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Herbert Marcuse, para falar da arte em “Eros e Civilização” vai usar e discutir termos caros à teoria freudiana. Para Freud a civilização e a repressão das pulsões seriam conceitos totalmente complementares, pois sem um não existiria o outro. Devido a isso, o ser humano jamais poderia ser feliz de acordo com a teoria freudiana, tendo que se conformar com o princípio da realidade. Marcuse vai falar do conceito de maisrepressão, que é toda forma de repressão aumentada a partir do nível básico de repressão que é necessário para a efetividade da civilização. No princípio do prazer, Marcuse vai explicitar sobre a parte erótica adicional que se expande além da parte da satisfação sexual. As sociedades ditas industriais terão a base de funcionamento pela absorção do princípio do prazer pelo o da realidade, isso acontece pela repressão extrema e direcionamento das pulsões para atividades de desempenho. Na obra, é enfatizado que Freud diz que um modo específico de atividade do pensamento se desagrega e se mantém longe das influências do princípio da realidade, continuando ligada estritamente ao princípio do prazer, essa atividade mental é a fantasia. A fantasia será responsável pela ligação das camadas mais profundas do inconsciente aos mais elevados produtos da consciência, que teria a arte como melhor representante. Diante do que foi exposto, a arte para Marcuse vai se opor ao princípio do desempenho, a arte vai recusar as limitações e repressões impostas pelo princípio da realidade. Segundo o autor, “a arte ao praticar a grande recusa, modela a memória inconsciente da libertação que fracassou, da promessa que foi traída. Sob o domínio do princípio do desempenho, a arte opõe à repressão institucionalizada a imagem do homem como um sujeito livre; mas num estado de não-liberdade, a arte só pode sustentar a imagem da liberdade na negação da não-liberdade” (Marcuse, p. 135). Marcuse vai dar enfoque a possibilidade libertadora das lembranças e memórias de felicidade da primeira infância que permanecem na fantasia, que objetivada na arte poderá pensar a possibilidade de uma outra vida feliz diante de uma realidade de opressão que o sujeito vive. A arte passa a adquirir uma dimensão existencial, e assim produzir condições para a emergência de um novo homem diante do contexto repressivo. B) Explique, a função da arte na teoria lacaniana como manifestação do Real. Lacan no seminário sobre a ética da psicanálise (1959-1960) vai enfatizar a sublimação como uma forma de organização do vazio. Esse vazio diz respeito ao objeto perdido, o objeto a. De acordo com Lacan, a arte coloca o vazio no centro da criação, esse vazio é o material que o artista trabalha. A obra de arte vai construir uma borda significante em torno desse vazio, que Lacan denomina de real. Segundo Lacan, em todas as formas de arte o vazio permanece no centro da criação. A criação artística busca reencontrar a coisa, mesmo que seja impossível, e assim temos sempre o novo em cada criação artística.