 82). A não distinção entre naturólogos, naturopatas e outras deno-
minações profissionais que trabalham com as PIC é atestada nas conclusões de seu TCC (tra-
balho de conclusão de curso) (MACHADO, 2013). 
Todavia, deve-se ressaltar que apesar dessas autoras, esse não é o pensamento 
dominante na Naturologia: 
15 
 
O curso de graduação é constitutivo da Naturologia enquanto prática diferencia-
da. Por exemplo, o terapeuta holístico algumas vezes utiliza as mesmas práticas 
utilizadas na Naturologia (florais, cromoterapia, hidroterapia, entre outras), mas 
o naturólogo se difere do terapeuta holístico, porque este último não possui um 
curso de graduação voltado para sua formação (TEIXEIRA, 2013, p. 15). 
Foi partindo desse posicionamento que consideramos, nesse trabalho, que a nebu-
losa de profissionais que trabalham com as PIC não pode necessariamente ser vista como i-
dêntica aos naturólogos. Nem todo terapeuta que se utiliza de ervas medicinais será naturólo-
go. Nem todo xamã, evidentemente, será naturólogo também. Do mesmo modo, não basta o 
sujeito se autodeclarar naturólogo. Entendemos como naturólogos somente os formados pelos 
cursos de Naturologia reconhecidos pelo MEC, que são considerados aptos a se associarem à 
ABRANA, à APANAT e à SBNAT (Sociedade Brasileira de Naturologia). 
Por um tempo, os textos de Naturologia tenderam a creditar que suas bases filosó-
ficas derivariam da tríplice medicina chinesa, āyurveda
5
 e medicina xamânica (RODRIGUES 
et al., 2012). Embora isso nunca fora manifesto (conforme discutirei no Capítulo 2), os dis-
cursos sobre Naturologia – em especial os de Santa Catarina – propenderam a se utilizar dessa 
tríade em suas autodefinições até pelo menos o início da década de 2010, sem maiores refle-
xões ou questionamentos. 
Esse quadro começou a mudar a partir da edição do FCN (Fórum Conceitual de 
Naturologia) realizada em 2011, em São Paulo. Um dos naturólogos presentes sugeriu que as 
futuras discussões epistemológicas da Naturologia deveriam ser feitas via produções acadê-
micas, como normalmente ocorre nas outras áreas do conhecimento. Assim, a partir de 2012 
os FCN passaram a acontecer anualmente, e suas mesas-redondas a serem organizadas por 
meio de papers submetidos previamente a um comitê científico. 
Em 2013, no IV FCN, um dos questionamentos que surgiu dessas mesas-redondas 
dizia respeito à busca por uma suposta cosmologia inerente à Naturologia (PORTELLA, 
2013a). Teixeira e eu, ambos participantes da mesa-redonda na ocasião, dissemos observar 
que essa cosmologia derivaria possivelmente da chegada do movimento da Nova Era ao Bra-
sil, algo que também pontuei em meu paper (STERN, 2013). Contudo, as lacunas de estudos 
de Nova Era na área dificultaram maiores considerações. 
 
5 Optei por usar āyurveda ao invés de medicina āyurveda, expressão comum no meio das curas holísticas, por 
entender que a segunda opção é um pleonasmo. A āyurveda diz respeito ao conhecimento médico derivado do 
Atharvavéda, parte do Praśna Upaniṣad, um dos śrūti (textos sagrados) do Vedānta, o quarto e último livro do 
Véda. O objetivo do Atharvavéda é especificamente médico. Portanto, entende-se que dizer medicina āyurveda 
seria equivalente ao termo medicina médica, ou seja, uma redundância. 
16 
 
Teixeira (2013, p. 107) chegou a declarar em sua dissertação de mestrado que: 
“com base nos dados etnográficos, concluo que a Naturologia é herdeira do movimento que 
convencionou-se chamar de Nova Era. Ela mantém continuidades claras com relação a este 
movimento, mas também apresenta rupturas importantes”. A principal ruptura seria que en-
quanto a Nova Era busca a informalidade e foge da institucionalização – algo que é ratificado 
por Hanegraaff (1998) e Heelas (2005) –, a Naturologia quer ser institucionalizada, legitima-
da, regulamentada. Além disso, conforme pontua, “a Naturologia não quer ser esotérica ou 
mística, quer ser científica, mas quer uma nova ciência” (TEIXEIRA, 2013, p. 107). 
Apesar da resistência da Naturologia em estudar os aspectos espirituais e simbóli-
cos de suas práticas naturais na época da minha graduação, a medicina chinesa, a āyurveda, 
ou ainda as PIC como os florais de Bach, a gemoterapia e a cromoterapia só poderiam ser va-
lidadas por uma visão simbólica de mundo, pois não há atualmente métodos científicos que 
expliquem ou comprovem totalmente seus mecanismos. Isso levaria Conto, Hellmann e Verdi 
(2012, p. 4, grifo dos autores) a considerar que “o desenvolvimento da Naturologia no campo 
da saúde não é da ordem normal
6
, pois ao fundar-se em conhecimentos a priori não científi-
cos impõe um tensionamento em relação à reprodução do modelo hegemônico na saúde”. 
 O reconhecimento recente disso pela Naturologia fez com que o número de traba-
lhos focados em aspectos simbólicos e etnológicos das PIC aumentasse, demonstrando um re-
cente interesse por estudos dessa temática. Mas ainda que o campo dos estudos simbólicos e 
religiosos esteja em desenvolvimento na área, seu avanço é tímido. Não foi feita uma pesquisa 
mais aprofundada que permeasse sua relevância. O presente trabalho vai ao encontro desse 
propósito, partindo da hipótese levantada no IV FCN e na dissertação de Teixeira (2013) de 
que a Naturologia brasileira derivaria da chegada do movimento da Nova Era no país. 
OBJETIVO 
O objetivo desse trabalho foi verificar o grau de adesão dos naturólogos aos prin-
cipais valores do movimento da Nova Era. Para verificar tal hipótese, foram selecionados co-
mo sujeitos da pesquisa os formados pelas duas instituições brasileiras que possuem cursos de 
Naturologia reconhecidos pelo MEC. 
Utilizou-se como autor principal para elencar os ideais do movimento da Nova 
Era o cientista da religião neerlandês Hanegraaff, um dos principais expoentes do estudo aca-
 
6 O que os autores querem dizem por “ordem normal”, nesse caso, é o aliciamento do racionalismo científico 
pelas profissões acadêmicas da saúde. Isso será mais bem explorado no Capítulo 1.2 (cf. p. 44), quando discuti-
remos os movimentos de regulamentação da Medicina e de outras profissões da saúde. 
17 
 
dêmico sobre esoterismos ocidentais na atualidade. A tese de doutoramento de Hanegraaff 
(1998) foi elaborada em cima de um extenso levantamento bibliográfico de obras sobre a No-
va Era e da própria Nova Era, e compilou o que o autor considera como as quatro principais 
tendências desse movimento: (1) canalização, (2) cura e crescimento pessoal, (3) ciência da 
Nova Era, e (4) neopaganismo. 
A noção de canalização é, talvez, uma das mais importantes e centrais ao movi-
mento da Nova Era. Conforme declara Hanegraaff (1998), as principais obras que deram a tô-
nica às linhas de pensamento dominantes entre os novaeristas foram canalizadas por seus au-
tores. Na fase milenarista do movimento, a espera pela Era de Aquário, que traria uma expan-
são da consciência global culminando na evolução planetária, semeou o terreno simbólico pa-
ra o surgimento de concepções de inteligências superiores que habitariam dimensões alterna-
tivas às nossas (HANEGRAAFF, 2005; 1998). A canalização seria o ato de se conectar com 
esses outros planos de existência, agindo como um canal que recebe essas informações. 
A cura e o crescimento pessoal são o que Hanegraaff (1998), Amaral (2000) e 
D’Andrea (2000) consideram como o mais próximo da noção de salvação religiosa dentro do 
universo novaerista. A psicologização dos processos de cura, atribuindo-lhes uma causa pri-
mordialmente (ou, em alguns casos, unicamente) mental, levaria os novaeristas a compreen-
der que a ideia de saúde está intrinsecamenteligada ao autoconhecimento. A busca pela saúde 
é uma busca por si próprio, e quanto mais desconectado se está do eu interior (self)
7
, mais 
propenso o indivíduo fica ao surgimento das doenças. 
A ciência da Nova Era diz respeito, conforme explica Hanegraaff (1998; 1999a), a 
uma reinterpretação filosófica de descobertas da física quântica e da física relativista aplica-
das ao cotidiano, aquilo que o autor viria a chamar de mitologias populares de ciência. A su-
posta quebra de paradigmas pelo modelo quântico, a relatividade do tempo-espaço e a figura 
da partícula que é ao mesmo tempo matéria e energia dão a tônica das discussões que clamam 
por um novo modelo científico que dialogue com o espiritual, dizendo pouco respeito aos 
complexos cálculos com os quais, de fato, os físicos modernos estão habituados a lidar em ní-
vel quântico. 
Por fim, o neopaganismo é considerado por Hanegraaff (1998) uma área limítrofe 
ao movimento da Nova Era, por orbitar ao redor da wicca, uma religião definida. Como a de-
finição de Nova Era apresentada pelo autor prevê a não institucionalização e a descentraliza-
 
7 Uma série de saberes trazem conceituações profundas a respeito do termo self que ultrapassam o entendi-
mento empregado nessa dissertação. Mas em contextos novaeristas, corriqueiramente o self é referido apenas 
como sinônimo para “eu interior”, sem maiores delimitações. Nesse trabalho, utilizamo-lo nesse sentido simplis-
ta por entendermos que seja a concepção mais coerente ao se tratar do movimento da Nova Era. 
18 
 
ção de expressões religiosas, a partir do momento que a maior parte do neopaganismo gira em 
torno de uma denominação específica, o campo perde o recorte proposto pelo autor. Contudo, 
visto que nem todo neopagão é wiccano, Hanegraaff acabou considerando que alguns valores 
típicos ao neopaganismo deveriam ser incluídos no grupo das principais tendências novaeris-
tas. Alguns dos valores citados pelo autor são a sacralização da sexualidade, o resgate de for-
mas pré-cristãs de religiosidade e a crença em magia não como reflexo da falta de ciência, 
mas justamente como uma oposição consciente ao cientificismo exacerbado da sociedade. 
Embora trabalhos de outros autores tratem de peculiaridades às quais o movimen-
to da Nova Era se amalgamou após sua chegada ao Brasil
8
, por identificar que as particulari-
dades levantadas pelos autores brasileiros não permeiam a maior parte do campo dos novae-
ristas no Brasil, refletindo na verdade idiossincrasias, preferimos utilizar as categorias elenca-
das por Hanegraaff, que servem como diretrizes também para os adeptos da Nova Era no país. 
Todavia, o quadro brasileiro não foi descartado, pois é crucial para compreender o contexto 
sociocultural que permitiu a emergência da Naturologia como um curso de ensino superior em 
nosso país, tal qual será discutido no Capítulo 1. 
AS ESCALAS DE ESPIRITUALIDADE 
Em uma sociedade laica, onde as múltiplas pertenças e os sincretismos se tornam 
cada vez mais comuns, conseguir dados confiáveis sobre a pertença religiosa de uma popula-
ção se torna uma tarefa complexa. Seriam os católicos não praticantes tão católicos quanto 
aqueles que vão todo domingo à missa? Como classificar os sujeitos que possuem uma espiri-
tualidade, mas dizem não possuir religião? Seriam esses iguais aos ateus? Devemos conside-
rar espíritas tanto kardecistas quanto ramatisistas
9
? E aqueles que se consideram espíritas um-
bandistas? Não seriam religiosos os budistas que dizem que o que seguem não é uma religião, 
mas sim uma filosofia de vida? E como tratar o movimento da Nova Era, que segundo Lewis 
(1992) e Hanegraaff (1998) possui sujeitos que se identificam com seus valores, mas rejeitam 
 
8 Cf. D’Andrea (2000), quem aborda a perpetuação de ideias de Nova Era no Rio de Janeiro através do pro-
grama O Eremita da Rádio Imprensa FM; Magnani (2000), quem fala sobre a penetração dos ideais da Nova Era 
na cidade de São Paulo; Oliveira (2011), quem estuda a ressignificação da Nova Era para abranger as classes so-
ciais menos abastadas do Brasil. 
9 O ramatisismo é uma religião novaerista baseada nos ensinamentos do espírito Svāmi Śrī Rāmā-Tys, sacer-
dote indochinês do século X que, em encarnações anteriores, teria presenciado os acontecimentos narrados no li-
vro hinduísta Rāmāyaṇa. Os ramatisistas tendem a se considerar espíritas, tratando como médiuns aqueles que 
canalizam as mensagens de Rāmā-Tys. Os kardecistas, porém, consideram os ramatisistas espiritualistas, alegan-
do que somente os kardecistas podem ser considerados espíritas. 
19 
 
o rótulo de novaerista? Até que ponto se pode assegurar que a denominação religiosa declara-
da pelo entrevistado reflete, de fato, sua prática religiosa? 
Quantificar religião é um grande desafio. Sua natureza metaempírica faz parecer 
improvável esse tipo de abordagem. Não por acaso, as pesquisas quantitativas são escassas 
quando comparadas em números a outras abordagens na Ciência da Religião, e não raramente 
seus dados possuem baixa confiabilidade. De acordo com Iannaccone (1998), 
Os governos coletam poucas estatísticas e financiam poucas pesquisas de religi-
ão; a maioria das organizações religiosas mantém registros financeiros desleixa-
dos e listas de membros excessivamente inclusivas; e muitos aspectos da religi-
ão são inerentemente difíceis de observar (p. 1467, tradução minha
10
). 
E mesmo no caso do censo brasileiro, a pesquisa quantitativa mais conhecida de 
nosso país sobre perfil religioso, os números são constantemente problematizados por sua a-
proximação direta e restritiva
11
. Foi visando suplantar esse problema que as escalas de espiri-
tualidade e religiosidade foram desenvolvidas. 
Escalas de espiritualidade são ferramentas criadas dentro do contexto da Psicolo-
gia da Religião. Visando transpor as respostas binárias sim/não em um grau de afinidade, per-
cepção ou intenção a determinado aspecto do objeto religioso, as escalas de espiritualidade 
são um tipo de instrumento que recorre a técnicas de psicometria para a quantificação dos da-
dos. Todavia, devido a sua proposta de traduzir para números aspectos subjetivos da experi-
ência religiosa, esses instrumentais transcenderam seu domínio psicológico primordial, e hoje 
pesquisas são notadas nos diversos campos da Ciência da Religião, onde podem ser aplicados. 
Citando alguns exemplos, na década de 1970 uma série desses instrumentos foi 
compilada por Hill e Hood Junior no livro Mesures of religiosity. Esse trabalho, um dos pio-
neiros na área, contém diversas escalas de aferição, que vão desde escalas sobre diferentes 
noções de Deus e sobre visões variadas de vida após a morte, até escalas para quantificar ní-
veis de fanatismo religioso e intensidade de experiência religiosa (HILL; HOOD JR., 1975). 
Outro instrumento tradicional de mensuração de religiosidade é a Escala de Bem- 
-Estar Espiritual (Spiritual Well-Being Scale), desenvolvida por Paloutzian e Ellison (1982). 
A Escala de Bem-Estar Espiritual acabou se tornando um referencial aos pesquisadores que 
desejavam criar seus próprios instrumentos, em especial em objetos que são limítrofes às de-
finições mais restritivas do que é religião. 
 
10 “Governments collect few religious statistics and sponsor little religious research; most religious organiza-
tions keep sloppy financial records and overly inclusive membership lists; and many aspects of religion are in-
herently difficult to observe”, no original. 
11 Duas autoras que problematizam os dados do censo são Mafra (2013) e Menezes (2013). 
20 
 
Um último instrumento, também bastante popular nesse tipo de pesquisa, é a Es-
cala de Crença Pós-Crítica (Post-Critical Belief Scale), elaborada por Hutsebaut (1996) para 
avaliar formas distintas de cristianismo.Esse instrumento vem recebendo muitas adaptações 
em inúmeras línguas e países, e é possível encontrar várias pesquisas que discutem sua perti-
nência e validade. 
Evidentemente que outras escalas poderiam ser citadas. No entanto, o que impor-
tou à elaboração de nosso instrumento foi o que todas elas têm em comum: a metodologia de 
psicometria de Rensis Likert. As escalas do tipo Likert consistem em um número de afirma-
ções (chamadas de itens Likert), às quais o respondente deve avaliar seu grau de concordância 
ou discordância marcando números (chamados de graus Likert), cujo menor número sempre 
corresponde ao extremo de discordância e o maior ao extremo de concordância com o item 
apresentado (LIKERT, 1932). 
Originalmente Likert (1932) recomendou o uso de cinco graus nas escalas ao a-
presentar seu método. Entretanto, de acordo com Garland (1991), um número par de níveis 
Likert é mais recomendado nesse tipo de instrumento para que não haja o ponto intermediário 
neutro ao respondente, o qual prejudica a confiabilidade dos dados coletados por aumentar os 
vieses nas respostas. 
A POPULAÇÃO DE NATURÓLOGOS NO BRASIL 
Conforme apresentado no início dessa Introdução, os sujeitos da pesquisa são os 
naturólogos formados no Brasil. No entanto, o recorte utilizado para nossa amostragem não 
seguiu os números usualmente apresentados pelo campo. 
 Em 2011, Conceição e Rodrigues (2011) estimaram que houvesse cerca de 2.000 
naturólogos formados no Brasil. Pela carência de pesquisas demográficas similares, esse nú-
mero foi adotado pelo campo como a estimativa da população brasileira de naturólogos , sen-
do ratificado por Sabbag e outros (2013) dois anos depois no dossiê da Naturologia apresen-
tado pelas associações ABRANA e APANAT. Desde então, esse valor vem sendo repetido 
sem atualizações nos eventos e documentos da área
12
, atingindo o status de “número oficial”. 
Contudo, os dados encontrados na tese de Adriana Silva indicam valores diver-
gentes. Silva fez um levantamento de todos os TCC da UAM e da UNISUL, o que indicou 
que “a produção acadêmica brasileira sobre Naturologia contava com um total de 502 traba-
 
12 Citando um exemplo, no VII CONBRANATU, de 2014, o mesmo valor foi novamente repetido pelo pre-
sidente da SBNAT sem atualização. 
21 
 
lhos [de conclusão de curso] até o primeiro semestre de 2010” (SILVA, 2012, p. 13). Desses, 
127 trabalhos provinham da UAM (que permite que até três alunos façam juntos uma única 
monografia), e 375 trabalhos foram oriundos do curso da UNISUL (onde os TCC são feitos 
individuaente). Os trabalhos coletados da UAM datavam de 2005 (ano que sua primeira turma 
se formou) ao primeiro semestre de 2010, e de 2005 ao segundo semestre de 2009 no caso da 
UNISUL. O motivo da exclusão dos trabalhos catarinenses precedentes a 2005 foi porque 
houve um temporal que destelhou as dependências da UNISUL, destruindo computadores e 
parte do arquivo-morto da clínica-escola do curso de Naturologia. 
Ainda que uma parte do material da UNISUL tenha sido destruída durante o de-
sastre e as primeiras turmas não produzissem TCC, e mesmo que de 2010 a 2011 mais aca-
dêmicos tenham concluído seus estudos e deixado as duas instituições, o número de naturólo-
gos formados que Conceição e Rodrigues (2011) declaram haver é muito superior à quantida-
de de TCC levantada por Silva (2012). 
Em uma tentativa de minimizar esse problema, entrei em contato com o SAIAC 
(Serviço de Atenção Integral ao Acadêmico) em 2013, solicitando o número de egressos do 
curso de Naturologia da UNISUL. Segundo os dados que a secretaria acadêmica me passou, a 
universidade catarinense teria formado, desde a fundação do curso até o fim do primeiro se-
mestre de 2013, cerca de 680 naturólogos – o número exato a instituição alegou não mais pos-
suir. Esses dados parecem mais próximos do número de TCC levantados por Silva (2012). 
Em 2014, entrei em contato com a diretoria da APANAT, que me enviou dados 
sobre os TCC da UAM de 2005 a 2007, onde se contabilizaram 61 TCC produzidos por 122 
alunos. Os dados recebidos possibilitam constatar que mais de dois terços de todas as mono-
grafias da UAM no período foram produzidas por dois ou mais alunos, conforme se observa 
na Figura 1, a seguir. 
 
Figura 1 – Número de autores por TCC de Naturologia da UAM entre 2005 e 2007. 
 
Fonte: elaboração do autor (2014); com base em dados fornecidos pela APANAT (2014a). 
31,15% 
37,7% 
31,15% 
Individual 
Em dupla 
Em trio 
22 
 
Mas mesmo considerando que todos os 127 trabalhos da UAM que Silva levantou 
tivessem sido produzidos por três alunos (o que não foi o caso, conforme se nota na Figura 1), 
ter-se-iam, no máximo, 381 egressos do curso paulistano no período analisado. Por isso, des-
cartamos o valor de 2.000 naturólogos sugerido por Conceição e Rodrigues (2011), e utiliza-
mos uma aproximação da população de naturólogos com base nesses outros valores. 
A estimativa da população aqui utilizada foi calculada pelo número de egressos 
fornecido pelo SAIAC somado a uma aproximação do número de formados pela UAM, esti-
mada na quantidade de monografias levantadas por Silva (2012). Silva contabilizou 127 TCC 
produzidos ao longo de 11 semestres na UAM. Aplicando uma regra de três simples
13
, calcu-
lamos uma atualização desses números para o primeiro semestre de 2014. Com base nos da-
dos sobre a produção das monografias da UAM (cf. Figura 1), considerou-se que um terço 
desses trabalhos foram produzidos individualmente, um terço por dois alunos e um terço por 
três alunos. Dessa forma, estima-se um número de egressos para a UAM de 440 alunos e de 
cerca de 760 alunos para a UNISUL até o primeiro semestre de 2014, totalizando uma popu-
lação aproximada de 1.200 naturólogos formados. Esses dados podem ser visualizados na Ta-
bela 1, a seguir. 
 
Tabela 1 – Estimativa da população atual de naturólogos graduados pela UNISUL e UAM. 
 Dados encontrados Fonte dos dados 
Estimativa 
para 2014-1 
UNISUL 
412 egressos (2002-2009) 
Conceição e Rodrigues 
(2011) 
760 egressos 
≅ 680 egressos (2002-2013) 
SAIAC (informação 
verbal)
14
 
UAM 
61 TCC e 122 egressos (2005-2007) APANAT
 
(2014a) 
440 egressos 
127 TCC (2005 a 2010) Silva (2012) 
TOTAL 1.200 egressos 
Fonte: elaboração do autor (2014). 
 
13 Reconhece-se que esse não é o método de projeção mais preciso, visto que há flutuações no número de a-
lunos ingressantes nas graduações de Naturologia ao longo dos semestres, com anos com mais ou menos calou-
ros que outros. No entanto, como se intuía apenas uma noção do valor real da população de naturólogos no Bra-
sil, considerou-se esse cálculo apropriado para tal objetivo. 
14 Dados referentes à minha solicitação pessoal pelo número de egressos do curso de Naturologia da 
UNISUL. 
23 
 
Embora Anderson, Sweeney e Williams (2005) declarem que os métodos estatís-
ticos concebidos para amostras probabilísticas não se sustentam quando aplicados a amostras 
de conveniência, segundo Oliveira (2001) em alguns cenários é impraticável realizar amostras 
probabilísticas. Como sequer as próprias instituições de formação sabem o número exato de 
naturólogos formados, considerou-se esse um desses cenários. Por isso, optamos por uma a-
mostra não probabilística por quotas, constituída por naturólogos graduados que se voluntaria-
ram a participar da pesquisa. A escolha pelas quotas foi baseada em Oliveira (op. cit.), quem 
considera que dentre as amostras não probabilísticas, a amostra por quotas é a menos enviesa-
da, aproximando-se dos critérios de uma amostra probabilística. A distribuição das quotas se 
manteve fiel à distribuição estimada dos naturólogos no Brasil, com 37% dos formados sendo 
egressos da UAM e 63% sendo egressos da UNISUL. Essa distribuição pode ser observada na 
Figura 2, a seguir. 
 
Figura 2 – Distribuiçãodos egressos de Naturologia no Brasil por instituição. 
 
Fonte: elaboração do autor (2014). 
 
METODOLOGIA 
Segundo os critérios de Gil (2002), esse é um estudo descritivo com abordagem 
quantitativa e análise qualiquantitativa, um levantamento por amostragem não probabilística, 
com base na estimativa da população de naturólogos graduados pelas duas instituições reco-
nhecidas pelo MEC no Brasil. 
Para tentar manter o melhor crivo estatístico, aplicamos os métodos elaborados 
para as amostras probabilísticas nesse estudo, apesar da crítica feita pelos autores supracita-
dos. O tamanho recomendado para a amostragem foi calculado tendo como parâmetro o pior 
cenário possível, com uma margem de erro de 5% e um nível de confiança de 95%. Como ba-
se, utilizou-se a fórmula abaixo, na qual é o tamanho recomendado da amostra, é a mar-
gem de erro e decorre do nível de confiança. Empregou-se o valor 0,5 para , pois se-
63% 
37% 
UNISUL 
UAM 
24 
 
gundo Anderson, Sweeney e Williams (2005) é a postura mais conservadora para quando seu 
valor não é previamente conhecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O cálculo acima, indicado para quando a população é infinita ou muito grande, 
sugere uma amostragem de pelo menos 385 respondentes. Contudo, visto que a população de 
naturólogos formados no Brasil é bem pequena, aplicou-se então a fórmula recomendada para 
populações finitas, onde é a nova recomendação para o tamanho da amostragem, é o 
cálculo da recomendação antiga (fórmula resolvida acima) e é a população total: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Chegou-se ao valor recomendado de pelo menos 292 respondentes (arredondado 
para o primeiro número inteiro na sequência) para manter o nível de confiança e a margem de 
erro desejada. Respeitando as quotas apresentadas anteriormente na Figura 2, conclui-se que a 
amostra deve conter 108 respostas de egressos da UAM e 184 da UNISUL. 
O questionário aplicado foi uma escala do tipo Likert de 8 níveis com 25 itens. A 
descrição dos níveis foi apresentada com a seguinte nomenclatura: (1) discordo totalmente, 
(2) discordo muito, (3) discordo em partes, (4) neutro tendendo a discordar, (5) neutro ten-
dendo a concordar, (6) concordo em partes, (7) concordo muito, e (8) concordo totalmente. A 
utilização dos níveis em número par está em consonância com Garland (1991), conforme ex-
plicado na página 20. No entanto, durante a análise desses dados, foi percebida a necessidade 
de simplificar o número de níveis, que foram reduzidos para 4. Essa redução se fez necessária 
pelo tamanho da amostragem frente ao número de variáveis que emergiram dos resultados. 
Os itens Likert foram elaborados de acordo com as maiores tendências do movi-
mento da Nova Era ressaltadas por Hanegraaff (1998). As frases utilizadas foram oriundas de 
sua tese, e a maioria foi extraída diretamente de seu livro. As frases que sofreram alterações 
foram mudadas em resposta às demandas do pré-teste, para facilitar a compreensão dos res-
pondentes. Porém, visto que a população de interesse era formada por sujeitos com ensino su-
perior completo, o número de frases adaptadas é menor que o número de frases utilizada tal 
como apresentadas por Hanegraaff no texto original. No Apêndice A (cf. p. 202) constam os 
itens presentes na escala do tipo Likert separados por categoria. Na aplicação do questionário 
os itens foram embaralhados, apresentados em ordem aleatória aos respondentes. No Apêndi-
25 
 
ce B (cf. p. 204), pode-se verificar um exemplo dessa apresentação, lembrando que para cada 
respondente o questionário foi re-embaralhado de forma única. 
Os questionários foram aplicados pelo site SurveyMonkey
15
, especializado em 
serviços de questionário. O site gerou automaticamente o link aos respondentes, impedindo 
que um mesmo link fosse respondido duas vezes, controlando as respostas por endereço IP. 
Os respondentes foram captados em parceria com a APANAT e dentro do maior grupo brasi-
leiro de Naturologia da rede social Facebook, que possuía mais de 900 membros na ocasião e 
exige vínculo de formação com a UNISUL ou UAM para aprovação de novos filiados. A gê-
nese automática dos links assegurou o anonimato das respostas, visto que os pesquisadores 
responsáveis não participaram do processo. 
A necessidade de aplicar o questionário pela Internet e a escolha da amostra por 
quota se dão pelo fato dos dados indicarem um número pequeno de naturólogos formados, e 
por eles se encontrarem espalhados pelo Brasil (CONCEIÇÃO; RODRIGUES, 2011), invia-
bilizando a aplicação presencial. 
A respeito do TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido), conforme a 
resolução 196/96 da CONEP (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa), item IV.3, nos casos 
em que seja impossível registrar o TCLE, tal fato deve ser devidamente documentado com 
explicação das causas da impossibilidade. Como o questionário foi aplicado pela Internet, não 
foi possível obter a assinatura dos participantes. No entanto, o modelo de TCLE presente no 
Apêndice C (cf. p. 204) foi apresentado on-line aos respondentes, que puderam manter uma 
cópia do texto; os mesmos precisavam clicar no botão “eu concordo” para que a pesquisa 
prosseguisse com o questionário. 
Como critério de inclusão, os participantes deveriam ser bacharéis em Naturologia 
formados por uma das duas instituições de ensino com curso de Naturologia reconhecido pelo 
MEC: a UNISUL ou a UAM. Como critério de exclusão, foram descartados questionários de 
participantes que não estavam vinculados a essas instituições, que não eram naturólogos e os 
questionários preenchidos por alunos que não concluíram ainda a graduação em Naturologia. 
Os questionários que não foram preenchidos integralmente também foram excluídos da análi-
se. Esses critérios foram avaliados pelo questionário do perfil do respondente, presente no 
Apêndice D (cf. p. 207). 
O PP (projeto de pesquisa) foi submetido para apreciação ética através da Plata-
forma Brasil no dia 23 de agosto de 2014 sob CAAE (certificado de apresentação para apreci-
 
15 https://pt.surveymonkey.com/ 
26 
 
ação ética) 35421614.2.0000.5482, sendo aceito pelo CEP (comitê de ética em pesquisa) da 
PUC-SP no dia 29 de agosto de 2014. O parecer consubstanciado do CEP, de número 
784.560, foi liberado no dia 9 de setembro de 2014. Os questionários foram aplicados de 9 de 
setembro a 22 de setembro de 2014. 
REFERENCIAL TEÓRICO E ESTRUTURA 
O Capítulo 1. O contexto social para o surgimento da Naturologia como cur-
so superior no Brasil, aborda o quadro brasileiro que levou duas instituições privadas de en-
sino superior a considerarem pertinente e lucrativo abrir um bacharelado focado em ensinar as 
PIC dentro da Academia. Esse capítulo trabalha a chegada do movimento da Nova Era ao 
Brasil, e a criação da noção de medicina alternativa como oposição à ideia de medicina ofici-
al, essencial para a promoção e popularização das PIC durante a contracultura da década de 
1960. 
O Capítulo 2. A Naturologia brasileira: histórico e definições faz um breve le-
vantamento histórico do desenvolvimento da área no Brasil, partindo do recorte exposto na 
página 15 do que se entende por Naturologia nesse trabalho. Adotando uma divisão cronoló-
gica da história da profissão em três fases esboçada por Rodrigues e outros (2012), organiza 
através desse modelo a evolução da conceituação da área, abordando suas relações com cam-
pos similares, como a Naturopatia e os terapeutas holísticos. 
Pela carência de publicações sobre o assunto, o histórico da Naturologia apresen-
tado nesse capítulo foi construído principalmente por relatos orais. É curioso se questionar do 
porquê recorremos à história oral ao levantar o histórico da Naturologia. Se considerarmos otrabalho de Antonacci (2013), naturólogos diferem claramente dos exemplos de comunidades 
semiletradas com que a autora trabalha em seu livro, visto que não só são plenamente alfabe-
tizados como também possuem o ensino superior. Contudo, os naturólogos se mantêm como 
um grupo que pouco refletiu sobre sua própria história. Sendo assim, em vista da raridade de 
registros, sua história não poderia ser resgatada sem recorrer às vias da oralidade. 
Entretanto, conforme cita Caldas (1999), ao ler a história oral, jamais podemos 
ignorar que suas fontes são os próprios sujeitos. Como tal, essas fontes serão naturalmente 
contraditórias e partidárias, porque não existem sujeitos fora da ideologia. Mas isso não deve 
ser visto como um problema ao pesquisador, pois não é função sua exorcizar a incoerência do 
campo (PORTELLI, 1996). Muito pelo contrário. Bosi (2003) ressalta a riqueza das tensões 
implícitas, as lembranças e esquecimentos, e também dos subentendidos captados por esse 
27 
 
método que tendem a não aparecer na história oficial. Conforme explica Portelli (ibid.), “se 
formos capazes, a subjetividade se revelará mais do que uma interferência; será a maior rique-
za, a maior contribuição cognitiva que chega a nós das memórias e das fontes orais”. 
 Em primeira instância, o ato da oralidade é o ato da narrativa, e a função do en-
trevistador deve ser... 
[...] valorizar o indivíduo, o ato narrador e exaltar o valor da experiência como 
resultado da vida. Portanto, a experiência passa a ser o âmago da narrativa [...] 
[contudo] sem perder a dimensão coletiva, interpretativa e política, tanto dos 
procedimentos como da reflexão em geral pois são exatamente essas dimensões 
repolitizadas do presente que exigem um novo redirecionamento teórico. [...] 
podemos chegar a ter uma noção bem mais profunda do que seriam as relações e 
o viver das ficcionalidades sociais (CALDAS, 1999, p. 81). 
Isso significa que uma história oral da Naturologia estará impreterivelmente con-
tagiada pela subjetividade dos próprios naturólogos que a contam, independentemente de pos-
suírem formação universitária ou estarem envolvidos diretamente com o meio acadêmico. 
Primeiramente, conforme apresenta Bosi (2003, p. 18), “a universidade também tem o poder 
de contar e interpretar os eventos que se passam no mundo operário ou nos meios populares, 
em geral”. Em segundo lugar, não se pode esquecer que a construção narrativa é semantica-
mente e discursivamente diferente da linguagem dissertativa que domina a escrita acadêmica. 
Para criar/aprender as práxis sociais, são necessários conhecimentos que vão se 
adaptando às suas metamorfoses especulares, ao seu íntimo novelo de contradi-
ções, desvios e ordens, sabendo unir e desatar sonho e realidade, podendo com-
preender súbitas e irracionais configurações [...]. Sem essa afinidade eletiva en-
tre conhecimento e sujeito não há História Oral, que deve revelar e criar o ser 
social e a singularidade por meio do desvendar e do desmontar significados, fa-
zendo parte do conhecimento vital, do conhecimento vivido, do conhecimento 
crítico, não do fragmentário conhecer científico. Sua objetividade está distante 
da fria, nomotética [sic.] e ridiculamente neutra objetividade científica. Sua ob-
jetividade é similar à profunda e essencial objetividade artística, que se põe co-
mo criação-interpretação das realidades humanas [...] (CALDAS, 1999, p. 45-
46). 
Por fim, deve-se ressaltar que embora a narrativa seja contada pelo sujeito, a his-
tória oral é uma construção coletiva, dizendo respeito não a uma simples subjetividade indivi-
dual, mas sim a um tempo-espaço comunitário (PORTELLI, 1996; CALDAS, 1999; BOSI, 
2003). Nesse sentido, ainda que se considerem as possíveis contradições e valores pessoais 
entre os relatos, a história oral dos naturólogos fala justamente deles próprios enquanto campo 
profissional e categoria social em ascensão no Brasil. 
O Capítulo 3. Dimensões da prática naturológica é um compilado de duas pes-
quisas exploratórias sobre o campo da Naturologia que demonstram paralelos entre sua pro-
28 
 
dução textual e os valores da Nova Era. Essas pesquisas foram realizadas através de um estu-
do do material publicado pela área no Brasil. Incluem-se nesses textos dissertações e teses que 
possuem a Naturologia como objeto, alguns TCC da graduação da UNISUL e da UAM de 
2005 a 2014 que trouxeram discussões epistemológicas sobre a Naturologia, os artigos cientí-
ficos publicados no periódico CNTC (Cadernos de Naturologia e Terapias Complementares) e 
nas duas edições temáticas sobre a Naturologia da revista Cadernos Acadêmicos da UNISUL, 
os anais de todas as edições do CONBRANATU (Congresso Brasileiro de Naturologia), os 
papers apresentados em todos os FCN já realizados, além de alguns capítulos publicados nos 
três livros editados pelos professores do curso de Naturologia da UNISUL. 
Os paralelos com o movimento da Nova Era tiveram como parâmetro as obras de 
Hanegraaff (1998; 1999a; 2005), Heelas (2008) e Fuller (2005). Hanegraaff e Heelas foram 
elencados por seu reconhecimento mundial no campo da Ciência da Religião como estudiosos 
do movimento da Nova Era. Já o artigo de Fuller (2005), sobre as curas e medicinas na Nova 
Era, foi selecionado especificadamente pelo foco que o autor deu à questão da saúde entre os 
novaeristas. Além disso, dentre os pesquisadores brasileiros que falam sobre a Nova Era, des-
tacam-se a utilização de D’Andrea (2000), Amaral (2000), Magnani (2000), Oliveira (2011) e 
Guerriero (2013). 
A conspiração aquariana de Ferguson (1980), uma literatura novaerista insider, 
também foi utilizada apesar de seu discurso êmico
16
, não acadêmico como a dos autores des-
tacados no parágrafo anterior. A escolha por um livro de uma novaerista insider se deu para 
exemplificar os momentos em que os discursos dos naturólogos se aproximam das falas dos 
próprios novaeristas em suas produções. A obra de Ferguson foi a escolhida pelo impacto e 
popularidade que possuiu. 
Por fim, os dados dos questionários foram divididos entre os dois capítulos finais. 
No Capítulo 4. O perfil dos naturólogos brasileiros, os dados referentes ao perfil básico dos 
respondentes é abordado. Serão apresentados os principais detalhes demográficos, como sexo, 
formação complementar, ano de conclusão do curso de Naturologia, instituição pela qual se 
graduou, se estão atuando profissionalmente como naturólogos ou não; além de dados sobre a 
religião autodeclarada pelos respondentes, se os respondentes se consideram novaeristas e se 
levam em consideração os aspectos espirituais durante seus atendimentos como naturólogos. 
 
16 Em sentido amplo, êmico diz respeito ao ponto de vista do adepto, enquanto que ético é o tipo de lingua-
gem, distinções, teorias e modelos interpretativos que é considerado apropriado pela Academia por seus próprios 
termos, que podem ser diferentes daqueles dos próprios crentes. Para maiores informações sobre a distinção en-
tre êmico e ético dentro da Ciência da Religião, cf. a introdução da tese de Hanegraaff (1998). 
29 
 
No Capítulo 5. A adesão dos naturólogos aos valores da Nova Era as escalas 
do tipo Likert são analisadas, e o grau de adesão às principais tendências do movimento da 
Nova Era é calculado. 
Sendo assim, os capítulos foram estruturados com o fito de comprovar o grau de 
influência que o movimento da Nova Era exerce no campo da Naturologia no Brasil. 
 
30 
 
1. O CONTEXTO SOCIAL PARA O SURGIMENTO DA 
NATUROLOGIA COMO CURSO SUPERIOR NO BRASIL 
 
De acordo com Girardi, Fernandes Júnior e Carvalho (2000), desde o final da dé-
cada de 1990 é notado um aumento de demandas pela regulamentação de medicinas alternati-
vas ou terapias naturais no Congresso Nacional do Brasil. De fato, desde 2000 a OMS (Orga-
nização Mundial da Saúde) demonstra abertura à investigação científica

Continue navegando