Buscar

COR, FORMA, MATERIAIS E ACABAMENTOS

Prévia do material em texto

COR, FORMA, MATERIAIS E ACABAMENTOS
Vivemos em um meio construído e relacionamo-nos o tempo todo com os ambientes. Cada espaço ambientalizado transmite um conceito, exprime uma ideia e provoca uma sensação no usuário, de maneira que as diversas composições dos ambientes, com suas cores, formas e materiais fazem com que a nossa permanência no local seja ou não uma experiência agradável. Também é essencial compreender as características e as propriedades dos materiais para uma especificação adequada, a fim de que cada projeto arquitetônico e de interiores seja único e atenda às necessidades de uso e do conceito pretendido.
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai:
· refletir sobre a variedade formal, estética e estilística em relação à função;
· compreender o impacto visual que o uso da cor acarreta no usuário;
· identificar as opções de aplicação das cores;
· aprender sobre os materiais construtivos tradicionais e contemporâneos, as superfícies, os acabamentos e suas aplicações;
· assimilar uma especificação dos materiais de forma clara e objetiva.
Introdução
Cada ambiente é singular, tem uma história e transmite uma mensagem, assim como cada pessoa possui uma experiência individual ao utilizá-lo, mesmo que o compartilhe. Como profissionais, podemos direcionar a expressão do espaço construído por meio das formas, dos materiais e das cores que definimos na composição do projeto de interiores.
Por vezes, conseguimos obter o mesmo resultado na imagem do ambiente, com a utilização de produtos diferentes, mas com acabamentos de aparência similar. Por exemplo, um mármore natural ou um porcelanato com a reprodução desse padrão, ou um MDF (painel de fibra de média densidade) que reproduz a textura de uma madeira nobre. Com as inovações tecnológicas e a fabricação industrial dos materiais, ampliamos as opções. Então, quais aspectos devemos considerar para uma escolha pertinente? Com certeza, esta reflexão sobre cor, forma, materiais e acabamentos irá direcioná-lo para que as especificações dos seus projetos atendam às expectativas de seus clientes, usuários e, também, as suas em relação ao conceito da obra.
Formas e Composições
Do ponto ao volume, passando pela reta e pelo plano. Projetar é mais do que unir as formas geométricas básicas em composições aleatórias ou racionais; é atribuir função, agregar estética e definir simbolismo ao espaço ambientalizado. Francis Ching, em sua obra Arquitetura, forma, espaço e ordem (2002), define que o resultado da composição é o mais importante, já que, a priori , não extraímos o ponto, a reta e o plano do todo formado. O volume não é só a forma, uma vez que ela vem acompanhada de outras características como cor, textura e dimensionamento, denotados do material atribuído a ele em sua construção. Ching conceitua esta ideia da seguinte maneira:
Quando se fazem visíveis aos olhos no papel ou no espaço tridimensional, esses elementos se tornam forma com características de matéria, formato, tamanho, cor e textura. À medida que experimentamos estas formas em nosso meio, devemos ser capazes de perceber em sua estrutura a existência dos elementos primários do ponto, da reta, do plano e do volume (CHING, 2002, p. 2).
Então, cabe ao designer, em seus projetos, fazer essa associação dos elementos primários à forma tridimensional acabada, atribuindo executabilidade. “O bom design precisa ter planejamento, pesquisa, atender às necessidades e solucionar problemas” (SILVA; SADER, 2019, p. 1124); assim, é necessário compreender a amplitude de questões que envolvem o ato de projetar, que levam ao entendimento dos motivos de um produto/composição ser mais eficiente e atrativo a um público/usuário do que outro. Essas escolhas formais também afetam o meio em que vivemos por meio da produção e do consumo.
Os planos, na arquitetura, definem volumes de massa e espaço tridimensionais. As propriedades de cada plano - tamanho, formato, cor, textura -, assim como a relação espacial dos planos entre si, em última análise determinam os atributos visuais da forma que definem e as qualidades do espaço que delimitam (CHING, 2002, p. 19).
Nesse sentido, os planos de teto e de cobertura são considerados Planos Superiores; os planos de solo e de piso, Planos de Base; e os planos de parede são verticais e responsáveis pela delimitação do ambiente. Assim, teoricamente, um plano apresenta somente comprimento e largura.
‍Impactos Visuais das Cores
As composições dos ambientes são mais complexas do que a simples ordenação de seus componentes mobiliários, envolvendo também a forma, a função, a estética, o conceito, os materiais de acabamento, as cores e, durante sua ocupação, incluem a própria vivência na experiência do usuário. A princípio, busca-se no projeto arquitetônico ou de interiores que o ambiente seja agradável durante seu uso. Um ambiente humanizado é aquele que reflete estímulos positivos e no qual as atividades pretendidas podem ser realizadas de maneira satisfatória e de modo agradável pelo usuário (TAI, 2018). Por meio da semiótica, percebemos que cada espaço transmite um signo, que é recebido e interpretado, gerando um sentido para o indivíduo (SANTAELLA, 2019). A escolha da composição de cores é baseada no objetivo a ser atingido, e a maneira que todas as superfícies refletem as cores é o que torna a cor um dos principais elementos que impactam visualmente o ambiente: “A cor tem temperatura, peso, intensidade, luminosidade e, quando aplicada em ambientes, é capaz de exercer múltiplos efeitos sobre as pessoas, em sensações e reações psicológicas e comportamentais” (TAI, 2018, p. 166).
Os pigmentos da matéria-prima utilizada na fabricação das cores podem ser naturais (vegetais ou minerais) ou artificiais (sintéticos), e sua qualidade (ou a raridade) é quem define o seu valor. São esses pigmentos que dão cor aos materiais, como no caso das tintas. Por exemplo, as cores primárias (cores puras) - vermelho, azul e amarelo - são obtidas por meio dos pigmentos naturais: minerais ou sintéticos, não podendo ser fabricadas a partir de misturas de outras cores. Misturando as cores primárias, formamos as cores secundárias, a partir das quais formamos as cores terciárias. Esses pigmentos, ainda que de diferentes origens, podem produzir cores visualmente semelhantes.
As cores influenciam plenamente a obra. Com exceção de quem possui alguma deficiência, os mesmos estímulos irão produzir as mesmas respostas no sistema visual, mas as sensações que elas irão causar dependem de nossas experiências com as cores. Segundo Kraemer e Marques (2018, p. 61), “para cada pessoa, em cada lugar, em cada objeto, as cores têm um significado. Sendo assim, o significado de uma cor depende de seu contexto”. Podemos verificar que existe uma estreita relação entre a cultura e o significado atribuído às cores pelo indivíduo.
O mesmo ambiente, alterando-se apenas as aplicações de cores em suas matizes, intensidades ou saturações, provocam sensações diferentes na percepção do espaço, ampliando ou reduzindo visualmente as superfícies (TAI, 2018). Igualmente, um ambiente com todos elementos com uma única cor acarretará também em uma sensação, e percepção no usuário, independentemente que haja misturas ou não entre as cores dos elementos construtivos do espaço.
A vibração dos diversos comprimentos de ondas de luz é o que forma o espectro de cores que é visível aos nossos olhos. Essas vibrações ficam entre 350 e 750 nm (milionésimo de um centímetro) e formam o espectro de cores visível ao ser humano. Porém existem cores com outros comprimentos de ondas de luz, como o infravermelho e os ultravioletas, que possuem comprimentos de onda de luzes não visíveis ao ser humano. As cores integralmente saturadas são as cores conhecidas como matiz elementar ou cor espectral, pois são verdadeiramente puras e dificilmente encontradas fora de laboratórios.
O poder da atração, de informação e de transmissibilidade da mensagem do conceito faz com que as composições de cores sejam ferramentas indispensáveis nos projetos de arquitetura e de interiores.LIVRO
Design: Conceitos e Métodos (Livro Eletrônico)
Autor : Tai Hsuan An
Editora : Edgard Blücher
Ano : 2018
Comentário : a leitura do Capítulo 14 (páginas 153 a 169) aprofunda os conhecimentos sobre as características das cores, suas composições e seus efeitos nos produtos e ambientes. Com a apropriação desse conteúdo, haverá maior compreensão quanto aos efeitos sensoriais causados pelas cores no ambiente do restaurante antes da reforma e quais padrões de combinações cromáticas irão adequar a nova proposta de conceito do restaurante.
Esse título está disponível na Minha Biblioteca Ânima.
LIVRO
Estética & Semiótica (Livro Eletrônico)
Autora : Lucia Santaella
Editora : Intersaberes
Ano : 2019
Comentário : essa leitura é complementar. No Capítulo 1 (páginas 16 a 37), a autora traz as definições dos conceitos de estética e semiótica. A partir do entendimento das diferenças de estética e semiótica, será possível perceber como as formas, os materiais e as cores do ambiente comunicam um significado e que o equilíbrio na estética é o que pode trazer a beleza ao ambiente.
Esse título está disponível na Minha Biblioteca Ânima.
As Cores no Ambiente
A cor é imaterial, e só temos a sensação de cor se houver luz. Dessa maneira, os ambientes que habitamos são compostos por materiais que refletem a luz e nos trazem as sensações de cor. Mesmo os ambientes com maior quantidade de tons acromáticos, com as consideradas cores neutras (branco: reflexo de todas as cores; gradações de cinza ou ainda o preto: absorção de todas as cores), possuem relações com outras cores. Para a definição da paleta de cores para um ambiente, é necessário pensar em harmonia, proporção, equilíbrio, ritmo, intensidade e relação entre a figura-fundo, ou seja, cada objeto possui uma cor que não pode ser pensada isoladamente; ela precisa ser avaliada no âmbito global, inserida no espaço. Eva Heller (2013) evidencia esta propriedade das cores:
Cada cor atua de modo diferente, dependendo da ocasião. O mesmo vermelho pode ter efeito erótico ou brutal, nobre ou vulgar. O mesmo verde pode atuar de modo salutar ou venenoso, ou ainda calmante. O amarelo pode ter um efeito caloroso ou irritante. Em que consiste o efeito especial? Nenhuma cor está ali sozinha, está sempre cercada de outras cores (HELLER, 2013, p. 17).
De acordo com Miriam Gurgel (2009), os esquemas de cores para uma ambiente podem ser classificados em Harmônicos ou Contrastantes, e também em Acromático, Neutro, Monocromático, Análogo, Complementar e Triádico.
Para elaborar a composição cromática do ambiente, é necessário levar em conta todos os elementos do espaço e o conceito que foi definido. As composições análogas são formadas por cores que estão em posições próximas no círculo cromático, como vermelho, amarelo e laranja. As composições complementares são formadas por cores que estão opostas no círculo cromático, por exemplo: vermelho em relação ao verde, amarelo em relação ao violeta.
As cores, de modo geral, são classificadas em quentes, frias e neutras; mas certas cores ficam transitórias ou intermediárias. É comum que consideremos o amarelo, o laranja e o vermelho como cores quentes, e o verde e o azul como cores frias (TAI, 2018, p. 158).
O amarelo, por exemplo, é sinônimo de expansividade, luminosidade e um estimulante; já o laranja é vivaz, alegre e eufórico. Tons verdes e azuis estão ligados à água e ao céu, podendo transmitir sensações de frescor ou frio, e, na natureza, são cores mais permanentes. O cor-de-rosa, apesar de derivar do vermelho, é suavizado, sendo sutil e romântico, ao contrário do vermelho, que é forte, exprimindo paixão.
Nos projetos de arquitetura ou de interiores, deparamo-nos com normas e legislações que impõem que alguns detalhes construtivos sejam incorporados obrigatoriamente no projeto. A sinalização de um extintor, as placas luminosas de saída de emergência, placas de sentido de acesso à escada… Enfim, nesses casos, as cores são utilizadas para sinalizar e devem respeitar um padrão estabelecido.
A pintura dos ambientes é a técnica de revestimento mais utilizada. Isso acontece devido à sua facilidade de aplicação, ao custo relativamente baixo e ao grande potencial de cobertura das superfícies. Além da função decorativa, as tintas possuem função de proteção. Uma tinta acrílica pode apresentar acabamentos foscos, de semibrilho ou acetinados, e a percepção de cor dos locais pintados sofre alteração conforme o tipo de acabamento utilizado. Muita incidência da luz faz gerar um maior reflexo nas tintas semibrilho em relação às foscas, sendo as acetinadas consideradas intermediárias a elas. Esse fenômeno acontece devido à quantidade das partículas de resina que constituem as tintas.
Dessa forma, observamos que são infinitas as combinações possíveis para um espaço, e que a determinância de qual será mais efetiva ao uso e ao conceito é baseada nas características sensoriais que estamos buscando para aquele ambiente.
Materiais e Superfícies
As madeiras, as pedras, a cerâmica dos tijolos, os vidros, os metais e o concreto são utilizados há muito tempo na construção civil e são classificados como materiais tradicionais. No livro O Edifício e seu Acabamento (2018), Hélio Alves de Azeredo disserta sobre uma vasta gama de materiais construtivos: revestimentos de teto, de piso e de parede; sistemas hidráulicos e elétricos; argamassas, vidros, tintas, esquadrias e caixilhos; ferragens, azulejos, revestimentos vinílicos, cerâmicas, ladrilhos, pavimentos de rochas naturais, concreto polido, forros de PVC, plásticos e vinílicos; dentre outros, definindo esses materiais, explicando seus tipos e sugerindo maneiras usuais de suas aplicações.
O plástico e os vinílicos, por exemplo, são instalados por meio do uso de cola de caseína e apresentam ótima resistência às intempéries climáticas. Além disso, são impermeáveis, com acabamento uniforme e possuem diversas opções de cores e texturas.
Os forros determinam a altura do pé-direito acabado do ambiente e também fazem o arremate superior ao espaço interno. Eles possuem essa função de fechamento em relação ao telhado, mas também podem ter função decorativa, dando base para projetos de iluminação.
Os forros devem ser instalados com estrutura própria, independentemente da estrutura da cobertura, afinal, as estruturas do telhado e da cobertura, incluindo lajes, se contraem e expandem (dilatação) conforme alterações de temperatura ao longo do dia, o que as faz trabalhar de forma diferente do forro, sendo essa a razão pela qual o forro deve ser instalado em uma estrutura própria e independente, para que não haja avarias.
Os vidros (monolíticos, planos, transparentes ou translúcidos) podem ser classificados quanto às suas formas: curvo, plano, perfilado e ondulado. Quando estamos falando de segurança, os vidros podem ser de três tipos: temperado, laminado e aramado.
As tintas são compostas por pigmentos, resinas ou óleos, diluentes, solventes e aditivos, como secantes e anticoagulantes. Podem ser diluídas em água ou em solventes e são utilizadas na pintura de diversas superfícies, com a função de decorar e de proteger o local. Em relação à sua fabricação, as cargas (insolúveis, de baixo poder corante) possuem um custo menor do que os pigmentos, e, ao utilizá-las, os espaços vazios entre as partículas de pigmentos são preenchidos, podendo aumentar a resistência e a degradação da tinta pelo tempo, melhorando a sua cobertura. Os pigmentos modificadores também são chamados de cargas e diminuem os custos com pigmentos tradicionais.
As madeiras reconstituídas são geradas a partir da aglomeração de fibras celulósicas (separadas e dispersas) extraídas dos lenhos da madeira. Como exemplos, podemos citar: MDF (Placa de Fibra de Média Densidade, do inglês Medium Density Fiberboard ), que oferece bom acabamento superficial e estabilidade em suas dimensões;  HDF (Placa de Fibra de Alta Densidade, do inglês High Density Fiberboard ), que consiste em painéis de fibra de média e alta densidade; e o OSB (Painel de Tiras de Madeira Orientadas, doinglês Oriented Strand Board ), formado por lascas, partículas e flocos de madeira que são misturados à resina em alta temperatura e depois prensados.
Porém, a cada dia, surgem pesquisas de materiais inovadores que são mais resistentes, maleáveis, possuem menor impacto ambiental em sua fabricação e são mais adaptáveis às nossas necessidades contemporâneas. Por exemplo, os compósitos, cada vez mais comuns, surgiram como uma opção de material e de reaproveitamento ou reciclagem de resíduos da produção que, em muitos casos, seriam descartados.
De acordo com Teixeira (2017, p. 102):
Os tipos de materiais usados na composição dos compósitos são variados: a matriz pode ser geralmente polimérica ou cimentícia, as fibras podem ser sintéticas ou vegetais, as cargas podem ser sintéticas ou vegetais. Os aditivos são substâncias que alteram a plasticidade, a cor etc. (TEIXEIRA, 2017, p. 102).
Outra inovação no mercado imobiliário está relacionada à tecnologia de impressão, que permite uma reprodução fiel de variados tipos de texturas em diferentes materiais compostos, como MDF e porcelanatos, os quais, por possuírem uma industrialização em larga escala, apresentam menor valor agregado, diminuindo o custo.
Esses materiais inovadores, como os compósitos e outros lançamentos disponíveis no mercado, podem ser empregados em novas soluções, principalmente para a execução de revestimentos de superfícies e de paredes. Surgem como opções versáteis e criativas para compor estéticas diferenciadas em face aos materiais tradicionais.
Especificações de Materiais
Para uma correta aquisição e instalação dos materiais construtivos do espaço, é necessária uma especificação rigorosa de todos os itens que compõem o projeto arquitetônico ou de interiores. Um memorial (ou caderno) descritivo que contenha dimensões das peças, tipo de material, cor, marca de referência (se solicitado), tipo de acabamento... características imprescindíveis, que junto com as pranchas das representações gráficas do projeto, servirão de base para a execução fiel da obra.
Para que a obra tenha a qualidade necessária e a durabilidade esperada (VUP ⎼ vida útil de projeto), todos os materiais especificados devem atender à legislação vigente e à Norma de Desempenho (NBR 15.757), evitando transtornos de manutenções e reparos imprevistos, imperícia ou imprudência. Também se faz necessário considerar outros aspectos técnicos na especificação, e as
As especificações de materiais por parte do arquiteto deverão ser feitas não somente pela aparência estética, formato e resistência, mas também por critérios de durabilidade, limpabilidade, manchamento, destacamento, e da sua compatibilização com os demais materiais do mesmo sistema (ASBEA, 2015, p. 11).
Por tratar de uma publicação da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (AsBEA), os autores citam a especificação como responsabilidade do arquiteto, mas devemos lembrar que os princípios da norma devem ser seguidos por todos os profissionais envolvidos na obra (engenheiros civis, engenheiros mecânicos, engenheiros eletricistas, técnicos em edificações, designers de interiores). Cada qual respeitando suas atribuições, devem fazer uma especificação clara e precisa dos elementos constituintes de seus respectivos projetos. Assim, assegura-se a compreensão dos projetos e uma correta execução da obra, além de garantir o desempenho do ambiente ou da edificação.
É também fundamental estar sempre atualizado quanto às características e às especificidades de cada material, para uma especificação eficiente. Portanto, com a leitura recomendada a seguir, você aprofundará seus conhecimentos quanto a este tema.
De modo a mitigar as dúvidas dos diversos envolvidos em um projeto arquitetônico (fornecedores, clientes e profissionais de instalação), são necessárias a definição e a especificação clara e detalhada dos materiais. Por exemplo, informações como durabilidade, transporte, acondicionamento, orçamento e mão de obra capacitada são pontos relevantes. Nesse mesmo documento devem estar presentes informações das dimensões, cores e outras propriedades características de cada tipo de material, como classificações de uso e índices de resistência à abrasão (PEI - Porcelain Enamel Institute - das cerâmicas).
Com relação ao PEI, as placas de cerâmicas que são utilizadas para revestimentos passam por diversos testes que permitem que elas sejam classificadas de acordo com o quadro a seguir:
	Estágio de abrasão e número de ciclos para visualização do desgaste
	Classe de abrasão (PEI)
	Nível de resistência à abrasão superficial²
	Indicação de uso²
	100
	0
	Baixíssimo
	Somente em paredes
	150
	1
	Baixo
	Banheiros e dormitórios residenciais
	600
	2
	Médio
	Ambientes residenciais sem portas externas
	7500, 1500
	3
	Médio-alto
	Ambientes residenciais com portas externas
	2100, 6000, 12.000¹
	4
	Alto
	Ambientes públicos sem porta para o exterior
	≥12000
	5
	Altíssimo²
	Ambientes públicos com porta para o exterior
‍
¹ A classe PEI 5 exige, simultaneamente, a resistência à abrasão a 12.000 ciclos e a resistência ao manchamento após a abrasão. Caso apresente manchas após o ciclo abrasivo, é classificado no grupo PEI 4 (ABNT NBR 13818, 1997).
² Indicações encontradas no mercado para o emprego de placas cerâmicas em função da classe PEI.
Quadro - Classificação de placa cerâmica quanto ao desgaste por abrasão superficial
Fonte: Bauer (2019, p. 158).
‍
É importante atentar-se ao quadro anterior, porém, mesmo em casos de superfícies com coeficientes de atrito adequados para o tipo de local e a pessoas que lá vão trafegar, é necessário que haja manutenção contínua, para evitar sujeiras que possam causar escorregamentos, por exemplo.
Quando estamos falando de placas de cerâmicas para pavimento, esmaltadas ou não, estamos abordando o coeficiente de atrito, que é a sua capacidade de resistir ao escorregamento. Superfícies mais ásperas e rugosas possuem índice de coeficiente de atrito mais elevado, enquanto, nas superfícies lisas, os valores são mais baixos. O coeficiente de atrito indicado para áreas externas, em aclive ou declive, é de 0,7. Apenas para locais internos e secos é admitido o valor de 0,4.
Quando estamos falando de madeira, é necessário se atentar aos defeitos que ela pode apresentar, os quais estão apresentados na sequência.
1. Nós: consistem em defeitos naturais, e sua presença deve ser avaliada de modo a ser possível verificar em que medida eles podem, realmente, comprometer o desempenho da peça, fato que nem sempre acontece. Por isso, a quantidade, o posicionamento e o dimensionamento devem ser considerados.
2. Abaulamento: consiste no empenamento, no sentido da largura da peça, causado pelo processo ineficaz de secagem, seja esta natural ou artificial.
3. Rachaduras: também são produzidas por processos de secagem ineficiente ou por impactos mecânicos. São aberturas radiais e de grande extensão nas peças.
LIVRO
Materiais de Construção
Autor : Luiz Alfredo Falcão Bauer
Editora : Livros Técnicos e Científicos
Ano : 2019
Comentário : a leitura dos Capítulos 17 (A madeira como material de construção) e 18 (Materiais cerâmicos) (páginas 1 a 169) evidenciará as diferenças dos materiais de construção, as características específicas e as classificações que devem ser consideradas para cada especificação de material para o projeto. O autor apresenta um trabalho minucioso, rico em detalhes sobre as constituições, processos de fabricação, matérias-primas, nomenclaturas, dimensionamento e tipologia de peças, de materiais variados e imprescindíveis para a construção civil. Com esta leitura, é possível verificar requisitos e critérios de desempenho de materiais construtivos, e como devem ser abordados na especificação dos elementos do ambiente.
Esse título está disponível na Minha Biblioteca Ânima.
Conclusão
O meio em que vivemos é formado por diversas tipologias de ambientes. Cada qual exprime um conceito e provoca uma sensação no usuário. As composições escolhidas de forma, cor e materiais tornam um ambiente único. Apesar de trabalharmosainda com materiais construtivos tradicionais, diariamente surgem novas possibilidades e inovações de usos e de matéria-prima, com tecnologia de materiais mais resistentes, maleáveis, recicláveis ou reutilizáveis e com menor impacto ao meio ambiente.
A partir dos estudos das características dos materiais, das composições formais, dos padrões de paletas de cores, e das descrições das especificações para os projetos arquitetônicos ou de interiores, buscamos atender às necessidades de uso e de conceito direcionando o usuário a ter uma experiência agradável na utilização do espaço ambientalizado.
Referências Bibliográficas
ASBEA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA. G uia para arquitetos na aplicação da norma de desempenho : ABNT NBR 15.575. São Paulo: AsBEA, 2015. Disponível em: http://www.asbea.org.br/userfiles/manuais/d4067859bc53891dfce5e6b282485fb4.pdf . Acesso em: 3 jun. 2020.
AZEREDO, H. A. de. O edifício e seu acabamento . 14. reimp. São Paulo: Edgard Blücher, 2018.
BAUER, L. A. F. Materiais de construção . 6. ed. v. 2. Rio de Janeiro: LTC, 2019.
CHING, F. D. K. Arquitetura, forma, espaço e ordem . 3. reimp. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
FULGÊNCIO, E. B. G. A . et al. Estudo da incorporação de pós de concha em massa de porcelanato. Cerâmica , São Paulo, v. 64, n. 371, p. 381-387, set. 2018. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0366-69132018000300381&lng=pt&nrm=iso . Acesso em: 30  jun.  2020.
GURGEL, M. Projetando espaços : design de interiores. 2. ed. São Paulo: Senac, 2009.
HELLER, E. A psicologia das cores : como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: Gustavo Gili, 2012.
KRAEMER, D.; MARQUES, C. C. R. Teoria e prática da cor . Porto Alegre: SAGAH, 2018.
LUFT, M. G. C. Um estudo de cores em Josef Albers para um ambiente infantil. DAPesquisa , Florianópolis, v. 6, n. 8, p. 287-305, out. 2018. ISSN 1808-3129. Disponível em: http://www.revistas.udesc.br/index.php/dapesquisa/article/view/14017/9123 . Acesso em: 30 jun. 2020.
SANTAELLA, L. Estética & semiótica . Curitiba: Intersaberes, 2019. (Kivro eletrônico).
SILVA, C. R. da; SADER, A. P. C. As relações funcionais e simbólicas do objeto no design. Projética , Londrina, v. 10, n. 1, p. 119-132, jan./jun. 2019. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/projetica/article/view/33321/25530 . Acesso em: 29 maio 2020.
SILVA JÚNIOR, L. G.; KIKUCHI, F. H. N.; PORTELLA, A. A.; NAOUMOVA, N. A percepção das cores em espaços públicos: recomendações para projetos wayfinding a partir do estudo das cores mais perceptíveis por usuários com baixa visão. Pixo , Londrina, v. 4, n. 12, p. 116-135, jan./mar. 2020. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/pixo/article/view/17508 . Acesso em: 29 maio 2020.
TAI, H. A. Design : conceitos e métodos. São Paulo: Edgard Blücher, 2018. (Livro eletrônico)
TEIXEIRA, M. G. Concepção de paleta de cores para compósito de resíduo particulado de MDF com poliéster termofixo e aplicação em um produto conceitual. Design e Tecnologia , v. 7, n. 13, p. 100-109, jun. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.23972/det2017iss13 . Acesso em: 27 maio 2020.

Continue navegando