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DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA CARLA BEATRIZ CANDIDA (1)

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DIFERENCIAÇÃO PEDAGÓGICA, ATENDIMENTO EDUCACIONAL 
ESPECIALIZADO E O ENSINO COLABORATIVO NA PERSPECTIVA 
INCLUSIVA 
 
Maria Candida Bandeira Lacerda de Paula1 
 
Carla C. Marçal y Guthierrez2 
 
Beatriz Almeida Quintanilha3 
 
Eixo Temático 10: Diferenciações Curriculares 
Indicação de categoria: Pôster 
Resumo: 
Este relato de experiência envolve práticas pedagógicas desenvolvidas em duas 
escolas públicas na cidade do Rio de Janeiro. A escola pública A retrata as 
experiências na sala de recursos multifuncional (SRM), como a realização do 
Atendimento Educacional Especializado (AEE) para estudantes com 
deficiências, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades. A escola 
pública B retrata a experiência de um projeto de Estágio Interno Complementar 
que tem como objetivo a produção de recursos de tecnologia assistiva e 
comunicação alternativa e ampliada n a perspectiva inclusiva. Os objetivos são: 
 
1 Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação, 
Faculdade de Educação, Centro de Educação e Humanidade, Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro. candidablp@gmail.com 
 
2 Professora do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – CAP 
Uerj e Universidade Estácio de Sá. Doutoranda do Programa de Pós-graduação 
em Educação, Faculdade de Educação, Centro de Educação e Humanidade, 
UERJ. carlacordeiromarcal@gmail.com 
 
3 Bolsista do Projeto de Estágio Interno Complementar “ Recursos de Tecnologia 
Assistiva e Comunicação Alternativa e Ampliada na perspectiva Inclusiva”, 
coordenado pela Prof.ª Ms. Carla C. Marçal y Guthierrez. Aluna do curso de 
Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 
quintanilhabia@gmail.com 
 
mailto:candidablp@gmail.com.br
mailto:quintanilhabia@gmail.com
 
evidenciar a necessidade de planejar estratégias e recursos considerando a 
diferenciação pedagógica como um pressuposto; enfatizar a necessidade do 
trabalho colaborativo entre os docentes do AEE e da sala de aula comum. As 
experiências apontam para a importância da ação docente no reconhecimento 
sobre quando, como e o que deve ser usado de forma mais adequada e 
produtiva para favorecer a aprendizagem de cada estudante. As ações de 
diferenciação são a tônica do trabalho na SRM, como Atendimento Educacional 
Especializado e em sala de aula inclusiva, pois diante das necessidades 
diferenciadas dos alunos, a remoção de barreiras à aprendizagem implica na 
busca pedagógica por recursos e estratégias que garantam acesso ao currículo, 
ainda que por caminhos diferentes dos que percorrem a maioria dos estudantes. 
Ajustes e diferenciações pedagógicas, utilizadas na Sala de Recursos 
Multifuncional e em uma sala de aula inclusiva com a possibilidade de 
bidocência, precisam fazer parte do dia a dia das classes escolares como 
garantia de equidade no atendimento à diversidade. 
 
Palavras-chave: Diferenciação Pedagógica – Atendimento Educacional 
Especializado – Ensino colaborativo. 
 
 
 
Introdução 
 Discutir sobre as diferenciações curriculares no atendimento educacional 
especializado e em uma perspectiva inclusiva, é refletir no sucesso e na inclusão 
escolar de alunos com necessidades educacionais especiais. 
 As diferenciações curriculares envolvem modificações organizativas tanto 
nos objetivos e conteúdos, quanto nas metodologias e organização didática. 
Além da organização no tempo e nas estratégias de avaliação. Tudo isso tem 
um único foco, a aprendizagem e a construção do conhecimento. 
 Quando propomos uma diferenciação curricular, abrimos a possibilidade 
na discussão de currículo. E para isso, vale destacar o conceito clássico de 
currículo apresentado por Zabalza (1992): 
...o conjunto dos pressupostos de partida, das metas que se desejam alcançar e 
dos passos que se dão para as alcançar; é o conjunto dos conhecimentos, 
habilidades, atitudes, etc., que são considerados importantes para serem 
trabalhados na escola, ano após ano. E, supostamente, é a razão de cada uma 
dessas opções (p.12). 
 
Ora, “currículo é todo o conjunto de ações desenvolvidas pela escola no 
sentido de oportunidades para a aprendizagem” (p.25). Alguns professores 
defendem que um currículo único, sem adaptações para atender às 
diversidades, pode acentuar as práticas excludentes. E ainda, gerar um descaso 
com os alunos que precisam de diferenciações. 
Segundo Oliveira e Machado (2007), um conceito amplo de currículo que, 
elaborado a partir do projeto político-pedagógico escolar, se associa à identidade 
da instituição escolar, à sua organização e funcionamento e ao papel que exerce, 
a partir das aspirações e expectativas da sociedade e da cultura. 
A inclusão educacional é aspecto estruturante na elaboração do currículo. 
A educação inclusiva tem como característica uma política de justiça social. Ela 
traz como proposta atender a todas as necessidades educacionais dos 
estudantes em todas as escolas. Busca alcançar uma educação de qualidade 
para todos, removendo obstáculos durante o processo de aprendizagem, 
reconhecendo e atendendo as diferenças individuais e respeitando as 
 
necessidades de qualquer estudante. Ao invés de focalizar a deficiência, enfatiza 
o ensino e a escola, bem como as formas e as condições de aprendizagem. O 
professor é o profissional da aprendizagem, é alguém que aprende quando 
ensina, porque pode observar o processo de desenvolvimento de seus 
estudantes. É aquele que procura a resposta, o recurso e o apoio para remover 
as barreiras, e não coloque o estudante em desvantagem. O projeto político 
pedagógico de cada escola, que se propõe inclusiva, deverá atender ao princípio 
da flexibilidade em seu currículo, favorecendo o progresso escolar. Deste modo, 
estará promovendo a constituição de uma nova cultura, ressignificando seus 
valores, crenças e práticas. 
Segundo Santos (2009), a diferenciação pedagógica constitui-se uma 
resposta orientada pelo princípio do direito de todos à aprendizagem, essencial 
para dar resposta a heterogeneidade de estudantes que frequentam a escola. 
Ela acontece através da interação entre o estudante, o professor e o saber. 
Sendo assim, temos como proposta, neste estudo, de dar foco a uma 
concepção de diferenciação pedagógica, como possibilidade de garantir 
aprendizagem escolar para os nossos estudantes. 
Trazemos uma discussão sobre o Ensino Colaborativo (EC) como 
proposta da educação inclusiva, ensino este que constitui no desenvolvimento 
de uma parceria entre as docentes do Atendimento Educacional Especializado 
(AEE) e as das matérias escolares _ no caso dos anos iniciais do EF, professoras 
do Núcleo Comum (NC) _, compartilhando regência, planejamento e avaliação 
no ensino. 
Mendes (2008b) que o desafio maior é constituir uma cultura colaborativa 
na escola, pensar propostas de formação de professores e de trabalho 
pedagógico com base na filosofia colaborativa: “a ideia de colaboração pode ser 
considerada hoje a chave da efetivação do movimento de inclusão” (MENDES, 
2008b, p. 114). 
 
 
 
 
Objetivos 
Este trabalho tem como objetivo geral evidenciar o favorecimento da 
diferenciação pedagógica para o processo de aprendizagem, considerando as 
relações entre o professor de sala de recursos, o professor de sala de aula, o 
estagiário e o estudante com necessidades educacionais especiais. 
Os objetivos específicos são: explorar a concepção de inclusão escolar, 
conceituar diferenciação pedagógica, destacando sua aplicação em práticas 
escolares cotidianas e relatar as experiências de diferenciações curriculares 
desenvolvidas em uma sala de recursos multifuncionais de uma escola pública 
municipal e os recursos e materiais de tecnologia assistiva e comunicação 
alternativa e ampliada produzidos em um Instituto de Aplicação de uma 
Universidade Pública, ambos na cidade do Rio de Janeiro. Nesses espaços, a 
diferenciaçãocurricular é vista como uma necessidade para aprendizagem, 
produção de conhecimento e sobretudo, na potencialização e desenvolvimento 
dos estudantes com necessidades educacionais especiais. 
 
Desenvolvimento 
 
Diferenciação Pedagógica – qual a sua importância para a aprendizagem? 
 
 
O direito à igualdade de oportunidades e que defendemos 
enfaticamente, não significa um modo igual de educar a 
todos e, sim, dar a cada um o que necessita em função de 
seus interesses e características individuais. 
(EDLER, 2004, p.35) 
 
 Trabalhar com alunos em níveis muito diferenciados de conhecimentos 
deixa os professores inseguros e ansiosos para colocá-los em um modelo 
 
homogêneo. Quando nesta classe ainda existe um estudante com deficiência, 
este professor fica ainda mais abalado, sem saber o que fazer. 
É preciso, então, pensar em um aprimoramento da qualidade do ensino 
e trabalhar com princípios educacionais válidos para todos, incluindo os 
estudantes com necessidades educacionais especiais. Na nossa realidade, 
ainda encontramos muitos professores com dificuldades em realizar estratégias 
pedagógicas diferenciadas, ensino individualizado. 
Para que haja respeito à diversidade na escola, é necessário que todos 
sejam reconhecidos como iguais em dignidade e em direito, porém sem deixar 
de considerar as inúmeras formas de diferenciação que existem entre os 
indivíduos e os grupos. Devemos fornecer o apoio e os recursos necessários 
para que não haja tanta “assimetria”, desigualdade nas oportunidades e no 
acesso aos recursos. 
Pensando assim, não há mais espaço dentro do contexto escolar para 
um modelo institucional uniformista onde todos devem aprender da mesma 
maneira, sem diversificação do ensino, utilizando os mesmos recursos e ações 
e objetivando simplesmente garantir a aprendizagem através do currículo 
escolar único. Diante de tal desafio no interior da escola, onde não se pode 
negar a diferença que está presente, e que cada vez mais é evidente, existe 
uma busca para garantir o acesso e permanência, nesse contexto alguns 
conceitos vão se configurando pertinentes como respostas às demandas que se 
apresentam. 
Essa perspectiva educacional que pressupõe a diferenciação contempla 
uma alternativa de trabalho que é o ensino individualizado, onde cada estudante 
desenvolve atividades de acordo com suas necessidades e potencialidades, 
suas tarefas não são descontextualizadas da proposta curricular, mas partem 
do currículo para atingir os objetivos escolares. A diferenciação no contexto das 
propostas didáticas é aberta e diversificada, procurando desafiar os estudantes 
no processo de construção dos saberes. 
 
 
Todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, 
independentemente das dificuldades e das diferenças que 
apresentam. As escolas inclusivas devem reconhecer e satisfazer as 
necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários 
estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de 
educação para todos, através de currículos adequados, de uma boa 
organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de 
recursos e de uma cooperação com toda a comunidade (UNESCO, 
1994, p.7). 
 
Isto é o que se espera de um trabalho de diferenciação pedagógica. 
Permitir ao estudante o acesso à aprendizagem, utilizando estratégias para 
aprendizagem baseado em um currículo único, porém aberto e flexível. 
A individualização, no sentido de diferenciação pedagógica, consiste na 
adequação do ensino mediante as necessidades específicas do aluno. No 
entanto, vale ressaltar que essa ação não tem efeito exclusivo sobre o estudante 
em processo de inclusão, pois, embora alguma estratégia tenha sido desenhada 
para responder a uma necessidade individual, pode favorecer a aprendizagem 
de um grupo e até de uma turma inteira. 
 O projeto político pedagógico da escola deverá atender ao princípio da 
flexibilidade em seu currículo, respeitando o caminhar próprio de cada 
estudante, favorecendo assim o seu progresso escolar. É preciso identificar 
barreiras que estejam impedindo ou dificultando o processo educativo. A 
avaliação deve sinalizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem, o 
potencial do estudante, os conhecimentos já adquiridos e aqueles que estão em 
processo. Dentro da perspectiva sócio histórica, temos que estar atentos aos 
conhecimentos que, através das interações vão se construindo. 
 
Diferenciações pedagógicas na Sala de Recursos Multifuncional e em 
uma classe inclusiva 
O trabalho de diferenciação pedagógica na Sala de Recursos 
Multifuncional tem como objetivo dar ao aluno aparatos para a sua caminhada 
individual. O AEE deve, a partir das necessidades especiais de cada aluno, 
pensar em qual tipo de ajuda poderá oferecer a fim de cumprir com as 
 
finalidades da educação. As respostas a essas necessidades devem estar 
previstas e respaldadas no projeto político pedagógico da escola, não por meio 
de um currículo novo, mas com atividades pedagógicas diferenciadas que 
busquem garantir aos alunos com necessidades educacionais uma maior 
participação e que considerem as especificidades que as suas necessidades 
possam requerer. 
 
Escola A: Escola de dois turnos, com uma Sala de Recursos Multifuncionais 
(SRM) localizada na zona oeste do Rio de Janeiro, em uma comunidade com 
aproximadamente 54.793 habitantes, que é a terceira maior favela do Rio de 
Janeiro (IBGE, Censo 2010). O local é conhecido com uma das comunidades 
mais nordestinas da cidade, com muitas diferenças sociais e uma grande 
quantidade de crianças em idade escolar. Atualmente, a SRM atende a quarenta 
e cinco (45) estudantes com necessidades educacionais especiais matriculadas 
na própria escola e uma matriculada em uma escola próxima. Atuam nesta sala 
de recursos, duas (2) professoras. 
Para que estudantes com necessidades educacionais especiais possam 
participar integralmente do contexto escolar com resultados favoráveis, alguns 
aspectos precisam ser considerados como a preparação dos professores, de 
toda a equipe escolar, o apoio adequado, os recursos especializados, as 
adaptações curriculares e de acesso ao currículo. É preciso entender que cada 
um tem a sua especificidade e por conta disto não podemos esperar que todos 
os estudantes atinjam o mesmo grau de abstração ou conhecimento num tempo 
determinado. O trabalho simultâneo, cooperativo e participativo nas atividades 
desenvolvidas na escola, deve ser estimulado sempre. 
 O trabalho de diferenciação pedagógica na SRM tem como objetivo dar 
ao estudante aparatos para a sua caminhada individual. O AEE deve, a partir 
das necessidades especiais de cada um, pensar em qual tipo de ajuda poderá 
oferecer a fim de cumprir com as finalidades da educação. As respostas a essas 
necessidades devem estar previstas e respaldadas no projeto político 
 
pedagógico da escola, não por meio de um currículo novo, mas com atividades 
pedagógicas diferenciadas que busquem garantir aos estudantes com 
necessidades educacionais uma maior participação e que considerem as 
especificidades que as suas necessidades possam requerer. 
No início do trabalho, quando o estudante chega à escola e é 
encaminhado ao atendimento educacional especializado (AEE), a nossa 
primeira ação é estabelecer vínculo com ele e com a família. Em uma entrevista 
inicial poderemos conhecer a história de vida deste estudante, seu contexto 
familiar, suas habilidades. Com estas informações, poderemos conhecer melhor 
as suas necessidades e traçar planos para sua rede de apoio. 
 Na SRM procuramos ensinar ao estudante a utilizar a tecnologia ou o 
recurso de acessibilidade, para que haja uma organização na aprendizagem. 
São produzidos diversos materiais de baixa e de alta tecnologia que auxiliam a 
participação do estudante nas atividades escolares. Estes materiais serão 
experimentados por ele com a nossa mediação. No processoavaliativo também 
necessitamos utilizar estratégias adaptativas. Podemos modificar os objetivos 
considerando as condições do estudante dentro do seu ano escolar. Considerar 
que ele possa alcançar os objetivos comuns ao seu grupo, porém necessitando 
de um período de tempo mais longo. 
 Como cita Glat (2007), fazer essas adaptações nos instrumentos de 
avaliação do estudante, não significa promovê-lo indiscriminadamente para os 
anos seguintes. Deve-se avaliar com critérios e flexibilidade, atendendo aos 
estilos, ritmos e peculiaridades individuais de aprendizagem. 
 Cada um tem o seu ritmo, suas especificidades, por isso, o trabalho do 
AEE vai se modificando. Estamos sempre buscando novas estratégias e novos 
recursos para atender individualmente a necessidades de todos os estudantes 
matriculados. O trabalho envolve dedicação, carinho e fidelidade aos princípios 
de equidade. Em cada momento da realidade escolar precisamos estar atentos 
para as mudanças necessárias. 
 
 
Escola B: Instituto de Aplicação de uma Universidade Pública do Rio de Janeiro. 
Considerada de excelência por diversas aprovações dos estudantes nas 
melhores universidades do Rio de Janeiro, mas também por sua metodologia de 
ensino diferenciada e corpo docente qualificado. Os estudantes entram no 
Instituto em dois anos de escolaridade, a saber: no primeiro ano do ensino 
fundamental por sorteio ou no sexto ano do segundo segmento por provas. Em 
2014, passou-se a reservar um número de matrículas para alunos público-alvo 
da Educação Especial. A partir dessa entrada de estudantes há uma 
reconfiguração no currículo dessa escola e, portanto, torna-se necessária a 
construção de uma nova cultura escolar. Como parte dessa mudança, em 2015, 
foi criado um projeto de estágio interno complementar “Recursos de Tecnologia 
Assistiva e Comunicação Alternativa e Ampliada na perspectiva da educação 
inclusiva”, com o objetivo de implementar e organizar recursos de TA e CAA para 
atender aos estudantes com deficiências e necessidades educacionais 
especiais. 
A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação 
Inclusiva tem como objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com 
deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação, orientando aos sistemas de ensino para garantir 
acesso ao ensino regular com participação, aprendizagem e continuidade nos 
níveis mais elevados do ensino. As tecnologias assistivas estão interligadas às 
adaptações curriculares. Segundo Oliveira e Machado (2007), são ajustes 
realizados no currículo, para que ele se torne apropriado ao acolhimento das 
diversidades do alunado, ou seja, para que seja verdadeiramente um currículo 
inclusivo. Essas adaptações envolvem modificações organizativas, nos objetivos 
e conteúdos, nas metodologias e na organização didática, na organização do 
tempo e na filosofia e estratégias de avaliação, permitindo o atendimento às 
necessidades educativas de todos os estudantes, em relação à construção do 
conhecimento. Essas adaptações curriculares dialogam com os Parâmetros 
Curriculares Nacionais, pois essas envolvem tanto as transformações que a 
 
escola precisa fazer para garantir a acessibilidade aos estudantes quanto às 
adaptações pedagógicas ou curriculares. (CORREIA, 1999). GLAT (2007) diz 
que ao falar em acessibilidade, há uma tendência a se enfatizar os aspectos 
físicos, como se o fato do estudante poder se locomover livremente na escola 
garantisse sua inclusão educacional. Isso é muito importante, contudo, pode no 
máximo permitir sua inserção social, não sendo suficiente para o processo de 
aprendizagem e construção do conhecimento. A expressão `Tecnologia 
Assistiva` pode dar a impressão de que são recursos de elevada sofisticação 
tecnológica. No entanto, a maioria deles é simples como projetar um assento e 
um encosto na cadeira que permitam estabilidade postural e favoreçam o uso 
funcional das mãos. (PELOSI, 2007; BRESCH, 2007). Ora, não podemos 
desconsiderar a importância das adaptações e criação de recursos materiais e 
estratégias de ensino, ajudas técnicas ou tecnologias assistivas, que garantam 
as condições necessárias de acesso ao currículo para esses estudantes, 
visando autonomia e desenvolvimento acadêmico e social. Este projeto de 
Estágio Interno Complementar contribui para ampliação dos espaços de 
pesquisa, acesso aos materiais e recursos e principalmente, para desenvolver a 
potencialidade dos estudantes. Os recursos de Tecnologia Assistiva (TA) e 
Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) fazem parte das adaptações e 
diferenciações curriculares necessárias frente ao desafio da inclusão escolar e 
do processo de ensino e aprendizagem de estudantes com necessidades 
educacionais especiais. 
Além disso, esse projeto conta com a contribuição de um aluno de 
licenciatura da universidade. Nos dois primeiros anos, nossa aluna bolsista foi 
uma aluna do curso de pedagogia e desde 2017, tem a presença de uma aluna 
do curso de ciências biológicas, uma das coautoras deste trabalho. 
As atividades, de adaptação e diferenciação, geralmente, são realizadas 
a cada encontro na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) da 
escola, onde procuramos compreender e respeitar as potencialidades e limites 
de cada estudante. No entanto, neste instituto, um estudante com necessidade 
 
educacional especial também tem atendimento em sala de aula. A proposta da 
escola em questão para a educação inclusiva é o Ensino Colaborativo (EC), 
consistindo no desenvolvimento de uma parceria entre as docentes do 
Atendimento Educacional Especializado (AEE) e as das matérias escolares _ no 
caso dos anos iniciais do EF, professoras do Núcleo Comum (NC) _, 
compartilhando regência, planejamento e avaliação no ensino. 
Assim, esperamos que um docente se responsabilize mais pelo currículo 
que deve (ou deveria) atender a todos, enquanto o do AEE por propostas de 
adequação curricular, flexibilização das atividades pedagógicas, recursos 
diferenciados e outras formas de garantir a promoção da aprendizagem da 
criança em processo de inclusão. 
A seguir apresentamos, algumas adaptações feitas durante o Projeto, os 
recursos para Comunicação Alternativa e Ampliada que construímos e 
empregamos com o estudante participante. 
● Pasta frasal e fichas de palavras, em que os estímulos de figuras e escrita 
foram organizados para formar frases e palavras retiradas de textos usados em 
sala de aula para a aprendizagem da escrita; 
● objetos concretos: caixinhas de fósforos com palitos e representação de mídia 
eletrônica digital, que proporcionaram melhor manipulação pelo aluno, 
percepção visual e ajudaram na aprendizagem matemática e escrita, além de 
criar o elo de entendimento com os avanços tecnológicos que caracterizam as 
novas exigências sociais do mundo em que estamos vivendo. 
● Jogo da memória: foram utilizadas palavras-chaves de textos trabalhados 
em sala de aula pela professora de núcleo comum, estimulando a 
memória e conexão das palavras ao contexto da história, além de 
trabalhar o respeito às regras do jogo e vez de cada participante. 
● Jogo dos pares: similar ao jogo da memória, porém o par é composto por 
uma peça com uma ilustração e a outra com a palavra referente. Ajuda no 
reconhecimento de palavras e figuras, além de estimular a fala do 
estudante em questão, que não é oralizado. 
 
● Cartões de Comunicação Alternativa: cartões com ilustrações de atitudes 
não condizentes com o ambiente escolar / social acompanhadas do 
símbolo de proibição, para que o estudante esteja sempre ciente de 
atitudes que possam constranger ou machucar alguém, afim de evitá-las. 
● Loja de brinquedos: com o uso de brinquedos e dinheiro de mentira, pode-
se trabalhar a ideia de socialização, a partir do momento que o estudante 
assume o papel de vendedor ou comprador, e operações matemáticas deadição e subtração. 
 
 
 
 
Conclusão 
Pensar, então, sobre o atendimento educacional especializado dirigido 
para alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas 
habilidades/superdotação, nos leva a uma reflexão sobre a repercussão e 
implementação das deliberações contidas nas Diretrizes desse atendimento 
educacional especializado na educação básica, modalidade especial – 
Resolução 4º de 2 de outubro de 2009. E isso nos faz pensar, também, em 
políticas públicas atuais de inclusão escolar. 
As mudanças curriculares são necessárias para enfrentar as dificuldades 
que os estudantes apresentam em sua aprendizagem e permitem ao currículo 
tornar-se mais flexível e dinâmico, atendendo a todos os estudantes. 
Assim como é necessário pensar em estratégias que busquem, o sucesso 
para e na aprendizagem. O ensino colaborativo é um tipo de modelo de ensino 
que contribui para esse sucesso, ou seja, é quando o professor de núcleo comum 
(NC) trabalha em colaboração com o professor da educação especial. 
Segundo Vilaronga (2014), a proposta do ensino colaborativo ou coensino 
tem como característica ser adaptativa, portanto requer tempo para mudanças 
contextuais. Deve ser intencionalmente cultivada ou desenvolvida e também ser 
 
considerada nos processos de formação, tanto inicial, quanto continuada, por 
meio da atuação profissional a qual permite prática e reflexão sobre ela. 
Paulo Freire (2007) enfatiza que a educação proporciona a emancipação 
e promove a autonomia e a consciência crítica dos educandos. Pois bem, nesse 
sentido, a educação deve estender-se a todos os homens sem distinção de cor, 
credo ou qualquer outro tipo de discriminação. 
Assim, acredita-se que a educação deve ser constituída de forma que 
contemple os estudantes em suas distintas capacidades. A individualização do 
ensino significa individualizar os alvos, a didática e a avaliação. 
 
 
Referências 
CORREIA, L. de M. Alunos com necessidades educativas especiais nas classes 
regulares. Porto: Editora Porto, 1999. 
GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 
7Letras, 2007. 
MENDES, E.G. Inclusão escolar com colaboração: unindo conhecimentos, 
perspectivas e habilidades profissionais. In: MARTINS, L. A. R.; PIRES, J; 
PIRES, G.N.L. (Org). Políticas e práticas educacionais inclusivas. Natal: 
EDUFRN, 2008ª, p. 19-51. 
OLIVEIRA, E. e MACHADO, K.S. Adaptações curriculares: caminho para uma 
Educação Inclusiva. In: GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano 
escolar. Rio de Janeiro: 7Letras, 2007. 
PELOSI, M. B. Por uma escola que ensine e não apenas acolha recursos e 
estratégias para a inclusão escolar. In: MANZINI, Eduardo José (Org.) Inclusão 
e acessibilidade. ABPEE, Marília/SP. 2006, pp. 121-132. 
VILARONGA, C. A. R. Colaboração da educação especial em sala de aula: 
formação nas práticas pedagógicas do coensino. São Paulo: UFSCAR, 2014. 
ZABALA, M. A. Planificação e Desenvolvimento Curricular na Escola. Porto: 
Edições Asa, 1992.

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