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TÓPICO 03: : A REFERENCIAÇÃO Sobre a Arte de ler, disse uma vez [Quintana]: “O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.” E eu também... assim sigo a minha, para onde vai a sua? (Vinícius Masutti) Especial para o Diário de Cuiabá. Disponível em [1] O processo de referenciação é um mecanismo de textualização presente nos gêneros textuais, de modo geral, responsável pela construção dos sentidos dos textos e pela progressão temática. Os autores partidários da concepção ampla de referenciação concebem o referente como objeto do discurso, que se sustenta em bases cognitivo- discursivas. De acordo com esta concepção, os referentes não são estáveis, ou seja, não estão no mundo à disposição dos falantes/usuários para serem colhidos e usados à medida que eles forem sentindo necessidade. O que se sabe, com base em estudos, é que há uma instabilidade no léxico, determinada pela plasticidade dos significados, propriedade das línguas naturais em geral. Em função desta instabilidade, os referentes vão-se construindo segundo os pontos de vista dos interlocutores. Esta concepção é designada por Apothéloz e Reichler-Béguelin (1995) como socioconstrutivista, também Koch (2002) e Lima (2004) partilham dessa concepção, pois os sujeitos falantes controlam, em seus discursos, a evolução dos objetos. Para eles, os referentes não devem ser tomados como entidades apriorísticas e estáveis, mas como objetos-de-discurso. Ressaltam que os referentes são construídos a partir de informações adquiridas nos contextos comunicativos, resultantes do saber por eles compartilhado. REFERENCIAÇÃO ANAFÓRICA Assim como o processo de referenciação, a anáfora constitui uma estratégia de textualização bastante presente nos gêneros textuais, de modo geral. Koch (2002, p. 85), ao falar em progressão referencial, menciona os principais tipos de estratégias de progressão referencial: “a) uso de pronomes ou elipses; b) usos de expressões nominais definidas; c) uso de expressões nominais indefinidas”. O uso dessas estratégias é responsável pela construção dos referentes discursivos, pois, além de proporcionar uma organização estrutural, desenvolve também a temática do texto. Cavalcante (2004) propõe uma classificação para os processos referenciais. Em sua proposta, ela os separa em anáforas correferências e não INTRODUÇÃO À LINGUÍSTICA AULA 04: LINGUÍSTICA DE TEXTO / PSICOLINGUÍSTICA 62 impresso_parcial.pdf 03.pdf