Prévia do material em texto
"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim." (João 17:20- 23) SUMÁRIO Introdução O corpo humano O propósito de Deus para sua igreja Três classes de pessoas que estão na igreja Aprendendo a lidar com os dispersivos e os aglutinados Os turistas da fé Conhecendo o perfil dos membros mais frequentes da companhia congregacional de Jesus Pedro Tomé Judas Iscariotes João Zebedeu André, o primeiro escolhido Tiago Zebedeu Filipe, o curioso Natanael, o honesto Mateus, o publicano Tiago Alfeu e Judas Alfeu Simão zelote, o guerrilheiro Maria, a Madalena Maria de Nazaré, mãe de Jesus Zaqueu, o publicano Tal como o cego Bartimeu | Da maldição ao milagre Tal como Nicodemos | O Fariseu curioso Tal como José de Arimateia | O político Precisamos aprender a andar em unidade INTRODUÇÃO A Palavra de Deus não nos ensina que devemos nos aceitar como somos e nem que devemos suportar uns aos outros até que haja mudança tanto em nós quanto em nossos irmãos, mas nos diz que: "Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra o outro, assim como o Senhor vos perdoou, assim também você deve perdoar." (Colossenses 3:13). Deus não nos aceita como somos, se assim fosse, não precisaríamos do Espírito Santo para nos moldar. Ele nos chama da forma como estamos para uma mudança de vida, pois todos aqueles que não aceitam as mudanças que o Senhor Deus busca fazer em cada um, através da sua Palavra libertadora, continuam na mesma situação: destituídos da Sua glória! O Senhor Deus não nos criou uniformes, sendo assim, nos criou para vivermos em unidade perante a Sua maravilhosa graça. Dessa forma, nosso Deus espera que vivamos em unidade uns com os outros através do amor de Cristo, pois é Ele quem nos une: "Ele morreu por todos, para que aqueles que vivem, já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou para glória de Deus" (2 Coríntios 5:15). Temos um exemplo bem claro a ser seguido: o próprio Deus nos uniu a Ele por intermédio de Cristo Jesus, não nos imputando nossas próprias transgressões. O Senhor teve graça ao olhar para as nossas misérias, não nos culpou e nem nos responsabilizou por elas. Ele nos amou primeiro, e por nós entregou o seu único Filho, dando-nos sua própria Palavra para nos alertar e nos resgatar do império das trevas, ao qual ainda hoje, mesmo que involuntariamente, estamos sujeitos e podemos ser pegos caminhando em direção a esse império de sofrimento eterno. Então, quem somos nós para ao menos não tentarmos compreender os nossos próprios irmãos, visto que também precisamos ser compreendidos por eles da mesma forma com que Cristo nos compreendeu? Devemos ter como responsabilidade o esforço em suportar uns aos outros por amor à obra de Deus aqui na terra, pois aquele que não busca compreender seu irmão nunca amou a Deus verdadeiramente. Só há uma maneira de demonstrarmos esse amor para com os outros: tendo Deus dentro de nós, ou seja, tendo esse amor dentro de nós. Dessa forma, fica claro saber quem verdadeiramente tem Deus dentro de si. Quando alguém tem Deus dentro de si, sente-se entusiasmado em amar seu irmão da mesma maneira com que Deus o amou e continuará amando. Se queremos demonstrar a Deus o amor, a gratidão e o quão importante Ele é para nós, assim como desejamos ser úteis a Ele, a primeira coisa que podemos fazer é amar ao próximo como o Senhor nos amou, dedicando a cada pessoa o mesmo amor que o Senhor nos manifestou por intermédio de seu Filho. O Senhor Deus nunca faz nada sem usar Jesus como intermediário, assim, Ele pode usar os seus servos como canais de bênçãos para alcançar os demais irmãos. Mesmo quando opera milagres, Deus não faz nada sozinho, Ele honra seus amados usando-os como canais de bênçãos em nome do seu Filho Jesus, que é a Palavra da Vida. No entanto, pode ser muito complexo conviver dentro de uma congregação, pois os irmãos têm hábitos e conceitos totalmente diferentes uns dos outros. Ainda que todos ali estejam buscando servir ao mesmo Deus, muitas vezes não se dão conta de que primeiramente precisam se libertar de si mesmos, e se não houver muito amor de ambas as partes pelo Senhor e por Sua obra, com certeza essa tarefa será impossível. A Palavra de Deus nos ensina de forma indubitável que a igreja é o Corpo de Cristo, e Cristo é o cabeça, o Cordeiro perfeito. Então, por que há tantos membros ligados a Cristo que são tão complicados, atribulados, incompreensíveis, problemáticos e inconstantes? Por que membros que deveriam proporcionar crescimento ao Corpo de Cristo estão ferindo uns aos outros? Por que vivem descoordenadamente e totalmente desassociados? Por que certos grupos que professam uma só fé não se unem? Por que não se entendem mutuamente? Por que vivem sem afinidade alguma? Isso é o que vamos tentar entender! Para começar, se alguém diz estar ligado a Cristo e não se preocupa em manifestar características de um discípulo de Jesus - não o respeita como o seu verdadeiro Senhor, Rei e Dono; não o reverencia, não o adora, não glorifica e não louva seu Nome – notamos então que essa pessoa não está ligada a Cristo. Se não houver uma mudança radical de pensamentos e conceitos, dificilmente haverá harmonia, pois essa deve ser a marca dos que buscam viver em uma congregação; e são aqueles que possuem essa marca que Cristo busca para fazer parte de seu Corpo. Também é necessário que tenhamos a disposição de nos sujeitarmos à autoridade de Jesus. O fato de uma pessoa estar em uma igreja não significa que ela está ligada ao Corpo de Cristo. Existem situações em que os membros não se adaptam ao Corpo, e também há outras situações em que o próprio Corpo rejeita alguns membros por considerarem que os mesmos não se encaixam nos padrões necessários para que o Corpo funcione de modo harmonioso. Todos nós somos ramos da videira verdadeira, mas pode acontecer de não nos adaptarmos a determinados ambientes cristãos, porém, isso não significa que não amamos a Cristo. Por exemplo, há membros que não se sentem bem em determinadas denominações, mas por conta de um ente querido permanecem ali por algum tempo. No entanto, por não se adaptarem ou por não se identificarem com aquele grupo, acabam se excluindo do Corpo, e isso acaba se tornando um problema muito sério, tanto para esses membros quanto para o Corpo e, principalmente, para o Cabeça, que prometeu não perder nenhum dos membros que seu Pai lhe deu. Independente da situação, quando um membro se volta contra o outro, ainda que o mesmo não esteja ligado inteiramente ao Corpo, atingimos diretamente o Cabeça, o qual é sempre o mais afetado. Todo aquele que se diz ser discípulo verdadeiro de Cristo deve ter essa consciência. Em meio ao corpo, há muitos membros fracos, debilita- dos, doentes e outros à beira da falência completa. Por esse motivo, devemos compreender os mais fracos na fé e ajudá-los a entender a complexidade da situação. O que não podemos permitir é que um membro doente dite as regras e cause metástase no corpo, levando-o a falência múltipla dos órgãos. Todos os departamentos da igreja dependem do bom funcionamento de todo o corpo, desde um simples visitante até um “anjo” da igreja. Há pessoas dentro da igreja que precisam ser mais compreendidas, enquanto outras precisam adquirir o dom de amar ao próximo, assim como outros precisam ser agraciados pelo dom da paciência para compreender seus irmãos mais desfavorecidos no entendimento. Deus tem suas maneiras de trabalhar no corpo de Cristo, e há muitos membros que não assimilam assuntos tão delicados,como, por exemplo: Como integrar ao Corpo de Cristo um desviado que roubou, estuprou, matou, arruinou famílias inteiras? Como reintegrá-lo sem que haja rejeição por parte de outros membros do Corpo que não conseguem se coordenar e conviver com isso? O reintegrado não pode se sentir rejeitado pelo Corpo, e isso é muito comum em nosso meio, por isso, o Senhor precisa remanejar pessoas mais maduras na fé para apaziguar, interceder pelo Corpo e trazer a compreensão e a harmonia entre os membros, a fim de que todo o Corpo de Cristo viva harmoniosamente, sem dor e sem culpa. É necessário entender que se o Senhor resgatou aquela alma e a integrou ao Corpo como membro, ou em outras situações, trouxe novamente para dentro de seu Corpo aquele membro que estava deslocado de suas funções, é porque precisa muito dele. Se amamos a Deus verdadeiramente e nos importamos em cumprir a Sua vontade – a fim de que a Sua Palavra se cumpra em nossa vida e na vida de outras pessoas – devemos respeitar a vontade de Deus e deixar que Ele cuide de todo o Corpo; afinal, Ele sabe muito bem quais são as necessidades da Sua obra. Como membros saudáveis e ativos, devemos estar sensíveis à vontade de Deus para que possamos ajudar em questões delicadas. É fato que os membros que verdadeiramente estão ligados à videira verdadeira são leais e procuram ajudar em tudo com a força do Espírito Santo, o Consolador das nossas almas. Quanto aos membros complicados, precisamos amá-los e interceder por eles, profetizando sobre as suas vidas para que Deus lhes traga à existência tudo aquilo que não existe de bom em suas vidas. Não devemos nos preocupar em tirá-los do meio do corpo, pois isso não seria justo aos olhos de Deus. Essa tarefa é Dele, pois está escrito: "Não ficará na minha casa aquele que usar de engano, pois aquele que fala mentira não ficará firme diante dos meus olhos" (Salmo 101:7). Então, se estamos certos de que Deus existe e é recompensador daqueles que Nele confiam, devemos crer que Ele fará o que for preciso para manter o Corpo de Cristo saudável. Todavia, isso também dependerá da nossa fé, pois está escrito que nossa justiça é pela fé; sem fé não há justiça da parte de Deus para conosco (Romanos 1:17), assim como sem fé é impossível agradar a Deus. Só conseguimos algo Dele em prol de nós mesmos ou da Sua obra por meio da fé. Devemos ser fiéis a Ele até o fim, mesmo que isso custe nosso orgulho. Precisamos nos preocupar com nossos irmãos que ainda não compreenderam o real propósito de Cristo aqui na Terra, o qual é tornar filho todo aquele que Deus envia a Cristo e professa realmente conhecer a Jesus. Digo isso porque não adianta irmos à igreja e buscarmos pessoas perfeitas, pois não somos perfeitos e não vamos encontrar pessoas assim em lugar algum, nem mesmo nas igrejas. Na igreja, encontraremos pessoas imperfeitas, mas também decididas a melhorar com a ajuda do Espírito Santo, e essas pessoas se dedicarão a auxiliar, em amor, o próximo com seus dons: "Porque não sou olho não sou do corpo; não será por isso do corpo? Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfato?" (I Coríntios 12:17). Sendo o Senhor Deus Todo-Poderoso e a essência de toda a sabedoria, foi-nos ensinado, por intermédio do apóstolo Paulo, a maneira como Sua Igreja deve viver: unida e coesa como o corpo humano, com os diversos membros existentes, respeitando as funções que cada um deles desempenha. Todos os membros acatam as ordens emanadas pela cabeça, que é o comando central de todo o corpo – "Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio salvador do corpo." (Ef. 5:23). Infelizmente, muitos líderes hoje se veem como cabeças, querem governar enquanto desobedecem ao governo. Quase todos querem ser olhos, mas não pálpebras, são ignorantes da Palavra da Verdade! Desprezam o conhecimento e a razão e tornam-se estúpidos! O egoísmo é latente e gritante; se não for “eu”, outro não poderá ser! Esquecemos que a Igreja é o Corpo de Cristo, e que um corpo é formado de muitos membros com diferentes funções: "E, se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?" (I Co. 12:19). Uma das definições de corpo é esta: um grupo de pessoas consideradas como unidade ou como conjunto organizado. Devemos salientar e jamais esquecer de que há uma grande diferença entre um grupo organizado, em que há unidade, e um bando desordenado. Grupo é organizado, ordeiro, pacífico, harmonioso, há discussão de ideias, planos e projetos; jamais haverá contenda, agressão, ofensa, descontrole emocional e disputa pessoal por cargos ou funções, pois todos visam o bem comum. Esse tem sido o seu procedimento como “filho ou filha” de Deus no grupo em que você vive? Você é bravo, prepotente e agressivo? É manipulador, arrogante, semeador de contendas, rixas, inimizades, porfias, invejoso? Tem sido desobediente e causa brigas para ocupar cargos, posições e funções que não lhe foram outorgados? Você aceita ser coordenado, dirigido e governado? Se não é assim, então não há um viver em grupo harmonioso, mas em bando desordenado! "E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, de maneira sincera e sedes misericordiosos e afáveis" (I Pedro 3:8). O corpo humano O corpo humano é formado por um conjunto de estrutura óssea e muscular que comporta o organismo humano, o qual é responsável por manter a vida humana, juntamente com todas as funções vitais que o corpo humano desempenha. Ora, se a Igreja é o Corpo de Cristo, deverá viver como um organismo que comporta os membros desse corpo na mais perfeita harmonia, cada um desenvolvendo o trabalho e a função a que fora designado ou atribuído. "E, se a orelha disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?" (I Coríntios 12:15). Saiba você, pastor, obreiro e membro, que alguém que faz parte do grupo que lidera ou administra os demais membros do corpo – a Igreja –, aqueles a quem julgamos ser de menos préstimo, também são importantes e necessários em seu papel ou função: "Antes, os membros do corpo que parecem ser os mais fracos são tão necessários quanto aos demais membros do corpo." (I Coríntios 12: 22). Quem gostaria ou aceitaria ser pisado e ter que suportar isso sem reclamar durante toda a vida? Você “ministro” não suporta nem ser submisso a alguém com uma autoridade superior! Imagina, então, se você fosse um daqueles membros “mais inferiores”. Os pés suportam e se sujeitam a transportar o corpo sem interferir onde o cérebro determina para pisar, se em tapetes, asfalto quente, pedras, etc. "Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?" (I Coríntios 12:15). O pé é a base inferior e responsável pela sustentação de qualquer corpo ou objeto, portanto, de extremo valor e necessidade. Todavia, há ministros que não aceitam nem sequer ser tronco, quanto mais ser pé. Falta-lhes a maior de todas as virtudes, o AMOR e HUMILDADE. São presunçosos, prepotentes e egoístas! É necessário que cada membro do corpo – Igreja de Cristo – tenha a nítida consciência e a maturidade para compreender a posição e função de cada membro desse Corpo, especialmente aqueles que se acham de maior valor. Há determinadas pessoas que, por serem líderes, imaginam estar acima de todos e assim se portam contrariamente à Palavra, que nos ensina: "Aquele que quiser ser o maior, precisa se tornar o menor." (Mateus 20:26,27; Marcos 10:44). Lamentavelmente, hoje, quase todos pensamos somente em ser cabeça, e dessa forma nenhum organismo funciona. Tomemos como modelo o corpo humano, que é composto de membros superiores e membros inferiores. Cada membro cumpre cabalmente as suas funções e torna o corpo a máquina mais perfeita. Na Igreja de Cristo, porém, quase todos pretendem ser superiores a tudo e a todos, são arrogantes, prepotentes e insubordinados! Não aceitam ser submissos e nem governados! O corpo humano é formado e divido em três partes principais, que são: cabeça, troncoe membros, os quais desempenham múltiplas funções na mais perfeita harmonia e sintonia. Quem dera se a Igreja de Cristo procurasse compreender como funciona a mais perfeita de todas as máquinas, o corpo humano, no qual cada membro reconhece e cumpre fielmente o seu papel, respeitando a função, cargo e posição dos outros membros. Entendendo isso, a igreja cumpriria as determinações oriundas da Cabeça, de onde emanam as ordens para a perfeita funcionalidade de todos os membros do Corpo. Fico estarrecido ao ver a arrogância, o desrespeito e a petulância de membros inferiores querendo sobrepor-se às orientações e determinações de seus líderes maiores – a cabeça organizacional da Igreja. O corpo humano é uma máquina perfeita. Por meio do apóstolo Paulo, o Senhor Deus fez uma perfeita analogia entre o corpo humano e o Seu Corpo - a Igreja - tomando consciência da perfeita sincronização e harmonia que há em sua distribuição e funcionamento de todos os órgãos, nervos, tecidos e ossos existentes no corpo do homem que criara à Sua imagem e semelhança. Em um corpo humano normal, há 208 ossos distribuídos com a mais perfeita junção, união e unidade, com funcionalidade respeitosa e harmoniosa, não havendo agressão entre si. Não é assim que a Igreja de Jesus Cristo deveria ser? Por que na Igreja, que é o Corpo de Cristo, não funciona assim? Por que os pés querem ser cabeça? Esse comportamento é um agravo a Deus e à Sua Palavra, portanto, vigiai e atentai em vossas atitudes desprovidas de sensatez, puramente insanas, pois "Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis." (I Coríntios 12;18). Ora, se Deus distribuiu cada membro segundo o Seu querer, quem és tu, ó homem, para ultrapassares os limites impostos por Deus? Não disse Deus que "Não ultrapasseis o que está escrito?" (I Coríntios 4:6), pois foi Ele quem escolheu cada membro conforme a sua vontade. "E a uns pôs Deus na Igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro, doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas" (I Coríntios 12; 28 – ver também Efésios 4:11) Ah, Senhor! Se os homens, em especial os Teus servos pastores, obreiros e membros em geral, não ignorassem que Tu, ó Deus, amas a DISCIPLINA, a submissão, a correção e a sujeição! Não está escrito: "Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." (Tiago 4:7); “Sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor." (Efésios 5:21); e "Semelhantemente vós, jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes" (I Pedro 5:5)? Os crentes hoje estão adulterando o evangelho tão violentamente que se tornaram cegos e deixaram de examinar e praticar a Palavra de Deus como era ensinada e praticada pelos apóstolos de Cristo. Quiçá meditassem nos textos supratranscritos, certamente aprenderiam a dominar as suas línguas venenosas e fechariam suas sepulturas caiadas, as suas bocas. Saberiam se sujeitar às autoridades superiores, e os jovens respeitariam os mais idosos e experimentados na Palavra da Verdade. Portanto, convoco todos os insubmissos, insubordinados e rebeldes a examinarem acuradamente os versículos acima referidos para o bem de vossas próprias vidas; ou continuem na soberba de seus corações obstinados e amaldiçoem aos apóstolos Tiago, Paulo e Pedro, que escreveram esses textos das Escrituras Sagradas, os quais confrontam com as vossas atitudes vis e insubmissas. "Porventura são todos apóstolos? São todos doutores? São todos operadores de milagres?" (I Coríntios 12; 29). Dentre a multidão dos discípulos, Jesus escolheu somente doze para que fossem apóstolos e cabeças da Igreja, e desses, um, Judas Iscariotes, por não ser fiel, traiu ao seu Senhor, e cheio de remorso, enforcou-se e morreu, indo para o seu próprio lugar. Todavia, outros ministérios foram distribuídos a outros servos de Deus e à Igreja. Jamais poderei compreender, aceitar ou compactuar com as atitudes de homens e até neófitos que agridem os princípios elementares instituídos por Deus para a Sua Igreja. O ministro deverá ser possuidor do espírito de disciplina consciente e respeitar o princípio hierárquico e disciplinar bíblico e cristão (I Coríntios 12:29). O corpo humano, com quem o apóstolo compara a Igreja, é coeso, harmonioso, homogêneo e interativo: "Para que não haja divisão no corpo, mas antes tenham os membros iguais cuidados uns dos outros... Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular” (I Coríntios 12:25,27). Você já imaginou se um corpo fosse formado somente de cabeça? Quem o conduziria em suas andanças e caminhadas se também não houvesse os pés, as mãos, os olhos? Como existiria o corpo? Cuidado, Igreja do Senhor, pois tem muita gente por aí atropelando seus líderes e superiores porque não aceitam ser nem joelhos, quanto mais ser mãos, braços, pernas, pés! E infelizmente é isso que está acontecendo na Igreja do Senhor, que deve ser o Corpo de Cristo! Ou o dedo do pé ousa determinar o que a cabeça deve fazer? "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores." (Efésios 4:11). Quando Deus distribuiu os membros, órgãos e tecidos no corpo humano, visualizava haver interação, paz, união, coesão, harmonia, unidade e o fiel desempenho de cada membro em suas respectivas áreas de atuação, com o objetivo único e comum de manter e defender a vida do corpo com o mesmo sentimento – "De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele" (I Coríntios 12:26). O propósito de Deus para sua igreja O grande propósito de Deus, assim como do apóstolo Paulo, era e é o aperfeiçoamento da Igreja, que deverá ser o Corpo de Cristo, vivendo em UNIDADE, e não em contendas, porfias, rixas, cismas e divisões; antes, vivendo em conformidade com a funcionalidade do corpo humano, a máquina perfeita e análoga à Igreja de Cristo Jesus. Vede, pastores, obreiros e membros, se estão agindo como um membro desse corpo ou como um vírus destruidor da paz, da harmonia e da unidade da Igreja de nosso Senhor. "Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo." (Efésios 4:12). Há a premente necessidade de vivermos a verdade da Palavra de Deus como ensinada no Livro Sagrado, não acrescentando nem diminuindo um “J” e nem um “TIL” (Mateus 5:18), vivendo em AMOR uns para com os outros (I João 2:9-11), e, andando assim, cresçamos em Cristo, o Cabeça do Corpo – a Igreja. "Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo." (Efésios 4:15). O desejo ardente do apóstolo, e certamente de Cristo, é que cheguemos à UNIDADE da fé; todavia, jamais a Igreja viverá nessa unidade se não houver coesão, respeito às funções hierárquicas entre ministros e de uns para com os outros, sem contenda, porfias, rixas, inimizades, discórdias, levantes, agressões, dissenções, cismas e divisão. O corpo humano é a máquina mais perfeita porque foi criada pelo Deus Todo-Poderoso; assim também deverá ser a Igreja de Cristo, fundada sobre essa analogia. Examina-te, ó servo de Deus, e vê se lutas pela UNIDADE ou se semeias DIVISÃO na Igreja do Senhor – "Até que todos cheguem à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo." (Efésios 4:13). O cristão em geral e especialmente os ministros têm o dever de conhecer, se submeter e de se sujeitarem à Palavra divina, à hierarquia e à doutrina da Igreja; não podem se deixar persuadir por falsos ensinamentos inventados por homens que rejeitam e desprezam ferrenhamente a UNICIDADE de Deus e o BATISMO em Nome do Senhor Jesus Cristo, pois aqueles que se deixaram dominar causaram divisão no seio da Igreja de Cristo – "Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo enganodos homens que com astúcia enganam fraudulosamente." (Efésios 4: 14). Se você pastor, obreiro ou membro não procurar viver no Corpo na perfeita harmonia natural do Corpo de Cristo, observa-te a ti mesmo, se não estás semeando o joio no meio do trigo, ou ainda, se não estás agindo como um corpo estranho na Igreja e causando infecções e desajustando a interação que deverá existir no meio do povo de Deus – "Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor." (Efésios 4:16). Três classes de pessoas que estão na igreja Você está a ponto de descobrir três classes de pessoas cristãs que estão dentro da igreja, as quais até convivem com você em uma congregação e você não as conhecia, a saber: os seguidores de Jesus, os amigos de Jesus ou os íntimos de Jesus. Essas são três classes distintas que convivem juntas dentro da mesma igreja, formando o que chamamos de o povo de Deus. Assim, posso até afirmar que você terá a oportunidade de descobrir a qual dessas classes você pertence. Vamos fazer uma análise mais profunda dessas três classes de pessoas que afirmam ser de Deus. Essas pessoas foram batizadas, reconhecem Jesus como seu único e suficiente salvador, mas são diferentes no modo de demonstrar suas dedicações e seus empenhos; algumas expressam em um nível maior, outras, menor, e outras, nada. Porém, elas estão nas igrejas espalhadas pelos quatro cantos do mundo, convivendo juntas, compondo a Noiva de Cristo, formando a igreja do Senhor Jesus aqui na Terra. Então, vamos conhecê-las. 1ª. OS SEGUIDORES DE JESUS "E iam no caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante deles, e seus discípulos maravilhavam-se e os seguidores com medo, o acompanhavam de longe, e tornando a tomar consigo os doze, começou a dizer-lhes as coisas que lhe deviam sobrevir." (Marcos 10:32) São considerados como seguidores de Jesus aqueles que não se envolvem com a obra a ponto de viverem uma experiência mais profunda com Deus, os que não se preocupam em participar mais ativamente na igreja. Ficam de longe, apenas observando e esperando se alguém vai fazer para que também façam. Se o outro não fizer, eles também não fazem; se o outro pular, eles pulam; se o outro ficar, eles ficam; se o outro der glória a Deus, eles glorificam; se o outro ficar calado, eles também se calam. Só veem aquilo que é comum e natural, e não estão preparados para enxergar o sobrenatural ou acreditar em um milagre. Seguem a Palavra, mas não se envolvem com ela, seus corações estão longe da obra de Deus (Mateus 15:8). Se alguém da família ou da igreja lhes pede uma oração, logo dizem que não podem ou que não estão preparados. Os seguidores são apenas observadores, pensam demais e criticam tudo o que veem (João 6:43), e ainda são capazes de não crer em tudo o que a Palavra diz, mesmo sendo ela digna de toda aceitação (II Timóteo 3:16). Eles são curiosos, e essa condição lhes dá o direito de estarem sempre enxergando um milagre na vida dos outros, mas não em suas próprias vidas; veem a transformação de outras vidas, mas raramente nas suas, e vivem conformados com a situação, como se isso não fizesse a menor diferença (Romanos 12:2). Os seguidores até gostariam de acreditar plenamente, porém não se permitem, estão sempre com um pé atrás. Eles conhecem a fé e até a buscam, mas não consentem em viver por ela, não conseguem acreditar totalmente que o impossível possa realmente acontecer. Na verdade, os seguidores não se importam tanto assim em agradar a Deus (Hebreus 11:6). Os seguidores mais pedem que oferecem (Atos 20:35). Vão à igreja sempre em busca de uma bênção, não se importam em conhecer o Abençoador, perdem seu tempo correndo atrás da bênção, enquanto a Bíblia diz que é a bênção que corre atrás de nós (Deuteronômio 28:2) e que já fomos abençoados com toda sorte de bênçãos nas regiões celestiais em Cristo Jesus (Efésios 1:3). É só erguermos as mãos com fé, crendo que se cumprirá aquilo que dissermos, e não duvidarmos em nossos corações, dessa forma, tomaremos posse da bênção. A Palavra nos adverte que o povo de Deus se perde porque lhe falta o conhecimento (Oséias 4:6). Os seguidores vão à igreja para receber e não se importam com a obra do Senhor. A casa do Senhor está perecendo e precisando de ajuda, pois a buscam apenas para sua própria ansiedade e necessidade (Ageu 1:9). Não se atentam para Palavra, a qual diz que é melhor dar do que receber (Atos 20:35), e que a alma generosa prosperará, assim como aquele que socorre também será socorrido (Provérbios 11:25). Seguem assim por não conhecerem ou não se atentarem para a Palavra, sem poder desfrutar do melhor dessa terra e das promessas que são dadas a todos que professam viver pela fé na obediência, mas sem serem verdadeiramente livres. Estão longe de terem uma experiência mais profunda e vívida com Jesus, o seguem escondidos atrás dos amigos e discípulos (Marcos 10:32). Preferem ficar à distância e não viver a maravilhosa experiência de dizer: "O Senhor é nosso ajudador" (Hebreus 13:6). É assim que caminham com Jesus. E serão salvos? Sim! Porque a salvação é pela graça, isto é, um favor imerecido (Efésios 2:8,9). Pela misericórdia do Senhor estão caminhando para glória, pois Deus nos confirma esse amor incondicional (João 3:16,17). Com imenso amor nos constrange e não faz crítica, mesmo sendo construtiva (II Coríntios 5:14,15). Precisamos saber conviver com todos, sem distinção, pois se o nosso Deus ama todos que creem em sua Palavra e os torna filhos, quem somos nós para os repudiarmos? (João 6:37). Os seguidores de Jesus conhecem a voz de Jesus, e Ele também os conhece (Lucas 24:13-35). 2ª. OS AMIGOS DE JESUS "Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça, Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda." (João 15:12-16) Os amigos de Jesus são providos de aptidão, desenvoltura e fé; são corajosos, amorosos, fortes e alegres; têm conhecimento, autoridade, vigor e prazer para fazer tudo aquilo que nem todos teriam disposição para executar. Eles acreditam que estão aptos para toda boa obra (II Timóteo 3:17), e que nem uma habilidade lhes falta (I Coríntios 1:7). Jesus ainda diz que aqueles que corajosamente cumpre a sua vontade não são chamados de servos, mas de amigos. Os amigos têm um contato mais próximo com Jesus, convivem mais com a Palavra de Deus, são mais atentos, gostam de trabalhar na obra e vivem à espera de uma oportunidade para demonstrar sua aptidão; estão transbordando de disposição, ânimo, alegria e graça, pois estão cientes de que é o Senhor quem opera tudo em todos (I Coríntios 12:6). Os amigos de Jesus sabem que sem Ele nada podem fazer (João 15:5); sendo assim, animosamente dizem que o Senhor é o seu ajudador (Hebreus 13:6) para mover no sobrenatural e ver o impossível acontecer no mundo. Eles são ousados, destemidos e fiéis (Mateus 25:21), pois sabem que seu Amigo é fiel e justo para cumprir sua promessa (Filipenses 1:6). Os que fazem parte dessa classe, recebem e aceitam a repreensão com amor porque ela vem da parte de Deus (Apocalipse 3:19). Recebem-na de bom grado, pois conhecem a voz do seu Pastor (João 10:14,27). Eles recebem a repreensão com amor (Hebreus 12:5,6) e fazem questão de conhecer e prosseguir em conhecê-lo (Oséias 6:3). Não trocam sua amizade por nenhuma outra, nem por nada que o mundo ofereça (Tiago 4:4); eles pagam o preço, por mais que lhes custe ou venham a perder, sofrem as aflições como bons soldados de Cristo (II Timóteo 2:3). Os amigos de Jesustêm sempre um testemunho de vitória para apresentar em suas vidas, não se envergonham de seu amigo Fiel, pois eles o amam e estão dispostos a defendê-lo em qualquer circunstância, não permitem que ninguém desfaça do seu Senhor nem o desmereça tentando persuadi-los com gestos ou palavras enganosas (Gálatas 6:7). Os considerados amigos de Jesus praticam toda a boa obra, eles fazem a diferença (II Timóteo 3:17); eles estão constantemente presentes. Deus sempre pode contar com eles, pois a todo momento estão dispostos a contribuir conforme as suas forças para fazer tudo que lhes vier às mãos (Eclesiastes 9:10). Estão sempre prontos a obedecer às ordens do seu Senhor (João 2:5); almejam o crescimento da igreja, não aceitam as coisas comuns e buscam as sobrenaturais, que procedem do alto (Colossenses 3:1,2), pois acreditam piamente que para seu tão ilustre Amigo não existe o impossível (Lucas 1:37). Os amigos de Jesus são portadores da Palavra de Deus e representantes de Cristo por onde vão (II Coríntios 5:20); eles carregam a Palavra da salvação escrita em seus corações, são cartas vivas de Cristo (II Coríntios 3:2,3); eles têm como característica influenciar vidas, ambientes, corações... Têm por meta pensar com a mente de Cristo e imitá-Lo (I Coríntios 11:1). Acompanham tudo o que acontece na igreja, a Noiva do Senhor, seguindo a Palavra de perto. Eles vão até certo ponto na vida de fé, porque depois as coisas começam a ficar mais profundas, e assim, exigem mais intimidade com Deus e mais estrutura espiritual para discernir e revelar com temor e responsabilidade os planos do Espírito. 3º. OS ÍNTIMOS DE JESUS "Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e declarou: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há de trair. Os discípulos se entreolhavam, perplexos, sem saber de quem ele falava. Ora, achava-se reclinado sobre o peito de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava. A esse, pois, fez Simão Pedro sinal, e lhe pediu: Pergunta-lhe de quem é que fala. Aquele discípulo, recostando-se assim ao peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tendo, pois, molhado um bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes." (João 13:21-26). Esse trecho da Palavra de Deus descreve perfeitamente o que é ter ou não ter intimidade com Jesus. Vemos uma inusitada passagem entre Pedro e João à mesa da ceia, logo após o Senhor Jesus declarar que um deles o trairia. Essa passagem declara claramente que o discípulo Pedro pede para que o discípulo João faça a Jesus uma pergunta tão temida pelos discípulos: Qual deles o trairia? Com certeza Pedro estava preocupado e pensando: “Eu sou tão impulsivo, será que sou eu? Eu preciso saber!”. Achando que se ele perguntasse provavelmente receberia uma bronca, por medo, resolveu apelar para João, o qual sempre estava perto de Jesus e não receberia uma repreensão. Jesus, por sua vez, respondeu a João de forma cordial, acabando com a ansiedade e a curiosidade de Pedro. Os que têm intimidade com Cristo são aqueles que vivem em constante renúncia de si mesmo os e buscam incessantemente uma conexão mais clara, mais audível, mais profunda, mais rica em conhecimento de Deus através de Jesus e de Sua Palavra (Apocalipse 19:13). Os íntimos de Jesus têm um relacionamento mais profundo com Deus, através da Palavra que liberta, eles entendem que intimidade com Deus tem tudo a ver com santidade, separação de tudo que não edifica espiritualmente. Eles sempre estão conversando com Deus, falando com Jesus em qualquer momento. Suas perguntas sempre têm a direção de Deus. Os que fazem parte dessa classe se preocupam em estar cheios do Espírito Santo e em dar frutos. Eles têm orgulho de serem de Deus. São movidos de íntima compaixão por todos que precisam de um encontro com Deus, não os julgam precipitadamente e nem fazem críticas ao passado daqueles que precisam desse encontro, porque se preocupam em não comprometer o seu amigo com suas atitudes humanas. Um conselho aos que buscam ser íntimos de Jesus: “Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra” (Oséias 6;3). Para isso, saia da condição de mero espectador, da posição de quem fica de longe ou sentado em meio à plateia, apenas assistindo ao movimento. Deixe de ser simplesmente um seguidor e torne-se um amigo de Jesus, depois torne-se um íntimo de Jesus. Só dá para ser íntimo de alguém depois de se tornar seu amigo. Como já vimos, os amigos de Jesus se entregam a essa amizade e velam por ela, cuidam dela para que não se acabe e chegue à intimidade com Jesus. São como os que investem tempo nos estudos até se tornar um PhD em uma determinada área. Aquele que almeja ser íntimo de Jesus deve investir todo seu tempo hábil para o conhecimento da Palavra, não desviando o foco de seu amigo fiel (Hebreus 12:2). Se eu quero realmente ser conhecedor de algo, tenho que ir mais fundo na busca pelo conhecimento. Com Deus não é diferente, por isso está escrito: "Conheçamos e prosseguimos em conhecer a Deus" (Oséias 6:3). Devemos abandonar nosso próprio entendimento (Provérbios 23;4) e buscar qual a boa, perfeita e agradável vontade de Deus para as nossas vidas. Devemos ansiar o conhecimento de Cristo Jesus, da verdade que liberta, e nos tornarmos como uma dispensa, um reservatório, um celeiro de promessas e de bênçãos para a nossa vida e para a vida de outros. Assim é todo aquele que é íntimo de Jesus, ele não mede esforços, está sempre disposto a pagar o preço por essa intimidade com o seu Senhor. Quanto mais nos tornamos íntimos de Jesus, mais parecidos com ELE ficamos. Assim como o mundo não teve prazer na vida do Senhor Jesus, antes, o matou crucificado, assim também é com uma pessoa determinada a ser íntima de Jesus. Porém, Jesus mesmo disse que: "Tendes bom ânimo eu venci o mundo." (João 16:33), e todo aquele que confia em Jesus tem a arma que vence o mundo: a fé (I João 5:4). Aquele que busca ser íntimo de Jesus tem a certeza da sua salvação, não teme o que há de vir e nem fica à espera do pior; antes, vive como Davi, que um dia matou um urso, no outro, um leão, no outro, um gigante, e no outro enfrenta um exército. Sempre com um salmo em seus lábios, pois confiava que o seu amigo íntimo supriria em glória todas as suas necessidades e o livraria de todas as adversidades. Quem é íntimo de Jesus profere bênçãos, pois é íntimo do abençoador, que traz à existência aquilo que não existe (Romanos 4:17). Seja íntimo DAQUELE cujo impossível simplesmente não existe! (Lucas 1:37). Aprendendo a lidar com os dispersivos e os aglutinados Quem são os dispersivos e aglutinadores das igrejas? Como identificá-los? Dispersos e aglutinados são dois grupos de pessoas completamente diferentes, mas que estão presentes em todas as igrejas; entretanto, essas classes raramente se misturam por conta de seus comportamentos completamente diferentes uns dos outros. Vamos conhecê-los e, assim, aprender a identificá-los e a lidarmos com cada um deles. Os Dispersivos representam aquele grupo de pessoas que não se envolvem muito, são como o próprio nome diz: dispersas, sozinhas, neutras, calmas, caladas, que preferem o silêncio, não gostam de muita conversa, entram de boca fechada nas reuniões e saem caladas. Se você não os saúda, eles também não o fazem, não gostam de bagunça e grupinhos. Normalmente os dispersivos gostam de se acomodarem no fundo das igrejas, preferem não ser notados; poderíamos chamá-los de a turma do “não eis-me aqui”. As pessoas dispersivas preferem fazer tudo sozinhas, sem aglomeração à sua volta; parece irônico que haja uma classe dessas nas igrejas, mas acredite, elas existem e são muitas! E essas pessoas não se ajuntam facilmente, o máximo que se permitem é uma ou duas pessoas ao seu redor. Elas próprias se excluem para impedir a aproximação de pessoas indesejadas. Os Aglutinados são aquelas pessoas que detestam ficar sozinhase que estão sempre em grupos. Dificilmente você verá um aglutinado sozinho, ele não fica só, é impressionante! Os aglutinados têm estes sinônimos: reunidos, unidos, ajuntados, agrupados ou aglomerados. Essas pessoas têm que estar sempre em contato com alguém, envolvidos em alguma coisa; têm que estar no meio, no agito, nos cultos animados, nas festividades com grandes aglomerações de pessoas e com sons estridentes. Normalmente, falam alto, riem alto e gostam de ser notadas, mas não por vaidade, e sim por uma necessidade psicológica, muito diferente do dispersivo, que faz de tudo para não ser notado e, assim, ficar sozinho. Temos que aprender a conviver com essas classes de pessoas tão diferentes. Confesso que sou um pouco dispersivo, não gosto de muito barulho, gosto de ficar mais sossegado, mas tenho amigos bem chegados que são aglutinados e isso sempre foi, e ainda é, um desafio muito grande para mim: ter que aceitar e suportar um amigo e irmão que eu amo tanto, por quem tenho tanto apreço, me convidando sempre para sair e nos divertirmos enquanto eu estou querendo ficar tranquilo. É muito difícil! No entanto, acredito que para ele não seja diferente, pois ele também gosta muito de mim, e eu não atendo suas expectativas como amigo e irmão, mas temos que nos suportar por amor a Cristo e à obra. Nos entendemos o bastante para suportarmos um ao outro, porque ele é chato e insistente no convite e eu também sou muito chato e persistente em não o atender. Assim, continuamos a nossa caminhada juntos seguindo a Jesus, nos amando como irmãos que em nada são iguais, a não ser pela fé professada em nosso ministério e pelo respeito por nossas diferenças. Mas nem todo caso é assim, muitos deles acabam no mínimo em buchicho, murmurações, intriga, mal entendimentos, calúnias. Enfim, em todo tipo de mazelas cabíveis que você possa imaginar por conta da incompatibilidade de gênios dentro das igrejas, no meio de um povo que foi escolhido por Deus para se preparar para ir morar na glória. Olha só o que Deus faz! Coloca um pastor que é muito aglutinador no meio de uma igreja de pessoas dispersivas, ou o contrário, põe um pastor super dispersivo em uma igreja de pessoas muito aglutinadoras, que adoram fazer tudo junto e em coletividade total. É ou não é um desafio? Acredito que você ainda não tinha pensado nisso! Mas, irmão, a igreja tem muito mais probleminhas para resolver que os aparentes, que são mais latentes e fáceis de serem detectados. Vamos compreendê-la e torná-la mais suportável e acessível aos outros também? Os turistas da fé Neste tópico pretendo mencionar um tipo de pessoa que podemos encontrar nas igrejas. Poderia até dizer que as pessoas que se enquadram nesse quesito seriam irrelevantes se não fosse por um detalhe muito importante: são turistas da fé, viciadas em campanhas, movidas pela crença em algo palpável. Precisam de alguma coisa que acione sua fé e mova suas vidas segundo o propósito relacionado às campanhas que se prontificam a fazer. Pessoas que se enquadram nesse perfil não são assíduas e constantes ao ministério ao qual pertencem, pois esse tipo de pessoa nem se se envolve com a vida da igreja em si, na verdade, elas não se importam com nada disso, pois o que querem é tomar posse da bênção, daquilo que buscam receber e sumir sem deixar vestígios se for possível. Parece um jeito meio duro de retratá-las, mas é a pura realidade. Entendam bem: no céu não há campanhas. Não estou dizendo que esse tipo de atitude – o de se fazer campanhas – seja errado; eu estaria sendo um hipócrita se dissesse isso, já que nasci e venho de um segmento que professa a sua fé em campanhas. Amo campanhas com propósitos e acredito piamente que seja um exímio ativador da fé, mas existem pessoas que tornam isso a base de sua vida cristã. A sua força está ligada às campanhas promovidas pelas igrejas, o que não deveria ser dessa forma, mas elas ficam tão obcecadas por essa prática que há casos em que as pessoas aficionadas por elas, ao ficarem sabendo que determinadas campanhas estão sendo feitas em uma outra denominação, partem para lá em busca da bênção. Chegam na igreja interessadas somente em receber a sua bênção, sem se dar conta de que primeiro precisam conquistar o Abençoador, e que para conquistá-Lo precisam tomar posse da Palavra que liberta e dar ouvidos a ela para que a fé seja adquirida. Só depois é que devem entrar na briga pela bênção, vencer e tomar posse dela, pois só há uma maneira de se adquirir fé: ouvindo a Palavra de Deus. Assim, também só há uma maneira de se conquistar o Abençoador: tomando posse do dom da fé, pois "sem fé é impossível agradar a Deus, pois é necessário que aquele que se aproxima de Deus esteja convicto de que ELE exista e que é recompensador dos que os buscam" (Hebreus 11:6). Assim, a base para a nossa vida com Cristo na igreja não pode estar centrada em campanhas, mas sim na fé, que nos leva a realizar as campanhas em prol das nossas vidas e tudo que está ligado a elas. Normalmente, os turistas da fé só se importam com a campanha. Não espere que façam muitas amizades e que possa contar com eles, pois não estão muito interessados, afinal, sua passagem por ali será breve. Eles não estão interessados em cultivar laços afetivos, e isso pode ser frustrante para a pessoa que tentar abordá- los, seja com o intuito de puxar um assunto ou simplesmente para cumprimentá-los, pois podem ficar “no vácuo” e muito envergonhadas. Isso acontece principalmente nas igrejas em que as pessoas são mais receptivas. Sendo assim, devemos usar de muita compreensão para com os turistas da fé. Uma frase que você nunca deve usar com essas pessoas é a seguinte: "Nossa, você sumiu! Por onde andava?". De maneira alguma faça isso, para não os constranger. Devemos usar de sabedoria para atraí-los novamente para Cristo, recepcionando-os da seguinte maneira: “Irmão, que bom te ver! O Senhor seja louvado! Seja sempre bem-vindo!”. Conhecendo o perfil dos membros mais frequentes da companhia congregacional de Jesus Há muitos anos, há bem mais de 2.000 anos para ser mais exato, havia um homem simples que fisicamente parecia apenas mais um peregrino. Por baixo de uma pele surrada pelo trabalho pesado de carpintaria, estava concentrada a sede da sabedoria, o Artesão da máquina mais complexa já existente: o corpo humano. Ele caminhava e respirava como cada um de nós, e veio executar a sua missão de salvar a humanidade de sua pesada bagagem pecaminosa, e para isso, foram-lhe propostos vários desafios, um deles foi trabalhar a personalidade de homens que viriam a ser seus discípulos. Mas quem olhasse para Ele sem os olhos da fé, não conseguiria enxergar mais que um homem, e analisando de forma superficial a personalidade dos discípulos de Cristo, ficamos intrigados ao nos depararmos com pessoas de características razoavelmente distintas e ao mesmo tempo muito parecidas com as nossas. Eram doze homens cercados por muito trabalho, possuíam famílias para sustentar e obtinham pouca renda, além do estresse e da terra seca. Alguns dificilmente sentiam-se estimulados a sonhar com algo além da pescaria. Também não temos sido assim? Muitos de nós nos tornamos máquinas de trabalho, preocupados apenas com uma vida ligeira e extremamente passageira, limitando nossas visões de futuro, e então nos acostumamos a usar a desculpa de que precisamos trabalhar para garantir um bom futuro. Qual futuro? O silêncio de um túmulo? Ou algo pior que isso? Os discípulos de Jesus tinham personalidades difíceis de serem trabalhadas, alguns eram ignorantes, não tinham cultura alguma, talvez nem soubessem escrever; outros eram extremamente ambiciosos e até mesmo pretensiosos, eles não poderiam esperar para que acontecesse uma grande revolução em suas vidas, uma regeneração em seu caráter; não conseguiam enxergar um novo quadro em suas vidas, pois ainda não lhes haviam sido desobstruídos os olhos da fé. Uma vez que suas mentes estavam bloqueadas para olhar novos horizontes, Jesus teria de reconstruí-los para queeles pudessem ser os seus “porta-vozes” em seu projeto transcendental, ou seja, seus propósitos que ultrapassavam o conhecimento humano. E foi o que realmente aconteceu, homens matutos, rústicos, iletrados, incultos e arrogantes, sem muito manejo social, mesclados com pessoas letradas e com um QI muito elevado, como doutores, médicos, estudantes e profissionais do governo daquela época; ambos foram convidados a se tornarem discípulos do Mestre dos mestres. Eles não foram obrigados ou forçados, simplesmente foram cordialmente convidados porque tinham a opção de recusar o convite. E por que não o fizeram? Provavelmente foram cativados pelo convite do Senhor, talvez viram Nele a serenidade e a tranquilidade com a qual caminhava e a paz que não tinham e desejavam possuir. De repente, foram cativados pelas palavras de fé, amor e esperança que brotavam de sua boca de forma cordial, juntamente com um tratamento singular que lhes mostrava algo totalmente diferente, o oposto da forma com a qual estavam acostumados a serem tratados. Então, sem pestanejar, foram aceitando os convites e o direcionamento de Jesus. A vida rotineira de pescador ou coletor de impostos nunca seria tão atrativa quanto aquele inusitado convite. “Siga-me!”. Jesus Cristo concedeu extremas lições de amor durante sua trajetória terrena. Esses doze homens observavam seu amado Mestre curar multidões de enfermos, perdoar pecados e, principalmente, proferir suas revolucionárias palavras capazes de penetrar o cerne de suas mentes. Homens inconstantes em suas atitudes viriam a tornar-se amorosos, pacíficos, capazes de escrever lindas cartas inspiradoras. Tudo isso graças ao Mestre, o Autor e Consumador de nossa fé. Estudando a personalidade dos discípulos, vemos que realmente não há muita diferença entre eles e nós. Sim, é claro que os tempos mudaram, e se tratando de vida espiritual, ainda somos totalmente imaturos. Porém, temos uma vantagem a respeito deles: recebemos do Espírito Santo um novo convite a cada dia, em cada momento, e podemos aceitá-lo a todo instante. Mas resta agora uma coisa a ser trabalhada: a natureza humana. Examinando aqueles que Jesus ensinou pessoalmente, colheremos muita matéria informativa, sugestiva e encorajadora, pois nos relatos bíblicos, encontramos dados históricos, fatos que não podem ser contraditos. Nesses fatos observamos que Jesus lidou com um grupo mais íntimo de seguidores, outro grupo maior de discípulos, e um ainda maior de críticos e indiferentes. Pois bem, vamos conhecer e analisar mais profundamente e tentar encontrar alguma diferença entre os membros dos congregados de Cristo como homem aqui na terra, pois pode ser que os membros daquela congregação de Jesus fossem todos anjos, portanto, bem diferentes de nós. Vamos ver e analisar mais a fundo para chegarmos a uma conclusão mais coerente acerca desse assunto tão importante. Quando Jesus começou sua obra junto aos doze, eles estavam muito longe da perfeição. Mesmo depois de começarem a contemplar Sua obra, ainda eram imperfeitos, imaturos, apenas protótipos de ideais, embriões, santos em estágio de fabricação e que estavam sendo elaborados e moldados segundo os princípios de Jesus. Dessa forma, tinham de caminhar muito para se tornarem cristãos crescidos e maduros, e na longa estrada do aprendizado experimentariam muitas decepções e desânimos. Somente alguém que tivesse uma alentadora visão do futuro, movido de infinito amor e paciência, se aventuraria em tomar essas pessoas como alunos e fazer deles o que o Mestre Jesus fez. Pois bem, vamos ver se você consegue reconhecer em você mesmo ou em alguém da sua igreja alguma(s) característica(s) encontrada(s) nos discípulos de Jesus. Pedro Jesus conheceu Pedro por intermédio de Marcos. Pedro frustrou- se e seguiu sua vida dessa forma. E como eu pude chegar a essa conclusão? É bem simples de entender. Naquela época existiam dois caminhos para os homens: o sacerdócio e a vida comum. Mas independentemente do caminho escolhido, qualquer homem tinha a chance de chegar a ser respeitado. O sacerdote, porém, enfrentava um desafio se quisesse chegar a um patamar de honra como um líder religioso; e se por acaso o desafio não fosse concluído, só lhe restava o caminho de ser um ser humano comum, um mero trabalhador. O desafio era o seguinte: segundo as tradições judaicas, todas as crianças israelitas tinham a missão de decorar a Torá, que são as leis de Moisés, e ler sem errar diante do conselho de sacerdotes e dos demais presentes. Os que passavam por esse teste seguiam a carreira como pretendentes ao sacerdócio; porém, se não passassem, eram rejeitados e teriam de seguir com suas vidas comuns. Agora, se um profeta passasse por um desses rejeitados e o chamasse para segui-lo, a partir disso, sua vida mudaria porque já não mais seria reconhecido como um homem comum, e sim como discípulo de um profeta. Isso foi o que aconteceu com Pedro, acontecimento o qual muitos até hoje não entendem bem. Quando Jesus o chamou, ele deixou tudo e o seguiu, porque essa era a tradição dos profetas, e com certeza ainda era o desejo de Pedro, que queria ser algo mais que um mero pescador de peixes. Diante dessa oportunidade, Pedro não desperdiçou a sua chance e entendeu que aquilo não era meramente uma obra do acaso. Jesus o escolheu porque sabia muito bem o que Pedro queria, e naquele momento Jesus queria Pedro. Os discípulos de Jesus não eram apenas imaturos, mas também governados por impulsos. Pedro era assim, e foi o campeão dos impetuosos; era homem impulsivo e precipitado, que reagia repentinamente, primeiro falava e agia para depois pensar. Temos um exemplo disso: Quando se lançou ao mar, em certa manhã bem fria, nadou até a praia para chegar perto de Jesus, quando em vez disso, poderia ter se aproximado de Jesus com seu barco (João 21:7). Outro exemplo foi quando pediu a Jesus que lhe banhasse também as mãos e o rosto, pois o Senhor havia dito que se Pedro não consentisse que Ele lavasse os seus pés, não teria parte com ele (João 13:9). Outro exemplo mais vivo ainda foi quando Pedro, com rápido golpe de sua espada, decepou a orelha direita do servo do sumo sacerdote (João 18:10). Simão Pedro, também chamado na Bíblia de Cefas ou Simão Barjonas, trabalhava como pescador na região da Galileia. Ele e seu irmão André foram os dois primeiros discípulos a serem chamados por Jesus para segui-Lo, conforme está escrito em Mateus 4:18-20. Pedro andou com Jesus durante todo o ministério de Cristo, que durou cerca de 3 anos e meio, e viu muitos milagres que o Senhor operou (Mateus 4:23,24). Existem muitos relatos bíblicos sobre Pedro; ao contrário de alguns outros discípulos, esses relatos descrevem seus notórios impulsos referentes à sua personalidade bruta, a qual ainda haveria de ser lapidada através dos anos de seu ministério como apóstolo. Mas, até então, ele era muito imaturo e somava muitos defeitos, entre eles o de mentir para se safar. Mais tarde ele se tornaria o grande apóstolo Pedro, o defensor da verdade que liberta e que foi capaz de entregar a sua própria vida defendendo-a. Há uma passagem bíblica que demonstra perfeitamente o quanto esse discípulo de Jesus era imaturo e inconstante em suas palavras: "Quando chegaram a Cafarnaum, os fiscais do imposto do templo foram a Pedro e perguntaram: O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? Pedro respondeu: Paga sim, e ao entrar em casa, Jesus adiantou-se e perguntou lhe: O que é que você acha Simão? De quem os reis da terra recebem taxas ou impostos, dos seus filhos ou dos estrangeiros? Pedro respondeu: Dos estrangeiros Senhor! Então Jesus disse: Isso quer dizer que os filhos não precisam pagar, certo? Mas, para não provocar escândalo, vá ao mar e jogue o anzol, na boca do primeiro peixe que você pegar, vai encontrar o estáter para pagar o imposto, pegue-o, e pague por mim e por você." (Mt 17:24-27). Bem, deixe-me explicar: não estou aqui tentando denegrir a imagem desse apóstolo que foi tão aplicado na obra de Deus, segundo os ensinamentosde Cristo; não é nada disso! O que estou querendo dizer é que o Senhor Jesus também encontrou dificuldades para colocar na linha os seus discípulos. Por exemplo: Pedro sabia que Jesus vinha da linhagem real de Israel, tanto da parte de José quanto de Maria. Ele era considerado pelos judeus de sua época filho de José. Nós cristãos conhecemos a história como ela é, mas alguns judeus não! Para eles, Jesus era filho de José e descendente de Davi, e nada mais. Pois bem, aqui começa a nossa história e irei explicá-la. Mas para isso, teremos que voltar no tempo, precisamente no dia em que Davi enfrentou o gigante Golias: "Todos os israelitas, vendo aquele homem, fugiam de diante dele, e temiam grandemente, e diziam uns aos outros: Viste aquele homem que subiu? Pois subiu para afrontar a Israel. A quem o matar, o rei o cumulará de grandes riquezas, e lhe dará por mulher a filha, e à casa de seu pai isentará de impostos em Israel" (I Samuel 17:24,25). E Davi matou Golias (I Samuel 12:45-51). A partir de então, toda a sua casa e também toda sua linhagem estava isenta de impostos, inclusive José, Maria, Jesus e seus irmãos por parte de Maria. Pedro já sabia disso, mas talvez por vergonha de dizer que seu Mestre não pagava impostos, respondeu aos coletores que sim! Pedro mentiu para preservar seu Mestre. Como nada foge ao conhecimento de Jesus, Ele logo tratou de se antecipar a Pedro e foi lhe dizendo: “Pedro, por que fizestes isso? Não há necessidade de mentir em meu nome. Pois bem, para não causar-lhe mais escândalos, vai e pesque um peixe, e verás que dentro de sua boca terá um estáter, pegue-o e entregue aos fiscais pagando o meu e o teu imposto”. O valor do imposto de cada pessoa daquela época era equivalente a um dia de trabalho comum, sendo então duas dracmas. Um estáter equivalia a quatro dracmas. Fiz questão de explicar bem esse relato para lhe dar uma noção da veracidade do fato em si, pois contra fatos não há argumentos. Pois bem, Pedro tinha em si essa fraqueza que o impedia de prosperar ministerialmente diante de Jesus. Fatos como esses mostram a complexidade do trabalho de Jesus com os seus discípulos, e Pedro não fugia à regra, aliás, era um dos que mais davam trabalho. Sendo Pedro ainda Simão quando Jesus o conheceu, tendo por significado pedra, não demonstrou possuir aquela solidez e firmeza como tal nome sugeria, pois havia prometido a Jesus que estaria firme a seu lado ainda que os demais o abandonassem, mas não só negou a Jesus, jurando por três vezes que nem o conhecia, como o negou com uma linguagem depreciativa. É muito comum encontrarmos nas igrejas pessoas assim como o Pedro imaturo daquele tempo, que diz que vai fazer, mas não o faz; diz que estará sempre junto, mas na hora “H” pula fora do barco; que demonstra ser tão impetuoso para a obra, mas não passa de uma figueira sem fruto. Isso é lamentável! Após negar intempestivamente o Mestre, ele caiu em si, e com o apoio compassivo e sensível de André, tomou de volta o caminho das redes de pesca, enquanto os apóstolos permaneciam estáticos à espera de saber o que viria depois. No momento em que os outros apóstolos, atônitos, faziam comentários de espanto ao verem Jesus na praia, Pedro pulava na água e nadava até ela para encontrar o Mestre. Ele fazia mais perguntas do que todos os apóstolos juntos, embora a maioria delas não fossem de boa qualidade e pertinentes, muitas eram impensadas e tolas. Pedro não tinha uma mente profunda, mas conhecia muito bem a própria mente, era um homem de decisão súbita e de ação rápida e forte. Mas quando ficou totalmente seguro de que Jesus o havia perdoado e de que tinha sido recebido de volta ao aprisco do Mestre, o fogo do Espírito queimou tão intensamente em sua alma que ele se tornou uma luz para milhares de almas na escuridão. Pedro se tornou um pregador fluente, eloquente e também um líder de homens por natureza e, por inspiração, um pensador rápido, mas sem um raciocínio mais profundo. Com toda a certeza, você já deve ter encontrado alguém como Pedro na igreja; refiro-me ao Pedro de antes, aquele discípulo imaturo. De repente, você é muito amigo de alguém que fala sem pensar, impetuoso, estilo matuto, parecendo um bicho do mato, que fala besteiras e palavrões imensuráveis para um seguidor de Cristo, que mente, ou tem ações bruscas e impensadas. Pessoas assim precisam muito de uma ajuda mais íntima, um acompanhamento mais de perto e carinhoso para que uma mudança mais rápida possa acontecer. Jesus nos deu uma ideia de como lidar com essa situação de forma suave, mostrando a direção para que não cause escândalos ainda maiores. O Pedro discípulo não foi nem sombra do apóstolo que se tornou, então devemos agir com sabedoria diante das adversidades causadas por pessoas do estilo de Pedro, o discípulo, pois você pode estar diante de um futuro Pedro apóstolo. Tomé Tomé é frequentemente lembrado como aquele que duvidou da ressurreição de Cristo. Merece ser respeitado por sua atitude, pois suas dúvidas tinham um propósito: o de conhecer a verdade. Tomé não idolatrava seus questionamentos, ele alegremente cria quando tinha razões para fazê-lo; infelizmente, ele não foi feliz na escolha do momento para pôr suas dúvidas em prática, e isso acabou se tornando a sua marca registrada ao longo dos anos, séculos e milênios. Se algo atrapalhava sua crença, ele expunha suas dúvidas completamente, por isso, obtinha as respostas que necessitava. A dúvida era somente uma maneira de reagir a determinadas situações e ideias, não seu modo de vida. Não pretendo justificar o ato de ele duvidar, não é nada disso! Porém, acredito que Jesus não o escolheu apenas para ter um de seus discípulos como o cético do grupo. Os seus questionamentos tinham fundamento, mas, in felizmente, para ele isso veio a se tornar uma discriminação contra si mesmo ao longo do tempo. Contudo, ele não era só isso, também era um dos discípulos que o Senhor Jesus amava tanto quanto os outros, e o entendia por sua coragem em não deixar para depois o que poderia ser resolvido naquele momento. Muitos de nós temos dúvidas acerca de nossa fé, porém não fazemos nada em relação a isso e ficamos tempos e tempos no limbo da dúvida sem ter a coragem que Tomé teve de comprovar a veracidade daquilo que estava diante dos seus olhos e só depois crer verdadeiramente no impossível. Tomé teve coragem de expressar o que a maior parte dos discípulos sentiam, mas não tinham coragem para dizer: “Vamos nós também para morrermos com ele”, se referindo à morte de Lázaro, por conta das explicações de Jesus sobre o falecimento de seu amigo. Embora as referências a Tomé sejam breves, é possível perceber que o seu caráter era consistente, esforçando-se para ser fiel ao que conhecia, apesar dos seus sentimentos. Em certa ocasião, quando era óbvio a todos que a vida de Jesus estava em perigo, somente ele não hesitou em seguir a Jesus (João 11:16). Dessa passagem ninguém se lembra, ninguém comenta sobre o seu nobre gesto. Não sabemos por que Tomé estava ausente na primeira vez que Jesus apareceu aos discípulos depois da ressurreição, sabemos apenas que ele se mostrava relutante em crer no testemunho dos discípulos a respeito da ressurreição de Cristo; nem mesmo os seus dez amigos conseguiram mudar seu pensamento. Tomé mostrou-se tão duro e obstinado em seu ceticismo de não acreditar na ressurreição de Jesus que tal atitude exigiu um esforço especial do Mestre no sentido de lhe provar satisfatoriamente esse glorioso acontecimento: "Tomé, chamado Dídimo, um dos doze, não estava com os discípulos quando Jesus apareceu. Os outros discípulos lhe disseram: Vimos o Senhor! Mas ele lhes disse: Se eu não vir as marcas dos pregos nas suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no seu lado, não crerei. Uma semana mais tarde, os seus discípulos estavam outra vez ali, e Tomé com eles, apesar de estarem trancadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja com vocês! E Jesus disse a Tomé: Coloque o seudedo aqui, veja as minhas mãos, estenda a mão e coloque-a no meu lado, pare de duvidar e creia de uma vez por todas. Disse-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! Então Jesus lhe disse: Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram" (João 20:24-29). Há muitos “Tomés” na igreja que não estão dispostos a se entregarem plenamente apenas ouvindo a Palavra que liberta. Precisam tocar em algo palpável para acreditarem, necessitam ver para crer que aquilo que lhes foi proposto pela Palavra revelada irá de fato se cumprir. Precisarmos de uma prova como Tomé pediu não é o problema; se fosse, o Senhor o teria excluído do meio de seus discípulos. O problema é quando isso se torna uma afronta diante de Deus, pois a pessoa não crê por opção. Antes de julgar alguém como incrédulo, deve-se primeiro ponderar se de fato ele o é, pois ele pode ser um Tomé, o qual veio a ser muito útil na obra do Senhor. Tomé é o grande exemplo de um ser humano que tem dúvidas, que as confronta e as vence. Ele possuía uma grande mente, não era um crítico maligno como o pintam hoje entre os cristãos, ele era um pensador lógico, muito racional, e era uma prova para Jesus e para os seus irmãos discípulos. Podemos encontrar um ponto positivo nisso, pois se Jesus e a sua obra não fossem verdadeiros, não poderiam ter mantido do princípio ao fim um homem como Tomé. Tomé tinha um senso muito agudo e seguro dos fatos, exigia sempre comprovações palpáveis daquilo que lhe fosse apresentado. Com toda a certeza, ao primeiro sintoma de fraude, engano ou exageros desnecessários, abandonaria a todos sem hesitar um segundo. A dúvida às vezes nos encoraja a pensar novamente sobre determinado assunto. Seu propósito maior é exercitar a mente e não mudar toda a concepção de vida. A dúvida pode ser usada para propor uma pergunta, alcançar uma resposta e ajudar em uma decisão, mas não pode ser uma condição permanente, ou seja, uma regra de vida; ela pode ser encaixada como uma exceção simplesmente, e nada mais. Quando você tiver dúvidas, lembre-se do exemplo de Tomé e sinta-se encorajado a prosseguir, não duvidando, mas crendo que obterá uma resposta que o encorajará a acreditar, pois ele não ficou com sua dúvida para si mesmo como se tudo estivesse bem, mas permitiu que Jesus o conduzisse à fé através do seu questionamento. Seja encorajado pelo fato de que inúmeros outros seguidores de Cristo lutaram contra as suas dúvidas, e esse é um ponto importante. Não permita que suas dúvidas se tornem permanentes, solidificadas em sua vida. Avance, decida-se pela fé, encontre outro crente com quem possa partilhar as suas dúvidas, pois as questões silenciosas raramente encontram respostas. Tomé tinha suas peculiaridades pessoais que o tornavam como um cientista no meio do grupo, tanto que se algum de nós tivéssemos convivido com ele naquele tempo, por algumas vezes o consideraríamos como um ateu, tal o nível de sua desconfiança em tudo. No entanto, Jesus sabia tudo a respeito dele, e tinha uma atitude de solidariedade compreensiva para com esse discípulo quando ele estava afligido pela depressão e atormentado pelas dúvidas. Pois é, os cientistas podem não acreditar na existência de um Deus vivo ou compreender plenamente tudo sobre Jesus e sua obra na Terra, mas juntamente com Ele havia um homem cuja mente era a de um verdadeiro cientista – Tomé Dídimo –, e ele acreditou tanto em Jesus de Nazaré que foi capaz de não apenas dedicar todo o resto de sua vida lutando pela causa de Jesus, como também morreu defendendo-a. E como se não bastassem todos os seus feitos em prol da obra de Cristo na Terra, só esse fato já seria suficiente para o tornar plenamente digno de todo o nosso respeito. Tomé deve ter tido momentos difíceis durante o dia do interrogatório de Jesus e da sua crucificação; deve ter chegado às profundezas do desespero, mas retomou a sua coragem, permaneceu solidário aos discípulos e esteve com eles para acolher Jesus no mar da Galileia. Por um momento, ele sucumbiu à sua depressão e à dúvida, mas finalmente retomou a sua fé e coragem, e quando a perseguição dispersou os crentes, ele foi para Chipre, Creta, costa norte da África e Sicília, pregando as boas novas do Reino e batizando os crentes. Tomé continuou a pregar e a batizar até que foi preso pelos agentes do governo romano e acabou sendo executado em Malta. Poucas semanas antes da sua morte, ele havia começado a escrever sobre a vida e os ensinamentos de Jesus. Ainda hoje encontramos nas igrejas pessoas exigindo alguma prova da existência de Deus. Alguns até decidiram sair da igreja porque o Senhor não os abençoou conforme o que haviam pedido. São pessoas difíceis, que precisam enxergar alguma coisa palpável para acreditar que Jesus está naquele negócio. Mas o nosso Deus é misericordioso e entende como ninguém as fraquezas humanas, e assim como Ele agiu com Tomé, atua ainda hoje. Quantos nas igrejas, ainda hoje, lançam desafios para Deus dizendo: se Deus fizer isso ou fizer aquilo eu passo para o lado Dele. Se Ele me curar, eu prometo que passarei o resto dos meus dias servindo a Ele. Quantos não fazem isso?! E ainda criticam Tomé e fazem acepção dele junto aos outros discípulos de Jesus. Aliás, qual dos discípulos realmente estava crendo plenamente na ressurreição de Jesus antes de tê-lo visto ressurreto? Judas Iscariotes Da lista de imaturos, não podemos nos esquecer de um notório discípulo de Jesus: Judas Iscariotes. Ele nasceu em Kerioth, uma pequena aldeia no sul da Judeia. Quando pequeno, seus pais mudaram-se para Jericó, onde cresceu e trabalhou nos vários negócios de seu pai até que se interessou pela pregação de João Batista e juntou-se aos seus discípulos. Como seus pais eram saduceus, o repudiaram. Natanael conheceu Judas na Tariqueia, quando este se encontrava à procura de trabalho junto a uma empresa de secagem de peixe, na extremidade baixa do mar da Galileia. Judas tinha trinta anos e não era casado quando se juntou aos discípulos; provavelmente, era o mais instruído entre os doze e o único judeu na família apostólica do Mestre. À medida que as dúvidas foram ganhando espaço na alma e na mente de Judas, a ansiedade e a decepção foram cultivando o desprezo por Jesus em seu coração. O discipulado de Jesus com Judas já não apresentava mais o mesmo efeito que tinha sobre nós demais discípulos. Judas queria que Jesus eliminasse todos os sofrimentos de Israel, o cárcere do Império Romano, mas Jesus afirmava que o Reino de Deus estava dentro do homem. Para Judas, o problema era político, para Jesus, era espiritual, e Judas não entendia isso. Após três anos de companheirismo e aprendizado com o Mestre, e depois de ter recebido do Senhor Jesus a tesouraria do grupo, Judas não progrediu tanto a ponto de sentir-se preparado para resistir à tentação de trair a Jesus por trinta moedas de prata. Tanto ele quanto os outros discípulos de Jesus sofriam por não conseguirem ter um bom desenvolvimento na área ministerial, não progrediam como era esperado. Como se isso não bastasse, alguns se deixavam levar pela inconstância na língua, o que hoje em dia é um mal comum até no meio daqueles que ocupam cargos importantes na obra do Senhor. Essas pessoas não temem a Deus o suficiente para se desvencilhar dessas adversidades. O caso de Judas ilustra a verdade do seguinte provérbio: “Há um caminho que parece o justo para um homem, mas o fim dele é a morte”. É de todo possível ser vítima da ilusão pacífica da adaptação agradável aos caminhos do pecado e da morte. A porta da vida eterna está bem aberta a todos porque não há restrições ou qualificações, a não ser a fé e a determinação em servir segundo a Palavra que liberta. Jesus admitiu Judas mesmo sabendo o que ele faria no final. Mesmo assim, Jesus sempre fez todo o possível para transformar e salvar o seu confuso discípulo; contudo, quando a luz não é recebida com honestidade, ela tende a transformar-se em trevas dentro da alma. Judas cresceu intelectualmente com os ensinamentos de Jesus sobre o Reino, masnão obteve progresso na aquisição do caráter espiritual como os outros discípulos. Ele não conseguiu alcançar um progresso pessoal satisfatório na experiência espiritual, e com isso, cada vez mais deixou que os desapontamentos pessoais crescessem dentro dele para finalmente tornar-se vítima do ressentimento que alimentaria o demônio que o fez trair seu Mestre, ato que o levou a cometer suicídio. Jesus, por algumas vezes, tanto em particular quanto publicamente, havia prevenido a Judas de que ele estava enganado em suas conclusões, mas suas advertências não foram ouvidas, pois quando se trata da natureza humana com uma raiz de amargura, por mais que a Palavra fale, não adiantará se não houver esforço da parte de quem a ouve. Uma das passagens que demonstra total falta de engajamento de Judas com a obra de Cristo foi quando uma chamada Maria derramou unguento preciosíssimo sobre os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos, seguindo o costume do povo daquela época, que lavava os pés antes das refeições. Fez isso movida de uma gratidão exuberante, já que ninguém, nem mesmo os discípulos, se prestaram a fazê-lo. E Judas a repreendeu dizendo: "Por que não se vendeu este perfume por trezentos denários, e não se deu aos pobres? Disse isto não porque tivesse cuidado com os pobres, mas porque era ladrão" (João 12.5). Enquanto os discípulos participavam de sua última refeição com Jesus, o Senhor revelou que um dentre eles estava prestes a traí- Lo, e indicou Judas como o criminoso. Disse-lhe: "O que pretendes fazer, faça depressa." (João 13.27). Todavia, os demais discípulos não suspeitavam do que Judas estava prestes a fazer, pois "como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera para comprar o que precisavam para a festa da Páscoa" (João 13:29). Judas traiu o Senhor Jesus influenciado pelo maligno (Lucas 22:3; João 13:27). Os onze discípulos ficaram horrorizados, mas Jesus olhou para o traidor apenas com piedade por conta da sua alma sempre entregue às trevas. A decepção de Judas em relação a Jesus o havia cegado e criou um clima favorável para o que viria acontecer no dia seguinte. Tocado pelo remorso, Judas procurou devolver o dinheiro aos captores de Jesus, mas sem muito sucesso, não encontrando uma saída diante da maldade que fizera, enforcou- se (Mateus 27.5). Respeitando o livre arbítrio de Judas e sua liberdade moral humana, Jesus fez tudo o que foi possível para impedi-lo que escolhesse o caminho errado e tivesse o fim que recebeu. O maior erro de Judas não foi a traição, como muitos acreditam e erroneamente ensinam, e sim sua incapacidade de reconhecer suas próprias limitações, de aprender com Jesus que os maiores problemas do homem estão na caixa de segredos de sua personalidade, conhecida popularmente por coração (Provérbios 4:23, Mateus 15:19,20). Judas não se perdoou por trair Jesus, tanto que não achou saída a não ser se suicidar, tamanho era o seu tormento. Em vez de se entregar a um sincero arrependimento, ele foi obrigado a abrigar dentro de si mesmo um atormentado remorso que o fez dar cabo da própria vida. E infelizmente é o que temos visto em muitas igrejas. Por não se entregarem a um arrependimento genuíno, pessoas são atormentadas pelo remorso, que as remoe por dentro e as faz cometer suicídio espiritual por não se considerarem capazes e merecedoras de serem perdoadas por seus atos, às vezes impulsivos, imaturos e vergonhosos. Essas pessoas saem da igreja, e o maligno, que as fez praticar tais atos, impede-as de voltar. A Palavra de Deus nos adverte dizendo: "E não deis lugar ao diabo." (Efésios 4:27), e também: "Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia." (I Coríntios 10:12). "Sede sensatos e vigilantes, pois o diabo, o vosso inimigo, anda ao vosso derredor, rugindo como leão e procurando a quem possa devorar, resistam-lhe, firmemente permanecendo na fé..." (I Pedro 5:8, 9). Existem muitos iguais a Judas nas igrejas. Eles sempre existiram e continuarão surgindo, pois traímos o nosso Jesus todos os dias. Vendemo-nos por tão pouco quando trocamos a honra de termos acesso ao Pai em nome de Jesus por momentos de prazer que nos tornam indignos de termos uma comunhão mais íntima e pessoal com Ele. Permitimos que as nossas mentes vagueiem durante os louvores e a ministração da Palavra. Entregamo-nos às paixões, que nos consomem pouco a pouco. Decepcionamos Jesus, e pelo que podemos ver, não somos muito diferentes de Judas Iscariotes. Assim, precisamos rever nossos conceitos e adotarmos um método de obediência mais eficaz à Palavra. Pense nisso! João Zebedeu Não é preciso vasculhar muito o Novo Testamento para se ver quão imaturos e imperfeitos eram aqueles que Jesus tomou como discípulos. João se mostrou tão impetuoso que Jesus o chamou de “filho do trovão”, um filho da tempestade. Era de caráter violento e, certas vezes, agia como um redemoinho impetuoso, um poderoso furacão. Estava muito longe de se revelar como um homem calmo, paciente, sofredor e manso. João, que depois se tornou o discípulo amado, não sabia controlar seu gênio. Houve uma ocasião em que teve uma explosão forte e terrível. Isso aconteceu quando entrou numa vila de samaritanos para encontrar pouso para o Mestre, e vendo que os samaritanos, aos quais Jesus queria revelar seu amor e o de seus discípulos, eram descaridosos e se recusaram a hospedar o Mestre, João se encolerizou e, cheio de indignação, disse a Jesus: "Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para consumir esta gente?" (Lucas 9:54). João abrigava preconceitos que também o faziam não admitir que outras pessoas fora do seu grupo expulsassem demônios, assim como eles (Marcos 9:38). Na verdade, o preconceito é a raiz de muitos dos problemas, e ele pode ser simbolizado pelo solo duro e impenetrável, no qual a semente não entra facilmente (Mateus 13:3,4,19). Essa é uma descrição perfeita da atitude assumida por indivíduos cheios de preconceitos e de mente fechada que sequer querem pensar na verdade que lhes é apresentada. João Zebedeu também tinha uma presunção imoderada e, em geral, bem dissimulada. Apesar de tudo isso, o traço mais forte do caráter dele era a sua confiabilidade. João estava sempre disposto e era corajoso, fiel e devotado a Cristo. Era o mais jovem membro da família do seu pai e do grupo dos apóstolos, talvez ele tenha sido vaidoso demais, e essa era sua maior fraqueza. Todavia, alguns anos depois, tornou-se muito diferente daquele jovem arbitrário que se autoadmirava e que se juntou às fileiras dos apóstolos de Jesus com apenas 24. As características que João mais apreciava em Jesus eram o amor e a falta de egoísmo. Esses traços causavam tamanho impacto sobre ele que, posteriormente, toda a sua vida se tornou dominada pelo sentimento de amor e de devoção fraterna. Ele falou e escreveu sobre o amor, e o “filho do trovão” tornou-se o “apóstolo do amor”. João também era profundamente movido pela compaixão de Jesus pelos homens. Ele sabia que Jesus submetia até Seus menores desejos à vontade do Pai e mantinha-se sempre nela. Tudo isso causava um profundo impacto em João, de tal forma a gerar mudanças permanentes em seu caráter, as quais se manifestaram por toda a sua vida posterior. João tinha uma coragem firme e ousada, característica que os outros discípulos também possuíam, mas ele foi o discípulo que ousou seguir Jesus na noite em que o aprisionaram, acompanhando-o até a crucificação, e recebeu fielmente a sua missão de cuidar de Maria, a mãe de Jesus. Uma coisa é certa: João era profundamente confiável e sempre deixou bem claro em suas atitudes que estava com Jesus em qualquer ocasião, sem medir esforços ou consequências. Esse discípulo, que era impetuoso e determinado a matar pelos seus ideais, foi considerado o apóstolo do amor, chegando a escrever em sua primeira carta que "Quem não ama, não conhece a Deus" (I João 4:8). Em Éfeso, quando bispo e já idoso, não sendo mais capaz de permanecer de pé para pregar, tinha de ser carregado e sentado numa cadeira,