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Os 7 Pilares do Aprendizado

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OS 7 PILARES DO
APRENDIZADO
Usando a ciência para aprender mais e melhor 
PAULO RIBEIRO 
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 A meus pais, que me criaram para amar a 
educação e respeitar ao próximo. Sem eles não 
seria quem eu sou.
 A Sebastian Marshall, um mentor, que com um 
exemplo de vida, me fez acreditar na construção de 
um mundo melhor e de uma vida significativa.
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
sumário
Introdução 08
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Capítulo 1 
1. A Arquitetura da mente: como o conhecimento é armazenado
1.1 A teoria do multiarmazenamento
1.2 Conhecimento declarativo
1.2.1 Reconhecimento sensorial
1.2.2 Strings: associações simples como a base
1.2.3 Ideias
1.2.4 Schemas: como as ideias se relacionam 
1.2.5 Modelos mentais: executando realidades virtuais
1.3 Conhecimento procedural
Para relembrar e pôr em prática
2.1 O poder de uma base sólida
2.1.1 Como ativar e acelerar o aprendizado
2.1.2 O perigo de saber sem saber
2.2 O impacto de organizar o conhecimento da maneira correta
2.2.1 O que fazemos (de errado) no automático
Capítulo 2 
2. Os principais fatores que influenciam o aprendizado
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
sumário
2.2.2 Diferenças entre o modo de um expert e de um principiante
2.3 A motivação e o aprendizado
2.3.1 Como desativar o modo automático de enrolação
2.3.2 Alinhando os valores de sua jornada
2.3.3 Criando confiança de modo saudável
Para relembrar e pôr em prática
Capítulo 3
3. A caixa de ferramentas do autodidata
3.1 O que é possível fazer sozinho?
3.2 Desenvolvendo hábitos e rotinas de sucesso
3.2.1 Força de vontade não é infinita
3.2.2 Os 4 passos para criar qualquer hábito
3.2.2.1 Identifique a rotina
3.2.2.2 Experimente com as recompensas
3.2.2.3 Isole a deixa e possíveis barreiras
3.2.2.4 Tenha um plano
3.2.3 Desenvolvendo os sistemas ideias
3.3 A mentalidade certa importa. E muito
3.
58
61
62
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71
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86
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sumário
4.2 Modulando seu objetivo
4.2.1 Duas técnicas para modular seus objetivos
4.2.1.1 Referências
4.2.1.2 Entrevistas
4.3 A regra de pareto acelerando o aprendizado
4.3.1 Selecionando para acelerar
4.3.2 Utilizando os critérios certos
4.4 A ordem importa?
4.4.1 Aprendendo a falar antes de escrever
4.4.2 Dominando as finalizações antes das aberturas
Para relembrar e pôr em prática
Capítulo 4
4. A arte de estudar o problema certo
 4.1 Trazendo a eficiência para o mundo do aprendizado
3.4 Um guia para superar a sobrecarga cognitiva
Para relembrar e pôr em prática
103
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Capítulo 5
5. A captura eficiente do conhecimento
5.1 Tomando notas de maneira eficiente 
5.1.1 Erro comum ao fazer anotações
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sumário
Capítulo 6
6. Como processar o conhecimento
6.1 Flip Learning ou "indo de fora para dentro" 
6.2 Transferência e a busca por conexões
6.3 Técnicas mnemônicas
6.3.1 Técnicas para processar conceitos
6.3.1.1 Metáforas
6.3.1.2 Técnica Goldfish
6.3.1.3 Mapas mentais
6.3.2 Técnicas para processar informações
6.3.2.1 Sistema Link
6.3.2.2 Sistema Peg
149
154
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159
166
168
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182
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201
203
201
5.1.2 Duas técnicas para melhorar suas anotações
5.2 Como extrair o máximo de um livro
5.2.1 Os quatro tipos de leitura
5.3 Um guia para extrair o máximo da leitura
Para relembrar e pôr em prática
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
2.1 O poder de uma base sólida
2.1.1 Como ativar e acelerar o aprendizado
2.1.2 O perigo de saber sem saber
2.2 O impacto de organizar o conhecimento da maneira correta
2.2.1 O que fazemos (de errado) no automático
sumário
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222
219
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229
234
236
247
248
6.3.2.3 Palácios de memória
Para relembrar e pôr em prática
Capítulo 7
7. Desenvolva a maestria e crie a memória perfeita
7.1 O significado da maestria
7.2 A mente de um expert
7.2.1 Conhecimento em chunks
7.2.2 Padrões significativos
7.2.3 Automatismo por causa da experiência
7.2.4 Schemas e modelos mentais
7.3 As 3 características da prática deliberada
7.4 Repetição espaçada e a memória perfeita
7.4.1 Como esquecemos das coisas
7.4.2 Usando um sistema para maximizar lembranças
Para relembrar e pôr em prática
Conclusão
Agradecimentos
Referências
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
3.1 O que é possível fazer sozinho?
3.2 Desenvolvendo hábitos e rotinas de sucesso
3.2.1 Força de vontade não é infinita
3.2.2 Os 4 passos para criar qualquer hábito
3.2.2.1 Identifique a rotina
3.2.2.2 Experimente com as recompensas
3.2.2.3 Isole a deixa e possíveis barreiras
3.2.2.4 Tenha um plano
3.2.3 Desenvolvendo os sistemas ideias
3.3 A mentalidade certa importa. E muito
3.
introdução
“Grande parte dos 
resultados vem 
dos métodos e 
das técnicas de 
estudo. ” 
 Todo mundo quer aprender melhor e mais 
rápido. Seja para melhorar o desempenho em 
escolas e faculdades, passar em concursos e 
certificações, aprender novas línguas ou dominar 
hobbies: aprender melhor traz resultado direto 
em nossas vidas.
 O problema é que parecemos estar fadados a 
depender de escolas, cursos e materiais cada vez 
mais caros a fim de aprender melhor. Afinal de 
contas, todo mundo estuda da mesma maneira e 
o que vai diferenciar os resultados é a qualidade 
dos materiais de sua preparação, certo?
 Errado. Aprender é uma habilidade como outra 
qualquer e depende muito pouco de sua 
capacidade original; grande parte dos resultados 
vem dos métodos e das técnicas de estudo. Não é 
conhecimento comum, mas há um corpo inteiro 
de pesquisas científicas em torno do aprendizado, 
em busca de entender como o processo acontece 
e como podemos fazê-lo melhor. 
“Grande parte dos
resultados vem
dos métodos e
das técnicas de
estudo.”
08
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 Comecei, então, uma jornada pesada de 
estudos. E não apenas de conteúdo do 
colégio, mas também um tema incomum: 
aprendizado. Eu comecei a ativamente 
experimentar com técnicas diferentes de 
aprendizado em busca dos melhores 
resultados, para que eu pudesse absorver e 
aplicar na minha jornada de preparação. 
Experimentei bastante, principalmente com 
meus (então) calcanhares de Aquiles: história 
e redação.
 Hoje, olhando para trás, eu vejo como essa 
fase de experimentação com o aprendizado 
foi importante. Usei o conhecimento que 
adquiri para ser aprovado em 1º lugar nas 
duas maiores universidades do meu estado, o 
que me permitiu cursar engenharia. 
 Meu interesse pelo aprendizado começou há mais de seis anos e tem permeado minha vida 
desde então. Na época, eu era um estudante prestes a entrar no terceiro ano do ensino médio e em 
um ponto-chave da vida: a preparação para entrar na universidade. Como eu venho de uma família 
humilde, não tinha escolha: ou aprendia da melhor maneira possível para entrar numa 
(concorrida) faculdade pública, ou não faria ensino superior. Não teríamos dinheiro para uma 
faculdade particular.
09Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 E tem sido assim desde então. De lá para cá, 
já usei essas técnicas para: aprender inglês por 
conta própria ao nível de fluência, estudar 
negócios e marketing, tendo trabalhado com 
empreendedores de sucesso ao redor do mundo 
em startups e organizações filantrópicas, 
melhorar minha escrita a um nível profissional,aprender programação, dança de salão e tudo 
aquilo que me interessa. Até que chegou o 
momento de ensinar o que aprendi às outras 
pessoas, de modo que elas pudessem ficar mais 
perto de seus sonhos como eu fiquei. Sempre 
tivesse essa vontade de causar impacto, o que se 
traduziu em alguns projetos e blogs que se 
acabaram com o tempo. 
 Os resultados obtidos depois de eu ter refinado as melhores técnicas de estudo que 
encontrei não teriam existido se eu não tivesse investido tempo nesse garimpo. Saber a melhor 
forma de aprender foi essencial naquele momento da minha vida.
 Exceto um, desde 2011, escrevo em um portal sobre estilo de vida e sucesso chamado 
Estrategistas, onde compartilho o conhecimento que tem funcionado na minha vida e na vida de 
mentores. No final de 2012, em uma conversa com Eduardo, com quem eu fundei o Estrategistas, 
durante o evento TEDxRecifeAntigo, algo clicou na minha cabeça. 
10Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 A partir dali, mergulhei na ciência do 
aprendizado. Minha ideia foi refinar todos os 
conceitos e técnicas que eu tinha adquirido ao 
longo dos anos com o conhecimento científico, 
atual, a respeito do processo. Fiz cursos, li vários 
livros, dezenas de artigos científicos, sites na 
internet, vi palestras, enfim, mergulhei de cabeça 
na área. 
 Oficialmente, o Aprendizado Acelerado nasceu 
no segundo semestre de 2013. Desde então, tem 
sido uma jornada fantástica. Tenho conhecido 
muita gente, levado esse conhecimento sobre 
aprendizado para dezenas de milhares de pessoas 
pelo Brasil e pelo mundo e impactado muitas 
vidas no processo.
Eu já tinha um projeto sobre desenvolvimento pessoal para causar impacto na forma como as 
pessoas vivem suas vidas. Eu poderia fundar um projeto sobre aprendizado, agora para 
compartilhar conhecimento e técnicas a fim de ajudá-las a aprender melhor, um passo essencial 
na busca de qualquer objetivo.
Nossa comunidade não para de crescer e as pessoas estão aplicando as técnicas do 
Aprendizado Acelerado nas mais diversas áreas e obtendo resultados reais. Desde faculdades, 
escolas, concursos até aprendizado de línguas, de música e hobbies como o pôquer. Essa semana 
até recebi a excelente notícia que Fábio, um de nossos leitores assíduos, foi aprovado em 
engenharia na terceira melhor faculdade do país! Um email que fez meu dia.
11
7.1 O significado da maestria
7.2 A mente de um expert
7.2.1 Conhecimento em chunks
7.2.2 Padrões significativos
7.2.3 Automatismo por causa da experiência
7.2.4 Schemas e modelos mentais
7.3 As 3 características da prática deliberada
7.4 Repetição espaçada e a memória perfeita
7.4.1 Como esquecemos das coisas
7.4.2 Usando um sistema para maximizar lembranças
Para relembrar e pôr em prática
Conclusão
Agradecimentos
Referências
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
Se eu fosse escrever um livro recheado sobre 
aprendizado, ele precisaria ter:
- Uma linguagem acessível. Afinal de contas, uma 
barreira grande para o acesso ao conhecimento 
científico atual sobre o aprendizado é o fato dele 
ser, bem, científico. Há muitas pesquisas e 
resultados interessantes na área, mas eles estão 
espalhados e escritos em artigos acadêmicos pela 
internet. Se fosse para escrever um livro, eu teria 
que reunir essas informações em um só lugar e 
fazer uso de uma linguagem acessível. 
- Fundamentação científica. A área do 
aprendizado é vastamente povoada por mitos e 
confusões a respeito de conceitos importantes, 
ocorridos principalmente quando eles vão para a 
mídia pelas mãos de jornalistas sem uma 
background científico. Não adiantaria escrever 
um livro com base em "achismo", por isso fui 
refinar minhas técnicas com uma pesquisa 
profunda na área. 
No final de 2013, as pessoas começaram a me pedir por um livro. Um livro sobre aprendizado, 
que falasse da ciência por trás do processo e contivesse as técnicas de melhor resultado em um 
lugar só, praticamente um manual. Comecei, então, a trabalhar na pesquisa e na escrita desse 
projeto.
12Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
- Uma abordagem prática. Conhecimento teórico 
é importante para entendermos como as coisas 
funcionam, mas a pegada de um livro útil sobre 
aprendizado é a parte prática. Esse livro teria que 
ter sido preparado, desde a concepção, com a 
ideia de que o leitor, ao concluí-lo, tivesse uma 
compreensão geral e fosse capaz de aplicar na 
hora o que aprendeu.
Este é exatamente o e-book que você está lendo 
agora. Espero que ele seja útil, ajudando-o a 
aprender melhor, deixando você mais perto de 
seus sonhos.
Um grande abraço,
Paulo Ribeiro
 
 
13Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
A ARQUITETURA DA MENTE:
COMO O CONHECIMENTO É ARMAZENADO
CAPÍTULO 01
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
“Um homem deve manter seu pequeno 
cérebro-sótão abastecido com todos os móveis 
que são de provável uso e o resto ele pode pôr de 
lado na sala de sua biblioteca, onde ele pode 
pegá-los se quiser.” Arthur Conan Doyle
 A melhor maneira de estudar qualquer atividade 
é entender os princípios por trás dela. Enquanto 
raciocínio por comparações e a partir de 
exemplos é algo extremamente útil se quisermos 
fazer avanços significativos em qualquer área, é 
preciso raciocinar com base em princípios para 
dominar os fundamentos. Construir nossa 
imagem mental do que estamos estudando a 
partir de suas bases, de modo que obtenhamos o 
modelo mais realista possível e possamos 
trabalhar dentro dele.
 Para nosso estudo do aprendizado, não vai ser 
diferente. Começaremos mergulhando em um 
dos modelos mais bem aceitos pela academia 
para explicar o armazenamento de informações 
no cérebro e então estudamos a própria estrutura 
do conhecimento em nossa mente. Esse capítulo 
é essencial para compreender em que as técnicas 
apresentadas ao longo do livro são eficientes e 
por que elas funcionam.
“Um homem deve 
manter seu pequeno 
cérebro-sótão 
abastecido com 
todos os móveis que 
são de provável uso e 
o resto ele pode pôr 
de lado na sala de 
sua biblioteca, onde 
ele pode pegá-los se 
quiser ” 
15Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
1.1 A teoria do
multiarmazenamento
 Há dezenas de teorias que visam a 
explicar o funcionamento da memória 
humana e suas particularidades. Conforme 
nosso entendimento de psicologia cresceu 
no século passado, especialmente com o 
surgimento do campo de estudo cognitivo e 
com os avanços em neurociência, as teorias 
inadequadas foram ficando para trás e as 
mais eficientes continuaram a ser 
selecionadas.
 O modelo do multiarmazenamento, 
também conhecido como modelo modal ou 
multimemória, foi apresentado pela primeira 
vez em 1968 por Richard Atkinson e Richard 
Shi�rin . Ele propõe que possuímos não um, 
mas alguns tipos de memória, que são 
diferentes em termos de duração e 
capacidade de armazenamento de 
informações. 
16
Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
“Memória sensorial
está relacionada com a
transformação dos
estímulos externos, que 
existem em várias 
formas.” 
 Essa memória sensorial está relacionada 
com a transformação dos estímulos externos, 
que existem em várias formas (fótons, 
vibrações, cheiros, etc.) em impulsos elétricos, 
a "linguagem" dos neurônios. Para a visão, a 
duração é extremamente curta, entre meio e 
um segundo, até sumir da sua mente. Para a 
memória auditiva, a duração é entre 1 e 3s.
 O segundo tipo de memória é a de curto 
prazo, também chamada de memória de 
trabalho. Embora os termos sejam utilizados 
como significassem a mesma coisa, há uma 
pequena diferença: aquela serefere a nossa 
capacidade biológica e esta ao que o cérebro 
faz com essa capacidade. 
O primeiro nível é a memória sensorial, a mais externa, cuja existência foi demonstrada 
por Sperling (1960). Ela é a nossa conexão com a realidade, ou seja, uma pequena região 
onde nossos sentidos, principalmente o sistema auditivo e o visual, mantêm um grande 
volume de informações antes de ocorrer a filtração para a região de atenção consciente, 
como sugerido por Coltheart em 1974.
17Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 A memória de trabalho está diretamente 
relacionada à nossa consciência sobre as 
coisas, ao nosso foco de atenção. Ela só 
consegue manter entre 5 e 9 itens ao mesmo 
tempo, dependendo da familiaridade com eles. 
O fato dela ser tão reduzida é apenas um dos 
problemas; outra dificuldade é o tempo curto 
que a informação passa dentro do sistema, 
entre 5 e 20 segundos.
 Isso explica o porquê das coisas escaparem 
de nossa atenção quando somos distraídos 
tentando memorizar um número de telefone, 
por exemplo. Para reter a informação, você 
precisa mantê-la ativa dentro de um bu�er 
chamado ciclo articulatório. Estudos de 
laboratório mostram que o loop natural da 
mente dura 1,5s, ou seja, o que você conseguir 
repetir para si mesmo em blocos de 1,5s vai 
ficar gravado indefinidamente. A alternativa, 
muito mais prática, é fazer a transferência da 
informação para a memória de longo prazo.
18Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
“Quanto mais 
informações 
absorvemos,
mais fácil será 
absorver mais.” 
 Tudo o que você já vivenciou, fez ou pensou 
na vida está guardado lá. Não só conteúdo 
relacionado a conhecimento/estudo explícito, 
mas experiências de vida, situações, pessoas, 
em suma, seu entendimento geral do mundo.
 Não há limitações conhecidas à capacidade 
de armazenamento de informações nessa 
memória. Na realidade, o princípio do 
conhecimento de base (que veremos no 
capítulo 2) nos leva a concluir que quanto 
mais informações absorvermos, mas fácil será 
absorver mais. Se essa capacidade é ilimitada e 
dura indefinidamente, por que ela não resolve 
todos os problemas? Ou seja, por que 
esquecemos coisas?
 A memória de longo prazo é o lugar de armazenamento permanente de informações 
na sua mente. Embora certamente ela esteja a mercê de doenças e acidentes com o cérebro, 
ela não passa pelos mesmos problemas de transiência nem de limitação da memória de 
trabalho. Mesmo o processo natural de envelhecimento não causa danos per se ao volume 
de informações que você guarda, apenas reduz a velocidade de recuperação das memórias.
19Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 Há dois grandes problemas: a 
dificuldade em carregar conteúdo nessa 
memória, nos obrigando a desenvolver 
estratégias para codificar a informação de 
maneira adequada a conectar com o que 
já está armazenado, e a necessidade de 
utilizar estratégias para recuperar o que 
foi guardado lá. O principal motivo pelo 
qual as pessoas esquecem é o fato delas 
não terem aprendido direito em primeiro 
lugar. É natural as pessoas serem super 
confiantes em suas capacidades de 
lembrar o que é preciso, mesmo sem 
entender como funciona o processo de 
memorização ou sem nunca ter 
desenvolvido estratégias para codificar a 
informação da maneira adequada. 
 As principais estratégias para processar 
o conhecimento, ou seja, transferi-lo 
permanentemente da memória de 
trabalho para a memória de longo prazo 
envolvem um C.R.I.M.E .
20Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
° Chunking– Agrupar informações de uma 
maneira original de modo a fazer sentido
° Repetição– Sim, repetição é uma das 
formas pela qual podemos fazer essa 
transferência. Toda técnica tem um pouco de 
repetição, mas focaremos nesse tópico em si 
no capítulo 7 deste livro.
° Imagens– Criar imagens mentais 
envolvendo a informação a ser guardada.
° Mnemônicos– Qualquer metodologia que 
aplicamos de modo consciente a formar 
memórias de melhor qualidade, como 
criação de músicas, uso de siglas e afins.
° Elaboração– Explanar, explicar, abordar o 
mesmo tópico por vários ângulos, 
aprofundando o entendimento a respeito.
Para ficar mais claro, podemos comparar o 
cérebro com um computador. 
 Não existe um equivalente direto para a memória sensorial, mas digamos que haja um 
termômetro medindo a temperatura da sala conectado ao computador. O espaço em que as 
informações obtidas pelo termômetro são convertidas em sinais elétricos e enviadas à 
maquina seria o equivalente à memória sensorial.
21Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 Por fim, há o HD do computador, responsável 
pelo armazenamento permanente. Lá, as 
informações estão guardadas de modo 
organizado e há protocolos de busca e 
recuperação de dados, fazendo do processo 
algo totalmente controlado. No caso da 
memória de longo prazo, a organização do 
conteúdo não é nem de perto tão estruturada 
e a busca é um processo pouco conhecido. A 
grande vantagem é: uma vez que você 
aprender a dominar o sistema, você tem uma 
capacidade ilimitada a sua disposição.
 A memória é apenas o espaço em si onde as 
informações são guardadas. Se há tipos 
diferentes de memória, a próxima pergunta é: 
há tipos diferentes de informações? Como elas 
se organizam dentro da memória?
 Indo além, a memória RAM da máquina seria nossa memória de trabalho. No entanto, 
embora você sempre possa adicionar mais memória RAM a um PC, isso não acontece com a 
memória de trabalho, que é severamente limitada para novas informações (quando 
trabalhando com informações retiradas da memória de longo prazo, essas limitações 
somem).
22Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
Os tipos de conhecimento
classe
Procedural
Declarativo
Conhecimento
Procedural
Reconhecimento
sensorial
Strings
Ideias
- Memória visual
- Julgamento Táctil
- Sequências
- Cadeias
- Associações simples
- Proposições
- Sujeito e Predicado
- Fatos
- Habilidades
- Análise de tarefas
- Conhecimento 
Condicional
Para qualquer situação 
no ambiente, você precisa 
desenvolver uma série de 
respostas, a fim de
 alcançar seus objetivos
Você faz uso das 
informações sensoriais
 para fazer julgamentos 
específico sobre 
estímulos externos.
Acessar pedaços 
de informações 
sem a necessidade 
de elaboração.
Permite que unidades 
de informações sejam 
armazenadas como 
relacionamento entre 
entidades discretas.
- Churrasco é feito
 com carne.
- O Brasil é um país
 em desenvolvimento.
- Recife é a capital 
de Pernambuco.
- Saber como nadar
- O que fazer quando se tem febre
- Como trocar uma lâmpada.
- Conhecer a textura e o formato 
dos objetos comuns
- Diferenciar água morna 
para banho e água fervente
- Saber julgar distâncias
- Versos de poemas
- Números de telefones
- Tábuas de multiplicação
tipo termos 
relacionados funções exemplos
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Os tipos de conhecimento
classe
Declarativo
Schemas
Modelos 
Mentais
- Solução de 
problemas
- Pensamento
 hipotético
- Conceitos
- Abstrações
- Visão geral
Ideias não estão isoladas, 
mas organizadas em 
torno de estruturas 
abstratas de alto nível, 
que fornecem uma
 estrutura para 
armazenamentodos fatos.
Ideias e schemas são 
usados para simular 
diferentes possibilidades, 
a fim de se resolver 
problemas.
- Todos os países têm povos, 
leis, dinheiro, capitais etc.
- Qualquer ferramenta usada 
para envio e recebimento 
de mensagem é um meio
 de comunicação. Como 
celulares e pombos correios.
- O que acontece com o 
motor se eu demorar para
 passar marcha?
- O que pode acontecerquando o gelo dos 
pólos derreterem?
tipo termos 
relacionados funções exemplos
Visible learning and the Science of How We Learn, John Hattie and Gregory Yates.
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1.2 Conhecimento declarativo
 É importante saber separar o conhecimento 
declarativo do conhecimento procedural (este 
mais ligado à pergunta ‘como?’). Um problema 
comum que atrapalha o aprendizado, como 
veremos, é o estudante reter um tipo 
inadequado de conhecimento. 
 Por exemplo, ele pode precisar fazer uma 
prova de solução de problemas “sabendo o 
assunto”, mas só de modo declarativo; ele não 
sabe o como e por isso se dá mal. Ou o 
contrário, ele sabe a parte operacional do 
assunto, aplicar as fórmulas para resolver os 
problemas, mas não entende o porquê ou 
quando aplica-las, tendo dificuldades em 
questões teóricas ou muito contextualizadas.
 Em termos simples, conhecimento declarativo envolve sempre as respostas para as 
perguntas “O quê?”, “Por quê?” e “Quando?”. Fatos, sensações, ideias... tudo se encaixa sob a 
classe declarativa. É através dessa base de informações que conhecemos um pouco sobre a 
realidade externa (fatos, estímulos sensoriais) e interna (ideias, sensações).
?
25
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1.2.1 Reconhecimento sensorial
 A tendência natural é discriminar 
informações que possuem significado pessoal 
para nós, filtrando tudo de irrelevante do plano 
de fundo. Nossos sentidos funcionam como 
qualquer outro equipamento que precisa de 
calibragem, o que só pode vir de experiências 
anteriores. Ao tocar algo muito quente ou algo 
muito frio, somos capazes de identificar tons 
entre os extremos e aprendemos o significado 
daquela informação sensorial. 
Com experiência, podemos fazer julgamentos 
extremamente precisos, como saber qual o 
"ponto em neve" de batida da clara de ovo, o 
quanto girar um volante para fazer uma curva 
e prever a trajetória de uma bola de futebol ao 
observar um chute.
 
 O conhecimento de reconhecimento sensorial se refere a como nossa mente se relaciona 
com as informações dentro de nossa experiência sensorial imediata. Não temos dificuldade 
em diferenciar azul de preto, liso de áspero ou até processar tarefas como "preste atenção, 
quando o pôr do sol assumir essa tonalidade, pode bater a foto". 
 
“Reconhecimento
sensorial se refere
a como nossa mente 
se relaciona com as 
informações.” 
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 Por isso algumas instruções como "bata a 
massa do bolo até desenvolver a consistência 
certa" parecem não fazer sentido para 
principiantes, pois elas fazem referência a um 
conhecimento sensorial que eles não 
possuem.
1.2.2 Strings: associações simples 
como a base.
O Brasil é o ______ país mais populoso da 
Terra.
A E I O _____
A seleção brasileira tem ____ títulos da copa 
do mundo.
O átomo de carbono faz ______ ligações.
 
O aprendizado dessa área é tipicamente não verbal. Você não consegue falar a uma pessoa 
que nunca cozinhou qual é exatamente o ponto em que um peru está pronto para sair do 
forno. A habilidade de reconhecimento sensorial depende da estimulação progressiva do 
estímulo (tocar na água cada vez mais quente) com o feedback correspondente (água boa, 
morna, quente, perigosa). 
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 Para aprender uma associação, usamos 
repetição simples de modo focado. Com a 
mente vazia, repetimos a informação em 
nossa memória de trabalho várias vezes, em 
diferentes momentos, de diferentes modos e 
velocidades. O velho método do 
olhe-diga-cubra-escreva-cheque vem a ser 
útil aqui.
 Justamente por não compreender como o 
aprendizado se processa em um nível global, 
as pessoas utilizam técnicas ineficientes de 
estudo. Elas cometem o erro de "quebrar" áreas 
inteiras do conhecimento a um punhado de 
associações a serem memorizadas. É isso que 
acontece quando tentamos apenas decorar o 
assunto: selecionamos pedaços de conteúdos 
e repetimos ad nauseum. De longe, um dos 
modos mais ineficientes de estudar.
 Strings, também conhecidas como ordenamento serial ou associações, são informações 
guardadas de modo breve, com um ponto de começo e um pequeno fluxo de dados. A 
habilidade de guardar informações na sequência correta é essencial para sobrevivência e, ao 
longo da vida, adquirimos centenas de milhares de associações, como exemplificado acima.
“A habilidade de 
guardar informações
na sequência correta 
é essencial para 
sobrevivência” 
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 Primeiro, repetição em massa não é a melhor maneira de garantir que a memória seja 
duradoura. A comunidade científica já tem uma boa ideia de como as informações são 
esquecidas e a que velocidade. Com um modelo matemático com base nesses estudos, há 
aplicativos que te ajudam a prever quando você vai esquecer as coisas e te auxiliam a revisar. 
 Essa prática de repetir a associação de 
modo espaçado no tempo (para atingir a 
memória quando ela está prestes a ser 
esquecida) consiste o sistema de repetição 
espaçada, o qual discutiremos com 
profundidade no capítulo 7. 
 Segundo, dividir o conhecimento em 
(dezenas ou até centenas de) associações não 
é o modo ótimo de fazer seu cérebro 
processá-lo. Como veremos a seguir, as 
informações são organizadas de uma maneira 
bem mais abstrata do que uma simples 
sequências de dados. Para que você maximize 
o aprendizado, é necessário aprender a 
organizar o assunto de outra, normalmente 
mais de uma, maneira (discutiremos isso no 
capítulo 2).
29Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 Por isso, frases normalmente contêm 
várias ideias em conjunto. Dizer "O maior 
centro populacional do oeste da Austrália é a 
bela cidade de Perth" é transmitir várias ideias: 
a Austrália tem várias cidades, populações 
vivem em cidades, Perth é uma cidade, daí em 
diante. 
 A noção de ideia implica conexões no nível 
conceitual, algo que vai muito além de 
simplesmente informação encadeada, como 
é o caso das associações. As coisas precisam 
fazer sentido para serem uma ideia, ao 
contrário de simplesmente memorizar frases 
inteiras, como fazemos ao abordar um 
assunto em termos de strings.
 1.2.3 Ideias
 Ideias são o próximo nível de complexidade. Elas são transmitidas através de sentenças que 
têm propriedades como sujeito e predicado. Ideias são proposições sobre coisas, 
normalmente descritivas, explicitando características do 'algo' estudado ou relacionamentos 
daquele algo com outras partes da realidade. Por exemplo, a sentença "a bola é azul" contém 
uma ideia, mas "minha bola é azul" contém duas: a cor da bola e o fato de que eu possuo 
uma bola.
30Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
Um fato interessante é que as pessoas processam as informações no nível das ideias 
quando elas não lembram as palavras exatas que foram usadas na ocasião. Ou seja, quando 
a memória exata (de uma string, por exemplo) falha, lembramos da ideia que ela queria 
dizer.
 Para aprendermos ideias, precisamos ser expostos a informações factuais. Não importa se 
nos é dada de modo verbal ou escrito, mas é importante que se respeite o limite de atenção, 
já que o foco é requerido. O quanto você pode processar é uma função do modo como você 
vai processar: o fator de conexão é relevante aqui.
 Quando relatamos ideias para outras 
pessoas, usamos nossa linguagem - conjunto 
de palavras com as quais estamos 
acostumados - e não exatamente como 
estava escrito. Esse é o motivo de dar tanto 
trabalho memorizar algo palavra por palavra: 
precisamos quebrar em strings e usar "força 
bruta".Por exemplo, você pode ler agora que "A 
maior cidade do oeste da Austrália é Perth, 
que é um lugar amável". Você pode ver como 
a mesma sentença que leu mais cedo, mas se 
olhar de perto e comparar, verá que são 
diferentes.
“Para aprendermos
ideias, precisamos
ser expostos a
informações factuais” 
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 Pense sempre em nosso conhecimento 
como algo ativo, nunca como estantes vazias 
esperando livros. Cada pedaço novo de 
informação pode ser explicado e relacionado 
ao que sabemos de uma alguma forma. 
Qualquer esforço feito para empurrar a ideia 
mais fundo nessa rede de informações é 
recompensado com o aumento da resistência 
ao esquecimento.
 O truque para criar ideias persistentes é se 
perguntar "por que isso é verdade?". Ao 
responder essa pergunta, você está 
adensando as conexões entre o novo e o 
velho e "explicando com suas próprias 
palavras" aquele conceito. 
Novas ideias se tornam significativas ao passo que elas se relacionam com o 
conhecimento prévio, o que permite uma certa elaboração ser aplicada à nova sentença.
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1.2.4 Schemas : como as ideias se relacionam 
 Há um schema para várias coisas em sua 
mente, desde objetos, situações, lugares ou 
qualquer coisa que precise de abstração 
baseada em partes. Exemplo: você tem um 
schema para descrever um país, de modo que 
quando você lê a ideia "Brasília é a capital do 
Brasil", fica mais fácil de guardar como parte de 
seu conhecimento sobre o Brasil.
 Schemas não são facilmente aprendidos, já 
que o nível de organização se torna mais 
complexo. Enquanto que ideias são facilmente 
aprendidas depois de, digamos, explicações 
dentro de 3 ou 4 diferentes contextos, schemas 
implicam um refinamento do que já sabemos, 
que adquirimos com nossas experiências 
passadas, em descrições mais fiéis do mundo a 
nossa volta.
 Schemas são a unidade básica através da qual organizamos nosso conhecimento. Eles 
fornecem a estrutura necessária que precisamos para extrair sentido de nossas ideias e fatos 
que de outro modo existiriam como pontos isolados, como ilhas de conhecimento.
 
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1.2.5 Modelos mentais: 
executando realidades virtuais.
 Movendo-se um nível acima na hierarquia 
da organização do conhecimento no cérebro, 
chegamos aos modelos mentais. Eles são o 
equivalente a um programa de computador, 
algo que você pode simular exclusivamente 
em sua mente, te permitindo simular a 
realidade. Esse é o tipo de conhecimento que 
te permite engajar em resolução de problemas 
de verdade extraindo conteúdo de todos os 
schemas disponíveis. 
 Por exemplo, se você é da área de direito, 
tem um modelo mental de como se procede o 
julgamento de um recurso, de modo que você 
pode adicionar informações pertinentes ao 
 Por exemplo, quanto mais informações sobre geografia você estuda, mais seu schema de 
país é refinado e melhor você entende aquilo; o que leva a surgir um schema para nação e 
outro para povo, refinando seus conceitos anteriores. A maneira de organizarmos a 
informação influencia também, discutiremos mais a respeito no capítulo 2.
 
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 Por outro lado, pessoas diferentes 
possuem modelos mentais com refinamentos 
diferentes sobre o mesmo assunto. Enquanto 
para crianças, carros são pequenos 
brinquedos, para um cidadão mediano é algo 
em que colocamos gasolina e que responde se 
movendo quando aceleramos. Já para um 
mecânico, é um sistema complexo composto 
pela interação de outros sistemas separados: 
hidráulico, mecânico, elétrico, daí em diante.
 
 As condições sob as quais os modelos 
mentais são adquiridos não são claramente 
compreendidas. Com certeza você precisa de 
fatos e schemas sobre os quais construir os 
modelos, mas exposição a experiências de 
desafio e exposição a indivíduos com
caso que está trabalhando no momento e "rodar o programa". Assim, você poderá simular o 
que pode acontecer e agir de acordo. Claro, enquanto que modelos mentais permitem que 
as pessoas liberem o pensamento hipotético, o processo só será acurado na medida em que 
você dispuser de bastantes dados a respeito de sua situação. Por mais que você modele, 
digamos, a biosfera, você nunca vai conseguir extrair fatos sobre localidades específicas pois 
isso iria requerer informação demais. 
“Pessoas diferentes 
possuem modelos 
mentais com 
refinamentos 
diferentes sobre o 
mesmo assunto” 
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1.3 Conhecimento procedural
 Como o nome sugere, conhecimento 
procedural é a habilidade de realizar algum 
procedimento. Por exemplo, uma pessoa que 
nunca trocou um pneu de carro mas já leu a 
respeito não tem o conhecimento procedural, 
mas um conjunto de instruções. Se ela for 
trocar um pneu sozinha, é bem provável que 
se machuque. O conhecimento procedural 
vem da experiência de primeira mão em 
realizar alguma coisa.
 De um certo modo, isso termina implicando 
um conjunto de submetas. Cada submeta 
corresponde a certas atividades que precisam 
ser realizadas, com uma cadeia de cenários 
se-então. 
avançado nível de abstração de raciocínio (algo para você emular) parece ajudar. Conforme 
você se torna expert em uma área com o tempo, você se torna capaz de ativar seus modelos 
mentais com certa facilidade e manipular modelos inteiros na memória de trabalho, já que 
esta não possui limitações quando as informações são extraídas do próprio cérebro.
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 Não só de atividades físicas é composto o 
conhecimento procedural; o conceito se 
expande para habilidades cognitivas. Resolver 
equações matemáticas, por exemplo, ou 
realizar diferentes procedimentos enquanto se 
lê diferentes tipos de gêneros(uma maneira de 
ler poesia, outra para ler história, outra para 
matemática).
 Como ocorre a aquisição do conhecimento 
procedural? Através de experiência de primeira 
mão na qual a pessoa responde a problemas 
reais. Ajuda bastante a interação social, 
observar outras pessoas realizando, para 
clarificar pontos que não foram bem 
explicados durante a instrução.
 Se o pneu furou, então encoste em uma área segura. Se você consegue chegar à mala, 
então cheque a pressão do pneu reserva. Se a pressão está boa, então remova o estepe e 
busque pelo macaco no carro. Daí em diante.
 
 Em termos de procedimentos cognitivos, exemplos resolvidos têm um impacto grande no 
aprendizado, como mostram vários estudos, como aqueles de Sweller e Cooperem em 1985, 
e edePaas e Van Merrienboer em 1994. Em certos cenários, eles dispensam até a utilização do 
professor para adicionar instrução verbal extra. 
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PARA RELEMBRAR E
PÔR EM PRÁTICA
Uma das teorias mais bem aceitas 
divide a memória humana em três 
tipos: sensorial, curto-prazo e longo 
prazo.
A memória sensorial está ligada aos 
sentidos; é muito curta, durando 
apenas alguns segundos.
A memória de curto-prazo, também 
chamada de memória de trabalho, é 
onde reside nossos pensamentos. Ela 
retém poucas informações ao mesmo
tempo, de 4 a 7 coisas diferentes, e não 
é durável.
A memória de longo prazo é onde fica 
armazenado tudo que sabemos.
- -
-
-
-
-
-
-
Como não é um lugar bem organizado 
como um computador, facilita o 
aprendizado desenvolvermos métodos 
para guardar e buscar informações
nela claramente.
Saber os tipos diferentes de 
conhecimento é importante para 
entender como as memórias se 
organizam no cérebro.
O conhecimento pode ser dividido emprocedural, relacionado com 
procedimentos e passo-a-passos, e 
declarativo, relacionado com fatos e 
informações.
O conhecimento declarativo se divide 
em: reconhecimento sensorial, strings, 
ideias, schemas (unidade básica da 
memória) e modelos mentais.
38Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
OS PRINCIPAIS FATORES QUE
INFLUENCIAM O APRENDIZADO
CAPÍTULO 02
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 Para aprender melhor, é essencial saber o 
que você pode fazer para melhorar o processo. 
Ao entender como o sistema funciona e quais 
são suas partes principais, você pode fazer um 
esforço consciente nas atividades que trarão 
os melhores resultados no estudo.
 
 E, como Aristóteles colocou de modo 
perspicaz, o esforço separado em melhorar 
cada um dos fatores, já que eles interagem 
positivamente entre si, vai dar em retorno mais 
do que a soma de suas partes. Um 
investimento e tanto.
 Neste capítulo, estudaremos os principais 
fatores que influenciam no aprendizado de 
modo aprofundado e o que você pode fazer de 
melhor em cada ponto.
“O todo é mais do que a soma de suas partes” Aristóteles
2. Os principais fatores que influenciam o aprendizado
 São eles: a influência do conhecimento de base, a forma de organizar as informações 
enquanto as aprende e a relação da motivação com o aprendizado.
“Para aprender 
melhor, é essencial 
saber o que você 
pode fazer para 
melhorar o processo.” 
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 Um grande determinante da velocidade do 
aprendizado é o conhecimento prévio, o que a 
mente já sabe. É muito mais fácil trazer novas 
informações para um conhecimento bem 
organizado e já construído do que começar do 
zero. O conhecimento prévio é mais 
importante do que QI ou estilos de 
aprendizado em termos de efeitos sobre o 
aprendizado.
 Um estudo focado em memória, feito por 
Peter Morris e sua equipe em 1981, contou 
com estudantes com vários níveis de 
conhecimento sobre futebol. Ao serem 
pedidos para memorizar placares de jogos, os 
estudantes com mais conhecimento prévio 
sobre o jogo tiveram maiores taxas de sucesso. 
"Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a apenas um princípio, eu diria que 
o fator mais importante influenciando o aprendizado é o que o aprendiz já sabe. Averigue 
isso e ensine de acordo." David Ausubel
 Em outra pesquisa, por Alice Healy e James Cole em 2007, estudantes de universidade 
mostraram uma taxa de memorização 100% maior quando pedidos para memorizar a 
mesma quantidade de fatos sobre pessoas conhecidas do que sobre pessoas desconhecidas.
2.1 O poder de uma base sólida 
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 Digamos, por exemplo, que eu pergunte a 
alguém o que é preciso saber para resolver 
uma equação do 2º grau. A resposta é algo 
como "ah, essa é fácil, é só saber fazer conta e 
usar a fórmula de Bháskara". Bem, não é só 
isso. Você precisa estar confortável com 
expressões numéricas, potenciação, sistemas 
de equações, fatoração de expressões e 
operações básicas. Uma pessoa com todas 
essas áreas cobertas se torna muito mais 
eficiente ao resolver equações do 2º grau, 
possuindo um schema mais acurado do 
processo.
 Isso é só um exemplo de como as pessoas 
não pensam até o final quando se trata de 
conhecimento de base. Além de servir como 
terreno sobre o qual as ideias futuras serão 
sedimentadas, ele serve, ao mesmo tempo, 
como filtro de informações importantes. 
 As pessoas entendem a importância de ter uma base bem feita, mas parecem ser 
incapazes de determinar o quão importante é. Normalmente só levam em consideração 
quando a ausência da base está incapacitando o aprendizado; não conseguem imaginar o 
quanto o processo pode ser acelerado se o conhecimento priori for reforçado.
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 Afinal de contas, com base no que sabemos, realizamos julgamentos a respeito da 
relevância de novos fatores durante o momento do estudo. No entanto, não ter o 
conhecimento necessário, ou tê-lo de modo deficiente, pode se provar desastroso. 
Estudaremos como contornar esses casos a seguir, começando por como ativar o 
conhecimento prévio caso você já o tenha.
2.1.1 Como ativar e acelerar o 
aprendizado
 
 Mesmo que tenhamos o adequado 
conhecimento de base, nem sempre o 
ativamos como deveríamos ou quando 
precisamos. Por exemplo, em um famoso 
estudo feito por Gyck e Holoyakem 1980, 
estudantes de faculdade foram apresentados a 
dois conjuntos de problemas para serem 
resolvidos aplicando o conceito de 
convergência. Mesmo sabendo a solução para 
o primeiro problema, os estudantes não 
aplicavam o princípio automaticamente para a 
segunda situação. Contudo, quando foram 
solicitados para pensar como o segundo 
problema se relacionava com o primeiro, 80% 
dos estudantes foram capazes de resolvê-lo.
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Durante o processo do estudo, se perguntar o porquê de algo ser verdadeiro ou 
inesperado, se for o caso, foi o modo como os experimentadores conseguiram que adultos 
lembrassem mais fatos de parágrafos estudados. 
 Esse procedimento auxiliou estudantes a 
gerar conhecimento prévio condizente com o 
material, melhorando a performance em 
comparação com os demais. 
 Não apenas basear-se em conhecimento 
passado, mas também em prévias experiências 
pessoais trouxe resultados interessantes ao 
processo do aprendizado, como mostra o 
estudo feito por Joan Garfield e sua equipe em 
2007. Perguntar-se como aquele conceito se 
aplica a situações pelas quais você passou ou 
que são próximas a você também ajuda gerar 
conhecimento prévio relevante, acelerando o 
processo do aprendizado.
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 Esse efeito ocorreu mesmo com os estudantes sendo apresentados às situações no 
mesmo dia, com menos de uma hora de diferença. O modo de resolver estava ali, só não 
havia sido ativado. É algo que faz você se perguntar: "Quantos problemas eu conseguiria 
resolver se ativasse o conhecimento que já tenho? Obtido dois anos atrás, ou em outra 
disciplina, ou em um livro perdido que li em algum lugar?". Seu conhecimento está ali, só 
precisa ser usado. A pergunta é: como ativá-lo?
 Uma quantidade grande de pesquisas mostra 
como pequenos empurrões, lembretes simples 
(como a feita por Bransford & Johnson, 1972), 
ou perguntas elaboradas (estudo feito por 
Woloshyn, Paivio, e Pressleyem 1994) ajudam a 
ativar o conhecimento prévio do estudante. 
Interessante, sem dúvida, quando estamos na 
posição de estudante, com alguém 
competente para nos guiar no processo. 
Todavia, o que fazer quando estamos 
estudando sozinhos para obter efeitos 
parecidos?
 
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Adaptamos essa estratégia, chamada elaboração 
interrogativa, e aplicamo-na a nós mesmos. 
Durante o processo do estudo, se perguntar o 
porquê de algo ser verdadeiro ou inesperado, se 
for o caso, foi o modo como os experimentadores 
conseguiram que adultos lembrassem mais fatos 
de parágrafos estudados. Esse procedimento 
auxiliou estudantes a gerar conhecimento prévio 
condizente com o material, melhorando a 
performance em comparação com os demais.
 
 Não apenas basear-se em conhecimento 
passado, mas também em prévias experiências 
pessoais trouxe resultados interessantes ao 
processo do aprendizado, como mostra o estudo 
feito por Joan Garfield e sua equipe em 2007. 
Perguntar-se como aquele conceito se aplica a 
situações pelas quais você passou ou que são 
próximas a vocêtambém ajuda gerar 
conhecimento prévio relevante, acelerando o 
processo do aprendizado.
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2.1.2 O perigo de saber sem saber
 A situação é a seguinte: você está fazendo uma prova importante e, no meio dos 
questionamentos, se depara com uma pergunta sobre um assunto que você estudou, mas 
não sabe como responder. É aquela sensação familiar de "eu sei isso, estudei dia tal e tal", 
mas por algum motivo, você não consegue lembrar exatamente o ponto perguntado. 
Sensação bastante frustrante.
 O que não é conhecimento geral é que 
'competência' em determinado tópico varia numa 
escala que vai além da binária (sabe/não sabe). 
Varia de familiaridade superficial ("Eu já ouvi falar 
sobre isso"), a conhecimento factual ("Eu poderia 
definir esse ponto"), a conhecimento conceitual 
("Eu poderia explicar a alguém"), a aplicação("Eu 
consigo usar para resolver problemas"). 
 No caso do exemplo anterior, apenas familiaridade 
não é suficiente para resolver questões objetivas, 
aquelas de marcar X - exceto as mais triviais, claro. 
“Ter visto algo sobre aquilo em algum lugar” não é 
domínio suficiente para acertar uma pergunta.
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No caso de provas discursivas, quando você estará respondendo por extenso aos 
questionamentos, o requerimento é ainda maior: é preciso um domínio no nível conceitual 
e, caso sejam contextualizadas, no de aplicação. 
 É essencial saber qual o seu nível de 
conhecimento nos tópicos de base para julgar 
se será preciso reforçá-lo ou não. Ter um tipo 
de conhecimento e precisar de outro pode ser 
igualmente um problema. É o perigo de achar 
que sabe sem saber.
 É comum, por exemplo, estudantes 
possuírem conhecimento declarativo, mas não 
saber executar (procedural). Estudos na 
ciência do aprendizado, como o realizado por 
John Clement, em 1982, mostram que mesmo 
se estudantes dominam fatos, por exemplo, 
sendo capaz de afirmar "Força é igual a massa 
vezes aceleração", normalmente são fracos em 
aplicá-los. Esses estudantes ao seguirem para 
outro assunto, como o estudo de polias, serão 
incapazes de aprender. Insistência,nesse caso, 
não vai ajudar, mesmo que eles "saibam" a 
segunda lei de newton, pois eles possuem o 
conhecimento no nível errado.
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Para lidar com isso, uma boa estratégia:
1
2
3
4
Faça uma pesquisa bem feita do conhecimento necessário para abordar o 
tópico que você está tentando aprender. Conversar com professores e 
pessoas que já aprenderam o que você deseja ajuda.
Faça uma lista de tudo o que é preciso saber junto com o respectivo nível 
requerido (Conceitual? Factual? Procedural?).
Para cada tópico necessário, faça uma avaliação correspondente. Se for 
preciso um nível factual, basta checar as informações mais importantes. Se 
uma compreensão conceitual é requerida, monte explicações como se 
estivesse ensinando o conteúdo a alguém; daí em diante. Desse modo, você 
poderá julgar se detém o nível necessário para estudar o que deseja.
Dê um passo atrás, corrija o que encontrou de deficiência para então começar 
o assunto alvo.
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 Claro, você não precisa realizar o procedimento acima de modo detalhado para tudo que 
quiser aprender (embora esse seja cenário ideal). Se você está na faculdade estudando 
Fisiologia 3 é porque foi aprovado nos pré-requisitos existentes, então se assume que você 
tem o estudo prévio preciso. Você encontrará o método acima mais útil quando sair de sua 
área direta. Por exemplo, um estudante de serviço social que precisa estudar uma disciplina 
de estatística (e há anos não estuda matemática).
 Outro problema em potencial com o 
conhecimento que você já possui é utilizá-lo 
de modo errado. O raciocínio análogo 
(comparação com o que você já sabe) é útil e 
uma ferramenta poderosa, mas precisa ser 
acompanhado de limites; caso contrário, 
torna-se contraproducente. 
 Por exemplo, músculos esqueléticos e 
cardíacos são parecidos em sua constituição; 
logo, extrair analogias entre eles faz sentido 
até certo ponto. Contudo, as diferenças no 
funcionamento deles são sensíveis e vitais 
para entender melhor suas respectivas 
operações e isso precisa ser destacado; o que 
normalmente não é.
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Tanto que a equipe de pesquisa de Rand Spiro em 1989 descobriu que muitos estudantes 
de medicina possuem uma informação incorreta sobre uma potencial causa de falha 
cardíaca que pode ser rastreada à distinção deficiente entre esses dois tipos de músculos.
 A boa notícia é que, mesmo sendo um erro 
comum que passa despercebido, a solução é 
simples. Os estudos, como o trabalho do 
próprio Spiro, mostram que garantir que os 
estudantes conheçam os limites para as 
analogias, sabendo onde falham e quando não 
podem ser utilizadas, ajuda a evitar o erro. 
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 Se o conhecimento prévio é um fator relevante ao aprendizado pois determina a base sobre 
a qual se absorve novos conteúdos, a maneira como organizamos esse conhecimento 
prévio e o novo está relacionada à facilidade com que aprendemos. O cérebro humano 
anseia por padrões e sentidos em todo tipo de informação que encontra; ele evoluiu para 
isso.
2.2 O impacto de organizar o conhecimento da maneira correta
 Quer um exemplo simples? Olhe para cima 
em um dia ensolarado e observe o céu por 
alguns instantes. Não vai levar um minuto para 
observar alguma nuvem com formato 
conhecido passando. A parte curiosa? Nuvens 
não possuem forma intrínseca, elas não foram 
desenhadas; ao olhar para uma configuração 
aleatória, nosso cérebro automaticamente 
imprime algum tipo de sentido naquilo que 
vemos. Daí surgem as nuvens com formato de 
sorvete, de passarinho e afins. 
 Como vimos no capítulo passado, a unidade 
básica de organização das informações no 
cérebro são os schemas, estruturas de 
abstração que contém fatos e ideias para 
representar pedaços da realidade. 
“O cérebro humano 
anseia por padrões e 
sentidos em todo tipo 
de informação que 
encontra; ele evoluiu 
para isso.” 
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 Se manipulamos a informação de modo a ficar mais similar ao nosso "formato padrão", 
temos muito mais chance de lembrar o que desejamos. Ou seja, a forma como organizamos, 
caracterizamos e conectamos os fatos entre si influencia diretamente nossa taxa de 
aprendizado e memorização.
 Por exemplo, em 1982, Gary Bradshaw e 
Jonh Anderson pediram para um grupo de 
estudantes memorizar vários fatos sobre 
algumas figuras históricas. Metade do grupo 
recebeu fatos históricos não-relacionados, 
como "Newton se tornou emocionalmente 
inseguro e instável quando criança","Newton 
foi nomeado diretor do London Mint" e 
"Newton participou da Trinity College em 
Cambridge".A outra metade recebeu fatos 
relacionados entre si de alguma forma, como 
"Newton se tornou emocionalmente inseguro 
e instável quando criança", "O pai de Newton 
morreu quando ele nasceu" e "a mãe de 
Newton se casou novamente e deixou-o com a 
avó". 
 
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 Resultado? O grupo que recebeu as informações que possuíam alguma relação 
significativa entre si teve uma taxa de memorização muito maior. Olhando mais de perto, 
vemos o resultado como a diferença entre tentar memorizar fatos como strings, e fatos 
relacionados, como schemas.
2.2.1 O que fazemos (de errado) 
no automático.
 Durante o aprendizado nodia a dia, não 
prestamos muita atenção consciente a 
questões como "organização do 
conhecimento". No modo automático, 
assumimos que a maneira apresentada pelo 
livro que escolhemos é a única e pronto; 
lemos, tentamos memorizar, fazemos 
exercícios e seguimos em frente sem entender 
porque esquecemos a informação tão 
facilmente.
 O fato é que organização não só ajuda, mas 
organização deficiente ou inadequada 
atrapalha. 
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 No modo automático, terminamos por juntar os fatos em contiguidade temporal (uma 
coisa depois da outra em termos de quando aconteceram) porque, de algum modo, isso é 
intuitivo para gerar relações de causa e consequência (apertou o interruptor, a luz apagou). 
Contudo, isso nos causa bastante dor de cabeça quando fazemos de modo impensado.
 Digamos, por exemplo, que você quer 
estudar os pensadores iluministas. A lista é 
enorme (várias dezenas) e cada um possui um 
período associado, um país de origem, ideias 
principais e obras importantes. A pior maneira 
de fazer isso seria sem organização alguma, 
simplesmente memorizando a lista completa e 
os atributos relacionados (um punhado de 
strings). Separar os pensadores por países seria 
menos ruim, mas só isso não ajuda tanto. 
 Já categorizar pelo foco das ideias - separar o 
grupo que se concentrou em refutar religiões, 
do grupo que questionou os valores sociais, 
daquele preocupado com o avanço científico - 
é bem mais útil para entender a relação entre 
os participantes e conectar o conhecimento 
aprendido (alguns schemas bem ricos).
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 Um estudo clássico feito pelo conhecido Anders Ericsson e sua equipe em 1980 
(falaremos mais dele no capítulo 7) demonstra isso, ainda que numa escala menor. Ele 
documentou como alguns estudantes de faculdade com memórias normais puderam 
desenvolver a habilidade incríveis de memorizar longas sequências de dígitos ao organizar 
o que estavam aprendendo em uma estrutura hierárquica de vários níveis.
 Os estudantes eram também competidores 
de atletismo, então ao se deparar com uma 
sequência de números, eles quebravam em 
pedaços e davam sentido a eles (uma técnica 
chamada chunking, falamos dela no capítulo 
1), organizando-os depois disso. Por exemplo, 
"....3432..." podia ser lembrado como "34:32, o 
recorde mundial para ..." e "...12456..." como 
"1:24:56, o recorde olímpico feminino de ...".
 A seguir, eles organizavam isso em grupos, 
como "recordes olímpicos", "recordes 
nacionais para a prova z", etc.. Esse 
procedimento empoderou estudantes normais 
a lembrar sequências de até 100 dígitos sem 
auxílio externo algum!
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 Outro estudo com resultados impressionantes sobre o poder da organização adequada 
foi feito por Gordon Bower e sua equipe em 1969. Ao receberem uma lista de minerais a ser 
memorizada, os estudantes aos quais os itens foram fornecidos em hierarquia (metais versus 
pedras como categorias, e subcategorias dentro delas) tiveram resultados de 60 a 350% 
melhores do que aqueles com apenas a lista de minerais.
 A pergunta, então, fica no ar: como podemos 
replicar esse tipo de resultado quando 
estudamos por conta própria, sem ter quem 
nos forneça diretamente esse tipo de 
organização?
 A resposta para isso está em entender as 
diferenças entre as mentes de experts e de 
principiantes, replicando técnicas úteis desde 
o princípio.
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 Os quadros A e B são exemplo 
de organizações mentais que 
provavelmente utilizamos quando 
começamos a estudar um assunto. 
Ou não integramos os conceitos, 
fatos e exemplos o suficiente, como 
no quadro A, ou utilizamos 
categorizações simples, lineares 
(como a separação temporal de 
nosso exemplo sobre iluminismo), 
que são insuficientes para nos dar 
uma compreensão aprofundada do 
assunto. 
 Já os quadros C e D são exemplos 
de como experts organizam o 
conhecimento (ainda que 
inconscientemente).
2.2.2 Diferenças entre o modo de um expert e de um principiante
A figura acima representa alguns exemplos de 
organizações do conhecimento em nossa mente.
DC
A B
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 Dois grandes fatores chamam 
atenção: a quantidade e a densidade 
de conexões. Na hora de estudar, 
podemos conscientemente fazer 
uso de procedimentos que nos 
permitam, como iniciantes na área, 
desenvolver mais rapidamente esse 
tipo de organização e, por 
conseguinte, obter resultados mais 
rápidos no aprendizado. 
 Como fazer isso? O procedimento 
é: focar primeiro no cenário geral e 
só então buscar absorver detalhes.
 Vejamos a aplicação disso em nosso 
exemplo. Um grupo de estudantes, 
como vimos, está estudando os 
pensadores iluministas. 
 Na figura C, vemos uma hierarquia clara, de modo que é fácil entender como os pontos 
se relacionam. Já a figura D, embora possa parecer o mais aleatório de todos os quadros, é 
na realidade o mais poderoso: o fato de tudo estar conectado fornece ao expert a 
possibilidade de usar múltiplas organizações, adequando-se à situação e usando o 
conteúdo de modo mais eficiente.
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Eles já descobriram que certos modos de agrupar os pensadores são melhores do que 
outros (que são melhores do que estudar sem organização). O que eles podem fazer para 
abordar o tema como experts e acelerar o aprendizado? Eles poderiam começar analisando 
fatores históricos e geopolíticos dos países envolvidos durante o período do Iluminismo.
 Como estavam economicamente? Qual era o 
estado geral da população, havia guerras 
externas, guerras civis? O que levou certos 
pensadores a se revoltarem especificamente 
contra religiões, as crenças predominantes 
eram opressoras? Os pensadores focados em 
ciência viviam em países com mais recursos a 
serem destinados a pesquisas?
Ao investir um pouco de energia estudando o 
cenário no qual os iluministas estavam 
imersos ao invés de pular direto para a 
memorização, os estudantes terão uma visão 
muito mais rica dos pensadores e a 
necessidade de memorização direta vai cair 
porque haverá compreensão. "Quais os 
principais ícones do Iluminismo na 
Alemanha?". 
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"Motivação faz referência ao investimento pessoal que um 
indivíduo tem em buscar um estado ou objetivo desejado" 
Martin Maehre Heather Meyer, 1997.
2.3 A motivação e o aprendizado
No contexto do aprendizado, a motivação influencia a direção, a intensidade, a persistência 
e a qualidade dos comportamentos de aprendizado nos quais os estudantes se engajam.
Não é necessário espressar o quão importante alinhar a motivação do estudante é, pois no 
final das contas, ela controla o grau de esforço (consciente e inconsciente) é investido no 
processo.
Para quem está estudando por conta própria, a motivação assume uma importante 
dimensão. Enquanto quem está usando escolas, cursos e treinamentos também precisa 
ajustar a motivação para melhorar o processo de aprendizado, quem estuda sozinho precisa 
estar motivado até mesmo para sentar e estudar, já que não há pressão externa para isso.
Portanto, trataremos da motivação cuidadosamente.
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Uma das maneiras mais comuns (e desconhecidas) de autossabotagem é a sinalização. A 
pior parte é que ela está tão enraizada em nosso cérebro primitivo que é difícil julgar quando 
está acontecendo, afetando a vida de muita gente sem nem que elas saibam.
2.3.1 Comodesativar o modo automático de enrolação
 Sinalizar, como a palavra sugere, é dar 
alguma forma de indicação que você está 
realizando determinada atividade, para si 
mesmo e para os outros. Por exemplo, um 
adolescente pode passar a tarde inteira na 
internet, navegando a esmo e se distraindo nas 
redes sociais, mas quando os pais passam pelo 
corredor para checar seu quarto, ele fecha 
tudo e abre os livros. Desse modo, ele sinaliza 
para os pais que está estudando sem 
realmente fazê-lo. 
 O modo como isso afeta nossas vidas é que 
normalmente engajamos em atividades que 
sinalizam características desejadas, que nos 
fazem parecer fazer algo, sem ser 
necessariamente o melhor caminho para 
alcançar o objetivo. 
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 Esse fenômeno pode, inclusive, assumir o 
formato de autossinalização, quando 
inconscientemente sinalizamos para nós 
mesmos alguma característica desejada, sem 
persegui-la de verdade.
 Nina Mazar e Chen-bo Zong, em 2009, 
trouxeram à tona um caso interessante de 
autossinalização. Eles mostraram que pessoas 
que compram produtos "verdes" 
(ambientalmente saudáveis) são mais 
propensas a trapacear e roubar depois da 
compra, o que supostamente ocorre porque 
elas já fizeram a "boa ação moral" do dia. 
Richard Beck, um teologista experimental, 
encontrou um fenômeno similar entre os 
religiosos: eles são menos propensos a 
fazerem boas ações depois de irem à igreja, 
por exemplo, pelo mesmo motivo.
No fundo, é a necessidade de nosso cérebro social em busca de validação externa. O 
adolescente precisa que os pais pensem que ele está estudando, por isso ele engaja em 
atividades que envolvem mais sinalizar do que realmente estudar.
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 Outra é quando as pessoas preferem 
vídeo-aulas a livros, já que elas são mais 
'fáceis' de consumir e passam a impressão de 
que o aprendizado está ocorrendo. 
 Para corrigir esse problema, não há um 
antídoto óbvio. É necessário que você esteja 
analisando constantemente as tarefas nas 
quais se engaja em busca do melhor método 
para fazer aquilo. Não o mais tradicional, não o 
que é esperado de você no processo, mas o 
melhor método para fazer a coisa acontecer.
 O curioso é que as evidências apontam que 
nosso estado natural seja essa enrolação. 
No aprendizado, isso se manifesta de diversas formas. Ir para aulas em escolas, faculdades 
ou cursos é uma delas: a maioria das pessoas não aprende tanto quanto poderia nesses 
contextos, mas continua frequentando pois é o "papel" esperado pela sociedade de um 
estudante.
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 O objetivo final, o aprendizado, passa a ser 
coadjuvante no processo de sinalizar 
aprendizado, dar a entender que está fazendo 
o que se espera, o que é um problema 
considerável para quem está de fato 
interessado em alcançar o que se propôs.
 Felizmente, a correção para o problema é 
fácil. Ao invés de focar apenas no objetivo, 
valorize a jornada. Claro, isso não quer dizer 
“deixar de querer passar naquele concurso de 
seus sonhos”. Não! Isso quer dizer entender 
que para passar no concurso, você precisa 
aprender bem o que for necessário estudar, 
seja português, direito ou matemática. Você 
passa a cultivar um interesse real pelo que 
estuda, a nutrir a vontade de ficar bom 
naquilo, não apenas se concentrar aonde quer 
chegar.
Em um estudo feito por Carol Dweck e Ellen Leggett em 1988, foi observado que que 
quando guiados por objetivos de performance (foco em tirar boas notas ou ser aprovado em 
concursos), que é o caso mais comum, estudantes se preocupam com padrões normativos 
e tentam fazer o que é necessário para demonstrar competência a fim de parecer inteligente, 
ganhar status e adquirir reconhecimento.
“Ao invés de focar 
apenas no objetivo, 
valorize a jornada” 
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2.3.2 Alinhando os valores de sua 
jornada
 Se fôssemos desconstruir a motivação para o 
processo de aprendizado, o que 
encontraríamos como espinha dorsal? Embora 
haja várias teorias para tratar disso, boa parte 
delas contêm dois fatores principais: o valor 
subjetivo da meta e as expectativas de ter 
sucesso no objetivo (como apontado por John 
Atkinson em 1964 e outros pesquisadores).
 Comecemos, então, discutindo o valor 
subjetivo de uma meta. A importância de um 
objetivo, frequentemente referida como seu 
valor subjetivo, influencia a motivação, já que 
só perseguimos metas com alto valor 
percebido.
E isso funciona. As evidências são amplas de como usar objetivos de aprendizado, ao invés 
de objetivos de performance, melhora o rendimento do estudante. É mais provável que eles 
usem estratégias de estudo que levem a uma compreensão profunda do tópico, que 
busquem ajuda quando precisam e que se sintam confortáveis com tarefas desafiadoras, 
como mostram os estudos de Carter e Elliot em 2000 e de Mcgregor e Elliot em 2002.
“A importância de um 
objetivo, frequentemente 
referida como seu valor 
subjetivo, influencia a 
motivação.” 
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 'Valor' em si pode ser derivado de várias 
fontes diferentes. Allan Wigfield e Jacquelynne 
Eccles sugerem três categorias amplas: de 
obtenção, intrínseco e instrumental. 
Estudemos cada uma separadamente e 
vejamos como alinhá-las para maximizar 
nossa motivação durante os estudos.
 Primeiro, o valor de obtenção representa a 
satisfação que a pessoa obtém da maestria e 
do alcance do objetivo ou da tarefa. É aquela 
sensação boa que temos quando concluímos 
algo difícil, seja passar de nível no jogo do 
computador ou a resolução de um problema 
complicado de física.
 A segunda fonte é o valor intrínseco, que 
representa a satisfação que obtemos em 
realizar a tarefa em si, independente do 
resultado final do processo. 
Por exemplo, você estará bem mais motivado para estudar inglês, se for requisito para ser 
promovido, do que para estudar uma língua aleatória, como o esperanto, sem razão alguma. 
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Ele aparece quando estamos fazendo algo que gostamos, como gastar horas para aprender 
aquela música na bateria ou quebrar a cabeça estudando astronomia.
 A fonte final é o valor instrumental, que 
representa o quanto uma atividade ou um 
objetivo ajuda a alcançar outros objetivos 
importantes, levando ao recebimento de 
recompensas extrínsecas. Reconhecimento, 
dinheiro, bens materiais, carreiras 
interessantes ou bons salário são todos 
objetivos de longo prazo que podem fornecer 
valor instrumental para objetivos de curto 
prazo (esudar inglês – curto prazo – a fim de se 
mudar para Londres – longo prazo).
 Vejamos um exemplo para classificar o 
alinhamento dos três valores. Digamos que eu 
objetive ser aprovado em uma prova de 
certificação, a fim de aplicar para uma nova 
posição na empresa em que trabalho. Para 
tanto, preciso estudar várias disciplinas, 
algumas das quais não me interessam nem um 
pouco. Como alinhar meus valores para me 
manter motivado ao máximo enquanto 
estudo?
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 Para tanto, eu vou atrás das "frutas mais 
baixas da árvore"; em outras palavras, persigo 
as vitórias fáceis. 
 Começando debaixo, com os conceitos mais 
simples, eu inicio um ciclo de vitórias para me 
manter motivado. Eu ataco o tópico mais 
simples da disciplina, domino-o, e uso a 
sensação boa de estar progredindo para 
alimentar meu avanço a tópicos um pouco 
mais complicados. Aos poucos, eu vou 
cobrindo o assunto inteiro, mantendo o moral 
alto.
 Quanto ao valorintrínseco, parece não haver 
muito o que fazer. Afinal de contas, ou você 
sente prazer executando uma tarefa ou não, 
certo? 
 Em primeiro lugar, eu preciso extrair o máximo de valor de obtenção possível (o prazer 
que temos ao alcançar coisas), principalmente no que toca às disciplinas que não gosto. 
69Licenciado para Tiago Rodrigues Benedetti, E-mail: professor.benedetti@gmail.com, CPF: 00871496054
 Os resultados de alguns estudos dizem que 
não. Suzanne Hidi e Ann HIDI &Renninger, em 
2006, mostraram que uma tarefa que 
inicialmente só possui valor instrumental para 
o estudante (aprender para passar na 
certificação e obter aumento) pode vir a 
desenvolver valor intrínseco (prazer em 
praticar) com o tempo, conforme ele absorve 
conhecimento e fica melhor naquilo. Em 
palavras simples, não gostar não é desculpa 
para não começar; você vai começar a 
aproveitar a atividade uma vez que comece a 
ficar bom naquilo. Então comece!
 Resta-nos cobrir o conjunto de valores 
instrumentais. Por que você quer essa 
certificação? Pense até o final. Seu objetivo de 
vida, qual é? Se você deseja melhorar sua 
renda pois está se preparando para ter um 
filho, tirar a certificação faz todo sentido. 
Você está fadado a gostar de estudar as matérias que te agradam e não apreciar as 
matérias que não te interessam?
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Porém, se seu interesse é apenas financeiro, já que você nem gosta mais da carreira que 
persegue e quer apenas aumentar a renda, por mais que você se force a estudar, é bem 
provável que sua motivação quebre ao longo do caminho. Afinal de contas, as motivações 
não estão muito bem alinhadas, você precisa pensar num objetivo que conecte tudo de 
modo a se manter motivado a vencer as adversidades naturais de aprender uma grande 
quantidade de conteúdo para obter uma certificação.
2.3.3 Criando confiança de modo 
saudável
 “Confiança genuína é uma maneira de pensar 
sobre si mesmo e suas habilidades.É sua 
percepção de seu próprio potencial; é um tipo 
de pensamento de longo prazo que te 
empodera através de obstáculos e momentos 
difíceis, te ajudando a resolver problemas e te 
colocando no caminho do sucesso.” John Eliot
 John Eliot é um expert mundial da área de 
performance de alto nível. Ele trabalha com 
atletas campeões, homens de negócio de 
grandes empresas, médicos respeitados e 
músicos famosos. Dentro de minhas 
pesquisas, ele é uma das poucas pessoas que 
realmente entendem o que é confiança.
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 Confiança se trata de olhar objetivamente 
para o que você quer alcançar, reconhecer a 
dificuldade real do caminho e acreditar que, se 
você colocar o esforço necessário, é possível. 
Não tem nada de esotérico ou surreal a 
respeito; é algo bem conectado com a 
realidade.
 Todo esse conceito de confiança se conecta 
bem com a ideia de expectativas em torno de 
sua meta de aprendizado. Como vimos, 
motivação pode ser resumida a alto valor 
esperado (que aprendemos como alinhar os 
vários tipos de modo a maximizá-lo) mais 
expectativas ajustadas em relação à linha de 
chegada.
Não se tratar de repetir para si mesmo que é possível ou que aquilo vai dar certo. Não, 
você não é bobo o suficiente para acreditar em algo só porque é repetido várias vezes.
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“Só acreditar que 
é possível não é 
suficiente para 
manter a 
motivação de pé.” 
 Aquela tática de "encorajamento reverso", 
quando você diz à pessoa que ela está 
tentando algo difícil demais para o potencial 
dela não funciona se a pessoa realmente 
acreditar no que você está dizendo.Ela não se 
sentirá extramotivada por ser julgada incapaz 
como nos filmes.
 Por outro lado, só acreditar que é possível não 
é suficiente para manter a motivação de 
pé.Albert Bandura, em seu livro “Self-e�cacy: 
The exercise of control” confirma isso, que o 
estudante precisa desenvolver o que 
chamamos de expectativa de eficácia; em 
outras palavras, ele precisa se sentircapaz de 
identificar, organizar, iniciar e executar um 
plano que vai trazer o resultado esperado.
 Se você não acredita ser possível, vai 
desenvolver comportamento 'vitimista' na 
situação. 
O ponto é que a motivação para aprender não acontece se o estudante não possui uma 
expectativa de resultado positivo, ou seja, se ele não acredita que é possível conseguir o que 
deseja, como explicado por Charles Carvere Michael Scheierem 1998. 
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“Se acredita que é 
possível mas não 
confia na sua 
capacidade de 
executar, vai 
atrapalhar com
 sua autoestima.” 
Se acredita que é possível mas não confia na sua capacidade de executar, vai atrapalhar 
com sua autoestima. Novamente, esse não é um tipo de situação com antídoto claro, mas 
boas práticas incluem (1) procurar pessoas que já alcançaram algo parecido com o que você 
almeja e (2) buscar entender a eficácia das estratégias delas para montar a sua de modo 
adequado.
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PARA RELEMBRAR E
PÔR EM PRÁTICA
Ter um conhecimento de base robusto 
e aplicá-lo de maneira adequada é o 
fator de maior influência no 
aprendizado. Por isso, tente sempre 
buscar algo que você já sabe que possa 
ajudar no estudo do novo assunto.
Interrogar-se a respeito do porquê de 
algo acontecer ou ser diferente do 
esperado tem um impacto grande em 
ativar o conhecimento de base e 
solidificar o aprendizado.
É preciso ser capaz de classificar o 
quanto você domina o assunto, caso 
contrário você pode não alcançar seu 
objetivo mesmo sabendo o assunto, 
como alguém que conhece a teoria, 
mas é incapaz de resolver questões. 
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- Ao fazer uso de comparações para 
entender melhor certo tópico, faça o 
possível para entender as limitações da 
comparação, ou seja, o que os pontos 
comparados têm de diferente.
Não se prenda a organizar conceitos de 
modo temporal (em que ordem as 
coisas surgem), algo que realizamos do 
modo automático. Busque a melhor 
maneira de organizar as informações, 
de modo que os pontos façam sentido 
juntos. O uso de categorias é bem 
vindo, com resultado comprovado na 
taxa de memorização.
A diferença do expert para o 
principiante é que aquele usa múltiplas 
organizações de conceitos e escolhe a 
mais adequada para cada situação. 
-
-
-
-
-
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PARA RELEMBRAR E
PÔR EM PRÁTICA
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Motivação é parte essencial do 
aprendizado e precisa ser estabelecida 
de modo consciente.
Retire o foco exclusivo do objetivo final 
e valorize também a jornada. Revise 
seu método de estudo para se certificar 
que ele realmente promova o 
aprendizado, ao invés de apenas 
parecer promover aprendizado (o 
perigo da sinalização).
Busque alinhar os valores da meta e sua 
expectativa de alcançá-la, criando 
confiança de modo sustentável para te 
mover na jornada.
- É preciso acreditar que é possível e que 
você consegue fazer o que é necessário 
para alcançar o que deseja. Conversar 
com pessoas que já sucederam em seu 
objetivo e realizar uma preparação 
bem são boas maneiras de internalizar 
isso.
-
-
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A CAIXA DE FERRAMENTAS
DO AUTODIDATA
CAPÍTULO 03
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 “Autodidatismo é, acredito firmemente, o único tipo de educação que existe.” Isaac Asimov
 Hoje, pode-se dizer que informação é algo 
que existe de sobra. Mas, ainda assim, com 
uma enorme quantidade de conteúdo à 
disposição de todos e inúmeros cursos online 
- com qualidade

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