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O primeiro é uma Ode comemorativa dos cinquenta anos do poeta Manuel Bandeira, completados em 1936. Drummond exalta a arte de Bandeira, criador de "um mundo amoroso e patético", cuja poesia tem a propriedade de fazer sofrer, de uma maneira inexplicável, "esse sofrimento seco, / sem qualquer lágrima de amor". Não importam os assuntos de sua poesia, as paisagens pernambucanas, aspectos do Rio de Janeiro, sua própria vida de condenado precoce à morte, seu grande valor é sua "pungente, inefável poesia, é o fenômeno poético, de que te constituíste o misterioso portador". O segundo poema é uma homenagem póstuma ao poeta paulista Mário de Andrade, grande pesquisador do folclore e da cultura brasileira em geral, cuja residência (metonímia dele mesmo), "navio de São Paulo no céu nacional, / vai colhendo amigos de Minas e Rio Grande do Sul, / gente de Pernambuco e Pará, todos os apertos de mão, / todas as confidências a casa recolhe". A morte do poeta provoca um sentimento de vazio, uma pausa oca, mas a obra dele acaba permanecendo, "e ficam tuas palavras / (superamos a morte e a palma triunfa) / tuas palavras carbúnculo e carinhosos diamantes". Outro poeta homenageado é o cearense Américo Facó, autor de pequena obra, que, segundo Drummond, compôs "de humano desacorde, isento, puro, / teu cântico sensual, flauta e celeste". O poema "Conhecimento de Jorge de Lima" evoca cenas de folclore, de religiosidade, de infância, de paisagens nordestinas, sintetizando os temas característicos do poeta alagoano. Jorge de Lima era 109