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DIRECÇÃO ACADÉMICA Faculdade DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Módulo de Planeamento na Administração Publica A Implementação da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique Rumo ao Desenvolvimento Urbano: Desafios e Soluções Regina Joaquim Guambe Inhambane, Março de 2024. Índice I. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 II. REVISÃO LITERÁRIA ....................................................................................................... 2 2.1. Ordenamento Territorial Discussão de Conceitos ........................................................... 2 2.2. Estágio Actual da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique....................... 3 2.3. Desafios da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique ................................ 5 2.4. Propostas de melhoria da política para o Desenvolvimento ............................................ 7 III. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 9 IV. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 10 1 I. INTRODUÇÃO A princípio têm-se a ideia de que as políticas de ordenamento territorial preconizam apenas acções que garantem a beleza do espaço onde se pretende executar o plano, entretanto, segundo PERES, RENATO e CHIQUITO (2012) a sua aplicação transcende essa vertente. Este autor destaca que a necessidade da execução destas políticas é de extremo interesse da Administração pública pelo facto de constituir um elemento fundamental na qualidade de marco do desenvolvimento de qualquer agrupamento, município ou nação, ou seja, as Políticas de Ordenamento Territorial são vistas como sendo uma ferramenta usada pela administração pública que se preocupa em estabelecer repartição do espaço pelos seus ocupantes permitindo, por um lado, uma racionalização da sua utilização e por outro, a satisfação dos vários interessados. Os territórios enfrentam diversos desafios contemporâneos, com intensas interdependências e, algumas vezes, conflituantes. A problematização dos quatro abordados, sua leitura no contexto nacional e o modo como poderão marcar a política de ordenamento do território são sintetizados e ilustrativos de tais atributos. O presente trabalho, enquadrado no módulo de planeamento da Administração Pública, ministrado ao curso de Licenciatura em Administração Pública, ostentando um tema inerente a implementação da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique Rumo ao Desenvolvimento Urbano destacando seus desafios e soluções, tem como objectivos discutir os conceitos principais do Ordenamento Territorial, examinar o actual estágio da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique, expor os desafios que a Política de Ordenamento Territorial em Moçambique enfrenta e a posterior apresentar propostas de melhoria para a política, visando o Desenvolvimento Urbano. 2 II. REVISÃO LITERÁRIA 2.1. Ordenamento Territorial Discussão de Conceitos ISCED (2019) considera o Ordenamento territorial como sendo o agrupamento de ideologias, directrizes e estabelecimentos que objectivam a garantia da organização do espaço de uma nação com base numa sequência de acções contínuas, dinâmicas e inclusivas buscando o equilíbrio entre o meio ambiente, o Homem e os recursos naturais, visando propiciar um ambiente de desenvolvimento sustentável favorável. PERES, RENATO e CHIQUITO (2012) por sua vez, afirmam que ordenamento territorial é uma ferramenta de execução administrativa que se baseia na estruturação, na disposição e no gerenciamento do território, auxiliando, por conseguinte, no melhor planeamento e utilização da terra. Já LIMA e ALVES (2020), compreendem o ordenamento de território como um conjunto de acções estratégicas que visam atempar uma diagnose geográfica do território, mostrando tendências e colacionando exig6encias e potencialidades, por forma a construir o quadro através do qual se deve operar de maneira cadenciada as políticas públicas sectoriais, objectivando o alcance das metas estratégicas governamentais. Estes autores adicionam ainda o iminente facto de um processo de Ordenamento territorial levado a cabo adequadamente empresta ao território características físicas melhores e ajuda também no desenvolvimento do país. FERRÃO (2011) entende que o ordenamento territorial trabalha como uma componente de organização demográfica do território sob escopo de intervenções do Estado, caracterizando-se como uma variedade de acções sistémicas de sectores que buscam promover o desenvolvimento sustentável do espaço. Em linhas gerais pode-se claramente entender que estes autores embora conceituando o processo de ordenamento territorial de diferentes formas, são unânimes e concordar que ela é uma ferramenta da Administração Pública por meio da mão Estatal que visa a organização do território de modo a garantir características geográficas que permitam uma coexistência saudável entre o Homem e o meio ambiente. 3 2.2. Estágio Actual da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique Registo de Direitos de Uso e Aproveitamento da Terra em Moçambique Segundo a Política de Ordenamento Territorial pilares 8, 9, 10 e 11, a orientação corrente de políticas no que diz respeito ao registo de direitos de utilização e aproveitamento de terra atesta que a inexistência de registo não invalida juridicamente dos direitos outrora adquiridos, em particular, por razões de ocupação convergentes com os preceitos e práticas de costume ou por ocupação de boa-fé, dinamizando, deste modo, as ferramentas que atestam a existência dos referidos direitos. A Política de Terras valida de forma considerável e reitera esse postulado pelo facto de traduzir, da mesma maneira, a função unicamente de enunciar o registo dos direitos de uso e aproveitamento de terras e que visa, principalmente, publicitar juridicamente à situação das terras, convergindo para a seguridade e clareza na sociedade acerca das ocorrências jurídicas que importam a composição, exercício, transformação, trespasse e perecimento do direito de uso e aproveitamento da terra. No tocante aos direitos de uso e aproveitamento da terra consolidados através de aval, o registo continua a ser compulsório, quer o cadastral, o predial bem como o matricial, sem impedimento da interconversão entre os sistemas, extinguindo as desvantagens da multiplicação de esforços por parte do cidadão. Trespasse dos Direitos de Uso e Aproveitamento da Terra O corrente cenário legislativo em Moçambique antevê meios que garantem que direito de uso e aproveitamento da terra seja feito por transmissão através de herança e confere também outras acessibilidades de transmissão secundária de direitos fundiários com base na transmissão dos imobilizados colocados em edifícios urbanos ou através de infraestruturas, edificações e melhoramentos, desde que a sua implantação no terreno em questão tenha sido feita legalmente. Mais concretamente em relação a transmissão secundária (indirecta), o regime sob corrente análise estabelece que este trespasse possa ser automático, no caso de trespasse de imobilizados em edifícios urbanizados ou depender da autorização antecipada pela autoridade governamental competente, no caso de trespasse das infraestruturas, edificações e melhoramentos, e que nem todas as vezes pode ser conseguida pelo facto de ficar completamente a merce do poder discricionário das autoridades governamentais competentes, 4 Sistema de Tributação da Terra A Política de Terras destaca como sendo oportuna uma renovação do corrente regime de tributação fundiário por forma que seja mais convergente comos objectivos de terra e galvanizar o seu prestativo aproveitamento, além de contribuir como sendo uma notável fonte de recursos que alimentam os cofres públicos, sem que isto venha a consignar duplicação de impostos e taxas e sobre a terra e, desta forma, atrair um cenário de sobrecarga fiscal. O sistema de tributação deve, de igual modo, estimular o cidadão à valorização da terra bem como a viabilização do contributo deste para o abastecimento das receitas públicas, visando o melhoramento dos serviços que a Administração Pública presta ao cidadão. A criação do sistema de tributo enrobustecido poderá estimular um prestativo aproveitamento da terra e tornar melhor o cumprimento das obrigatoriedades impostas aos titulares, ajudando desta maneira, na diminuição de terras ociosas, especulação e acumulação desnecessária de terras no país. Nesta linha, a Política de Terras, apregoa um sistema de tributação de uso e aproveitamento de terra, instruindo para uma perspectiva de fisco, na iminência da promoção da contribuição e comparticipação do usuário de terras nas despesas originadas do processo de administração e gerenciamento da terra através do pagamento das obrigações fiscais. Sistema de Cadastro Nacional de Terras É preconizado pelo Sistema de Cadastro Nacional de Terras que a Política de Terras que deve trabalhar na como um sistema desconcentrado, descentralizado e uniformizado e que permita que a gestão seja feita de forma mais sustentável, eficiente, eficaz, e transparente da terra, sendo a sua operação levada a cabo por uma entidade adequadamente capacitada e institucionalizada e deste modo garantindo que se operacionalize o registo e a atribuição do título dos direitos de uso e aproveitamento da terra, depois da respectiva adjudicação e demarcação do terreno. Na qualidade da unidade de cadastro nacional, essa entidade será dotada de poderes de garantir a articulação devida entre as diferentes organizações responsáveis pelo gerenciamento dos variados cadastros sectoriais e territoriais. Deve garantir a funcional interligação e interoperabilidade entre os demais cadastros e o Cadastro Nacional de Terras, com base nos variados subsistemas: o sistema de identificação e registos civil, o sistema de informação florestal, sistema integrado de registo predial (SIRP), o sistema de 5 informação de terras, o sistema de estatísticas económicas e sociais, o sistema de registo fiscal de imóveis, o sistema de cadastro mineiro e outros. O Cadastro Nacional de Terras buscará dar privilégio as intervenções de cadastro específicas em regiões que têm a característica de potenciar conflitos de terras e/ou outros tipos de recursos naturais, busca da terra e pressão, sem a exclusão dos aglomerados populacionais e zonas periféricas, de notável potencial de desenvolvimento mineiro, agrícola, turístico e florestal, assim como locais propensos e susceptíveis a fustigação por desastres naturais, tecnológicos e outros. Caberá na qualidade de unidade de administração de terras, particularmente, o processo técnico de atribuição de títulos de terras desde que não estejam sob o gerenciamento do município e, caso as terras situadas em zonas de conservação e protecção, sem prejudicar o parecer vinculativo das unidades que são responsabilizadas pelo gerenciamento das mesmas. Por um lado, a nível técnico, será responsabilizada a unidade a ser institucionalizada a criação de normas bem como a monitoração dos processos e etapas de produção de dados de espaços geográficos, sem excluir as áreas de agrimensura, infraestrutura de dados espaciais, fiscalização, teledetecção, cartografia e áreas afins. 2.3. Desafios da Política de Ordenamento Territorial em Moçambique Nos regulamentos e leis de terras há uma ligeira diferenciação entre utilização e ocupação de terra. A lei enuncia que as comunidades gozam do direito da terra que elas ocupam, por sua vez, as pessoas singulares gozam de direitos sobre a terra que usam. É preciso que por parte dos requerentes de terras seja apresentado um plano de investimento e, nestes moldes, apenas receberão o direito provisório de uso e aproveitamento de terras, que em caso de interesse, os investidores podem tornar permanente ao cabo dois anos (5 anos para nacionais), contanto que o uso de terra esteja dentro dos parâmetros estabelecidos pelo plano outrora apresentado. Às comunidades, permite-se que usem sua terra para fins agrícolas entre outros fins, entretanto não estão autorizadas a usar-se da simples posse para obtenção de lucros, não sendo permitido o arrendamento ou a terceirização do cultivo na base de partilha das colheitas acordada. Este cenário pode parecer contraprodutivo na medida em que, se uma zona de expansão foi identificada por uma comunidade, pode ser que não precise dessa terra por período equivalente a uma geração. Entretanto, não se autoriza a arrendá-la por dez ou quinze anos ou até que torne a precisar dela. Recomenda-se em casos do género que a comunidade não cultive a terra e nem a 6 atribua a outrem se a comunidade indispõe de recursos para o investimento, ou ceda-a permanentemente a um investidor. Passa-se a alistar logo a seguir de maneira mais concreta alguns desafios que caracterizam Moçambique no que diz respeito à política de Ordenamento territorial: Alterações climáticas – para o caso concreto de Moçambique, campo de estudo em questão, é possível assistir nos últimos anos uma série de intempéries e eventos climáticos que afectam maioritariamente áreas sensíveis à inundações e efeitos erosivos o que acaba pressionando as entidades competentes a encontrar soluções imediatas que não poucas vezes atrasam os planos de urbanização de territórios em substituição de programas de reassentamento. Comunidades produtoras – sabe-se que em Moçambique existe uma vasta gama de populações que dependem da agricultura para a subsistência e neste âmbito, elas dependem na maior parte de zonas baixas que conferem melhores condições de produção dada sua fertilidade, mas que por outro lado são demasiadamente propensas a inundações. Recentemente, em uma matéria apresentada na emissora de televisão Miramar, programa Balanço Geral, edição de 25/03/2024 referente às inundações causadas pelas chuvas na capital do país, referenciou-se que muitas populações tendem a retornar às zonas de risco de inundações mesmo contra as indicações das autoridades competentes pelo facto de estas apresentarem condições de produção favoráveis. Este fenómeno de comportamento deixa claro que dada a inflexibilidade destas populações, a possibilidade de haver tolerância a um programa de urbanização é bem baixa. Segmentos populacionais inflexíveis – outro desafio que os agentes autorizados encontram durante o processo de ordenamento de territórios tem a ver com os habitantes que não colaboram com o processo por razões que vão desde herança de terreno de pais e/ou avós até a remitência devido a possibilidade de os proprietários e grandes terras precisarem ceder parte dela para outros habitantes em virtude da organização de espaços. 7 2.4. Propostas de melhoria da política para o Desenvolvimento Baseado na natureza de dificuldades que as autoridades a quem o processo é incumbido tem enfrentado, cada contexto vai exigir uma série de medidas diferentes a ser aplicada. Dentre várias medidas que podem ser encontradas para melhorar a política de ordenamento territorial, arrolamos as que se apresentam a seguir: 1. Consciencialização das comunidades sobre os benefícios das políticas – não poucas vezes, as comunidades repelem ideias de reordenamento territorial devido ao desconhecimento do que este processo traz em termos de benefício não só para o país, mas para a população de maneira particular; 2. Consciencialização sobre os prejuízos da não adesão ao processo – a título de exemplo, recentemente reportou-se o ataque deum crocodilo a um adolescente que devido a falta de noções sobre o conflito entre o homem, ambiente e fauna bravia, acabou por perecer ao ataque. Informar as comunidades que não se juntar a um programa de ordenamento territorial pode ser prejudicial para elas mesmas, é fundamental; 3. Assegurar a existência de serviços sociais básicos – garantir que as comunidades tenham acesso facilitado, a escolas, hospitais, esquadras, creches, serviços bancários, etc. pode ser um registo favorável ao processo no que tange a atractividade do mesmo; 4. Assegurar a existência de vias de acesso e condições de transitabilidade melhoradas – em caso de comunidades produtoras por exemplo, assegurar que elas tenham facilidade para o escoamento da produção pode constituir uma mais-valia para o processo; 5. Assegurar a existência de postos de trabalho para as comunidades locais – garantir que a adesão ao processo não constitua uma condenação à fonte de renda das comunidades, antes, porém, garantir que estas comunidades se sintam confortáveis no novo âmbito em que estiverem inseridas; 6. Garantir solucionamento de inquietações – a constante presença e assistência das autoridades de modo a conhecer as queixas e inquietações das comunidades bem como prover soluções razoáveis, é uma proposta de melhoria eficaz; 7. Fomentação do desenvolvimento económico e social – promover programas promoção da visibilidade das comunidades dotando-as de capacidades de autodesenvolvimento; 8 8. Promover o espírito de partilha – visto que desde a independência existem os proprietários de grandes espaços de terra, face a necessidade de repartição desses espaços para outros utentes, faz-se necessária a consciencialização das comunidades sobre a necessidade de ceder em favor dos outros; 9. Assegurar a participação dos cidadãos - através do acesso à informação e da institucionalização de processos, garantir que os cidadãos se sintam parte dos programas assegurando a sua efectiva intervenção nos procedimentos de elaboração, execução, avaliação de planos territoriais; 10. Assegurar o conhecimento e prática de sustentabilidade – Participação dos municípios e comunidades na definição e implantação de actividades de desenvolvimento de políticas sustentáveis como a preservação, protecção e recuperação do ambiente natural e construído e do património cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico. 9 III. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base na exposição ideológica de alguns autores arrolados na secção da revisão literária, podemos compreender que o contributo de uma política de ordenamento territorial em uma nação subdesenvolvida como é o caso de Moçambique, ajuda a preservar uma imagem territorial melhor. Além disso, dada necessidade de habitação que constantemente caracteriza os povos no geral, e Moçambique não ficando atrás, assiste-se constantemente cenários de pessoas que constroem habitações em regiões de conflito iminente com a natureza o que não poucas vezes provoca fatalidades ou nas comunidades ou na fauna e flora. Olhando por esta última vertente, encontra-se um outro contributo de grande valor quando se fala do ordenamento territorial já que ele prevê o condicionamento de locais de habitação que respeitam a existência de zonas naturais. De acordo com o exposto no decurso deste trabalho, as dificuldades e desafios que caracterizam o processo, por na maior parte das vezes estarem vinculados ao elemento humano, infelizmente não podem ser extintos por completo, ou seja, são problemas vão aparecer a cada nova demanda de planeamento e organização de territórios. A questão, por exemplo, de famílias cuja fonte de renda é a agricultura e as suas habitações estão localizadas às margens de zonas de produção susceptíveis a inundações, serão claramente remitentes em abandonar estas regiões e abraçar um plano de reassentamento inserido em um programa de organização territorial a menos que lhes sejam apresentadas condições de habitabilidade e de possibilidade de rendimento facilitadas. Por fim, levando em consideração os objectivos traçados no âmbito da realização deste trabalho de campo, pode se considerar que os factores que afectam o processo de ordenamento territorial tornando-o nalgumas vezes ineficaz, tem a ver com elementos que podem ser facilmente contornados bastando apenas a aplicação dos meios adequados a cada tipo de contexto ou ocasião. Identificar o problema e sugerir soluções correctivas adequadas ao problema identificado são as duas mais importantes etapas para o alcance de uma política de Ordenamento territorial no mínimo eficaz. 10 IV. BIBLIOGRAFIA • FERRÃO, João. O ordenamento do território como política pública. Maio, 2011. • LIMA, L. G. D. e ALVES, L. da S. F. Ordenamento territorial e desenvolvimento regional: aproximações conceituais. Campina Grande. Editora EDUEPB, 2020. • MIRAMAR Televisão, Balanço Geral, edição de 25/03/2024 • PERES, Renato e CHIQUITO, Elisangela. Ordenamento territorial, meio ambiente e desenvolvimento regional. Brasilia. Revista Estudos Urbanos e Regionais. 2012. • POT – Política de Ordenamento Territorial; 2023 • Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.8.n.03. mar. 2022. ISSN - 2675 – 3375