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Direitos Fundamentais e Justiça

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SEM PENA 
Segundo Helena Bomeny e outros sociólogos, no livro Tempos modernos, 
tempos de sociologia: “Na época moderna, os direitos foram definidos com base na 
noção de que “todos são iguais perante a lei”, ou seja, de que os direitos deveriam ser 
reconhecidos, independentemente de serem os sujeitos mais ou menos influentes , 
mais ou menos pobres, de cor de pele ou de outra, homem ou mulher [...]. O 
reconhecimento jurídico moderno é o de que todo o ser humano, sem distinção, deve 
receber respeito universal.” 
Tendo em vista a citação supracitada, o que se pergunta é a relação da teoria 
e prática, como por exemplo, o direito de ir e vir, um dos Direitos Fundamentais da 
Constituição Federal, que encontra-se ameaçado pela própria Justiça, um paradoxo 
em que a morosidade do Judiciário, restringi direitos legítimos e favorece o 
encarceramento da classe marginalizada da sociedade. 
O filme “Sem Pena” retrata a real dificuldade da “Presunção de Inocência” ser 
mantida como fundamento do Direito Penal, já que inquéritos falhos, associados a 
cultura da condenação, incriminam inocentes e oportunamente os depositam num 
sistema carcerário desumano, com condições indignas e que a ressocialização, como 
função social da pena, perde seu verdadeiro significado. 
O mais cruel, contudo, são os dados estatísticos do perfil dos encarcerados, 
eis que jovens, na sua maioria negros, com baixo grau de instrução, sofrem com os 
abismos sociais e, ao invés de se recuperarem, tornam-se escravos do crime, 
entrando num círculo vicioso historicamente já comprovado. 
A reclusão, portanto, como exceção, passa a ser regra, bem como o Estado 
responsável pela segurança pública passa a oprimir, deletando como Princípio 
Fundamental a Dignidade da Pessoa Humana e adotando o encarceramento em 
massa como solução de um Estado ineficiente e ineficaz. 
Por conseguinte, a Justiça torna-se injustiça, os Princípios, base do 
ordenamento jurídico, tornam-se acessórios e os cidadãos continuam reféns de um 
sistema Judiciário lento, sobrecarregado pelo excesso de demanda e que, ainda, por 
consequência, cerceia os Direitos Fundamentais elencados no texto constitucional 
nacional.