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PRÁTICA SIMULADA - DIREITO CONSTITUCIONAL - EXERCÍCIOS 02


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Estacio de Sá_Prática Simulada Constitucional _Docente: Santini_Dicente: AZENAIDE 
PAULO CARNEIRO DA SILVA – 202002712902 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO 
DA____VARA DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE ________ 
 
 
 
 
 
 
HELENA DE TAL, nacionalidade xxx, menor de idade assistida 
pela sua genitora MARIA DE TAL, nacionalidade xxx, estado civil xxx, profissão 
operária de fábrica, inscrito no RG xxx e no CPF xxx, residente e domiciliada no 
Município Y, endereço eletrônico xxx, por meio de seus advogados infra-assinados, 
conforme procuração anexa, com endereço profissional xxx, endereço que indicam 
para fins do art. 77, V do CPC, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, com 
base no art. 5º LXIX da Lei 12.016/2009 e vem impetrar: 
 
 
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO LIMINAR 
 
em face do(a) SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, com endereço funcional 
na Av. xxx, nº xxx, Município xxx/XX - CEP xxx, pelos motivos de fato e de direito a 
seguir aduzidos. 
 
 
1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
A situação econômica do impetrante não lhe permite arcar com 
as custas processuais e honorários advocatícios sem que isso implique em prejuízo 
ao seu sustento e de sua família, conforme declaração de hipossuficiência e 
documentos anexos. Razão pela qual, requer-se a este juízo que seja deferido o 
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benefício da gratuidade da justiça, nos termos da Lei n. º 1.060/1950, dos arts. 98 e 99 
do Código de Processo Civil e do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal. 
 
2. DA TEMPESTIVIDADE 
 
A Lei 12.016/2009 estabelece em seu art. 23 que o direito de 
requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, 
contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
O ato administrativo impugnado, Edital 01/2019 do Processo Seletivo Simplificado 
SUGESP, foi publicado no dia 21/05/2019, sendo que o prazo decadencial para 
impetração do presente remédio constitucional seria 18/09/2019. Logo resta 
preenchido o requisito da tempestividade. 
 
3. SÍNTESE DOS FATOS 
 
Helena de Tal, com 2(dois) anos de idade, menor, filha de Maria 
de Tal, não conseguiu uma vaga na creche pública, porque o Município Y, próximo de 
seu domicílio, não disponibilizou vaga, e nem informou se abrirá vaga ainda no ano 
corrente. Sua genitora, Maria de Tal, trabalha em uma fábrica de panelas, das 8h às 
17h, com intervalo de uma hora para almoço, recebe mensalmente a quantia de R$ 
900,00 (novecentos reais) e não dispõe de ninguém que possa ajudá-la com os 
cuidados da menor Helena, tão pouco consegue arcar com as despesas de uma 
creche particular, em razão do baixo salário que recebe. 
E nas suas incansáveis buscas nos órgãos municipais de sua 
cidade, para conseguir uma vaga em alguma creche próximo de seu domicílio, todas 
restaram infrutíferas, obtendo as mesmas justificativas de que não há vagas e não tem 
nenhuma expectativa de surgirem novas vagas. 
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Com imensa esperança de achar uma vaga para a sua filha 
menor, direcionou um requerimento protocolado na Secretaria Municipal de Educação, 
em 29/08/2016, obtendo a seguinte resposta de que quê, não existe mais vagas 
disponíveis em nenhuma creche municipal próximo a sua residência. 
Diante disso, resolveu ingressar com uma medida judicial para 
agir com efetividade, com fundamento em prova pré-constituída, para garantir 
urgentemente o direito da filha de uma vaga em creche no endereço de seu domicílio, 
de modo que a deixe amparada enquanto ela trabalha. 
 
4. DO DIREITO LÍQUIDO 
 
Conforme estampado na Constituição da República Federativa 
do Brasil, em seu artigo 205: 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. 
 
Mais adiante, o inciso IV do artigo 208 da Constituição Federal de 1988, dispõe: 
O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia 
de:(…) 
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos 
de idade; 
 
 O Estatuto da Criança e do Adolescente, por outro lado, em seu artigo 54, 
estipula que: 
É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: 
(…) 
IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de 
idade; 
 
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Conforme mencionado pelo ilustre JOSÉ LUIZ MÔNACO DA 
SILVA, em seu livro “Estatuto da Criança e do Adolescente”, editora Revista dos 
Tribunais, página 89, ao comentar o referido dispositivo: 
(...) Os fins almejados pelo preceito são de clareza solar. Enquanto os pais ou 
responsável desenvolvem suas atividades laborativas, as crianças ficam 
confinadas aos dirigentes dessas entidades até que a jornada de trabalho 
esteja concluída (...). 
 
Verifica-se, portanto, que, tanto o legislador constitucional quanto 
o infraconstitucional, procurou resguardar o direito das crianças de zero a cinco anos 
de idade de verem-se matriculadas em creche e pré-escola, justamente, sabedores de 
que, inclusive, a maior parte da população brasileira é carente do ponto de vista sócio 
financeiro, necessitando os pais deixarem seus filhos com outras pessoas para 
poderem trabalhar e, para com o produto do trabalho, sustentá-los. 
Ocorre que nem todos os pais, ao saírem para trabalhar, têm 
com quem deixar seus filhos e, portanto, nada mais justo do que deixá-los em creche 
mantida pelo Poder Público. 
O ato da Diretora, ao negar acolher o infante reveste-se, 
portanto, de patente ilegalidade, contrariando dispositivos expressos da Constituição 
Federal e do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
O direito do menor em ter assegurado o seu acesso em creche 
municipal é líquido e certo, posto que previsto legalmente, sendo que “se apresente 
manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no 
momento da impetração” (HELY LOPES MEIRELLES, Mandado de Segurança, Ação 
Popular e Ação Civil Pública, Malheiros, página 29). 
O mesmo HELY LOPES MEIRELLES, ao discorrer sobre direito 
líquido e certo, destaca que: 
Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de 
segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os 
requisitos de sua aplicação ao impetrante. 
 
De fato, tanto a Constituição Federal, quanto o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, asseguram plenamente o direito de as crianças de zero a 
cinco anos de idade serem matriculadas em creches do Estado. 
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Não se ignora que as crianças que não têm acesso às creches 
acabam por ficar nas ruas, deixando de conviver com crianças de mesma idade e 
deixando, por conseguinte, de se desenvolverem de forma saudável. A falta de vagas, 
ademais, propicia que a criança permaneça na rua aprendendo lições outras que mais 
tarde se voltarão contra os próprios interesses da sociedade. 
O ato perpetrado pela autoridade impetrada reveste-se de 
patente ilegalidade e viola o direito líquido e certo do menor impetrante. 
É certo, outrossim, que a recusa procedida da autoridade coatora 
se reveste de extrema gravidade, pois ele exerce sua função em entidade municipal. 
Conforme previsto no artigo 11 da Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, nº 9394/96, que dispõe: 
 
5. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS 
Ante ao exposto, o impetrante pede e requer: 
 
a) que seja deferida a gratuidadeda justiça, nos termos da Lei nº 1.060/50, tendo 
em vista a declaração de hipossuficiência e documentos anexos; 
 
b) a produção de todos os meios de prova admitidos em direito; 
 
c) a fixação de honorários sucumbenciais; 
 
d) a notificação das autoridades coatoras e seus respectivos órgãos de 
representação judicial, nos termos do art. 7º da Lei 12.016/2009; 
 
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos fiscais. 
 
 
Termos em que pede deferimento. 
 
São Paulo, XX de agosto de XXXX 
Advogado, XXX 
OAB, XXX

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