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Biomecânica dos Saltos


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15/09/2023, 15:52 Biomecânica dos saltos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02322/index.html# 1/52
Biomecânica dos saltos
Felipe Guimarães Teixeira
Descrição
A biomecânica dos saltos vertical e horizontal como ferramenta do desenvolvimento físico e da prevenção
de lesões.
Propósito
O conhecimento da biomecânica dos saltos vertical e horizontal é essencial para descrever importantes
elementos que avaliam o desempenho esportivo e que auxiliam na organização de estratégias de prevenção
de lesão.
Objetivos
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Módulo 1
Cinemáticas e cinéticas do salto horizontal
Identificar as principais variáveis cinemáticas e cinéticas que descrevem o salto horizontal.
Módulo 2
Cinemáticas e cinéticas do salto vertical
Identificar as principais variáveis cinemáticas e cinéticas que descrevem o salto vertical.
Introdução
O movimento humano é uma ação inerente ao cotidiano, e sua eficiência é determinante para a melhor
realização das diversas tarefas.
A capacidade de realização das tarefas está diretamente atrelada às habilidades motoras desenvolvidas
durante a infância. Dentre essas habilidades, destaca-se o ato de saltar.
Saltar é a capacidade do ser humano de se opor à gravidade lançando-se ao ar, perdendo contato com o
solo, a partir da ação coordenada do sistema neuromuscular.
Devido à importância do movimento de saltar, ele vem sendo cada vez mais estudado e utilizado nas
práticas do treinamento a fim de melhorar a qualidade de vida e o desempenho esportivo do praticante.
O domínio das bases biomecânicas do salto por parte dos profissionais da área de treinamento, prevenção e
reabilitação é fundamental, pois fornecerá informações importantes para a realização, treinamento e
acompanhamento do movimento de forma eficiente e saudável.

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Neste conteúdo, estudaremos os principais parâmetros biomecânicos do salto horizontal e de três tipos de
salto vertical. Analisaremos, também, as variáveis cinéticas a partir da aplicação da força sobre a
plataforma de força em cada fase do salto e o respectivo comportamento dos músculos motores primários
e seus efeitos sobre os diferentes tipos de estímulos (com e sem contramovimento). E abordaremos as
principais métricas de avaliação do desempenho do salto e os principais instrumentos de avaliação.
1 - Cinemáticas e cinéticas do salto horizontal
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as principais variáveis cinemáticas e
cinéticas que descrevem o salto horizontal.
Cinemática do salto horizontal
A habilidade de saltar é considerada um gesto motor de difícil execução, dependente de uma complexa
coordenação motora entre os membros inferiores e superiores, que envolve uma importante comunicação
de controle do sistema nervoso com o sistema musculoesquelético.
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Dentre os diversos tipos de saltos, podemos destacar o salto horizontal, caracterizado pela projeção
horizontal do corpo a partir da resultante das forças horizontal e vertical aplicadas ao solo.
No salto horizontal, o saltador tem como objetivo projetar seu corpo à máxima distância
horizontal a partir da linha de impulsão.
Nessa tarefa, o executor do salto inicia o movimento a partir de uma posição estática em pé e, em seguida,
promove uma ação muscular de contramovimento acoplado a um balanço duplo dos braços e uma
decolagem dos membros inferiores que é caracterizada por uma considerável inclinação do corpo para a
frente e, durante a fase de voo, o saltador balança as pernas para frente por baixo do corpo, preparando-se
para a aterrissagem.
Geralmente, o saltador cai com o tronco inclinado à frente e com os pés anteriormente ao quadril. Um salto
bem-sucedido é caracterizado por um pouso equilibrado com o máximo de distância possível em relação ao
local de impulsão.
O salto horizontal é considerado uma ação motora fundamental em diversos esportes nos quais as
contrações musculares de alta velocidade são necessárias, como: corrida, corrida com obstáculos, saltos
no atletismo, futebol, salto com esqui e alguns esportes de combate.
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Sabendo da sua importância nas diversas modalidades esportivas, esse movimento também é
frequentemente utilizado como teste funcional para avaliar a força explosiva dos membros inferiores. Por
isso, cada vez mais os pesquisadores buscam entender melhor todos os aspectos associados ao salto
horizontal, envolvendo em geral três principais linhas de pesquisa:
Dentre as possíveis informações biomecânicas que podem ser utilizadas na avaliação do desempenho do
salto horizontal, destaca-se a cinemática. Ela é a parte da mecânica que lida com a descrição de
componentes espaciais e temporais do corpo humano durante o movimento.
Essa descrição do movimento leva em consideração algumas variáveis, como: posição, deslocamento,
velocidade, aceleração, ângulo e tempo.
Para uma análise biomecânica de uma habilidade motora complexa, frequentemente, faz-se necessário
estabelecer as fases nas quais o movimento pode ser dividido. Cada fase deve ter um papel biomecânico
Salto horizontal como componente do desempenho físico, utilizado como teste de potência
muscular para membros inferiores em diversas baterias de testes de aptidão física.
Salto horizontal como tarefa motora para avaliação dos padrões motores, para avaliar o
comportamento e o desenvolvimento motor nas diferentes faixas etárias durante a infância.
Avaliação do desempenho em saltos horizontais utilizando as bases biomecânicas para análise
cinética e cinemática do movimento.
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específico, com limites claramente definidos e identificados.
Fases do salto horizontal
Quando se fala do salto horizontal, é possível estruturá-lo em três fases:
Fase 1 – Preparação
A fase da preparação compõe-se de duas etapas:
Contramovimento
Ação de contração excêntrica dos músculos extensores de quadril e joelho e dos flexores plantares do
tornozelo.
Propulsão
Extensão simultânea dos quadris e joelhos, e flexão plantar por meio da contração concêntrica.
No contramovimento, mantém-se o tronco ereto, membros superiores ao longo do tronco, pés paralelos,
quadril e joelho em extensão. Sequencialmente, pode-se iniciar a contração, controlando a ação da força
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gravitacional de flexão do quadril e do joelho e dorsiflexão.
Na contração, o tronco inclina-se anteriormente, e os membros superiores são deslocados posteriormente,
gerando uma hiperextensão dos ombros.
Logo após a etapa de contramovimento, ocorre a propulsão, instante em que há a perda de contato com o
solo. Recomenda-se que, no momento final da etapa da propulsão, o corpo esteja posicionado a um ângulo
de 35-45°, promovendo melhor distribuição dos componentes de força horizontal e vertical nos pés e,
consequentemente, o maior deslocamento horizontal do salto.
Fase 2 – Voo
A fase de voo começa assim que os pés perdem contato com o solo. Durante essa fase, o corpo permanece
em extensão total ou pode ficar em hiperextensão. Para melhor impulsão anterior, os membros superiores
se encontram em máxima flexão, mantendo-se acima da cabeça verticalmente. Próximo ao final da fase de
voo, o tronco inclina anteriormente, junto com uma pequena flexão do quadril e do joelho antes do pouso.
Fase 3 – Aterrissagem
A aterrissagem é o retorno do contato dos pés com o solo, que ocorre de forma controlada, por meio da
contração excêntrica dosmúsculos do membro inferior. Durante a aterrissagem, ocorre a flexão dos joelhos
e quadril e dorsiflexão, movimento que ocorre a favor da força gravitacional. Além disso, o tronco inclina-se
anteriormente. Com a utilização dos membros superiores para impulsionar o corpo anteriormente na fase
de voo, eles retornam à posição horizontal com a flexão do ombro durante a aterrissagem.
Atenção!
A posição dos membros superiores durante o salto horizontal varia de acordo com o objetivo do movimento.
Se o objetivo é avaliar exclusivamente a potência dos membros inferiores, os membros superiores ficam
estáticos com as mãos apoiadas no quadril, para que não haja auxílio. Entretanto, quando o objetivo é
atingir o máximo de distância possível, sem regras pré-definidas no teste, é indicada a máxima flexão dos
ombros, projetando os membros superiores de forma elevada.
Con�guração do tronco e membro inferior no salto
horizontal
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Para entender quantitativamente como as articulações do tronco e do membro inferior se comportam
durante todas as fases do salto horizontal, podemos observar o exemplo a seguir, sobre a configuração
corporal média de atletas de vôlei:
Em uma análise cinemática de ângulos médios das articulações do membro inferior dos atletas de vôlei, no
estudo de Horita et al. (1991), observou-se que:
Na fase de propulsão, o ângulo da articulação do quadril foi de 186°, o do joelho foi de 162°, e o do
tornozelo foi de 143°.
Nas etapas de contramovimento e propulsão, a inclinação do tronco foi de 72 ± 5° e 56 ± 1°,
respectivamente.
Durante a fase de voo, a articulação do joelho foi flexionada e posteriormente estendida antes da
aterrissagem, apresentando flexão de 58 ± 14° (média ± desvio padrão) e extensão de 134 ± 11°, com faixa
de amplitude de movimento de 76 ± 17° durante o voo.
Na aterrissagem, o ângulo médio do segmento do tronco foi de 29 ± 11°.
In�uência das variáveis cinemáticas na postura durante
o salto
O salto horizontal é um gesto motor utilizado como método de avaliação de força e potência dos membros
inferiores. Para que essa avaliação seja realizada de forma adequada, o padrão motor do salto precisa ser o
mais eficiente possível.
A manipulação de algumas variáveis cinemáticas sobre a postura do indivíduo
torna-se necessária, de forma a promover uma melhora no resultado na distância
alcançada no salto horizontal.
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Dentre as possíveis posturas a serem manejadas durante o salto, destacam-se: a posição dos pés na fase
de preparação, o ângulo do centro de massa no estágio final da fase de preparação e o movimento dos
membros superiores.
Movimento dos membros superiores
O movimento dos membros superiores durante o salto horizontal representa um elemento notável no
resultado do teste de impulsão. Diversos estudos comprovam que esse movimento tende a aumentar a
velocidade do centro de massa, provocando maior intensidade no pico de força de reação do solo e,
consequentemente, maior produção de força de impulsão .
elocidade
É uma variável cinemática que representa a variação da posição atrelada à distância percorrida por um corpo
em determinado intervalo temporal.
Em estudo feito com um grupo de saltadores, analisou-se o salto horizontal realizado com e sem o balanço
dos membros superiores. O resultado foi que, quando houve o balanço, a distância média melhorou 21,2% e
a velocidade média do centro de massa aumentou 12,7% (ASHBY e HEEGAARD, 2002).
A melhora no salto é explicada pela teoria da transferência de energia, em que os músculos das
articulações do ombro e cotovelo passam a energia para o resto do corpo (principalmente membro inferior)
antes da decolagem, aumentando a velocidade e o deslocamento do centro de massa nas direções
horizontal e vertical.
Ângulo do centro de massa
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O ângulo ideal de decolagem do centro de massa também é outro aspecto discutido para um melhor
rendimento no salto horizontal.
Quando se pensa nessa variável, deve-se imaginar a trajetória do centro de massa como um projétil em fase
de voo. Por isso, para que um salto atinja uma distância horizontal adequada, o saltador deve gerar o
momento linear horizontal e vertical apropriado durante a fase de decolagem. O ângulo e a magnitude da
velocidade de decolagem do centro de massa devem ser bem coordenados para gerar uma trajetória
balística e alcançar um bom resultado final no salto.
omento linear
Produto da massa pela velocidade de um corpo.
Dentre os diversos estudos, ainda não há uma conclusão sobre a melhor angulação do centro de massa
para que se tenha a maior velocidade e distância percorrida.
Posição dos pés
Outro aspecto cinemático que pode afetar a coordenação de um saltador e, consequentemente, a distância
horizontal percorrida são as diferentes posições dos pés. Apesar de ainda serem inconclusivos, alguns
estudos apontam informações sobre a posição dos pés e a sua relação com a angulação das principais
articulações que estão envolvidas no salto. A posição paralela (posição 1) dos pés e os pés posicionados
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na diagonal um na frente do outro (posição 2) foram comparados quanto ao rendimento no salto horizontal.
Os resultados mostram que a distância média do salto na posição 2 foi 5,18% melhor, coincidentemente,
situação em que foram observados maiores ângulos de flexão nas articulações do tronco, quadril e joelho.
Cinética do salto horizontal
A cinética é a área da biomecânica que visa descrever as causas do movimento. A principal grandeza dessa
área é a força, definida como um agente responsável por alterar o estado de inércia ou a aceleração de um
corpo.
Para se entender os mecanismos de impulsão do salto, utiliza-se a variável força, principalmente, quando
associada ao conceito de força de reação do solo.
Essa variável cinética é representada por uma força que atua do solo para o corpo que está em contato,
representando uma resposta às ações musculares e do peso corporal transmitido por meio dos pés,
caracterizado pela terceira lei de Newton.
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Outra variável cinética relacionada à força de reação do solo é o centro de pressão, definido como a
resultante do campo de pressão que o corpo exerce sobre a superfície de apoio.
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Avaliação da força de reação do solo
Durante a análise do salto, analisam-se três componentes consideráveis da força de reação do solo, o que
permite a avaliação nos três possíveis eixos de ação.
A força de reação do solo é mensurada pelo uso da plataforma de força, equipamento cuja composição tem
células de carga (com quantidade variável de acordo com os eixos de aquisição de força) e que funciona
como um transdutor de força, convertendo-a em sinal elétrico.
Em geral, analisa-se a força de reação do solo durante o salto horizontal no eixo vertical e anteroposterior.
Já no eixo laterolateral, os estudos mostram variações de força desprezíveis (variação média inferior a
0,5%), o que indica que a análise cinética do salto pode ser considerada e estudada a partir do plano sagital,
pois a ação de ambos os membros é simétrica .
A avaliação da força de reação do solo no eixo vertical é frequentemente utilizada durante o salto horizontal,
pois permite avaliar as etapas do impulso do salto. Seu início é caracterizado pela fase de preparação,
momento em que ocorre uma diminuição da altura do centro de massa promovida pela flexãodo quadril e
do joelho, bem como a dorsiflexão. Nesse estágio, também acontece o balanço do braço. Um movimento
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muito rápido dos membros superiores para baixo resultará em uma ação curta e rápida de ausência de peso
(possível potencialização da propulsão).
Como pode ser visto na imagem a seguir, essa fase excêntrica dos músculos extensores de quadril e joelho
com o movimento dos braços promoverá uma redução da força de reação do solo vertical, podendo chegar
a valores próximos à metade da massa corpórea.
Posteriormente, tem início a etapa de propulsão, instante em que se inicia a tripla extensão, de quadril e
joelhos, bem como a flexão plantar. Percebe-se que, nesse instante, a força de reação do solo vertical
começa a aumentar, podendo chegar a mais do que o dobro do percentual da massa corpórea e,
consequentemente, à máxima magnitude. Nesse instante, os pés perdem o contato com o solo e se inicia a
fase de voo.
Ao relacionar as variáveis força e tempo, mensurando o tempo entre a força de reação do solo vertical
mínima e máxima, pode-se analisar a capacidade de aumentar a força para atingir o valor máximo,
conhecido também como taxa de variação de força.
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Quanto menor for o tempo entre a força mínima e a máxima, maior será a taxa de
produção de força e a potência muscular.
No ponto em que os pés perdem contato com o solo e se inicia a fase de voo, a força de reação do solo
vertical tende a diminuir drasticamente até chegar a zero.
Quando se analisa a força de reação do solo horizontal anteroposterior, verifica-se que, durante a etapa de
preparação no contramovimento, há alterações insignificantes de força.
Entretanto, quando se inicia a fase de propulsão, o componente de força anteroposterior tende a aumentar
gradativamente, até chegar a sua máxima magnitude, exatamente quando ocorre a perda de contato do pé
com o solo. A força anteroposterior aumenta na propulsão pelo fato de ser um componente necessário para
aumentar o deslocamento horizontal do corpo durante o salto.
Quando se analisa a força de reação do solo durante a aterrissagem, deve-se levar em consideração alguns
aspectos importantes, como:
Além disso, o aumento do componente horizontal e/ou vertical da velocidade do centro de massa do
saltador no momento da aterrissagem pode aumentar o pico da força de reação do solo, reduzindo o nível
Complexidade mecânica do salto.
Habilidade de preparo para o contato com o solo.
Estratégia de aterrissagem.
Propriedades mecânicas da superfície de aterrissagem.
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de controle postural.
O balanço dos braços é um fator relevante no aumento do componente de força horizontal e no melhor
desempenho no salto horizontal. Segundo Ashby e Heegaard (2002), o pico de força de reação do solo
horizontal é 15,4% maior com o movimento dos membros superiores em comparação ao salto com a
restrição do movimento.
Ciclo de alongamento e encurtamento no salto
horizontal
A ação de contramovimento faz parte da fase de preparação durante o salto horizontal. Corresponde ao
instante em que ocorre a contração excêntrica dos músculos extensores de quadril e joelho e dos flexores
plantares do tornozelo, controlando a ação da força gravitacional de flexão do quadril e joelho e dorsiflexão
do tornozelo. Esse mecanismo de contramovimento promove a potencialização da propulsão do salto a
partir da ação do ciclo alongamento-encurtamento dos músculos envolvidos.
O ciclo de alongamento-encurtamento (CAE) refere-se à ação de pré-alongamento
ou pré-estiramento que pode ser observada em movimentos como o salto.
Apesar de haver algumas controvérsias sobre a mecânica responsável pelas melhorias de desempenho
observadas com o uso do CAE, é possível que haja uma combinação do estado ativo dos componentes
contráteis do músculo e do armazenamento de energia elástica no tendão. Além disso, utilizar essa
estratégia de movimento como ferramenta de treinamento pode minimizar os efeitos negativos do atraso
eletromecânico e melhorar o desempenho atlético.
traso eletromecânico
Tempo entre a ativação do músculo pelo neurônio e a produção de tensão pela fibra muscular.
O pré-alongamento, biomecanicamente definido como ciclo de alongamento-encurtamento, é composto por
três fases:
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O CAE é descrito como uma ação muscular cíclica rápida em que o músculo sofre uma contração
excêntrica, seguida por um período de contração concêntrica. A ação do CAE talvez seja mais bem descrita
como um mecanismo semelhante a uma mola, em que a sua compressão faz com que ela ricocheteie e,
portanto, salte de uma superfície ou em uma direção diferente.
Aumentar a velocidade com que a mola é comprimida ou a força com que é pressionada (quantidade de
força aplicada) resultará no salto mais alto ou mais distante da mola. Tal ação é conhecido como taxa de
carregamento.
Essa resposta elástica ocorrerá apenas em objetos com respostas lineares, característica presente nos
nossos tendões. Desse modo, caso o saltador incorpore uma corrida pré-salto na maioria dos casos (caso o
movimento seja realizado tecnicamente correto) permite que um atleta salte mais distante do que um salto
de uma posição estática, pois causará um aumento na taxa de carregamento.
Existem diversos mecanismos neurofisiológicos que contribuem para o CAE, dentre eles é comumente
aceito que existem três mecânicas primárias responsáveis pelos seus efeitos:
Armazenamento de energia elástica;
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O mecanismo de armazenamento de energia elástica é semelhante ao de um elástico esticado. Quando
esticado, o elástico acumula energia armazenada que, quando liberada, faz com que a faixa se contraia
rapidamente de volta à sua forma original.
Nos humanos, esse alongamento e armazenamento de energia elástica são aplicados nos músculos e
tendões durante o movimento. Entretanto, devido às propriedades elásticas do tendão, é comumente aceito
que o tendão é o local primário para o armazenamento da energia elástica.
Partindo dessa premissa, sabendo que o músculo deve se contrair e enrijecer antes do início do CAE
durante o contato com o solo (pré-atividade muscular) e permanecer contraído/rígido durante os dois
primeiros processos do CAE (fases excêntrica e de amortização), essas ações de contração são então
transmitidas ao tendão. Isso causa a deformação/alongamento do tendão e o desenvolvimento da energia
elástica de armazenamento.
Outro mecanismo responsável pelo efeito do CAE é modelo neurofisiológico. A unidade musculotendínea
apresenta receptores sensoriais chamados proprioceptores conhecidos como:
Fusos musculares
Localizados dentro do músculo.
Modelo neuro�siológico;
Estado ativo.
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Órgãos tendinosos de Golgi - OTG
Localizados dentro no tendão.
Esses receptores sensoriais são responsáveis por enviar informações ao cérebro sobre mudanças no
comprimento da unidade musculotendínea e dos ângulos articulares. Quando um músculo é estirado com
alta magnitude de força, os fusos musculares ativam uma resposta de reflexo de estiramento para evitar o
alongamento excessivo e limitar a possibilidade de lesão.
Acredita-se que o engajamento desses fusos musculares cause um recrutamento aumentado de unidades
motoras. A excitação de uma ou de ambas as respostas neurais levaria a um aumento simultâneo na
produção de força concêntrica e poderia, portanto, explicar osefeitos de aumento de desempenho do CAE.
O aumento na saída de força concêntrica aumentaria a potência muscular durante o salto e, assim, poderia
melhorar o desempenho. Apesar da consistência dessa hipótese, diversos estudiosos contestam esse
modelo neurofisiológico, sugerindo que a atividade reflexa do fuso muscular não tem impacto no aumento
da força pelo CAE.
Veja na imagem a seguir, o processo de ativação do reflexo de estiramento:
A seguir, o detalhamento:
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O estado ativo é o período no qual a força pode ser desenvolvida durante a fase excêntrica e de
amortização do CAE, antes que ocorra qualquer contração concêntrica. Entende-se que o salto com fase
excêntrica e de amortização mais longas durante o CAE permitirá mais tempo para a formação de pontes
cruzadas, aumentando, portanto, os momentos articulares e, assim, melhorando a saída de força
concêntrica. Aumentar a quantidade de força e o tempo disponível para que ela seja desenvolvida
normalmente leva a um aumento simultâneo no impulso (Impulso = Força x Tempo). Em outras palavras,
aumentar a aplicação de força leva a melhorias na potência e no desempenho do salto.
Adicionalmente ao conhecimento do mecanismo do CAE, é de suma importância entender como ocorre a
sinergia muscular durante o salto horizontal. Como o salto horizontal é um movimento que requer
coordenação motora complexa, principalmente dos segmentos dos membros inferiores e tronco, diversos
estudos buscaram investigar a sinergia muscular dessas regiões. Para a avaliação do comportamento do
músculo durante o gestual motor, é utilizado um eletromiógrafo, instrumento capaz de detectar o sinal
elétrico emitido por músculos durante a contração.
inergia muscular
Capacidade de um conjunto de músculos de se contrair de forma sincronizada e harmoniosa durante um
gestual motor.
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Esse instrumento é capaz de verificar se o músculo está ativo ou inativo em determinada tarefa, identificar o
momento em que o músculo “liga” e “desliga”, identificar a magnitude da atividade elétrica do músculo e
analisar aspectos associados à fadiga muscular.
Ao examinar os perfis de ativação muscular durante o salto, observou-se maior ativação dos músculos
flexores de quadril (m. reto femoral) e dorsiflexores (m. tibial anterior) durante a fase de contramovimento.
Já na fase de propulsão, a maior ativação ocorreu com os músculos extensores da articulação do quadril
(m. glúteo máximo e m. bíceps femoral cabeça longa), bem como dos extensores do joelho (m. quadríceps
femoral).
Comentário
Quando a ação de decolagem tem a sua continuidade, o músculo extensor da articulação do joelho (m. reto
femoral) transfere a energia do quadril para o joelho, por ser biarticular. Adicionalmente, a última fase da
decolagem é concluída com os músculos biarticulares da perna (m. gastrocnêmio medial e lateral).
Além dos músculos dos membros inferiores, a função dos músculos do tronco também é considerada
importante para o aumento da velocidade de decolagem vertical do salto e para a prevenção de lesões
durante sua realização. Por isso, os músculos estabilizadores do tronco foram analisados durante o salto
horizontal e verificou-se que o instante de maior atividade mioelétrica ocorreu durante a fase de propulsão
em comparação às fases de contramovimento e de voo. A ativação média durante do músculo transverso
do abdômen foi maior que o reto do abdômen e o obliquo externo. Além disso, verificou-se que o músculo
transverso do abdômen foi o primeiro a ser ativado, seguido pelos músculos oblíquo externo e reto do
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abdômen. Essa informação indica que os músculos abdominais são recrutados sequencialmente (músculos
profundos a superficiais) durante um salto horizontal.
Cinemática e cinética do salto horizontal
Agora, é hora do bate-papo com o especialista Felipe Teixeira sobre a cinemática e a cinética do salto
horizontal.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A avaliação do salto horizontal utilizando a plataforma de força permite obter informações cinéticas de
desempenho do salto. A força de reação do solo no eixo vertical é frequentemente utilizada durante o
salto horizontal, pois permite avaliar as etapas do salto. Nesse contexto, em qual das fases ocorre a
maior produção de força de reação do solo durante o salto horizontal?
A No contramovimento.
B Na propulsão.
C Na fase de voo.
D No início da fase concêntrica.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
A fase final da propulsão é o instante em que se inicia a tripla extensão, quadril e joelhos, bem como a
flexão plantar causando o aumento significativo da força de reação do solo vertical, que pode chegar a
mais do que o dobro do percentual da massa corpórea e, consequentemente, a máxima magnitude.
Questão 2
O modelo neurofisiológico representa uma das hipóteses responsáveis pelo efeito do ciclo
alongamento-encurtamento. Esse modelo funciona a partir da presença de receptores sensoriais nas
unidades musculotendíneas. Qual receptor é sensível à ação de estiramento do músculo em alta
magnitude de força?
Parabéns! A alternativa A está correta.
E Na fase excêntrica.
A Fuso muscular.
B Órgão tendinoso de Golgi.
C Corpúsculo de Pacini.
D Corpúsculo de Meissner.
E Corpúsculos de Krause.
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Os fusos musculares são proprioceptores localizados no interior dos músculos, que representam a
unidade contrátil reguladora, a qual monitora a velocidade e a duração do alongamento do músculo.
2 - Cinemáticas e cinéticas do salto vertical
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as principais variáveis cinemáticas e
cinéticas que descrevem o salto vertical.
Cinemática do salto vertical
Monitorar e testar o atleta são componentes essenciais no controle do desempenho e na prevenção de
lesão durante a periodização. O salto vertical é um movimento utilizado para realização de testes para
monitorar o desempenho de força e potência do membro inferior.
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Dentre os testes de salto vertical, conheça os mais utilizados a seguir:
Salto com contramovimento
No contramovimento, o avaliado parte da posição em pé e inicia um movimento para baixo,
imediatamente seguido por um movimento para cima que leva à decolagem.
Salto em agachamento
O avaliado desce para uma posição de meio ou semiagachamento e mantém essa posição
por aproximadamente 3 segundos antes da decolagem.
Drop jump
Nesse salto o avaliado inicia teste a partir de uma altura (pode variar de 15, 30, 45 e 60cm)
acima do local onde ocorrerá o salto, desloca anteriormente o membro inferior (flexão de
quadril) e o corpo se movimenta para baixo aterrissando com os dois pés e iniciando o
contramovimento. Entretanto, como o corpo inicia em uma posição mais alta, a carga pré-
estiramento aumentada é introduzida no salto.
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Os estudos de cinemática dos testes de salto sugerem que o salto em agachamento é um movimento não
natural pois quase todos os movimentos de força e potência com os membros inferiores são realizados
com o mínimo de utilização do mecanismo de contramovimento (em certos casosinconsciente). Outro
aspecto considerável é a cinemática dos três saltos a partir da fase de propulsão. Estudos investigaram
aspectos de coordenação entre os três saltos e não encontraram diferenças claras nas variáveis
cinemáticas. Em geral, sugere-se que não há diferenças ou essas são mínimas nos padrões cinemáticos a
partir da fase de propulsão entre o salto contramovimento, o salto em agachamento e o drop jump.
Entretanto, acredita-se que o salto contramovimento e o drop jump fornecem uma avaliação da potência em
movimentos do ciclo de alongamento-encurtamento, enquanto o salto em agachamento fornece uma
avaliação da capacidade de desenvolver força rapidamente apenas durante um movimento puramente
concêntrico.
Comentário
Os diferentes tipos de salto vertical também representam uma habilidade motora complexa e, para analisá-
los, é necessário estabelecer as fases nas quais o movimento é dividido. Vale ressaltar que os três saltos
apresentam um início diferente, entretanto, a partir da fase de propulsão, todos realizam o mesmo gestual
motor.
No drop jump, o avaliado inicia o salto em cima de uma caixa (ou qualquer apoio estável) a uma altura (pode
variar de 15, 30, 45 e 60cm) relativamente mais alta ao local (normalmente a plataforma de força) onde será
realizada a fase de propulsão do salto. As fases iniciais do drop jump são:
Fase: Passada para fora da caixa
O saltador inicia essa etapa em pé, sobre a caixa, com as mãos apoiadas nos quadris (quando o objetivo
é avaliar a força e a potência de membro inferior). Sequencialmente, retira-se um dos pés da caixa,
deslocando-o anterior e inferiormente. Vale ressaltar que o saltador não pode pular com ambas as pernas
ao deixar a caixa.
Fase: Descida
Ao retirar o pé da caixa, inicia-se a fase descendente, momento em que o corpo desce em direção ao solo
e se prepara para o contato. Os membros e o tronco se mantêm estáveis e o tornozelo em posição neutra
para promover a rigidez do tornozelo. Além disso, ocorre uma leve flexão nos joelhos e no quadril.
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Fase: Contato com o solo
No contato com o solo, os pés se encontram na largura dos ombros e o primeiro contato ocorre com o
antepé (parte anterior da planta do pé). Adicionalmente, há um leve deslocamento inferior do centro de
massa (c) devido a uma pequena flexão do quadril, joelhos e tornozelos.
Após a fase de contato, o drop jump iguala-se ao salto em contramovimento, iniciando a fase que leva o
nome desse segundo salto. Essa fase é caracterizada pela utilização do mecanismo do ciclo
alongamento-encurtamento.
Fase: Contramovimento
Essa fase é iniciada a partir da posição ereta, seguida por uma redução da força peso sobre a base de
apoio (pés) causada pela redução da altura do centro de massa, devido a uma flexão do quadril e dos
joelhos, incluindo a dorsiflexão. Esse instante é caracterizado pela fase excêntrica dos extensores de
quadril e joelhos e dos flexores plantares do tornozelo controlando a ação da força gravitacional. Com
isso, dá-se início ao mecanismo de armazenamento de energia elástica para potencialização da impulsão
do salto a partir do ciclo alongamento e encurtamento dos músculos envolvidos.
Fase: Amortização
Esse instante é caracterizado pela transição da fase excêntrica para a concêntrica do salto, pois o
saltador desacelera o centro de massa, promovendo uma redução da velocidade até chegar a zero. Isso
coincide com a última parte do contramovimento, momento em que há o máximo alongamento dos
músculos agonistas do salto contramovimento e, consequentemente, o armazenamento máximo da
energia elástica.
A partir da postura agachada, estágio caracterizado pela posição do corpo na fase de propulsão (salto
contramovimento e drop jump) e na fase inicial do salto em agachamento, os três tipos de saltos passam
a apresentar as mesmas características cinemáticas.
Sendo assim, as etapas subsequentes são:
Fase: Propulsão
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A fase de propulsão, também referida como fase concêntrica, é o momento em que ocorre a aceleração
vertical do centro de massa para cima, a partir de uma intensa ação concêntrica dos músculos extensores
de quadril e joelhos e dos flexores plantares. Quando os membros estão completamente estendidos, o
corpo é impulsionado verticalmente, iniciando a fase de voo, que é determinante para o desempenho do
salto vertical, pois a maior altura a ser alcançada depende principalmente da velocidade inicial dada ao
centro de massa pela extensão adequada dos membros inferiores.
Fase: Voo ou decolagem
Nesta fase, o saltador perde contato com a superfície de apoio com a intenção de atingir o máximo
deslocamento vertical superior do centro de massa. Esse deslocamento é controlado pela ação da
aceleração gravitacional, gerando uma redução de velocidade do corpo, até chegar a sua altura máxima.
Essa fase começa no instante da decolagem e termina no instante de retorno do corpo ao solo.
Fase: Aterrissagem
Inicia-se a partir do contato inicial do pé com o solo. Esse contato produzirá um grau de carga muito rápido
que promoverá alterações sobre as articulações do corpo como um todo. Sobre o membro inferior, ocorrerá
a flexão do joelho (90 graus ou menos) e do quadril. Já no tronco, ocorrerá uma inclinação apenas
moderada, anteriormente. Caso o teste de salto vertical não determine a estabilização do membro superior,
os ombros tendem a se posicionar em flexão durante a fase de aterrissagem.
Comentário
A eficiência e a maior altura no salto nem sempre estão associadas exclusivamente aos efeitos do
treinamento de aptidões físicas de força e potência. A habilidade no gestual motor durante a realização do
movimento também é fator determinante para um bom desempenho no salto vertical. Sabendo da
importância na parte técnica, a análise cinemática das articulações que participam do salto vertical passa a
ser uma ferramenta valiosa para identificar saltadores com boa capacidade motora.
Buscando entender melhor os aspectos cinemáticos que podem influenciar o salto vertical, diversos
estudos foram propostos para verificar o efeito das estratégias de movimentos articulares durante o salto, a
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diferença na altura do salto com e sem uso dos membros superiores, bem como a relação das variáveis
cinemáticas sobre o desempenho nos diferentes tipos de salto. Veja a seguir:
Um aspecto importante da habilidade motora foi apresentado por Chiu et al. (2014), que verificaram
a importância na estratégia de movimento do quadril e joelhos durante o salto. Nesse estudo, foi
verificada uma forte associação para a maior altura do salto quando ocorria um maior tempo relativo
entre o início da extensão do quadril em relação à extensão do joelho. Isso representa que os
participantes do estudo que saltaram mais alto utilizaram uma estratégia proximal-distal, em que o
quadril se estende antes do joelho, enquanto os participantes do estudo que saltaram mais baixo
estendem simultaneamente a pelve e o joelho.
Um fator determinante para o melhor desempenho no salto vertical é o movimento do braço. Isso
pode ser percebido no estudo de Lees et al. (2004), no qual foi verificado que o uso do balanço do
braço ao realizar um salto vertical contramovimento melhorou o desempenho, promovendo o
aumento da altura (28%) e da velocidade (72%) do centro de massa no momento da decolagem em
comparação ao salto sem balanço. O aumento da velocidade do centro de massa na decolagem é
devido a uma série de ações, dentre elas a altura do tronco. Com o balanço dos membros superiores,
o tronco mantém-se mais inclinado anteriormente, o que permite que ele se estenda
antecipadamente e mais rápido (59%) que o salto sem balanço,promovendo uma maior geração de
força por um período maior e, consequentemente, com maior trabalho.
Além da utilização do salto vertical para avaliar potência e força dos membros inferiores, esse movimento
também é utilizado para identificar atletas com risco de lesões graves no joelho.
A incidência de lesão no ligamento cruzado anterior é muito alta, principalmente em atletas jovens do sexo
feminino, entre 14 e 19 anos.
Assim, o Comitê Olímpico Internacional buscou os principais pesquisadores da área para estudar as
melhores formas de predizer essa lesão. Dentre as possibilidades encontradas, foi indicada a utilização do
teste drop jump para identificar possíveis alterações do joelho durante a fase de aterrissagem. Por meio da
análise cinemática desse salto pode-se identificar alguns fatores preditores de lesão do ligamento cruzado
Estudo sobre o movimento do quadril 
Estudo sobre o movimento do braço 
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anterior, como: ângulo valgo do joelho, momento de abdução do joelho, ângulo de flexão do joelho e
deslocamento medial do joelho.
Cinética do salto vertical
Assim como no salto horizontal, o salto vertical também utiliza força de reação do solo como a principal
variável da análise cinética de movimento. Por mais que os três componentes de força de reação do solo
sejam mensurados, o componente do eixo crânio caudal (Força Z) é o mais importante na análise do salto
vertical.
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A partir da análise cinética do salto pode-se destacar todas as etapas desse movimento e extrair
informações relacionadas ao desempenho físico e possíveis alterações relacionadas à assimetria ou
compensações dos membros inferiores. Por isso, deve-se relacionar cada fase do salto vertical com a força
de reação do solo mensurada pela plataforma de força.
O salto vertical analisado por meio da Força Z mensurado pela plataforma de força tem 6 fases:
Fase 1
Ao subir na plataforma de força para realizar o salto, a força de reação do solo é igual à força peso. No
momento em que se inicia a flexão de quadril e joelhos e a dorsiflexão, durante a fase excêntrica, a força
de reação do solo decai, devido à diminuição da força peso, movimento conhecido como descendente.
Nesta fase, o objetivo é mover o corpo para baixo o mais veloz possível para potencializar o ciclo
alongamento-encurtamento.
Fase 2
Nesta fase, ocorre a desaceleração vertical para baixo do centro de massa, até que atinja o estágio de
amortização, momento em que o corpo para e há uma ação de contração isométrica de estabilização da
postura. Esse instante é caracterizado por apresentar o menor valor da força de reação. É nesse momento
que ocorre o máximo de armazenamento de energia elástica.
Fase 3
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Neste momento, ocorre a ação de aceleração do corpo para cima, fase também conhecida como
concêntrica, pois há o aumento da ação muscular dos extensores de quadril e joelhos e dos flexores
plantares. Essa força de contração é transmitida para a plataforma de força promovendo um aumento
considerável da força de reação do solo. Adicionalmente, a ação de contração dos agonistas na fase
concêntrica dos membros inferiores, também reutilizando a energia armazenada na fase anterior (apenas
salto contramovimento), aumenta ainda mais a força de reação do solo. Essa ação ocorre até a perda de
contato com o solo no instante da decolagem.
Fase 4
Ao perder contato com o solo, inicia-se a fase de voo. Mensurar o tempo durante esta fase representa
uma importante informação, pois, neste momento, o corpo pode ser considerado em voo livre, em que a
primeira fase representa a ascendente, com velocidade positiva (para cima) e segunda fase a
descendente, com velocidade negativa (para baixo). Com essa informação de tempo, as informações de
aceleração gravitacional e a massa corpórea do saltador pode-se calcular a altura atingida no salto.
Fase 5
Neste momento, o corpo retorna ao solo realizando o primeiro contato, que ocorre a partir da planta do
antepé, seguido por um aumento das forças implementadas pelo resto do corpo, gerando uma rápida
desaceleração inferior. Esse contato promove um aumento importante da força de reação do solo,
podendo atingir valores próximos do dobro da força peso, dependendo da altura do salto.
Fase 6
Neste instante, a força aplicada sobre a plataforma de força é mantida em uma intensidade considerável,
pois o saltador acelera o corpo para cima para retomar o centro de massa à sua altura normal.
Vale ressaltar que as fases 1 e 2 são específicas do salto vertical contramovimento. A partir da fase 3, a
descrição da força de reação do solo é a mesma para o salto contramovimento e o salto em agachamento.
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Como destacado, o drop jump é iniciado a partir de uma altura acima (ex.: uma caixa ou um banco) do local
(ex.: a plataforma de força) onde será realizado o salto. A fase de descida da caixa promove o movimento
descendente do corpo, que, ao entrar em contato com a plataforma de força, promove o primeiro pico de
força, definido como pico de força de reação do solo da primeira aterrissagem.
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A força mínima após o período de contato inicial se assemelha à fase excêntrica do salto contramovimento,
gerando uma diminuição da força peso e um armazenamento de força elástica do músculo, sendo
identificada como a força de reação do solo vertical mínima subsequente ao período de contato inicial. O
pico de força durante o período de propulsão, momento em que o corpo perde contato com o solo, foi
identificado como o pico de força de reação do solo vertical antes da decolagem. O pico de força do
segundo período de pouso foi identificado como o pico de força de reação do solo vertical após o pouso do
salto. A partir da aterrissagem, os mecanismos de força vertical do drop jump assemelham-se aos dois
saltos descritos anteriormente.
Além da altura e da força implementada para realizar o salto, outros parâmetros também são utilizados para
avaliar do desempenho. Dentre esses parâmetros, destaca-se a análise da curva força-tempo. A utilização
desse parâmetro reduz a dimensionalidade da forma de onda medida, facilitando a análise e gerando
informações importantes sobre como o avaliando gera força durante o ciclo de salto.
Com essa informação é possível traçar estratégias para melhorar o desempenho, visto que saltadores com
maior capacidade explosiva têm a característica de pular alto e em um curto período, o que ocorre pelo
aumento da velocidade do centro de massa do saltador na decolagem. Essa velocidade está diretamente
relacionada ao impulso vertical da força gerada entre o saltador e o solo e é derivada da área sob a curva
força-tempo.
Ao se avaliar o formato da curva de força de reação do solo durante o salto vertical percebem-se dois
padrões no formato de curva, um bimodal (dois picos na fase concêntrica) e um unimodal (um pico na fase
concêntrica).
Segundo o estudo de Guess et al. (2020), atletas com forma unimodal apresentaram melhor desempenho
no que diz respeito à altura e ao tempo de salto, em contrapartida, atletas que apresentaram a forma
bimodal caracterizam um pior desempenho na altura e no tempo de salto. Assim, conclui-se que a análise
da forma de onda de força-tempo fornece uma visão das estratégias de salto vertical, que pode permitir o
desenvolvimento de estratégias para maximizar o desempenho de salto.
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Outro parâmetro do salto vertical (drop jump e contramovimento) que pode ser inserido na avaliação do
desempenho é o Índice de Força Reativa (IFR - altura do salto/tempo de contato) caracterizado pela
normalização da altura do salto pelo tempo de contato com a plataforma de força.
A variável IRF é utilizada para categorizar os saltos como movimentos rápidos ou
lentos, permitindo o desenvolvimento de estratégias para aumentar a altura do
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salto a partir da diminuição do tempo entre seu início e a decolagem.
A confirmação da eficiência desse parâmetro se deu pelo fato de apresentar uma alta correlação com as
variáveis da força de reação do solo (força z na fase excêntrica, de amortização e concêntrica) relacionadas
aos parâmetros de energia elástica utilizada durante os saltos de contra movimento (BARKER et al., 2017).
Esse é, então, um parâmetro avaliativo que pode dar suporte a treinadores e atletas que desejam reduzir
lesões, melhorar o desempenho e monitorar a fadiga em saltos que utilizam o ciclo alongamento-
encurtamento.
A força de reação do solo também é um importante parâmetro de avaliação de assimetria e compensações
exercidas pelos membros inferiores em relação à superfície de apoio. Para esse tipo de análise, o drop jump
é o teste de salto mais utilizado. Quando se fala de população a ser avaliada com essas características,
destacam-se os pacientes com lesão no ligamento cruzado anterior (LCA). Esses pacientes, mesmo após
cirurgia e retorno ao nível de atividade pré-lesão, costumam exibir consideráveis assimetrias nos membros
inferiores durante os movimentos unilaterais e bilaterais.
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Baumgart et al. (2017) confirmaram essa informação ao avaliar pacientes pós-cirúrgicos de LCA com baixa
consistência durante a recuperação, verificando valores de força de reação do solo mais baixos em
comparação à população normal e maiores assimetrias de força de reação do solo. Com isso, sugere o uso
de estratégias de compensação para o membro não lesionado. Assim, a utilização do drop jump em
conjunto com as variáveis extraídas da plataforma de força representa uma informação relevante para a
melhor reabilitação desses pacientes.
Ativação muscular e ciclo alongamento encurtamento
do salto vertical
Assim como no salto horizontal, o salto vertical (contramovimento e drop jump) é privilegiado pelo auxílio da
força elástica para realizar a propulsão do corpo.
O mecanismo de armazenamento de energia elástica durante o salto depende da
ação muscular excêntrica seguida por uma rápida ação muscular concêntrica. Esse
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movimento cíclico é referido como ciclo alongamento-encurtamento (CAE), aspecto
presente em diversos momentos do esporte e da vida.
Comparar os fatores elásticos da unidade musculotendínea durante o salto em agachamento e
contramovimento foi objetivo de diversos estudiosos. A ideia de que o CAE é determinante para o melhor
resultado do salto contramovimento em função do armazenamento da energia elástica, ainda é contestada
por alguns autores.
Kopper et al. (2014) sugerem que a energia elástica melhora o desempenho do salto contramovimento em
comparação com o salto em agachamento, que depende da amplitude do contramovimento e do esforço
usado durante o movimento. Além disso, a energia elástica melhora o desempenho do salto
contramovimento em movimentos mais rápidos, de esforço máximo e de pequena amplitude, com a
necessidade de o saltador apresentar alta capacidade de aumentar rapidamente a estimulação muscular. O
armazenamento e a utilização de energia elástica têm também efeitos menores se executados lentamente,
em condições submáximas e quando realizado em grande amplitude.
Comentário
Apesar da importância dessas descobertas mencionada anteriormente, ainda são necessárias outras
investigações para confirmar o desempenho aprimorado e os mecanismos subjacentes de salto
contramovimento rápido e de grande amplitude em comparação com o salto em agachamento.
O aumento da excitabilidade muscular devido a um reflexo de estiramento ativado também pode estar
relacionado ao melhor desempenho para o salto contramovimento. Especificamente, quando as fibras
musculares são alongadas, o fuso muscular pode iniciar reflexos de latência curtos e longos em que pode
promover o recrutamento adicional de unidades motoras ou o aumento da taxa de disparo das unidades.
Acredita-se que esses mecanismos aumentem a produção de força durante as fases ascendente e
descendente de um contramovimento, melhorando assim o desempenho desse salto.
Os fusos musculares não são sensíveis apenas à amplitude de alongamento, mas também à velocidade de
alongamento, com velocidades mais altas induzindo um reflexo de estiramento de maior intensidade.
Especialmente, um reflexo só ocorre quando a velocidade limiar é atingida. Esse limiar de velocidade varia
de acordo com o histórico de treinamento atlético, com o músculo avaliado e com as diferenças individuais
dentro do músculo, como composição da unidade motora ou densidade do fuso muscular.
Em estudo sobre a influência da pré-atividade e atividade muscular excêntrica impostas no salto drop jump,
no contramovimento e em agachamento, McBride et al. (2008) constataram que:
A pré-atividade e a atividade muscular da fase excêntrica dos músculos vasto lateral e vasto medial foram
maiores durante o drop jump em comparação com o salto contramovimento e em agachamento.
A altura máxima de salto foi maior durante o drop jump e contramovimento em comparação com o salto
em agachamento.
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Esses dados sugerem que o aumento no desempenho do salto vertical concêntrico pode estar associado a
níveis aumentados de pré-atividade e atividade muscular da fase excêntrica. Tal estratégia pode ser
aperfeiçoada com o treinamento pliométrico, aumentando a pré-atividade e a atividade muscular da fase
excêntrica e melhorando o desempenho do salto em atletas.
A eficácia dos saltos verticais depende da ordem correta de integração dos grupos musculares individuais,
aspecto que se relaciona com o princípio da cadeia muscular proximal-distal.
Mackala et al. (2008) estudaram a participação de diversos músculos no início da fase de propulsão durante
o salto contramovimento e em agachamento e verificaram que as ações ocorreram em sequência temporal
tendo início no músculo glúteo máximo, posteriormente no vasto medial e, por fim, no gastrocnêmico. A
atividade mioelétrica dos músculos selecionados no estudo mostrou, em geral, menor amplitude de
excitabilidade muscular no salto em agachamento em comparação ao contramovimento. Por fim, sugeriu-se
no estudo que a alta ativação da maioria dos músculos analisados no início do contramovimento pode
promover um aumento na capacidade de gerar força e melhorar o desempenho do salto.
Avaliação dos saltos vertical e horizontal para
desempenho físico e prevenção de lesão
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O desempenho do salto é um dos melhores indicadores da potência muscular dos membros inferiores,
sendo um importante preditor de desempenho em vários esportes que requerem ação explosiva, como
corrida de velocidade, vôlei, futebol, esportes de combate, basquetes, dentre outros.
Analisar um movimento como o salto, seja para verificar algum tipo de alteração do padrão de movimento,
para uma melhora no gestual motor ou aumento do desempenho, representa uma ação que visa solucionar
um problema. Para isso, utilizam-se diferentes formas de avaliação, sendo elas qualitativasou quantitativas.
Independentemente do tipo da avaliação, ambas pretendem identificar, estudar e solucionar algum
problema. Entenda as diferenças a seguir:
Análise qualitativa
Tem como objetivo compreender os fenômenos por meio da coleta de dados observacionais,
relacionando-o com conhecimentos teóricos e as experiências práticas, para, assim, chegar a uma
conclusão sobre o que foi avaliado.
Análise quantitativa
Tem por objetivo compreender os fenômenos pela coleta de dados numéricos, utilizando instrumentos
que podem variar desde técnicas sofisticadas até simples equipamentos. Quando se utiliza
equipamentos como a plataforma de força, pode-se quantificar alguns dados numéricos relevantes.
Dentre as possíveis variáveis de desempenho utilizadas para avaliar o salto, destacam-se:

Potência
Taxa de trabalho por unidade de tempo, calculada como força multiplicada pela velocidade.
Quando utilizada a plataforma de força, a potência foi calculada a partir da multiplicação da
força de reação do solo pela velocidade na fase concêntrica do salto. Considera-se o início da
fase concêntrica o instante de tempo em que a velocidade se torna positiva. Como referencial
de desempenho, normalmente, utiliza-se o pico de potência da curva, o que representa a
potência máxima, mensurada em Watts (W).
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Taxa de produção de potência
Produto do pico de potência dividido pelo tempo entre os picos de potência negativo e
positivo, utilizando a unidade de medida N/s (Newton/segundo).
Força máxima
Capacidade máxima de produzir força (alterar o estado de repouso ou de movimento
uniforme de um corpo) durante a contração muscular voluntária. Calcula-se utilizando a
plataforma de força a partir do maior valor obtido na fase concêntrica do salto, podendo ser
expressa em valores absolutos (Newton - N).
Taxa de desenvolvimento de força
Taxa de aumento da força em determinado intervalo de tempo. Parâmetro importante para
medir o desempenho neuromuscular em contrações explosivas. É calculada na plataforma de
força a partir da inclinação média da curva força-tempo no intervalo de tempo de 0-30ms
correspondente ao início da fase concêntrica.
Altura do salto
Utilizam-se as unidades de medida centímetro (cm) ou metro (m). Quando a plataforma de
força é usada para mensurar a altura do salto, primeiramente calcula-se a curva de aceleração
dividindo os valores de força de reação do solo pela massa corporal. Posteriormente, a
integração trapezoidal da curva de aceleração é feita duas vezes para obter a curva de
velocidade e, em seguida, a curva de deslocamento. O deslocamento máximo da curva é
considerado a altura do salto.
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A plataforma de força, descrita em detalhes no tópico cinética do salto horizontal, não é o único
instrumento utilizado para se avaliar o salto. Outros métodos, dos mais simples aos mais complexos,
também são implementados nos diversos locais que visam extrair informações do desempenho do salto.
As tecnologias para avaliar o movimento e as suas causas, incluindo o salto, vêm se desenvolvendo
exponencialmente, visando diminuir o custo e aumentar a precisão para extrair estimativas atreladas ao
desempenho. Entre os instrumentos utilizados para se avaliar o salto, destacam-se:
Dispositivos de sistemas microeletromecânicos capazes de mensurar variações de velocidade
(linear ou angular) e aceleração (linear ou angular), pela conversão de forças inerciais em sinal
elétrico. Esses sensores de registro são relativamente compactos, portáteis e menos caros em
comparação com os tradicionais baseados em laboratório e podem ser usados para coletar em
ambientes e contextos em que o uso de equipamentos tradicionais não é possível. Na avaliação das
variáveis espaço-temporais do salto, os sensores de movimento são usados ou fixados na parte
superior ou inferior da região das costas. Existem diferentes tipos de sensores e sistemas de
movimento, como acelerômetros, giroscópios e magnetômetro. O acelerômetro refere-se à
capacidade de aferir a aceleração linear nas diferentes direções, sendo definido como a taxa de
variação da velocidade em relação ao tempo. Já o giroscópio é o equipamento responsável pela
mensuração da velocidade angular em torno de um eixo de referência. Por fim, o magnetômetro
mede intensidade, direção e sentidos de campos magnéticos no seu entorno, estimando mudanças
Força reativa
Essa variável é calculada a partir da normalização da altura do salto pelo tempo de contato
com a plataforma de força (altura do salto/tempo de contato). Essa variável permite avaliar a
velocidade dos movimentos sobre a plataforma.
Velocidade de decolagem
Velocidade instantânea obtida no momento da decolagem do salto na plataforma de força,
normalmente utilizando a unidade de medida m/s.
Sensor inercial 
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na orientação de um segmento do corpo em relação ao eixo vertical. As variáveis do salto estimadas
pelos sensores inerciais apresentam bons resultados. Apesar disso, ainda é importante a
continuidade do desenvolvimento dessa tecnologia para resultados ainda mais próximos do que é
extraído na plataforma de força.
É basicamente uma superfície ou sensor que detecta o status binário do avaliado, percebendo se ele
está no solo ou no ar. Um tapete de contato é geralmente um material fino e flexível que detecta se
um corpo está sobre ele, mas o dispositivo não detecta carga ou pressão como a plataforma de
força. Normalmente apresenta na sua instrumentalização duas placas metálicas flexíveis isoladas
por uma película de borracha. O sistema é conectado a uma porta paralela do computador por um
sistema eletrônico. O sistema atua como um interruptor elétrico convencional. Quando uma força é
aplicada ao sistema, as placas metálicas se tocam fechando o circuito elétrico e mudando o nível
lógico no pino paralelo de um (alto) para zero (baixo). Quando a força é removida, o circuito abre
mais uma vez e o nível lógico muda de zero (baixo) para um (alto). O tempo de voo e o tempo de
contato com o solo são medidos pela duração de cada nível lógico. Alguns estudos ainda mostram
discrepância em variáveis biomecânicas quando comparadas com a plataforma de força, entretanto,
os estudos com essa tecnologia continuam se desenvolvendo, sendo uma opção adequada para
avaliar o salto.
Dispositivo usado para determinar a distância, ausência ou presença de um objeto usando um
transmissor de luz, geralmente infravermelho, e um receptor fotoelétrico. Existem três tipos
diferentes: oposto (através do feixe), retrorrefletivo e sensor de proximidade (difuso). Os estudos
mostraram boa confiabilidade e reprodutibilidade no uso do sensor fotoelétrico para estimar a altura
do salto, quando comparado com a plataforma de força. É um instrumento promissor para o uso da
avaliação do desempenho do salto.
Aplicativo para celular que usa a análise quadro a quadro da câmera do dispositivo para calcular o
tempo de voo e a altura do salto. Esse app apresenta concordância com a plataforma de força e
calcula a altura do salto utilizando o tempo no ar ou a velocidade de decolagem do salto. Essa
Tapete de contato 
Sensor fotoelétrico 
Aplicativo My jump 
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concordância ocorreu para três tipos diferentes de saltos, contramovimento, em agachamento e drop
jump.
Essas tecnologias ainda não apresentam os mesmos resultados que uma plataforma de força. Entretanto,
estão em constante desenvolvimento e já têm bons resultados, com um custo mais baixo e de melhor
acessibilidade.
Cinemática e cinética do salto vertical
Agora é hora do bate-papocom o especialista Felipe Teixeira sobre a cinemática e a cinética do salto
vertical.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Durante o salto vertical, o instante caracterizado pela transição da fase excêntrica e concêntrica do
salto promovendo a redução da velocidade vertical do centro de massa, momento em que há o máximo
alongamento dos músculos agonistas do salto, é a principal etapa de armazenamento da energia
elástica. Qual fase do salto representa esse momento supracitado?
Parabéns! A alternativa E está correta.
A amortização é o momento em que os músculos agonistas estão estirados em função da fase
excêntrica do salto contramovimento ou drop jump, promovendo o máximo de armazenamento de
energia elástica nesse instante.
A Contramovimento.
B Propulsão.
C Na fase de voo.
D Aterrissagem.
E Amortização.
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Questão 2
Os testes de salto são muito utilizados no ambiente esportivo para avaliar o nível de desempenho do
atleta e para controlar a sua evolução durante o período de treinamento. O salto vertical avaliado na
plataforma de força pode fornecer muitas variáveis importantes para o controle do atleta. A máxima
taxa de trabalho por unidade de tempo representa qual variável?
Parabéns! A alternativa D está correta.
A potência máxima é o produto da força pela velocidade, obtido a partir o pico de potência da curva de
potência.
Considerações �nais
A Velocidade de decolagem.
B Força máxima.
C Altura do salto.
D Potência máxima.
E Força reativa.
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Como você viu ao longo do conteúdo, o salto é um movimento amplamente complexo e demanda
intervenção de diversas áreas dentro da biomecânica. Muitas questões ainda não estão completamente
solucionadas sobre como potencializar o salto ou até mesmo como interpretar os mecanismos
biomecânicos de cada fase do salto.
Por outro lado, a ciência e a tecnologia dentro da biomecânica do salto vêm avançando rapidamente, o que
permite realizar análises mais confiáveis e, consequentemente, solucionar questões ainda não respondidas.
Independente desses fatores, utilizar as informações cinéticas e cinemáticas como parâmetro para avaliar e
intervir sobre o atleta representam aspectos determinantes para promover a melhoria do desempenho e,
principalmente, controlar as cargas de treinamento.
Podcast
Agora, o especialista Felipe Teixeira finaliza falando sobre a biomecânica dos saltos, fazendo um resumo do
conteúdo.

Explore +
No vídeo intitulado Diferentes métodos para análise do salto vertical você poderá encontrar informações
adicionais sobre esse salto. Disponível no YouTube.
Pesquise o vídeo intitulado Plataforma de força SV para salto vertical e descubra mais sobre essa
plataforma de força. Disponível no YouTube.
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O artigo intitulado Salto vertical: estado da arte e tendência dos estudos aborda relevantes aspectos
sobre esse salto. Disponível no site Researchgate.
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