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TÓPICO 03: A VOZ ENTRE OS MUNDOS Superpostos à cadeia de palavras (ou seja, a parte VERBAL), em qualquer enunciado falado, haverá dois tipos de fenômenos vocais mais ou menos distinguíveis: PROSÓDICOS e PARALLINGUÍSTICOS. (...) Haverá também, associada ao conjunto falado, toda uma série de fenômenos não vocais (movimentos do olhar, movimentos de cabeça, expressões faciais, gestos, postura, etc.) que determinarão mais profundamente a estrutura e o significado do enunciado, podendo da mesma forma ser identificados como parallinguísticos. (Lyons, J. 1987, p. 34) Neste último tópico da Aula 6, deixamos você de volta na beira do mundo linguístico, às portas do mundo “geral”, do qual saímos apenas teoricamente. A entrevista com Amarante, que você pode reassistir, cabe otimamente no que diz acima John Lyons. Para o autor, são prosódicos acento e entoação. Parallinguísticos são o ritmo e a altura. Acho que você concorda que só por preconceito poderíamos, como antes do surgimento da linguística, considerar a linguagem falada inferior à linguagem escrita. E é meio bobo ficar preocupado quanto a qual das modalidades é superior, pois há razões para as duas existirem. A LINGUAGEM VERBAL A linguagem verbal humana presta-se admiravelmente à transferência de meio. Já falamos disso: do que é articulado, produzindo algo acústico, percebido pelo ouvido, passa-se ao que é manual, gráfico, visual, mantendo-se as unidades, que independem desses meios. Você percebe por que muito se insiste que fonemas e morfemas não são concretos, substância, mas forma? Meros valores que independem dos suportes físicos, sensíveis dos quais necessitam para sua transmissão? Além de ser facilmente transferível, a linguagem verbal também se combina sem atritos com outras linguagens, outros tipos de manifestação, por conta do que é “paralinguístico” no sentido de Lyons, acima, do que é real e presente nas enunciações, como as roupas, os móveis, os acontecimentos. O que se chamou enunciado é resultado da enunciação, processo no qual informações dispersas e incoerentes entre si ganham sentido num momento, num espaço, entre enunciador e enunciatários, em meio a expectativas, finalidades, memória de outras enunciações e percepção de papeis sociais. Da noção de fonema às noções concretas não linguísticas, varia a aplicabilidade das “quatro propriedades [linguísticas] gerais da arbitrariedade, dualidade, descontinuidade e produtividade”, havendo nos elementos prosódicos e parallinguísticos maior aproximação “dos traços existentes nos vários tipos de comportamento animal” (idem, ibidem). LÍNGUA PORTUGUESA: FONOLOGIA AULA 06: QUESTÕES SEGMENTAIS E PROSÓDICAS NA FALA E NA ESCRITA 61 Combinarenumerar.pdf LinguaPortuguesaFonologia_aula_06.pdf 03.pdf