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TÓPICO 02: INÊS DE CASTRO PELOS CRONISTAS VERSÃO TEXTUAL Os primeiros relatos do drama de Inês de Castro foram feitos por cronistas. Seria valioso entender esse tipo de escritor que participa tanto da literatura quanto da historiografia, e que no caso português tem ainda um pé na Idade Média e outro na Moderna. Os historiadores da língua portuguesa datam o início de nosso idioma no século XII, sendo que os primeiros textos em português que sobreviveram até nossos dias são poemas. Na prosa, os primeiros escritos em português são os sempre citados romances de cavalaria e as crônicas. Estas últimas apresentam um duplo interesse: são documentos históricos — importantes fontes primárias para o conhecimento do passado — e verdadeiros ensaios de estilo e expressão na língua lusitana. A crônica dessa época pode então ser definida como o relato cronológico da vida de reis e nobres, de fatos relevantes desses personagens, descrição de batalhas, de eventos diplomáticos etc. Em Portugal, uma das primeiras crônicas foi redigida ou organizada pelo conde D. Pedro Afonso (1287-1354). Ele era filho do conhecido rei D. Dinis, o rei trovador, e, puxando ao pai, foi também poeta e responsável por uma crônica intitulada O livro do conde D. Pedro, que, entre outras coisas, conta a história do mundo, começando por Adão e Eva e chegando à reconquista da Espanha pelos cristãos. Já a história de Inês é registrada pela primeira vez através da pena de Fernão Lopes (1380-1460). A importância da obra e das atividades intelectuais desenvolvidas por esse homem pode ser medida pelo fato de que a história da literatura portuguesa define como data do início do Humanismo em Portugal a sua nomeação como guarda-mor da Torre do Tombo (uma espécie de bibliotecário chefe da documentação oficial do país). PARADA OBRIGATÓRIA O Humanismo é a corrente cultural e literária que, em terras portuguesas, vai de 1418 a 1527, substituindo a era do Trovadorismo. O próprio nome já denuncia que o foco dessa corrente de pensamento é o homem, visto agora como centro do universo, dotado de faculdades que o diferencia no mundo animal, principalmente, a razão, e o elevam à posição de ser supremo da Natureza e seu virtual senhor. Fernão Lopes é considerado o “pai da História” em Portugal. Ele já pode ser considerado “moderno” por haver promovido uma historiografia baseada em documentos e não mais fundamentada na tradição oral. O que não o impede de imprimir em seus relatos uma forte carga dramática e de intenso TÓPICOS DE LITERATURA PORTUGUESA AULA 01: GRANDES TEMAS DA LITERATURA PORTUGUESA - INÊS DE CASTRO: 1ª PARTE 6 Combinarenumerar.pdf TopicosdeLiteraturaPortuguesa_aula_01.pdf 02.pdf