Buscar

O que é Estrutura e Função Humana

Prévia do material em texto

- -1
ESTRUTURA E FUNÇÃO HUMANA
CAPÍTULO 1 - O QUE É A 
ESTRUTURA E FUNÇÃO 
HUMANA?
Juliane Cristina de Souza Silva Brito / Vivian 
Alessandra Silva
- -2
Introdução
Seja bem-vindo ao estudo do corpo humano! Você sabe o que é a “Estrutura e Função”? É um estudo 
integrado de três ciências básicas: anatomia, histologia e fisiologia humana.
Você sabia que anatomia é uma palavra que vem do grego que significa “cortar em partes”, conhecer a 
organização estrutural do corpo humano? Já a histologia, também do grego, significa “o estudo dos tecidos” 
que compõem as estruturas do corpo humano. Por sua vez, fisiologia, como as demais, uma palavra grega que 
significa “estudo da função” das estruturas e tecidos que compõem o corpo humano.
O estudo segregado destas três ciências é possível, porém limitado. Queremos oferecer a você um aprendizado 
próximo à realidade, em que as ciências se integram harmonicamente.
Você sabia que o nosso corpo não é simplesmente um conjunto de células ou de órgãos, mas sim um conjunto 
de células e órgãos que se agrupam para formar estruturas com funções específicas?
Neste primeiro capítulo, usaremos de três tópicos de estudo para nivelar conhecimentos, ou seja, para saber de 
que maneira nosso organismo funciona e como se organiza, do que ele é constituído e algumas nomenclaturas 
que são utilizadas de maneira geral no mundo científico.
No último tópico, daremos início à nossa aventura pelo corpo humano, por um sistema de grande 
complexidade por dominar o funcionamento de todos os restantes: o sistema nervoso.
Fique atento ao material apresentado e bons estudos!
1.1 Mecanismos homeostáticos
Você já percebeu que sua frequência respiratória ou a sua frequência cardíaca se alteram durante uma prática 
esportiva? E que, quando você faz uma pausa para descansar, essas mesmas frequências retornam ao estado 
inicial? Ou, ainda, você já notou como seu corpo se comporta diferente dependendo do clima? Num dia 
quente, você transpira. Já em um dia frio, você treme. Já parou para pensar em por que ou como seu corpo faz 
isso?
- -3
Neste primeiro tópico, você terá a oportunidade de aprender mais sobre o tema. Vamos lá?
1.1.1. Homeostase e a membrana plasmática
Nosso organismo tem a capacidade de se adaptar às mudanças ambientais e internas, mantendo as funções
orgânicas acontecendo de maneira eficiente, independente, da situação. A essa característica chamamos de 
.Homeostase
Você, como futuro profissional da área da saúde, precisa compreender de que maneira o nosso organismo
funciona, para que nossas intervenções promovam a saúde, previnam e tratem as doenças de nossos clientes,
pacientes e alunos! Para aprender mais sobre o tema, clique nas setas abaixo.
Muitos autores definem homeostase como equilíbrio. Porém, não é assim tão simples, isso porque
vivemos num ambiente totalmente dinâmico. O conceito correto seria a “manutenção da constância do
ambiente interno independente de qualquer condição. Você dorme, acorda, trabalha, estuda; além
disso, as temperaturas oscilam ao longo do dia, sua alimentação muda, estresse etc.”.
Homeostase, do grego, , significa parecido ou similar e significa condição. Perceba quehomeo stase 
nosso organismo não é estático. Toda vez que algo perturba o equilíbrio, a homeostase, rapidamente o
organismo se ajusta e retorna ao estado de equilíbrio.
A capacidade que nosso organismo tem de manter a homeostase é realmente incrível, mas, para que
isso aconteça, é preciso que haja uma comunicação íntima entre todos os sistemas que compõem nosso
organismo.
Conforme formos aprofundando nosso estudo sobre o corpo humano, você perceberá que sempre
existe a presença de um , um e um . O receptor será aquele quereceptor centro integrador efetor
perceberá a quebra da homeostase; o centro integrador será o responsável pela tomada de decisão do
restabelecimento do equilíbrio corporal; e o efetor será aquele responderá ou efetuará o comando do
centro integrador.
- -4
Por exemplo, a temperatura ideal para o funcionamento do nosso corpo fica em torno de 36,5 °C ou 37
°C. Imagine que hoje está fazendo 20 °C lá fora e você não imaginava que teria tal queda de
temperatura, saiu de casa vestindo apenas uma bermuda e uma regata.
Imediatamente a temperatura do ambiente começa a influenciar sua temperatura corporal, porém, para
que os nossos órgãos funcionem de maneira adequada, precisamos mantê-los a 36,5 ºC. Receptores
localizados na superfície de nosso corpo percebem a temperatura ambiente, enviam esta mensagem
para o sistema nervoso que compreende que se a temperatura corpórea diminuir, nossos órgãos
poderão sofrer danos.
A estratégia tomada então é enviar um comando aos músculos (efetores), para que contraiam
repetidamente (tremor), gerando calor. Obviamente, não é somente esse comando, muitos outros são
enviados, mas conseguem compreender a intima relação que há entre os sistemas? Todos com o
mesmo objetivo: garantir a homeostase.
Essa íntima relação entre os sistemas recebe o nome de ou Trata-se de umafeedback retroalimentação.
conversa entre receptores, centro integrador e efetores a fim de garantir a homeostase momento a momento.
Existem dois tipos de : o negativo e positivo. Para conhecer mais sobre eles, clique nas abas abaixo.feedbacks
negativoFeedback 
O negativo é o mais comum e consiste na reversão de uma variação, por exemplo: a pressão arterial (pressão
sanguínea exercida contra a parede dos vasos sanguíneos), deve ser mantida dentro de um limiar, para que
todo o corpo receba os nutrientes provindos do sangue de maneira adequada. Vamos supor que a sua pressão
arterial se eleve ou reduza por algum estímulo, isso pode gerar prejuízos sérios na nutrição tecidual.
Neste caso, terminações nervosas localizadas em algumas artérias (barorreceptores) terão a função de
receptores, ou seja, serão os responsáveis por perceber se o fluxo sanguíneo está passando com a pressão
adequada. Essa informação é constantemente enviada para um centro integrador, que no caso, é o sistema
nervoso central. Ele interpreta a mensagem e responde ao coração e aos vasos sanguíneos (efetores), que
gerarão diminuição ou aumento da frequência cardíaca, vasoconstrição ou vasodilação, de acordo com a
necessidade. Ou seja, se a pressão arterial está elevada, por meio do negativo, essa pressão diminuiráfeedback
até os valores normais para aquele indivíduo. Porém, se a pressão arterial diminuiu, por meio do feedback
negativo, os valores da pressão arterial se elevarão até atingir a normalidade daquele indivíduo.
positivoFeedback 
- -5
Por outro lado, o positivo reforça a variável. Funciona da mesma forma que no negativo,feedback feedback 
porém, agora, o comando enviado para o efetor é de intensificação, ou seja, aquela variável vai ser ainda mais
estimulada. Exemplo: situação de parto. Por meio do negativo, as contrações uterinas seriamfeedback
anuladas, mas se isso acontecer o bebê não irá nascer, já que são as contrações uterinas que favorecem a saída
do bebê do útero. Com o positivo, quanto mais contrações e estiramentos, mais contrações uterinasfeedback
irão acontecer até que o bebê nasça.
Aprofundando um pouco mais nosso conhecimento, o conceito de homeostase é aplicado ao funcionamento
celular. Existem diversos tipos de células, vamos usar um modelo simplificado, mas que se aplica a todos os
tipos de células eucariontes.
No esquema abaixo, observe uma célula eucarionte, dotada de diversas organelas com diferentes funções e de
um núcleo contendo em seu interior nosso material genético, o DNA. Queremos chamar atenção para o
envoltório celular, denominado . Ainda que as demais estruturas celulares sejamMembrana Plasmática
interessantes, serão focos de outra disciplina chamada Processos Biológicos.
Figura 1 - A) Uma ilustração de uma célula animal, com seus constituintes citoplasmáticos. B) Uma ampliação do envoltório celular, 
conhecido como membrana plasmática, ilustrando sua composição. Fonte: VladimirIshuk; KallayanneNaloka Shutterstock.
Agora, observe o quadro abaixo.
- -6
Figura 2 - Concentrações iônicas homeostáticas no meio extracelular e intracelular Fonte: Elsevier, [s.d].
Quando a membrana plasmática consegue garantir que as concentrações iônicas intracelulares estejam de
acordo com a necessidade celular, a célula está em homeostase.
A função de transporte entre o meio extra e intracelular é então muito importante para as células. Tanto para
entrar (influxo) como para sair (efluxo), todas as substâncias químicas atravessam a membrana plasmática. Os
transportes pela membrana podem ser divididos de acordo com dois critérios: mediados e não mediados, e
ativos e passivos. O transporte mediado é feito pelas proteínas, que podem ser carreadoras (transportadoras)
ou proteínas de canais. Neste caso, as substâncias que querem entrar ou sair da célula precisam de ajuda destas
proteínas ou canais.
A maior parte das moléculas que são transportadas fazem uso do que chamamos de mediadores ou canais
, proteínas localizadas na membrana plasmática capazes de mudar a sua conformação ao setransportadores
ligarem à molécula na qual possuem especificidade, transportando-a para o MIC ou para o MEC.
Você o conhece?
Robert Hooke foi um cientista inglês da Universidade de Oxford, que viveu no século 
XVII, o primeiro a descrever a existência das células. Fez isso a partir da análise de 
cortiça, observou que ela era formada por “pequenas celas”, a qual chamou de células.
- -7
Figura 3 - Proteínas transportadoras de membranas plasmáticas Fonte: Sakurra/Shutterstock
Na figura, você pode observar a membrana plasmática em destaque com suas proteínas transportadoras. À
esquerda, um canal fechado e à direita, o canal aberto, permitindo a difusão dos íons de um meio para outro.
No transporte não mediado, as substâncias atravessam a membrana plasmática sem a ajuda de proteínas.
Clique nas abas e aprenda mais sobre o tema.
Transporte ativo
No transporte ativo a célula gasta ATP e ele ocorre contra um gradiente de concentração e com uso de um
mediador (carreador ou proteína de canal).
Transporte passivo
No transporte passivo, a célula não gasta ATP. São exemplos de transporte passivo: a osmose, realizada pela
água no corpo humano, quando ela vai de uma área de alta concentração de água para uma área de baixa
concentração de água; a difusão simples, que ocorre quando um íon ou gás é transportado sem um mediador e
sem gasto energético; e a difusão facilitada, ocorrida quando um íon ou gás é transportado com um mediador,
porém, sem gasto energético.
Você sabia?
Você sabia que a diabetes é uma doença das células? A glicose provinda da alimentação 
é a principal matéria prima para a produção de ATP, porém, ele só será produzido a 
partir do momento que a glicose for transportada do sangue para dentro das células. A 
insulina (hormônio produzido pelo pâncreas) atua facilitando a entrada da glicose nas 
células. Existem diversos tipos de diabetes, as mais comuns são a “tipo 1” e a “tipo 2”. 
Na diabetes tipo 1, a pessoa não produz insulina (é uma doença autoimune, em que o 
próprio corpo destrói as células pancreáticas produtoras de insulina). Já na diabetes tipo 
2, a pessoa tem deficiência nas proteínas celulares que se ligam à insulina. Seja a 1 ou a 
2, a pessoa tem dificuldades em fazer essa glicose sanguínea entrar no meio intracelular 
e, por isso, ela se acumula no sangue.
- -8
Existem milhares de proteínas transportadoras na membrana plasmática, isso porque elas têm alta
especificidade, ou seja, existe uma proteína transportadora específica para o sódio, outra para o potássio, outra
para o cálcio e por aí vai. A membrana plasmática é dinâmica, isso significa que as proteínas transportadoras
não são estáticas, ao contrário, migram pela membrana a fim de garantir que os íons ou moléculas consigam
ser transportados para dentro ou para fora, não importando o local em que estejam.
Vamos praticar o que estudamos até aqui? Vimos em nossos estudos sobre os transportes ativos e passivos.
Clique e arraste o nome de acordo com você aprendeu sobre o tema.
Estudo de Caso
Caso clínico: J.M.T., homem, 54 anos, obeso, hipertenso e diabético tipo 2 há 20 anos, 
procurou o hospital. Ao exame físico, observou-se ferida no pé esquerdo, rarefação de 
pelos e perda da sensibilidade nas pontas dos dedos. Quando o médico perguntou sobre 
a ferida, J.M.T. disse que nunca tinha percebido a presença dela. O médico tratou a 
ferida e orientou J.M.T. em relação à sua doença.
Em uma situação normal, o açúcar (glicose) ingerido na nossa dieta é absorvido e cai na 
corrente sanguínea, aumentando a glicemia (quantidade de glicose no sangue). O 
aumento da glicemia sinaliza para o pâncreas produzir mais insulina, aumentando a 
capacidade de captação da glicose pelas células. Com a entrada da glicose nas células, a 
glicemia diminui. A redução da glicemia sinaliza para o pâncreas reduzir a produção da 
insulina, formando uma alça de . feedback
No caso de J.M.T., no diabetes tipo 2, as células podem adquirir resistência à insulina, 
destruindo ou não produzindo os receptores de insulina da membrana celular e 
impedindo a entrada da glicose. Dessa maneira, a glicose fica livre no sangue e acaba se 
acumulando em alguns tecidos, principalmente nas extremidades do corpo.
A produção da insulina é um exemplo muito claro de negativo, pois a redução feedback 
da glicemia inibe a produção de insulina no pâncreas. O é negativo porque tem feedback
uma ação reversa ao estímulo inicial. As alças de negativo são homeostáticas, feedback 
pois mantêm em equilíbrio dinâmico o funcionamento do organismo. Veja que assim 
que a glicemia baixar, o negativo fará com que o pâncreas produza menos feedback 
insulina, já que ela não será mais necessária.
No caso do nosso paciente J.MT., a fase do controle da glicemia que está em 
desequilíbrio é a etapa em que a insulina será transportada para o MIC, por meio uma 
proteína de membrana (receptor), já que as células do corpo destroem ou deixam de 
fabricar esses receptores, pois adquiriram resistência à insulina.
- -9
Antes de continuar seus estudos, participe de um fórum.
Na sequência, vamos estudar sobre os níveis organizacionais de diferentes tecidos. Fique atento.
1.2 Como o organismo humano está organizado?
Para compreender a homeostase, faz-se necessário que compreendamos o que chamamos de “Níveis
Organizacionais”. E é sobre esse tema que estudaremos neste tópico.
Antes de iniciar o estudo dos níveis de organização do corpo humano, assista ao vídeo que preparamos para
você!
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229035&entry_id=1_4gvuaa1y
Ao ler um livro, muitas vezes, não refletimos sobre isso, mas esse livro precisa ser formado por capítulos.
Esses capítulos são formados por parágrafos, que são formados por palavras, que são formadas por letras
combinadas.
Quando observamos um indivíduo, o vemos como um livro finalizado. Porém, esse indivíduo é formado por 
(nervoso, respiratório, cardiovascular, urinário, endócrino, digestório, esquelético e genital). Cadasistemas 
sistema é formado por um conjunto de órgãos que trabalham para a mesma finalidade. Esses órgãos são
formados por tecidos, que por sua vez são formados por .células
Figura 4 - Constituição corporal humana e seus constituintes celulares. Fonte: Tortora e Derrickson(2016); GrapphicsRF/Shutterstock
Ainda comparando com um livro, os capítulos interagem uns com os outros. Os sistemas corporais não
trabalham de maneira individual, mas exercem grande influência e até mesmo manutenção no funcionamento
dos demais sistemas.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229035&entry_id=1_4gvuaa1y
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229035&entry_id=1_4gvuaa1y- -10
Por exemplo, de que adianta o sistema cardiovascular trabalhar e enviar sangue a todo o corpo, se o sistema
respiratório não lhe ofertar o oxigênio ou o sistema digestório não ofertar os nutrientes necessários? De que
adianta um carteiro ir às ruas, se não houver quem escreva as cartas? Entendem como um sistema precisa do
outro?
A homeostase começa em nível celular. Se as células estão exercendo bem suas funções, logo o tecido
também está. Consequentemente, o órgão funciona de maneira adequada e assim os sistemas corporais
também.
Temos quatro tecidos fundamentais que compõem nosso corpo, são eles: tecido epitelial, tecido muscular,
tecido nervoso e tecido conjuntivo.
Cada um deles desempenha um papel fundamental à nossa existência, porém, com características diferentes.
Clique nas abas abaixo e conheça mais detalhes sobre cada um deles.
Tecido epitelial 
O tecido epitelial é responsável pelo revestimento de superfícies externas (como a pele, por exemplo) e
internas do nosso corpo (nossos órgãos). O tecido epitelial de revestimento é responsável por proteger as
superfícies internas e externas do corpo ou fazer a absorção de elementos. Dessa maneira, as células que o
compõem podem apresentar diferentes formatos ou estar dispostas em camadas. Ainda existe uma forma
especializada de tecido epitelial, com a capacidade de secreção. Para este, damos o nome de tecido epitelial
glandular.
Tecido muscular
Você sabia?
Uma das maiores causas de mortes no mundo, de acordo com a Organização Mundial da 
Saúde (OMS), é o Infarto Agudo do Miocárdio. Muitos acreditam que a causa dessa 
morte é o “entupimento” de algumas artérias cardíacas, as artérias coronárias. No 
entanto, o problema não é a obstrução das artérias, mas o fato de haver um bloqueio na 
passagem do sangue (que leva os nutrientes e gases necessários para a vida celular), as 
células morrem (necrose). Se as células do coração sofrem necrose, logo, o órgão para 
de funcionar.
Por isso que é possível um indivíduo se manter vivo após um procedimento conhecido 
como revascularização do miocárdio, com a implantação de que desobstrui a stent,
artéria e restabelece o fluxo sanguíneo.
- -11
O tecido muscular é composto por células com capacidade contrátil. Essas células apresentam formato de fibra
e, por isso, recebem o nome de fibra muscular. Temos três tipos de tecido muscular: tecido muscular estriado
esquelético, que compõe a musculatura do corpo; tecido muscular estriado cardíaco (ou miocárdio), que
compõe o coração; e tecido muscular liso que compõe nossos órgãos internos como estômago, intestino, útero,
etc.
Tecido nervoso
O tecido nervoso é um tecido especializado na condução de informações, na comunicação entre os demais
tecidos e sistemas. É formado por neurônios (unidade funcional) e células da glia (dão o suporte necessário
para o funcionamento adequado dos neurônios e a manutenção do tecido).
Tecido conjuntivo
Já o tecido conjuntivo é o tecido que forma o conjunto com os demais. Também chamado de tecido conectivo,
esse tecido encontra-se associado a todos os demais, conectando cada um deles. Isso porque é o único tecido
vascularizado. As células principais são os fibroblastos e fibrócitos (responsáveis pela síntese e manutenção da
matriz extracelular), macrófagos, mastócitos e plasmócitos (células responsáveis pela defesa do tecido) e a
célula mesenquimal (precursora destes tipos celulares). Há vários subtipos de tecido conjuntivo, como o tecido
ósseo, o tecido cartilaginoso, o tecido adiposo e outros.
Na sequência, realize a atividade especialmente proposta para testar seus conhecimentos sobre a membrana
plasmática e outros temas relacionados ao corpo humano.
Os quatro tecidos fundamentais formam os órgãos do corpo humano. Alguns órgãos com funções semelhantes
se agrupam formando os sistemas orgânicos.
Figura 5 - Constituição corporal humana Fonte: Macrovector/Shutterstock
Aprenda mais sobre os sistemas orgânicos, clicando nas abas abaixo.
- -12
Sistema esquelético
O sistema esquelético é formado por ossos e cartilagens e sua função é dar sustentação e forma ao organismo.
Sistema articular
O sistema articular é formado pelas articulações, cuja função é unir segmentos do corpo humano.
Sistema muscular
O sistema muscular é formado pelos músculos associados ao nosso esqueleto, bem como é formado pelo
coração e alguns órgãos o músculo liso. A função desse sistema é a geração de movimento, ou seja,
movimentar o corpo ou impulsionar e movimentar o sangue ou ainda movimentar o bolo alimentar no interior
do nosso sistema digestório, por exemplo.
Sistema nervoso
O sistema nervoso é formado pelo nosso encéfalo, medula espinal, nervos e gânglios e tem a função de
percepção do ambiente interno e externo, compreender e gerar respostas para a manutenção da homeostase e
gerar comportamentos.
Sistema circulatório
O sistema circulatório é formado pelo coração e uma rede condutora, a qual nomeamos vasos sanguíneos.
Tem a função de conduzir o sangue para todo o corpo a fim de serem distribuídos os nutrientes e materiais
adequados para a sobrevivência celular.
Sistema respiratório
O sistema respiratório é formado pelo nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios e pulmões. É responsável por
fazer a troca gasosa, filtrar, aquecer e umidificar o ar inspirado.
Sistema digestório
O sistema digestório tem a função de captar o alimento, digeri-lo e a partir daí absorver os nutrientes
necessários para o corpo e excretar aquilo que não pudemos digerir. É formado pela boca, faringe, esôfago,
estômago, intestino delgado e intestino grosso, além de algumas glândulas anexas como o fígado, o pâncreas e
as glândulas salivares.
Sistema urinário
O sistema urinário é formado pelos rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. É responsável pela filtração do
sangue e formação da urina, pela manutenção do volume plasmático, bem como a manutenção iônica
plasmática.
Sistema linfático
- -13
O sistema linfático é formado pelos vasos linfáticos e linfonodos. Faz o recolhimento do líquido que se
acumula entre os tecidos (liquido intersticial) e forma a linfa, faz a absorção dos lipídeos no intestino
formando o quilo e ainda pode atuar na defesa do organismo, eliminando possíveis patógenos.
Sistema genital
O sistema genital masculino é formado pelo testículo, epidídimo, ducto deferente, glândula seminal, ducto
ejaculatório, próstata, uretra, glândula bulbouretral, pênis e escroto. Já o sistema genital feminino é formado
pelos ovários, tuba uterina, útero, vagina e genitália externa, também chamada de vulva, formada por monte
do púbis, lábios maiores, lábios menores, clitóris e glândulas vestibulares. Ambos os sistemas são
responsáveis pela formação e manutenção dos gametas (espermatozoide e ovócito) e produção de hormônios.
Alguns sistemas podem ser agrupados e formar aparelhos. É o caso dos sistemas esquelético, articular e
muscular, que se juntos permitem a locomoção e, por isso, formam o que chamamos o aparelho locomotor.
Esse também é o caso do Aparelho urogenital, formado pelos sistemas urinário, genital masculino e feminino.
Agora, para continuar seus estudos, no próximo tópico você verá sobre a terminologia anatômica. Mantenha-
se concentrado!
1.3 Como me comunicar utilizando os termos adequados?
Os profissionais de saúde utilizam uma linguagem científica com termos próprios para descrever as estruturas
anatômicas e suas funções. Esses termos permitem que a comunicação seja mais eficaz e precisa. A partir
deste momento, vamos discutir alguns termos e normas para que possamos adequar nossa linguagem ao
contexto profissional.
Ao estudarmos o corpo humano, faremos descrição das estruturas anatômicas que o compõem. Por exemplo:
O estômago é um órgão em formato de “J”, localizado na cavidade abdominal, ligado ao esôfago e ao
duodeno (intestino delgado).
Toda a descrição das estruturas anatômicas que serão feitas, serão de estruturas normais.
Normal na anatomia é todacaracterística que se repete na maior parte dos indivíduos. Então, é normal que o
estômago da maioria das pessoas seja dessa forma. Porém, será que todos os indivíduos possuem todas as
características corporais normais? Não. Quando um indivíduo apresenta alguma característica que fuja dos
padrões normais da anatomia, mas isso não interfere no funcionamento daquela estrutura, atribuímos o nome
de variação anatômica. Portanto, variação anatômica é uma característica interna ou externa que não é normal,
mas que mantem a sua função integra.
- -14
Por exemplo, a estatura. No Brasil, o normal é que os homens apresentem uma estatura média de 1,73 m.
Joaquim, é um rapaz de 23 anos que tem 2,04 m. Considerando-se a população brasileira, a estatura de
Joaquim é normal?
Do ponto de vista anatômico, um indivíduo com 2,04 m, não é normal, pois difere da maioria. Do ponto de
vista anatômico, diríamos que Joaquim apresenta uma , pois, embora a estatura difira davariação anatômica
maioria, ela não traz prejuízos funcionais ao Joaquim.
Veja que todos somos portadores de variações anatômicas e precisamos que você se lembre disso quando
estiver examinando ou avaliando seus pacientes, alunos e clientes.
Quando a morfologia diferente gerar algum tipo de prejuízo na função da estrutura anatômica, dizemos que
isso é uma . Por exemplo, a fissura lábio-palatina é uma anomalia anatômica, pois o indivíduoanomalia
apresenta os lábios e o palato fendidos, impedindo a adequada função alimentar e de fala.
Figura 6 - Anomalia: fissura lábiopalatina Fonte: Shutterstock
Em nossos estudos sobre o corpo humano, vamos priorizar aquilo que é normal, mas sempre trazer algum
exemplo ou caso de alguma anomalia ou variação anatômica para que possamos discutir.
O corpo humano é dividido em regiões. No objeto abaixo, clique nas diferentes partes que compõem o corpo
humano e aprenda mais sobre elas.
As estruturas anatômicas contidas na cabeça, estão inseridas na cavidade craniana; as estruturas contidas no
tórax, estão na cavidade torácica; as estruturas contidas no abdômen estão na cavidade abdominal; por sua
vez, as estruturas localizadas na região da pelve estão inseridas na cavidade pélvica.
Para estudarmos o corpo humano, é preciso que alguns padrões anatômicos sejam estabelecidos, para que, ao
se descrever a localização de determinada estrutura, todos compreendam da mesma forma. Para compreender
melhor, observe as imagens a seguir.
- -15
Figura 7 - Corpo humano e suas posições Fonte: MarcusVDT; Africa Studio/Elena EfimovaShutterstock
Será que, independentemente da posição que a pessoa se encontre, podemos afirmar que essa pessoa tem a
cabeça acima do pescoço?
Obviamente que este exemplo foi bem simplista, mas pense na posição dos órgãos ou ossos. Vamos supor que
uma pessoa precise fazer uma cirurgia para a retirada de um tumor intestinal, e o responsável técnico pelos
exames de imagem fizesse a tomografia com o paciente “deitado de bruços”. Será que para o médico seria
fácil saber o local certo da incisão?
Por isso foi estabelecida a . Todo o estudo corporal será baseado nesta posição.Posição Anatômica
Clique sobre os números do infográfico a seguir e aprenda mais sobre essa posição.
Pronto. A partir daí, podemos fazer qualquer descrição de localização de órgãos, músculos, ossos etc. A
posição anatômica faz com que qualquer pessoa no mundo compreenda o que foi dito.
Você quer ler?
A anatomia é uma ciência muito antiga, e há registros de que vem sendo estudada desde 
antes de Cristo, na Idade Antiga. Durante todos esses séculos de estudo anatômico, essa 
ciência se modernizou, mas algumas coisas permanecem as mesmas desde os tempos 
antigos. Você quer saber mais sobre como os primeiros anatomistas criaram essa ciência 
e a terminologia que descreve o corpo humano?
- -16
Somos indivíduos tridimensionais, isso significa que possuímos profundidade. Como, então, descrever as
estruturas que estão mais atrás ou mais à frente? Ou mais acima e mais abaixo? Mais de um lado ou mais no
meio? Isso também foi padronizado, são os . Para conhecer os principais, clique nos itensTermos Direcionais
abaixo.
Superior
Para se referir a alguma estrutura que esteja acima de outra.
Inferior
Para se referir a alguma estrutura que esteja abaixo de outra.
Anterior
Para se referir a alguma estrutura que esteja mais à frente de outra.
Posterior
Para se referir a alguma estrutura que esteja mais atrás de outra.
Medial
Para se referir a alguma estrutura que esteja localizada mais ao centro do corpo, comparada a outra.
Lateral
Para se referir a alguma estrutura que esteja localizada mais à lateral (direita ou esquerda) do que outra.
Superficial
Para se referir a alguma estrutura que esteja mais próxima à superfície do corpo do que comparada a outra.
Profundo
Para se referir a alguma estrutura que esteja mais distante da superfície do corpo quando comparada a outra.
Proximal
Utilizado apenas para os membros superiores e inferiores, para estruturas que estejam mais próximas a região
do tronco, quando comparado a outra.
Leia: LAROSA, Paulo Ricardo R. : texto e atlas. Rio de Janeiro: Anatomia humana
Guanabara Koogan, 2018. p. 1-10. Você encontrará essa obra acessando a Minha 
Biblioteca.
- -17
Distal
Utilizado apenas para os membros superiores e inferiores, para estruturas que estejam mais distantes da região
do tronco, quando comparado a outra.
Agora, confira alguns exemplos de uso dos principais .Termos Direcionais
• Os olhos são superiores ao nariz.
• A boca é inferior ao nariz.
• O osso esterno é anterior às vértebras torácicas.
• As vértebras torácicas são posteriores ao osso esterno.
• O osso ulna é medial em relação ao osso rádio.
• O osso rádio é lateral em relação ao osso ulna.
• O músculo oblíquo externo é superficial em relação ao músculo oblíquo interno.
• O músculo oblíquo interno é profundo ao músculo oblíquo externo.
• As falanges são distais em relação aos ossos do carpo.
• Os ossos do carpo são proximais em relação às falanges.
Repare que, para cada um dos exemplos, foi feito o uso de comparativos. Não se pode dizer apenas: “O
coração é inferior”. Pois, nesse caso, ele é inferior a quem? Mas ele também é superior a alguém, lateral a
alguém, anterior e posterior a alguém.
Imagine o corpo humano como uma caixa simples. Agora, insira o coração dentro dela. Haverá sempre uma
parede da caixa à frente, atrás, nas laterais, acima e abaixo. Por isso, é importante que comparemos sempre ao
menos duas estruturas anatômicas para fazer o uso dos termos direcionais.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Você quer ver?
Estamos aprendendo os planos tradicionais de secção do corpo humano e os que são 
utilizados nos livros técnicos e exames de imagem. Mas há quem inove e prepare o 
corpo humano para estudo de formas diferentes. Um deles é o Dr. Gunther Von Hagens, 
que viaja o mundo com exposições de ‘arte’ que mostram o corpo humano em posições 
pouquíssimo convencionais. Assista ao vídeo e tire suas próprias conclusões!
Disponível em: < >.https://youtu.be/yEutJeER0XE
https://youtu.be/yEutJeER0XE
- -18
Figura 8 - Órgãos em caixa. Assim é nosso corpo, somos uma caixa que contém órgãos internamente. Fonte: Adaptado deJocic; decade 
3d anatomy online/Shutterstock.
Por fim, precisaremos cortar ou seccionar o corpo humano para ver os órgãos e estruturas que estão dentro
dele. A maneira de cortar o corpo humano foi padronizada, e chamamos de planos de secção do corpo humano
. São quatro: plano sagital paramediano (divide o corpo humano em partes direita e esquerda); plano sagital
mediano (divide o corpo humano exatamente ao meio, em metades direita e esquerda; plano horizontal (divide
o corpo humano em partes superior e inferior) e plano frontal (divide o corpo humano em partes anterior e
posterior).
Figura 9 - Planos de secção Fonte: Blamb/Shutterstock.
Esses planos nos ajudarão a compreender e visualizar as estruturas como elas são internamente.
Assista ao vídeo quepreparamos para você e revise esses conceitos!
- -19
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229113&entry_id=1_egnhb6x0
Na sequência, realize a atividade especialmente proposta para testar seus conhecimentos neste tópico.
1.4 Como o sistema nervoso funciona como centro integrador?
Vamos começar nosso estudo dos sistemas do corpo humano pelo sistema nervoso! O sistema nervoso é um
dos mais complexos e é o principal centro integrador para a manutenção da homeostase. Seu funcionamento
influencia todos os demais sistemas orgânicos. O sistema nervoso é responsável por receber estímulos do
ambiente ou da periferia do corpo, interpretá-los e gerar respostas adequadas. É dessa maneira que o sistema
nervoso controla o funcionamento de todos os órgãos do corpo e gera comportamentos.
A unidade funcional do SN é uma célula chamada , célula especializada na capacidade deneurônio
transmissão de mensagens, sejam elas químicas ou elétricas. Existem milhões de neurônios espalhados por
todo o corpo, formando o SNC e SNP. As partes que compõe um neurônio são o corpo celular, onde situa-se o
núcleo da célula e suas principais organelas; os dendritos, pequenas ramificações que partem do corpo do
neurônio; o axônio, ou fibra nervosa, pela qual o impulso elétrico será conduzido e as terminações nervosas.
Os neurônios podem se apresentar de diferentes formas; acompanhe.
Figura 10 - Tipos de neurônios Fonte: Designua/Shutterstock.
Mas o modelo didático principal é este ilustrado a seguir. Confira!
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229113&entry_id=1_egnhb6x0
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229113&entry_id=1_egnhb6x0
- -20
Figura 11 - Neurônio Fonte: gritsalakkaralak/Shutterstock.
A seguir, encontramos as células da glia. São elas: Células de Schwann, Oligodendrócitos, Astrócitos,
Microglias e Células Ependimárias.
Figura 12 - Célula de Glia Fonte: Vector_mine/Shutterstock.
Dessas, vamos destacar as e . São duas células que têm a mesmacélulas de Schwann os oligodendrócitos
função, porém, em locais diferentes. Para conhecê-las, clique nas abas abaixo.
Células de Schwann
As células de Schwann encontram-se no SNP, enrolando-se ao redor dos axônios dos neurônios, formando a
bainha de mielina.
Oligodendrócitos
Os oligodentrócitos se encontram no SNC e são responsáveis pela formação da bainha de mielina, que
aumentará a velocidade da propagação do impulso nervoso.
- -21
As demais células irão trabalhar na manutenção das condições adequadas para que estes neurônios sobrevivam
e exerçam suas funções de maneira adequada. Vamos conhecer mais sobre elas? Clique nos a seguir ecards
confira!
Astrócitos
Os astrócitos são células que têm prolongamentos que os fazem semelhantes a astros (estrelas), são as células
mais abundantes da neuroglia. Esses prolongamentos conectam os neurônios aos vasos sanguíneos, garantindo
uma permeabilidade e nutrição seletiva e protegendo-os contra substâncias nocivas.
Micróglias
As micróglias são as menores células da glia e funcionam como fagócitos. Ou seja, células que removem
restos celulares e microrganismos.
Ependimárias
Por fim, as células ependimárias produzem e mantêm o líquor.
E você sabe como os neurônios funcionam? Todos os neurônios do nosso corpo são capazes de produzir
atividade elétrica, e chamamos esta habilidade de potencial de ação. Aqueles mesmos átomos mencionados
no início deste capítulo, fundamentais para a vida celular, têm cargas elétricas positivas ou negativas.
Portanto, há, sim, eletricidade constante em seu corpo; não na mesma força de uma corrente elétrica de uma
tomada, mas há. A eletricidade com a qual estamos acostumados, é medida em volts, enquanto que a corrente
elétrica que percorre nosso corpo é medida em milivolts, ou seja, mil vezes mais fraca do que um volt. Os
neurônios são células capazes de usar destes íons para produzira atividade elétrica.
O potencial de ação é iniciado diante de um estimulo que pode ser temperatura, dor, luz, alteração de glicose
sanguínea, pressão arterial etc.
Na ausência de estímulo, dizemos que o neurônio está em estado de repouso. Nossos neurônios produzem
grandes proteínas carregadas com carga negativa, estas proteínas são ânions. No estado de repouso, o MIC do
neurônio acaba ficando negativo por causa desses grandes ânions de proteína. No repouso, também ocorre
entrada livre do íon potássio (K+) para o interior da célula.
A chegada de um estímulo faz com que canais iônicos sejam ativados na membrana celular do neurônio. Os
canais de sódio, por exemplo. Como o sódio (Na+) está mais concentrado no meio extracelular, por difusão
simples, ele tende a entrar no meio intracelular. É como em uma estação de metrô: se a plataforma está mais
cheia, comparada ao vagão, as pessoas tendem a entrar.
- -22
A entrada de uma alta quantidade de íons Na+ no MIC faz com que o interior do neurônio deixe de ser
negativo e fique positivo, invertendo a sua polaridade. A inversão de carga elétrica negativa para positiva é
chamada de .Despolarização
Figura 13 - Despolarização Fonte: Sakurra/Shutterstock
Lembrando que no MIC temos íons com cargas positivas e negativas, porém, em proporção, no estado de
repouso, temos muito mais cargas negativas do que positivas quando comparamos com o MEC. Por isso,
muitos autores descrevem o MIC como um ambiente mais negativo no repouso.
Com a despolarização, a célula terá no seu interior os grandes ânions de proteína, os íons de Na+ e os íons de
K+.
Para voltar ao seu estado normal de negatividade, o neurônio precisa remover a carga positiva. Ele começa
fazendo isso pelo K+, pois esse íon entra e sai do neurônio por transporte passivo, sem gasto energético.
Com a abertura dos canais de potássio, a célula vai deixando de ter uma carga tão positiva e vai voltando à
negatividade. Essa nova etapa é denominada .Repolarização
Com isso, aquele ambiente interno que estava positivo começa a se tornar negativo mais uma vez e,
lentamente, com gasto energético, o Na+ vai sendo bombeado para fora da célula.
A questão é que os canais de potássio são muito mais permeáveis do que os canais de sódio, portanto, mesmo
após o neurônio já ter atingido a voltagem interna necessária, os íons de potássio continuam a sair. O MIC do
Você o conhece?
Henry Dale foi um farmacologista britânico que viveu de 1875 a 1968. Recebeu o 
prêmio Nobel de 1936, por fazer descobertas sobre as comunicações químicas entre 
neurônios, que hoje chamamos de sinapses.
- -23
neurônio, que deveria estar em torno de -65mV, agora fica bem mais negativo. A essa fase, denominamos 
.Hiperpolarização
A célula agora encontra dois problemas: além de estar muito mais negativa do que deveria estar, o MIC ainda
está concentrado em sódio, e o MEC está concentrado em potássio, quando na realidade para a célula estar em
repouso, isso deveria ser ao contrário.
Nesse momento, entra em ação a bomba de sódio e potássio, que terá por responsabilidade o restabelecimento
do equilíbrio. Porém, para fazer isso, ela fará o uso de ATP (energia).
A bomba de Na+/K+ devolverá os íons para seus meios de origem, mas não na mesma proporção, pois não
podemos esquecer que ela precisa deixar o MIC mais negativo do que o MEC. Então, serão três Na+ para o
MEC e dois K+ para o MIC. Assim acontecerá até que as concentrações e cargas iônicas estejam novamente
restabelecidas e o neurônio volte ao estado de repouso e esteja pronto para receber um novo estímulo.
Resumindo: o potencial de ação do neurônio é composto pelas fases de repouso, despolarização, repolarização
e hiperpolarização.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550234099&entry_id=1_by7n5hf3
Toda essa descrição que fizemos sobre o potencial de ação parece demorar, mas, na realidade, cada potencial
de ação não ultrapassa a casa dos milésimos de segundos. Agora mesmo, ao ler e processar essas informações,
milhares de neurônios estão gerando potenciais de ação numa velocidade incrível. Desde os receptores
sensoriais localizados nos seus olhos e ouvidos, até o seu encéfalo, compreendendo cada palavra e
organizando em sua memória.
Sem dúvida alguma, o neurônio é fundamental para o funcionamento do SN. Mas a velocidade de propagação
desse impulso nervoso dependentes de algumas células da glia.
Você sabe como ocorre esse processo? Bem, para que uma corrente elétrica seja propagada, precisa de um
meio condutor. Por exemplo, se você estiver descalço num piso úmido e uma descarga elétrica atingir o piso, a
chance de você ser eletrocutado é grande, pois a água é condutora de eletricidade. Porém, se você estiver
dentro de um carro, a chance é menor, isso porque a borracha dos pneus é isolante elétrica.
A bainha de mielina é a própria membrana plasmática da célula de Schwann e do oligodendrócito, envolvida
sobre o axônio do neurônio. Como já vimos, no início deste capítulo, a composição da membrana plasmática é
fosfolipídica, portanto, isolante elétrica.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550234099&entry_id=1_by7n5hf3
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550234099&entry_id=1_by7n5hf3
- -24
Isso aumenta a velocidade da propagação do impulso nervoso, pois aquele potencial de ação que percorreria
todo o axônio, agora acontecerá pontualmente entre uma bainha e outra, região que chamaremos de ou nós
. Além disso, há economia de ATP, pois a bomba de sódio e potássio será ativada em algunsnodos de Ranvier
momentos apenas.
Figura 14 - Células formadoras da Bainha de Mielina Fonte: Designua; Pikiru/Shutterstock.
Na imagem, podemos ver as células responsáveis pela produção da bainha de mielina. Também observe de
que forma a bainha de mielina aumenta a velocidade de propagação do impulso nervoso. Lembre-se que as
etapas acontecem de maneira completa apenas nos Nós de Ranvier.
E você sabe como os neurônios se comunicam? Clique nas setas para aprender sobre o tema.
Por meio de . Sinapse é a comunicação entre os neurônios. No sistema nervoso humano, asinapses
maior parte das sinapses é do tipo química, ou seja, os neurônios utilizam substâncias químicas para se
comunicar. Essas substâncias químicas são chamadas de neurotransmissores. Os neurotransmissores
mais conhecidos são a adrenalina e a acetilcolina. Estas substâncias químicas são produzidas pelos
neurônios e ficam armazenadas em seu interior em pequenas bolsas, chamadas de vesículas sinápticas.
As vesículas sinápticas liberam os neurotransmissores no momento certo para que a sinapse possa
acontecer.
De maneira geral, para que uma sinapse aconteça, precisamos de dois neurônios, sendo um neurônio
pré-sináptico e um neurônio pós-sináptico. Entre esses dois neurônios, há um pequeno espaço que os
separa chamado de fenda sináptica.
Você sabia?
A esclerose múltipla é uma doença degenerativa das células da glia, que formam a 
bainha de mielina. Dessa maneira, os impulsos nervosos vão perdendo a velocidade de 
propagação de maneira progressiva, até que o controle neural sobre os órgãos alvos se 
torna inefetivo.
- -25
Durante a sinapse, o neurônio que recebe o estímulo e está despolarizando é o neurônio pré-sináptico.
Durante a despolarização, íons de cálcio entram no neurônio pré-sináptico e promovem a migração das
vesículas sinápticas para a área de sinapse e a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica.
Esse neurotransmissor atua sobre o neurônio seguinte, o pós-sináptico.
Quando o neurônio pós-sináptico despolariza sob ação do neurotransmissor, dizemos que esse
neurotransmissor é excitatório. Quando o neurônio pós-sináptico hiperpolariza sob ação do
neurotransmissor, dizemos que esse neurotransmissor é inibitório. Assim, um estímulo percebido pode
ou não ser passado adiante entre os neurônios.
Assista ao vídeo que preparamos para você e revise estes conceitos!
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229156&entry_id=1_6kkqeytj
Anatomicamente, o sistema nervoso pode ser dividido em Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso
Periférico. Recebem esses nomes pela sua localização em nosso corpo, um mais central, protegido pelos ossos
do crânio e da coluna vertebral, e outro espalhado por toda a periferia do corpo, desprotegido por ossos.
O sistema nervoso central (SNC) é formado por: Encéfalo e Medula Espinal, como mostra a imagem abaixo.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229156&entry_id=1_6kkqeytj
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1550229156&entry_id=1_6kkqeytj
- -26
Figura 15 - Partes do sistema nervoso central (SNC) Fonte: takito/Shutterstock.
Já o sistema nervoso periférico (SNP), é formado por nervos e gânglios e terminações nervosas, como visto na
imagem abaixo.
- -27
Figura 16 - Sistema nervoso periférico (SNP) Fonte: Blamb/Shutterstock.
Agora, para saber mais sobre o SNP, clique nas abas abaixo.
Nervos
Nervos são conjuntos de axônios.
Gânglios
Gânglios são conjuntos de corpos
celulares.
Conheça as regiões que compõem o sistema nervoso central e periférico no objeto tridimensional abaixo.
Movimente-o nas diferentes direções para ter uma visão completa do encéfalo, medula espinal e dos nervos.
As terminações nervosas do SNP são capazes de perceber qualquer alteração no ambiente externo ou interno
ao corpo. Essas terminações são chamadas de receptores, e são específicos e especializados em visão, olfato,
tato, dor, temperatura, pressão etc.
Assim que percebe qualquer estímulo, o neurônio é despolarizado, e a informação, transformada em um sinal
elétrico, é conduzida ao SNCentral. Os neurônios que desempenham essa função são chamados de aferentes
ou sensitivos. No SNCentral, o sinal elétrico será interpretado e lá a decisão sobre o que deve ser feito diante
- -28
deste estímulo é tomada. Essa resposta será conduzida para a periferia do corpo por um neurônio eferente ou
motor. Por exemplo: ao escutar seu telefone tocando, você estica a mão para atendê-lo, certo? Os neurônios
que conduziram à informação do som ao SNCentral são aferentes, neles, o impulso elétrico sai da periferia e
vai para o centro. Os neurônios que conduziram a resposta, esticar a mão para atender, são eferentes, neles o
impulso nervoso vai do centro para a periferia do corpo.
Para saber como essas informações migram pelo nosso corpo, clique no infográfico a seguir.
Perceba que essas “setas” representam as informações que vão e vêm. Elas formam o que chamamos de
“vias”. Toda a informação percebida é enviada por uma até o SNC, e toda resposta enviada migravia aferente
por uma até o SNP efetor que executará o comando.via eferente 
As vias são como autoestradas de mão dupla, enquanto há informações sendo levadas, há informações sendo
trazidas pela medula espinal até o encéfalo e trazidas dele.
O sistema nervoso também pode ser dividido em e . O sistema nervoso somático é formadosomático visceral
por regiões do sistema nervoso que fazem um controle voluntário do organismo, enquanto o sistema nervoso
visceral faz o controle involuntário.
Por exemplo, você decide, de acordo com a sua vontade, se levantar ou se sentar, por meio do controle
voluntário dosmúsculos estriados esqueléticos. Estes, portanto, são controlados pelo sistema nervoso
somático.
Você sabia?
Você sabe qual a diferença principal em um indivíduo tetraplégico e outro paraplégico? 
O primeiro é aquele indivíduo que teve perda de mobilidade e da sensibilidade nos 
quatro membros. Já o segundo, diz respeito a um indivíduo que teve perda demobilidade 
e sensibilidade nos membros inferiores. Mas, você sabe o que determina essa diferença? 
O local da lesão medular. Como a medula espinal obrigatoriamente é o trajeto a ser 
percorrido pelos neurônios que vão ou vem do encéfalo e, ela está inserida na coluna 
vertebral, qualquer lesão mais grave na coluna pode interferir no funcionamento do 
sistema nervoso.
Uma pessoa que teve uma lesão cervical, ou seja, na região do pescoço, terá grandes 
chances de se tornar um tetraplégico, pois as informações não conseguem passar do 
pescoço. Porém, uma pessoa que teve uma lesão medular na região do tronco, terá mais 
chances de se tornar um paraplégico.
- -29
O sistema nervoso visceral está relacionado ao controle de órgãos formados por músculo liso, cardíaco ou que
sejam glândulas. O controle eferente das vísceras é realizado de maneira involuntária pelo sistema nervoso, ou
seja, independentemente da nossa vontade. Por exemplo, o coração ou o estômago: não podemos controlar o
seu funcionamento de acordo com a nossa vontade. É como se o SN agisse com autonomia para o controle das
vísceras. Por causa dessa característica, costumamos chamar as regiões do SN que controlam as vísceras de
Sistema Nervoso Autônomo.
Assim, para conhecer mais sobre o funcionamento do sistema nervoso, clique no infográfico abaixo.
O SNC, como já foi dito anteriormente, está dividido em encéfalo e medula espinal. Mas existem ainda
algumas subdivisões anatômicas na qual é importante estudarmos.
O encéfalo é dividido em: e . Por sua vez, o cérebro é subdividido em cérebro, cerebelo tronco encefálico
 e , e o em e . Confira no esquema a seguir.telencéfalo diencéfalo tronco encefálico mesencéfalo, ponte bulbo
Figura 17 - Divisão do SNC Fonte: Elaborado pela autora, 2018.
Cada uma dessas regiões tem funções especializadas na manutenção da homeostase, você estudará sobre elas
nos próximos capítulos. No entanto, é importante conhecer mais sobre o tema, por isso, observe a figura
abaixo.
Figura 18 - Partes do cérebro Fonte: Adaptado de Sebastian Kaulitzki/Shutterstock.
- -30
O telencéfalo é ainda dividido em dois hemisférios (direito e esquerdo), por meio da fissura longitudinal do
o. Cada hemisfério é dividido em cinco lobos: .cérebr lobo frontal, parietal, temporal, occipital e insular
Nesses lobos, encontramos os principais centros de controle como raciocínio, linguagem, movimento,
memoria, inteligência, emoções, sentidos etc.
Cada lobo do telencéfalo é formado por diversos giros, que são separados um do outro pelos sulcos. Confira
na imagem abaixo.
Figura 19 - Lobos cerebrais Fonte: Moore, Dalley e Agur (ano, p. 862).
No diencéfalo, uma região logo abaixo do telencéfalo, encontramos estruturas responsáveis pelo controle do
sistema nervoso autônomo e a glândula hipófise. A hipófise é responsável por produzir hormônios que
controlam quase que todas as outras glândulas do corpo.
Estudo de Caso
Recentemente, em nosso país, a epidemia do zika vírus causou o nascimento de muitas 
crianças portadoras de microcefalia. O vírus da zika ataca justamente os neurônios em 
formação durante a gestação, impedindo que os lobos do telencéfalo se formem 
adequadamente. Essas crianças poderão apresentar algumas dificuldades motoras, do 
raciocínio e da linguagem.
- -31
Figura 20 - Região do Diencéfalo: Hipotálamo e Hipófise Fonte: Tefi/Shutterstock
O tronco encefálico é dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo e suas funções estão relacionadas ao controle da
atividade elétrica cortical, do sono e da vigília e dos nervos que controlam funções da cabeça.
O cerebelo está relacionado à manutenção da postura, do equilíbrio e da coordenação motora. Já a medula
espinal, por sua vez, serve como um meio de condução das informações do encéfalo para a periferia do
organismo do pescoço para baixo e vice-versa. Por isso, quando há lesão medular, pode-se perder o controle
motor e a sensibilidade dessas regiões. Porém, a medula espinal não ocupa todo o interior do canal vertebral.
Em uma pessoa adulta ela apresenta aproximadamente 45 cm e termina na altura da segunda vértebra lombar
(L2).
A seguir, clique nas partes coloridas e conheça mais sobre essas importante partes do encéfalo.
Antes de passar para o próximo capítulo, realize a atividade especialmente proposta para testar seus
conhecimentos sobre esse tema. Vamos lá?
- -32
Conclusão
Vimos em nossos estudos que o nosso organismo está em uma busca constante pela homeostase, e que ela é
regida pelo sistema nervoso. Além disso, você pôde entender os principais constituintes corporais e estudar
sobre os principais sistemas do nosso corpo.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer as estruturas anatômicas que compõem o SNC e o SNP;
• compreender de que forma eles se integram e suas principais funções;
• aprender de que forma os neurônios se comunicam e quais as células responsáveis pela manutenção 
deste tecido.
•
•
•
- -33
Referências
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. . 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.Tratado de fisiologia médica
JUNQUEIRA, L. C. U.; CARNEIRO, J. : Texto e Atlas. 12 ed. Rio de Janeiro: GuanabaraHistologia básica
Koogan, 2013.
LAROSA, P. R. R. : Texto e Atlas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.Anatomia humana
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. . 7. ed. Rio deAnatomia orientada para a clínica
Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. : fundamentos de anatomia e fisiologia. 10. ed. PortoCorpo Humano
Alegre: Artmed, 2016.
	Introdução
	1.1 Mecanismos homeostáticos
	1.1.1. Homeostase e a membrana plasmática
	Feedback negativo
	Feedback positivo
	1.2 Como o organismo humano está organizado?
	Sistema esquelético
	Sistema articular
	Sistema muscular
	Sistema nervoso
	Sistema circulatório
	Sistema respiratório
	Sistema digestório
	Sistema urinário
	Sistema linfático
	Sistema genital
	1.3 Como me comunicar utilizando os termos adequados?
	1.4 Como o sistema nervoso funciona como centro integrador?
	Células de Schwann
	Oligodendrócitos
	Conclusão
	Referências