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CONSERVAÇÃO DA CARNE Prof. Gabriel N. Charão. OBJETIVOS − Impedir a deterioração − Impedir a veiculação de doenças transmitidas por alimentos MEIOS − Destruição total ou parcial dos MO deterioradores e/ou patogênicos − Modificação de um ou mais fatores extrínsecos ou intrínsecos Atualmente muitos dos métodos ou processos de conservação são utilizados para agregar valor à matéria prima Porém, seu objetivo principal é impedir ou retardar a multiplicação de MO deterioradores e/ou patogênicos MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO FÍSICOS − Aplicação de energia − Redução de temperatura − Remoção de água QUÍMICOS − Aditivos BIOLÓGICOS − Fermentação TEMPERATURA A temperatura é considerada como um dos fatores ambientais mais importantes a influenciar o crescimento e a atividade de MO APLICAÇÃO DE ENERGIA CALOR − Pasteurização − Esterilização comercial PASTEURIZAÇÃO Temperatura: 70 a 100ºC Elimina somente as formas vegetativas dos MO ESTERILIZAÇÃO COMERCIAL Temperatura: acima de 100ºC Produtos ficam estáveis à temperatura ambiente TIPO DENOMINAÇÃO TEMPO E TEMP. DE ESTOCAGEM TRATAMENTO TÉRMICO MO ELIMINADOS I ½ CONSERVAS 6 MESES A 5ºC 65 A 75ºC FORMA VEGETATIVA II ¾ CONSERVAS 12 MESES A 10ºC 0,6 A 0,8 MIN A 121ºC IDEM I E ESPOROS MESÓFILOS DE Bacillus III CONSERVAS TOTAIS 4 ANOS A 25ºC 4 A 5 MIN. A 121ºC IDEM II E ESPOROS MESÓFILOS DE Clostridium IV CONSERVAS PARA OS TRÓPICOS 1 ANO A 40ºC 12 A 15 MIN. A 121ºC IDEM III E ESPOROS TERMÓFILOS DE B. E C. ESTERILIZAÇÃO COMERCIAL APLICAÇÃO DE ENERGIA IRRADIAÇÃO − Mais usada para desinfestação de grãos − Retarda o amadurecimento e brotamento − Gera radicais livres em alimentos gordurosos REDUÇÃO DA TEMPERATURA − Refrigeração − Congelamento REFRIGERAÇÃO O calor é retirado de modo a reduzir a temperatura do produto a níveis desejados: − Acima do ponto de congelamento→resfriamento -1 a 4ºC − Abaixo do ponto de congelamento →congelamento abaixo de -4ºC SISTEMAS DE RESFRIAMENTO CIRCULAÇÃO FORÇADA DE AR EM CIRCUITO FECHADO ↓ Mais usado na frigorificação das carnes Circulação forçada de ar em circuito fechado Princípio: − Transferência do calor por convecção − Forçada pela circulação do ar circundante − Diferença de temperatura entre o alimento e o meio circundante Meio refrigerante: Amônia Métodos de resfriamento com circulação forçada de ar − Rápido − Resfriamento rápido com choque térmico RESFRIAMENTO RÁPIDO − Aplica-se para bovinos, ovinos e suínos − A temperatura inicial (35-37ºC) alcança 7ºC em 12-16h (suínos, ovinos) e 18-20h (bovinos) − Temperatura ambiente em torno de 0ºC − Velocidade do a: 0,75 a 1,5m/s (0,25 a 3,0m/s) Neste sistema: − 2/3 do calor das carcaças deve ser retirado na metade do tempo de resfriamento RESFRIAMENTO RÁPIDO COM CHOQUE TÉRMICO Mais usado para carcaças suínas Compreende duas etapas: 1ª - consiste na passagem das carcaças por um túnel com temperaturas entre -10ºC e -35ºC por ± 2h 2ª - após, são mantidas em câmaras de equalização entre 0 e 2ºC por um tempo adicional (8 a 10h) As carcaças congelam na superfície RESFRIAMENTO POR CONTATO O alimento está em contato direto com o meio refrigerante através de: IMERSÃO − Pré-chiller e chiller (frangos) RESFRIAMENTO POR CONTATO CONTATO − Gelo (pescado) Durante o resfriamento, a temperatura na superfície é reduzida mais rapidamente que no centro do produto. − Na superfície: por convecção − No centro: por condução Fatores que afetam: − Dimensão do produto − Embalagem − Temp. e velocidade do meio de resfriamento Sob temperatura de resfriamento, a carne será preservada por um período de dias antes que se inicie a deterioração O período depende de: − Carga microbiana inicial − Temperatura de refrigeração − Circulação de ar − Velocidade de resfriamento − Tipo de embalagem CONGELAMENTO É a redução da temperatura a valores abaixo do ponto de congelação − Ocorre a cristalização da água, ou seja, a água é gradualmente transformada em gelo CONGELAMENTO Efeito sobre parasitos Efeito letal mínimo ou nenhum efeito: − Enzimas − Bactérias e vírus CONGELAMENTO Na congelação ocorrem dois fenômenos: 1 – Nucleação (formação dos cristais) 2 – Crescimento dos cristais a partir dos núcleos ↓ Depende da velocidade de congelação ↓ É afetada pela transferência do calor ↓ Afeta a qualidade final da carne CONGELAMENTO Transformação gradual da água em gelo em diferentes temperaturas Temperatura ºC Água não congelada % -2 50 -8 10 -13 5 -20 2 -30 menos de 1 CENTRO TÉRMICO Ponto mais profundo do produto, onde devem ser feitos os registros de temperatura − A congelação neste ponto é mais lenta em relação à superfície − Neste ponto, mede-se o tempo para que a temperatura da carne seja reduzida de -0,5ºC até -4,5ºC ↓ Menos de 45min. Velocidade de congelamento satisfatória: − Acima de 1 cm/hora Nesta velocidade, a faixa de instabilidade do sistema é ultrapassada rapidamente PROCESSOS DE CONGELAMENTO 1 – Circulação forçada de ar 2 – Por contato (placas) 3 – Criogênico 4 – Imersão CIRCULAÇÃO FORÇADA DE AR Realizado em Túneis − Transferência do calor: convecção − Temperatura do ar: -25 a -40ºC − Altas velocidades do ar: 3 a 8 m/s O alimento geralmente deve estar protegido por embalagem secundária CIRCULAÇÃO FORÇADA DE AR Túnel de congelamento CONGELAÇÃO POR CONTATO Transferência de calor: condução − No interior das placas circula o meio refrigerante a -35ºC − Produto deve ter as dimensões uniformes, com 25-100 mm de espessura − Para o descarregamento do produto, faz-se um descongelamento superficial das placas CONGELAÇÃO POR CONTATO Congelador de Placas CONGELAÇÃO EM SISTEMA CRIOGÊNICO − Formação instantânea de cristais de gelo − Para produtos de pequenas dimensões: − Hamburger − Nuggets − Pescado − O produto é exposto a uma atmosfera de -60ºC CONGELAÇÃO EM SISTEMA CRIOGÊNICO Meios refrigerantes mais usados: − Nitrogênio (líquido ou vapor): -196ºC − Dióxido de carbono: -78ºC CONGELAÇÃO EM SISTEMA CRIOGÊNICO 1 – Entrada do produto no equipamento, em contra corrente à ejeção do gás a -40ºC 2 – Entrada do produto na zona de congelação (ultra-rápida), ficando em contato direto com o N 3 – Entrada do produto na zona de equilíbrio saindo congelados à temperatura em torno de -40ºC Tempo: 1 a 6 min. CONGELAÇÃO EM SISTEMA CRIOGÊNICO Problemas: − Os fluídos não se recuperam após o uso − Custos maiores: abastecimento (gás e transporte) CONGELAÇÃO EM SISTEMA CRIOGÊNICO Congelados Criogênico CONGELAÇÃO POR IMERSÃO Produto: − Imerso − Flutua no líquido refrigerante − Aspersão sobre o produto − Os líquidos não podem ser tóxicos (cloreto de sódio, glicerol, glicóis) ESTOCAGEM “As condições de armazenamento ou estocagem do produto congelado são mais importantes que o congelamento em si” ESTOCAGEM Ocorre em recinto devidamente isolado Temperatura é mantida por: − Circulação de ar para retirada da umidade do ar − Embalagem prévia do produto Temperatura usuais: -15ºC a -18ºC CONSERVAÇÃO PELA REMOÇÃO DE ÁGUA DESIDRATAÇÃO − Redução de peso − Redução da atividade de água − É estável à temperatura ambiente DESIDRATAÇÃO - MÉTODOS SECAGEM COM AR AQUECIDO − Usado para produtos cozidos moídos − Reidratação é difícil − Umidade fica em torno de 5% DESIDRATAÇÃO - MÉTODOS LIOFILIZAÇÃO − Produz um produto de alta qualidade − Produto é congelado, sob vácuo, a água é retirada através da aplicação de calor suficiente que a transforma diretamente em vapor − Umidade residual de 2% DESIDRATAÇÃO - MÉTODOS LIOFILIZAÇÃO − Carne cozida liofilizada tem validade de 24-28 meses − Facilmente reidratado DESIDRATAÇÃO - MÉTODOS ADIÇÃO DE AGENTES OSMÓTICOS − Adição de sal − Ex. charque CONSERVAÇÃO POR MÉTODOS QUÍMICOS − Adição de substâncias que diminuem a a atividade de água Ex.: cloreto de sódio − Efeito preservativo eficaz: 9 a 11% no produto e umidade de 50 a 55% − 2 a 3% - há crescimento de bolores e levedurasCONSERVAÇÃO POR MÉTODOS QUÍMICOS − Defumação Fenóis e Formaldeídos: ação bactericida e bacteriostática Durante a defumação ocorre: − Ação do calor − Desidratação superficial − Coagulação proteica superficial − Deposição de substância resinosa pela condensação de formaldeído e fenóis CONSERVAÇÃO POR MÉTODOS QUÍMICOS − Defumação Atualmente os produtos não são preservados exclusivamente pela defumação – é feita para o produto adquirir o sabor característico Fumaça líquida − Aplicada por aspersão ou injetada junto com os ingredientes CONSERVAÇÃO POR MÉTODOS QUÍMICOS − Defumação CONSERVAÇÃO POR MÉTODOS QUÍMICOS − Aditivos NITRITO − Possui propriedades bacteriostáticas − Inibe o crescimento de Clostridium botulinum na concentração de 150 a 200ppm − Além da preservação confere à carne curada a cor característica − Pode formar NITROSAMINA - cancerígeno CONSERVAÇÃO POR MÉTODOS BIOLÓGICOS FERMENTAÇÃO Açúcar − Por si só não é um bom preservativo − Age indiretamente em produtos fermentados pela transformação bacteriana em ácido láctico CONSERVAÇÃO POR MÉTODOS BIOLÓGICOS BACTERIOCINAS Uso aprovado: Nisina e Nitamicina − Podem ser usadas como aditivos ou serem produzidas no produto