Buscar

CASA DE MISERICÓRDIA ~ CASA CARIDADE MANOEL GONÇALVES SOUZA MOREIRA

Prévia do material em texto

CASA DE MISERICÓRDIA
 23:05 CHARLES AQUINO HOSPITAL NO COMMENTS
A Câmara Municipal e o Patrimônio
No testamento de Manoelzinho está a disposição: Essa casa denominar-se-á "Casa de Caridade Manoel
Gonçalves de Sousa Moreira", será administrada pela Câmara Municipal da cidade de Itaúna, que
poderá criar uma associação ou irmandade para administrá-la, e em sua falta pela diretoria da
"Companhia Tecidos Santanense". Para se cumprir a disposição acima, a Câmara se reuniu e há nos
arquivos da instituição o original da certidão de seguinte teor: Certifico que, o livro de registro de leis e
decretos desta Municipalidade, nele, às páginas 360 a 367, encontrei o seguinte:
Lei nº 127 de 8 de setembro de 1920, sobre a Casa de Caridade. O povo do Município de Itaúna, por seus
vereadores, decretou, e eu, em seu nome, sanciono a seguinte lei:
Art. 1º - A Câmara Municipal de Itaúna desiste do encargo de administrar a Casa de Caridade Manoel
Gonçalves de Sousa Moreira, a fundar-se nesta cidade, preferindo que seja administrada por uma
Irmandade.
Art. 2º - Fica o Presidente da Câmara Municipal de Itaúna autorizado a organizar uma Irmandade, que
será a seu cargo a administração da nova Casa de Caridade e de seu patrimônio, de acordo com as
disposições de testamento do finado itaunense Manoel Gonçalves de Sousa, podendo fundar outros
estabelecimentos de caridade, e de instrução, organizando os Estatutos, que serão aprovados por decreto do
Presidente da Câmara Municipal.
Art. 3º - Revogam-se as disposições em contrário. Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o
conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir, tão inteiramente como
nela se contém.
O Presidente da Câmara, Dr. Augusto Gonçalves de Sousa Moreira.
O Diretor Interino, Cordovil Nogueira.
 Registrada e publicada nesta Secretaria da Câmara Municipal de Itaúna, aos 8 de setembro de 1920.
Nossos comentários: Nessa altura, tendo a Câmara desistido do encargo de administrar a Casa de Caridade,
preferindo organizar uma Irmandade, competia ao Presidente da Câmara redigir o anteprojeto dos Estatutos,
submetê-los à discussão e votação dos vereadores, de acordo com as disposições do testamento. Em seguida,
após cumpridas as normas nele estabelecidas, submetê-los à autoridade competente, o promotor da Comarca
do Pará.
Itaúna era apenas "termo da Comarca do Pará" e aqui não havia promotor. Tratava-se de uma fundação,
edificada sobre um patrimônio de grande valor. Matéria já regulamentada pelo Código Civil Brasileiro,
15/05/2024, 06:44 CASA DE MISERICÓRDIA ~ CASA CARIDADE MANOEL GONÇALVES SOUZA MOREIRA
https://itaunacaridade.blogspot.com/2014/12/camara-municipal.html 1/2
https://itaunacaridade.blogspot.com/2014/12/camara-municipal.html
https://itaunacaridade.blogspot.com/2014/12/camara-municipal.html
https://itaunacaridade.blogspot.com/search/label/Hospital
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjucG1oIo0n6O8rrPYB6nWRiCQ3EanGD3quSkJbobc6vaJo1O6kXczuvuTXGeGoYrVMaUjPCARysu1H6L-o3sFacqHSbAUeLH3AXYrn-dpVp9gfinGaOgGtGc1FRMU4IIlRaZ11VYlVeCUw/s1600/hospital+aa.jpg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjucG1oIo0n6O8rrPYB6nWRiCQ3EanGD3quSkJbobc6vaJo1O6kXczuvuTXGeGoYrVMaUjPCARysu1H6L-o3sFacqHSbAUeLH3AXYrn-dpVp9gfinGaOgGtGc1FRMU4IIlRaZ11VYlVeCUw/s1600/hospital+aa.jpg
sancionado e promulgado a 1º de janeiro de 1916. Através do decreto sob nº 3071, entrou em vigor, conforme
disposto no art. 1806, no dia 1º de janeiro de 1917.
E o Art. 24 já em vigor há mais de três anos, na época, determinava que "Para se criar uma fundação, far-
lhe-á o seu instituidor, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administra-la".
O Art. 26 é taxativo: "Velará pelas fundações o Ministério Público do estado, onde situadas".
Finalmente, o Art. 27 explicita: "Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em
tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases (art.24), os estatutos da
fundação projetada, submetendo-os, em seguida, à aprovação da autoridade competente". 
Nada disso se cumpriu, nem se deseja agora que se cumpra, é assunto morto, tudo prescrito. E mais: já no
artigo segundo a Câmara ultrapassou sua competência, "quando autoriza fundar outros estabelecimentos
de caridade e de instrução", contrariando o testamento.
Fala-se num tal esboço do testamento redigido de próprio punho pelo instituidor, mas sem assinatura,
conhecido, segundo tradição oral, por poucos parentes, presumimos, suspeitos legalmente. Admitamos, por
hipótese, que os acréscimos feitos pelo Dr. Augusto, na qualidade de Presidente da Câmara tenham estado no
primeiro testamento, anulado "in totum". Afinal, um homem formado, culto, com tanto dinheiro na mão,
responsável pela administração e desenvolvimento do município, imaginou que teria chegado a hora de dotar
seu município com o ensino de melhor qualidade, concordando em colocar a instrução como objetivo do
instituidor, o que não está no testamento. Documentos sem assinatura e boas intenções não podem ser aceitos,
contrariando o espírito do fundador e a legislação em vigor. Principalmente, num documento de tão grande
valor, com repercussões futuras, danosas à saúde financeira da Irmandade.
Outro documento da Câmara: Certifico que, revendo o livro de registro de leis e decretos desta
Municipalidade, nele às páginas 375 e 376, encontrei o seguinte: "Decreto n. 52, de 20 de setembro de
1920. Promulga os Estatutos da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira. Dr. Augusto
Gonçalves de Sousa Moreira, presidente da Câmara Municipal de Itaúna, usando da atribuição que lhe faculta
aprovar os Estatutos da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Sousa Moreira, expedido em 16 de setembro
1920, e assinado pelos membros do Conselho Deliberativo". Registre-se e publique-se. Secretaria da Câmara
Municipal, aos 20 de setembro de 1920. O Diretor Interino, Cordovil Nogueira.
É o que cotinha nos registros que fielmente copiei e a que me reporto. Secretaria da Câmara Municipal de
Itaúna, aos 16 de novembro de 1920. O Diretor Interino, Cordovil Nogueira.
Nossos comentários: Preocupou-nos o fato de o dr. Augusto ter promulgado os Estatutos doze dias da
manifestação da Câmara, tempo, a nosso ver, insuficiente para a sua elaboração pela Câmara e aprovação
pelo promotor em Pará. E não havia prazo determinado para tais providências. No Estatuto aprovado pela
Câmara, cuja cópia não foi transcrita na ata da primeira reunião da Irmandade que, "redundantemente o
aprovou" (17 de outubro), com a presença apenas de 14 irmãos, quando a Câmara já havia fixado em 25 o
número dos membros do Conselho Deliberativo, vitalícios e escolhidos pelos vereadores. Não encontramos
em nenhum documento a relação dos 25 membros iniciais, integrantes do Conselho. Sem se conhecer os
nomes desses integrantes, a irmandade, reunida pela primeira vez, com 14 pessoas, elegeu os membros da
Mesa Administrativa e do Conselho Fiscal. Entre os eleitos e não empossados na primeira reunião estavam os
senhores: Artur Contagem Vilaça e o Padre João Ferreira Álvares da Silva (fiscais efetivos), João Rodrigues
Nogueira Penido e Artur Pereira Matos (ficais suplentes). Nesta altura já conhecíamos 18 membros do
Conselho (os 14 presentes e estes 4 ausentes eleitos).
Enciclopédia Ilustrada de Pesquisa: Itaúna em Detalhes
Edição: Jornal Folha do Povo
Editor: Renilton Gonçalves Pacheco
Pesquisa e redação final: Guaracy de Castro Nogueira
Fonte de pesquisa: Fundação Maria de Castro / Itaúna em Dados
Textos: Sérgio Cunha
Diagramação: Márcio Heleno Santos / Daniel Machado Campos
Ano: 2003
Impressão: Gráfica São Lucas Ltda.
Fascículo nº: 38 
15/05/2024, 06:44 CASA DE MISERICÓRDIA ~ CASA CARIDADE MANOEL GONÇALVES SOUZA MOREIRA
https://itaunacaridade.blogspot.com/2014/12/camara-municipal.html 2/2

Mais conteúdos dessa disciplina