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CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns Fama e French (1992) Sérgio Kannebley Jr. USP - Ribeirão Preto September 11, 2023 Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 1 / 28 Sumário 1. Introdução 2. Preliminares 3. Tamanho 4. Regressões Fama-MacBeth 5. Book-to-Market, E/P, Alavancagem 6. Conclusões Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 2 / 28 Introdução A partir do final da década de 1970, surgem trabalhos emṕıricos que contestam até mesmo a versão Black do CAPM. ▶ Acumulam-se evidências no sentido de que grande parte da variação do retorno esperado carece de correlação com o beta de mercado. Alguns grupos que questionam a hipótese de Eficiência de Mercado acreditam que a razão preço-lucro (P/L) poderia ser um indicador de desempenho futuro do investimento de uma ação. ▶ Os proponentes desta hipótese de relação preço afirmam que os t́ıtulos com baixo P/L tenderão a superar as ações com alto P/L. ▶ Os preços das ações seriam tendenciosos e o razão P/L é um indicador desta tendência. Basu (1977) - artigo busca determinar empiricamente se o desempenho do investimento em ações ordinárias está relacionado aos seus ı́ndices P/L. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 4 / 28 Introdução Basu (1977) apresenta evidências de que carteiras de baixo P/L obtiveram retornos superiores numa base ajustada ao risco. ▶ Contrariamente à crença crescente de que a informação publicamente dispońıvel é instantaneamente incorporada nos preços dos t́ıtulos, parece haver atrasos e fricções no processo de ajustamento. ▶ Como resultado, os ı́ndices P/E (Preço/Lucro) dispońıveis publicamente parecem possuir “conteúdo informativo” e podem merecer a atenção do investidor no momento da formação ou revisão da carteira. Banz (1981) examina a relação emṕırica entre o retorno e o valor total de mercado das ações ordinárias da NYSE. ▶ Os resultados mostram que, no peŕıodo 1936-61975, as ações ordinárias das pequenas empresas tiveram, em média, retornos ajustados ao risco mais elevados do que as ações ordinárias das grandes empresas - “efeito tamanho” Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 5 / 28 Introdução Bandhara (1981) ▶ Uma proxy natural para o risco de capital ordinário de uma empresa é a razão d́ıvida/capital dessa empresa (DER). ▶ Um aumento no DER de uma empresa aumenta o risco do seu patrimônio ĺıquido, medindo o risco de qualquer forma razoável. ▶ Usam a DER como uma variável adicional para explicar os retornos esperados das ações ordinárias e encontram evidências de que os retornos esperados das ações ordinárias estão positivamente relacionados com a DER, controlando o beta e o tamanho da empresa, incluindo e excluindo janeiro. Statnan (1980) e Rosenberg, Reid e Lanstein (1985) documentam que ações com elevados ı́ndices valor escritural/valor de mercado (B/M, a proporção entre o valor escritural de uma ação ordinária e seu valor de mercado) têm elevados retornos médios que não são captados por seus betas. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 6 / 28 Introdução O preço de uma ação não depende apenas do fluxo de caixa esperado que fornece, mas também dos retornos esperados que descontam ao presente os fluxos de caixa esperados. Assim, em prinćıpio, o corte longitudinal dos preços traz informações a respeito do corte longitudinal dos retornos esperados ▶ um elevado retorno esperado implica em uma elevada taxa de desconto e num baixo preço. O corte longitudinal dos preços das ações é, contudo, afetado arbitrariamente por diferenças de escala (ou unidade). ▶ Uma escolha cuidadosa da variável de escala X, a razão X/P pode revelar diferenças no corte longitudinal dos retornos esperados das ações. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 7 / 28 Introdução Essas razões são, assim, fortes candidatas a expor as falhas dos modelos de precificação de ativos – no caso do CAPM, falhas da previsão de que os betas de mercado bastam para explicar retornos esperados (Ball, 1978). Segundo Ball (1978) E/P seria uma boa proxy para fatores desconhecidos que afetam os retornos esperados. ▶ E/P é comumente mais alto quando as ações possuem maior risco, qualquer que seja a fonte de risco não identificada. Fama e French (1992) usam o mesmo tipo de racioćınio para testar se Tamanho (ME - market equity), Alavancagem, a razão Book-to-Market (B/M) são variáveis capazes de extrair dos preços informações sobre risco e retornos esperados. O objetivo do trabalho é avaliar conjuntamente como β de mercado, ME, E/P, a alavancagem e o B-M afetam a cross-section dos retornos médios das ações da NYSE, AMEX e NASDAQ. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 8 / 28 Fonte de Dados Foram usadas empresas de setores não financeiros entre 1962 a 1989 na interseção das seguintes fontes: 1 arquivos de retornos da NYSE, AMEX e NASDAQ do Centro de Pesquisa em Preços de Valores Mobiliários (CRSP) 2 os arquivos industriais anuais COMPUSTAT mesclados de demonstração de resultados e dados de balanço, também mantidos pelo CRSP ▶ Empresas financeiras operam com alta alavancagem - não faria sentido a comparação Para garantir que as variáveis contábeis sejam conhecidas antes dos retornos que elas servem para explicar, comparamos os dados contábeis de todos os finais de ano fiscal em t − 1 (1962-1989) com os retornos de julho do ano t a junho do ano t + 1. ▶ Foi utilizado ”valor de mercado” de uma empresa no final de dezembro do ano t − 1 para calcular seus ı́ndices book-to-market, alavancagem e preço-lucro para t − 1, e usamos seu valor de mercado para junho do ano t para medir seu tamanho. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 10 / 28 Estimando os β´s de Mercado Os testes de precificação de ativos utilizam a abordagem de regressão transversal de Fama e MacBeth (1973). Cada mês do corte transversal (cross-section) é regredida sobre variáveis hipotetizadas para explicar os retornos esperados. Procedimentos em 4 passos: 1 Rankeamento dos retornos baseados em decis de tamanho - formados 10 portfólios; 2 Para eliminar a correlação entre β´s e tamanho subdivide os decis em beta´s pré-rannking estimados para cada ação individualmente no peŕıodo de 2 a 5 anos anteriores a julho do ano t; 3 Calcula os retornos para os 12 meses seguintes (Julho a Junho) para os 100 portfólios entre 07-1963 a 12-1990; 4 Por fim, usando a amostra completa (330 meses) de retornos pós-classificação em cada uma das 100 carteiras, estima seus β´s contra a carteira ponderada por valor CRSP da NYSE, AMEX e (após 1972) ações da NASDAQ usadas como proxy para o mercado. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 11 / 28 Estimando os β´s de Mercado Esses β´s produzem inferências sobre seu papel na explicação dos retornos médios. O β post-rainking de cada um dos portfólios definidos pela combinação β-tamanho é alocada a cada ação no portfólio. ▶ Privilegia precisão a viés ▶ Não implica assumir constância do β no tempo. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 12 / 28 Estimativas dos β´s Em todas as 100 carteiras de tamanho, os β´s pós-classificação variam de 0,53 a 1,79 Uma dispersão 2,4 vezes a dispersão de 0,52, obtida apenas com carteiras de tamanho. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 13 / 28 β e Tamanho Propriedades dos Portfólios formados a partir de Tamanho e β Pré-Rank (1963-1990) Quando as carteiras são formadas apenas com base notamanho, observamos a forte relação negativa entre tamanho e retorno médio (Banz (1981)), e uma forte relação positiva entre retorno médio e β; Portfólios ordenados segundo β não suportam o modelo SLB. Há pouca dispersão nos retornos médios entre as carteiras e não há nenhuma relação os β´s e os retornos médios Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 15 / 28 Regressões Fama-MacBeth Lembrando: Para cada mês t deste peŕıodo, regressões dos retornos em cross-section são estimadas contra β̂jt , tamanho (ME), razão Book-to-Market (BE/ME), razão Ativos-to-Market (A/ME), razão Ativos-to-Book Equity (A/BE), variável dummy E/P e E(+)/P, considerando várias especificações; São obtidas estimativas mensais dos parâmetros associados a essas variáveis; Para cada equação, são calculados os valores médios de cada um dos coeficientes e testados se as médias são significativamente diferentes de zero: t( ¯̂γj ) = ¯̂γj s(γ̂j )/ √ n (1) Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 17 / 28 Regressões Fama-MacBeth Inclinações médias (estat́ısticas t) de regressões mês a mês dos Retornos de ações - julho de 1963 a dezembro de 1990 Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 18 / 28 Regressão F-M - Resultados Evidências de robustez do efeito tamanho e ausência de uma relação entre o β e o retorno médio para o peŕıodo entre 1963-1990; Curiosamente, existe uma relação confiável e simples entre β e o retorno médio durante o peŕıodo 1941-1965. ▶ Estes 25 anos constituem uma parte importante das amostras dos primeiros estudos do modelo SLB de Black, Jensen e Scholes (1972) e Fama e MacBeth (1973). ▶ No entanto, esse efeito desaparece quando é adicionado a variável de tamanho nas regressões. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 19 / 28 Book-to-Market, E/P, Alavancagem Propriedades dos Portfólios formados a partir de BE/ME e E/P: 07/1963 a 12/1990 A relação entre retornos e E/P tem a forma de U; Forte relação positiva entre rendimentos e BE/ME. Controlando o tamanho, o patrimônio ĺıquido book-to-market captura variações substanciais na seção transversal dos retornos médios Dentro dos grupos BE/ME, os retornos médios estão relacionados ao tamanho. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 21 / 28 Regressões F-M - Resultados A combinação de tamanho e patrimônio ĺıquido book-to-market absorve os papéis aparentes da alavancagem (A/ME e A/BE) e do L/P nos retornos médios das ações; BE/ME não exclui o poder explicativo de ME; ln(BE/ME ) = ln(A/ME )− ln(A/BE ). Os papéis opostos da alavancagem de mercado e da alavancagem contábil em média os retornos são bem capturados pelo patrimônio ĺıquido book-to-market. ▶ Uma elevada razão BE/ME (um preço baixo das ações em relação ao valor contábil) indica que o mercado considera que as perspetivas de uma empresa são fracas em relação às empresas com baixo BE/ME - o efeito de ”tensão”. ▶ A relação entre L/P e retorno médio parece ser absorvida pela combinação de tamanho e patrimônio ĺıquido book-to-market. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 22 / 28 Análise por sub-peŕıodos Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 23 / 28 Conclusões Os testes vão contra a previsão central do modelo Sharpe-Lintener-Black (SLB) de que os retornos médios estão positivamente relacionados aos β´s de mercado; O principal resultado é que, para o peŕıodo de 1963 a 1990, o tamanho e a relação book-to-market capturam a variação transversal nos retornos médios das ações associados ao tamanho, L/P, book-to-market e alavancagem; O que explicaria os resultados do artigo? Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 25 / 28 Conclusões Os testes vão contra a previsão central do modelo Sharpe-Lintener-Black (SLB) de que os retornos médios estão positivamente relacionados aos β´s de mercado; O principal resultado é que, para o peŕıodo de 1963 a 1990, o tamanho e a relação book-to-market capturam a variação transversal nos retornos médios das ações associados ao tamanho, L/P, book-to-market e alavancagem; O que explicaria os resultados do artigo? ▶ As interceptações e inclinações nas regressões mensais FM dos retornos sobre ln(ME) e ln(BE/ME) são retornos de carteiras que imitam os factores de risco comuns subjacentes em retornos aproximados por tamanho e valor book-to-market (Fama (1976), caṕıtulo 9). Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 26 / 28 Conclusões O que explicaria os resultados do artigo? ▶ Chan, Chen e Hsieh (1985) argumentam que a relação entre tamanho e proxies de retorno médio para uma relação mais fundamental entre retornos esperados e fatores de risco econômico. ▶ O fator mais poderoso para explicar o efeito tamanho é a diferença entre os retornos mensais dos t́ıtulos corporativos de baixo e alto grau, que, em prinćıpio, captura um tipo de risco de inadimplência nos retornos que são precificados; ▶ Na mesma linha, Chan e Chen (1991) argumentam que a relação entre o tamanho e o retorno médio é um efeito de perspectivas relativas. ▶ Na verdade, se os preços das ações forem racionais, BE/ME, a relação entre o valor contábil de uma ação para a avaliação do mercado sobre o seu valor, deve ser um resultado direto indicador das perspectivas relativas das empresas. Por exemplo, esperamos que empresas com alto BE/ME têm baixos rendimentos sobre ativos em relação às baixas BE/ME empresas. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 27 / 28 Aplicações Implicações práticas para formação de carteiras e avaliação de desempenho por investidores cuja principal preocupação são os retornos médios de longo prazo. Se o preço dos ativos for racional, a dimensão e a BE/ME devem representar o risco. ▶ Com isso o desempenho das carteiras administradas (por exemplo, fundos de pensão e fundos mútuos) pode ser avaliado comparando seus retornos médios com os retornos médios de carteiras de referência com tamanho e caracteŕısticas BE/ME semelhantes. ▶ Da mesma forma, os retornos esperados para diferentes estratégias de portfólio podem ser estimados a partir dos retornos médios históricos de portfólios com tamanho e propriedades BE/ME correspondentes. Sérgio Kannebley Jr. CAPM II - The Cross Section of Expected Stock Returns FEA-RP 28 / 28 Introdução Preliminares Tamanho Regressões Fama-MacBeth Book-to-Market, E/P, Alavancagem Conclusões