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08/04/2020 1 história, ramificações e áreas de atuação Prof. Anayran Dourado PSICOLOGIA JURÍDICA: Mas, e a Psicologia, que lugar viria ocupar nesta relação entre a criminalidade e a justiça? De acordo com Bonger (1943), a Psicologia só viria aparecer no cenário das ciências que auxiliam a justiça em 1868, com a publicação do livro Psychologie Naturelle, do médico francês Prosper Despine, que apresenta estudos de casos dos grandes criminosos (somente delinquentes graves) daquela época. Concluiu ao final que o delinquente, com exceção de poucos casos, não apresenta enfermidade física e nem mental. Segundo ele, as anomalias apresentadas pelos delinquentes situam-se em suas tendências e seu comportamento moral e não afetam sua capacidade intelectual (que poderá ser inferior em alguns casos e enormemente superior em outros). Mas, e a Psicologia, que lugar viria ocupar nesta relação entre a criminalidade e a justiça? Conforme suas observações, o delinquente age com frequência motivado por tendências nocivas, como o ódio, a vingança, a avareza, a aversão ao trabalho, entre outras. Na opinião de Despine, o delinquente possui uma deficiência ou carece em absoluto de verdadeiro interesse por si mesmo, de simpatia para com seus semelhantes, de consciência moral e de sentimento de dever. Não é prudente, nem simpático e nem é capaz de arrependimento. Mas, e a Psicologia, que lugar viria ocupar nesta relação entre a criminalidade e a justiça? história, ramificações e áreas de atuação Em 1875, a criminologia surge no cenário das ciências humanas como o saber que viria dar conta do estudo da relação entre o crime e o criminoso, tendo como campo de pesquisa: “as causas (fatores determinantes) da criminalidade, bem como a personalidade e a conduta do delinquente e a maneira de ressocializá-lo” (OLIVEIRA, 1992, p. 31). Psicologia Criminal Neste momento a Psicologia Criminal passa a ocupar uma posição de maior destaque como uma ciência que viria contribuir para a: compreensão da conduta e da personalidade do criminoso. De acordo com Bonger (1943), a Psicologia Criminal é importante para todos os profissionais de DIREITO PENAL. Para a polícia é útil saber quais são os tipos psicológicos mais suscetíveis ao cometimento de determinado tipo de delito. 1 2 3 4 5 6 08/04/2020 2 Psicologia Criminal Também é importante que os promotores e juízes conheçam o grau de perigo para a segurança pública que é inerente a certos tipos de delinquentes, a fim de fixarem as penas e demais medidas corretivas. Por último, o conhecimento da Psicologia Criminal é de utilidade especial para todas aquelas pessoas que trabalham em presídios e manicômios. Na opinião de Bonger (1943), encontramos entre os delinquentes todos os tipos humanos possíveis, não existe uma tipologia psicológica específica do delinquente. Para ele, o que diferencia o delinquente das demais pessoas é uma deficiência moral associada a uma exagerada tendência materialista. Psicologia Criminal Segundo Fernandes (2002, p.126), o desafio que a vida em sociedade apresenta não se limita a apontar uma única e simplificada explicação do “porquê” o homem mata outro homem, mas de descobrir o “porquê”, em circunstâncias similares, um homem mata, outro socorre e um terceiro finge que nada viu. Psicologia Criminal A explicação não pode estar em supostos instintos humanos, que tenderiam a dirigir sempre todos os homens numa única direção, mas, principalmente, nas experiências de suas vidas inteiras, que variam amplamente de uma pessoa para outra. Psicologia Criminal “ Não existe um perfil criminoso e sim uma série de variáveis, circunstâncias e determinados contextos que levam estas pessoas ao cometimento de um delito. E este deve ser um dos pontos centrais de investigação e atuação da Psicologia Jurídica. Segundo autor do texto: Ramificações e áreas de atuação da Psicologia Jurídica 7 8 9 10 11 12 08/04/2020 3 Ramificações e áreas de atuação Conceitualmente, a Psicologia Jurídica corresponde: A toda aplicação do saber psicológico às questões relacionadas ao saber do Direito. O termo Psicologia Jurídica é uma denominação genérica das aplicações da Psicologia relacionadas às práticas jurídicas, enquanto Psicologia Criminal, Psicologia Forense e Psicologia Judiciária são especificidades aí reconhecíveis e discrimináveis. A Psicologia Forense corresponde a toda aplicação do saber psicológico realizada sobre uma situação que se sabe estar (ou estará) sob apreciação judicial, ou seja, a toda a Psicologia aplicada no âmbito de um processo ou procedimento em andamento no Foro (ou realizada vislumbrando tal objetivo). Incluem as intervenções exercidas pelo psicólogo criminal, pelo psicólogo judiciário, acrescidas daquelas realizadas pelo psicólogo assistente técnico. Ramificações e áreas de atuação A Psicologia Criminal é um subconjunto da Psicologia Forense e, segundo Bruno (1967), estuda as condições psíquicas do criminoso e o modo pelo qual nele se origina e se processa a ação criminosa. Seu campo de atuação abrange a Psicologia do delinquente, a Psicologia do delito e a Psicologia das testemunhas. Ramificações e áreas de atuação A Psicologia Judiciária também é um subconjunto da Psicologia Forense e corresponde a toda prática psicológica realizada a mando e a serviço da justiça. É aqui que se exerce a função pericial. Corresponde à prática profissional do psicólogo judiciário, sendo que toda ela ocorre sob imediata subordinação à autoridade judiciária. Ramificações e áreas de atuação Psicologia Psicologia Jurídica Psicologia Forense Psicologia Criminal Psicologia Judiciária Caires (2003, p. 34) postula que os grandes teóricos do Direito “são unânimes em reconhecer a importância do ‘olhar psicológico’ e da ‘análise psicológica’ sobre e nesse universo, envolvendo o indivíduo, a sociedade e a Justiça”. Contudo, ela destaca a necessidade de uma maior qualificação desses profissionais objetivando um “melhor e mais criterioso desempenho nessa área profissional” (CAIRES, 2003, p. 34). 13 14 15 16 17 18 08/04/2020 4 Referências Bibliográficas LEAL, Liene Martha. Psicologia jurídica: história, ramificações e áreas de atuação. Diversa :: Ano I - nº 2 :: pp. 171-185 :: jul./dez. 2008. FREITAS, M. A. Psicologia Jurídica e Psicologia Forense: Aproximações e distinções. Revista de Psicoanálisis y estudios culturales, (10), 1-1.2009. Disponível em:<http://www.psikeba.com.ar/articulos2/MAF_psicologia_juridic a_psicologia_forense.htm#_ftnA2>. PSICÓLOGO PERITO OFICIAL PERÍCIA PSICOLÓGICA “Art. 464 – novo CPC/2015. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.” → consiste em um exame que se caracteriza pela investigação e análise de fatos e pessoas, → enfocando-se os aspectos emocionais e subjetivos das relações entre as pessoas, → estabelecendo uma correlação de causa e efeito das circunstâncias → e buscando-se a motivação consciente (e inconsciente) para a dinâmica familiar do casal e dos filhos. PERÍCIA PSICOLÓGICA → Através dessa investigação, o perito psicólogo poderá apurar, com muito mais precisão, a responsabilidade de cada um dos membros da família pelo estado das relações → e sugerir ao juiz a melhor solução para garantir o equilíbrio emocional de todos, resguardando-se os direitos fundamentais das crianças e adolescentes envolvidos no litígio. PERÍCIA PSICOLÓGICA → Essas conclusões são, então, consubstanciadas em um laudo que será juntado aos autos, e/ou mediante depoimento pessoal em juízo. PSICÓLOGO PERITO OFICIAL “Art. 465 – novo CPC/2015: O juiz nomeará perito especializado no objeto da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega do laudo. § 1º Incumbe às partes, dentro de 15 (quinze) dias contados da intimação do despacho de nomeação do perito: (...) II – indicar assistente técnico;” 19 20 21 22 23 24 08/04/2020 5 PSICÓLOGO PERITOOFICIAL 1.A função do perito existe sem o assistente técnico, contudo o inverso não é verdadeiro. 2.O perito tem a função de auxiliar o juiz em suas decisões. 3.Não cabe ao perito fazer interpretações ou aconselhamentos às partes (embora o psicólogo possa conversar com as partes). 4.O perito é da confiança do juiz. 5.O perito não tem nenhuma ligação com as partes e seus advogados. PSICÓLOGO ASSISTENTE TÉCNICO PSICÓLOGO ASSISTENTE TÉCNICO O assistente técnico é o auxiliar da parte, aquele que tem por obrigação, concordar, criticar ou complementar o laudo do perito oficial, através de seu parecer, cabendo ao Juiz, pelo princípio do livre convencimento, analisar seus argumentos, podendo fundamentar sua decisão neste parecer. PSICÓLOGO ASSISTENTE TÉCNICO O principal trabalho do Perito Assistente não é, como acham muitos, elaborar um laudo divergente ou uma crítica ao laudo oficial, Mas sim diligenciar durante a realização da perícia no sentido de evidenciar ao Perito Oficial os aspectos de interesse ao esclarecimento da matéria fática sob uma ótica geral e mais especificamente sob a ótica da parte que o contratou. PSICÓLOGO ASSISTENTE TÉCNICO Sendo o assistente de livre nomeação da parte, de sua confiança, sobre o qual não recaem as regras de impedimento e suspeição, possível divergência dele com o perito oficial não impede se tenha a perícia como boa. Art. 8º O assistente técnico, profissional capacitado para questionar tecnicamente a análise e as conclusões realizadas pelo psicólogo perito. Para desenvolver sua função, o assistente técnico poderá ouvir pessoas envolvidas, solicitar documentos em poder das partes, entre outros meios (Art. 429, Código de Processo Civil). PSICÓLOGO ASSISTENTE TÉCNICO O assistente técnico pode SER NOMEADO por apenas uma das partes, através de uma petição, proposta pelo advogado, requerendo ao juiz a nomeação e indicando o nome completo do psicólogo, número de inscrição no Conselho Regional de Psicologia, endereço (com CEP) e justificativa plausível e fundamentada para a nomeação. 25 26 27 28 29 30 08/04/2020 6 PSICÓLOGO ASSISTENTE TÉCNICO 1.É contratado pela parte, para auxiliá-la e ao seu advogado naquilo que ela acredita estar certa. 2.A defesa do advogado estará pautada no parecer que o assistente técnico fizer do laudo do perito. 3.Poderá fazer interpretações e sugestões ao seu cliente, não correndo riscos de ter seu trabalho mal interpretado ou manipulado pelas partes ou por seus advogados. 4.É importante que o assistente técnico conheça bem a função do perito, para saber o que deve esperar do trabalho desse profissional e como seu trabalho deverá encaminhar-se. Os psicólogos peritos e assistentes técnicos deverão fundamentar sua intervenção em referencial teórico, técnico e metodológico respaldados na ciência Psicológica, na ética e na legislação profissional, garantindo como princípio fundamental o bem-estar de todos os sujeitos envolvidos; O Psicólogo Perito e o Psicólogo Assistente técnico devem evitar qualquer tipo de interferência. Se refere, inclusive, ao magistrado, o qual não deve restringir o trabalho pericial, mas, ao revés, deve permitir ao perito total autonomia para realizar o trabalho para o qual foi nomeado. Referências Bibliográficas Livro: Psicologia jurídica no processo civil brasileiro: a interface da psicologia com o direito nas questões de família e infância / Denise Maria Perissini da Silva. – 3. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2016. 31 32 33 34