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Aula 1 e 2 - Teorias e sistemas

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TEORIAS E SISTEMAS
PROFA DRA MARIA NATALIA M RODRIGUES
Psicologia
 Psicologia enquanto ciência surgiu de múltiplas formas, essa se desenvolveu
no cruzamento de conceitos científicos, modelos filosóficos e práticas sociais
(FERREIRA, 2007);
 Essa pluralidade de influências no desenvolvimento da Psicologia pode nos
indicar a diversidade dos campos de atuação dessa ciência enquanto
profissão;
 O desenvolvimento das principais teorias e sistemas psicológicos está
relacionado ao próprio desenvolvimento da Ciência Psicológica e das
mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais que construíram
diferentes visões de subjetividade, com diferentes formas do homem de se
apropriar do mundo e de si mesmo (CAMBAÚVA, 2000);
O que é psicologia?
• Psicologia – psiché + logos = estudo da mente ou da alma;
• Geralmente, a psicologia tem sido caracterizada como ciência que estuda o
comportamento e os processos mentais dos indivíduos. Assim, o corpo e a
mente são estudados pela psicologia de forma integrada;
• Dentro dessa ciência existem vários sistemas e teorias que entendem o
sujeito/ indivíduo a partir de diferentes perspectivas.
• Se apresenta como: ciência acadêmica e área de atuação.
Questões importantes
 Subjetividade: a interação entre o inato e o adquirido;
 Processos Psicológicos Básicos: Sensação, Percepção e 
atenção; Consciência; Motivação e Emoção; Inteligência e 
Aprendizagem; Memória.
Evolução da Ciência Psicológica 
(BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2001)
 Influências Filosóficas
 É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma Psicologia. 
 O próprio termo psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que 
significa razão. 
 Portanto, etimologicamente, psicologia significa “estudo da alma”. A alma ou espírito
era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os
sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
 Sócrates (469-399 a.C.): A razão sobrepõe-se aos instintos;
 Platão (427-347 a.C.): “lugar” para a razão no corpo – a cabeça, onde se 
encontra a alma;
 Aristóteles (384-322 a.C.): tem importância para a Psicologia ao
argumentar que nossos atos são controlados pela razão, e nela reside o
raciocínio com base nos dados dos sentidos.
A PSICOLOGIA NO IMPÉRIO ROMANO E NA 
IDADE MÉDIA
 Falar de Psicologia nesse período é relacioná-la ao conhecimento religioso,
já que, ao lado do poder econômico e político, a Igreja Católica também
monopolizava o saber e, consequentemente, o estudo do psiquismo.
 Nesse sentido, dois grandes filósofos representam esse período: Santo
Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274).
 Santo Agostinho, inspirado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e
corpo.
 Entretanto, para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de
uma manifestação divina no homem.
 E, sendo a alma também a sede do pensamento, a Igreja passa a se preocupar
também com sua compreensão.
 São Tomás de Aquino viveu num período que prenunciava a ruptura da
Igreja Católica, o aparecimento do protestantismo — uma época que
preparava a transição para o capitalismo. Essa crise econômica e social
leva ao questionamento da Igreja e dos conhecimentos produzidos por
ela. Dessa forma, foi preciso encontrar novas justificativas para a relação
entre Deus e o homem.
 São Tomás de Aquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência
e existência. Como o filósofo grego, considera que o homem, na sua
essência, busca a perfeição através de sua existência. Porém,
introduzindo o ponto de vista religioso, afirma que somente Deus seria
capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade.
A PSICOLOGIA NO RENASCIMENTO
 Na transição para o capitalismo, começa a emergir uma nova forma de organização
econômica e social.
 Dá-se, também, um processo de valorização do homem. As transformações ocorrem
em todos os setores da produção humana.
 As ciências também conhecem um grande avanço.
 Em 1543, Copérnico causa uma revolução no conhecimento humano mostrando que o
nosso planeta não é o centro do universo.
 Em 1610, Galileu estuda a queda dos corpos, realizando as primeiras experiências da
Física moderna.
 Esse avanço na produção de conhecimentos propicia o início da sistematização do
conhecimento científico — começam a se estabelecer métodos e regras básicas para a
construção do conhecimento científico.
• René Descartes (1596-1659) - com a separação mente-corpo, o
comportamento do homem passou a ser considerado sujeito a
regularidades e portanto, passível de investigação científica;
• Positivismo e Auguste Comte (1798-1857) - O Positivismo é uma corrente
filosófica que tem como base a exaltação dos fatos. O conhecimento se
afirma em uma verdade comprovada, utilizando o método experimental
como um caminho para o pensamento científico, no qual a verdade
comprovada é inquestionada.
Empirismo e John Locke (1632 – 1704): Locke argumentou que a mente
seria, originalmente, um “quadro em branco” (tábula rasa), sobre o qual é
gravado o conhecimento, cuja base é a sensação. Ou seja, todas as
pessoas, ao nascer, o fazem sem saber de absolutamente nada, sem
impressão nenhuma, sem conhecimento algum. Todo o processo do
conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa
e erro.
Positivismo e empirismo converteram-se nos alicerces filosóficos de uma
nova Psicologia, na qual os fenômenos psicológicos eram constituídos de
provas factuais, observacionais e quantitativas. O status de ciência
rondava a Psicologia.
 Início da sistematização do conhecimento científico.
 Nesse novo cenário, a Psicologia e outras ciências passaram-se a desenvolver
trazendo novas questões para o entendimento do homem e do mundo.
 É em meados do século 19 que os problemas e temas da Psicologia, até então
estudados exclusivamente pelos filósofos, passam a ser, também, investigados
pela Fisiologia e pela Neurofisiologia em particular. Os avanços que atingiram
também essa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso
central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos
humanos eram produtos desse sistema.
• O autor Luis Cláudio Figueiredo (2000) indica que para que o “psicológico”
fosse alvo de pesquisas científicas foi necessária a consciência de uma
experiência privada, de uma individualidade e subjetividade humana, e
em seguida uma crise dessa subjetividade.
• Essa experiência se desenvolveu ao longo do século XIX influenciada por
diversas questões;
 Algumas práticas sociais modernas como a
identificação da loucura enquanto doença mental e a
distinção entre a infância e a vida adulta, constituíram
uma interioridade reflexiva, separada do corpo, que
acabaram por constituir individualidades, delineando o
novo objeto de estudo da psicologia, a subjetividade,
de acordo com Arthur Ferreira (2007);
 O surgimento oficial da Psicologia como ciência da
experiência ocorreu no século XIX, com o primeiro laboratório
de Psicologia, Universidade de Leipzig, na Alemanha, criado
por Wilhelm Wundt, em 1879 que passa a realizar
experimentos na área de Psicofisiologia. Por esse fato e por
sua extensa produção teórica na área, ele é considerado o
pai da Psicologia moderna ou científica.
 Essa Psicologia inicial do século XIX se baseava na objetividade e
na análise dos métodos das ciências da natureza, buscando
encontrar no homem as leis que regem os fenômenos naturais,
através de um percurso científico, pautado pela determinação de
relações quantitativas, construção de hipóteses e verificação
experimental (FOUCAULT, 2006);
 O interesse principal está relacionado aos processos mais
elementares de percepção e a velocidade dos processos mentais
mais simples.
 Concluímos que a Psicologia é uma disciplina, uma profissão,
uma área do conhecimento que, ao estudar o homem,
convive com a Antropologia, com a Filosofia, com a Fisiologia,com a Medicina, com a Sociologia, com a Física, com o
Direito numa relação horizontalizada e de atravessamentos.
 A singularidade do saber psicológico centra-se nos estudos
do Ser Humano, seus desejos, percepções, discursos/práticas
enquanto um ser social datado historicamente capaz de
influenciar e ser influenciado por diferentes atores e cenários
socioeconômicos-políticos.
REFERÊNCIAS
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia.
São Paulo: Saraiva, 1999.
CAMBAÚVA, L. G. Fundamentos da Psicologia: reflexões. Psicologia em Estudo. v. 5, n. 2, p. 77-89,
2000.
FERREIRA, A. A. L. O múltiplo surgimento da Psicologia. In: JACÓ-VILELA,Ana. M.; FERREIRA, Arthur. A.
L. e PORTUGAL, Francisco. T. (Orgs.). História da Psicologia: Rumos e percursos.[pp. 13–46], Rio de
Janeiro: Nau, 2007;
FIGUEIREDO, L. C. M.; de SANTI, P. L. R. Psicologia, uma (nova) introdução: uma visão histórica da
psicologia como ciência. 2. ed. São Paulo: Educ, 2000.
FOUCAULT, M. A Psicologia de 1850 a 1950. In: FOUCAULT, M Ditos & Escritos: Problematização do
sujeito: Psicologia, Psiquiatria e Psicanálise, [pp. 133-151]. Organização e seleção de textos de
Manoel Barros da Motta (Coleção: Ditos e escritos), 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cultrix, 1994

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