Prévia do material em texto
Evolução dos conceitos de Gestão Ambiental e Gestão Social SST Dondoni, Danielle Calazans Evolução dos conceitos de Gestão Ambiental e Gestão Social / Danielle Calazans Dondoni Ano: 2020 nº de p.: 9 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Evolução dos conceitos de Gestão Ambiental e Gestão Social 3 Apresentação Nesta unidade, aprenderemos sobre qualidade e gestão socioambiental. Veremos como os programas de qualidade nas empresas têm como intuito a melhoria dos produtos e processos, requisitos essenciais para sobrevivência no mercado globalizado e competitivo. Ao associar requisitos da qualidade com ações sociais e ambientais, as organizações fortalecem o desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, observaremos a gestão socioambiental nas empresas e o seu impacto na sociedade. Evolução dos conceitos de gestão ambiental e gestão social O amplo acesso a informações representa um desafio para as empresas, considerando que os clientes diretos e a sociedade em um contexto geral tornam- se mais exigentes. Permanecer no mercado e atuar competitivamente requer a integração de fatores, como baixo custo, alto padrão de qualidade e atendimento às demandas sociais e ambientais. Para Nascimento (2007), a década de 1950 marca o início da preocupação com a gestão ambiental e a gestão social. Até essa época, o meio ambiente era um local de descarte para os resíduos advindos da ação do homem e das indústrias, em que acreditava-se que a natureza seria capaz de depurar tudo o que fosse lançado no ar, na água e no solo, como representado na figura a seguir. No âmbito social, as empresas faziam doações motivadas por aspectos religiosos, culturais ou humanitários, conhecidas como ações filantrópicas. 4 Representação da poluição do ar Fonte: Plataforma Deduca (2020). As reflexões acerca do tema ambiental foram intensificadas após o acidente de Minamata no Japão, no qual estima-se que, entre 1932 e 1968, a empresa Chisso Petrochemical tenha lançado no mar 81 toneladas de mercúrio. Os primeiros casos de contaminação foram identificados em 1956, e os sintomas incluíam problemas no sistema nervoso, paralisia, deformidades, e, em alguns casos, até morte. Mais de dois milhões de pessoas podem ter sido contaminadas, por ingestão de peixes e frutos do mar, e quase três mil foram diagnosticadas com a doença de Minamata. Destacam-se também os seguintes fatos (NASCIMENTO, 2007): • Década de 1960 • A autora Rachel Carson publica o livro A Primavera Silenciosa, no qual alertava sobre os perigos do uso de pesticidas e poluentes. • Década de 1970 • Primeira conferência da Organização da Nações Unidas (ONU) para o meio ambiente, com participação de 113 países. Evento conhecido como Conferência de Estocolmo, na Suécia. • Acidente na ICMESA, uma indústria de pesticidas em Seveso, na Itália, levando à contaminação de 320 hectares de terra. • Década de 1980 • Acidente na Union Carbide, indústria de pesticidas em Bhopal, na Índia, com vazamento de 40 toneladas de gás venenoso. • Acidente de Chernobil, usina nuclear na Ucrânia, contaminando cerca de 150 mil quilômetros quadrados, e tornando inabitável um raio de 30 quilômetros ao redor da usina. 5 • Assinatura do Protocolo de Montreal, que tinha como objetivo a redução da emissão de gases que afetam a camada de ozônio. • Acidente com o navio petroleiro da Exxon-Valdez, no Alasca, com derramamento de 40 milhões de litros de óleo no mar. • Década de 1990 • Segunda conferência da ONU para o meio ambiente, com participação de 172 países. Evento conhecido como Rio 92. • Assinatura do Protocolo de Quioto, no Japão, que tinha como objetivo a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa a fim de minimizar as mudanças climáticas. • Publicação da Norma ISO 14.001 – Sistema de Gestão Ambiental. • Início do século XXI • Convenção de Estocolmo, na Suécia, sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes (POP), na qual determinou-se o controle sobre todo o ciclo de uma série de substâncias químicas, desde a produção até a destinação final. • Conferência da ONU sobre ambiente e desenvolvimento sustentável, também conhecido como Rio+10, com participação de 189 países, cujo objetivo era a adoção de um plano de ação sobre diversos temas: a pobreza e a miséria, os recursos naturais e sua gestão, o consumo, entre outros. • Conferência da ONU sobre ambiente e desenvolvimento sustentável, também conhecido como Rio+20, com participação de 193 países, que teve como temas centrais: economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. • Acidente na usina nuclear de Fukushima, em Tóquio, no Japão, decorrente de um tsunami, que liberou intensa fumaça e material radioativo na atmosfera. 6 Representação da gestão ambiental Fonte: plataforma deduca (2020). Cronologia A discussão sobre responsabilidade social das empresas foi iniciada por Howard Bowen no seu livro intitulado Social Responsibilities of the Businessman, publicado em 1953, o qual destaca que as organizações estão inseridas na sociedade, não podendo serem vistas como uma entidade independente dela. Destacam-se também os seguintes fatos (NASCIMENTO, 2007): • Década de 1960 • O autor Joseph McGuire publicou o livro Business and Society, no qual apontou que a responsabilidade social não engloba apenas o cumprimento de obrigações legais e econômicas; as obrigações com a sociedade são compromisso moral. • Década de 1970 • Publicada a Lei Francesa n.77.697/1977, que determinava a divulgação do balanço social voltado para relações de trabalho. • Publicada a Carta de Dirigentes Cristãos de Empresas, trazendo para o Brasil a visão social. • Década de 1980 • Criado, em 1981, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). 7 • A Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial e Social (Fides) desenvolveu um modelo de balanço social com estrutura adaptada à realidade do Brasil. • Publicado pela empresa estatal Nitrofértil, em 1984, o primeiro balanço social. • Década de 1990 • Criado, em 1998, o selo Ibase/Betinho, certificando as empresas que fazem o balanço social conforme o modelo sugerido pelo instituto. • Publicação da Norma SA 8000 – Responsabilidade Social. • Publicação da Norma ISO 14001 – Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional. • Início do século XXI • Criação do Prêmio Balanço Social, em 2002, que trata de um esforço conjunto de cinco instituições (Aberje, Apimec, Ethos, Fides, Ibase), cujo objetivo central do Prêmio é difundir a prática do balanço social nas empresas. • Por intermédio do Programa de Apoio a Investimentos Sociais (Pais), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibiliza recursos para implantação, crescimento e consolidação de programas de investimentos sociais. O balanço social é o demonstrativo anual quantitativo e qualitativo das ações sociais realizadas interna e externamente. É uma forma de apresentar voluntariamente as atividades de uma empresa com a sociedade a qual está diretamente relacionada. Tem como objetivo a divulgação de aspectos da gestão econômica-social e o relacionamento com a comunidade. Atenção Em síntese, somente a partir da década de 1990, as organizações passaram a adotar normas para a qualidade ambiental, principalmente as da International Organization for Standardization (ISO). Nessa mesma época, o papel social das empresas passou a ser discutido, consolidando o conceito de Responsabilidade Social Corporativa (RSC). 8 A gestão socioambiental A evolução e a ocorrência de fatos históricos moldaram uma série de conceitos, dentre os quais ressalta-se o desenvolvimento sustentável. Importância da Responsabilidade Socioambiental vem aumentando nos últimos anos no Brasil, vem mudando o comportamento das empresas, e interesse pelo tema. A Responsabilidade SocioambientalEmpresarial, não se limita a ações filantrópicas praticadas pela empresa, ou seja, vai muito além da filantropia. A empresa desenvolve programas que alinham esses aspectos beneficiando seus públicos interno e externo. As ações praticadas pelas empresas, devem estar em consonância com o desenvolvimento da sociedade e do meio ambiente. Justifica-se a implementação destas ações em busca de oportunidades geradas por uma consciência maior sobre as questões sociais e ambientais de gênero; a antecipação, evitando regulações restritivas à ação empresarial pelo governo, e na diferenciação de seus produtos diante de seus competidores menos responsáveis socialmente. (FAGUNDES, 2013) Diante dos fatos, é de extrema importância nos preocuparmos com a questão ambiental independentemente do país que estamos discutindo. Deve-se levar em consideração as políticas das empresas, bem como a questão das políticas adotadas pelos países para que seja possível atingir metas estipuladas para a empresa como um todo. 9 Fechamento Nesta unidade, conseguimos compreender que o acesso a informações pode ajudar as empresas a estarem informadas e se adaptarem às normativas estabelecidas pelos governos e tratados existentes. A sociedade está cada vez mais exigente quando nos referimos às questões ambientais, visto que é de suma importância tratarmos esse assunto com prioridade. Nesse sentido, estudamos e analisamos a cronologia de como ocorreu a evolução da gestão ambiental e gestão social, bem como a discussão sobre a responsabilidade social das empresas desde a década de 1960 até o início do século XXI. Referências FAGUNDES, R. M. A Gestão da responsabilidade socioambiental empresarial. Administradores, [s. l.], maio 2013. Disponível em: https://administradores. com.br/artigos/a-gestao-da-responsabilidade-socioambiental- empresarial#:~:text=Estrat%C3%A9gias%20de%20gest%C3%A3o%20 implementadas%20para,onde%20a%20vari%C3%A1vel%20socioambiental%20fica. Acesso em: 12 out. 2020. NASCIMENTO, L. F. Quando a gestão social e a gestão ambiental se encontram. In: XXXI Encontro da ANPAD. Anais [...]. Rio de Janeiro: ANPAD, 2007. Disponível em: http://www.anpad.org.br/diversos/down_zips/33/TC%20APS-C3285.pdf. Acesso em: 14 out. 2020. https://administradores.com.br/artigos/a-gestao-da-responsabilidade-socioambiental-empresarial#:~:te https://administradores.com.br/artigos/a-gestao-da-responsabilidade-socioambiental-empresarial#:~:te https://administradores.com.br/artigos/a-gestao-da-responsabilidade-socioambiental-empresarial#:~:te https://administradores.com.br/artigos/a-gestao-da-responsabilidade-socioambiental-empresarial#:~:te http://www.anpad.org.br/diversos/down_zips/33/TC%20APS-C3285.pdf Relação entre a qualidade e a gestão socioambiental nas organizações SST Rossi, Jessica de Cássia Relação entre a qualidade e a gestão socioambiental nas organizações / Jessica de Cássia Rossi Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 12 3 Relação entre a qualidade e a gestão socioambiental nas organizações Apresentação Nesta unidade, apresentaremos alguns conceitos acerca da gestão socioambiental e da qualidade, relacionando a parte da empresa e a unificação dos fatores econômicos, sociais e ambientais. Para isso, entenderemos a interface entre as questões ambientais e sociais. As normas da série ISO 14000 também serão abordadas a fim de nos ajudarem a compreender melhor a gestão ambiental. Ainda com relação a normas, observaremos a ISSO 26000, que trata sobre responsabilidade social. Veremos, ainda, como os resultados esperados precisam ser obtidos no presente e contribuir para o futuro da organização. Qualidade e gestão O conceito de desenvolvimento sustentável tem sido continuamente redefinido. A definição mais utilizada atualmente é a proposta por John Elkington em 1997, denominada como Triple Bottom Line, conhecida, em português, como Tripé da Sustentabilidade. Consiste de três dimensões (econômica, social e ambiental) que devem estar interligadas para que se atinja o desenvolvimento sustentável. Tripé da sustentabilidade Dimensão Econômica Dimensão Ambiental Desenvolvimento Dimensão Sustentável Social Fonte: Elaborada pela autora (2020). 4 A adoção dos princípios de desenvolvimento sustentável é fundamental para a sobrevivência das empresas em um mercado competitivo e cada vez mais preocupado com estas questões ambientais e sociais. A Gestão Socioambiental Estratégica é definida por Nascimento, Lemos e Mello (2008, p.18) como sendo: [...] a inserção da variável socioambiental ao longo de todo o processo gerencial de planejar, dirigir e controlar, utilizando-se das funções que compõem esse processo gerencial, bem como das interações que ocorrem no ecossistema do mercado, visando atingir seus objetivos e metas da forma mais sustentável possível. A implementação dessa gestão trás os seguintes benefícios (NASCIMENTO, 2005): • oportunidade de melhoria da competitividade; • desenvolvimento da parceria com fornecedores; • conscientização e educação dos seus clientes; • obtenção de certificações e pro atividade frente às ações governamentais; • melhoria da imagem pública. Para Pereira (2007), as seguintes normas destacam-se na construção de parâmetros internacionais para gestão socioambiental: ISO 9000 (gestão da qualidade), ISO 14000 (gestão ambiental), ISO 26000 (norma internacional de responsabilidade social), NBR 16001 (norma brasileira de responsabilidade social), AA 1000 (relação com os stakeholders), SA 8000 (gestão de saúde ocupacional e segurança), BS 8800 (gestão da segurança e saúde no trabalho) e OHSAS 18000 (gestão de segurança e saúde ocupacional). Gestão ambiental - série ISO 14000 No contexto ambiental, destaca-se a série ISO 14000, que compreende um conjunto de normas desenvolvidas pela International Organization for Standardization (ISO), as quais estabelecem diretrizes para a área de gestão ambiental dentro de empresas, incluindo itens como auditorias ambientais, rotulagem ambiental, comunicação ambiental, análise do ciclo de vida, desempenho ambiental, aspectos ambientais e terminologias. No quadro seguinte, são apresentadas as normas dessa série: 5 Normas que compõem a série ISO 14000 ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental – Requisitos e diretrizes para a sua utilização. ISO 14004: Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre implementação. ISO 14005: Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes para a implementação faseada de um sistema de gestão ambiental, incluindo o uso da avaliação do desempenho ambiental. ISO 14006: Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes para a integração do ecodesign. ISO 14015: Gestão ambiental - Avaliação ambiental de sítios e organizações (AASO). ISO 14020: Rótulos e declarações ambientais – Princípios gerais. ISO 14021: Rótulos e declarações ambientais – Autodeclarações ambientais (Rotulagem ambiental Tipo II). ISO 14024: Rótulos e declarações ambientais – Rotulagem ambiental Tipo I – Princípios e procedimentos. ISO 14025: Rótulos e declarações ambientais – Declarações ambientais Tipo III – Princípios e procedimentos. ISO 14031: Gestão ambiental – Avaliação de desempenho ambiental – Diretrizes. ISO/TS 14033: Gestão ambiental – Informação ambiental quantitativa – Diretrizes e exemplos. ISO 14040: Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e enquadramento. ISO 14044: Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Requisitos e diretrizes. ISO 14045: Gestão ambiental – Avaliação da ecoeficiência de sistemas de produto – Princípios, requisitos e diretrizes. ISO 14046: Gestão ambiental – Pegada de água – Princípios, requisitos e diretrizes. ISO/TR 14047: Gestão Ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Exemplos ilustrativos de como aplicar a ISO 14044 a situações de avaliação de impactes. ISO/TS 14048: Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Formato da documentação de dados. ISO/TR14049: Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Exemplos ilustrativos de aplicação da ISO 14044 à definição de objetivo e âmbito e análise de inventário. ISO 14050: Gestão ambiental – Vocabulário. ISO 14051: Gestão ambiental – Contabilidade de custos de fluxo de materiais – Enquadramento geral. ISO/TR 14062: Gestão ambiental – Integração de aspetos ambientais no design e desenvolvimento de produto. ISO 14063: Gestão ambiental – Comunicação ambiental – Diretrizes e exemplos. ISO 14064-1: Gases com efeito de estufa – Parte 1: Especificações com diretrizes ao nível da organização para a quantificação e comunicação de emissão e remoção de gases com efeito de estufa. 6 ISO 14064-2: Gases com efeito de estufa – Parte 2: Especificações com orientações ao nível do projeto para a quantificação, monitorização e comunicação de emissão e incremento de remoção de gases com efeito de estufa. ISO 14064-3: Gases com efeito de estufa – Parte 3: Especificações com diretrizes ao nível da validação e verificação de declarações de gases com efeito de estufa. ISO 14065: Gases com efeito de estufa – Requisitos para organismos de validação e verificação de gases com efeito de estufa para acreditação ou outras formas de reconhecimento. ISO 14066: Gases com efeito de estufa – Requisitos de competência para equipes de validação e verificação de gases com efeito de estufa. ISO/TS 14067: Gases com efeito de estufa – Pegada de carbono de produtos – Requisitos e diretrizes para quantificação e comunicação. ISO 14069: Gases com efeito de estufa – Quantificação e reporte de emissões de gases com efeito de estufa para organizações – Diretrizes para a aplicação da ISO 14064-11 30. ISO/TS 14071: Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Revisão crítica dos processos e competências dos revisores: Requisitos adicionais e diretrizes para a ISO 14044:20061. ISO/TS 14072: Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Requisitos e diretrizes para avaliação do ciclo de vida organizacional. ISO Guide 64: Guia para abordar questões ambientais nas normas de produto. ISO 19011: Diretrizes para auditorias a sistemas de gestão. Fonte: Adaptado de APCER (2016). Dentre essas normas, destaca-se a ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental, ferramenta utilizada para auxiliar empresas a identificar, priorizar e gerenciar seus riscos ambientais como parte de sua rotina. Ela requer que as empresas se comprometam com a prevenção da poluição e melhorias contínuas, como parte do ciclo normal de gestão empresarial (BANAS QUALIDADE, 2016). Conforme exposto por Carvalho e Paladini (2012), tem como objetivo o equilíbrio entre a proteção ambiental e a prevenção da poluição com as necessidades socioeconômicas da população, sem intenção de que seja utilizada como barreira comercial. É aplicável aos diferentes tipos e tamanhos das organizações, estando fundamentada nos seguintes aspectos: • prevenção ao invés de correção; • planejamento de todas as atividades, produtos e processos; • estabelecimento de critérios; • coordenação e integração entre as partes; • monitoração contínua; • melhoria contínua. 7 A Associação Portuguesa de Certificação (APCER) publicou um guia interpretativo, no qual expõe as mudanças ocorridas na nova versão da norma, além de comentar sucintamente cada requisito. É um material relevante para quem já conhece a versão antiga da norma ou para os que estão tendo o primeiro contato. Acesse o guia atravésdo link: https://www.apcergroup.com/images/site/ downloads/Guias/APCER_Guia_ISO_14001_PT.pdf Saiba mais Responsabilidade social - ISO 26000 Conforme definido pela ABNT NBR ISO 26000, a essência da responsabilidade social é: A disposição da organização de incorporar considerações socioambientais em seus processos decisórios, bem como a accountability pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Isso implica um comportamento transparente e ético que contribua para o desenvolvimento sustentável, esteja em conformidade com as leis aplicáveis e seja consistente com as normas internacionais de comportamento. Também implica que a responsabilidade social esteja integrada em toda a organização, seja praticada em suas relações e leve em conta os interesses das partes interessadas. (ABNT, 2010, p. 6) A Norma Internacional ISO 26000 fornece orientações sobre conceitos, termos e definições relativos à responsabilidade social, tais como: histórico, tendências e características; princípios e práticas relativas; temas centrais; integração, implementação e promoção de comportamento socialmente responsável em toda a organização e por meio de suas políticas e práticas dentro de sua esfera de influência; identificação e engajamento de partes interessadas; comunicação de compromissos, desempenho; e outras informações referentes à responsabilidade social. Essa norma tem a proposta de servir como um importante norte para as corporações, sem fins de certificação. Os sete princípios da ISO 26000 são: https://www.apcergroup.com/images/site/downloads/Guias/APCER_Guia_ISO_14001_PT.pdf https://www.apcergroup.com/images/site/downloads/Guias/APCER_Guia_ISO_14001_PT.pdf 8 • responsabilidade; • transparência; • comportamento ético; • consideração pelas partes interessadas; • legalidade; • normas internacionais; • direitos humanos. Para definir o escopo de sua responsabilidade social, identificar questões relevantes e estabelecer as suas prioridades, é recomendado que a organização aborde os seguintes temas centrais, apresentados no quadro a seguir: Temas centrais e questões da responsabilidade social Temas Centrais Questões Governança organizacional ____________ Direitos humanos • Diligência devida (duedelligence). • Situações de risco para os direitos humanos. • Evitar cumplicidade. • Resolução de Questão Discriminação e grupos vulneráveis. • Direitos civis e políticos. • Direitos econômicos, sociais e culturais. • Direitos fundamentais do trabalho. Práticas de trabalho • Emprego e relações de trabalho. • Condições de trabalho e proteção social. • Diálogo social. • Saúde e segurança no trabalho. • Desenvolvimento humano e treinamento no local de trabalho. Meio ambiente • Prevenção da poluição. • Uso sustentável de recursos. • Mitigação e adaptação às mudanças climáticas. • Proteção do meio ambiente e da biodiversidade e restauração de habitats naturais. Práticas leais de operação • Práticas anticorrupção. • Envolvimento político responsável. • Concorrência leal. • Promoção da responsabilidade social na cadeia de valor. • Respeito ao direito de propriedade. 9 Questões relativas ao consumidor • Marketing leal, informações factuais e não tendenciosas e práticas contratuais justas. • Proteção à saúde e segurança do consumidor. • Consumo sustentável. • Atendimento e suporte ao consumidor e solução de reclamações e controvérsias. • Proteção e privacidade dos dados do consumidor. • Acesso a serviços essenciais. • Educação e conscientização. Envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento • Envolvimento da comunidade. • Educação e cultura. • Geração de emprego e capacitação. • Desenvolvimento tecnológico e acesso às tecnologias. • Geração de riqueza e renda. • Saúde. • Investimento social. Fonte: Adaptado ABNT (2010). A Responsabilidade Social – NBR ISO 16602foi inicialmente publicada em 2004 e teve revisão de seus itens em 2012 com base nas diretrizes da norma internacional ISO 26000:2010. A NBR 16602 – Responsabilidade Social é uma norma de sistema de gestão, passível de auditoria, estruturada em requisitos averiguáveis, que permitem a busca da certificação de terceira parte. A definição de responsabilidade social apresentada nela é semelhante à apresentada na ISO 26000: Responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: Contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúdee o bem estar da sociedade; leve em consideração as expectativas das partes interessadas; esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente comas normas internacionais de comportamento e esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações. (ABNT, 2012, p.5) Conforme apresentado pelo INMETRO (BRASIL, [201?]), a ISO 16602 é passível de integração com outros requisitos de gestão e define critérios que se aplicam a qualquer tipo e porte de organização que deseje: • implantar, manter e aprimorar um sistema de gestão da responsabilidade so- cial; • assegurar-se de sua conformidade com a legislação aplicável e a sua política da responsabilidade social; • apoiar o engajamento das partes interessadas; 10 • demonstrar conformidade com a norma, por meio de autoavaliação e emis- são da autodeclaração da conformidade;comprovação da conformidade por partes interessadas ou partes externas à organização, ou, ainda,por meio da certificação do seu sistema de gestão por uma organização externa. A importância da ISO 16602 Fonte: Plataforma Deduca (2020). Aspectos da gestão socioambiental para a sociedade sobre as questões ambientais possuem interfaces com as questões sociais e vice-versa. Vamos avaliar um conhecido caso de impacto ambiental que provocou também impacto social. Em 2015, ocorreu a ruptura da barragem de Fundão da empresa Samarco, no município de Mariana em Minas Gerais. Foram despejados cerca de55milhões de metros cúbicos de rejeitos provenientes da mineração do ferro, atingindo o rio Gualaxo do Norte, o rio do Carmo e desaguando no Rio Doce, na cidade de Regência no Estado do Espírito Santo. Se restringirmos a análise para apenas uma das consequências, podemos entender a importância da gestão socioambiental. Vale ressaltar que a unificação dos sistemas de gestão requer esforços consideráveis e tal decisão é tomada pela alta direção, com vistas a uma implantação gradual, integrando os objetivos afim de assumir compromissos que vão além das obrigações legais. Deve ainda ser considerado que a unificação desses sistemas de gestão pode representar um ganho de eficiência, como, por exemplo, a partir do estudo de um determinado processo viabilizou-se a produção de um material com as mesmas características qualitativas a partir do uso de recursos de forma planejada, levando à produção de menos resíduos. 11 Fechamento Nesta unidade, conseguimos destacar sobre a aplicabilidade dos sistemas de gestão, em virtude das similaridades dos sistemas de gestão da qualidade e ambiental. Percebemos que muitas empresas que implementaram programas de qualidade também estão à frente em termos de certificação ambiental. As certificações, ISO 14001, ISO 16602 e ISO 2600, que conseguimos destacar nesta unidade se fazem presentes em muitas empresas do nosso dia a dia. Por isso, é necessário que você as compreenda e as utilize em sua prática profissional. 12 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 16001 – Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2012. ______. NBR ISO 26000 – Diretrizes sobre responsabilidade social. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CERTIFICAÇÃO (APCER). Guia do Utilizador ISO 14001:2015.Porto, mar. 2016. Disponível em: http://www.apcergroup.com/portugal/ images/site/graphics/guias/apcer_guia_io14001.pdf. Acesso em:30set. 2020. BANAS QUALIDADE. Guia dosorganismos de certificação,avaliação e inspeção. BanasQualidade, Ano XIII,São Paulo, ed. 13,dez.2016.Disponível em:http://revistas. banasqualidade.com.br/GOC17/files/assets/common/downloads/publication.pdf. Acesso em:30set. 2020. BRASIL. INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA (INMETRO). A Norma Nacional – ABNT NBR 16001. [201?]. Disponível em: http:// www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp. Acesso em: 30set. 2020. CARVALHO, M.M.; PALADINI, E. P. Gestão da Qualidade: Teoria e casos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier: ABEPRO, 2012. NASCIMENTO, F.N.; LEMOS, A.D.C.; MELLO, M.C.A. Gestão socioambiental estratégica. Porto Alegre:Bookman, 2008. NASCIMENTO, L. F. Gestão Socioambiental Estratégica: a percepção de executivos de pequenas e médias empresas americanas. In: XXIX Encontro da ANPAD. Anais [...]. Brasília: ANPAD, set. 2005. Disponível em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/ enanpad2005-apsc-2071.pdf. Acesso em:30set. 2020. PEREIRA, E. A. A.A empresa e o lugar na globalização: a responsabilidade social empresarial no território brasileiro.Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós- Graduação em Geografia Humana,p. 205. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde- 01082007-161146/pt-br.php. Acesso em:30 set. 2020. http://www.apcergroup.com/portugal/images/site/graphics/guias/apcer_guia_io14001.pdf http://www.apcergroup.com/portugal/images/site/graphics/guias/apcer_guia_io14001.pdf http://revistas.banasqualidade.com.br/GOC17/files/assets/common/downloads/publication.pdf http://revistas.banasqualidade.com.br/GOC17/files/assets/common/downloads/publication.pdf http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enanpad2005-apsc-2071.pdf http://www.anpad.org.br/admin/pdf/enanpad2005-apsc-2071.pdf http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-01082007-161146/pt-br.php http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-01082007-161146/pt-br.php Responsabilidades Sociais SST Luz, Pedro Luiz da Responsabilidade Social / Pedro Luiz da Luz Ano: 2019 nº de p. : 9. Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Responsabilidades Sociais 3 Apresentação Neste momento, iremos abordar a Responsabilidade Social e sua interface com outras áreas como a ambiental e a qualidade. Estudaremos a ISO 26000, considerada um excelente instrumento de tomada de decisão do processo produtivo. Além disso vamos conhecer os princípios que podem nortear as corporações a alcançarem as certificações necessárias para se tornarem um diferencial no mercado em que atuam. Fique atento ao texto e às dicas ao longo da leitura. Bons estudos! Responsabilidade Social - ISO 26000 Conforme definido pelo ABNT NBR ISO 26000, a essência da responsabilidade social é: A disposição da organização de incorporar considerações socioambientais em seus processos decisórios, bem como a accountability pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente. Isso implica um comportamento transparente e ético que contribua para o desenvolvimento sustentável, esteja em conformidade com as leis aplicáveis e seja consistente com as normas internacionais de comportamento. Também implica que a responsabilidade social esteja integrada em toda a organização, seja praticada em suas relações e leve em conta os interesses das partes interessadas. (ABNT, 2010, p. 6) A norma internacional ISO 26000 fornece orientações sobre conceitos, termos e definições relativos à responsabilidade social, histórico, tendências e características da responsabilidade social; princípios e práticas relativas à responsabilidade social; temas centrais e as questões referentes à responsabilidade social; integração, implementação e promoção de comportamento socialmente responsável em toda a organização e por meio de suas políticas e práticas dentro de sua esfera de influência; identificação e engajamento de partes interessadas; comunicação de compromissos, desempenho e outras informações referentes à responsabilidade 4 social. Tem a proposta de servir como um importante norte para as corporações, sem fins de certificação. Os sete princípios da ISO 26000 são: Responsabilidade; Transparência; Comportamento Ético; Consideração pelas partes interessadas; Legalidade; Normas Internacionais; Direitos Humanos. Para definiro escopo de sua responsabilidade social, identificar questões relevantes e estabelecer as suas prioridades, é recomendado que a organização aborde os seguintes temas centrais, apresentados, a seguir: Temas centrais e questões da responsabilidade social. Temas Centrais Questões Governança organizacional ______ Direitos humanos • Diligência devida (due delligence). • Situações de risco para os direitos humanos. • Evitar cumplicidade. • Resolução de Questão Discriminação e grupos vulneráveis. • Direitos civis e políticos. • Direitos econômicos, sociais e culturais. • Direitos fundamentais do trabalho. Práticas de trabalho • Emprego e relações de trabalho. • Condições de trabalho e proteção social. • Diálogo social. • Saúde e segurança no trabalho. • Desenvolvimento humano e treinamento no local de trabalho. Meio ambiente • Prevenção da poluição. • Uso sustentável de recursos. • Mitigação e adaptação às mudanças climáticas. • Proteção do meio ambiente e da biodiversidade e restauração de habitats naturais. Práticas leais de operação • Práticas anticorrupção. • Envolvimento político responsável. • Concorrência leal. • Promoção da responsabilidade social na cadeia de valor. • Respeito ao direito de propriedade. 5 Questões relativas ao consumidor • Marketing leal, informações factuais e não tendenciosas e práticas contratuais justas. • Proteção à saúde e segurança do consumidor. • Consumo sustentável. • Atendimento e suporte ao consumidor e solução de reclamações e controvérsias. • Proteção e privacidade dos dados do consumidor. • Acesso a serviços essenciais. • Educação e conscientização. Envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento • Envolvimento da comunidade. • Educação e cultura. • Geração de emprego e capacitação. • Desenvolvimento tecnológico e acesso às tecnologias. • Geração de riqueza e renda. • Saúde. • Investimento social. Fonte: Adaptado de ABNT (2010). Responsabilidade Social – NBR ISO 16602 A norma brasileira ABNT NBR ISO 16602 foi inicialmente publicada em 2004 e teve revisão de seus itens em 2012 com base nas diretrizes da norma internacional ISO 26000:2010. A NBR 16602 – Responsabilidade Social, é uma norma de sistema de gestão, passível de auditoria, estruturada em requisitos averiguáveis, que permitem a busca da certificação de terceira parte. A definição de responsabilidade social apresentada na NBR ISO 16602 é semelhante à apresentada da ISO 26000: Responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: Contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem estar da sociedade; leve em consideração as expectativas das partes interessadas; esteja em conformidade com a legislação aplicável e seja consistente com as normas internacionais de comportamento e esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações. (ABNT, 2012, p. 5) 6 Conforme apresentado pelo INMETRO (2012), A ISO 16602 é passível de integração com outros requisitos de gestão e define critérios que se aplicam a qualquer tipo e porte de organização que deseje realizar uma das ações especificadas a seguir. Implantar: manter e aprimorar um sistema de gestão da responsabilidade social; Assegurar-se: de sua conformidade com a legislação aplicável e com a sua política da responsabilidade social; Apoiar: o engajamento das partes interessadas; Demonstrar conformidade com a norma: por meio de autoavaliação e emissão da autodeclaração da conformidade; confirmação da conformidade por partes interessadas ou partes externas à organização ou ainda por meio da certificação do seu sistema de gestão por uma organização externa. Aspectos da Gestão Socioambiental para a Sociedade As questões ambientais possuem interfaces com as questões sociais e vice-versa. Vamos avaliar um conhecido caso de impacto ambiental que provocou também impacto social. Em 2015 ocorreu a ruptura da barragem de Fundão da empresa Samarco, no município de Mariana em Minas Gerais. Foram despejados cerca de 55 milhões de metros cúbicos de rejeitos provenientes da mineração do ferro, atingindo o rio Gualaxo do Norte, o rio do Carmo e desaguando no Rio Doce, na cidade de Regência no Espírito Santo. Se restringirmos a análise para apenas uma das consequências, podemos entender a importância da gestão socioambiental. Consequências da poluição. Fonte: Plataforma Deduca (2019). Exemplificando: A poluição dos rios atingiu a fauna e a flora, além de restringir o uso por banhistas e toda a população que depende dessa água para irrigação ou consumo. Se for avaliado somente o impacto ambiental (causa, dano e remediação), apenas parte do problema será considerado. É necessário contemplar também como pescadores, agricultores e moradores foram afetados, provendo a eles os recursos necessários, como abastecimento de água de outra fonte, pagamento de benefícios a pescadores, reconstrução de moradia, entre outros. Interessante observar que a apresentação deste caso não está analisando as causas, apenas demostrando que mesmo uma empresa detentora de inúmeras certificações, prêmios e intensa participação na sociedade pode ser geradora de um impacto socioambiental tão significativo. As ações de reparo, recuperação e compensação estão sendo acompanhadas por diversos órgãos estaduais e federal e os resultados publicados e divulgados periodicamente para a sociedade por meio de reuniões, relatórios e divulgação em rádio, internet e jornal. Possuir uma certificação ISO não é garantia de que o produto ou serviço oferecido pela organização seja o de melhor qualidade, e sim que foi desenvolvido de forma padronizada. Atenção 8 Em virtude das similaridades dos sistemas de gestão da qualidade e do ambiental, muitas empresas que implementaram programas de qualidade automaticamente o fizeram para a área de meio ambiente, em termos de certificação ambiental. A unificação dos sistemas de gestão requer esforços consideráveis, devido à complexidade e interfaces da área, e tal decisão é tomada pela alta direção e das partes interessada na implantação da responsabilidade social. É preciso ressaltar que a adoção da Responsabilidade Social é implantada de forma gradual integrando os todos objetivos a fim de assumir compromissos que vão além das obrigações legais. Deve ainda ser considerado que a unificação dos sistemas de gestão, pode representar um ganho de eficiência, como por exemplo, a partir do estudo de um determinado processo viabilizou-se a produção de um material com mesmas características qualitativas a partir do uso de recursos de forma planejada levando à produção de menos resíduos. Fechamento Estudamos os aspectos relevantes a Responsabilidade social de uma empresa ou organização, a adoção desse sistema contribui na melhoria da imagem e permitindo um melhor destaque no mercado atual. Conhecemos as Normas brasileiras aplicadas a temática e suas interfaces com áreas como meio ambiente e qualidade. Analisamos um exemplo prático sobre os impactos na área social diante de acidentes ambientais, podendo concluir que é preciso uma gestão integrada das áreas de interface, pois as questões sociais se inter-relaciona com outras áreas como a ambiental e vice-versa. 9 Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 16001: Diretrizes sobre responsabilidade social. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/ qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp. Acesso em: 6 jan. 2020. ______. NBR ISO 26000: Diretrizes sobre responsabilidade social. Brasília, 2010. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/ iso26000.asp. Acesso em: 6 jan. 2020. http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/norma_nacional.asp http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.asphttp://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/iso26000.asp Análise ambiental organizacional Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 Análise ambiental organizacional Apresentação Estudaremos, agora, o porquê e como as estratégias devem estar alinhadas a um planejamento estratégico empresarial. Mas, antes, vamos aprender sobre a Análise Ambiental Organizacional, abordando os ambientes Externo e Interno, e sua importância tanto no curto prazo, como no longo prazo. Veremos que a motivação para a elaboração de um planejamento estratégico da organização é essencial para a compreensão da análise e elaboração de cenários prospectivos para formulação de estratégias de nível Corporativo, de unidade, Tático e de projetos. Os ambientes das organizações As declarações da missão e da visão da organização são os alicerces das estratégias, mas, para chegarmos a formar essas declarações, é necessário realizar análises dos ambientes Interno e Externo de uma organização. O entendimento integrado dos ambientes Externo e Interno é fundamental para compreendermos o presente e o futuro. O Ambiente Externo passa por mudanças contínuas e rápidas que podem influenciar as estratégias das organizações. O ambiente geral é composto por fatores de influências, como inovações tecnológicas, mudanças nas leis, cenários políticos, bolsa de valores, regulação do mercado de câmbio, e outros. Para Certo (2010, p.27) “o ambiente geral é um nível de Ambiente Externo a organização, formado por componentes que normalmente têm amplo escopo e sobre o qual a organização não tem nenhum controle”. Mas na sociedade em geral, é possível classificar em seis os segmentos ou dimensões que influenciam o setor (indústria) e as empresas que a compõem. Podem ser agrupados em seis Segmentos Ambientais ou Forças Macroambientais. O ambiente interno é aquele cujo o conjunto de elementos é específico de cada organização, por exemplo: a cultura organizacional, a estrutura, as instalações física, tecnologia, e os colaboradores. Este ambiente a organização tem total controle, e é através desses elementos que a organização busca se adequar ao ambiente externo e alcançar os objetivos organizacionais. 4 Seis Segmentos Ambientais ou Forças Macroambientais EconômicoEconômico SocioculturalSociocultural GlobalGlobal TecnologiaTecnologia Político/jurídicoPolítico/jurídico DemográficoDemográfico Ambiente de Indústria (setor) Ameaça de novos entrantes Poder dos Fornecedores Poder dos compradores Produtos substitutos Intensidade da Rivalidade Ambiente da concorrência Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Portanto, compreendemos que o Ambiente Externo ou Macroambiental é constituído de forças políticas, demográficas, econômicas, culturais, global, tecnológica e política e que elas influenciam o setor da indústria. Segmentos ambientais ou forças macroambientais Estudaremos, agora, detalhadamente, cada força externa, incluindo Setor demográfico, econômico, político/jurídico, sociocultural, tecnológico e o segmento geral. O setor demográfico regional ou de qualquer área geográfica que a empresa está inserida, sofre influências e é constituído de elementos, como o tamanho da população, a estrutura etária e a distribuição geográfica. Observar as mudanças demográficas nas populações coloca em evidência a importância desse segmento ambiental, como a verificação da estimativa de vida para tomadas de decisões de como incentivar os empregados a trabalharem mais tempo para obterem uma aposentadoria melhor. Na figura a seguir você pode observar os seis segmentos ambientais que influenciam o ambiente da indústria (setor) e o ambiente da concorrência. Perceba, ao centro da imagem, as ameaças de novos entrantes, o poder de fornecedores, o poder de compradores, os produtos substitutos, a intensidade da rivalidade e o ambiente da concorrência 5 No país, a principal fonte de informações do segmento demográfico pode ser fornecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o IBGE (s.d.), [...] os censos populacionais produzem informações imprescindíveis para a definição de políticas públicas e a tomada de decisões de investimento, sejam eles provenientes da iniciativa privada ou de qualquer nível do governo, e constituem a única fonte de referência sobre a situação da vida da população [...]. O setor econômico é uma das forças mais importantes do macroambiente que influenciam as organizações quanto à empregabilidade, à renda, aos juros, comprometendo investimentos e diretamente a produção e a empregabilidade. Para Certo (2010, p.27) “o componente econômico indica como os recursos são distribuídos e usados no ambiente”. O ambiente econômico deve ser levado em conta, pois a demanda de produtos e serviços pode ser afetada por uma economia local, cujos fatores macroeconômicos são influenciados pela quantidade de emprego, distribuição e taxa de crescimento de renda, taxas de juros, inflação e câmbio, nível de produto interno bruto (PIB), logo as empresas estudam o segmento econômico porque a qualidade da economia de um país afeta as empresas e as indústrias. Para Certo (2010, p. 27) o segmento político/jurídico: compreende os elementos relacionados a decisões governamentais. Exemplos desses elementos incluem tipo de governo, sua atitude diante de várias indústrias, esforços para tentar obter aprovação de projetos por grupos interessados, [e outros] [...]. Ainda sobre o segmento político/jurídico, este se constitui de legislações e filosofias de regulamentação (definição de regras e normas governamentais). Também pode se referir às tendências das leis, dos códigos e de correntes ideológicas e, especificamente, podem ser legislações federal, estadual e municipal; legislações 6 tributárias e trabalhistas; políticas monetárias, fiscal e previdenciária; legislação ambiental; regulamentação e desregulamentação de setores específicos. Alguns exemplos de informações desse segmento seriam a redução do PIS e COFINS de determinados produtos ou o aumento do IPI para carros importados. Político e Jurídico Fonte: Deduca, 2020. No segmento sociocultural, as forças socioculturais estão relacionadas à cultura e à sociedade, envolvendo setores gastronômicos, atividades comunitárias e culturais de uma região, de um país ou internacional. Para Certo (2010, p.27) o segmento sociocultural “refere-se às características da sociedade na qual se situa a organização. Níveis educacionais, costumes, estilos de vida, idade, distribuição geográfica e mobilidade de uma população [...]”. Alguns exemplos de informações e vantagens do segmento sociocultural seriam: • Tendências da diversidade da mão de obra: essa diversidade pode trazer vantagem competitiva, pois equipes heterogêneas são mais eficazes, criati- vas, inovativas e tomam decisões com maior qualidade. • Aumento dos trabalhadores ocasionais no setor técnico e profissional (em meio período, temporários e trabalhadores sob contrato) em toda a economia mundial. As vantagens seriam a eliminação dos encargos salariais e a não necessidade de capacitações técnicas específicas. Ou até envolver os cola- boradores em seu processo educacional e com acesso a recursos culturais que enriquecem sua formação. 7 Para Certo (2010, p. 27), o setor tecnológico, por sua vez, “inclui novas abordagens para a produção de mercadorias e serviços, como procedimentos e equipamentos novos. Por exemplo, a tendência contemporânea de utilizar robôs na tentativa de melhorar a produtividade [...]”. O segmento tecnológico constitui-se de inovação de produtos, aplicações dos conhecimentos na pesquisa, na indústria e nos diversos setores da organização; alguns indicadores relacionados ao desenvolvimento, à posse e ao uso da tecnologia: • Incentivos governamentais para P&D (Pesquisa e desenvolvimento); • Avanço tecnológico; • Proteção de marcas e patentes; • Expansão do campo de pesquisa; •Nível de desenvolvimento e pesquisa do país. Tecnologia Fonte: Deduca, 2020. Por fim, quanto ao Segmento Geral, este é constituído de acontecimentos políticos importantes e mercados globais essenciais que buscam analisar fatores de impacto global para as empresas, exemplos: aquecimento global, catástrofes naturais e escassez de água. 8 O Segmento Global ou Geral inclui novos mercados relevantes, mercados em transformação e eventos políticos internacionais. Exemplos de informações do segmento global ou geral seriam: • Tendência na globalização de terceirização (outsourcing), por exemplo, na redução de pessoal de determinadas operações. • O conhecimento de atributos socioculturais e institucionais dos mercados globais são informações essenciais para que as empresas ampliem o alcan- ce dos seus produtos e serviços, bem como o seu potencial. • Algumas preocupações que podem afetar as empresas no século XXI: um ambiente hipercompetitivo e global, uma concorrência além das empresas similares, fronteiras setoriais incertas, uma economia volátil, empresas es- pecialistas que substituem a integração vertical e as tecnologias que se tor- nam integradas. De acordo com as preocupações que podem afetar as empresas, comentadas anteriormente, como um ambiente hipercompetitivo e global, uma concorrência além das empresas similares etc., o que você acha que as organizações poderiam fazer nesses casos? Curiosidade Tendências e macrotendências São muitas as Macrotendências que podem influenciar as indústrias no mercado e na sociedade de modo geral. O quadro a seguir apresenta a relação de algumas das principais tendências que se concretizaram e que influenciam os setores industriais e a sociedade, como a globalização, a tecnologia, os aspectos culturais e a diversidade, os blocos econômicos, as mudanças demográficas, a valorização do capital humano, a governança pública e privada, as organização da produção, a organização das empresas e a evolução do trabalho. 9 Principais Tendências e Macrotendências Macrotendências Tendências/Influências Globalização Consolida-se como uma tendência forte neste início de século Novos posicionamentos de mercado; Adaptação do modelo de indústria a uma economia multifacetada (de vários aspectos e características), plurissegmentada (vários segmentos de produtos e serviços) e multidimensional. Afeta padrões de consumo; Produção personalizada e segmentada. Tecnologia Facilita as transações mundiais devido à redução de distâncias; Aspectos culturais e diversidade Fragmentação, divisão e desconfiança recíproca entre setor industrial e sociedade. Pode haver a formação de sociedades cosmopolitas com diversidade estável. Blocos econômicos Elimina barreiras alfandegárias; Facilita o comércio entre países-membros; Possibilidade de geração de desigualdade social e econômica. Intensificação do comércio internacional contribui para acordos bilaterais e concretização de blocos econômicos. Mudanças demográficas Sucessivas reduções nas taxas de fecundidade e mortalidade; Aumento de dez anos na média da idade em muitas regiões do planeta; Desenvolvimento de novos produtos de mercado, segmentação e nichos apropriados para uma tendência de uma maior qualidade de vida da população mundial. Valorização do capital humano Investimento pessoal e valorização do indivíduo; O capital intelectual valendo mais do que o capital financeiro; Valorização da qualidade de vida; Mais liberdade para o indivíduo desenvolver o seu potencial. Governança pública e privada Novos modelos de governança estruturados em ambientes que asseguram níveis elevados de transparência, responsabilidade e de integridade; Realização de tomada de decisões e orientações estratégicas nos níveis inferiores da hierarquia; As empresas estão se tornando mais descentralizadas e horizontais; Maior ênfase ao diálogo para a resolução de problemas. 10 Organização da produção Produções fordistas e princípios tayloristas sendo transformados em novos modelos de produção (p. ex., modelo enxuto Lean), para uma melhor eficiência nos processos produtivos; Personalização criativa de produtos e redes de fornecimento fluídas; Capacidade de articulação e desenvolvimento de redes de colaboração. Organização das empresas Transição de organizações integradas verticalmente para estabelecimentos mais especializados e formas de organização descentralizadas; Terceirização das atividades não core business (atividades não principais ao negócio) e especialização em atividades core business (atividade principal do negócio). Evolução do trabalho Sistemas de trabalho mais participativos e de alto desempenho; Implicação de maior responsabilidade ao trabalhador; Descentralização da tomada de decisão; Equipes colaborativas com alto grau de compartilhamento de informação e comunicação. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Enfim, podemos compreender que as Tendências Macroambientais podem influenciar a indústria em vários aspectos de maneira global, tecnológica, cultural, econômica, demográfica, humana, na governança pública e privada, na produção e organização e na evolução do trabalho. Uma delas que devemos dar destaque são as de Tendências Globais, como a de terceirização. No momento atual de nosso país, reflita a respeito das novas relações de trabalho e quais os desafios para as organizações e para os empregados. Saiba mais É importante lembrar que os serviços não podem ser terceirizados na sua totalidade, pois a empresa pode perder o controle dos processos de negócios. 11 Fechamento Aprendemos que, para a organização pensar estrategicamente frente aos concorrentes, é fundamental analisar os ambientes Interno e Externo desta, em função das diversas interferências as quais as empresas não tem como evitar de ser atingida. Vimos que as influências são ocasionadas por seis Segmentos Ambientais que influenciam o ambiente da indústria (setor) e o ambiente da concorrência. Para isso, estudamos que o Ambiente Externo ou Macroambiental é constituído de forças políticas, demográficas, econômicas, culturais, global, tecnológica e política e que elas influenciam o setor da indústria. Já no ambiente da concorrência, vimos que as ameaças de novos entrantes, o poder de fornecedores e de compradores, os produtos substitutos, a intensidade da rivalidade e o ambiente da concorrência envolvem as empresas, demandando estratégicas na busca de soluções. E, por fim, falamos também sobre as Tendências responsáveis por influenciar setores industriais e a sociedade, tais como a globalização, os blocos econômicos, a tecnologia, os aspectos culturais e a diversidade, entre outras. 12 Referências ALMEIDA, M. I. R. de. Manual de planejamento estratégico: desenvolvimento de um plano estratégico com a utilização de planilhas Excel. São Paulo: Atlas, 2010. Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=edsmib& AN=edsmib.000003760&lang=pt-br&site=eds-live&authtype=ip,uid. Acesso em: 13 dez. 2018. ANDRADE, A. R. de. Planejamento Estratégico: formulação, implementação e controle. 2. ed. São Paulo. Atlas, 2016. CERTO, S.C.; et al. Administração estratégica: planejamento e implantação de estratégias. 3.ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. IBGE. Censo Demográfico. S.d. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas- novoportal/sociais/populacao/9662-censo-demografico-2010.html?=&t=o-que-e. Acessado em: 28 jan. 2019. LEMES JUNIOR, A. B.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. LIVRO. Rio de Janeiro, [s.d.]. Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=cat03087a&AN=fiu.14085 7TIT&lang=pt-br&site=eds-live. Acesso em: 28 maio. 2019. MINTZBERG, H.; AHLSTRAND, B.; LAMPEL, J. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. 2.ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. OLESKOVICZ, M.; OLIVA, F. L.; PEDROSO, M. C. Gestão De Riscos, Governança CorporativaE Alinhamento Estratégico: Um Estudo De Caso. RIAE, v. 17, n. 2, p. 18–31, 2018. Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&d b=foh&AN=130860854&lang=pt-br&site=eds-live. Acesso em: 29 de2019. http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=edsmib&AN=edsmib.000003760&lang=pt-br&site=eds http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=edsmib&AN=edsmib.000003760&lang=pt-br&site=eds https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9662-censo-demografico-2010.html?= https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/sociais/populacao/9662-censo-demografico-2010.html?= http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=cat03087a&AN=fiu.140857TIT&lang=pt-br&site=eds http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=cat03087a&AN=fiu.140857TIT&lang=pt-br&site=eds http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=foh&AN=130860854&lang=pt-br&site=eds-live http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=foh&AN=130860854&lang=pt-br&site=eds-live Pós-Consumo SST Campos, Eliete do Carmo Tavares Pós-Consumo / Eliete do Carmo Tavares Campos Ano: 2020 nº de p.: 11 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Pós-Consumo 3 Apresentação Você já ouviu falar em logística reversa de pós-consumo? Neste material, iremos descobrir o que é, quais as especificidades e qual a importância dessa logística, que parte do mercado consumidor e vai em direçãoà origem do produto. Com isso,objetiva-se realizar o reaproveitamento comercial. Além disso, conheceremos a legislação que trata da logística reversa e que tem com função regular e disciplinar esse tema, além de punir aqueles que descumprirem as normas. Por fim, veremos o histórico e a aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil. A logística reversa de pós-consumo Para entendermos a logística reversa de pós-consumo, precisamos compreender, primeiramente, o que são o fluxo direto e o fluxo reverso. O fluxo direto diz respeitoao trajeto de entrada de matéria-prima virgem e de sua transformação em direçãoao consumidor final. Fluxos de produtos Fonte: Plataforma Deduca (2020). Por outro lado, os fluxos reversos são aqueles que partem do mercado consumidor, ou de algum outro ponto, até a sua origem, com a finalidade de reaproveitamento comercial ou produtivo. Para Razzolini Filho e Berté (2009), esse fluxo é um desafio em função dos pontos de coletas a serem atingidos nos processos, porém, 4 organizações que atingirem essa integração com um mínimo de efetividade obterão ganhos em relação a seus concorrentes. Desse modo, alogística reversa de pós-consumo está relacionada à destinação dos produtos no fim de sua vida útil ou no fim do uso. Para isso, elaprecisa estabelecer medidas em tornodo que será feito com os produtos em ambos os casos. Para melhor compreender esse processo, vamos analisar um produto: o celular. Quando pensamos no celular no fim de uso,temos um item que se tornou, por algum motivo, inservível ao consumidor. No âmbito da logística reversa de pós- consumo,esse produto pode ser coletado pela organização, passando, então, por um processo de limpeza e reparos mínimos para poder ser revendido. Esse é o conceito de produtos refurbished, ou seja, remanufaturados. Por exemplo, se você comprou um celular com maiores recursos tecnológicos, você pode ser aquela pessoa que troca de aparelho uma vez por ano. Nesse caso, é importante observar que esse seu produto poderia ser remanufaturado e utilizado por um cliente menos exigente. Esse é o conceito prático da logística reversa de pós-consumo. Você sabe o que fazer com o seu smartphone após a compra de um novo modelo? Para descobrir possibilidades, leia a notícia a seguir, que apresenta o que algumas organizações estão realizando para apoiar a logística reversa de pós-consumo para smartphones: https://www.oficinadanet.com.br/post/16144-o-que-fazer-com- os-smartphones-apos-troca-los-por-modelos-mais-recentes. Saiba mais Já para aquele celular que está no fim da vida útil, que não tem possibilidade de reutilização pelo seu mau estado de conservação, na logística reversa de pós- consumo, o seu trajetoserá seguir para o processo de desmontagem, para utilização de alguns componentes. https://www.oficinadanet.com.br/post/16144-o-que-fazer-com-os-smartphones-apos-troca-los-por-modelos-mais-recentes https://www.oficinadanet.com.br/post/16144-o-que-fazer-com-os-smartphones-apos-troca-los-por-modelos-mais-recentes 5 O ambiente legal da logística reversa O ambiente legal que trata das questões relacionadas a resíduos está intrinsecamente relacionado aos impactos que estes causam ao meio ambiente e a seu entorno. Nesse contexto, o tratamento jurídico dado por vários países tem por objetivo regulamentar, intervir, orientar, disciplinar e controlar as diversas fases diretas e reversas de forma a possibilitar não só o equilíbrio ambiental, mas também a redução da exploração de matérias-primas nas fontes e o aumento das condições de oferta e demanda por produtos reutilizáveis e/ou recicláveis. Veja a seguiro que diz aLei n. 12.305, de 2010 (BRASIL, [2020]),a respeito da coleta e da disposição final de produtos. Proibição de lixões e aterros sanitários O Plano Nacional de Resíduos Sólidosdeve conter “[...] metas para a eliminação e recuperação de lixões, associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis” (BRASIL, [2020]). Implantação de coleta e aterros sanitários “Serão priorizados no acesso aos recursos da União [...] os Municípios que: [...] implantarem a coleta seletiva com a participação de cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis formadas por pessoas físicas de baixa renda”(BRASIL, [2020]). PTB (Product Take Back), ou seja,responsabilidade do fabri- cante sobre o canal reverso de seus produtos/embalagens “É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos [...]”(BRASIL, [2020]). 6 Índices mínimos de reciclagem O Plano Nacional de Resíduos Sólidos deve conter“[...] metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem, entre outras, com vistas a reduzir a quantidade de rejeitos encaminhados para disposição final ambientalmente adequada”(BRASIL, [2020]). Além dessas disposições, aLei n. 12.305 ainda trata dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Sólidos, entre os quais destacam-se os incentivos fiscais, financeiros e creditícios, e a [...] a cooperação técnica e financeira entre os setores público e privado para o desenvolvimento de pesquisas de novos produtos, métodos, processos e tecnologias de gestão, reciclagem, reutilização, tratamento de resíduos e disposição final ambientalmente adequada de rejeitos. (BRASIL, [2020]) Desse modo, nota-se que se antes a responsabilidade sobre a coleta e sobre a disposição dos resíduos era exclusiva do poder público, essa tendência tem sido modificada com o desenvolvimento da sociedade e dos sistemas de produção. O raciocínio que aponta para a responsabilidade de todos, aliado a uma série de outras questões de ordem produtiva, tecnológica e filosófica, como a Extensão de Responsabilidade de Produto (EPR – Extended Product Responsability), pode ser verificado no âmbito dos sistemas de produção e da logística reversa. A legislação brasileira, além do caráter orientador, regulador e disciplinador, possuitambém componentes de sérias punições pelo descumprimento das normas. Atenção Outra questão importante a se destacar é o nível de participação e intervenção governamental sobre as práticas de mercado ou até mesmo sobre o equilíbrio deste. Podemos concluir que em economias estabilizadas, osintegrantes da cadeia (supply chain) se antecipam e colaboram efetivamente com as instituições públicas, visandopropor soluções relacionadas a problemas de desequilíbrios gerados na 7 sociedade e no meio ambiente. O poder público se torna, então, peça-chave na definição de normas, regulamentos, restrições e controle. A política nacional de resíduos sólidos e o planejamento da logística de pós- consumo Todos os dias, milhares de toneladas de lixo são depositados em lugares impróprios, acumulados em lixões que trazem problemas ambientais, sociais e econômicos para as cidades. Para acabar com o manejo inadequado desses resíduos sólidos, o Governo Federal instituiu uma política nacional que prevê a não geração, a redução, a reutilização e o reaproveitamento de resíduos, assim como a disposição final adequada dos rejeitos, ou seja, daquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi discutida por mais de vinte anos no Congresso Nacional até ser aprovada, em 2010. Ela tem uma forte conotação ambiental e traz regras de proteção ao meio ambiente a fim de evitar a contaminação ambiental. Ressalta-se, ainda, que um dos propósitos da lei não é apenas tirar os lixões e construir aterros, mas, sim, promover o gerenciamento adequado dos resíduos, envolvendo toda a sociedade, desde o consumidor até o serviço público. A PNRS cria uma ordem de prioridade na gestão de resíduos sólidos, apresentada na figura a seguir. Ordem de prioridade na gestão de resíduos sólidos 1º Não geração 2º Redução 3º Reutilização 4º Reciclagem 5º Tratamento 6º Disposição final Fonte: Elaborada pela autora (2020). Para iniciar os nossos estudos sobre a coleta de resíduos e a legislação vigente, você deve se questionar: quais são as diferenças entre resíduos e lixos? As confusões em torno desses termos são muito comuns, mas é importante observar queeles não são sinônimos. 8 Lixo remete à ideia de um material sujo e sem serventia; já o resíduo passa a ideia de algo que ainda possui algum valor e utilidade para alguém. Atenção A Lei n.12.305, que institui a PNRS, estabelece a responsabilidade compartilhada entre indústria, comércio, governo e consumidor final sobre os produtos e resíduos. Ou seja, o entendimento é de que todos os envolvidos com a disponibilização, o uso e a disposição do produto são responsáveis pelo seu impacto ambiental. Mas o que são, de fato, resíduos sólidos? Segundo a PNRS (BRASIL, [2020]), são resíduos sólidos todo [...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Para Dourado, Toneto Júnior e Saiani(2014), a implantação da Lei n.12.305 traz desafiospara as empresas nacionais, ao mesmo tempo que proporciona uma oportunidade de progresso no comportamento ambiental. Em relação a esses desafios,Sousa (2013) aponta quealgumas das grandes dificuldades para a implantação da logística reversa de pós-consumo no Brasil estão relacionadas aos altos custos operacionais (60%) e à alta dispersão geográfica (53%). Para exemplificar esses desafios, imaginemos um fabricante de eletroeletrônicos na zona franca de Manaus.Como ele poderá coletar os produtos pós-consumo? De fato, temos aqui uma situação que demandará muito estudo e planejamento da empresa. Além das dificuldades apresentadas, há, ainda, diversas outras, evidenciadas na figura a seguir. 9 Principais dificuldades para a implantação da logística reversa de pós-consumo no Brasil Alto custo operacional Alto dispersão geográfica Baixo apoio do governo para coleta seletiva Resíduos são itens de baixo valor Baixa escala de volumes Dificuldade de interpretar a legislação Cooperativa são pouco estrutura- das e tem dificuldade de gestão Dificuldade para desenvolver ações conjuntas Mercado secundário de baixa performance Não é prioridade da ação da empresa Baixa cooperação da população para coleta seletiva Não há operadores logísticos disóníveis no mercado Dificuldade com tecnologias da informação 20% 23% 24% 25% 28% 33% 33% 33% 38% 42% 45% 53% 60% Fonte: Adaptada de Sousa (2013). O planejamento da logística reversa de pós-consumo, de maneira geral, precisa ser dividido em planejamento estratégico (longo prazo), planejamento tático (médio prazo) e planejamento operacional (curto prazo). Como a logística reversa de pós-consumo está diretamente ligada aos produtos que estão ao final da sua vida útil, é necessário estabelecer um plano de coleta e transporte desses itens. A complexidade para a logística reversa de pós-consumo aumenta quando os resíduos estão dispersos geograficamente nos centros urbanos, principalmente quando uma única empresa decide fazer essa logística de forma completa. Uma das formas de reduzir a complexidade do planejamento da logística reversa de pós-consumo consiste em estabelecer etapas intermediárias de consolidação para o acúmulo, seleção e adensamento, gerenciadas por empresas diferentes. 10 Como exemplo dessas etapas intermediárias, temos os catadores de uma determinada associação, que são responsáveis pela coleta de eletroeletrônicos e seu acúmulo em uma central. A central de triagem, por sua vez, é a responsável pela triagem desse material. Uma empresa de transportes é incumbidadetransportar esse material já consolidado para a indústria transformadora, que irá, então, processar esses materiais e transformá-los em matéria- prima para a indústria produtora de eletroeletrônicos. Reflita Essas diferentes etapas permitem, finalmente, que o transporte atinja maiores distâncias com menor tempo. Fechamento Nesta unidade, tivemos a oportunidade de observar a importância da logística reversa no Brasil, conhecendo também a legislação que trata da destinação dos resíduos sólidos e compreendendo as dificuldades e possibilidades para a logística reversa de pós-consumo. O planejamento da logística reversa de pós-consumo é um processo complexo que precisa ser dividido em três etapas, com planejamento estratégico, planejamento tático e planejamento operacional. Nesse processo, ainda, estabelecer etapas intermediárias para o acúmulo, seleção e adensamento de produtos, gerenciadas por empresas diferentes, pode ajudar a sanar problemas relacionados à dispersão geográfica de tais itens. 11 Referências BRASIL. Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 28 set. 2020. DOURADO, J.; TONETO JÚNIOR, R.; SAIANI, C. C. S. (org.). Resíduos sólidos no Brasil: oportunidades e desafios da Lei Federal n. 12.305 (Lei de Resíduos Sólidos). Barueri: Manole, 2014. RAZZOLINI FILHO, E.; BERTÉ, R. O reverso da logística e as questões ambientais no Brasil. Curitiba: InterSaberes, 2009. SILVEIRA, D. P. O que fazer com os smartphones, após trocá-los por modelos mais recentes?Oficina da Net, Santa Cruz do Sul, 8 mar. 2016. Disponível em: https:// www.oficinadanet.com.br/post/16144-o-que-fazer-com-os-smartphones-apos- troca-los-por-modelos-mais-recentes. Acesso em: 28 set. 2020. SOUSA, G. M. Panorama de logística reversa de resíduos pós-consumo no Brasil. ILOS, Rio de Janeiro, 10 maio 2013. Disponível em: https://www.ilos.com.br/web/ panorama-de-logistica-reversa-de-residuos-pos-consumo-no-brasil/. Acesso em: 28 set. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm https://www.oficinadanet.com.br/post/16144-o-que-fazer-com-os-smartphones-apos-troca-los-por-modelos https://www.oficinadanet.com.br/post/16144-o-que-fazer-com-os-smartphones-apos-troca-los-por-modelos https://www.oficinadanet.com.br/post/16144-o-que-fazer-com-os-smartphones-apos-troca-los-por-modelos https://www.ilos.com.br/web/panorama-de-logistica-reversa-de-residuos-pos-consumo-no-brasil/ https://www.ilos.com.br/web/panorama-de-logistica-reversa-de-residuos-pos-consumo-no-brasil/ GOVERNANÇA CORPORATIVA E A CULTURA ORGANIZACIONAL NAS EMPRESAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS SST Carvalho Machado, Rafael Governança Corporativa e a cultura organizacional nas empresas socialmente responsáveis / Rafael Carvalho Machado Ano: 2020 nº de p. : 12 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. Governança Corporativa e a cultura organizacional nas empresas socialmente responsáveis 3 Apresentação Há mais de duas décadas, discute-se o papel das organizações no desenvolvimento da sociedade – e não só no desenvolvimento econômico. Veremos nesta unidade formas para definir ações e maneira de encontrar o bem para todos os campos de influência da empresa, a chamada Governança Corporativa. Abordaremos a evolução da Governança Corporativa e como ela chegou e passou a fazer parte das empresas brasileiras. Tambem veremos a sua relação com sustentabilidade, consciência organizacional, cultura organizacional e o capitalismo consciente. O que é Governança Corporativa Governança corporativa é, uma forma de direção da empresa que busca privilegiar todas as partes interessadas. Essa mudança de perspectiva tira das organizações a orientação apenas ao lucro – resultado esperado pelos sócios e acionistas – ou ao atingimento de metas – objetivo da diretoria. As partes interessadas incluem, além de investidores e funcionários, os credores e sindicatos; faz parte desse grupo, também, o governo, representado pela fazenda pública, órgãos regulatórios, fiscalização e justiça; e não para por aí, pois são, em última instância, interessados todos os setores da sociedade, como a comunidade do entorno da organização, movimentos sociais e ONGs. Aos membros dessa grande comunidade que têm interesses diversos nas atividades desenvolvidas pela organização, chamamos stakeholders, que são os indivíduos, grupos ou organizações que podem afetar, ser afetado por ou perceber a si mesmo como afetado por uma decisão, atividade ou resultado de um projeto. Evolução da governança A discussão da governança corporativa no mundo nasceu nos anos 1980, principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos. Nessas economias, a grande 4 dispersão de capitais das organizações com ações negociadas no mercado aberto levou a um poder perverso dos executivos empresariais. Escândalos corporativos: notadamente no setor financeiro – apontavam que os executivos não dariam atenção às demandas de todos os acionistas. Arcabouços regulatórios foram, então, aprimorados, a fim de evitar que esse tipo de excesso de poder pudesse ser utilizado de forma prejudicial para a sociedade em geral. Já no início do século XXI, casos emblemáticos, como o da empresa de distribuição de energia americana Enron mostravam que a regulação conduzia, em alguns casos, a fraudes contábeis e financeiras das companhias. Outros casos, como da Worldcom, mostravam que o mito capitalista da gestão moderna deixava a desejar no atingimento de um bem comum para a sociedade. Normas mais rígidas para relatórios contábeis foram criadas, mas de forma voluntária. As empresas que não adotassem as normas de transparência em seus relatórios, contudo, deveriam explicar o motivo da não adoção. Essa abordagem, chamada comply or explain, passou parte do poder regulatório e fiscalizatório para as mãos de investidores. A história da governança corporativa e a política do comply or explain é bem explicada em um artigo de Sandra Guerra, uma das fundadoras do IBGC, disponível em <https://ideiasustentavel.com. br/a-trajetoria-da-boa-governanca-corporativa-das-crises-ao-ciclo- -virtuoso-de-geracao-de-valor/>. Saiba mais Esse escrutínio pelo próprio capital tornou-se ainda mais importante após a crise de 2008. Embora aquelas mudanças promovidas dez anos antes não tivessem sido suficientes para prevenir novas fraudes, o novo ciclo de aprimoramentos legais veio acompanhado de uma preocupação intensa de investidores pela governança corporativa. 5 Os relatórios contábeis precisam explicar suas práticas para os investidores, sobretudo quando não seguem práticas de governança Fonte: Plataforma Deduca (2018) Evolução da governança no Brasil Nos anos 1990, o conceito corporate governance passou a circular em alguns ambientes de discussão no Brasil. Nessas discussões iniciais, sobre um tema completamente desconhecido, formou-se um grupo que tratou de difundir os conceitos dessa prática ainda sem nome em português. Trinta e seis executivos, conselheiros e pesquisadores fundaram, em 1995, o IBGC. O caso brasileiro apresenta características bastante específicas. Como o mercado de capitais brasileiro não é tão desenvolvido quanto o americano e o britânico, não atingimos as etapas de crise que esses mercados enfrentaram. Os executivos brasileiros, contudo, perceberam um grande potencial de geração de valor para as companhias que dirigiam por meio da adoção de práticas de governança corporativa. O papel da então Bovespa e da CVM, no início dos anos 2000 foi fundamental para essa percepção. Lançado em 2000, o Novo Mercado definia padrões elevados de governança corporativa e, dois anos mais tarde, tornou-se referência na transparência para novas aberturas de capital no país. Em 2005, outra inovação pela bolsa de valores foi o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). 6 Para conhecer mais sobre o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), acesse: http://www.b3.com.br/pt_br/market- data-e-indices/indices/indices-de-sustentabilidade/ Atenção As organizações, diante dessa atenção dos investidores, passaram a divulgar em seus relatórios anuais suas ações de sustentabilidade empresarial e governança corporativa. Para que os relatórios de sustentabilidade e governança fossem transparentes e comparáveis entre as empresas, o modelo proposto pela Global Reporting Initiative (GRI), que tem como objetivo padronizar indicadores de governança e sustentabilidade, foi adotado no país de forma ampla. As empresas participantes do ISE apresentaram valorização superior àque las que não fizeram parte desse índice. Esse efeito de geração de valor nas grandes companhias de capital aberto incentivou também as empresas de capital fechado, que passaram a incluir a sustentabilidade e a governança em seu discurso. As ações valorizadas pelas metodologias do ISE e GRI difundiram-se sem a necessidade de crises de confianças profundas, como as que vimos em outros países. Cultura da governança Apesar da pressão de mercado pela governança, pela política de comply or explain, a mudança de cultura é um processo que ocorre dentro da organização, não apenas como uma resposta estratégica ao mercado. http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-sustentabilidade/ http://www.b3.com.br/pt_br/market-data-e-indices/indices/indices-de-sustentabilidade/ 7 O papel da diretoria Fonte: Plataforma Deduca (2020) O propósito da diretoria e a relação da empresa com a sociedade é que indica qual o estágio de desenvolvimento da organização em sua governança. Dessa forma, é importante analisar mais profundamente qual a relação entre o planejamento estratégico e a governança. Nessa relação, os valores da organização têm forte influência nos resultados sociais obtidos pela organização. Refletir sobre a governança corporativa, desde o planejamento estratégico até a mensuração de resultados As economias ocidentais têm enfrentado, além de